"É cada vez mais detestável a imagem dos militares
brasileiros no país e no mundo. Eles atuam como um exército de ocupação do
próprio país", escreve o colunista Jeferson Miola. "Um exército que
subjuga e extermina seu próprio povo para atender a interesses estrangeiros de
pilhagem do Brasil"
Manaus é o laboratório mais avançado do descalabro produzido
de modo intencional e deliberado pelo governo Bolsonaro.
O morticínio humano em condições cruéis por asfixia não foi acidental, mas sim decorrência da ação errática, por desprezo dos protocolos sanitários pelas autoridades e, também, da omissão deliberada de Bolsonaro e seu general-ministro da morte, Eduardo Pazuello.
Pazuello tinha pleno e total conhecimento da situação. Ele
recebeu relatórios detalhados, esteve pessoalmente em Manaus alguns dias antes,
e foi alertado a respeito da iminência da tragédia, mas agiu como um autêntico
carcereiro de Auschwitz.
Quanto ao essencial para salvar vidas – o oxigênio medicinal
– Pazzuelo nada fez. Ao contrário, ele estimulou técnicas e práticas
mortíferas, como o chamado “tratamento precoce” com drogas ineficazes, e a
flexibilidade de aglomeração das pessoas.
A mortandade de seres humanos por privação de atendimento
adequado em tempo e forma, neste contexto, não pode ser considerada como
acidente ou desastre involuntário; porque é, antes disso, consequência direta
das políticas irresponsáveis e criminosas do governo federal.
De acordo com Convenção da ONU de 1948, que tem valor de lei
no Brasil [Decreto 30.822/1952], é considerado crime de genocídio “matar
membros do grupo; causar lesão grave à integridade física ou mental de membros
do grupo; ou submeter intencionalmente o grupo a condições de existência
capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial”.
O crime de genocídio é imprescritível, e deve ser julgado tanto por tribunais do Brasil, como pelo Tribunal Penal Internacional.
Em algum momento – é urgente que seja já, se a oligarquia dominante conseguir dar algum sinal da decência, da ética e da dignidade que nunca teve; ou no contexto duma justiça de transição – Bolsonaro e Pazuello serão julgados, condenados e presos.
A notória incompetência técnica e gerencial; mas, sobretudo,
o morticínio decorrente da ação de Pazuello, que se caracteriza como crime de
genocídio, arruína a imagem do Exército brasileiro e do conjunto das Forças
Armadas do país.
É importante lembrar que Pazuello é um general da ativa, e,
como tal, ainda se subordina hierarquicamente ao Comandante do Exército, que
não emite absolutamente nenhum sinal de reprovação do desempenho desastroso e
da hecatombe causada pelo subordinado, que é parte da engrenagem militar que
está devastando o país.
É cada vez mais detestável a imagem dos militares
brasileiros no país e no mundo. Eles atuam como um exército de ocupação do
próprio país. Um exército que subjuga e extermina seu próprio povo para atender
a interesses estrangeiros de pilhagem e saqueio do Brasil.
Por: Jeferson Miola
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas
de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
Fonte: Brasil 247
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