"Três anos depois", postou o ex-comandante do
Exército, em tom de deboche, ao comentar uma matéria sobre as críticas do
ministro do STF à "pressão" que fez, em 2018, para que a Corte não
concedesse habeas corpus a Lula
O general Villas Bôas, ex-comandante do Exército Brasileiro,
debochou do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, nesta
terça-feira (16).
O deboche se deu em uma postagem comentando a notícia de que
Fachin teceu críticas às revelações de que Villas Bôas elaborou junto à cúpula
do Exército o tuíte golpista feito em 2018, em tom de ameaça, para que o STF
não concedesse habeas corpus ao ex-presidente Lula, preso pouco tempo depois.
“Três anos depois”, escreveu Villas Bôas ao comentar o link
de uma notícia do jornal O Globo sobre as críticas de Fachin.
O tuíte do general que foi interpretado como uma ameaça ao
STF, em 2018, dizia o seguinte: “Nessa situação que vive o Brasil, resta
perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país
e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”.
“A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e
atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a
guarda da Constituição”, disse o ministro do STF.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), pelas redes
sociais, comentou o deboche de Villas Bôas com o ministro do Supremo. “Fica
evidente o deboche e o desprezo que o General tem pela democracia e pela
Constituição. Fica tb explícito que a ‘indignação’ tardia do Ministro do STF
revela desprezo e deboche com todos nós, que assistimos sua conivência com o
golpe e seu silêncio diante da chantagem revelada”, escreveu o petista.
Fica evidente o deboche e o desprezo q o General tem pela democracia e pela Constituição. Fica tb explícito que a ‘indignação’ tardia do Ministro do STF revela desprezo e deboche com todos nós, que assistimos sua conivência com o golpe e seu silêncio diante da chantagem revelada https://t.co/k3O5oOkCSN
O governo distribuiu, entre setembro de 2020 e janeiro de
2021, 420 mil doses do medicamento para tratar pacientes com Covid-19
Caixa de sulfato de hidroxicloroquina - Foto:
Reprodução/Twitter
O governo de Jair Bolsonaro distribuiu, entre os meses de
setembro de 2020 e janeiro de 2021, 420 mil doses de hidroxicloroquina para
tratar pacientes com Covid-19. A informação foi confirmada pelo Exército à
reportagem de José Brito, da CNN.
Embora o presidente defenda o uso do medicamento no
tratamento contra a Covid, não existe evidência científica de que o remédio
tenha eficácia contra a doença.
Conforme documentos obtidos pela CNN, os recursos para a
produção e distribuição de hidroxicloroquina saíram do fundo emergencial para
combate à pandemia.
Benjamin Zymler, ministro do Tribunal de Contas da União
(TCU), concedeu prazo de 15 dias, a partir do dia 8 de fevereiro, para o
Comando do Exército e o Ministério da Saúde esclarecerem sobre a produção e a distribuição
de cloroquina no país.
O Exército precisa informar, também, se ainda existe estoque
da hidroxicloroquina doada pelos Estados Unidos, além da estimativa de produção
de cloroquina 150 mg para 2021.
O Ministério da Saúde recomendou a cloroquina para o
tratamento precoce da Covid-19 em maio de 2020. No mês seguinte, estendeu a
recomendação para crianças e mulheres grávidas, no mesmo dia em que a Food
and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano equivalente à
Anvisa, revogou a autorização de uso emergencial do medicamento nos EUA.
Ao invés de buscar vacinas, o Ministério da Saúde fez a
Fiocruz produzir cloroquina para combater a Covid-19. E gastou milhões
destinados ao enfrentamento da pandemia para isso.
Redes sociais têm usado uma postagem do Exército de maio de 2020 para confrontar a tese de que cloroquina seria eficaz contra a Covid, já que o Amazonas vive explosão de casos da doença mesmo após receber carregamentos do medicamentohttps://t.co/aLKwZ9xoaS
Os gastos milionários e com indícios claros de
superfaturamento dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica sucedem-se uns
aos outros. Lombo de bacalhau, picanha, uísque 12 anos, conhaque são apenas
alguns dos itens
247 - As Forças Armadas não se limitaram a
consumir milhares de quilos de picanha e garrafas de cerveja ao longo de
2020. Agora aparecem mais de 140 mil quilos de bacalhau com preços que
chegam até a R$ 150 o quilo e garrafas de uísque 12 anos e de conhaque - todas
compradas a preços muito acima do mercado.
A denúncia é do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que
divulgou as compras identificadas no Painel de Preços do Ministério da
Economia. Só de bacalhau foram 9.748 quilos de filé e 139.468 quilos de lombo
para os militares. “O lombo é o corte mais nobre do bacalhau, usado para pratos
requintados e caros em restaurantes sofisticados, algo muito distante do
cardápio da maioria dos brasileiros”, diz o parlamentar.
Em uma das compras registradas pelos militares, consta um
pedido homologado pelo Comando da Aeronáutica, para aquisição de 500 quilos de
lombo de bacalhau, em que o preço de referência usado pelo órgão público foi de
nada menos que R$ 150 o quilo. Uma busca na internet indica que o quilo do
lombo de bacalhau, comprado no varejo (não no atacado, como as Forças Armadas o
fazem), no Extra, custa bem menos da metade do preço, R$ 69,90.
No site atacadista Cota Best, o preço equivale a do
valor comprado pelo Comando da Aeronáutica: R$ 37,70.Os preços também chamam a atenção em outros casos.
O valor informado por quilo de picanha foi de R$ 84,14 (num processo para
compra de 13.670 quilos), obtido por meio do Pregão Eletrônico n° 37/2019,
concluído em 29 de janeiro de 2020 e conduzido pela Diretoria de Abastecimento
da Marinha - no supermercado Extra, a picanha comprada no varejo tem preço
de R$ 53,89 o quilo. Já em outro processo, de 62.370 quilos de miolo
de alcatra, o quilo custa R$82,37 -no Extra, o preço é R$ 38,99 o quilo, no varejo.
O valor da Bohemia Puro Malte que consta no processo já
homologado é R$4,33 e o preço para o consumidor comum, em uma busca rápida por
supermercados, é R$2,59, diferença de 67%. A lata de Skol Puro Malte tem valor
no processo de R$4 e no varejo a R$2,49, indicando superfaturamento de 48,6%. O
governo também está comprando Stella Artois de 550 ml por R$9,05, mais caro que
os R$6,99 do supermercado.
“É um poço sem fundo. Quanto mais investigamos, mais
absurdos e irregularidades encontramos. Se não bastasse o governo comprar
picanha e cerveja, ainda tem o corte mais caro do bacalhau, uísque e conhaque e
com indícios de superfaturamento”, diz o deputado, que assina, com a bancada do
PSB a representação enviada ao procurador-geral da República, Augusto Aras,
para que investigue os gastos militares. “Além da PGR, eu e mais nove deputados
do PSB vamos levar essas informações ao Tribunal de Contas da União. Também
estamos discutindo propor a instalação da CPI das compras do governo na Câmara
Federal.”
Governo Bolsonaro. As Forças Armadas consumiram com nosso
dinheiro picanha e cerveja. Agora, em quantidades astronômicas, bacalhau e
uísque doze anos. O leite condensado abriu as portas para a imprensa investigar.
Os que me processam são os que não falam desse assunto. Reparem!
Em entrevista à FGV , ex-comandante do exército brasileiro
destaca postagem feita por sua equipe em tom de ameaça ao STF
Jair Bolsonaro abraça general Villas Bôas durante agenda
cerimonial do governo - Valter Campanato/Agência Brasil
Comandante do Exército Brasileiro entre 2015 e 2019, o
general Villas Bôas revelou, em entrevista publicada pela editora da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), alguns episódios que levaram as Forças Armadas
brasileiras a atuarem na vida política do país, processo que resultou na
eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) e na presença massiva de oficiais em
todos os escalões do atual governo.
Com duração de 13 horas, a entrevista foi concedida pelo
militar ao diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil (CPDOC), Celso Castro, e publicada no livro General
Villas Bôas: conversa com o comandante.
Um dos momentos emblemáticos dessa atuação, protagonizado
por Villas Bôas foi a postagem que ele realizou em 2018, ainda na condição de
comandante do Exército brasileiro, em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal
(STF), na véspera do julgamento do habeas corpus apresentado
pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na postagem ele afirmou que o
Exército "compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio
à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem
como se mantém atento às suas missões institucionais" e obteve o apoio do
então candidato Jair Bolsonaro.
No livro, Villas Bôas revela que a postagem não foi apenas
de sua autoria. Elaborada por sua equipe de oficiais, o texto obteve o
aval de outros integrantes do Alto Comando do Exército residentes em
Brasília antes de sua publicação. "Recebidas as sugestões,
elaboramos o texto final, o que nos tomou todo o expediente, até por volta das
20 horas", contou Villas Bôas na entrevista.
"Significa que isso foi uma decisão do Exército, e não
algo que partiu da cabeça do comandante", aponta o antropólogo Piero
Leirner, também estudioso sobre os militares e autor do livro O
Brasil no espectro de uma guerra híbrida
Para Leirner, a declaração de Villas Bôas "deixa
claro um papel institucional de ingerência no Poder Judiciário".
"Note que o general Ajax já estava lá no STF
'assessorando' a presidência [ministro Dias Toffoli], portanto o tuíte foi para
deixar o STF de mãos atadas frente à opinião pública. Ou seja, fez-se
política".
Para Leirner,uma das surpresas da narrativa de
Villas Bôas impressa no livro é o peso que a "questão
indígena" teve na articulação entre os militares para sua
atuação na vida política do país.
"A questão da Raposa Serra do Sol e TI Yanomami teve no
mínimo tanto impacto como a CNV [Comissão Nacional da Verdade]. Meu faro de que
a coisa começou com a rebelião do Heleno em 2008 estava certo, acho. Foi a
partir daí que eles elaboraram um plano de longo prazo", afirmou Leirner
em uma publicação em seu perfil no Facebook.
Procurado pelo Brasil de Fato, o
antropólogo ressalta que a "questão indígena" está no
centro do ordenamento ideológico e doutrinário militar desde os anos 1990.
"Eles transferiram muito do foco do 'inimigo interno'
da ditadura para o problema da 'cobiça internacional da Amazônia', deslocando
toda uma leitura da realidade e o consequente emprego das Forças Armadas para a
Amazônia", aponta.
A primeira liderança política a surgir entre os militares
foi o general Augusto Heleno, após a demarcação da Terra Indígena Raposa
Serra do Sol em 2008, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
"Heleno começou a fazer críticas públicas, no Clube
Militar, de forma que isso vazou para a imprensa e lançou um princípio que, lá
dentro, foi tomado como um 'papel de liderança' lançado por ele,
que começou a vocalizar contra Lula, esquerdas, PT", explica Leirner.
O segundo momento de mobilização política entre os
militares, segundo o antropólogo, foi a criação da Comissão Nacional da Verdade
(CNV), quando Dilma Rousseff ocupava a Casa Civil e já havia lançado sua
candidatura para as eleições presidenciais de 2010.
"Houve um processo de 'imitação' por parte de outros
militares. Um dos casos foi o do general Maynard Santa Rosa, e a eles se
seguiram movimentos em série. Mourão foi isso", aponta Leirner.
Colegiado instituído pelo governo para investigar as graves
violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 18 de
setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, a CNV se debruçou principalmente sobre
as violações ocorridas durante o período da ditadura militar instaurada pelo
golpe de 1964, que durou 21 anos.
Com a fundação da CNV em novembro de 2011, no primeiro
ano do governo Dilma, os militares se uniram em bloco contra essa política
que classificaram como "revanchismo" da esquerda brasileira.
Os trabalhos da comissão foram encerrados em dezembro de
2014, após a publicação de um relatório que
aponta as responsabilidades de agentes do Estado, em especial das Forças
Armadas brasileiras em episódios de sequestros forçados, tortura e morte de
opositores ao regime.
"O pessoal lá do topo sabia do potencial político
disso e, ainda em 2014, logo depois da reeleição, franquearam a entrada de
Bolsonaro para dentro de instalações militares para fazer campanha. Toda essa
coisa foi trabalhada por Villas Bôas, que 'para fora' tinha um discurso
legalista, mas 'para dentro' deixou a política tomar altas doses de vitamina,
seguindo o exemplo e a liderança de um Heleno da vida", aponta Leirner.
Documento encontrado no Arquivo Nacional afirma ainda que
ele ameaçou jornalista da Veja e negou ter planejado atentados no quartel
Mentiroso, corno, muambeiro e contrabandista. Além de
“eleitor de Collor”. Estas foram as impressões de um relatório secreto, do
Ministério do Exército, datado de 27
de julho de 1990, sobre o hoje presidente Jair Bolsonaro.
O documento inicia com uma linha do tempo, relatando a
punição que o capitão Bolsonaro recebera em 1986, depois de ter assinado um
artigo na revista Veja em que ele pedia aumento de salário para sua categoria.
O assunto torna-se mais grave, quando é mencionada
outra matéria,
também da Revista Veja, dessa vez assinada pela repórter Cassia Maria,
que ouviu dele uma operação chamada “Beco Sem Saída”.
Nesta, ele havia planejado explodir bombas no quartel. Além
de ter mentido sobre a conversa com a jornalista, ele também foi acusado de
ameaçar Cassia antes do depoimento.
Militar, que tinha 65 anos, estava internado desde 1º de
dezembro
Morreu no final da tarde desta quarta-feira (20), em
decorrência da Covid-19, o general do Exército Geraldo Antonio Miotto.
Próximo ao presidente Jair Bolsonaro, Miotto, que é ex-chefe
do Comando Militar do Sul, tinha 65 anos e estava internado desde 1º de
dezembro.
Ele faleceu no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Antes, havia passado, para se tratar da Covid,
pelo Hospital Militar de Área de Porto Alegre pelo Hospital de Aeronáutica de
Canoas.
No Exército desde 1972, Miotto foi colega de turma de
Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em 1975.
O militar passou para a reserva no ano passado e, próximo ao
governo, chegou a ser cotado para assumir a Casa Civil antes do também general
Braga Netto ser nomeado para a pasta.
Em nota, o Comando Militar do Sul lamentou a morte de
Miotto. Confira, abaixo, a íntegra.
O Comando Militar do Sul (CMS) informa, com pesar e muita
tristeza, o falecimento do General de Exército Geraldo Antonio MIOTTO, antigo
Comandante Militar do Sul, que se encontrava na reserva. General MIOTTO,
internado desde o dia 1° de dezembro de 2020, devido à COVID-19, faleceu hoje,
dia 20 de janeiro de 2020, na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital de
Clínicas, na cidade do Porto Alegre/RS.
Como membro do Alto Comando do Exército, o General MIOTTO
ocupou os cargos de Comandante Militar da Amazônia (2016 – 2018) e Comandante
Militar do Sul (2018 – 2020).
Nascido em 20 de março de 1955, em São Marcos/RS, o
General MIOTTO ingressou no Exército Brasileiro em 28 de fevereiro de 1972, na
Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas/SP. Em 1975, seguiu
para a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) onde, em 14 de dezembro de
1978, foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Cavalaria, sendo o primeiro
colocado de sua turma e recebendo a Medalha Marechal Hermes de bronze.
Nesse momento de dor, o Comando Militar do Sul se
solidariza com familiares e amigos, e expressa as mais sinceras condolências
pela perda, como também, agradece a dedicação do trabalho prestado ao Exército
Brasileiro e ao Brasil.
Jair Bolsonaro e soldados do exército (Foto: Marcos Corrêa/PR)
"É cada vez mais detestável a imagem dos militares
brasileiros no país e no mundo. Eles atuam como um exército de ocupação do
próprio país", escreve o colunista Jeferson Miola. "Um exército que
subjuga e extermina seu próprio povo para atender a interesses estrangeiros de
pilhagem do Brasil"
Manaus é o laboratório mais avançado do descalabro produzido
de modo intencional e deliberado pelo governo Bolsonaro.
O morticínio humano em condições cruéis por asfixia não foi
acidental, mas sim decorrência da ação errática, por desprezo dos protocolos
sanitários pelas autoridades e, também, da omissão deliberada de Bolsonaro e
seu general-ministro da morte, Eduardo Pazuello.
Pazuello tinha pleno e total conhecimento da situação. Ele
recebeu relatórios detalhados, esteve pessoalmente em Manaus alguns dias antes,
e foi alertado a respeito da iminência da tragédia, mas agiu como um autêntico
carcereiro de Auschwitz.
Quanto ao essencial para salvar vidas – o oxigênio medicinal
– Pazzuelo nada fez. Ao contrário, ele estimulou técnicas e práticas
mortíferas, como o chamado “tratamento precoce” com drogas ineficazes, e a
flexibilidade de aglomeração das pessoas.
A mortandade de seres humanos por privação de atendimento
adequado em tempo e forma, neste contexto, não pode ser considerada como
acidente ou desastre involuntário; porque é, antes disso, consequência direta
das políticas irresponsáveis e criminosas do governo federal.
De acordo com Convenção da ONU de 1948, que tem valor de lei
no Brasil [Decreto 30.822/1952], é considerado crime de genocídio “matar
membros do grupo; causar lesão grave à integridade física ou mental de membros
do grupo; ou submeter intencionalmente o grupo a condições de existência
capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial”.
O crime de genocídio é imprescritível, e deve ser julgado
tanto por tribunais do Brasil, como pelo Tribunal Penal Internacional.
Em algum momento – é urgente que seja já, se a oligarquia
dominante conseguir dar algum sinal da decência, da ética e da dignidade que
nunca teve; ou no contexto duma justiça de transição – Bolsonaro e Pazuello
serão julgados, condenados e presos.
A notória incompetência técnica e gerencial; mas, sobretudo,
o morticínio decorrente da ação de Pazuello, que se caracteriza como crime de
genocídio, arruína a imagem do Exército brasileiro e do conjunto das Forças
Armadas do país.
É importante lembrar que Pazuello é um general da ativa, e,
como tal, ainda se subordina hierarquicamente ao Comandante do Exército, que
não emite absolutamente nenhum sinal de reprovação do desempenho desastroso e
da hecatombe causada pelo subordinado, que é parte da engrenagem militar que
está devastando o país.
É cada vez mais detestável a imagem dos militares
brasileiros no país e no mundo. Eles atuam como um exército de ocupação do
próprio país. Um exército que subjuga e extermina seu próprio povo para atender
a interesses estrangeiros de pilhagem e saqueio do Brasil.
Parece piada, piada assassina! Em à falta de oxigênio em Manaus, Bozo manda o maior avião de carga da FAB para treinamento militar nos EUA. Ou cai Bolsonaro ou cai nosso país. Impeachment, já! Bota na pauta, Rodrigo Maia!https://t.co/HeNGn93jVF
O jornalista Moisés Mendes opina que o recado do comandante
do Exército a Bolsonaro é de que não tente confundir o Exército com o
bolsonarismo. "Significa que o governo pode continuar militarizado, mas
sem suporte político dos militares da ativa e sem apoio da farda muito menos
aos blefes de Bolsonaro. Pujol falou pelos comandantes das três armas"
Por Moisés Mendes, para o Jornalistas
pela Democracia - Bolsonaro sempre soube que não tinha
pólvora. Agora não tem mais generais quietos diante das besteiras que diz.
Talvez também nem tenha mais um jipe com um soldado e um cabo dispostos a
segui-lo incondicionalmente.
Bolsonaro está dependurado no galho seco e inconfiável do
centrão, e o que vê lá embaixo é um penhasco que o espera de boca aberta.
O lastro militar que vai sobrar para o governo pode ser
apenas o institucional e funcional, com seus nove ministros generais e os
oficiais subalternos que arranjaram emprego nas repartições de Brasília.
Bolsonaro ficará dias medindo os estragos das advertências
do chefe do Exército, que esfarelaram a base militar que o sujeito imaginava
ter.
O general Edson Pujol poderia ter usado uma fala meio ao
acaso, em um evento virtual, para dizer que a política não entra nos quartéis.
Seria uma frase solta, forte, mas em apenas um momento. Algo pontual.
Mas Pujol repetiu a frase em outro evento, na sequência, e
advertiu que o Exército é instituição de Estado, não de governo ou de partido.
Foi incisivo duas vezes, quando até agora estava calado.
Que significado pode ter o recado para um governo
militarizado e com mais de 6 mil oficiais empregados por Bolsonaro? Pode ser a
fixação de um limite. Os que estão no governo não estão mais nos quartéis. E
dos quartéis eles devem ficar afastados.
Que não tentem confundir o Exército com o bolsonarismo.
Significa que o governo pode continuar militarizado, mas sem suporte político
dos militares da ativa e sem apoio da farda muito menos aos blefes de
Bolsonaro. Pujol falou pelos comandantes das três armas.
O general e o vice-presidente Hamilton Mourão, que reafirmou
a fala do comandante do Exército, estão puxando um freio. Eles sabem,
constrangidos, que colegas cortejaram Bolsonaro em atos fascistas. Todo mundo
sabe.
Quando Bolsonaro ampliou os blefes de que poderia fechar o
Supremo, no primeiro semestre, generais foram aos atos da terrorista Sara
Winter na Esplanada do Ministério. Em agosto, Bolsonaro chegou a reunir seus
generais, para que fosse traçado um plano de ocupação do STF.
E Pujol conhece um a um os 16 generais que Bolsonaro mandou
embora do governo. Se outros saírem, quantos mais estariam dispostos a
substituí-los, agora que está cada vez mais claro que são usados como
trincheira de Bolsonaro?
Quem correrá o risco de ser humilhado e dispensado pelos
filhos de Bolsonaro, como aconteceu com o ex-ministro Santos Cruz, que na rua
decidiu atacar o ex-patrão?
Santos Cruz não deve ter descoberto só agora que esse é um
governo de “embuste, fanfarronice e desrespeito”, como escreveu no Twitter.
Quem mais, entre os demitidos, poderia dizer a mesma coisa
de Bolsonaro, mas prefere ficar quieto? Por que afundam na resignação e não
dizem também que o projeto de Bolsonaro não é e nunca foi um plano estratégico
das Forças Armadas?
É difícil admitir que o antipetismo, o antiesquerdismo e até
o anticomunismo tardio levaram os militares ao colo de Bolsonaro. O
bolsonarismo foi uma armadilha para civis e generais.
É interessante que, aos poucos, na tentativa de saltar fora,
além das mensagens diretas, como a do comandante do Exército, há indiretas com
algum grau de sutileza.
Como essa sugestão de Hamilton Mourão, o indemissível, em
entrevista à Rádio Gaúcha, ao alertar que as pessoas devem prestar atenção mais
às ações do que às palavras do presidente.
Mourão deixou escapar que as palavras de Bolsonaro só geram
confusão, divisão, ressentimentos, inveja e ódios. Seria preciso prestar
atenção no que ele faz. Mas o que ele faz mesmo ninguém sabe direito, nem ele
próprio.
É falsa uma publicação que circula no Facebook afirmando que
a rodovia Transamazônica (BR-230) está em boas condições de tráfego, após 40
anos, graças a obras do Exército.
O post, publicado pelo perfil Brasil Unido e verificado pelo Comprova,
diz que “segundo os governos anteriores, era impossível arrumar a rodovia
TransAmazônica”, e é acompanhado por um vídeo, no qual constam imagens de
estradas em situação precária, seguidas de gravações do Exército trabalhando em
obras rodoviárias e, por último, de pistas em bom estado.
Em primeiro lugar, parte dos trechos das gravações
utilizadas no vídeo verificado não é da BR-230, de acordo com um dos autores
das imagens e o Exército. Além disso, o próprio Exército disse não ter
concluído nenhuma obra na Transamazônica durante o governo de Jair
Bolsonaro (sem partido).
Procurado, o autor da postagem no perfil Brasil Unido,
Fernando da Silva Ferreira, disse que apenas compartilhou o vídeo. “Não fui ao
local averiguar se é correto ou não, mas vi muita gente comentando que
realmente fizeram obra lá e que melhorou bastante.”
Além de afirmar erroneamente que o atual governo estaria,
com a participação do Exército, concluindo obras na Transamazônica, a postagem
mente ao dizer que governos anteriores não trabalharam por melhorias na via
–que tem, no total, 4.260 quilômetros. Questionado sobre obras na BR-230 em
gestões passadas, o Exército enviou, por e-mail, uma lista com os feitos para o
Comprova. Em 1955, por exemplo, a instituição implantou um trecho de 24
quilômetros na rodovia na Paraíba. Durante o governo militar e nos governos
Lula e Dilma (PT), também realizou obras de pavimentação e implantação em diversos
trechos da rodovia. Segundo o Exército informou, atualmente, ele está
executando obras de adequação da BR-230 em um trecho de 8 quilômetros na região
da cidade de Cabedelo, na Paraíba.
Além de obras realizadas pelo Exército no passado, é
importante ressaltar que a Transamazônica teve trechos implantados ou
pavimentados por empresas particulares, que atuaram por meio de licitações de
governos anteriores. Uma reportagem do G1, de 2009, por exemplo, mostra que o
então presidente Lula discursou durante a inauguração de obras de duplicação da
BR-230, em Campina Grande, na Paraíba.
Sobre o vídeo, o Exército afirmou que “verifica-se que se
trata de uma edição em que foram inseridos trechos de diversos vídeos,
configurando uma montagem não profissional” e que “a qualidade afeta a
identificação de símbolos que aparecem no vídeo, mas existem trechos em que é
possível verificar o símbolo do Exército”. Algumas das gravações identificadas
pelo órgão foram feitas na BR-163, no trecho entre Novo Progresso e Igarapé do Lauro,
no Pará. O Exército informou ainda: “Além de não se tratar da Transamazônica, o
período provável das filmagens deve ser de agosto de 2017 a dezembro de 2019” –
ou seja, começando no governo de Michel Temer (MDB).
A RODOVIA EM SITUAÇÃO PRECÁRIA
Algumas das imagens que mostram estradas em condições
difíceis de tráfego no vídeo verificado trazem as marcas d’água dos canais do
YouTube de Lebrão e do Narrador Champz.
Segundo o caminhoneiro Marcio de Almeida, dono do perfil
Lebrão 001 G.N.A no YouTube, as gravações que contêm a sua inscrição no vídeo
verificado “são de 2018, começo de 2019 ou mais antigas”. Ele disse ser o autor
de todas as filmagens que posta e que algumas passagens também “não são nem da
Transamazônica“.
Já o responsável pelo canal Narrador Champz, Diego da Silva,
afirmou que os vídeos com a sua marca d’água são mesmo da Transamazônica, e
foram feitos em 2014 e 2015 –as filmagens originais já foram deletadas de seu
canal. Silva ressaltou que os vídeos não são de sua autoria, mas que ele recebe
de outras pessoas e monta os compilados que publica no YouTube.
VERIFICAÇÃO
Atualmente em sua terceira
fase, o Projeto Comprova verifica conteúdos que dizem respeito a políticas
públicas do governo federal e à pandemia da Covid-19. As verificações são
feitas em conteúdos que viralizam de forma significativa, caso do vídeo
investigado aqui. A postagem falsa teve 75 mil interações no Facebook, além de
8,8 mil comentários, e o vídeo foi visualizado mais de 1,6 milhão de vezes até
o dia 31 de julho.
Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que
tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo
deliberado para espalhar uma mentira.
O Comprova fez esta verificação baseado em dados
oficiais disponíveis até o dia 31 de julho de 2020.
247 - Os ministros militares divulgaram no início da tarde
desta segunda-feira (13) uma dura nota de repúdio contra o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Assinam a nota o ministro da Defesa,
Fernando Azevedo, e os comandantes das três Forças, Edson Pujol (Exército),
Ilques Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Moretti (Aeronáutica).
Além da nota, a cúpula militar anunciou que está entrando
com uma representação contra o ministro do STF na Procuradoria Geral da
República (PGR), aprofundando a crise aberta no fim de semana. O repúdio
deve-se ao fato de Gilmar Mendes ter afirmado numa live transmitida pela TV 247
no sábado que “o Exército está se associando a esse genocídio”. Ele se
referia ao compromisso dos militares com o governo Bolsonaro na pandemia de
coronavírus e à ocupação militar do Ministério da Saúde, crítica que ele
reafirmou neste domingo (12).
A nota menciona Mendes diretamente, algo completamente
inusual do ponto de vista político e ele sequer é tratado como ministro do STF,
sendo qualificado como “senhor”: “O ministro da Defesa e os comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica repudiam veementemente a acusação
apresentada pelo senhor Gilmar Mendes, contra o Exército brasileiro (...)”.
Veja a nota:
“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos
fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada,
irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado
não fortalece a Democracia”, diz a nota. Além disso, o texto afirma que
“genocídio é definido por lei como 'a intenção de destruir, no todo ou em
parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso' (Lei nº 2.889/1956)”.
“Trata-se de um crime gravíssimo, tanto no âmbito nacional,
como na justiça internacional, o que, naturalmente, é de pleno conhecimento de
um jurista. Na atual pandemia, as Forças Armadas, incluindo a Marinha, o
Exército e a Força Aérea, estão completamente empenhadas justamente em
preservar vidas. Informamos que o MD [Ministério da Defesa] encaminhará
representação ao Procurador-Geral da República (PGR) para a adoção das medidas
cabíveis”, finaliza a nota.
A cúpula militar produziu duas notas de resposta, a primeira no sábado, de defesa da conduta das Forças
Armadas, sem qualquer menção a Mendes.
A segunda nota, escrita ainda no domingo, surpreende, porque
não se cogitava sua publicação. Mais cedo, tanto Augusto Heleno como Hamilton
Mourão informaram que não haveria a segunda nota, o que indica seu
distanciamento e desinformação em relação ao núcleo central do poder militar.
“O Ministério da Defesa já publicou uma nota a respeito, sem
citar nomes. A nota é muito esclarecedora”, afirmou logo cedo à CNN o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de
Segurança Institucional. O general vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou o
mesmo: “O Ministério da Defesa já se pronunciou”. Ambos foram desmentidos pela
nota da cúpula das Forças Armadas.
Em uma parceria inédita com o Instituto Brasiliense de
Direito Público, recebemos o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o
médico Drauzio Varella, a infectologista Maria dos Remédios e o ministro do STF
Gilmar Mendes para um debate sobre como será a vida na pós-pandemia.
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🌍 MUNDO
Países con más CASOS de coronavirus reportados en último día:
247 - Decisão da juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da
Justiça Federal em Brasília, proibiu que o Jair Bolsonaro e
seus auxiliares comemorem o aniversário de 55 anos do golpe de 1964 no próximo
domingo (31).
A magistrada atendeu a pedido de liminar da Defensoria
Pública da União, que argumentou risco de afronta à memória e à verdade, além
do emprego irregular de recursos públicos nos eventos.
"Defiro o pedido de tutela de urgência para determinar
à União que se abstenha da ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964,
prevista pelo ministro da Defesa e comandantes do Exército, Marinha e
Aeronáutica", decidiu a magistrada, de acordo com a reportagem da Folha deS. Paulo.
Leia também reportagem da Agência Reuters sobre o assunto:
Comando Militar do Planalto rememora golpe de 1964 como
"momento cívico-militar"
Depois de quase uma década sem comemorações, o golpe de
Estado de 1964 voltou a ser relembrado em Brasília nesta sexta-feira, em uma
cerimônia de meia hora, no Comando Militar do Planalto, com a presença do
comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, e outras autoridades
militares.
Apesar da recomendação do Ministério Público Federal para
que o golpe de 1964 não fosse comemorado, o Exército decidiu seguir a
determinação do presidente Jair Bolsonaro, e “rememorou” os 55 anos do golpe,
tratado na cerimônia como um “momento cívico-militar”.
Em meio a reações até mesmo judiciais contra a comemoração
ao golpe, a ordem do dia preparada pelo Ministério da Defesa, lida na
cerimônia, fala em lições aprendidas, transição para a democracia e atribuiu o
golpe de Estado a uma resposta das Forças Armadas aos anseios da população à
época, mas evita glorificar o período militar.
“O 31 de março de 1964 estava inserido no ambiente da Guerra
Fria, que se refletia pelo mundo e penetrava no país. As famílias no Brasil
estavam alarmadas e colocaram-se em marcha. Diante de um cenário de graves
convulsões, foi interrompida a escalada em direção ao totalitarismo. As Forças Armadas,
atendendo ao clamor da ampla maioria da população e da imprensa brasileira,
assumiram o papel de estabilização daquele processo” diz o texto assinado pelo
ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.
O texto inicia com a mesma defesa que Bolsonaro faz do
golpe, a versão de que, na verdade, os militares estariam defendendo a
democracia. Lembra que o Congresso declarou vaga a Presidência da República em
2 de abril —dois dias depois, portanto, da data usada pelos militares para
comemorar o que chamam de revolução— e que o general Castelo Branco foi eleito
presidente em escolha indireta pelo Congresso no dia 11 do mesmo mês.
Entre 31 de março e 2 de abril, a movimentação dos militares
levou à derrubada do presidente João Goulart, que se viu forçado a deixar o
país. Mas o Congresso declarou vaga a Presidência quando Jango, como era
conhecido o então presidente, ainda estava no Brasil.
O texto preparado pelo Ministério da Defesa, indiretamente,
reconhece a existência de um período de exceção durante os 21 anos em que os
militares estiveram no poder —algo sempre negado por Bolsonaro— ao reconhecer
que em 1979 iniciou-se uma transição para a democracia e que os anos anteriores
foram “tempos difíceis”.
“Em 1979, um pacto de pacificação foi configurado na Lei da
Anistia e viabilizou a transição para uma democracia que se estabeleceu
definitiva e enriquecida com os aprendizados daqueles tempos difíceis. As
lições aprendidas com a história foram transformadas em ensinamentos para as
novas gerações. Como todo processo histórico, o período que se seguiu
experimentou avanços”, diz a ordem do dia.
A opção por uma ordem do dia única, assinada pelo ministro
da Defesa, teria sido para evitar arroubos em textos preparados por comandantes
locais que poderia agravar ainda mais a reação à determinação de Bolsonaro.
Desde 2011, quando a então presidente Dilma Rousseff — presa
e torturada pela ditadura militar — determinou que o golpe de 1964 não fosse
citado nas ordens do dia em 31 de março, as Forças Armadas deixaram de lado a
citação. Este ano, no entanto, Bolsonaro determinou a comemoração. Depois,
frente às reações, mesmo entre os militares, trocou o comemorar por rememorar
1964.
Bolsonaro, defensor da ditadura militar, fez sua própria
comemoração do período, ao participar da cerimônia de troca da bandeira em
frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. O presidente
não deu declarações.
Da RFI - A ONU Direitos Humanos divulgou um comunicado nesta
sexta-feira (29) no qual pede para que o presidente Jair Bolsonaro “reconsidere”
os planos de comemoração do aniversário do golpe militar no Brasil, ocorrido em
31 de março de 1964. Em entrevista à RFI, o relator especial sobre a promoção
da verdade, justiça, reparação e garantias de não-repetição, Fabián Salvioli,
que assinou o comunicado, disse que os comentários do líder brasileiro a
respeito da ditadura são “de uma gravidade inaceitável”.
Nesta semana, Bolsonaro solicitou que o Ministério da Defesa
promovesse neste fim de semana “as comemorações devidas” dos 55 anos do golpe, que
resultou em uma ditadura de 1964 a 1985. Depois, Bolsonaro recuou e falou em
“rememorar” a data, mas até o momento não fez qualquer menção de condenação aos
anos de chumbo em vigor no país, durante os quais os partidos políticos foram
extintos e as eleições diretas, suspensas.
“Mais de 8.000 indígenas e pelo menos 434 suspeitos de serem
dissidentes políticos foram mortos ou desapareceram forçadamente. Estima-se
também que dezenas de milhares de pessoas foram arbitrariamente detidas e/ou
torturadas”, afirma o texto divulgado nesta tarde. “No entanto, uma lei de
anistia promulgada pela ditadura militar impediu a responsabilização pelos
abusos”, lembra o comunicado. Leia na íntegra ( AQUI ).
Ouve muitos protestos nas redes sociais contra a postura do presidente fascista Bolsonaro. Confiram abaixo: TAG: #TorturaNuncaMais
La jueza Ivani Silva da Luz, de Brasília, prohibió hoy que el gobierno de Jair Bolsonaro conmemore el aniversario de 55 años del golpe militar de 1964 el próximo domingo 31 de marzo. pic.twitter.com/a14Tgx5Qyn
As Forças Armadas brasileiras vão indicar até o fim deste ano um general para assumir um posto no Comando Sul (SouthCom) das Forças Armadas norte-americanas, informou o almirante Craig Faller, que comanda divisão voltada à segurança americana na América Central, Caribe e a América do Sul.
A informação foi prestada pelo militar estadunidense no último dia 7 de fevereiro, em uma audiência na Comissão de Forças Armadas do Senado dos Estados Unidos. Se confirmada, será a primeira vez que o representante militar do Brasil ocupará o posto, integrado ao Exército daquele país.
"Até o fim do ano o Brasil enviará um general para servir como vice-comandante de interoperabilidade do Comando Sul", declarou Faller durante a audiência, mencionando ainda que o Brasil foi o primeiro signatário da América Latina do acordo para uso pacífico do espaço ("Space Situational Awareness Agreement").
A audiência gerou um documento de 20 páginas, nas quais Faller relata o incremento das parcerias no Cone Sul com a Colômbia (primeiro país latino-americano na OTAN) e com o Chile (do maior exército de guerra marítima do mundo – "Rim of the Pacific"). A meta é incrementar a segurança dos EUA.
"Queremos inimigos que nos temam e amigos que façam parceria conosco", declarou o almirante aos senadores norte-americanos. No total, Faller listou seis países como ameaças aos interesses dos EUA: Rússia, China, Irã e os seus "aliados autoritários" Cuba, Nicarágua e Venezuela.
Segundo o almirante, tanto Rússia quanto a China "estão expandindo sua influência no Hemisfério Ocidental, muitas vezes à custa dos interesses dos EUA".
"[A] Rússia continua a usar a América Latina e o Caribe para espalhar desinformação, coletar informações sobre os Estados Unidos e projetar poder", declarou, acrescentando que o envio de bombardeiros à Venezuela "foi planejado como uma demonstração de apoio ao regime de [Nicolás] Maduro e como uma demonstração de força aos Estados Unidos".
Já a China é acusada de realizar empréstimos da ordem de R$ 150 bilhões "predatórios e não transparentes", o que o almirante entende que muitos países já perceberam como uma "ameaça que é hipotecar o seu futuro" para Pequim. Faller disse temer pela expansão do uso de tecnologia chinesa na região.
"Se governos da América Latina e do Caribe continuarem a usar sistemas chineses de informação, nossa habilidade e capacidade de compartilhar informações em rede será afetada", complementou.
Sobre o Irã, o militar dos EUA mencionou uma ação recente na qual autoridades brasileiras teriam prendido um membro do grupo xiita libanês Hezbollah no país. Ainda sobre o Brasil, Faller adiantou que militares brasileiros participarão de exercícios conjuntos com forças dos EUA.
"O Brasil se unirá ao SPMAGTF (Grupo de Trabalho Ar-Terra para Fins Especiais da Marinha) este ano, além de liderar nosso exercício naval multinacional UNITAS AMPHIB", revelou.
"Com base nessa iniciativa, estamos trabalhando com aliados e parceiros para desenvolver um conceito para uma força-tarefa multinacional capaz de agir em diferentes escalas e que trabalha dentro das estruturas de cooperação de segurança existentes para melhorar nossa capacidade coletiva de responder rapidamente às crises", completou Faller.
A audiência do militar dos EUA no Senado, porém, gerou reações em Brasília. Ao jornal Valor Econômico, o Ministério da Defesa confirmou o ineditismo da indicação de um general brasileiro para o Comando Sul das Forças armadas norte-americanas. Contudo, a pasta reforçou que isso não significa que o Brasil se engajaria em uma intervenção militar na Venezuela, cogitada pelo presidente estadunidense Donald Trump.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou oficialmente neste domingo a realização dos exercícios militares de maior escala do país, de acordo com uma transmissão ao vivo do evento.
Antes do início dos exercícios, o presidente chegou ao estado de Miranda, no norte do país, para averiguar equipamentos militares, incluindo lançadores de foguetes fabricados na Rússia, usados pelas Forças Armadas da Venezuela.
Os exercícios militares durarão até o dia 15 de fevereiro e serão os maiores e mais importantes
exercícios já realizados por Caracas em 200 anos de história, segundo Maduro.
A situação política na Venezuela se agravou após 23 de janeiro, quando Guaidó se declarou presidente interino do país e foi imediatamente reconhecido pelos Estados Unidos, Canadá e outros aliados dos EUA, dentre eles Brasil.
Rússia, México, China, Turquia, Uruguai e vários outros países se manifestaram reafirmando apoio a Maduro como o único legítimo chefe de Estado democraticamente eleito do país.