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sábado, 29 de maio de 2021

A revelação da trama do supervilão de Bolsonaro é estranhamente emocionante


SÃO PAULO, Brasil — Não é sempre que um inquérito do Congresso pode levantar o ânimo. Mas a investigação do Senado brasileiro sobre a gestão da pandemia do governo, que começou em 27 de abril e tem rebitado minha atenção por semanas, faz exatamente isso.


Ilustração de Nicholas Konrad/The New York Times; fotografia de Andressa Anholete / Getty Images

Como a pandemia continua a ira através do país, alegando cerca de 2.000 vidas por dia, o inquérito oferece a chance de responsabilizar o governo do presidente Jair Bolsonaro. (Tipo de.) Também é uma grande distração da realidade sombria. Transmitido ao vivo online e transmitido pela TV Senado, o inquérito é uma exibição estranhamente fascinante de evasão, inaptidão e mentiras.

Aqui está um exemplo do tipo de intriga oferecida. Em março do ano passado, como a pandemia foi desenrolando, um campanha de mídia social chamado "Brasil Não Pode Parar" foi lançado pela unidade de comunicação do presidente. Instando as pessoas a não mudarem suas rotinas, a campanha alegou que "as mortes por coronavírus entre adultos e jovens são raras". A campanha fortemente criticada foi eventualmente banido por um juiz federal e em grande parte esquecido.

Então o enredo engrossou. O ex-diretor de comunicações do governo, Fabio Wajngarten, disse ao inquérito que não sabia "Com certeza" que tinha sido responsável pela campanha. Mais tarde, tropeçando em suas palavras, ele parecia se lembrar que seu departamento havia desenvolvido a campanha - no espírito de experimentação, é claro - que foi então lançada sem autorização. Um senador chamado para a prisão do Sr. Wajngarten, que jogou um contemplativa, quase poética olhar para o horizonte. A câmera até tentou ampliar. Foi selvagem.

Isso é apenas um episódio; não é à toa que o inquérito chama a atenção de muitos brasileiros. Até agora, fomos tratados com depoimentos de três ex-ministros da saúde — um deles teve grandes problemas com sua máscara, inspirando inúmeros memes — assim como o chefe do regulador federal de saúde do Brasil, o ex-ministro das Relações Exteriores, o ex-diretor de comunicação e gerente regional da empresa farmacêutica Pfizer.

O resultado de suas contas é óbvio, mas ainda totalmente ultrajante: o presidente Jair Bolsonaro aparentemente pretendia levar o país à imunidade de rebanho por infecção natural, quaisquer que sejam as consequências. Isso significa - assumindo uma taxa de letalidade de cerca de 1% e tomando 70% de infecção como um limiar provisório para a imunidade do rebanho - que o Sr. Bolsonaro efetivamente planejou pelo menos 1,4 milhão de mortes no Brasil. Na perspectiva dele, os 450 mil brasileiros já mortos pelo Covid-19 devem parecer um trabalho que nem sequer é meio feito.

Escrito desta forma, o esforço parece chocante. Mas para os brasileiros que vivem sob o governo do Sr. Bolsonaro não é surpresa. Afinal, o presidente parecia fazer tudo o que podia para facilitar a propagação do vírus. Ele passou o último ano falando e agindo contra todas as medidas cientificamente comprovadas para conter a propagação do vírus. O distanciamento social, disse ele, era para "idiotas Eduardo Pazuello". Máscaras eram "ficção". E vacinas podem transformá-lo em um crocodilo.

Em seguida, houve a hidroxicloroquina antimalária, que o sr. Bolsonaro promoveu como tratamento precoce e cura milagrosa para o Covid-19 — apesar de todas as evidências científicas em contrário e do conselho expresso de dois ex-ministros da saúde. Durante o inquérito, duas testemunhas diferentes confirmaram sombriamente que tinham visto o rascunho de um decreto presidencial estipulando que o folheto da droga deveria ser alterado para incluir seu uso contra Covid-19.

Está piorando. De acordo com o Sr. Wajngarten e Carlos Murillogerente regional da Pfizer, a empresa farmacêutica se ofereceu repetidamente para vender sua vacina Covid-19 ao governo brasileiro entre agosto e novembro do ano passado — mas não obteve resposta nenhuma. (Talvez o Ministério da Saúde tivesse coisas mais importantes para fazer, como aprender a usar máscaras corretamente.) Considerando que o Brasil foi um dos primeiros países a ser abordado pela empresa, uma resposta rápida teria garantido aos brasileiros até 1,5 milhão de doses no final de 2020, com mais 17 milhões no primeiro semestre de 2021.

Em vez disso, depois de recusar outras três ofertas, o governo finalmente assinou um contrato em março, um impressionante sete meses após a primeira oferta. As primeiras doses chegaram no final de abril. A implantação, como resultado da negligência do governo na garantia de vacinas, vem parando, com escassez regular de vacinas e falta de suprimentos levando a atrasos na produção.

Será que faz parte do plano? Quando o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde do Brasil, entre maio de 2020 e março de 2021, foi questionado por que o Ministério da Saúde solicitou a menor quantidade de doses de vacina do Covax, iniciativa de compartilhamento de vacinas da Organização Mundial da Saúde — eles poderiam ter pedido doses suficientes para imunizar até 50% da população, mas preferiu ir para 10% — ele nem sequer pestanejou. O processo, explicou ele,era muito arriscado e as vacinas eram muito caras. Então é isso.

Parece cada vez mais claro que a imunidade do rebanho, através de obstrução, desinformação e negligência, sempre foi o objetivo. A amarga ironia é que pode ser impossível alcançar. Em Manaus, onde 76% da população havia sido infectada até outubro, o resultado não foi imunidade de rebanho: era uma nova variante.

O inquérito, de forma lenta e constante, está revelando um enredo clássico de supervilões, ao mesmo tempo nefasto e absurdo, mortal e terrível. Se o vilão encontra sua complacência é outra história.

O Times está empenhado em publicar uma diversidade de cartas ao editor. Gostaríamos de ouvir o que você pensa sobre isso ou qualquer um de nossos artigos. Aqui estão algumas dicas. E aqui está nosso e-mail: letters@nytimes.com.

Siga a seção de opinião do The New York Times no Facebook, Twitter (@NYTopinion) Instagram.

Vanessa Bárbara é editora do site literário A Hortaliça, autora de dois romances e dois livros de não ficção em português, e escritora de opinião contribuinte. 


terça-feira, 25 de maio de 2021

H-20: misterioso bombardeiro estratégico da China poderia atacar bases dos EUA no Pacífico (FOTO)


O bombardeiro estratégico chinês Xian H-20 da próxima geração pode ter adotado um design de asa voadora furtiva que pode ajudá-lo a atingir alvos na segunda cadeia de ilhas e mais além, sugeriu analista após divulgação das imagens do avião.



A segunda cadeia é composta pelas ilhas do Japão que se estendem até o território norte-americano no pacífico – Guam – e as ilhas da Micronésia.

Elaboradas por computador, as imagens do design do bombardeiro chinês foram recentemente publicadas por uma revista controlada por uma corporação de defesa estatal chinesa, avança South China Morning Post.

As imagens mostram que o bombardeiro, que deverá estar operacional no final da década de 2020, dará prioridade a furtividade e capacidade de voar por longas distâncias, aponta especialista.

A mais recente edição da Modern Weaponry – uma revista mensal gerida pela Corporação das Indústrias do Norte da China (Norinco, na sigla em inglês) – divulgou quatro imagens criadas por computador do design do Xian H-20. O bombardeiro está em desenvolvimento há vários anos e suas fotos nunca foram oficialmente divulgadas.



As fotos sugerem que a aeronave terá um compartimento de armas, duas asas de cauda ajustáveis, um radar aéreo na frente e duas entradas de ar furtivas em ambos os lados, sendo todo o avião revestido por um material cinzento escuro absorvente de ondas de radar.

Informações anteriores alegavam que o H-20 seria equipado com mísseis nucleares e convencionais, e contaria com um peso máximo de decolagem de pelo menos 200 toneladas e capacidade te transportar carga útil de até 45 toneladas.

Além disso, é esperado que o bombardeiro seja capaz de voar a velocidades subsônicas e potencialmente disparar quatro mísseis furtivos hipersônicos de cruzeiro.

Especialista em aviões de guerra, Jon Grevatt percebeu que as imagens priorizaram a furtividade e a capacidade de voar por longas distâncias, e não a velocidade da aeronave.


  • "Isso significa que o tipo estratégico de vantagens dessa aeronave é que ela será capaz de atacar como um bombardeiro estratégico, assim o [avião] poderá atingir alvos a uma longa distância, talvez a segunda cadeia de ilhas e além", sugeriu Grevatt.

"Significa que [o H-20] ameaçaria os ativos e interesses dos EUA na Ásia-Pacífico. Se a aeronave se tornar operacional, ela tem o potencial de mudar as regras do jogo", acrescentou.

Na política externa dos EUA, a segunda cadeia de ilhas inclui bases dos EUA no Japão, Guam, Filipinas e outros países. A terceira cadeia insular se estende ao Havaí e à costa da Austrália.

Fonte: Sputnik Brasil


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Marinha russa deve receber fragatas com armamento hipersônico até 2026




Por: Sputnik Brasil

As fragatas do projeto 22350 Admiral Yumashev e Admiral Spiridonov, dotadas de armamento hipersônico, serão entregues à Marinha russa entre 2025 e 2026.

"A construção destes navios ocorrerá durante aproximadamente quatro anos e meio e a Marinha russa deve recebê-los até o final de 2025 ou início de 2026", declarou Aleksei Rakhmanov, presidente da Corporação Unida de Construção Naval (OSK, na sigla em russo).

Recentemente, o estaleiro naval Severnaya Verf de São Petersburgo acolheu a cerimônia de batimento de quilha (início da construção) das fragatas Admiral Yumashev e Admiral Spiridonov.

Exibição de lançamentos de munições antimíssil e navios de guerra russos durante um ensaio para o desfile do Dia da Marinha no porto de Vladivostok, Rússia


Segundo o ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov, as fragatas contarão com armamento hipersônico.

míssil hipersônico Tsirkon voará a uma velocidade de Mach 9 (nove vezes mais rápido que a velocidade do som) e terá alcance superior a mil quilômetros.

De acordo com o plano de armamento, estes mísseis serão incorporados à Marinha em 2020 e 2021.
Além da versão naval, o presidente russo Vladimir Putin mencionou o desenvolvimento dos mísseis Tsirkon na versão terrestre.


As fragatas do projeto 22350 Admiral Spiridonov e Admiral Yumashev, foram dotadas com armamento hipersônico que serão entregues à marinha russa entre os anos de 2025 e 2026.




Russian Navy 2019 (V2.0): Air Power - Marinha Russa - ВМФ России - La Marina Rusa - रूसी नौसेना

Russian aircraft carrier Admiral Kuznetsov
 Zvezda Kh-35
3M-54 Kalibr
RSM-56 Bulava
K-300P Bastion-P
Sukhoi Su-30
Sukhoi Su-35
Mikoyan-Gurevich MiG-29
Ka-50 Black Shark
Ka-52 Alligator
SU-30SM



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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Fotos aéreas mostram o fiasco do ato pró-Bolsonaro em Brasília


Fotos aéreas mostram o fiasco do ato pró-Bolsonaro de hoje em Brasília. Foto: Reprodução


DCM

Que fracasso, hein gado?

Fracasso bolsonarista.


Plantão Brasil

Manifestação pró-desgoverno foi um enorme fracasso em Brasília. Nem 200 gados pingados apareceram e Bozo segue em desespero, cercado por todos os lados!




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sábado, 11 de julho de 2020

Acampamento no RJ sofre ataque coordenado por latifundiário; um trabalhador foi assassinado



Acampamento Emiliano Zapata, em São Pedro da Aldeia, sofreu ataque que resultou em um trabalhador rural morto e dois feridos


Por: Revista Fórum

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro denunciou nesta sexta-feira (10) um ataque ao Acampamento Emiliano Zapata, pertencente à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), em São Pedro da Aldeia, interior do estado. Segundo o movimento, o suposto proprietário da Fazenda Negreiros teria coordenado o ataque.

O MST divulgou uma nota de repúdio em relação ao ocorrido, explicando que a fazenda está em processo de desapropriação há muito tempo “por não cumprir com a função social”. O proprietário teria organizado o ataque “em conivência com a polícia militar da região, que vai até o acampamento, ameaça as famílias e destrói casas”.

Segundo o movimento Baía Viva, o trabalhador rural conhecido como Mineiro foi assassinado com 2 tiros nas costas, e os camponeses Tião e Russo estão feridos por balas.

“É inaceitável que a luta pela terra, direito legítimo garantido na constituição, seja mais uma vez criminalizada e violentada de forma tão brutal com o aparato do estado”, diz a nota publicada pelo MST. “Mais grave é saber que nosso judiciário diante da sua morosidade acaba por legitimar essas ações violentas de quem alega ser proprietário e que usa o aparato do estado para intimidar e ameaçar famílias de trabalhadores rurais”.

O texto ainda ressalta a necessidade de “uma Justiça que impeça a permanência dessas ações de intimidação, ameaça e assassinatos”, e exige rigor na apuração do caso e da morte de Mineiro. “Não podemos aceitar que ações bárbaras como a ocorrida no Acampamento Emiliano Zapata permaneçam sem uma resposta efetiva do estado. As famílias que dão suas vidas na luta pela terra para alimentar a nação merecem paz e respeito.”

Leandro Mettidieri, do Ministerio Público Federal, afirmou que o MPF entrou em contato com o INCRA imediatamente após tomar conhecimento da ocorrência do ataque, ressaltando a importância da conclusão da ação de desapropriação. “Estamos ainda colhendo os dados, mas se os crimes foram em decorrência desse conflito agrário, teremos que requisitar a instauração de inquérito policial pela Polícia Federal”, disse.




No Twitter




 ROBERTO STARCK LEMOS

Em 2016 o corrupto Bolsonaro já dizia caso fosse eleito em 2018 ele apoiaria o extermínio dos sem terra pelos fazendeiros.


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terça-feira, 7 de julho de 2020

Perdeu a entrevista com Fernando Haddad no Roda Viva? Assista à íntegra



Apresentado por Vera Magalhães, o programa vai ao ar às 22h, na TV Cultura, no site da emissora e nas redes sociais

No programa Roda Viva, da TV Cultura, desta segunda-feira (6), a jornalista Vera Magalhães recebeu o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Haddad é professor de Ciência Política na Universidade de São Paulo, onde se formou em Direito, fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia. Foi ministro da Educação, entre 2005 e 2012, nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Entre 2013 e 2016, foi prefeito de São Paulo e, em 2018, candidatou-se à presidência da República, nas eleições vencidas por Jair Bolsonaro.

Na entrevista, o político falou sobre a viabilidade de uma frente ampla em defesa das instituições e da democracia, as divisões internas no PT em relação a essa frente e o risco de isolamento do partido na esquerda. Haddad também fez críticas ao governo Bolsonaro diante da crise sanitária e econômica, avaliou a postura de Sergio Moro, as perspectivas do PT no campo eleitoral e as questões que envolvem a condenação de Lula.

No Twitter, a hashtag #RodaViva e os termos 'Haddad' e 'Vera Magalhães' ficaram nos Trending Topics do Brasil durante a exibição da entrevista e se mantiveram na lista após do fim do programa.

Participaram da bancada de entrevistadores Bela Megale, colunista do jornal O Globo; Ricardo Balthazar, repórter especial do jornal Folha de S.Paulo; Flávio Costa, escritor e repórter do portal UOL; Andrea Jubé, repórter de Política do jornal Valor Econômico; e Vera Rosa, repórter do jornal O Estado de S.Paulo em Brasília. Há ainda a participação remota do cartunista Paulo Caruso.

Apresentado pela jornalista Vera Magalhães, o Roda Viva vai ao ar às 22h, na TV Cultura, no site da emissora, no canal do YouTube e nas redes sociais TwitterFacebook, e Linkedin.

Assista à íntegra do Roda Viva com Fernando Hadadd:


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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Reportagem especial revela papel do FBI na Lava Jato




247 - O The Intercept Brasil em parceria com a Agência Pública anunciam para esta quarta-feira, primeiro de julho, novas revelações sobre a Lava Jato. Os sites dizem que a operação e o FBI tiveram proximidade durante ações da força-tarefa. 

O tuíte da Agência Pública sugere o impacto da reportagem, ainda inédita: “coloca o relógio para despertar bem cedo porque amanhã tem bomba da Agência Pública em parceria com o @TheInterceptBr: diálogos vazados mostram proximidade entre Polícia Federal e FBI na investigação da Lava-Jato.”



No Twitter:



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Ministro Decatelli cai por maquiar currículo e reforça pessimismo sobre o futuro da Educação sob Bolsonaro




Economista seria primeiro ministro negro do Governo, mas deixa cargo antes da posse. “Grotesco ter como indicado alguém que mente no currículo”, diz Movimento Campanha Nacional pela Educação


POR: EL PAÍS

Visto por organizações da área e setores do Governo como uma correção de rota no Ministério da Educação, após a conturbada passagem de Abraham Weintraub, o nome de Carlos Alberto Decotelli da Silva chegou a gerar expectativa de pacificação dos ânimos, que derreteu antes mesmo da posse. Como o economista não conseguiu comprovar as qualificações de seu currículo, questionadas por instituições onde ele afirmara ter cursado doutorado e pós-doutorado e ainda trabalhado como professor, o presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a recuar, adiando a nomeação. Diante da pressão pela descoberta das fraudes, o ministro, que durou apenas cinco dias no cargo, pediu demissão nesta terça-feira.


A primeira inconsistência no currículo de Decotelli surgiu da Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, que informou que o indicado ao MEC não obteve título de doutor por ter tido a tese reprovada. Na sequência, a universidade alemã de Wuppertal negou que o economista tenha cursado pós-doutorado na instituição. Já nesta terça, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) emitiu nota para esclarecer que o agora ex-ministro nunca integrou seu corpo efetivo de professores, mas somente deu aulas, como colaborador, em cursos de educação continuada vinculados à fundação. Em seu currículo Lattes, ele apontava ter sido professor da instituição entre 2001 e 2018. A FGV ainda apura denúncia de plágio da dissertação de mestrado, que será devidamente conferida após orientadores retornarem às atividades presenciais e, caso seja confirmada, pode render a abertura de um processo disciplinar e, em última instância, a anulação do título.

Por meio do MEC, Decotelli se comprometeu a revisar a dissertação, negando dolo em eventuais omissões de créditos a outros pesquisadores, e admitiu não ter concluído os trabalhos necessários para a obtenção dos títulos de doutorado e pós-doutorado. Embora tenha efetuado ajustes no currículo e recebido o apoio de Bolsonaro, que relativizou a falsificação que chamou de “inadequações curriculares” e enalteceu a “capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidades para todos” do ministro, o economista não conseguiu se segurar no cargo, rifado pela alta cúpula do presidente.


Sem se comover com o voto de confiança dado por Bolsonaro a seu escolhido, parlamentares governistas bradaram publicamente pela saída de Decotelli. “O Governo precisa passar um pente fino na área responsável pela análise de informações e demitir os incompetentes. Além disso, deve repensar a nomeação de Decotelli. Um ministro da Educação não pode assumir o cargo nessa fragilidade”, postou o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que, mais tarde, celebraria o pedido de demissão do ministro. “Melhor para o Brasil, para o presidente e para Decotelli.”

Com passagem pela Marinha, o ministro havia recebido o crivo da ala militar que tem ganhado influência sob o Governo Bolsonaro. Antes do MEC, ele presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto de 2019. Sua chegada ao comando da autarquia federal vinculada ao MEC é anterior ao decreto assinado pelo presidente em 15 de março do ano passado, que estipula critérios técnicos, como experiência profissional na área ou título de doutorado, para nomeações em cargos comissionados do Governo. Entretanto, as regras preveem que as informações curriculares sejam prestadas pelos indicados ao cargo, sem obrigatoriedade de verificação, e que ministros de cada pasta podem dispensar os critérios desde que apresentem justificativas.

A falta de mecanismos de controle das qualificações segue fazendo com que critérios políticos frequentemente se sobreponham aos técnicos nas nomeações do Governo. Depois da saída de Weintraub e a prevalência da indicação dos militares, Decotelli ganhou a rejeição imediata do núcleo governista mais ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, que havia apadrinhado os dois ministros anteriores, mas perdera a queda de braço na disputa pelo MEC. Alfinetadas públicas de aliados bolsonaristas ao novo ministro se somaram às críticas de parlamentares da oposição e entidades de educação quando as inconsistências no currículo vieram à tona.

“É um cenário no mínimo grotesco termos como indicado para o Ministério da Educação alguém que mente no currículo —e que comete, portanto, um crime— e ainda por cima tendo chegado ao ministério se dizendo técnico e tentando se descolar do caráter político e ideológico vergonhoso do Governo para o qual aceitou entrar. Desde sua confirmação já dissemos que nenhum técnico não é político, e agora isso se comprova”, manifestou o movimento da Campanha Nacional pela Educação.

Porém, antes da polêmica sobre o currículo, o nome de Decotelli foi inicialmente bem assimilado por lideranças do setor. Organizações não governamentais como o Todos Pela Educação se surpreenderam de forma positiva com o perfil mais técnico que ideológico do economista, ao contrário de Weintraub. A primeira impressão, no entanto, caiu por terra em meio à desconstrução de seu currículo. “Muita mentira junta é grave. Ministro da Educação mentir formação acadêmica, é gravíssimo. Ministro que não é mais confiável para restabelecer as pontes com Estados, Municípios, Congresso e sociedade, não consegue exercer suas funções frente à profunda crise na educação”, afirmou Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação.

Para Luiz Carlos de Freitas, pesquisador e professor aposentado da Unicamp, a miragem de que Decotelli poderia ser um ministro técnico e conciliador, apesar de sua curta experiência na área de políticas públicas para a educação, foi facilitada pela repulsa generalizada a seu antecessor no cargo. “Depois de uma gestão tão tensa como a do Weintraub, qualquer nome soa como um alívio, uma esperança de que, finalmente, alguém vai propor um grande debate nacional”, diz Freitas. O pesquisador entende que o substituto de Decotelli, independentemente de perfil ou currículo, deve se guiar por uma visão mercantilista da educação. “O Governo Bolsonaro foi loteado pelas forças que lhe dão suporte. Na medida em que uma delas ganha mais relevância que outra, a direção do Governo muda, mas elas ainda compartilham a ideia radical de reduzir o Estado a qualquer custo. E, na educação, esse apelo por reformas de caráter empresarial naturalmente se reproduz.”


Única baixa por falsificação de currículo no Governo

Carlos Alberto Decotelli não foi o primeiro integrante do Governo Bolsonaro exposto por exagerar ou fraudar qualificações curriculares. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, dizia-se mestre em Direito Público pela Universidade Yale até uma reportagem do The Intercept Brasil desmascarar o falso mérito. Salles atribuiu a informação a um “equívoco de assessoria”. Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, indicava possuir o título de mestre em Educação e Direito Constitucional e da Família, embora nunca tenha feito mestrado, sem especificar que se tratava de uma distinção religiosa.

Os antecessores de Decotelli na pasta também turbinaram seus currículos. Primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, o colombiano naturalizado brasileiro, Ricardo Vélez Rodríguez, apresentou pelo menos 22 erros em seu currículo Lattes, incluindo a autoria de livros que não havia escrito, de acordo com levantamento do portal Nexo. Por sua vez, Abraham Weintraub foi anunciado pelo presidente como doutor, sendo que só possui o título de mestre em Administração. A Folha de S. Paulo ainda verificou que o ex-ministro ostentava no currículo artigos idênticos, publicados em dois veículos diferentes, em prática conhecida como autoplágio.

Em que pese a sequência de desmentidos de instituições onde Decotelli informava ter trabalhado ou se graduado, ele foi o único membro do alto escalão do Governo a sair do cargo após ser flagrado por fraude curricular. Até então, o economista também era o único ministro negro nomeado por Bolsonaro ao longo de seu mandato. “Comecei a desenhar um projeto para implementar no MEC. Esse projeto, porém, foi questionado pelo fato da minha inconsistência curricular, que, no mundo acadêmico, é explicável”, justificou Decotelli em entrevista à CNN Brasil. Ele foi o ministro que permaneceu menos tempo no cargo, superando a passagem-relâmpago de Nelson Teich (28 dias) pelo Ministério da Saúde.



Mesmo com pandemia, o Brasil não tem ministro da saúde e nem da educação. Carlos Alberto Decotelli se demitiu nesta tarde sem sequer ter assumido o cargo. A demissão acontece após a polêmica sobre títulos que Decotélli diz possuir.



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domingo, 28 de junho de 2020

Alberto Fernández e Lula conversaram sobre a América Latina e a pandemia




Por: Página12

"Nunca foi tão necessário sonhar e continuar lutando para construir um mundo melhor"

A conferência ocorreu durante uma reunião virtual organizada pela Faculdade de Ciências Sociais da UBA.


"A pandemia deixou claro que o capitalismo, como o conhecemos, deixa milhões de compatriotas à margem da sociedade. E como acreditamos que a política é uma ação ética, ninguém pode fingir estar distraído. Pensamos no valor da vida. outros produzem números e estatísticas ", disse o presidente Alberto Fernández durante uma conversa virtual com o ex-presidente do Brasil, Lula Da Silva, organizado pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires. "Nunca foi tão necessário sonhar e continuar lutando para construir um mundo melhor do que aquele em que vivemos. O que vai salvar a América Latina é uma palavra chamada democracia. Essa pandemia nos mostra que o mercado não resolve nada, aquele que cuida da o povo é o Estado ", garantiu Lula, por sua vez.



Poucas horas depois de anunciar as mudanças para a quarentena na Região Metropolitana de Buenos Aires, o presidente Alberto Fernández compartilhou com Lula Da Silva uma reunião virtual intitulada "Pensando a América Latina após a pandemia da covid-19". O ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, o ministro da Educação, Nicolás Trotta, o deputado nacional, Eduardo Valdés, o secretário geral do Suterh, Victor Santa María, a advogada brasileira Carol Proner, a advogada trabalhista Natalia Salvo, a A secretária executiva de Clacso, Karina Batthyany, e o reitor da faculdade de Ciências Sociais, Carolina Mera. Durante a conversa,




"Sinceramente, não sei como será o mundo depois da pandemia, ninguém sabe. Mas tenho certeza de que os países onde o governo pensou pela primeira vez na população, como o caso da Argentina, sairão da crise melhor do que aqueles que Não. É muito triste o que acontece no Brasil e por isso quero parabenizar Alberto Fernández pela alta responsabilidade com a qual está enfrentando a pandemia, pela coragem que caracteriza um verdadeiro líder ", disse Lula Da Silva, apoiando o maneira pela qual o governo argentino lidou com a pandemia e lamentou as mais de 55 mil pessoas que morreram do coronavírus no Brasil. "Nem as guerras em que o Brasil participou geraram tanta devastação", disse ele sem rodeios, enquanto assegurava que "

"Lula é um homem imenso para a América Latina. Você não sabe o quanto estou ansioso para vê-lo e abraçá-lo", começou Alberto Fernández, cumprimentando carinhosamente o ex-presidente brasileiro antes de iniciar a exposição. "Ninguém que abraçou a causa popular pode duvidar que o mais importante seja a vida e a saúde das pessoas. No entanto, existem outras almas que pensam que o mais importante são os negócios", disse Fernández, apontando aqueles que Eles o reivindicam pelo impacto da quarentena na economia do país. "Camus disse que as pragas têm um viés muito claro: tiram a vida das pessoas, mas expõem a miséria das almas. E essa pandemia mostrou coisas, doenças e como a miséria humana aparece. certos momentos.

"A pandemia mudou o mundo, colocou tudo em crise. O problema é que, há cem dias, todos estão contando a lista de mortos, mas se também começássemos a contar a queda da bolsa, veríamos também que a economia mundial estava em colapso. Porque a economia precisa de homens e mulheres que consomem e trabalham, e quando adoecem não há capitalismo operário ", afirmou Fernández. "No colapso econômico, observamos como esse capitalismo financeiro construiu um castelo de cartas que um pequeno vírus poderia facilmente desmoronar. Precisamos criar um novo capitalismo que seja integrado à sociedade, que não concentre a riqueza, mas a distribua", declarou. . Alberto Fernández, por sua vez, fez referência ao apoio financeiro que o Estado exibia desde o início da quarentena: "


Por sua vez, tanto o presidente argentino quanto o ex-presidente brasileiro recordaram tempos de maior integração regional, quando governos progressistas estavam na maioria da América Latina. "Deus me deu a chance de viver um dos melhores períodos da política na América Latina. Tive a sorte de viver com Néstor e Cristina, com Tabaré e Pepe, com Lagos e Bachelet, com Correa, com Evo, com Lugo, com Chávez. Construímos o momento mais importante do desenvolvimento ", lembrou Lula, que garantiu que" perdeu "seu relacionamento com eles:" Tínhamos o sonho de construir uma América Latina forte e soberana ", afirmou. "Não tenho Nestor, não tenho Pepe Mujica, não tenho Evo, Michele, Lagos, Tabaré. Quase dois de nós querem mudar o mundo, um está no México e o nome dele é Manuel López Obrador, e o outro sou eu. E nos custa muito ", lamentou Fernández.

O encontro virtual organizado pela Faculdade de Social da UBA foi organizado poucas semanas após a suspensão da exibição do juiz Sergio Moro - uma parte essencial da operação "Lava Jato" que levou à prisão de Lula. Da Silva - na Faculdade de Direito, devido à rejeição que o convite despertou. Como Carolina Mera indicou, a palestra "Pensando a América Latina após a pandemia dos 19-covid" foi guiada "pela democracia e pela convicção de que a sociedade do futuro pode ser melhor". "A pandemia pode ser uma oportunidade", disse Víctor Santa María. Nicolás Trotta, por outro lado, alertou: "Ninguém pode ignorar a profunda desigualdade da América Latina. Pensar no futuro pós-pandemia implicará repensar o papel do Estado,

Relatório María Cafferata.






Canción por la Unidad de Latino America

(Pablo Milanes e Chico Buarque de Hollanda)


El nascimiento de un mundo
Se aplazó por un momento
Fue un breve lapso del tiempo
Del universo un segundo

Sin embargo parecia
Que todo se iba a cabar
Con la distância mortal
Que separó nuestras vidas

Realizavan la labor
De desunir nossas mãos
E fazer com que os irmãos
Se mirassem con temor

Cuando passaron los años
Se acumularam rancores
Se olvidaram os amores
Pareciamos extraños

Que distância tão sofrida
Que mundo tão separado
Jamás se hubiera encontrado
Sin aportar nuevas vidas

E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras costas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos

E enfim que paga o pesar
Do tempo que se gastou
De las vidas que costó
De las que puede costar

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela

24 de Março - Dia da União dos Povos Latino-Americanos


HLVS

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Coronavírus já matou 47.748 pessoas no Brasil, diz Ministério da Saúde





O coronavírus já custou a vida de 47.748 pessoas no Brasil e infectou outras 978.142, informa o Ministério da Saúde nesta quinta-feira (18).

Nas últimas 24 horas, foram 1.238 novos óbitos e 22.765 diagnósticos positivos para a enfermidade.
São Paulo segue como o estado com maior número de casos (192.628) e óbitos (11.846). Rio de Janeiro (87.317 casos e 8.412 mortes) e Ceará (87.273 casos e 5.377 mortes) também registram cifras elevadas diante da pandemia.

De acordo com a Universidade John Hopkins, o Brasil é o segundo país com mais mortes por COVID-19 em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (118.334 óbitos). Reino Unido (42.373 mortes), Itália (34.514 mortes) e França (29.606) são outros países que integram a parte de cima da lista de nações onde a pandemia foi mais letal.


Jornal Nacional


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quarta-feira, 17 de junho de 2020

Governo gastou mais de R$ 30 milhões em rádios e TVs de pastores que apoiam Bolsonaro



Emissoras de evangélicos que oraram junto ao presidente receberam 10% de todos os gastos da Secretaria de Comunicação no atual governo


Por: Agência Pública

  • Secom pagou R$ 28 milhões para agências veicularem campanhas na Record de Edir Macedo
  • Pastor dono de TV e rádio alegou prejuízo financeiro com pandemia
  • Igrejas e veículos de pastores que se reuniram com presidente devem mais de R$ 194 milhões ao governo

Mais de R$ 30 milhões – esse é o valor que a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) gastou em campanhas veiculadas em rádios e TVs de líderes religiosos que apoiam Jair Bolsonaro. Segundo levantamento da Agência Pública, o governo pagou com verba pública ações publicitárias em cinco veículos ligados a pastores de igrejas evangélicas que se reuniram com o presidente no início de junho, em Brasília. Na ocasião, os líderes se encontraram com Bolsonaro para “interceder pela nação e levantar um clamor pelo Brasil”, como afirmou Silas Malafaia, um dos organizadores do encontro.

Segundo a reportagem apurou, o valor gasto pela Secom em campanhas nesses veículos equivale a quase 10% de tudo que a secretaria desembolsou desde o início do governo Bolsonaro. Na semana passada, ela foi incorporada ao Ministério das Comunicações, recriado pelo presidente.

Parte do valor gasto cobre os custos das agências de comunicação contratadas pelo governo para desenvolver as campanhas, mas a maioria vai para as próprias redes de TV e rádio, como anúncio publicitário. Segundo a apuração, dos mais de R$ 30 milhões contratados pela Secom, R$ 25,5 milhões foram pagos aos veículos. Os valores apurados se referem ao período de janeiro de 2019 a maio de 2020.


A maior parte do valor pago pela Secom foi para campanhas na rádio e TV Record, controlada pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A secretaria pagou mais de R$ 28 milhões para campanhas publicitárias veiculadas na rádio e TV da emissora e na Record News. Desse total, R$ 25,1 milhões foram pagos diretamente aos veículos para custear os anúncios publicitários. O bispo Eduardo Bravo representou Edir Macedo na comitiva que esteve com Bolsonaro no dia 5.

A Secom pagou também cerca de R$ 30 mil em campanhas em emissoras afiliadas à Record. A TV Pajuçara, afiliada em Alagoas, recebeu R$ 12 mil.

Segundo a reportagem apurou, a maioria da verba pública gasta na Record foi para promover a reforma da Previdência. O governo contratou cerca de R$ 11 milhões em ações apenas na emissora de Edir Macedo, cerca de 15% de tudo que a Secom gastou para promover a reforma. A campanha é a mais cara já realizada desde a posse de Bolsonaro, com mais de R$ 70 milhões contratados ao todo.

Além de promover as mudanças na aposentadoria dos brasileiros, a Secom usou verba pública na Record para veicular campanhas de prestação de contas do governo, sobre segurança pública, no combate à violência contra a mulher e ações para divulgar uma imagem favorável do governo federal, como a “Agenda Positiva”. A reportagem encontrou mais mais de R$ 700 mil gastos pela Secom para veicular a campanha na Record, cerca de 12% de tudo que a secretaria já contratou para a ação, feita para mostrar “como cada ato do governo beneficia diretamente o cidadão e faz mudar seu dia a dia para melhor”. A Pública havia revelado que o governo já gastou R$ 14,5 milhões com a Agenda Positiva e manteve gastos milionários mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.

A reportagem encontrou R$ 510 mil gastos na campanha “Dia da Amazônia” apenas em veiculações na Record. A ação foi anunciada em setembro de 2019, após críticas internacionais sobre queimadas na floresta amazônica. Segundo o governo, a campanha, que já custa mais de R$ 3,1 milhões, serve para reafirmar “soberania do Brasil em relação ao território” e “mostrar como o Brasil defende e conserva o bioma”.

A Pública questionou a Secom sobre os valores gastos em publicidade em emissoras religiosas, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

  • A Secom gastou mais de R$ 28 milhões em campanhas veiculadas na Record, controlada por Edir Macedo. O líder da Igreja Universal do Reino de Deus esteve presente na posse de Bolsonaro e participou da comitiva de pastores que apoiam o presidente

Pastor dono de TV e rádio alegou prejuízo financeiro com pandemia
Além do bispo Eduardo Bravo, representante de Edir Macedo, da Universal, outras nove igrejas evangélicas tinham membros presentes no encontro ou foram mencionadas pelos organizadores da comitiva.


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Um dos presentes foi o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. A igreja é dona da Rede Gospel, uma emissora de TV mantida pela Fundação Evangélica Trindade. Segundo a Pública apurou, a Fundação recebeu R$ 402,7 mil da Secom durante o governo Bolsonaro.

Em abril, no meio da pandemia, a Rede Gospel teria feito demissões em massa alegando dificuldades financeiras por queda de arrecadação dos dízimos e por estar com os templos fechados. Em 2012, o apóstolo Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa Sônia Hernandes, foram obrigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver R$ 785 mil aos cofres públicos por fazer uso de repasses do Ministério da Educação à Fundação Renascer. O dinheiro deveria ter sido utilizado para alfabetização de jovens e adultos. O casal foi preso nos Estados Unidos, em 2007, acusado de tentar entrar no país com dinheiro não declarado dentro de uma bíblia.

Outro membro da comitiva, o pastor R. R. Soares (Romildo Ribeiro Soares) está à frente da Igreja Internacional da Graça de Deus e é proprietário de várias empresas de mídia, incluindo editoras, gravadoras e distribuidoras de filmes. Listada como Rádio e Televisão Modelo Paulista, a Nossa TV recebeu R$ 1,5 mil da Secom. Embora os dados informados pela secretaria levem a um endereço no Rio Grande do Sul – a Nossa TV tem sede no Rio de Janeiro –, o nome de André Bezerra Ribeiro Soares, filho de R. R. Soares, aparece como sócio na consulta do CNPJ no site Brasil.io, que lista dados de empresas brasileiras.

Apesar de não estarem presentes, o pastor Samuel Câmara e o bispo Robson Rodovalho foram citados por Silas Malafaia na transmissão do encontro. Câmara é proprietário da Rede Boas Novas, uma TV aberta com cobertura nacional que tem duas emissoras próprias e quase cem retransmissoras e afiliadas. A empresa recebeu R$ 472 mil da Secom. Já o bispo Rodovalho comanda a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, mantida pela Fundação Sara Nossa Terra. Durante o governo Bolsonaro, a Secom repassou R$ 741 mil à fundação, cuja estrutura de comunicação inclui a Rede Gênesis, emissora de televisão com abrangência nacional por canais pagos, e a Sara Brasil FM, uma emissora de rádio sediada em Brasília.

  • Bolsonaro tem realizado encontros e transmissões em redes sociais com líderes religiosos cristãos. Durante a pandemia do coronavírus, além de receber a visita da comitiva de evangélicos, o presidente transmitiu um encontro ao vivo na Páscoa


“Comitiva de pastores” deve R$ 194 milhões ao governo

As igrejas e veículos de comunicação ligados ao grupo de pastores que se reuniu com Bolsonaro deve mais de R$ 194 milhões em dívidas com a União.

A maior devedora é a Igreja Internacional da Graça de Deus, de R. R. Soares, que sozinha tem uma dívida de mais de R$ 145 milhões. A dívida da igreja com a Receita cresceu no ano passado: eram R$ 127 milhões segundo dados informados anteriormente à Pública, referentes a agosto de 2019.

Além dos R$ 145 milhões em dívidas previdenciárias – valores não pagos referentes a funcionários, como a contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) –, a editora Graça Artes Gráficas, ligada à igreja, deve mais de R$ 968 mil ao governo.

No Brasil, igrejas acumulam dívidas milionárias com aReceita Federal. De acordo com apuração da Pública, no final de 2019 elas somavam R$ 460 milhões. Mais de 1.200 entidades e grupos religiosos estavam em débito com o governo.

Segundo reportagem do Estadão, em abril o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, se reuniu com Bolsonaro e o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, para encontrar “uma solução” para as dívidas tributárias das igrejas.

Em 2019, o governo Bolsonaro havia flexibilizado a prestaçãode contas de entidades religiosas. Igrejas que arrecadam menos de R$ 4,8 milhões deixaram de precisar enviar dados financeiros à Receita pela Escrituração Contábil Digital (ECD). Segundo a Pública apurou, igrejas e organizações evangélicas são a maioria entre as entidades religiosas que devem à Receita e juntas acumulam cerca de 80% do total em dívidas. Apesar disso, a arrecadação das instituições religiosas vem crescendo ano após ano, bem como o número de entidades registradas na Receita.


Donos de emissoras católicas prometem “mídia positiva” em troca de anúncios

Encontros do presidente da República com líderes religiosos cristãos se tornaram prática recorrente do governo Bolsonaro. No dia 12 de abril, domingo de Páscoa, o presidente participou de uma live com católicos e evangélicos, incluindo Iris Abravanel, escritora e esposa de Silvio Santos, dono do SBT; o pastor Silas Malafaia, o padre Reginaldo Manzotti; e o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos). O encontro foi transmitido nas redes sociais do presidente e pela TV Brasil, que é uma emissora estatal. A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos contestou o uso da emissora pública na Justiça alegando proselitismo religioso na transmissão.

Durante uma videoconferência no dia 21 de maio, com participação de Bolsonaro, padres que controlam emissoras católicas de rádio e TV ofereceram mídia positiva das medidas de enfrentamento do novo coronavírus em troca de anúncios e outorgas do governo federal. O caso veio à tona em reportagem do jornal Estadão, que mostrou repasses de R$ 4,6 milhões da Secom para emissoras de TV ligadas a grupos religiosos no ano passado. Após a reportagem, comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmaram em nota que “não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares” e que “a Igreja Católica não faz barganhas”.

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