Uma análise sobre como e porquê as leis e princípios internacionais estão a ser aplicados e ignorados no conflito Israel-Gaza
Fonte: Ömer Faruk Girişen
Os acontecimentos de 7 de Outubro provocaram ondas de choque em todo o mundo e trouxeram mais uma vez à tona um conflito que já dura 75 anos. A resposta do governo israelita ao ataque do Hamas foi rápida – embarcou numa guerra de magnitude em Gaza, alegando que precisava de eliminar o Hamas e resgatar os cativos. À primeira vista, o consenso das potências ocidentais parecia sólido: Israel tem o direito de lutar contra o Hamas. Mas, mais de cinco meses depois, os militares de Israel enfrentavam críticas em todo o mundo, incluindo alegações de que estariam a cometer crimes de guerra, crimes contra a humanidade, limpeza étnica e até genocídio.
Este documentário irá explorar se Israel está a violar o direito internacional e, em caso afirmativo, porque é que as potências ocidentais, em particular os Estados Unidos, estão em silêncio.
Como são aplicadas as leis e os princípios internacionais e
por que são ignorados na guerra de Israel contra Gaza?
How are international laws and principles being applied and why are they ignored in Israel’s war on Gaza?
Na sua Declaração Conjunta, os Juízes Gomez Robledo, Xue,
Brant e Tladi de @CIJ_ICJ
afirmaram que para qualquer implementação das medidas provisórias, Israel deve suspender as suas operações militares.
In their Joint Declaration, Judges Gomez Robledo, Xue, Brant, and Tladi of @CIJ_ICJ affirmed that for any implementation of the provisional measures, Israel must suspend its military operations 🇵🇸⚖️ pic.twitter.com/MoORI5uwn9
Decisão que pede implementação imediata da medida teve 14
votos a favor e a abstenção dos Estados Unidos; texto destaca que pausa para o
período sagrado para os muçulmanos possa conduzir a um cessar-fogo permanente e
sustentável.
ONU/Eskinder Debebe Em votação realizada na sexta-feira,
Rússia, China e Argélia foram contra uma proposta submetida pelos Estados
Unidos
Nesta segunda-feira, o Conselho de Segurança das Nações
Unidas adotou uma resolução exigindo um cessar-fogo humanitário imediato na
Faixa de Gaza durante o Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos. No total,
foram 14 votos a favor a abstenção dos Estados Unidos.
A proposta de resolução foi apresentada pelo embaixador de
Moçambique junto às Nações Unidas, Pedro Comissário, em nome dos 10
Estados-membros eleitos do Conselho, que incluem Argélia, Guiana, Malta, Serra
Leoa, Eslovênia e Suíça.
Situação de grave preocupação
Comissário destacou a “profunda preocupação com a
catastrófica situação humanitária na Faixa de Gaza”. O diplomata disse tratar-se
de uma situação de grave preocupação para toda a comunidade internacional e uma
“clara ameaça à paz e segurança internacionais.”
A resolução ressalta todas as partes devem aderir na
implementação da pausa para o período sagrado para os muçulmanos, que deve
conduzir a um cessar-fogo permanente e sustentável.
ONU Resolução reconhece os esforços diplomáticos em curso do
Egito, do Qatar e dos Estados Unidos para se alcançar o fim dos combates
O texto exige ainda a “libertação imediata e incondicional
de todos os reféns, bem como a garantia de acesso humanitário para atender às
suas necessidades médicas e outras necessidades humanitárias”, instando ainda
ao cumprimento das obrigações ao abrigo do direito internacional em relação a
todas as pessoas que elas detêm.
Eliminação de todas as barreiras à prestação de
assistência
O documento destaca ainda a necessidade urgente de expandir
o fluxo de ajuda humanitária e de reforçar a proteção dos civis em toda a Faixa
de Gaza. O texto reitera o pedido de eliminação de todas as barreiras à
prestação de assistência humanitária em grande escala, em conformidade com o
direito humanitário internacional bem como resoluções.
A resolução reconhece os esforços diplomáticos em curso do
Egito, do Qatar e dos Estados Unidos para se alcançar o fim dos combates.
A sessão segue-se a uma votação realizada na
sexta-feira em que a Rússia, a China e a Argélia votaram contra uma
proposta submetida pelos Estados Unidos prevendo “um cessar-fogo imediato e
sustentado” no conflito Israel-Hamas.
A nova proposta teve o apoio da Rússia, da China e do Grupo
Árabe, composto por 22 nações. Uma sugestão de emenda submetida pela russa que
não foi adotada por votos insuficientes.
Na sexta-feira, o Grupo Árabe apelou aos 15 Estados-membros
do Conselho que agissem com união e urgência ao apelar a uma votação favorável
da resolução “para parar o derramamento de sangue, preservar vidas humanas e
evitar mais sofrimento e destruição humana”.
"O Conselho de Segurança acaba de aprovar uma resolução há muito esperada sobre #Gaza, exigindo um cessar-fogo imediato e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns. Esta resolução deve ser implementada. O fracasso seria imperdoável". https://t.co/GP6O2VhsMQ
Veja o momento em que a resolução 2728 foi adotada no Conselho de Segurança da #ONU neste 25 de março de 2024. O texto exige um cessar-fogo humanitário imediato na Faixa de #Gaza durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos. Foram 14 votos a favor e uma abstençao dos #EUA. pic.twitter.com/CxgKLafCZ5
Fruto de uma ação conjunta entre organizações da sociedade
civil e movimentos sociais, o ÓAÊ pretende monitorar e mobilizar a sociedade
sobre a importância da alimentação escolar
Criança Sem Terrinha na II Feira Nacional da Reforma
Agrária, que aconteceu no Parque da Água Branca, em São Paulo.
A partir desta semana a sociedade brasileira ganha uma nova
ferramenta para assegurar o direito à alimentação escolar. Nesta quarta-feira
(10), será lançado oficialmente o Observatório da Alimentação Escolar
(ÓAÊ), ação conjunta entre organizações da sociedade civil e movimentos
sociais para monitorar e mobilizar a sociedade sobre a importância do Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A pauta é de extrema importância,
principalmente com a suspensão das aulas em função da pandemia da Covid-19 e as
ameaças constantes à segurança alimentar dos brasileiros.
O ÓAÊ parte de um princípio básico: o direito constitucional
da alimentação. A alimentação escolar é definida pela Lei nº 11.947/2009, como
“todo alimento oferecido no ambiente escolar, independentemente de sua origem,
durante o período letivo”, e deve ser saudável e adequada, contribuindo para o
crescimento e desenvolvimento dos alunos e a melhoria do seu rendimento
escolar. Visando garantir a segurança alimentar e nutricional dos alunos, com
acesso de forma igualitária.
2. Mas não basta se alimentar: alimentação nas escolas
precisa ser adequada e saudável
Foto: Jaine Amorin
Os cardápios da alimentação escolar devem ser elaborados por
um ou uma nutricionista, tendo como base a utilização de alimentos in
natura ou minimamente processados de modo a respeitar
as necessidades nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura alimentar
da localidade e pautados na sustentabilidade, sazonalidade e
diversificação agrícola da região. Bem como na promoção da
alimentação adequada e saudável, levando em consideração também o respeito
às especificidades culturais das comunidades indígenas e/ou quilombolas.
3. Apoio a agroecologia e a agricultura familiar
Foto: Arquivo Sem Terrinhas/MST
O ÓAÊ busca sensibilizar em torno de uma visão mais ampla do
sistema alimentar: produção, processamento, abastecimento e consumo, o que tem
ligação direta com a agricultura familiar. O apoio ao desenvolvimento
sustentável ocorre pela priorização da compra de produtos diversificados,
orgânicos ou agroecológicos, produzidos no próprio município onde está
localizada a escola, ou na mesma região, com especial atenção aos assentamentos
rurais e comunidades indígenas e quilombolas.
Nesse sentido, para o município, significa a geração de
emprego e renda, fortalecendo e diversificando a economia local, e valorizando
as especificidades e os hábitos alimentares locais. Para o agricultor e
agricultora familiar, representa um canal importante de comercialização e geração
de renda com regularidade, contribuindo para a inclusão produtiva, a geração de
emprego no meio rural e o estímulo ao cooperativismo e ao associativismo.
4. Defesa do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE)
Foto: Leandro Molina
O PNAE é o principal direcionamento do Observatório, já que
o programa é responsável pela oferta de alimentação escolar a todos e todas
as/os estudantes da educação básica pública. Considerado como uma das mais
relevantes políticas voltadas à garantia do Direito Humano à Alimentação e a
Nutrição Adequadas (DHANA), o programa atende hoje cerca de 41 milhões de
estudantes, com repasse anual de R$ 4 bilhões aos 27 estados e 5.570
municípios, cujo valor é complementado com orçamento dos estados e
municípios. Para muitos destes estudantes, é na escola que se faz a única ou
principal refeição do dia.
Mais do que uma política pública, o PNAE garante que os
estudantes possam ter uma alimentação adequada e saudável.
5. Acervo de documentos de referência, manuais e
materiais audiovisuais sobre o assunto
Além disso, uma das estratégias de incidência políticas
sobre o PNAE é através de Notas Técnicas, Cartas Abertas e outros documentos
que trazem análises e recomendações, normalmente direcionadas a tomadores de
decisão. Confira
aqui algumas delas!
6. Perguntas e respostas, campanhas e questionários
on-line
Ao longo de 2021 o ÓAÊ pretende ampliar a escuta e a voz dos
estudantes, agricultoras e agricultores familiares, conselheiras e conselheiros
de alimentação escolar. No ato de lançamento, alguns estudantes, mães e
conselheiros e conselheiras vão contar suas vivências e atuações em defesa do
PNAE.
O ÓAÊ divulgou também canais de denúncias e um manual
de perguntas e resposta para a população entender o PNAE e como ele funciona.
O site possui ainda uma área destinada à opinião do público referente às
Campanhas, a relevância da alimentação escolar em suas vidas, os impactos da
pandemia na alimentação e, em que medida estão engajados na defesa desse
programa.
Em Diamante do Oeste visitei o Assentamento Ander Henrique para debater a situação dos acampamentos da região e conhecer a agroindústria que o MST está organizando no local. Todo apoio à reforma agrária! pic.twitter.com/051K7RUH93
O Supremo
Tribunal Federal (STF) tem uma oportunidade histórica de fazer justiça
e votar a favor da suspeição do ex-juiz Sergio
Moro e declará-lo parcial na condução da chamada Operação Lava Jato. O
próprio STF prevê que o caso será concluído no primeiro semestre deste ano.
Julgado suspeito na condução da Lava Jato, porque inimigo de
Lula e, com o objetivo de tirá-lo da disputa presidencial de 2018, capaz de
diversas ilegalidades que agora vem a público, documentadas, Moro verá cair por
terra uma de suas facetas mais destacadas: o cinismo. Com essa decisão do STF,
todos os processos da operação deverão ser anulados.
Dessa forma, acrescida de vocabulário jurídico mais apurado,
os participantes do programa Pauta Brasil: o julgamento de Lula, que foi ao ar
dia 25, destacaram a importância de o Supremo punir o ex-juiz não apenas para
anular os processos da Lava Jato, mas para impedir que as ilegalidades de Moro,
impunes, passem a servir de guia em futuros processos.
Cúmplice do atual governo
“Eu me deparei com a parcialidade de Moro, o momento exato
que para mim ficou patente a ilegalidade, foi em julho 2015, quando ele
apresentou uma denúncia instruída por documentos bancários obtidos na Suíça e
que a gente sabia que era impossível chegarem naquele prazo. O pedido do
Departamento de Recuperação de Ativos acabara de chegar à Suíça. Depois, o
indeferimento sistemático aos pedidos da defesa para analisar o procedimento, e
depois a gente vê as revelações da Vaza Jato, ficamos chocados”, afirmou a
advogada Dora Cavalcanti. À época do episódio relatado, Dora defendia um dos
executivos da Odebrecht.
Para ela, a insistência no caso Moro é importante para que
isso firme um precedente no Direito. Para o também advogado Marco Aurélio de
Carvalho, que mediou o debate, “Moro tirou de forma criminosa das eleições o
seu favorito a vencê-las e depois tornou-se cúmplice de primeira hora deste
governo que ele ajudou a eleger”.
O criminalista Alberto Toron, presidente do Instituto Brasileiro
de Ciências Criminais e um dos participantes do debate, defendeu a anulação do
julgamento do ex-presidente Lula. Antes, no entanto, destacou que o objetivo
expresso de Moro, o de perseguir Lula, custou inclusive o impeachment da Dilma.
“Quando vazou conversas sigilosas, quando motivou a decisão do Gilmar Mendes de
Lula tomar posse como ministro da Casa Civil… A Lava Jato teve papel decisivo
no impeachment da Dilma. A Lava Jato articulou tudo isso”
“O caso do triplex tem algo que chega a ser assustador,
porque a OAS já havia arrolado esse apartamento na sua relação de bens. A
prisão por lavagem de dinheiro parte do pressuposto de que o dinheiro viria de
desvios da Petrobras, algo que nunca se comprovou. A condenação do sítio de
Atibaia – nesse caso eu trabalhei – eu levei o Fernando Bittar para depor, e
ele falou longamente. Mostramos documentalmente o caminho do dinheiro para a
compra do sítio. A tal ponto que o próprio Ministério Público admitiu que o
sítio não pertencia a Lula e foi adquirido legalmente. Mas depois a juíza
Gabriela Hardt diz que isso não tinha relação com o sítio, pois a reforma tinha
sido paga por dinheiro desviado da Petrobras, algo que nunca se provou. Chegou
a ser acintosa a postura de ambos contra o presidente Lula”, lembrou Toron.
“Marcou pênalti e amarrou o goleiro”
“Foi uma tempestade perfeita”, disse o criminalista Lenio
Streck. “O julgamento começou pelo fim, ou seja, a condenação do presidente
Lula. Provas contrabandeadas, clandestinas, enfim, um conjunto de coisas que
foi acontecendo que culminou na mudança de poder no Brasil. O cinismo sempre é
doloso”, atacou.
Streck recorreu a um caso semelhante ocorrido a um juiz
dinamarquês outrora de muito prestígio, de nome Larsen, “que se gabava de ter
cumprido todas as diretrizes”, mas que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
depois julgou parcial. “Nosso STF tem de ser o Tribunal Europeu de Direitos
Humanos”.
Para Streck, nos mais recentes votos proferidos pelo STF a
respeito da conduta de Moro, o Supremo “demoliu tudo o que fez o juiz, mas não
disse que ele foi imparcial. O juiz precisaria torturar o réu pra ser considerado
parcial? Há alguma dúvida de que o juiz que apitou pênalti, amarrou o goleiro e
depois foi pra diretoria do time vencedor, é parcial? Resta uma questão
histórica: o papel do Supremo pra isso. O STF vai ter chance histórica de
redimir o sistema de Justiça”, completou Streck.
No encerramento, Carvalho retomou palavras de Toron para
reforçar: “Basta seguir a Constituição. Esqueçam o nome do réu e cumpram a lei”
Dora Cavalcanti é advogada criminalista e conselheira do
Instituto de Defesa do Direito de Defesa. Alberto Toron é advogado criminalista
e presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Lenio Streck é
jurista, professor de Direito Constitucional e pós-doutor em Direito. Marco
Aurélio de Carvalho, fundador do Grupo Prerrogativas e da Associação Brasileira
de Juristas pela Democracia e especialista em Direito Público. Todos fazem
parte do grupo Prerrogativas e participaram da feitura do Livro das Suspeições.
1. Atentado à advocacia e retaliação. A iniciativa do Sr.
Marcelo Bretas de autorizar a invasão da minha casa e do meu escritório de
advocacia a pedido da Lava Jato somente pode ser entendida como mais uma clara
tentativa de intimidação do Estado brasileiro pelo meu trabalho como advogado,
que há tempos vem expondo as fissuras no Sistema de Justiça e do Estado
Democrático de Direito.
É público e notório que minha atuação na advocacia
desmascarou as arbitrariedades praticadas pela Lava Jato, as relações espúrias
de seus membros com entidades públicas e privadas e sobretudo com autoridades
estrangeiras. Desmascarou o lawfare e suas táticas, como está exposto em
processos relevantes que estão na iminência de serem julgados por Tribunais
Superiores do país e pelo Comitê de Direitos Humano da ONU.
O juiz Marcelo Bretas é notoriamente vinculado ao presidente
Jair Bolsonaro e sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho
desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao Senador
Flavio Bolsonaro. A situação fala por si só.
2. Comprovação dos serviços. De acordo com laudo elaborado
em 2018 por auditores independentes, todos os serviços prestados à
Fecomércio/RJ pelo meu escritório entre 2011 e 2018 estão devidamente
documentados em sistema auditável e envolveram 77 (setenta e sete)
profissionais e consumiram 12.474 (doze mil, quatrocentas e setenta e quatro)
horas de trabalho. Cerca de 1.400 (mil e quatrocentas) petições estão
arquivadas em nosso sistema. Além disso, em 2018, a pedido da Fecomércio-RJ,
entregamos cópia de todo o material produzido pelo nosso escritório na defesa
da entidade, comprovando a efetiva realização dos serviços que foram
contratados. Os pagamentos, ademais, foram processados internamente pela
Fecomércio/RJ por meio de seus órgãos de administração e fiscalização e foram
todos aprovados em Assembleias da entidade — com o voto dos associados.
3. Natureza dos serviços prestados. Nosso escritório, com 50
anos e atuação reconhecida no mercado, foi contratado a partir de 2012 para
prestar serviços jurídicos à Federação do Comércio do Rio de Janeiro
(Fecomércio-RJ), que é uma entidade privada que representa os milhares de
empresários e comerciantes daquele Estado. A atuação do escritório em favor da
Fecomércio/RJ e também de entidades por ela geridas por força de lei — o
Sesc-RJ e do Senac- RJ —, pode ser constatada em diversas ações judiciais que tramitaram
perante o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, do Superior Tribunal
de Justiça, do Supremo Tribunal Federal, e também em procedimentos que tramitam
no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e perante outros órgãos
internos e externos à entidade. Em todos os órgãos judiciários houve atuação
pessoal e diligente do nosso escritório.
A atuação do nosso escritório deu-se um litígio de grandes
proporções, classificado como uma “guerra jurídica” por alguns veículos de
imprensa à época, entre a Fecomércio/RJ e a Confederação Nacional do Comércio
(CNC), duas entidades privadas e congêneres de representação de empresários e
comerciantes. Cada uma delas contratou diversos escritórios de advocacia para
atuar nas mais diversas frentes em que o litígio se desenvolveu.
4. Abuso de autoridade. Além do caráter despropositado e
ilegal de autorizar a invasão de um escritório de advocacia e da casa de um
advogado com mais de 20 anos de profissão e que cumpre todos os seus deveres
profissionais, essa decisão possui claros traços de abuso de autoridade, pois:
(a) o seu prolator, o Sr. Marcelo Bretas, é juiz federal e sequer tem
competência para tratar de pagamentos realizados por uma entidade privada, como
é a Fecomercio/RJ, e mesmo de entidades do Sistema S por ela administrados por
força de lei; a matéria é de competência da Justiça Estadual, conforme
jurisprudência pacífica dos Tribunais, inclusive do Superior Tribunal de
Justiça; (b) foi efetivada com o mesmo espetáculo impróprio a qualquer decisão judicial
dessa natureza, como venho denunciando ao longo da minha atuação profissional,
sobretudo no âmbito da Operação Lava Jato; (c) foi proferida e cumprida após
graves denúncias que fiz no exercício da minha atuação profissional sobre a
atuação de membros da Operação Lava Jato e na iminência do Supremo Tribunal
Federal realizar alguns dos mais relevantes julgamentos, com impacto na vida
jurídica e política do país. Ademais, foge de qualquer lógica jurídica a
realização de uma busca e apreensão após o recebimento de uma denúncia — o que
mostra a ausência de qualquer materialidade da acusação veiculada naquela peça.
Esse abuso de autoridade, aliás, não é inédito. A Lava Jato,
em 2016, tentou transformar honorários sucumbenciais que nosso escritório
recebeu da Odebrecht, por haver vencido uma ação contra a empresa, em valores
suspeitos — e teve que admitir o erro posteriormente. No mesmo ano, a Lava Jato
autorizou a interceptação do principal ramal do nosso escritório para ouvir
conversas entre os advogados do nosso escritório e as conversas que eu mantinha
com o ex-presidente Lula na condição de seu advogado, em grave atentado às
prerrogativas profissionais e ao direito de defesa. Não bastasse, em 2018 a
Lava Jato divulgou valores que o nosso escritório havia recebido a título de
honorários em decorrência da prestação de serviços advocatícios.
Todas as circunstâncias aqui expostas serão levadas aos
foros nacionais e internacionais adequados para os envolvidos sejam punidos e
para que seja reparada a violação à minha reputação e à reputação do meu
escritório, mais uma vez atacadas por pessoas que cooptaram o poder do Estado
para fins ilegítimos, em clara prática do lawfare — fenômeno nefasto e que
corroeu a democracia no Brasil e está corroendo em outros países.
São Paulo, 9 de setembro de 2020 Cristiano Zanin Martins
Um dos alvos da operação E$quema S, conduzida nesta
quarta-feira (9), o advogado Cristiano Zanin negou qualquer ilegalidade e disse
que o mandado de busca e apreensão tinha como objetivo macular sua reputação e
desviar foco de supostas ilegalidades da Lava Jato.
"Temos absoluta condição de demonstrar o trabalho que
foi realizado. Não sei por que o MPF não pediu ao escritório antes de fazer
esse espetáculo na data de hoje. Ou melhor, eu sei, o objetivo era promover
espetáculo, atacar a minha reputação e desviar o foco do que está acontecendo
hoje, que escancara as arbitrariedades da Lava Jato", disse ele em
entrevista à CNN.
No Twitter
Falei à @folha sobre os objetivos da Lava Jato ao cometer novos atentados às minhas prerrogativas profissionais. Querem criminalizar serviços que prestei como advogado a uma entidade privada ligada ao comércio e que estão fartamente documentados. https://t.co/23HtcOlDn8
Muito obrigado pela força @petracostal! Sem dúvida o #lawfare está corroendo a nossa democracia, como está cada dia mais claro, no Brasil e em outros países. https://t.co/3RrepCb8Lc
O Lawfare Institute (@LawfareI ) pretende "Contribuir decisivamente para que a lei seja utilizada dentro dos limites definidos pelo Estado de Direito". https://t.co/mQmUDU1rCs
O livro sobre #lawfare que escrevi com @ValeskaZanin e @RafaelValim7 vai superando a barreira do idioma e estará disponível em espanhol. As técnicas usadas por aqueles que se utilizam do poder do Estado para atingir empresas e pessoas e produzir resultados ilegítimos estão lá. pic.twitter.com/jKjtdHduKX
Apresentado por Vera Magalhães, o programa vai ao ar às
22h, na TV Cultura, no site da emissora e nas redes sociais
No programa Roda Viva, da TV Cultura, desta
segunda-feira (6), a jornalista Vera Magalhães recebeu o ex-ministro da
Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Haddad é professor de Ciência Política na Universidade de São Paulo, onde se
formou em Direito, fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia. Foi
ministro da Educação, entre 2005 e 2012, nos governos dos ex-presidentes Lula e
Dilma Rousseff. Entre 2013 e 2016, foi prefeito de São Paulo e, em 2018,
candidatou-se à presidência da República, nas eleições vencidas por Jair
Bolsonaro.
Na entrevista, o político falou sobre a viabilidade de
uma frente ampla em defesa das instituições e da democracia, as divisões
internas no PT em relação a essa frente e o risco de isolamento do partido na
esquerda. Haddad também fez críticas ao governo Bolsonaro diante da crise
sanitária e econômica, avaliou a postura de Sergio Moro, as perspectivas do PT
no campo eleitoral e as questões que envolvem a condenação de Lula.
No Twitter, a hashtag #RodaViva e os termos 'Haddad' e 'Vera Magalhães' ficaram
nos Trending Topics do Brasil durante a exibição da entrevista e se mantiveram
na lista após do fim do programa.
Participaram da bancada de entrevistadores Bela Megale, colunista do jornal O
Globo; Ricardo Balthazar, repórter especial do jornal Folha de S.Paulo; Flávio
Costa, escritor e repórter do portal UOL; Andrea Jubé, repórter de Política do
jornal Valor Econômico; e Vera Rosa, repórter do jornal O Estado de S.Paulo em
Brasília. Há ainda a participação remota do cartunista Paulo Caruso.