O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) vai destinar R$ 5,750 bilhões para o Rio Grande do Sul, afirmou a presidente da instituição e ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em sua conta no X (ex-Twitter)
"O Novo Banco de Desenvolvimento está ao lado do povo gaúcho. Quero anunciar que vamos
destinar US$ 1,115 bilhão [R$ 5,750 bilhões] em recursos para ajudar
o estado do Rio Grande do Sul e os gaúchos, que me
adotaram há mais de 50 anos, a superar esta tragédia", disse Rousseff.
"O Banco dos BRICS tem compromisso e atuará na reconstrução e na recuperação da infraestrutura do estado. Queremos ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas."
Segundo Dilma, parte do dinheiro (US$ 200 milhões, ou R$
1,02 bilhão) será repassado de forma direta ao estado para obras
de infraestrutura, vias urbanas, pontes e estradas.
O restante será enviado de formas indiretas através de
bancos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), o Banco do Brasil e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul
(BRDE).
NDB vai destinar R$ 5,750 bilhões para o Rio Grande do Sul
“Quero dizer aos gaúchos que podem contar comigo e com o NDB neste momento difícil”, disse Dilma Rousseff, presidenta do Banco dos BRICS. Ela conversou com o presidente Lula e o governador Eduardo Leite para acertar o… pic.twitter.com/ryRTqApGzz
O Rio Grande do Sul vem sofrendo com fortes chuvas nas
últimas semanas, que deixaram um rastro de destruição. No momento são 147 mortes
confirmadas em decorrência das enchentes. Cerca de 538,2 mil
pessoas estão desabrigadas e 2,1 milhões foram atingidas.
Quero anunciar a liberação de US$ 1,115 bilhão - o equivalente a R$ 5,750 bilhões - dos recursos do @NDB_int para o estado do Rio Grande do Sul enfrentar a calamidade. Já conversei com o presidente @LulaOficial e o governador @EduardoLeite_. Fiquem com meu pronunciamento.… pic.twitter.com/jiXfNXOAz2
A colaboração secreta e ilegal entre o Departamento de
Justiça dos EUA e os procuradores de Curitiba gerou críticas, evidenciando uma
possível interferência estrangeira nas investigações da operação Lava Jato.
Revelações de conversas vazadas do Ministério Público
Federal no Paraná, que já são conhecidas pelo público, apontam para uma
subordinação a interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos. Dez
anos depois, a Sputnik Brasil conversa com especialistas que
dão visões acerca dos impactos e interesses por trás do envolvimento dos EUA na
operação que sacudiu a Justiça, a política, a economia e a sociedade do Brasil.
Lier Pires Ferreira, pesquisador do Laboratório de Estudos
Políticos de Defesa e Segurança Pública (Lepdesp), da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), e do Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS), da
Universidade Federal Fluminense (UFF), trouxe à tona questões controversas
sobre a cooperação entre autoridades americanas e brasileiras durante a
operação Lava Jato.
"Conversas vazadas do Ministério Público Federal no
Paraná revelam que um dos aspectos mais controvertidos da Lava Jato foi sua
subordinação a interesses estrangeiros, em particular dos Estados Unidos. Há
que se lembrar que, anos antes, no governo [do presidente americano Barack]
Obama, a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras haviam
sido alvos de espionagem ilegal dos americanos",
relembra o especialista.
As discussões se concentram em como essa influência
impactou não apenas as dinâmicas políticas e legais internas no Brasil, mas
também a economia nacional.
A Petrobras, principal alvo da Lava Jato, aceitou pagar uma
multa significativa, parte da qual seria destinada a um fundo de combate à
corrupção. No entanto, a tentativa dos procuradores de Curitiba de gerir esse
fundo foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ação teve
consequências devastadoras para grandes empresas brasileiras, como Petrobras,
Odebrecht e JBS, resultando na perda de valor patrimonial e de
fatias de mercado e desemprego em massa.
Arquitetura jurídica montada pelos EUA
À Sputnik Brasil, Fábio de Sá e Silva, autor de
estudos sobre a Lava Jato, pesquisador e doutor em direito, política e
sociedade da Universidade Northeastern (EUA), e professor associado de estudos
internacionais e professor Wick Cary de estudos brasileiros na Universidade de
Oklahoma (EUA), relembra que muitas das opiniões e inferências acerca
da influência dos EUA na operação foram tratadas como teoria da conspiração,
mas que houve de fato uma ingerência por parte do governo norte-americano.
"O que é um fato — e muito bem
documentado — é que os EUA construíram toda uma arquitetura
jurídica de combate à corrupção no mundo alinhada com os interesses nacionais,
e a Lava Jato se deu um pouco a partir dessa arquitetura. […] De certa forma,
os americanos fazem o que é bom para eles. O que me interessa questionar é por
que os brasileiros — procuradores, juízes, veículos de
imprensa — fizeram o que fizeram na Lava Jato, cujas
consequências para a economia, o direito, a política e o próprio combate à
corrupção no país são terríveis", indaga Silva.
Questionado sobre o interesse dos EUA na operação, Lier
Pires destaca que, para além de intenções jurídicas e políticas, era um
interesse de impacto que ajudava financeiramente o governo norte-americano.
"O interesse dos EUA direcionava-se prioritariamente à
Petrobras, cujos desvios de conduta impactavam investidores norte-americanos,
já que as ações da petrolífera brasileira eram negociadas em bolsas americanas.
Não por outro motivo, em 2018 a Petrobras aceitou pagar uma multa superior a
US$ 800 milhões [aproximadamente R$ 4 bilhões de reais]. Como se sabe, cerca
de 80% desse dinheiro retornaria ao Brasil. Os procuradores de Curitiba
pleiteavam a gestão dessa verba, que seria destinada a um fundo de combate à
corrupção. Quase tiveram êxito. Todavia a manobra foi abortada pelo
STF", comenta Ferreira à Sputnik Brasil.
O especialista destaca ainda que a interferência dos EUA na
Lava Jato revela a importância de Washington na política brasileira. Além
disso, ressalta a falta de visão estratégica das autoridades judiciais
brasileiras, criticando a abordagem que prejudicou empresas em vez de
focar mais as pessoas físicas envolvidas.
"O fato que me parece mais relevante é que a influência
dos EUA na Lava Jato revela primeiramente a importância de Washington na vida
política brasileira, como já denunciava estridentemente o ex-governador Leonel
Brizola. […] Ela traz à tona a total falta de visão estratégica das
autoridades judiciais brasileiras, míopes em aspectos básicos do geodireito e
do constitucionalismo estratégico. […] O fato é que as punições devem pesar
mais sobre as pessoas físicas do que sobre as empresas", avalia.
Para Rafael Ioris, professor de história moderna da América
Latina na Universidade de Denver (EUA), existia uma combinação
realizada entre os agentes brasileiros e norte-americanos. Segundo ele,
"ninguém é inocente".
"Os atores do governo dos Estados Unidos, especialmente
o Departamento de Justiça, tinham uma narrativa e perspectiva de que a
corrupção era um grande problema na América Latina e já haviam criado treinamentos,
cartilha de como combater a corrupção na América Latina. […] Havia um interesse
[dos EUA] na operação. […] Ninguém é inocente. Um começou a ajudar o
outro [Brasil e EUA]", crava.
A queda de uma farsa
Rafael Ioris continua destacando que embora a grande mídia
norte-americana legitimasse o que a mídia brasileira veiculava, com o tempo
essa narrativa começou a ser descontruída. Afinal, as coberturas tanto
brasileira quanto norte-americana tinham o objetivo de disseminar que a
corrupção era o problema principal da América Latina.
"Aos poucos, especialmente depois da eleição do [Jair]
Bolsonaro, muita gente começou a perceber que havia uma conexão entre o
discurso antiestablishment, antipolítica que resultou na eleição de Bolsonaro
[…]. Houve uma certa preocupação com o resultado […] e houve uma
percepção de que precisávamos [o Brasil] investigar mais um pouco [a Lava
Jato]. […] foi um processo com grandes danos para a economia brasileira",
arremata.
A 'corrupção sistêmica' e o interesse por trás
À Sputnik Brasil, Larissa Liz Odreski Ramina,
professora de direito internacional público da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e coordenadora de iniciação científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação da mesma instituição, ressalta que houve uma sistematização do
que consideraram, à época, corrupção sistêmica, fazendo uso seletivo.
"Utiliza-se desse discurso da corrupção sistêmica de
forma seletiva para atacar apenas governos, forças políticas e líderes do
chamado progressismo latino-americano. Ou seja, aqueles que se opõem aos
ajustes neoliberais ditados pelo Fundo Monetário Internacional. […] A guerra jurídica foi
utilizada contra todos os modelos alternativos às políticas neoliberais, e essa
narrativa da corrupção sistêmica teve o efeito de considerar a corrupção como
um crime transnacional, […] da mesma forma que o tráfico de drogas e o
terrorismo internacional são considerados — em uma perspectiva militar — como
ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos", evidencia.
Para o pesquisador Lier Pires Ferreira, há aspectos legais
na cooperação judiciária entre EUA e Brasil que não podem ser ignorados.
"Algo diverso ocorre nas ações interventivas, ainda que
não tenham caráter direto, isto é, político ou militar. Essas ações são ao
mesmo tempo ilegais e ilegítimas, pois ferem a soberania nacional. A submissão
brasileira aos interesses norte-americanos no contexto da Lava Jato não apenas
apequenou o Brasil, mas feriu sua soberania e imagem perante o conjunto das
nações. Além disso, como já dito, teve um imenso custo econômico, muito
superior aos recursos financeiros que conseguiu repatriar. A Lava Jato é um
exemplo de que um país soberano jamais deve prostrar-se aos interesses
estrangeiros, ainda que travestidos de nobres ideais", reforça Pires.
O professor Fábio de Sá pontua que essas tais formas
importadas pela Lava Jato sequer são dominantes no direito americano.
"Por exemplo, [o então juiz Sergio] Moro condenou Lula
utilizando decisões de tribunais federais americanos que diziam que não é
preciso ato de ofício para configurar corrupção. Mas essa não é a 'lei da
terra' nos EUA; a Suprema Corte decidiu, em 2016, que para se punir alguém por
corrupção é preciso identificar com clareza um ato de ofício correspondente
[…]. Então o que vejo em tudo isso é um apelo aos EUA que serve para legitimar
abusos, o recurso aos EUA como fonte de legitimação simbólica — o que
funciona bem em um país com elites e imprensa que padecem do complexo de
vira-latas", afirma o professor.
O drama do presidente mais popular do país com a perda do neto. Preso sem provas, ele é escoltado por policiais armados. No que deveria ser o uniforme, um dos policiais ostenta distintivo com a inscrição “Miami Police - Swat”.#ForçaLula#LulaLivrepic.twitter.com/H5jyNu3uOD
"Amigos me desculpem, mas o fim do PSDB será abraçar
esse impeachment do Presidente Bolsonaro. Quero adiantar eu jamais votarei uma
aberração dessa natureza. Sou 100 % Bolsonaro!", disse um parlamentar em
um grupo de mensagens
Deputado federal Aécio Neves (Foto: Pablo Valadares/Câmara
dos Deputados)
247 - Articulador do golpe contra a presidenta
Dilma, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) não gostou do anúncio de uma reunião da
executiva do PSDB para debater o impeachment de Jair Bolsonaro.
Segundo o colunista Lauro Jardim, do O Globo, além de Aécio Neves, os deputados
Geovania de Sá e Paulo Abi-Ackel reagiram à iniciativa demonstrando
contrariedade com a decisão do presidente da legenda, Bruno Araújo, de marcar a
reunião nesta quarta-feira (8).
Sem citar os nome, Lauro Jardim cita conversa de grupo de
mensagem da bancada em que os parlamentares tucanos consideraram
"inoportuno" tornar o assunto público.
"Me pareceu precipitado falar OFICIALMENTE em impeachment no calor de manifestações que estão ocorrendo em ambiente de paz . De qualquer forma vamos manter a serenidade e amanhã em ambiente democrático como é nosso jeito de ser e de fazer política, vamos nos posicionar", escreveu um deles.
Aécio Neves teria encaminhado para o grupo a pergunta de um repórter sobre a sua posição na tentativa de mostrar que já estava sendo cobrado a se manifestar sobre o tema.
"É nossa obrigação que defendemos a democracia,
discutirmos mais sobre isso, nosso posicionamento diante das graves ameaças
democráticas! Temos grande responsabilidade com nosso país! Não podemos
subestimar o que está acontecendo, sob risco de omissão!", rebateu outro
parlamentar.
Mas houve quem tenha escancarado sua adesão ao governo.
"Amigos me desculpem, mas o fim do PSDB será abraçar esse impeachment do
Presidente Bolsonaro. Quero adiantar eu jamais votarei uma aberração dessa
natureza. Sou 100 % Bolsonaro!".
O líder do partido na Câmara, Rodrigo de Castro, convocou
uma reunião da bancada para essa quarta-feira.
Marcando cinco anos do golpe que culminou na saída de Dilma
Rousseff da Presidência do Brasil, o fundador de Opera Mundi, Breno Altman,
conversa com a ex-presidente nesta terça-feira (31/08), às 11h, com o tema: Por
que o golpe de 2016 foi vitorioso?
A resposta perversa e “genocida” de Bolsonaro a um dos mais
mortíferos surtos de Covid do mundo deixou o Brasil “à deriva em um oceano de
fome e doenças”, afirmou a ex-presidente Dilma Rousseff.
Dilma Roussefff disse ao Guardian: 'Estamos à deriva em um
oceano de fome e doenças ... É realmente uma situação extremamente extrema que
estamos testemunhando no Brasil.' Fotografia: Ricardo Maldonado Rozo / EPA
Em declarações ao Guardian esta semana - enquanto o número
de mortes por coronavírus no Brasil atingia níveis devastadores, com mais de
12.000 mortes nos últimos três dias - Rousseff disse que seu país enfrentou
talvez o momento mais grave de sua história.
“Estamos vivendo uma situação extremamente dramática no
Brasil porque não temos governo, nem administração da crise”, disse Rousseff,
uma ex-guerrilheira de esquerda que foi presidente por pouco mais de cinco anos
até seu polêmico impeachment de 2016.
“Estamos vendo 4.200 mortes por dia agora e tudo sugere que,
se nada mudar, chegaremos a 5.000 ... No entanto, há uma normalização
absolutamente repulsiva dessa realidade em andamento. Como você pode
normalizar as 4.211 mortes registradas [na terça]? ” Rousseff perguntou
quando o número oficial de mortos no Brasil subiu para mais de 345.000,
perdendo apenas para os EUA.
A
primeira mulher presidente do Brasil , como um número crescente de
cidadãs, acredita que grande parte da culpa é de Bolsonaro, um populista de
extrema direita cuja resposta
anticientífica ao que ele chama de “pequena gripe” o tornou um
bicho-papão internacional . Pesquisas
de opinião e protestos barulhentos sugerem crescente raiva pública
contra o político admirador de Trump que foi eleito em 2018 depois que o mentor
de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso e impedido de
concorrer por um juiz que mais tarde ingressou
no gabinete de Bolsonaro .
Dilma afirmou que a sabotagem de Bolsonaro dos esforços de
contenção e vacinação ,
a recusa em ordenar um bloqueio e a falha em oferecer apoio econômico adequado
aos pobres contribuíram para uma tragédia de “proporções catastróficas”.
“Não estou dizendo que o Brasil não teria sofrido mortes
[com uma resposta diferente] - todos os países sofreram”, disse
ela. “Estou dizendo que parte do nível de mortes aqui se deve
fundamentalmente a decisões políticas incorretas, que ainda estão sendo
tomadas”.
O colapso do Brasil também foi uma ameaça
internacional. “A ausência de um combate efetivo à pandemia [no Brasil]
leva a algo gravíssimo: o surgimento das chamadas novas variantes, que são
altamente infecciosas e aumentaram o número de mortes nos países vizinhos”,
disse Dilma Rousseff, apontando sobre como os vizinhos sul-americanos estavam
fechando suas fronteiras por medo da variante
P1 mais contagiosa ligada à Amazônia brasileira.
Muitos críticos agora argumentam que as ações de Bolsonaro
equivalem a "genocídio" - e Rousseff disse que ela estava entre eles.
“Eu uso essa palavra. O que caracteriza o ato de
genocídio é quando você desempenha um papel deliberado na morte de uma
população em grande escala ”, disse a senhora de 73 anos de sua casa em Porto
Alegre, uma das muitas cidades onde
hospitais e médicos ficaram
sobrecarregados forçado a brincar de Deus.
“Não é a palavra [genocídio] que me interessa - é o
conceito. E o conceito é este: responsabilidade por mortes que poderiam
ter sido evitadas ”.
Na quinta-feira, a Suprema Corte do Brasil ordenou
uma investigação do Congresso sobre a conduta do governo - uma medida
chocante que os especialistas chamaram de grande golpe para Bolsonaro, que
ainda conta com o apoio de cerca de um terço dos eleitores, mas enfrenta níveis
recordes de rejeição.
Bolsonaro em março. O número oficial de mortos no Brasil é
de mais de 345.000. Fotografia: Ueslei Marcelino / Reuters
O desastre do Brasil - que está sendo turbinado pela
variante P1 - deve se aprofundar ainda mais nos próximos dias. Mais de
66.000 vidas de brasileiros foram perdidas para a Covid em março. O número
de mortos em abril deve ultrapassar 100.000. Na sexta-feira, o conselheiro
sênior da Organização Mundial da Saúde, Bruce Aylward, chamou o surto de “um
inferno furioso”.
“É desesperador. Para ser honesto, não consigo dormir
direito. Vou para a cama com esses números e simulações na cabeça e
simplesmente não consigo pensar direito ”, disse Miguel Nicolelis, um cientista
proeminente cujas
projeções sombrias sobre o surto foram repetidamente confirmadas.
“Os EUA tiveram um dia com mais de 5.000 mortes e vamos
ultrapassar os EUA - no número de mortes diárias e provavelmente no número
total de fatalidades também”, previu Nicolelis.
“Vamos começar a ver corpos amontoados em nossas clínicas de
saúde e pessoas morrendo nas ruas em breve na maior cidade do Brasil”, disse
ele de São Paulo, pedindo um mês de bloqueio nacional e o fechamento de
estradas, aeroportos e rios.
Rousseff também pediu um fechamento imediato, embora
Bolsonaro tenha rejeitado repetidamente essa ideia, aparentemente temendo que
prejudicasse a economia e suas esperanças de reeleição em 2022. "Não
haverá bloqueio nacional", insistiu Bolsonaro durante uma viagem ao sul do
Brasil neste semana.
Falando fora de sua residência na terça-feira, Bolsonaro,
66, ignorou as críticas. “[Eu fui chamado] de homofóbico, racista,
fascista, um torturador ... Agora sou genocida”, ele
sorriu . “Existe alguma coisa pela qual eu não sou culpado no
Brasil?”
Dilma concordou que Bolsonaro não foi o único culpado pela
calamidade Covid que abalou seu país e o mundo. Ela também culpou as
elites econômicas, chefes militares, magnatas da mídia e políticos que ajudaram
os extremistas de direita a ganhar o poder apoiando sua destituição do cargo e
depois aplaudindo a queda de Lula e a ascensão de Bolsonaro. Líderes
mundiais, incluindo Donald Trump, também lidaram com a pandemia de forma
desastrosa.
“As pessoas terão que ser responsabilizadas pela catástrofe
que foi engendrada no Brasil”, disse Dilma Rousseff, mapeando suas atuais
tribulações até sua
suspensão do cargo há exatamente cinco anos por supostamente manipular
o orçamento para mascarar o mal-estar econômico.
“O Bolsonaro é um produto deste ... pecado original: o
impeachment”, disse ela sobre o que seus partidários chamam de “golpe” de
orientação política.
Naquela época, Dilma Rousseff disse que nunca imaginou que
Bolsonaro um dia se tornaria presidente. Ela também não conseguia imaginar
o Brasil enfrentando a emergência de hoje sob uma liderança mais
inadequada. “A realidade é pior do que qualquer coisa que eu poderia ter
imaginado. É como se estivéssemos à deriva. Estamos à deriva em um
oceano de fome e doenças ... É realmente uma situação extremamente extrema que
estamos testemunhando no Brasil. ”
“O Brasil está à deriva em um oceano de fome e doenças”. Ao jornal britânico @guardian, aponto que a resposta genocida de Bolsonaro a Covid levou à catástrofe brasileira. A entrevista a @tomphillipsin você pode ler aqui:https://t.co/wkQ0HgyPen
"Relacionar o impeachment dela ao de Bolsonaro é falsa
equivalência", aponta o colunista
Kennedy Alencar (Foto: Editora 247)
247 – "Dilma tá certa. Relacionar o
impeachment dela ao de Bolsonaro é falsa equivalência. Houve golpe parlamentar
em 2016. Foi um impeachment sem crime de responsabilidade. No caso do genocida,
sobram crimes de responsabilidade. Não dá para reescrever a História. Falta de
aviso não foi", escreveu o jornalista Kennedy Alencar, em suas redes
sociais. Leia abaixo a nota da ex-presidente Dilma Rousseff, em que ela rebate
pontos escritos por Miriam Leitão:
Nota da ex-presidente Dilma Rousseff sobre o artigo de Miriam
Leitão deste domingo - Miriam Leitão comete sincericidio tardio em sua coluna
no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou
foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da
economia brasileira e pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises
econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na
Constituição como justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe
disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das
principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de
crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.
Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica absurda, pois
baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro
"permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será
reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e
terá sido." O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes,
por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros
à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar
vacinas.
O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado
por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo
Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de
governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores
continuaram adotando. Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão,
escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde
demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos
não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da
serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da
qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo.
Ex-presidenta acusa jornalista de ser cúmplice da tragédia que levou a Bolsonaro
No #ElesNão do Jornal da Fórum, Cynara Menezes, Ivana Bentes e Laura Capriglione falam do passa-fora dado pela ex-presidenta Dilma Rousseff em Miriam Leitão, do jornal O Globo, após artigo em que a jornalista defende que, se Bolsonaro não sofrer impeachment, o dela foi "injusto". E mais: o evento de João Doria com Temer, FHC e Sarney; e orçamento para meio ambiente de Bolsonaro é o menor do século
Reportagem da Al Jazeera desmascara participação da Globo no golpe - 31 de ago. de 2016
Reportagem da Al Jazeera English resolveu ir a fundo para desvendar a participação da Rede Globo no processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A matéria destaca que o grupo configura o maior conglomerado midiático da América Latina e pertence à família Marinho, considerada a mais rica do Brasil.
A LÓGICA ABSURDA DE MIRIAM LEITÃO Processos são incomparáveis. Impeachment de 2016 usou pretextos fiscais; Bolsonaro deve ser punido por genocídio e descaso pela vacinação. Leia a íntegra da nota no linkhttps://t.co/pPFKhMFCSLpic.twitter.com/O4Sumwlghz
Foi golpe, sim, @miriamleitao. Governo sem crimes que se quer trocar se troca COM ELEIÇÃO. Esse fato histórico vegonhoso contra Dilma em 2016 e amplamente apoiado pela Grande Mídia não será modificado em comparações esdrúxulas como os crimes de Bolsonaro na pandemia.
Ex-Presidenta diz que é inaceitável furar a fila da
vacinação e que aguardará pacientemente a sua vez
Recebi o convite do governador de São Paulo para ser
vacinada com a Coronavac no dia 25 de janeiro, em Porto Alegre. Agradeço, mas
diante das circunstâncias tenho o dever de recusar a oferta, por razões éticas
e de justiça. O Plano Nacional de Vacinação deve ser respeitado e, se é certo
que a vacinação já começou, não há montante de vacinas disponível para que eu,
agora, seja beneficiada. É inaceitável “furar a fila”, que deve ser
estritamente respeitada por todos os brasileiros. Neste momento, considero imprescíndivel
que sejam atendidos, de acordo com o Plano, primeiramente os trabalhadores da
área da saúde que estão na linha de frente da luta contra a Covid19, além dos
idosos que vivem em asilos e o grupo de idosos brasileiros mais expostos ao
risco de adoecer gravemente ou morrer. Aguardarei pacientemente a minha vez e
quero adiantar que já estou com o braço estendido para receber a Coronavac.
Faço questão de prestar tributo à contribuição do SUS, do
Butantan e da Fiocruz, que são tão importantes e estratégicos para a saúde
pública no Brasil e para o desenvolvimento das vacinas. Denuncio todos aqueles
que, ao longo dos últimos anos, tentaram destruí-los, seja por restrição de
recursos orçamentários, seja por visão preconceituosa, como ficou claro na saída
dos médicos cubanos, seja por defender propostas privatistas.
Enalteço o trabalho dedicado dos epidemiologistas, biólogos,
infectologistas, pesquisadores e servidores do sistema SUS, em especial da
Fiocruz e do Butantan, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. Estendo
estas homenagens e agradecimentos a todos os que se dedicam a combater esta
pandemia que, por desleixo e desuminadade do governo federal, já roubou a vida
de mais de 210 mil pessoas e está matando brasileiros até mesmo por falta de oxigênio.
Por fim, reconheço e saúdo a solidariedade e a atitude humanitária do governo
chinês, que proporcionou a parceria entre o Estado São Paulo/Butantan e o
laboratório Sinovac para a importação e a fabricação das vacinas em nosso país.
É uma vitória da cooperação entre os povos e da ciência e uma derrota do
negacionismo.
Em livro que conta sua versão sobre o
"impeachment" de Dilma Rousseff, Eduardo Cunha diz que Temer foi o
"grande encorajador" do golpe
Detalhes do livro escrito da prisão pelo ex-presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, da prisão que foram revelados nesta sexta-feira (8) pela
coluna Radar, de Robson Bonin, na revista Veja, deixa de fora, até o
momento, um personagem que teve papel central no golpe que depôs Dilma Rousseff
(PT) e resultou na eleição de Jair Bolsonaro (Sem partido, ex-PSL) em 2018,
segundo o deputado Rogério Correia (PT-MG).
“Qualquer análise sobre o que foi o golpe no Brasil que
derrubou a presidenta Dilma tem que levar em conta o papel central que teve o
deputado Aécio Neves. Derrotado nas eleições, passou a incitar e organizar na
calada do Congresso Nacional contra Dilma. Assim, ele uniu Eduardo Cunha e
Temer com as elites brasileiras que possuem conluio com as elites financeiras
para que articulassem e comprassem os votos que fossem definidores no processo
[de impeachment]”, disse Correia à Fórum.
Conhecedor dos bastidores da política mineira há décadas, o
deputado diz que a ação golpista de Aécio voltou-se contra o próprio político,
que hoje vive no ostracismo da Câmara Federal.
“Aécio Neves era conhecedor de tudo isso, tano na forma de
agir, quanto na forma sorrateira de articular ali no Congresso Nacional. Com
certeza ele foi peça chave nesse golpe e hoje está no ostracismo da política. É
uma espécie de deputado fantasma”.
Grande conspirador
No livro, com 740 páginas, que tem como título “Tchau Querida, o Diário do
Impeachment” e está em fase final de revisão textual, Eduardo Cunha diz que
Michel Temer, então vice-presidente, foi o “grande conspirador” do golpe.
“Cunha conta em detalhes como o vice de Dilma atuou
ativamente para tomar o lugar da petista”, diz o jornalista da Veja.
Além de Temer, o livro deve trazer revelações bombásticas
sobre a atuação de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assumiu a presidência da Câmara
logo após a deposição da então presidenta.
Boletim 247 - Eduardo Cunha: Temer foi o grande conspirador do golpe
A jornalista Laís Gouveia revela os primeiros detalhes sobre o livro-bomba do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha com os bastidores do golpe de 2016 contra Dilma. “Tchau Querida, O Diário do Impeachment” aponta Michel Temer como "o grande conspirador”, do golpe que resultou no impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, em 2016.
Entre risos, ele afirmou: “Dizem que a Dilma foi torturada e
fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo”
A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) respondeu ao presidente
Jair Bolsonaro (Sem Partido) em nota
à imprensa, nesta segunda-feira (28), que fez piadas com o fato dela ter
sido torturada. Dilma afirmou que o presidente é “um sociopata, que não se
sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do
povo brasileiro”.
Bolsonaro voltou a desrespeitar as vítimas da ditadura
militar no Brasil e escolheu para atacar Dilma Rousseff. O presidente, além de
ironizar, duvidou que a ex-presidente, que ficou presa durante três anos, tenha
sido torturada.
Dilma disse ainda que “Bolsonaro não respeita a vida, é
defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da
doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela
Covid-19 que, aliás, se recusa a combater”
Entre risos, Bolsonaro provocou: “Dizem que a Dilma foi
torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo
ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X”,
declarou, em encontro com apoiadores na manhã desta segunda-feira (28).
Leia a resposta de Dilma na íntegra abaixo:
Jair Bolsonaro promoveu mais uma de suas conhecidas
sessões de infâmia e torpeza, falando a um pequeno grupo de apoiadores, nesta
segunda-feira, 28 de dezembro.
Como não respeita nenhum limite imposto pela educação e
pela civilidade, uma exigência a qualquer político, e mais ainda a um
presidente da República, desmoraliza mais uma vez o cargo que ocupa. Mostra-se
indigno ao tratar com desrespeito e com deboche o fato de eu ter sido presa
ilegalmente e torturada pela ditadura militar. Queria provocar risos e reagiu
com sórdidas gargalhadas às suas mentiras e agressões.
A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se
revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres
humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não
respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante
da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos
causados pela Covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo
fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura
militar e da destruição dos que a ela se opuseram.
É triste, mas o ocupante do Palácio do Planalto se
comporta como um fascista. E, no poder, tem agido exatamente como um fascista.
Ele revela, com a torpeza do deboche e as gargalhadas de escárnio, a índole
própria de um torturador. Ao desrespeitar quem foi torturado quando estava sob
a custódia do Estado, escolhe ser cúmplice da tortura e da morte.
Bolsonaro não insulta apenas a mim, mas a milhares de
vítimas da ditadura militar, torturadas e mortas, assim como aos seus parentes,
muitos dos quais sequer tiveram o direito de enterrar seus entes
queridos.
Um sociopata, que não se sensibiliza diante da dor de
outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro.
Revista Fórum Esta edição do Fórum Onze e Meia comenta a declaração de Jair Bolsonaro sobre Dilma Rousseff, a repercussão da fala, o julgamento da suspeição de Sergio Moro, o fim do auxílio emergencial, entre outras notícias do dia. Com comentários de Renato Rovai e apresentação de Dri Delorenzo.
Bolsonaro insulta vítimas da ditadura ÍNDOLE DE TORTURADOR Quem não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro./ Leia a íntegra da nota no linkhttps://t.co/W3Hu1NVA3Rpic.twitter.com/1b3EQI1nhp
Fala de Bolsonaro sobre tortura sofrida por Dilma é coisa de quem só não foi torturador por falta de oportunidade, não de vontade. A propósito: tortura q ñ deixa sequela física é o q? Falas assim têm de ser criminalizadas. Não sao liberdade de expressão, mas apologia da tortura.
O Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade a presidenta @dilmabr, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá.
O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E
também está lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil
chegar onde chegamos, como também não é fácil chegar onde desejam muitos dos
que foram às ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia –
o poder cidadão e os poderes da República. Dilma Rousseff
Hoje é o dia dela! Injustiçada tantas vezes, sempre soube resistir, lutar e vencer os seus algozes! A sua trajetória é exemplar e inspiradora! Na Vigília Lula Livre, tive o privilégio de vê-la de perto! Sentir a sua força, me emocionou demais! Obrigado por tudo, Presidenta Dilma!
Feliz aniversário minha querida Dilma Rousseff a legítima Presidenta do Brasil, Feliz aniversário soberana. Que orgulho eu tenho de ter votado em você mãedilma. pic.twitter.com/mxdE8xwxlA
Parabéns, querida! ❤️ Minha presidenta @dilmabr, muitas felicidades, muita saúde e energias boas. Vida longa e que a história lhe seja justa. Obrigada por tudo, coração valente. pic.twitter.com/NvCMwoNE1C
Gleisi Hoffmann e Barack Obama. Foto: Reprodução/Twitter
Barack Obama recentemente participou do Conversa com Bial na
Globo – e fez críticas a Lula, dizendo ter sido informado sobre escândalos de
corrupção em seu governo.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, respondeu ao ex-presidente
dos Estados Unidos.
Ela usou sua rede social.
No Twitter:
“Obama passou 8 anos fazendo guerras e espionagem, a serviço
da indústria de armas e do establishment de seu país. Acobertou um vice
investigado por corrupção e quer dar conselhos ao Brasil. Tem de explicar a sua
participação no golpe e na Lava Jato”.
Obama passou 8 anos fazendo guerras e espionagem, a serviço da indústria de armas e do establishment de seu país. Acobertou um vice investigado por corrupção e quer dar conselhos ao Brasil. Tem de explicar a sua participação no golpe e na Lava Jato https://t.co/2X1tOChNbR
"Para ganhar o segundo turno das eleições contra o
candidato apoiado pelos Estados Unidos, Aécio Neves, em 26 outubro de 2014, a
presidenta recém-reeleita do Brasil, Dilma Rousseff, sobreviveu a uma campanha
maciça de desinformação do Departamento de Estado estadunidense. Não obstante,
já está claro que Washington abriu uma nova ofensiva contra um dos líderes
chave dos BRICS, o grupo não alinhado de economias emergentes – Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul. Com a campanha de guerra financeira total dos
Estados Unidos para enfraquecer a Rússia de Putin e uma série de
desestabilizações visando a China, inclusive, mais recentemente, a “Revolução
dos Guarda-Chuvas” financiada pelos Estados Unidos em Hong Kong, livrar-se da
presidente “socialmente propensa” do Brasil é uma prioridade máxima para deter
o polo emergente que se opõe ao bloco da Nova (des)Ordem Mundial de
Washington."
O livro de Temer recém-lançado é uma tentativa de lavar sua
biografia de golpista.
A coisa se chama “A Escolha: Como um Presidente Conseguiu
Superar Grave Crise e Apresentar Uma Agenda Para o Brasil”.
Se Judas tivesse escrito as memórias dele, seria mais ou
menos nessa linha (“Como Salvei o Mundo Entregando o Nazareno”).
O professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield colecionou
o depoimento do sujeito a quente, enquanto ele conspirava.
Uma das revelações é o contato mantido com os chefes
militares desde 2015.
Havia um desgaste com o PT por causa da Comissão Nacional da
Verdade, do receio de que Dilma tentasse mudar a Lei da Anistia e de outros
temas que constavam do Programa Nacional de Direitos Humanos-3, de 2009.
Temer, o canalha, soube retribuir.
Após o impeachment, Villas Boas foi mantido no cargo e
Sérgio Etchegoyen nomeado ministro do novo Gabinete de Segurança Institucional
(GSI), recriado para acomodar os cúmplices.
Desde a redemocratização, o governo dele foi o primeiro a
colocar um militar, o general Joaquim Silva e Luna, no comando do Ministério da
Defesa, criado em 1999.
Foi também o primeiro a colocar um estado, o Rio de Janeiro,
sob intervenção federal.
Também era um militar o Secretário Nacional de Segurança
Pública, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e a Funai chegou a ser
chefiada por outro, o general Franklimberg Ribeiro Freitas.
Temer assentou o terreno para o capitão Bolsonaro invadir a
democracia com tudo.
É uma figura desprezível, cujo maior temor hoje é o de
voltar para a prisão.
A obra ainda vem com uma piada de Delfim Netto de brinde.
“Não tenho a menor dúvida de que, quando chegar o julgamento
– sem ideologia e sem oportunismo -, Temer será classificado como um presidente
inovador e reformista”, escreve o signatário do AI-5 no prefácio.
Delfim e Temer estão no lixo da história, e não serão os
militares que os tirarão de lá.
Temer e militares, ao assumirem complô contra a presidenta
da república, em um "#estado#democrático
de #direito",
estariam assumindo um crime, mas a finalidade vai muito além
Militares mantinham contatos com o vice-presidente logo depois da reeleição de 2014, supostamente inconformados com o relatório da Comissão Nacional da Verdade. É o que o operador do PMDB confessa em livro.https://t.co/oeImq2rL30
Segundo Temer no seu livro, os militares sabiam que estava em andamento um golpe que interessava a uma potência estrangeira!!! Fica claro que os militares agiram como "quinta coluna"!!! Canalhas, são pagos e armados para defender o país de interferências estrangeiras!! Traidores! pic.twitter.com/QlJLvduSr2
Dilma e Biden em foto de 2015; na época, governo americano
se aproximou de países latino-americanos com abertura de documentos históricos
sobre violações de direitos humanos
Se havia alguma dúvida de que o presidente brasileiro
Jair Bolsonaro e o presidenciável democrata Joe Biden estão em lados políticos
opostos, o debate entre Biden e o presidente Trump na última semana tratou de
dissipá-las. Na ocasião, Biden, favorito para vencer o pleito de 3 de novembro
pelas atuais pesquisas, criticou a devastação da Amazônia e aventou até sanções
econômicas ao país.
O meio ambiente, no entanto, está longe de ser o único tema
de discordância entre Biden e Bolsonaro. O
ex-vice-presidente americano está no centro de uma das empreitadas pelas quais
o atual presidente brasileiro mais demonstrou desprezo e resistência: a
apuração, pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), de crimes e violações cometidos
por agentes públicos durante a ditadura militar, entre 1964 e 1985.
Em 17 de junho de 2014, Biden, o então vice-presidente na
gestão Barack Obama, desembarcou em Brasília com um objeto especial na bagagem:
um HD com 43 documentos produzidos por autoridades americanas entre os anos de
1967 e 1977. A partir de informações passadas não só por vítimas, mas por
informantes dentro das Forças Armadas e dos serviços de repressão, os
relatórios americanos detalhavam informações sobre censura, tortura e assassinatos
cometidos pelo regime militar do Brasil.
Até aquele momento, a maior parte dos documentos era
considerada secreta pelo governo dos Estados Unidos, que apoiou e colaborou com
a ditadura durante boa parte do período em que os militares estiveram no poder.
Biden sabia bem do que se tratava. E sabia também que
produziria impacto real ao passar a mídia para as mãos da então presidente
brasileira Dilma Rousseff, ela mesma uma das oposicionistas torturadas nos porões
da ditadura.
É certo que o governo americano poderia ter enviado o
material por internet, pela embaixada nos Estados Unidos.
Mas a gestão Obama-Biden queria gravar seu nome no ato de
abertura dos documentos, como um manifesto pela transparência e pelos direitos
humanos.
Mais do que isso, queria melhorar relações diplomáticas com
base na troca de informações altamente relevantes para a história de países
como Brasil, Argentina e Chile.
No caso do Brasil, isso era ainda mais estratégico já que a
revelação, meses antes, de que a Agência Nacional de Segurança americana (NSA,
na sigla em inglês) havia espionado conversas da mandatária brasileira abalou o
alicerce das relações entre os dois países.
"Estou feliz de anunciar que os Estados Unidos
iniciaram um projeto especial para desclassificar e compartilhar com a Comissão
Nacional da Verdade documentos que podem lançar luz sobre essa ditadura de 21
anos, o que é, obviamente, de grande interesse da presidente", afirmou
Biden, sorridente, ao lado de Dilma.
Sem ditadura
A própria definição dada por Biden do regime militar é hoje
refutada por Bolsonaro, que nega ter havido ditadura no país.
"Espero que olhando documentos do nosso passado
possamos focar na imensa promessa do futuro", concluiu Biden.
Cinco anos após esse encontro entre Dilma e Biden, o
presidente brasileiro Jair Bolsonaro desqualificou por completo as revelações
feitas pela CNV, das quais os documentos trazidos por Biden são peça
fundamental.
"A questão de 64 não existem documentos se matou ou não
matou, isso aí é balela, está certo?", disse Bolsonaro.
O presidente respondia à imprensa, que questionava uma
declaração sua dada no dia anterior para atingir o presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Bolsonaro disse pra Santa Cruz
que poderia esclarecer a ele como seu pai havia desaparecido.
De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, Fernando
Augusto Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB, foi visto pela última
vez em fevereiro de 1974, quando foi preso no Rio de Janeiro por agentes do
DOI-Codi. Oliveira jamais voltou a ser visto. Ele morreu nas mãos dos agentes.
"Comissão da Verdade? Você acredita em Comissão da
Verdade? Você quer documento para isso, meu Deus do céu? Documento é quando
você casa, quando você se divorcia. Eles têm documento dizendo o contrário? Acrescentou
Bolsonaro.
Mas, afinal, o que há nos documentos trazidos por Biden?
Documento enviado pelo consulado americano do Rio de Janeiro
descreve padrão de tortura
"O suspeito é deixado nu, sentado e sozinho em uma cela
completamente escura ou refrigerada por várias horas. Na cela há alto-falantes,
que emitem gritos, sirenes e apitos em altos decibéis. Então, o detido é
interrogado por um ou mais agentes, que o informam qual crime acreditam que a
pessoa tenha cometido e que medidas serão tomadas caso não coopere. Nesse
ponto, se o indivíduo não confessa, e se os agentes consideram que ele possui
informações valiosas, ele é submetido a um crescente sofrimento físico e mental
até confessar."
"Ele é colocado nu, em uma pequena sala escura com um
chão metálico, que conduz correntes elétricas. Os choques elétricos, embora
alegadamente de baixa intensidade, são constantes e eventualmente se tornam
insuportáveis. O suspeito é mantido nessa sala por muitas horas. O resultado é
extrema exaustão mental e física, especialmente se a pessoa é mantida nesse
tratamento por dois ou três dias. Em todo esse período, ele não recebe comida
nem água."
O texto acima é um trecho de um documento de sete páginas
enviado pelo consulado americano do Rio de Janeiro ao Departamento de Estado,
em 1973, e trazido por Biden em sua visita.
A comunicação diplomática informa que 126 pessoas teriam
passado por tratamento parecido ao relatado, além de outras formas de sevícias,
como o "pau de arara". O informe é feito não só com base em
depoimentos de vítimas, mas de informantes militares, cuja identidade aparece
protegida por trechos apagados no documento.
Detalhes
"Esse é um dos relatórios mais detalhados sobre
técnicas de tortura já desclassificados pelo governo dos Estados Unidos",
afirmou à BBC News Brasil Peter Kornbluh, diretor do Projeto de Documentação
Brasileiro do Arquivo de Segurança Nacional Americano, em Washington D.C.
Ainda de acordo com Kornbluh, "os documentos americanos
ajudam a lançar luz sobre várias atrocidades e técnicas (de tortura do regime).
Eles são evidências contemporâneas dos abusos dos direitos humanos cometidos
pelos militares brasileiros. Quase todo o mundo acredita neles. As pessoas que
preferem não reconhecer a verdade sobre o que foi feito são os Bolsonaros e
aqueles que realmente cometeram esses crimes".
Mas nem sempre Bolsonaro nega que a ditadura tenha cometido
violações aos direitos humanos. Em julho de 2016, em uma entrevista à rádio
Joven Pan, ele afirmou: "O erro da ditadura foi torturar e não
matar".
E dois anos mais tarde, em meados de 2018, quando já estava
em pré-campanha presidencial, confrontado com a informação de um relatório da
CIA, aberto em 2015 no escopo do mesmo projeto de desclassificação de Biden,
que o presidente Ernesto Geisel teria aprovado a execução sumária de
adversários do regime, o atual presidente disse à rádio Super Notícia:
"Errar, até na sua casa, todo mundo erra. Quem nunca deu um tapa no bumbum
do filho e depois se arrependeu? Acontece."
Tortura e morte
Um dos outros documentos trazidos por Biden evidencia que a
máquina repressiva da ditadura brasileira não só torturou como matou. Nele, o
cônsul-geral americano em São Paulo, Frederic Chapin, afirma que ouviu o relato
de "um informante e interrogador profissional trabalhando para o Centro de
Inteligência Militar de Osasco", em São Paulo.
Telegrama de 1973 descreve a tortura de um policial e de uma
amiga dele que, inicialmente, se recusou a colaborar
Em um telegrama de maio de 1973, Chapin escreve o seguinte:
"Ele (o informante) explicou como havia quebrado uma célula 'comunista'
envolvendo um agente da polícia civil. O policial foi forçado a falar depois de
ter tomado choques elétricos nos ouvidos e mencionou sua conexão com uma amiga,
que foi imediatamente detida. Ela não foi cooperativa, no entanto, então foi
deixada no pau-de-arara por 43 horas, sem alimentos ou água."
"Isso a quebrou, nossa fonte contou. Tortura, de uma
forma ou de outra, é prática comum em interrogatórios em Osasco. Ele também nos
deu um relato em primeira mão do assassinato de um subversivo suspeito, o que
chamou de 'costurar' o suspeito, ou seja, dar tiros nele da cabeça aos pés com
uma arma automática."
O termo "costurar" seria referência a um método
para desfigurar o cadáver e evitar sua futura identificação.
Assassinatos cometidos pela repressão
O cônsul Chapin relata ainda que "vários agentes de
segurança nos informaram que suspeitos de terrorismo são mortos como prática
padrão. Estimamos que ao menos doze tenham sido mortos na região de São Paulo
no ano passado (1972)".
Ao registrar as mortes em São Paulo, Chapin aponta para a
atuação do coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, o chefe do
DOI-Codi paulista, um dos principais órgãos de repressão do país, entre 1970 e
1974. Ustra foi o primeiro militar brasileiro a ser condenado civilmente pela
Justiça pelos crimes de tortura. Ele é também considerado um herói e uma
referência por Bolsonaro, que já afirmou ter como livro de cabeceira a obra de
Ustra, A verdade sufocada.
"Sou capitão do Exército, conhecia e era amigo do
coronel, sou amigo da viúva. (...) o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra
recebeu a mais alta comenda do Exército, a Medalha do Pacificador, é um herói
brasileiro", afirmou Bolsonaro em 2016.
Enquanto era deputado, no dia da votação da abertura de
processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, naquele mesmo ano,
Bolsonaro citou o militar em seu voto: "Perderam em 1964, perderam em
2016. (...) Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, pelo
Exército de Caxias, pelas nossas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e
por Deus acima de todos, o meu voto é sim".
"Só terroristas"
Outro documento da leva de Biden desafia um argumento
central de Bolsonaro sobre o período: o de que o regime militar só prendeu,
torturou e matou "terroristas".
Em dezembro de 2008, quando o Ato Institucional número 5,
instrumento da ditadura que cassou liberdades individuais, completava 40 anos,
o então deputado federal Bolsonaro ocupou o plenário da Câmara para dizer:
"Eu louvo os militares que, em 1968, impuseram o AI-5 para conter o terror
em nosso País, (...) Mas eu louvo o AI-5 porque, pela segunda vez, colocou um
freio naqueles da esquerda que pegavam em armas, sequestravam, torturavam,
assassinavam e praticavam atos de terror em nosso País".
Serviço diplomático americano no Brasil mandou uma
comunicação ao Departamento de Estado registrando os relatos de um cidadão
americano, Robert Horth, que havia sido confundido com um extremista e preso no
DEOPS
Mas em outubro de 1970, o serviço diplomático americano no
Brasil mandou uma comunicação ao Departamento de Estado registrando os relatos
de um cidadão americano, Robert Horth, que havia sido confundido com um
extremista e preso no DEOPS, a unidade de polícia política paulista.
Horth não era um comunista subversivo e afirmou aos
diplomatas americanos que "cinco dos seis prisioneiros em suas celas eram
absolutamente inocentes da acusação de subversão política".
Outro documento, de dezembro de 1969, dá força ao
questionamento sobre os crimes reais dos alvos escolhidos pela repressão ao
informar que freiras dominicanas foram presas, humilhadas e torturadas em
Ribeirão Preto.
"Mais do que trazer novos fatos, os documentos
americanos foram cruciais porque comprovaram muitos fatos a partir de uma fonte
insuspeita. Estamos, afinal, falando de relatórios da diplomacia dos Estados
Unidos, que não tinham qualquer simpatia pelos oposicionistas de esquerda e que
apoiavam os militares", afirmou à BBC News Brasil Pedro Dallari, relator
da CNV.
Prova de que o governo americano era, naquele período,
abertamente a favor do regime está em uma comunicação do embaixador americano
William Rountree de julho de 1972. Na carta, ele alerta ao Departamento de Estado
que qualquer tentativa de fazer críticas públicas contra o que qualifica como
"excessos" cometidos contra os direitos humanos poderia
"prejudicar nossas relações gerais".
CNV
Os documentos americanos tornaram-se especialmente
importantes para a CNV diante da negativa das Forças Armadas Brasileiras de
oferecer evidências que corroborassem os depoimentos de vítimas de tortura em
dependências militares.
"Ao mesmo tempo em que chegavam os documentos
americanos, recebíamos retorno dos militares dizendo que suas sindicâncias não
localizaram nada", afirma Dallari.
Kornbluh concorda que, enquanto muito da documentação
brasileira do período pode já ter se perdido, os arquivos americanos são fonte
importante para acessar a história brasileira.
"Parte dos militares brasileiros esconderam com sucesso
a maioria de seus próprios documentos e mantiveram isso fora do escrutínio
público. E conseguiram escapar de qualquer tipo de responsabilidade legal por
seus crimes contra os direitos humanos. E então os documentos americanos
fornecem um histórico fidedigno de pelo menos alguns casos. E se as coisas
mudarem no Brasil, essas são evidências de crimes que ainda podem ser
litigados", afirma o especialista, que menciona a lei da Anistia, de 1979,
que impediu a responsabilização criminal de agentes e oposicionistas por crimes
cometidos durante a ditadura.
Em 2014, durante os trabalhos da CNV, o Exército brasileiro
afirmou que não opinaria sobre o reconhecimento do Estado Brasileiro em relação
às torturas, enquanto a Força Aérea e a Marinha disseram não ter provas para
reconhecer, tampouco refutar as acusações de violações de direitos humanos nas
décadas de 60 e 70.
Embaixador escreveu sobre não condenar excessos publicamente
O que o histórico diz sobre relação Brasil-EUA em possível
governo Biden?
Para Dallari, apesar de o golpe de 1964 ter recebido o apoio
do governo americano, então sob a batuta do democrata Lyndon Johnson, nas
últimas décadas, os democratas deixaram claro ter interesse em colaborar com
processos de investigação sobre atrocidades cometidas pelos governos na região
e o papel dos Estados Unidos nelas.
"Eu não tenho porque duvidar que Obama e Biden tivessem
real interesse em abrir essas informações. E o primeiro presidente americano a
se opor a violações dos direitos humanos na região foi outro democrata, o
presidente Jimmy Carter", diz ele, em referência ao presidente americano
entre 1977 e 1981.
Na verdade, desde a administração Clinton, nos anos 1990,
documentos secretos sobre ditaduras latino-americanas têm se tornado públicos.
Mas foi na gestão Obama que essa abertura dos arquivos ganhou tons de política
de relações exteriores, em algo que Kornbluh batizou de "diplomacia da
abertura".
Além do Brasil, Argentina e Chile também receberam acesso a
documentos, em um esforço americano para melhorar sua imagem e seu
relacionamento na região.
E com Biden e Dilma, o especialista afirma que esse tipo de
diplomacia alcançou um de seus pontos mais altos, já que as relações foram
reconectadas depois da visita de Biden em 2014.
"Tenho certeza de que ele foi informado sobre o teor
dos documentos. E é uma tarefa importante a de carregar esses documentos que
descrevem violações graves dos direitos humanos durante a era militar.
Certamente foi uma experiência de aprendizado para o vice-presidente Biden e um
lembrete pungente para ele dos horrores cometidos", diz Kornbluh.
Em conversas com a BBC News Brasil, conselheiros da campanha
de Biden têm dito que o tema dos direitos humanos é central para o candidato,
especialmente na América Latina.
Mas embora ainda exista um grande arquivo intocado sobre a
história da ditadura do Brasil, especialmente de informações dos órgãos de
inteligência como FBI e CIA, é improvável que Biden faça qualquer nova abertura
se vencer as eleições.
Isso porque documentos secretos americanos sobre outros
países só podem se tornar públicos se os governos dessas nações requisitarem
acesso aos americanos. E hoje não há interesse no governo brasileiro por esse
tipo de informação.
"Naquele momento, a abertura foi importante e ajudou os
dois países a se reaproximarem. Agora, em um possível governo Biden, com
Bolsonaro no Brasil, é um contexto completamente diferente. Mas se Bolsonaro
cometer violações de direitos humanos, a administração Biden agiria de modo
muito mais rápido e negativo do que Trump e pressionaria Bolsonaro a
parar", diz Kornbluh.
Militante torturada no DOI-Codi de São Paulo, Amelinha Teles
conta como mulheres sofriam violência sexual por agentes da repressão e afirma
que estupro era política de Estado no regime militar brasileiro
“Eu passei por várias situações. Eu nem gosto muito de
falar, porque...eu não sei porque. Eu não gosto muito de falar”. Presa pelo
regime militar em 1972, com 28 anos, Amelinha relata em entrevista exclusiva
como sofreu violência sexual nas celas do DOI-Codi de São Paulo e garante que
estupros eram mais uma das armas utilizadas pela ditadura para torturar as
mulheres consideradas inimigas do Estado.
“Eu estava sentada em uma cadeira do dragão, nua, amarrada,
levando choque no corpo inteiro, ânus, vagina. Enquanto isso, o Gaeta, que era
um torturador, estava se masturbando e jogando esperma em cima de mim”, relata
Amelinha. “A hora que eu caio no chão, ele me põe em uma cama de lona que tinha
ali do lado e começa a esfregar meus seios, apertar minha bunda. Isso é uma
violência. E assim foram várias vezes, com vários outros torturadores. Mas
existem os casos de ter penetração vaginal que as mulheres contam. E são muitos
casos, não um ou dois”, completa a militante. Assista ao VÍDEO.