Segundo diretor da Organização, novas variantes com alto poder
de transmissibilidade, como a Delta, impedem a imunização coletiva
Foto: Brasil 247
Apesar do avanço da vacinação contra Covid-19 em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não vê uma porta aberta para a erradicação do coronavírus. O diretor da entidade na Europa, Hans Kluge, disse, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (10/9), que somente a vacinação não é suficiente para deter o vírus. O motivo, segundo ele, seriam as novas variantes que estão circulando com mais frequência e, por isso, reduziram a perspectiva de uma imunidade coletiva.
Na ocasião, ele afirmou também que a probabilidade que
a doença continue avançando em todo o mundo é cada vez
maior. Ainda na coletiva, o diretor pediu para “adaptar nossas estratégias de
vacinação”, se referindo, especialmente, às doses de reforço.
A OMS já esteve mais otimista em relação ao fim da pandemia.
Em maio deste ano, o diretor afirmou que a pandemia terminará quando for
alcançada uma cobertura mínima de vacinação de 70% da população mundial.
Entretanto, o cenário mudou. Segundo ele, as novas variantes,
principalmente a Delta, tornaram a doença mais perigosa, viral e transmissível.
Para tentar conter o vírus, Klunge defende impedir a transmissão das formas
mais agressivas da doença por meio de um melhor planejamento da cobertura
vacinal.
“O objetivo essencial da vacinação é, principalmente, evitar
as formas graves da doença e a mortalidade. Se considerarmos que a Covid
continuará sofrendo mutações e permanecerá entre nós, como a gripe, então
devemos planejar como adaptar progressivamente a nossa estratégia de vacinação
contra a transmissão endêmica, e adquirir conhecimentos muito valiosos sobre o
impacto das doses adicionais. A vacinação ainda é essencial para reduzir a
pressão sobre nossos sistemas de saúde, que precisam desesperadamente tratar
outras doenças além da Covid”, explicou o diretor.
Apesar do plano da OMS de estabelecer uma imunidade coletiva
por meio do engajamento de campanhas de imunização, muitos pesquisadores
afirmam que é muito difícil alcançar a chamada imunidade de rebanho. Os estudos feitos até o momento
revelam que a variante Delta é 60% mais contagiosa que a anterior (Alfa) e o
dobro do vírus inicial. Segundo os cientistas, isso significa que é preciso
mais pessoas vacinadas ou que tenham contraído a doença para que o coronavírus deixe
de circular.
Essas doses são adquiridas com desconto de 25%, o que gerará
uma economia de cerca de R $ 480 milhões.
RIO DE JANEIRO, 13 de junho. / TASS /. As
primeiras 3 milhões de doses da vacina contra o Janssen contra o coronavírus
chegarão ao Brasil no dia 15 de junho, ao final do prazo de validade do
medicamento. O anúncio foi feito no sábado pelo Ministério da Saúde da
república.
“Essas doses estão sendo compradas com um desconto de 25%, o
que vai economizar cerca de R $ 480 milhões (cerca de US $ 94 milhões). Eles
têm uma vida útil mais curta, mas o FDA permitiu que fosse prorrogado”, - disse
o chefe da da Ministra da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista coletiva.
Segundo o ministro, o governo brasileiro terá que pagar
apenas as doses que serão utilizadas. Por questões logísticas, o Janssen
só será utilizado nos centros administrativos dos estados da república
sul-americana, explicou Queiroga.
A vacina expira no dia 27 de junho, mas a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), seguindo o FDA, pode autorizar a prorrogação
de seu prazo de validade por mais 6 semanas, até o dia 8 de agosto. A
reunião do regulador farmacêutico brasileiro deve ocorrer na próxima semana,
disse o ministério.
A vacinação contra o coronavírus começou no Brasil em 18 de janeiro. No momento, os medicamentos são usados pela empresa sueco-britânica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, a empresa chinesa Sinovac Biotech e a americana Pfizer. Mais de 23,6 milhões de pessoas já foram vacinadas com duas doses da vacina e mais de 54,2 milhões receberam uma vacina. Em setembro, está prevista a conclusão da primeira etapa da campanha de vacinação e a vacinação de grupos prioritários da população (mais de 78 milhões de pessoas), entre médicos, idosos e portadores de doenças crônicas.
Segundo o relator, os laboratórios ainda demonstraram
incertezas em relação à segurança, eficácia e qualidade das vacinas. Porém,
devido ao cenário “sem precedentes” que o país enfrenta, Campos defendeu que a
possibilidade de ter mais vacinas disponíveis no Brasil é algo positivo.
“Em situação de guerra devemos lançar mão de todos os
instrumentos. Sabemos que ainda existem lacunas, mas, mesmo diante das incertezas,
é preciso enfrentar o dramático quadro sanitário em que estamos inseridos”,
apontou.
Campos ressaltou que as condições pontuadas pelas áreas
técnicas para a administração das vacinas devem ser seguidas. E exigiu, em seu
voto, que as autoridades de saúde brasileiras “restrinjam o público vacinado,
limitem a importação inicial a um volume pequeno e imponham testes
laboratoriais”. O limite seria de 1% da população brasileira.
A posição dele veio da apresentação dos técnicos da Anvisa.
Primeiro, foi apresentada a análise da Sputnik feita pela Gerência-Geral de
Medicamentos e Produtos Biológicos, coordenada por Gustavo Mendes. Ele disse
que, apesar de trazer algumas informações positivas sobre a vacina, os
documentos russos não apresentam dados suficientes sobre a qualidade, eficácia
e segurança da vacina.
Por isso, Gustavo recomendou que a agência estabeleça uma
série de regras para o uso do imunizante. “São condicionantes que buscam
minimizar a exposição e risco das pessoas que irão tomar essa vacina”,
concluiu.
No caso da Covaxin, o gerente-geral também afirmou que
faltam dados atestar a eficácia do fármaco. A Anvisa espera que a fabricante
Bharat BioTech envie informações complementares sobre resultados de
imunogenicidade e segurança nos dias 15 e 30 de junho. Gustavo também
apresentou condicionantes para o uso da vacina, caso a importação seja aprovada
pela diretoria.
Na segunda apresentação, a gerente-geral de Inspeção e
Fiscalização Sanitária, Ana Carolina Moreira Marino, constatou, com base na
documentação russa e nas inspeções que a Anvisa fez a dois laboratórios no país
(em abril deste ano), que alguns parâmetros exigidos pela agência para a
fabricação da Sputnik V não foram atendidos.
Ana Carolina Araújo sugeriu que o Instituto Gamaleya
apresente uma série de documentos para atestar o controle de qualidade da
vacina Sputnik V, e que os laboratórios inspecionados adequem suas práticas às
exigências da Anvisa.
No caso da Covaxin, a área atestou que empresa cumpriu com
todos os itens pendentes relacionados ao último pedido de certificação de Boas
Práticas de Fabricação. A doutora Ana Carolina sugeriu que a agência autorize a
importação excepcional do imunizante.
Já a gerente-geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à
Vigilância Sanitária, Suzie Marie Teixeira Gomes, pontuou que os dois
imunizantes apresentaram incertezas em relação aos eventos adversos. Ela
recomendou que, caso tenham importação autorizada pela diretoria, ambas as
empresas sigam condicionantes.
Segundo Suzie, as empresas serão obrigadas a apresentar
relatórios sobre a ocorrência de eventos adversos e a informar os pacientes de
que os imunizantes não possuem autorização de uso emergencial emitido pela
Anvisa.
Como funciona
A reunião começou às 14h, e as três áreas técnicas da
agência apresentaram análises sobre os dois imunizantes. Depois das
apresentações, os cinco membros da diretoria iniciaram a votação.
A decisão é feita por maioria simples. Ou seja, dos cinco
votos, ao menos três devem ser favoráveis para permitir a importação. Caso três
votos sejam contrários, a autorização será negada.
O presidente da agência, Antonio
Barra Torres, iniciou a reunião prestando homenagem às vítimas da Covid-19.
Ele pontuou que alguns países, que estão com campanhas de vacinação avançadas,
já tiveram uma “retomada do dia a dia”, e desejou que a imunização no Brasil
chegue ao mesmo patamar em breve.
“Hoje mesmo o noticiário internacional mostrou países que
alcançaram um nível de vacinação que, a mercê de Deus, vamos alcançar no menor
prazo possível”, disse. Ele também reiterou a importância do uso de máscara e
do respeito às medidas não farmacológicas.
Os processos de importação da Sputnik V analisados hoje são
dos seguintes estados: Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco, Piauí. Já o
pedido da Covaxin veio do Ministério da Saúde.
Caso a importação seja aprovada, os estados, os municípios e
o Distrito Federal ficam autorizados a adquirir, distribuir e aplicar doses das
vacinas. O pedido de importação da Covaxin foi feito pelo Ministério da Saúde.
O relator do pedido de importação é Alex Machado Campos. Ele
também foi responsável pela relatoria dos primeiros pedidos de autorização de
ambas as vacinas, negados pela agência entre janeiro e abril deste ano.
Além de Campos, os outros membros da diretoria colegiada
são: Antonio Barra Torres (diretor-presidente), Meiruze Freitas (2ª diretoria),
Cristiane Jourdan Gomes (3ª diretoria) e Romison Mota (4ª diretoria).
A @anvisa_oficial acaba de autorizar, finalmente, a importação excepcional e temporária da vacina #SputnikV, ainda que milhares de mortes evitáveis tivessem que ocorrer para tanto. Vitória do Gov @costa_rui e do povo nordestino. 👏🏻 👏🏻👏🏻 pic.twitter.com/DdXjOsQgF0
URGENTE! Anvisa autoriza importação da Sputnik V por estados do Nordeste! Parabéns aos bravos governadores que tanto lutaram para garantir vacinação em massa para a população! Vitória!
A Rússia assinou um acordo para fornecer ao fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF doses suficientes de sua vacina Sputnik V COVID-19 para 110 milhões de pessoas, disse o Fundo russo de Investimento Direto (RDIF), que comercializa a vacina no exterior, disse nesta quinta-feira.
Tubos de ensaio são vistos em frente a um logotipo Sputnik V exibido nesta ilustração tirada, 21 de maio de 2021. REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
A aquisição e entrega da vacina está sujeita ao Sputnik V
receber uma listagem de uso emergencial da Organização Mundial da Saúde, uma
decisão que o RDIF disse ser esperada em breve.
A Rússia, que aprovou quatro vacinas para uso doméstico,
assinou acordos de exportação para milhões de doses de Sputnik V, mas a tomada
tem sido relativamente lenta em casa, com algumas regiões reclamando que o
processo de vacinação não está indo rápido o suficiente.
O ministro da saúde da Rússia disse na quinta-feira que a Rússia
havia administrado pelo menos uma dose de uma vacina COVID-19 para quase 17
milhões de pessoas, de uma população de cerca de 145 milhões. leia
mais
O RDIF disse que realizaria uma discussão separada com a
aliança de vacinas GAVI para ver o Sputnik V considerado para inclusão na
instalação internacional de compartilhamento de vacinas COVAX.
BREAKING: @UNICEF becomes the 1st UN agency to order #SputnikV for 110mn people. RDIF will also discuss with @gavi, the Vaccine Alliance, the Sputnik V inclusion in #COVAX vaccine portfolio to ensure equal access to #COVID19 vaccines for all countries 👇https://t.co/8RsrIBmnPP
Um vírus ainda mais transmissível e fatal do que a COVID-19
vai suscitar nova pandemia no mundo, prevê o diretor-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), ressaltando "certeza evolutiva" desta
possibilidade.
O alerta foi dado por Tedros Adhanom Ghebreyesus durante a
reunião anual da agência das Nações Unidas com participação de ministros da
Saúde de 194 Estados-membros na segunda-feira (24).
"Não se enganem, esta não vai ser a última vez
que o mundo enfrenta a ameaça de uma pandemia", afirmou. "Há uma
certeza evolutiva de que vai aparecer outro vírus com potencial de ser mais
transmissível e mais fatal do que [o SARS-CoV-2]."
Em uma nota mais positiva, o diretor-geral admitiu que a quantidade global de casos e mortes pela COVID-19
registrados tem diminuído há três semanas consecutivas.
No entanto, o diretor-geral da OMS ressaltou que o mundo
permanece "em uma situação frágil", e repreendeu as nações que
acreditam estar fora de perigo, "não importando sua taxa de
vacinação".
Ghebreyesus aproveitou a reunião para reforçar seu apelo aos
governos para que doassem doses de imunizantes contra o coronavírus à
COVAX, iniciativa apoiada pela OMS e GAVI Alliance.
Até agora, mais de 75% de todas as doses de vacinas
foram administradas em apenas 10 países, de acordo com dados da OMS.
Para Ghebreyesus, esta "desigualdade escandalosa" está
"perpetuando" a pandemia. Anteriormente, tendo se referido à situação
como "apartheid de vacinas".
A eficácia das vacinas contra a COVID-19 já existentes não
parece ser prejudicada pelas variantes emergentes do vírus, como a cepa
primeiramente detectada na Índia, segundo o diretor-geral da OMS, que avisa que
as variantes "estão mudando constantemente" e que as cepas futuras
podem "tornar as nossas ferramentas ineficazes e nos arrastar de volta à
estaca zero".
A vacina russa Sputnik V COVID-19 é altamente eficaz no
combate e neutralização da variante agressiva do coronavírus descoberta pela
primeira vez no Brasil, de acordo com o Fundo de Investimento Direto da Rússia
(RDIF) e um estudo conduzido por pesquisadores na Argentina.
Um médico especialista segura um frasco da vacina Sputnik V
contra o coronavírus em uma loja de departamentos em Moscou, Rússia, 18 de
janeiro de 2021 REUTERS / Shamil Zhumatov / Foto de arquivo / Foto de arquivo
A variante do coronavírus P1 do Brasil, por trás de um
aumento mortal de COVID-19 no Brasil, se espalhou pela duramente atingida
América Latina. Cientistas no Brasil descobriram que as mutações da
variante podem torná-la mais resistente a anticorpos, aumentando a preocupação
internacional sobre seu potencial de tornar as vacinas menos eficazes. consulte
Mais informação
O estudo com base na Argentina, realizado pelo Instituto Dr.
Vanella de Virologia da Universidade Nacional de Córdoba (UNC), no entanto,
encontrou uma forte resposta imunológica contra a variante nos vacinados com
Sputnik V.
"O estudo confirmou que a imunidade desenvolvida em
pessoas vacinadas com o 'Sputnik V' neutraliza a cepa brasileira após terem
recebido duas doses, e mesmo após a primeira", disse a RDIF em nota nesta
segunda-feira.
De acordo com o estudo argentino, visto pela Reuters e
citado pela RDIF, 85,5% dos indivíduos desenvolveram anticorpos contra a
variante COVID-19 no dia 14 após a primeira dose da vacina. Essa taxa
aumentou para quase 100% no dia 42, depois que um indivíduo recebeu ambas as
doses.
Rogelio Pizzi, reitor da Faculdade de Ciências Médicas da
UNC, disse à Reuters que o estudo do instituto mostrou que a vacina russa inibe
com sucesso a variante.
"Os resultados são excelentes. A vacina funciona para
essa cepa", disse Pizzi à Reuters, acrescentando que o Instituto de
Virologia da UNC também está conduzindo estudos sobre a cepa detectada
originalmente no Reino Unido.
Brasil exporta 1º lote de vacina Sputnik V produzida em
Guarulhos - 20 de mai. de 2021
Primeiro lote da vacina Sputnik V, produzida em Guarulhos,
Região Metropolitana de São Paulo, vai ser exportado para outros países da
América Latina. O imunizante não pode ser aplicado nos brasileiros porque não
foi aprovado pela Anvisa.
A resposta perversa e “genocida” de Bolsonaro a um dos mais
mortíferos surtos de Covid do mundo deixou o Brasil “à deriva em um oceano de
fome e doenças”, afirmou a ex-presidente Dilma Rousseff.
Dilma Roussefff disse ao Guardian: 'Estamos à deriva em um
oceano de fome e doenças ... É realmente uma situação extremamente extrema que
estamos testemunhando no Brasil.' Fotografia: Ricardo Maldonado Rozo / EPA
Em declarações ao Guardian esta semana - enquanto o número
de mortes por coronavírus no Brasil atingia níveis devastadores, com mais de
12.000 mortes nos últimos três dias - Rousseff disse que seu país enfrentou
talvez o momento mais grave de sua história.
“Estamos vivendo uma situação extremamente dramática no
Brasil porque não temos governo, nem administração da crise”, disse Rousseff,
uma ex-guerrilheira de esquerda que foi presidente por pouco mais de cinco anos
até seu polêmico impeachment de 2016.
“Estamos vendo 4.200 mortes por dia agora e tudo sugere que,
se nada mudar, chegaremos a 5.000 ... No entanto, há uma normalização
absolutamente repulsiva dessa realidade em andamento. Como você pode
normalizar as 4.211 mortes registradas [na terça]? ” Rousseff perguntou
quando o número oficial de mortos no Brasil subiu para mais de 345.000,
perdendo apenas para os EUA.
A
primeira mulher presidente do Brasil , como um número crescente de
cidadãs, acredita que grande parte da culpa é de Bolsonaro, um populista de
extrema direita cuja resposta
anticientífica ao que ele chama de “pequena gripe” o tornou um
bicho-papão internacional . Pesquisas
de opinião e protestos barulhentos sugerem crescente raiva pública
contra o político admirador de Trump que foi eleito em 2018 depois que o mentor
de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso e impedido de
concorrer por um juiz que mais tarde ingressou
no gabinete de Bolsonaro .
Dilma afirmou que a sabotagem de Bolsonaro dos esforços de
contenção e vacinação ,
a recusa em ordenar um bloqueio e a falha em oferecer apoio econômico adequado
aos pobres contribuíram para uma tragédia de “proporções catastróficas”.
“Não estou dizendo que o Brasil não teria sofrido mortes
[com uma resposta diferente] - todos os países sofreram”, disse
ela. “Estou dizendo que parte do nível de mortes aqui se deve
fundamentalmente a decisões políticas incorretas, que ainda estão sendo
tomadas”.
O colapso do Brasil também foi uma ameaça
internacional. “A ausência de um combate efetivo à pandemia [no Brasil]
leva a algo gravíssimo: o surgimento das chamadas novas variantes, que são
altamente infecciosas e aumentaram o número de mortes nos países vizinhos”,
disse Dilma Rousseff, apontando sobre como os vizinhos sul-americanos estavam
fechando suas fronteiras por medo da variante
P1 mais contagiosa ligada à Amazônia brasileira.
Muitos críticos agora argumentam que as ações de Bolsonaro
equivalem a "genocídio" - e Rousseff disse que ela estava entre eles.
“Eu uso essa palavra. O que caracteriza o ato de
genocídio é quando você desempenha um papel deliberado na morte de uma
população em grande escala ”, disse a senhora de 73 anos de sua casa em Porto
Alegre, uma das muitas cidades onde
hospitais e médicos ficaram
sobrecarregados forçado a brincar de Deus.
“Não é a palavra [genocídio] que me interessa - é o
conceito. E o conceito é este: responsabilidade por mortes que poderiam
ter sido evitadas ”.
Na quinta-feira, a Suprema Corte do Brasil ordenou
uma investigação do Congresso sobre a conduta do governo - uma medida
chocante que os especialistas chamaram de grande golpe para Bolsonaro, que
ainda conta com o apoio de cerca de um terço dos eleitores, mas enfrenta níveis
recordes de rejeição.
Bolsonaro em março. O número oficial de mortos no Brasil é
de mais de 345.000. Fotografia: Ueslei Marcelino / Reuters
O desastre do Brasil - que está sendo turbinado pela
variante P1 - deve se aprofundar ainda mais nos próximos dias. Mais de
66.000 vidas de brasileiros foram perdidas para a Covid em março. O número
de mortos em abril deve ultrapassar 100.000. Na sexta-feira, o conselheiro
sênior da Organização Mundial da Saúde, Bruce Aylward, chamou o surto de “um
inferno furioso”.
“É desesperador. Para ser honesto, não consigo dormir
direito. Vou para a cama com esses números e simulações na cabeça e
simplesmente não consigo pensar direito ”, disse Miguel Nicolelis, um cientista
proeminente cujas
projeções sombrias sobre o surto foram repetidamente confirmadas.
“Os EUA tiveram um dia com mais de 5.000 mortes e vamos
ultrapassar os EUA - no número de mortes diárias e provavelmente no número
total de fatalidades também”, previu Nicolelis.
“Vamos começar a ver corpos amontoados em nossas clínicas de
saúde e pessoas morrendo nas ruas em breve na maior cidade do Brasil”, disse
ele de São Paulo, pedindo um mês de bloqueio nacional e o fechamento de
estradas, aeroportos e rios.
Rousseff também pediu um fechamento imediato, embora
Bolsonaro tenha rejeitado repetidamente essa ideia, aparentemente temendo que
prejudicasse a economia e suas esperanças de reeleição em 2022. "Não
haverá bloqueio nacional", insistiu Bolsonaro durante uma viagem ao sul do
Brasil neste semana.
Falando fora de sua residência na terça-feira, Bolsonaro,
66, ignorou as críticas. “[Eu fui chamado] de homofóbico, racista,
fascista, um torturador ... Agora sou genocida”, ele
sorriu . “Existe alguma coisa pela qual eu não sou culpado no
Brasil?”
Dilma concordou que Bolsonaro não foi o único culpado pela
calamidade Covid que abalou seu país e o mundo. Ela também culpou as
elites econômicas, chefes militares, magnatas da mídia e políticos que ajudaram
os extremistas de direita a ganhar o poder apoiando sua destituição do cargo e
depois aplaudindo a queda de Lula e a ascensão de Bolsonaro. Líderes
mundiais, incluindo Donald Trump, também lidaram com a pandemia de forma
desastrosa.
“As pessoas terão que ser responsabilizadas pela catástrofe
que foi engendrada no Brasil”, disse Dilma Rousseff, mapeando suas atuais
tribulações até sua
suspensão do cargo há exatamente cinco anos por supostamente manipular
o orçamento para mascarar o mal-estar econômico.
“O Bolsonaro é um produto deste ... pecado original: o
impeachment”, disse ela sobre o que seus partidários chamam de “golpe” de
orientação política.
Naquela época, Dilma Rousseff disse que nunca imaginou que
Bolsonaro um dia se tornaria presidente. Ela também não conseguia imaginar
o Brasil enfrentando a emergência de hoje sob uma liderança mais
inadequada. “A realidade é pior do que qualquer coisa que eu poderia ter
imaginado. É como se estivéssemos à deriva. Estamos à deriva em um
oceano de fome e doenças ... É realmente uma situação extremamente extrema que
estamos testemunhando no Brasil. ”
“O Brasil está à deriva em um oceano de fome e doenças”. Ao jornal britânico @guardian, aponto que a resposta genocida de Bolsonaro a Covid levou à catástrofe brasileira. A entrevista a @tomphillipsin você pode ler aqui:https://t.co/wkQ0HgyPen
Desde o início da pandemia de covid-19, 420 bebês
morreram em decorrência do novo coronavírus no Brasil, número aproximadamente
dez vezes maior do que o dos Estados Unidos, país com o maior número de óbitos
pela doença, de acordo com dados oficiais.
Desde início da pandemia, 420 bebês (crianças com menos de 1
ano) morreram em decorrência do novo coronavírus no Brasil, contra 45 nos
Estados Unidos
Segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças)
norte-americano, 45 bebês, ou crianças com menos de um ano, perderam a vida
após infecção pelo vírus.
Entre as crianças de um a cinco anos, a discrepância entre
os dois países também fica nítida: foram 207 mortes por covid-19 no Brasil
contra 52 nos Estados Unidos.
Os números brasileiros também são maiores do que o do Reino
Unido, que registrou apenas duas mortes por coronavírus entre bebês (menos de
um ano). E superiores aos do México, onde 307 crianças entre zero e quatro anos
morreram. Já a França teve apenas quatro mortes entre zero e 14 anos devido ao
novo coronavírus.
Ao mesmo tempo, atualmente, os EUA têm o maior número de
mortos por covid-19 — 529 mil, seguido por Brasil (270,6 mil) e México (191,8
mil), segundo dados da Universidade Johns Hopkins. A taxa de mortalidade
norte-americana pelo vírus (161,28 por 100 mil habitantes) também é mais alta
do que a brasileira (128,12 por 100 mil habitantes).
Assim, desde o início da pandemia, a covid-19 matou,
proporcionalmente, mais lá do que aqui.
As taxas de nascimentos de bebês também são dados
importantes nesta equação.
Os dois países tem taxas praticamente iguais de natalidade,
segundo o Banco Mundial: 1,77 filhos por mulher nos EUA e 1,74 filhos por
mulher no Brasil. Em 2019, foram registrados 3,5 milhões de nascimentos nos
Estados Unidos e 2,9 milhões no Brasil. A população americana é de 328,2
milhões e a brasileira, 210 milhões.
Em resumo: o Brasil tem um número mais elevado de mortes de
bebês e crianças pequenas por covid-19, apesar de ter menos nascimentos do que
os EUA, onde, por sua vez, mais pessoas morrem em decorrência do vírus, tanto
em números absolutos quanto relativos.
Mas, afinal, o que está por trás desse alto número de mortos
entre bebês e crianças pequenas no Brasil?
Razões
Além das mortes, na mesma base de comparação com outras
nações, o Brasil também conta com um número expressivo de crianças internadas
por covid-19. Só neste ano, segundo o último boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde, 617 bebês (menos de um ano), 591 crianças de um a cinco
anos e 849 de seis a 19 anos foram hospitalizados devido à doença.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, não há
uma única resposta para o problema.
Descontrole da pandemia e falta de diagnóstico adequado,
aliados principalmente a comorbidades (doenças associadas) e vulnerabilidades
socioeconômicas, passando pelo aparecimento de uma síndrome associada à
covid-19 em crianças, ajudam a explicar o quadro trágico brasileiro.
Mas há uma ressalva: embora os óbitos sejam mais numerosos
no Brasil em relação a outros países do mundo, é importante lembrar que o risco
de morte nessa faixa etária ainda assim é "muito baixo", lembram os
cientistas.
De fato, 420 bebês representam apenas 0,15% do total de
mortes por covid-19 no Brasil (270,6 mil).
Portanto, a chance de um bebê (ou de uma criança)
desenvolver sintomas graves de covid-19 e morrer por causa da doença é rara,
mas "não nula", diz à BBC News Brasil Fatima Marinho, médica
epidemiologista e consultora-sênior da Vital Strategies.
"As mortes nessa faixa etária são raras, mas é preciso
acabar com esse mito de que crianças não morrem por covid-19", assinala.
Marinho frisa que as mortes por covid-19 entre bebês e crianças
no Brasil podem ser ainda maiores se contabilizados os óbitos por Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG) não especificada.
"Podemos dizer que 48% dos que faleceram por SRAG não
especificado têm alta probabilidade de ser morte por covid-19 por critérios
clínicos e epidemiológicos", assinala.
Segundo Marinho, dados preliminares de uma pesquisa
realizada pela Vital Strategies e a Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), em três capitais, mostraram que 90% dos casos de SRAG não especificada
foram comprovados como sendo de covid-19, após investigação.
Ela destaca que a covid-19 tende a evoluir de forma
diferente em crianças e em adultos.
Mortes nessa faixa etária são "raras", mas não
"nulas", diz especialista
Como os pequenos normalmente não são testados para
coronavírus, uma vez que são, na prática, bem menos suscetíveis a desenvolver
os sintomas mais graves da doença (e muitos são assintomáticos), seus sintomas
podem ser facilmente confundidos com os de outras enfermidades, prejudicando o
diagnóstico.
"Pediatras devem prestar atenção em crianças com falta
de ar e febre, e se ocorrer diarreia e/ou dor abdominal e/ou tosse pensar em
covid-19. A tosse foi pouco frequente na hospitalização, mais foi um sinal de
alarme para morte para as crianças. A dor abdominal e diarreia foram sintomas
mais frequentes nas crianças maiores de um ano", assinala Marinho.
Médicos lembram que a chance de óbito em recém-nascidos é
maior do que em crianças acima de um ano porque seu sistema imunológico,
responsável pela defesa do nosso organismo, ainda está "em formação".
Além disso, outra causa para a morte de crianças no Brasil,
que ainda está sendo investigada, é a chamada "síndrome inflamatória
multissistêmica", que pode comprometer o cérebro, causando encefalite, ou
órgãos importantes como coração e rins.
No Reino Unido, 1 a cada 5 mil crianças que se infectaram
com coronavírus desenvolveram essa reação do sistema imunológico, segundo dados
do governo britânico.
Os sintomas, que incluem febre alta, pressão sanguínea baixa
e dores abdominais, costumam aparecer cerca de um mês depois do contato com o
coronavírus.
A grande maioria das crianças que se infectam pelo
coronavírus não desenvolve esse processo inflamatório ou se recupera com
tratamento. Mas em alguns casos, a síndrome pode evoluir para um quadro grave e
ocasionar a morte.
Foi o que aconteceu com uma paciente da pediatra Jessica
Lira, que trabalha na UTI do Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza, no
Ceará.
A menina tinha dois anos e desenvolveu encefalite, uma
inflamação no cérebro que parece ter sido impulsionada pela contaminação pelo
coronavírus.
"Ela teve morte encefálica. A conversa foi difícil, os
pais estavam com muito sentimento de revolta, tinham muita dificuldade em
entender como que evoluiu para isso. Não sabiam que a covid-19 podia levar a um
quadro como esse", disse Jessica em entrevista recente à BBC News Brasil.
Comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas são fatores
de risco para crianças com covid-19
Comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas
Mas são as comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas
que têm maior peso na morte de crianças por covid-19 no Brasil.
Um estudo observacional desenvolvido por pediatras
brasileiros liderados por Braian Sousa, ligado à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), e com supervisão de Alexandre Ferraro,
identificou comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas como fatores de
risco para o pior desfecho da covid-19 em crianças.
"Individualmente, a maioria das comorbidades incluídas
foram fatores de risco. Ter mais de uma comorbidade aumentou em quase dez vezes
o risco de morte. Em comparação com as crianças brancas, os indígenas, os
pardos e os do leste asiático tiveram um risco significativamente maior de
mortalidade. Também encontramos um efeito regional (maior mortalidade no Norte)
e um efeito socioeconômico (maior mortalidade em crianças de municípios menos
desenvolvidos socioeconomicamente)", dizem os pesquisadores no estudo
publicado na plataforma medrxiv.
"Além do impacto das comorbidades, identificamos
efeitos étnicos, regionais e socioeconômicos que moldam a mortalidade de
crianças hospitalizadas com covid-19 no Brasil. Juntando esses achados,
propomos que existe uma sindemia (interação entre problemas de saúde e contexto
sócioeconômico) entre covid-19 e doenças não transmissíveis, impulsionada e
fomentada por desigualdades sociodemográficas em grande escala".
"Enfrentar a covid-19 no Brasil também deve incluir o
tratamento dessas questões estruturais. Nossos resultados também identificam
grupos de risco entre crianças que devem ser priorizados para medidas de saúde
pública, como a vacinação", concluem os pesquisadores.
Foram estudados 5.857 pacientes com menos de 20 anos, todos
hospitalizados com covid-19 confirmado por laboratório.
Constatações semelhantes foram feitas pelo professor Paulo
Ricardo Martins-Filho, da Universidade Federal do Sergipe (UFS), um dos
pesquisadores que mais publicam sobre covid-19 no Brasil.
Ele e sua equipe desenvolveram um estudo para estimar as
taxas de incidência e mortalidade da covid-19 em crianças brasileiras e
analisar sua relação com as desigualdades socioeconômicas.
E chegaram à conclusão que houve diferenças regionais
importantes e uma relação entre taxas de mortalidade e desigualdades
socioeconômicas.
"O conhecimento das diferenças sociogeográficas nas
estimativas do COVID-19 é crucial para o planejamento de estratégias sociais e
tomada de decisão local para mitigar os efeitos da doença na população
pediátrica", diz Martins-Filho no estudo, publicado na plataforma
científica internacional PMC.
Portanto, essas crianças acabam ficando mais vulneráveis a
doenças, incluindo o coronavírus.
"Claro que quanto mais casos tivermos e, por
consequência, mais hospitalizações, maior é o número de mortos em todas as
faixas etárias, incluindo crianças. Mas se a pandemia estivesse controlada,
esse cenário poderia evidentemente ser minimizado", diz à BBC News Brasil
Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
"Maioria das crianças que morrem tem
comorbidades", diz pediatra na linha de frente
Linha de frente
"A maioria das crianças que morrem tem comorbidades,
especialmente pacientes oncológicos (com câncer) ou com sobrepeso e obesidade.
Há também aqueles com problemas nos pulmões e no coração. Mas isso não é uma
regra. Vemos bebês e crianças saudáveis morrendo por covid, algo não tão
presente na primeira onda", diz à BBC News Brasil Lohanna Tavares,
infectologista pediátrica da Comissão de Controle de Infecção do Hospital
Infantil Albert Sabin em Fortaleza, no Ceará.
Pediatras acreditam que as mortes dessas crianças saudáveis
podem estar relacionadas a fatores externos, como desnutrição e outras doenças,
como dengue, por exemplo, mas essa correlação ainda precisa ser estudada.
Tavares reforça outro fator que vem contribuindo para o
aumento — e já identificado nos estudos sobre o tema: a falta de assistência.
"Os leitos hospitalares e o acesso aos cuidados
pediátricos são bem menores para as crianças do que para os adultos. Várias
enfermarias de hospitais pediátricos foram substituídas por leitos para
adultos. Evidentemente, a necessidade maior é dos adultos. Mas a restrição de
leitos pediátricos gera um acúmulo de pacientes nas emergências, o que faz com
que o próprio pediatra pondere mais a internação da criança", diz.
"Ou seja, ele só vai internar as crianças que estiverem
mais acometidas, com um quadro mais grave, quando o ideal seria deixar em
observação casos que podem gerar complicações. Mas não há leitos suficientes.
Quando se diminui o número de leitos pediátricos, o sistema fica sobrecarregado
e a assistência fica, assim, prejudicada", lamenta.
Atualmente, não há vacinas disponíveis para menores de 16
anos. "Mas estudos já estão sendo feitos com esse público", lembra
Kfouri, da SBP.
E Tem Mais: Covid-19 em crianças: por que os índices de
mortalidade no Brasil são tão altos - 18/03
Ouça o podcast E Tem Mais, apresentado por Monalisa Perrone.
Programa do dia 18 de março de 2021.
Neste episódio do E Tem Mais, Monalisa Perrone ouve médicos
e pesquisadores para entender porque os bebês e crianças brasileiras passaram a
adoecer e morrer mais pela Covid-19. Na primeira parte do episódio, Monalisa
recebe Alexandre Ferraro, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo e um dos responsáveis por uma pesquisa recente que investigou o
assunto.
Ferraro e outros especialistas investigaram mais de 5 mil
infecções entre menores de 20 anos e constataram que existe não uma, mas várias
causas para a maior agressividade da Covid-19 entre crianças brasileiras. Entre
essas causas, está a desigualdade social. Também participa do episódio Marcelo
Otsuka, vice-presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade
de Pediatria de São Paulo.
No Twitter
DEAR GOD—“The largest public health & hospital collapse in the history of Brazil 🇧🇷”—wow.
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro aglomera na Praia do
Forte, em São Francisco do Sul (SC), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM),
anuncia que a cidade terá de interromper a campanha de vacinação contra a
Covid-19 na quarta-feira (17) por falta de doses do imunizante.
“Recebi a notícia de que não chegaram novas doses. Teremos
que interromper amanhã a nossa campanha. Hoje vacinamos pessoas de 84 anos e
amanhã de 83. Estamos prontos e já vacinamos 244.852. Só precisamos que a
vacina chegue. Nova leva deve chegar do Butantan na próxima semana”, escreveu
em suas redes sociais Eduardo Paes.
Já em Santa Catarina, onde passa o feriadão do Carnaval,
Bolsonaro tem aglomerado com apoiadores, não usa máscara, e ainda se irrita com
perguntas sobre a volta do auxílio emergencial de R$ 600.
Sobre a vacina, então, parece um problema distante do
presidente da República em um momento que o Brasil só vacinou apenas 2,5% da
população de um total de 212 milhões de almas.
A título de comparação, Israel vacinou 70% de sua população
formada por 9 milhões de habitantes.
“Infelizmente, a gente vai ter que interromper o calendário,
voltar para o calendário original, porque a gente antecipou uma semana o
calendário no Rio”, lamentou Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde,
enquanto Bolsonaro se diverte e aglomera no litoral catarinense.
A falta de vacinas não é uma exclusividade do Rio. Pelo
contrário. A vacinação também foi interrompida em Ananindeua, na Região
Metropolitana de Belém, no domingo (14). Motivo: falta de imunizante.
A cidade do Rio de Janeiro vai interromper a campanha de vacinação contra covid-19 a partir desta quarta-feira, dia 17. A vacinação será suspensa após pessoas com 83 anos receberem a primeira dose. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, explicou em mensagem no Twitter que o município contava com a entrega de novo lote de imunizantes do Instituto Butantan nesta segunda-feira, dia 15, para continuar a campanha. A expectativa, agora, é de que mais doses cheguem na próxima semana. O Brasil registrou a maior média móvel de óbitos desde o início da pandemia.
Pesquisa Exame/Ideia apontou que a aprovação de Jair
Bolsonaro está em 27%, quase 20 pontos percentuais abaixo de sua desaprovação
(44%)
247- Com o ritmo lento de vacinação e sem uma
definição clara se o auxílio emergencial irá voltar, a aprovação de Jair
Bolsonaro está em 27%, de acordo com pesquisa Exame/Ideia feita entre os dias 9 e 11 de
fevereiro.
O percentual indica uma ligeira queda desde a última
pesquisa da revista, no fim de janeiro, quando estava em 29%. A oscilação ficou
dentro da margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais, sendo
considerada estável.
De acordo com o novo levantamento, a desaprovação de
Bolsonaro passou de 42% para 44%. Aqueles que nem aprovam nem desaprovam eram
24% na última pesquisa, e agora somam 26%. Ao todo, 3% não souberam responder
na pesquisa atual.
A jornalista Laís Gouveia apresenta pesquisa que aponta: 73%
querem mais velocidade na aplicação das vacinas contra Covid-19 e 65% dos
brasileiros avaliam que aplicação da vacina contra a Covid-19 está atrasada.
Avaliação do governo Bolsonaro continua a cair e agora tem apenas 27% de
aprovação, segundo instituto Ideia.
O governador petista da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou nesta quinta-feira (4), que cedeu ao governo federal, através da Secretaria de Saúde (Sesab) informou nesta quinta-feira (4), o direito às 50 milhões de doses da Sputnik V. As doses estavam previstas em um acordo com o fundo soberano russo, firmado em agosto do ano passado. De acordo com o órgão estadual, estão previstas para a Bahia cerca de 500 mil doses do imunizante até abril deste ano.
“O acordo que foi feito entre governo da Bahia e o fundo de
desenvolvimento russo responsável pela vacina Sputnik V garantiu ao Brasil a
prioridade no acesso a essas 50 milhões de doses. Nós cedemos ao governo
federal para que possa distribuir a todos os municípios do brasil as 50 milhões
de doses que foram garantidas inicialmente ao governo baiano”, disse o
secretário de saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas.
De acordo com o secretário, o acordo feito entre o governo
da Bahia e um fundo russo não envolve a União Química.
“O acordo nosso com o fundo russo é um acordo direto, não
envolve a união química e nós teremos acesso ao fornecimento em separado para a
Bahia. Independente do quantitativo que vem para o Brasil, o Governo da Bahia
tem um contrato em andamento com eles para fornecer um quantitativo pro nosso
estado”, explicou o secretário.
Foi assinado um contrato entre o governo baiano e o fundo
soberano da Rússia, em agosto do ano passado, para o recebimento de até 50
milhões de doses. O documento é mantido em confidencialidade, mas, segundo a
Sesab, o fornecimento está garantido independentemente das negociações do
governo federal, que já anunciou interesse em adquirir as vacinas.
Manifestantes voltaram às ruas em diversas cidades do Brasil
neste domingo (31) para realizar novas carreatas pedindo o impeachment do
presidente Jair Bolsonaro.
Com bandeiras de partidos, sindicatos ou apenas cartazes de
protesto, motoristas e seus passageiros deixaram claro sua insatisfação com
a gestão da pandemia pelo governo, incluindo o alto número de
mortes e as dificuldades relacionadas à vacinação.
ACONTECE AGORA NA AV. PAULISTA
Carreata pelo impeachment de @jairbolsonaro acontece neste momento em São Paulo. Milhares de carros ocupam as principais avenidas da cidade pedindo o afastamento daquele que promove mortes no Brasil #StopBolsonaroMundialpic.twitter.com/ibFJmR9I7p
Opositores culpam o presidente e outros membros de sua
administração pela baixa adesão às medidas de isolamento, pela negligência no
uso de máscaras e por minimizar a gravidade da pandemia da COVID-19, entre
outras coisas, desde que o novo coronavírus chegou ao país, em fevereiro do ano
passado.
Mais de 60 pedidos de impeachment foram apresentados contra
Bolsonaro na Câmara dos Deputados, mas o presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
que está de saída, não colocou nenhum deles em discussão, apesar do crescente
apelo popular. De acordo com uma recente pesquisa do Instituto Atlas, 53,6% dos brasileiros seriam favoráveis ao impedimento
do atual chefe de Estado.
Protestos pelo impeachment do presidente Bolsonaro
Neste domingo, manifestantes foram às ruas, de carro ou a pé, para protestar contra Jair Bolsonaro. Pedidos por impeachment do presidente se multiplicam pelo país.
Enterros de pessoas que faleceram por causa da Covid-19 no
cemitério Nossa Senhora Aparecida em Manaus (AM) Foto: Sandro Pereira/Estadão Conteúdo
O Brasil confirmou neste sábado (23) 62.334 novos casos e
mais 1,2 mil mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, segundo dados do
Ministério da Saúde.
Ao todo, desde o início da pandemia, o Brasil contabilizou
216.445 mortes pelo novo coronavírus. Já o número de casos confirmados atingiu
o total de 8.816.254.
Pelo menos quatro estados receberão as doses da vacina que
chegaram da Índia. São eles Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Paraná. O
restante das doses será enviado para os demais estados e o Distrito Federal na
manhã de domingo (24) em voos comerciais. As aeronaves decolam da base aérea do
Galeão, no Rio de Janeiro.
O ministro Eduardo Pazuello diz que jamais receitou
cloroquina e outros medicamentos sabidamente ineficazes contra covid. Mesmo? E
como o sistema oficial do Ministério da Saúde receita? Nosso editor executivo
@Leandro Demori explica.
Ex-Presidenta diz que é inaceitável furar a fila da
vacinação e que aguardará pacientemente a sua vez
Recebi o convite do governador de São Paulo para ser
vacinada com a Coronavac no dia 25 de janeiro, em Porto Alegre. Agradeço, mas
diante das circunstâncias tenho o dever de recusar a oferta, por razões éticas
e de justiça. O Plano Nacional de Vacinação deve ser respeitado e, se é certo
que a vacinação já começou, não há montante de vacinas disponível para que eu,
agora, seja beneficiada. É inaceitável “furar a fila”, que deve ser
estritamente respeitada por todos os brasileiros. Neste momento, considero imprescíndivel
que sejam atendidos, de acordo com o Plano, primeiramente os trabalhadores da
área da saúde que estão na linha de frente da luta contra a Covid19, além dos
idosos que vivem em asilos e o grupo de idosos brasileiros mais expostos ao
risco de adoecer gravemente ou morrer. Aguardarei pacientemente a minha vez e
quero adiantar que já estou com o braço estendido para receber a Coronavac.
Faço questão de prestar tributo à contribuição do SUS, do
Butantan e da Fiocruz, que são tão importantes e estratégicos para a saúde
pública no Brasil e para o desenvolvimento das vacinas. Denuncio todos aqueles
que, ao longo dos últimos anos, tentaram destruí-los, seja por restrição de
recursos orçamentários, seja por visão preconceituosa, como ficou claro na saída
dos médicos cubanos, seja por defender propostas privatistas.
Enalteço o trabalho dedicado dos epidemiologistas, biólogos,
infectologistas, pesquisadores e servidores do sistema SUS, em especial da
Fiocruz e do Butantan, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. Estendo
estas homenagens e agradecimentos a todos os que se dedicam a combater esta
pandemia que, por desleixo e desuminadade do governo federal, já roubou a vida
de mais de 210 mil pessoas e está matando brasileiros até mesmo por falta de oxigênio.
Por fim, reconheço e saúdo a solidariedade e a atitude humanitária do governo
chinês, que proporcionou a parceria entre o Estado São Paulo/Butantan e o
laboratório Sinovac para a importação e a fabricação das vacinas em nosso país.
É uma vitória da cooperação entre os povos e da ciência e uma derrota do
negacionismo.