Segundo diretor da Organização, novas variantes com alto poder
de transmissibilidade, como a Delta, impedem a imunização coletiva
Foto: Brasil 247
Apesar do avanço da vacinação contra Covid-19 em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não vê uma porta aberta para a erradicação do coronavírus. O diretor da entidade na Europa, Hans Kluge, disse, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (10/9), que somente a vacinação não é suficiente para deter o vírus. O motivo, segundo ele, seriam as novas variantes que estão circulando com mais frequência e, por isso, reduziram a perspectiva de uma imunidade coletiva.
Na ocasião, ele afirmou também que a probabilidade que
a doença continue avançando em todo o mundo é cada vez
maior. Ainda na coletiva, o diretor pediu para “adaptar nossas estratégias de
vacinação”, se referindo, especialmente, às doses de reforço.
A OMS já esteve mais otimista em relação ao fim da pandemia.
Em maio deste ano, o diretor afirmou que a pandemia terminará quando for
alcançada uma cobertura mínima de vacinação de 70% da população mundial.
Entretanto, o cenário mudou. Segundo ele, as novas variantes,
principalmente a Delta, tornaram a doença mais perigosa, viral e transmissível.
Para tentar conter o vírus, Klunge defende impedir a transmissão das formas
mais agressivas da doença por meio de um melhor planejamento da cobertura
vacinal.
“O objetivo essencial da vacinação é, principalmente, evitar
as formas graves da doença e a mortalidade. Se considerarmos que a Covid
continuará sofrendo mutações e permanecerá entre nós, como a gripe, então
devemos planejar como adaptar progressivamente a nossa estratégia de vacinação
contra a transmissão endêmica, e adquirir conhecimentos muito valiosos sobre o
impacto das doses adicionais. A vacinação ainda é essencial para reduzir a
pressão sobre nossos sistemas de saúde, que precisam desesperadamente tratar
outras doenças além da Covid”, explicou o diretor.
Apesar do plano da OMS de estabelecer uma imunidade coletiva
por meio do engajamento de campanhas de imunização, muitos pesquisadores
afirmam que é muito difícil alcançar a chamada imunidade de rebanho. Os estudos feitos até o momento
revelam que a variante Delta é 60% mais contagiosa que a anterior (Alfa) e o
dobro do vírus inicial. Segundo os cientistas, isso significa que é preciso
mais pessoas vacinadas ou que tenham contraído a doença para que o coronavírus deixe
de circular.
Quem tiver recebido uma dose de oito dos oito lotes de
AstraZeneca após a data de validade deve procurar uma unidade de saúde para
orientações e acompanhamento
(Foto: ABr)
247 - Pelo menos 26 mil doses vencidas da vacina
AstraZeneca foram aplicadas em diversos postos de saúde do país, o que
compromete sua proteção contra a Covid-19. Os dados constam de registros
oficiais do Ministério da Saúde. Até o dia 19 de junho, os imunizantes com o
prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios
brasileiros, revela reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
A campeã no uso de vacinas vencidas é Maringá, reduto
eleitoral de Ricardo Barros (PP), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos
Deputados e acusado de chefiar um esquema de corrupção envolvendo o
superfaturamento de imunizantes. A cidade paranaense vacinou 3.536
pessoas com o produto da AstraZeneca fora da validade (primeira dose em todos
os casos).
A reportagem ainda acrescenta que depois aparecem Belém
(PA), com 2.673, São Paulo (SP), com 996, Nilópolis (RJ), com 852, e Salvador
(BA), com 824. As demais cidades aplicaram menos de 700 vacinas vencidas, sendo
que a maioria não passou de dez doses.
Além disso, outras 114 mil doses da vacina AstraZeneca que
foram distribuídas a estados e municípios dentro do prazo de validade já expiraram.
Não está claro se foram descartadas ou se continuam sendo aplicadas. O lote
pode ser conferido na carteira individual de vacinação. Quem tiver recebido uma
dose de um desses oito lotes de AstraZeneca após a data de validade deve
procurar uma unidade de saúde para orientações e acompanhamento.
Quem tomou imunizante vencido precisa se revacinar pelo
menos 28 dias depois de ter recebido a dose administrada equivocadamente. Na
prática, é como se a pessoa não tivesse se vacinado.
Cerca de 26 mil doses da vacina AstraZeneca fora da validade
foram aplicadas em 1.532 municípios do país. Reportagem da Folha de S. Paulo
mostra os lotes detectados e as cidades que aplicaram.
É ABSURDO! O Ministério da Saúde não consegue sequer controlar a validade das vacinas que distribui! Milhares de brasileiros tomaram vacina VENCIDA! É corrupção, negacionismo, incompetência... Não dá mais!! Esse genocida e sua corja de patetas corruptos precisam sair do poder JÁ!
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) July 2, 2021
ATENÇÃO: Pelo menos 26 mil doses vencidas da vacina AstraZeneca foram aplicadas em diversos postos de saúde do país, o que compromete sua proteção contra a Covid-19. Confira se é seu caso.
Essas doses são adquiridas com desconto de 25%, o que gerará
uma economia de cerca de R $ 480 milhões.
RIO DE JANEIRO, 13 de junho. / TASS /. As
primeiras 3 milhões de doses da vacina contra o Janssen contra o coronavírus
chegarão ao Brasil no dia 15 de junho, ao final do prazo de validade do
medicamento. O anúncio foi feito no sábado pelo Ministério da Saúde da
república.
“Essas doses estão sendo compradas com um desconto de 25%, o
que vai economizar cerca de R $ 480 milhões (cerca de US $ 94 milhões). Eles
têm uma vida útil mais curta, mas o FDA permitiu que fosse prorrogado”, - disse
o chefe da da Ministra da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista coletiva.
Segundo o ministro, o governo brasileiro terá que pagar
apenas as doses que serão utilizadas. Por questões logísticas, o Janssen
só será utilizado nos centros administrativos dos estados da república
sul-americana, explicou Queiroga.
A vacina expira no dia 27 de junho, mas a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), seguindo o FDA, pode autorizar a prorrogação
de seu prazo de validade por mais 6 semanas, até o dia 8 de agosto. A
reunião do regulador farmacêutico brasileiro deve ocorrer na próxima semana,
disse o ministério.
A vacinação contra o coronavírus começou no Brasil em 18 de janeiro. No momento, os medicamentos são usados pela empresa sueco-britânica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, a empresa chinesa Sinovac Biotech e a americana Pfizer. Mais de 23,6 milhões de pessoas já foram vacinadas com duas doses da vacina e mais de 54,2 milhões receberam uma vacina. Em setembro, está prevista a conclusão da primeira etapa da campanha de vacinação e a vacinação de grupos prioritários da população (mais de 78 milhões de pessoas), entre médicos, idosos e portadores de doenças crônicas.
A Rússia assinou um acordo para fornecer ao fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF doses suficientes de sua vacina Sputnik V COVID-19 para 110 milhões de pessoas, disse o Fundo russo de Investimento Direto (RDIF), que comercializa a vacina no exterior, disse nesta quinta-feira.
Tubos de ensaio são vistos em frente a um logotipo Sputnik V exibido nesta ilustração tirada, 21 de maio de 2021. REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
A aquisição e entrega da vacina está sujeita ao Sputnik V
receber uma listagem de uso emergencial da Organização Mundial da Saúde, uma
decisão que o RDIF disse ser esperada em breve.
A Rússia, que aprovou quatro vacinas para uso doméstico,
assinou acordos de exportação para milhões de doses de Sputnik V, mas a tomada
tem sido relativamente lenta em casa, com algumas regiões reclamando que o
processo de vacinação não está indo rápido o suficiente.
O ministro da saúde da Rússia disse na quinta-feira que a Rússia
havia administrado pelo menos uma dose de uma vacina COVID-19 para quase 17
milhões de pessoas, de uma população de cerca de 145 milhões. leia
mais
O RDIF disse que realizaria uma discussão separada com a
aliança de vacinas GAVI para ver o Sputnik V considerado para inclusão na
instalação internacional de compartilhamento de vacinas COVAX.
BREAKING: @UNICEF becomes the 1st UN agency to order #SputnikV for 110mn people. RDIF will also discuss with @gavi, the Vaccine Alliance, the Sputnik V inclusion in #COVAX vaccine portfolio to ensure equal access to #COVID19 vaccines for all countries 👇https://t.co/8RsrIBmnPP
Um vírus ainda mais transmissível e fatal do que a COVID-19
vai suscitar nova pandemia no mundo, prevê o diretor-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), ressaltando "certeza evolutiva" desta
possibilidade.
O alerta foi dado por Tedros Adhanom Ghebreyesus durante a
reunião anual da agência das Nações Unidas com participação de ministros da
Saúde de 194 Estados-membros na segunda-feira (24).
"Não se enganem, esta não vai ser a última vez
que o mundo enfrenta a ameaça de uma pandemia", afirmou. "Há uma
certeza evolutiva de que vai aparecer outro vírus com potencial de ser mais
transmissível e mais fatal do que [o SARS-CoV-2]."
Em uma nota mais positiva, o diretor-geral admitiu que a quantidade global de casos e mortes pela COVID-19
registrados tem diminuído há três semanas consecutivas.
No entanto, o diretor-geral da OMS ressaltou que o mundo
permanece "em uma situação frágil", e repreendeu as nações que
acreditam estar fora de perigo, "não importando sua taxa de
vacinação".
Ghebreyesus aproveitou a reunião para reforçar seu apelo aos
governos para que doassem doses de imunizantes contra o coronavírus à
COVAX, iniciativa apoiada pela OMS e GAVI Alliance.
Até agora, mais de 75% de todas as doses de vacinas
foram administradas em apenas 10 países, de acordo com dados da OMS.
Para Ghebreyesus, esta "desigualdade escandalosa" está
"perpetuando" a pandemia. Anteriormente, tendo se referido à situação
como "apartheid de vacinas".
A eficácia das vacinas contra a COVID-19 já existentes não
parece ser prejudicada pelas variantes emergentes do vírus, como a cepa
primeiramente detectada na Índia, segundo o diretor-geral da OMS, que avisa que
as variantes "estão mudando constantemente" e que as cepas futuras
podem "tornar as nossas ferramentas ineficazes e nos arrastar de volta à
estaca zero".
Riqueza nacional diminuiu 425 bilhões de dólares no ano
passado, enquanto número de bilionários aumentou
Mesmo com a impressionante redução no nível de atividade
econômica, a quantidade de operadores na bolsa de valores aumentou em 92% -
Astrid Schmidt
O segundo ano do governo Bolsonaro confirmou o crescimento
da dissociação entre o desempenho econômico brasileiro e o aumento da
riqueza extrema. Tendência, aliás, acelerada justamente a partir do golpe de
2016, que retirou o PT do governo federal.
Na recessão de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB), que é
a soma de toda a riqueza gerada no ano, encolheu 4,1%, medido pela régua
da moeda nacional (real), ou 22,7% considerando o dólar. A economia nacional
caiu do 9º lugar para o 12º lugar na lista dos países mais ricos do mundo, em
2020.
Mesmo assim, os super-ricos brasileiros se deram bem. No
ranking da revista Forbes, indicador das grandes fortunas em dólares no mundo,
o Brasil foi o sétimo país a mais adicionar bilionários à sua população.
Apesar da riqueza nacional ter diminuído 425,5 bilhões de
dólares, no ano passado, o Brasil assistiu ao aumento de 46,7% no número de
bilionários – passou de 45 (2019) para 66 (2020).
A fortuna dos super-ricos aumentou 73,4%, era 127,1 bilhões
de dólares (2019) e saltou para US$ 220,4 bilhões, em 2020. Com isso, o
somatório das fortunas dos bilionários, em relação à riqueza nacional, se
multiplicou 2,2 vezes e passou a ser 15,2% do PIB brasileiro de 2020 (a maior
participação da história do capitalismo no país), contra 6,8%, em 2019.
Mas o que poderia permitir esta explosão no crescimento dos
super-ricos e suas riquezas em meio aos destroços atuais da economia nacional?
Teria sido a sorte que bateu a porta deste minúsculo agrupamento da sociedade?
O beneplácito não decorreu da mão invisível do mercado,
muito menos, para a maioria deles, do desempenho econômico pelas empresas das
quais são acionistas. Na realidade, a ação do governo Bolsonaro e de sua equipe
econômica “sonho do mercado financeiro” tem sido recorrentemente voltada ao
favorecimento de ricos, poderosos e privilegiados.
De certa forma, é o resultado direto das opções desde o
retorno do receituário neoliberal providenciado com a pomposa denominação de
“uma ponte para o futuro”. Assim, o padrão de responder à crise mudou, para
manter protegidos os super-ricos no Brasil.
O papel do Banco Central, atualmente independente, tem sido
chave para explicar a pujança mais recente dos bilionários frente ao desmonte
neoliberal da economia nacional. Com a torneira monetária aberta, a política
pública do dinheiro fácil convergiu para ricos e poderosos, quase que excluindo
a parte maior da sociedade do orçamento governamental.
A injeção do dinheiro público no mercado financeiro
impulsionou um conjunto de medidas corporativas na recompra de ações,
negociações de derivativos e outras operações de captura da volatilidade de
curto prazo que terminaram por favorecê-los e evitar o colapso eminente da
bolsa de valores.
Esse apoio governamental direcionado e sem contrapartidas
reais tornou possível aos bilionários a obtenção do crescimento significativo
de suas fortunas, independente do comportamento negativo vislumbrado no
conjunto das atividades econômicas do país.
Além disso, os super-ricos contaram também com a política
pública de auxílios patrocinados pelo governo Bolsonaro, novamente sem
contrapartida social, fiscal e ambiental. Também contou favoravelmente para a
camada prioritária dos bilionários, a sua reprodução associada à prática dos
subsídios, isenção e sonegação tributária.
Assim, numa das mais graves recessões da história do
capitalismo brasileiro, não se soube da morte de nenhum tubarão econômico
(grande empresa, banco ou fundo financeiro). Fundamentalmente, com a política
bolsonarista, o que ocorreu foi a quebradeira de milhares de micro e pequenos
negócios e da generalização na casa dos milhões de desempregados de
trabalhadores por conta própria e de assalariados com e sem carteira.
Mesmo com a impressionante redução no nível de atividade
econômica, a quantidade de operadores na bolsa de valores aumentou em 92%,
tendo o lucro líquido de sua operadora (B-3) registrado o crescimento de 53% em
2020. Nesse mesmo ano, o conjunto dos quatro maiores bancos brasileiros de
capital aberto tiveram alta de 24,4% no lucro líquido.
Diferentemente do cenário econômico atual, cuja crise não se
apresenta para todos os brasileiros, as duas recessões anteriores do século 21
atingiram, também, e fortemente, os super-ricos.
Na crise financeira global de 2008 e na recessão de 2015 e
2016, por exemplo, os bilionários não ficaram imunes à crise econômica e
contabilizaram prejuízos consideráveis.
Em 2009, quando o PIB registrou queda de apenas 0,1%, a
quantidade de bilionários declinou 27,2%, passando de 18 super-ricos, em 2008,
para somente 13, em 2009.
Da mesma forma, houve a queda de 36,8% na participação das
fortunas em relação ao PIB, que caiu de 3,8%, em 2008, para 2,4% da riqueza
nacional, em 2009.
No biênio de 2015 e 2016, por força da recessão econômica, o
PIB acumulou o encolhimento de 6,9%, enquanto o número de bilionários diminuiu
52,3% e a soma das fortunas dos super-ricos em relação ao PIB caiu 5,4%. Isso
porque em 2016, o Brasil tinha 31 bilionários, cuja somatória das fortunas
equivalia a 7,5% do PIB, ao passo que em 2014 eram 65 bilionários para um total
de fortunas que representava 7,9% da riqueza nacional.
* Marcio Pochmann é economista, professor do Instituto de
Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais da UNICAMP, ex-presidente
do IPEA, autor de vários livros e artigos publicados sobre economia social,
trabalho e emprego.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não
necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Bilionários brasileiros ficam mais ricos na pandemia | Galãs
Feios - 27 de jul. de 2020
Mesmo em meio a pandemia do coronavírus, os 42 bilionários
brasileiros (entre eles Luciano Hang, o Veio da Havan, Jorge Paulo Lemann e
André Esteves) viram o conjunto de suas fortunas crescer US$ 34 bilhões nos
meses da pandemia. De acordo com a ONG Oxfam com base em dados do ranking de
bilionários da revista Forbes, esse é o desempenho vencedor dos nossos ultra
ricos. Helder e Bezzi comentam.
Na última sexta-feira (7), o Maranhão pediu para que, em até sete dias, a diretoria colegiada da agência se reúna novamente e dê um parecer sobre a vacina russa
O ministro Ricardo
Lewandowski, do STF (Supremo
Tribunal Federal), determinou nesta segunda-feira (10) que a Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) informe, em 48 horas, e de maneira
pormenorizada, quais os documentos faltantes para uma análise definitiva do
pedido de autorização excepcional e temporária de importação e distribuição da
vacina Sputnik
V.
A ação apresentada alega o descumprimento, pela União, do
Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, o que teria
levado o estado a adquirir lotes da vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto
Gamaleya, da Rússia.
No dia 26 de abril, o ministro Ricardo Lewandowski negou o
pedido formulado pela Anvisa para suspender o prazo de 30 dias - fixado pelo
próprio magistrado - para que o órgão analise e decida se estados e municípios
estão autorizados a importar doses da vacina Sputnik V.
Ao STF, a Anvisa argumentou que os dados sobre qualidade,
eficácia e segurança precisam ser juntados ao processo de pedido de compra para
decidir sobre "importação excepcional e temporária" de doses da
vacina desenvolvida pela Rússia.
O Instituto de Saúde Pública da Noruega recomendou contra o
uso da vacina Johnson & Johnson, adicionando a recomendação de evitar
permanentemente o uso da vacina AstraZeneca Covid-19 sobre o medo de efeitos
colaterais.
Em um comunicado à imprensa na segunda-feira, o Instituto
Norueguês de Saúde Pública (NIPH) aconselhou o governo contra o uso do jab
Johnson & Johnson Covid-19, seguindo a orientação de uma comissão nomeada
pelo governo. O comitê também apoiou uma recomendação anterior do NIPH de
não usar a injeção AstraZeneca.
“Não recomendamos que as vacinas sejam usadas no programa
nacional de vacinação devido aos graves efeitos colaterais que foram
observados”, disse Lars Vorland, presidente do comitê de
especialistas, em uma entrevista coletiva na segunda-feira.
Em sua declaração, o NIPH publicou formalmente a
recomendação de não usar o jab Johnson & Johnson Covid-19. “Nosso
objetivo é proteger o maior número de pessoas possível, o mais rápido possível,
para reabrir a sociedade e recuperar o dia a dia. Portanto, é uma decisão
difícil recomendar que uma das vacinas da Covid não seja usada ativamente no
programa. ”
O NIPH recomenda que a injeção da Johnson & Johnson seja
mantida em armazenamento de emergência para o caso de o fornecimento da vacina
do jab de mRNA falhar. Eles acrescentam que é particularmente adequada
para ser uma vacina de emergência, pois requer apenas uma dose e pode ser
armazenada por muito tempo.
A organização citou dados dos EUA que sugerem que a vacina
da Johnson & Johnson é menos provável de causar coágulos sanguíneos do que
a injeção da AstraZeneca, mas disse que ainda não havia uma imagem clara.
O NIPH disse que houve um progresso considerável no programa
de vacinação, com muitos idosos já totalmente inoculados, e que existe um
fornecimento confiável de vacinas de mRNA, ou seja, Moderna e Pfizer, ambas
autorizadas por Oslo.
O ministro da Saúde, Bent Hoeie, disse em entrevista
coletiva que “o governo usará isso como base para sua decisão,
juntamente com as recomendações do Instituto de Saúde Pública, sobre o uso
dessas vacinas”.
Em abril, o NIPH recomendou que o governo parasse de usar a
vacina Oxford / AstraZeneca Covid-19 após uma longa revisão da
vacina. Oslo suspendeu o uso da vacina em 11 de março após relatos de
coágulos sanguíneos raros e potencialmente fatais. As preocupações com a
coagulação do sangue já levaram a limitações na distribuição da vacina em
vários países.
Cinco profissionais de saúde, todos com idades entre 32 e 54
anos, foram hospitalizados após receberem a vacina AstraZeneca na
Noruega. Três deles morreram.
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AstraZeneca: vários países suspendem administração da vacina - 15 de mar. de 2021
Vários países europeus suspenderam o uso da vacina anticovid
da AstraZeneca. A decisão das autoridades ocorre em meio à denúncias por
prováveis efeitos colaterais. Alguns casos são relacionados a coágulos
sanguíneos
Segundo projeção da Universidade de Washington, já são 6,9
milhões de óbitos pela doença em todo o planeta, mais do que o dobro dos dados
oficiais
Vista aérea de um coveiro caminhando entre os túmulos de
vítimas da Covid-19 no cemitério de Nossa Senhora Aparecida em Manaus, estado
do Amazonas, Brasil, em 29 de abril de 2021 Foto: MICHAEL DANTAS / AFP
RIO — Estudo da Universidade de Washington indica que o
número de mortes causadas diretamente pela Covid-19 é mais do que o dobro do
oficialmente registrado no mundo. Pelos cálculos dos cientistas do Instituto de
Avaliação de Métricas de Saúde da universidade, que tem se destacado por suas
projeções certeiras desde o início da pandemia, já são 595.903 mortos no
Brasil, 6,9 milhões no mundo.
Pelas contas do instituto, no Brasil o número da tragédia
supera em 187.223 óbitos os dados oficiais. Já os EUA teriam de fato 905.289
mortos e não 574.043. A Índia 654.395 e não 221.181.
— Por pior que a pandemia de Covid-19 pareça, nossa análise
mostra que ela é significativamente ainda mais trágica. Conhecer o verdadeiro
número de mortos não somente ajuda a entender a magnitude dessa crise global
como fornece informação valiosa para que autoridades possam planejar ações e
planos de recuperação — afirmou, em comunicado, o diretor do instituto,
Christopher Murray.
Em sua análise, os pesquisadores enfatizam que a maioria dos
países subnotifica os números de mortos e muitos casos não foram registrados
como Covid-19. Muitas vezes a subnotificação é consequência de sistemas de
saúde sobrecarregados e da falta de testagem em massa para a detecção do
coronavírus, caso do Brasil.
Mas os cientistas salientam que não se trata apenas disso.
Dizem que “algo mais” pode estar por trás da gritante diferença de escala entre
as mortes registradas oficialmente como Covid-19 e o excesso de mortalidade
ocorrido durante a pandemia. A Rússia é o exemplo mais gritante, com um total
de óbitos estimados em 170 mil, ou seja, assustadores 13 vezes maior que o
número oficial do governo russo, de 13.529.
Noo estudo da Universidade de Washington o Brasil é citado
como exemplo de país onde há “anomalia de informação” nas causas reportadas de
todos os tipos de mortes.
Segundo os cientistas americanos, há um “claro e
significativo” registro tardio de mortes a partir de junho de 2020 no sistema
de saúde do país. E, por isso, eles coletaram dados do registro civil. “Nós
sistematicamente revisamos a entrada dos dados”, informaram os pesquisadores.
Christopher Murray disse que o número de mortos em todo o
paneta pela pandemia deverá alcançar 9,4 milhões em setembro. A Índia, onde há
uma explosão de casos desde março, deve passar os EUA como o país que mais perdeu
vidas devido ao coronavírus, com 1,4 milhão de vítimas. Os EUA devem chegar a
949 mil. Ele não fez projeções para o Brasil.
Os pesquisadores estimaram o excesso de mortalidade causado
diretamente pela Covid-19, semana a semana no mundo, comparando os números de
óbitos com aqueles que seriam esperados.
Método para se alcancar os números
Murray explica que o excesso de mortalidade é influenciado
por seis fatores. O primeiro são todas as mortes diretamente causadas pela
infecção Covid-19. O segundo, o aumento de mortalidade por outras doenças
devido à dificuldade de acesso a serviços de saúde causado pela pandemia.
O terceiro fator é o aumento de mortalidade associado a
complicações causadas por distúrbios mentais, como depressão e alcoolismo. O
quarto item é a redução da mortalidade, devido ao menor número de acidentes de
trânsito e outras formas de morte violenta propiciadas pela diminuição da
mobilidade.
O quinto indicador analisado foi a redução da mortalidade
devido à menor transmissão de outros vírus respiratórios. E, por fim, o sexto,
a diminuição de mortes por doenças crônicas como as cardiovasculares que
poderiam ter acometido idosos que acabaram por morrer antes, de Covid-19.
De posse de todas essas variáveis, os cientistas fizeram uma
análise em quatro etapas. A primeira foi estimar em cada país, semana a semana
desde o início da pandemia, o aumento da mortalidade comparado à taxa
projetada, baseada nos anos anteriores.
A segunda etapa foi estimar a fração de excesso de
mortalidade direta por Covid-19 em oposição aos cinco outros fatores
considerados.
Numa terceira etapa, os pesquisadores desenvolveram um
modelo estatístico para predizer a taxa total de mortes por Covid-19 em lugares
sem informações completas. Por fim, numa quarta etapa, projetaram uma
estimativa global.
— Não temos ainda a mortalidade nem a letalidade da Gripe
Espanhola, que superou os 50 milhões de óbitos. Mas, dado o que acontece na
Índia, a Covid-19 poderá matar muito mais gente do que já vimos até agora —
afirmou Murray.
Isolado e na mira da CPI da Covid-19, o ex-ministro Eduardo
Pazuello perdeu boa parte do apoio e solidariedade que tinha dos militares
247 - Na mira da CPI da Covid-19 instaurada no
Senado, o ex-ministro Eduardo Pazuello perdeu boa parte do apoio e
solidariedade que tinha da caserna no período em que estava no comando da
Saúde. A informação é da coluna Radar, do portal Veja.
Quando virou alvo do STF e da Polícia Federal por
incompetência na condução do combate à pandemia, o general chegou a receber
suporte da cúpula militar, a partir da gestão de Fernando Azevedo, então
ministro da Defesa.
No entanto, o avanço de Bolsonaro contra Azevedo e os chefes
das Forças Armadas fez com que Pazuello, o pivô da crise, conquistasse o
isolamento na caserna.
CPI
A CPI da Covid dará início nesta semana à fase de tomada de
depoimentos de ex-integrantes do governo Jair Bolsonaro. Nesta
terça-feira (3) serão ouvidos os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e
Nelson Teich. Na quarta, o general Eduardo Pazuello, que ficou à frente da
pasta por dez meses. Na quinta-feira serão ouvidos o atual ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), Antônio Barra Torres. Para o relator da CPI, senador Renan Calheiros
(MDB-AL), “essa semana será decisiva porque vamos ter depoimentos dos
principais atores sobre os bastidores da pandemia”.
Irresponsabilidade de Pazuello reflete na
vacinação
Às vésperas da CPI, Pazuello desfila sem máscara em Shopping em Manaus, cidade onde foi omisso na crise da falta de oxigênio. Questionado sobre o uso da máscara, debochou: “sabe onde tem para vender?”
Variante indiana do coronavírus preocupa por conter duas mutações que podem ajudar o vírus a se espalhar mais facilmente e escapar do sistema imunológico
O Ministério da Saúde de Israel informou que foram identificados 41 casos da variante indiana do coronavírus. Destes, 24 foram importados e 17 são resultados de transmissão comunitária.
Segundo o governo israelense, 4 pessoas infectadas com a cepa oriunda da Índia estavam vacinadas contra a covid-19, aumentando a preocupação com a resistência da variante aos imunizantes.
Em comunicado divulgado na última 5ª feira (29.abr), o Ministério da Saúde afirmou que “ainda não há informações claras sobre a variante indiana e suas implicações na eficácia da vacinação”.
O diretor-geral da instituição, Hezi Levy, disse em entrevista à rádio israelense Kan que as autoridades de saúde do país acreditam que a vacina da Pfizer/BioNTech, aplicada em Israel, possui eficácia reduzida contra a nova cepa.
O ministério pede que “toda a população, incluindo vacinados e que tenham se recuperado [da covid-19], evitem viagens desnecessárias ao exterior”.
O país também identificou 8 casos da cepa sul-africana, 7 da variante de Nova York, 2 da variante da Califórnia, 1 da variante de São Petersburgo e 1 caso de uma variante britânica diferente da que se espalhou pelo mundo.
Na última semana, o país proibiu a entrada de turistas provenientes da Índia. Ainda determinou que cidadãos nacionais que retornem do país devem ficar em isolamento.
Além da Índia, quem chega de outros 6 destinos também deve ficar em quarentena: Ucrânia, Etiópia, África do Sul, México, Turquia e Brasil.
VARIANTE INDIANA
A Índia confirmou a nova variante do coronavírus em março e afirmou que a cepa carrega duas mutações. O diretor do Centro de Biologia Celular e Molecular do país, Dr. Rakesh Mishra, disse na ocasião que essas mutações genéticas podem ser uma preocupação, pois ajudam o vírus a se espalhar mais facilmente e escapar do sistema imunológico.
Atualmente, a Índia luta contra um aumento de infecções pelo coronavírus, com suspeita que a causa mais provável é a presença de variantes mais infecciosas, incluindo a recém-detectada.
Após quatro dias de intensos protestos na Colômbia, o
presidente de direita Ivan Duque disse neste domingo (2) que vai retirar a
proposta de reforma tributária
(Foto: Luisa Gonzales/Reuters)
BOGOTÁ (Reuters) – O presidente colombiano Ivan
Duque disse neste domingo que vai retirar a proposta de reforma tributária
depois de protestos por vezes violentos no país e de ampla
oposição por parte dos parlamentares.
Duque disse na sexta-feira que a lei seria revisada para remover
alguns de seus pontos mais polêmicos – como o nivelamento do imposto sobre
vendas de alguns alimentos e de serviços públicos – mas o governo já havia
insistido que não o retiraria de pauta.
“Estou pedindo ao Congresso que retire a lei proposta pelo
Ministério da Fazenda e processe urgentemente uma nova lei que seja fruto do
consenso, a fim de evitar incertezas financeiras”, disse Duque em vídeo.
#AHORA EL GOBIERNO de Duque #MASACRANDO A LA POBLACIÓN QUE REPUDIA LA ESTRUCTURA CRIMINAL DE ESE #NARCOESTADO... Dónde la Oea y almagro, dónde la ONU y Bachelet, dónde el grupete de Lima, dónde las ong’s, los artistas y aparatos trasnacionales de propaganda expertos en Venezuela? pic.twitter.com/TSNaQEa51l
— Tarek William Saab (@TarekWiliamSaab) May 2, 2021
🎥🛑En #Colombia IMPRESIONANTE MAREA HUMANA en Cali contra las medidas neoliberales del NARCOPresidente Duque en el #ParoNacional.
🔻Al menos 35 personas ASESINADAS, 8 en las últimas 24 horas y más de 31 desaparecidas. pic.twitter.com/17zb5K1GqU
Na gravação, presidente recomenda medicamentos sem eficácia contra Covid-19 e critica governadores por decretos na pandemia
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que
investiga as ações e omissões do governo Bolsonaro durante a pandemia, recebeu
uma fita contendo cerca de oito horas de gravações do presidente. A informação
é do blog do Noblat, no Metrópoles.
Entre áudios e vídeos, o mandatário aparece recomendando
medicamentos sem eficácia contra o vírus e criticando governadores e prefeitos
por decretos adotados para conter a disseminação da doença.
Ainda segundo o blog, assessores da CPI temem que os
arquivos vazem público, o que impactaria as eleições de 2022. Com isso, O
material estaria guardado em um cofre, e a senha só é conhecida pelo presidente
da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
O compilado, compartilhado em reportagem da Folha de S.Paulo,
cita críticas de Bolsonaro ao isolamento social, defende o uso de medicamentos
sem eficácia contra a Covid-19, como a cloroquina, e minimiza o vírus, chamando
a doença de “gripezinha”.
Em resolução aprovada por maioria, eurodeputados pedem que
autoridades que promovem desinformação sejam processadas e levadas à Justiça
Deputada alemã Anna Cavazzani (Reprodução/Parlamento
Europeu)
Em debate promovido nesta quinta-feira (29) no Parlamento
Europeu sobre a pandemia da Covid-19 na América Latina e violação dos direitos
humanos, eurodeputados fizeram duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro,
acusado por eles de promover uma “gestão criminosa” da crise sanitária no
Brasil.
Segundo reportagem de Jamil Chade, no UOL, deputados aprovaram uma resolução por maioria absoluta
que recomenda que autoridades que fizeram campanhas de desinformação sejam
processadas e levadas à Justiça. Apesar de não citar diretamente o presidente
brasileiro, o documento foi visto como investida dos parlamentares contra a
gestão da pandemia no Brasil.
Durante o debate, no entanto, o nome de Bolsonaro não foi
poupado. A condenação foi geral ao negacionismo do presidente brasileiro.
“Com a gestão criminosa de Bolsonaro, ele em vez de fazer
guerra ao vírus faz guerra contra a ciência”, acusou o deputado espanhol Miguel
Urban Crespo, da esquerda europeia. Para ele, Bolsonaro faz “necropolítica e
lesa humanidade”, acrescentando que “Bolsonaro é não apenas um perigo para o
Brasil, mas para o mundo inteiro”.
A deputada alemã Anna Cavazzani afirmou que a tragédia
sanitária no Brasil poderia ter sido evitada. “São quase 400 mil mortos no
Brasil. É uma tragédia provocada por decisões políticas deliberadas. Para
nenhum governo foi fácil. Mas tentar uma coisa, recusar é outra”, disse.
O texto aprovado não gera uma obrigação legal, mas reforça o
isolamento do Brasil no exterior e a imagem desgastada de Bolsonaro na Europa.
Diante da delegação UE-Brasil presente hoje no Parlamento
Europeu, o eurodeputado Miguel Urbán denuncia a política genocida de Bolsonaro,
que levou a uma crise humanitária, sanitária e econômica sem precedentes no
Brasil. Para derrotar Bolsonaro e a extrema-direita, a luta é internacional!
Para ela, o Brasil vive "uma verdadeira tragédia" que "poderia ter sido evitada e que foi causada por decisões políticas deliberadas".#BolsonaroGenocidapic.twitter.com/pENz0fppp8
No dia em que o Brasil chega a 400 mil vidas perdidas por COVID-19, o eurodeputado @MiguelUrban reafirma que gestão de Bolsonaro na pandemia é criminosa e deve ser investigada! Esse genocida transformou o país em um perigo p/ o mundo! Tirar Bolsonaro para que o genocídio acabe! pic.twitter.com/1OeydQNUkw
Desde o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, no
fim de fevereiro de 2020, a rotina dos profissionais de saúde mudou. Com o
aumento de infecções e mortes pela doença, médicos e enfermeiros na linha de
frente dos atendimentos passaram a viver o período mais difícil de suas
carreiras.
"Existe uma exaustão entre esses profissionais de saúde
há mais de um ano. É um estresse 24 horas, como a gente nunca viveu. É uma
exaustão física e emocional. Estamos trabalhando 24 horas salvando vidas",
diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do Instituto
do Coração em São Paulo.
Nesta quinta-feira (29/04), o Brasil atingiu a marca de 400
mil mortes pela covid-19, em meio ao seu mês mais letal da pandemia — em abril
já foram registradas mais de 75 mil mortes pela doença, enquanto em março deste
ano, até então o período com mais óbitos, foram 66 mil.
Em meio às centenas de milhares de mortes, os profissionais
de saúde acompanham diversas cenas que ilustram a tragédia do novo coronavírus.
Despedidas, mortes por falta de recursos básicos e óbitos de
diferentes integrantes da mesma família são algumas das situações que marcam os
trabalhadores na linha de frente.
"É o pior período para a saúde mental dos profissionais
de saúde. Muitos médicos pararam de dar plantão ou diminuíram o ritmo de
trabalho porque estavam muito estressados. Tem sido um período muito grande de
estresse", relata o médico intensivista José Albani de Carvalho.
Os profissionais de saúde relatam que cenas difíceis de
serem esquecidas se tornaram cada vez mais comuns em meio à pandemia. Para
dimensionar a tragédia vivida no país de 400 mil mortes pela doença, a BBC News
Brasil pediu para médicos relatarem algumas das situações mais dramáticas que
presenciaram desde o ano passado.
'Vimos um paciente morrer atrás do outro'
Em janeiro, Manaus viveu tragédia da falta de oxigênio
medicinal. Caso se tornou alvo de investigação
O médico cirurgião Pierre Oliva Souza nunca esquecerá as
cenas que presenciou no plantão que começou da noite de 14 de janeiro até o dia
seguinte, em uma unidade de saúde em Manaus, no Amazonas.
Ele chegou para o plantão no Serviço de Pronto Atendimento
(SPA) Joventina Dias por volta das 19h. Na unidade, logo foi informado por um
colega que não havia estoque de oxigênio medicinal — item fundamental para
auxiliar pacientes com dificuldades respiratórias, como aqueles com quadro
grave de covid-19.
"Havia apenas dois cilindros de oxigênio, que durariam
por algumas horas somente, porque a unidade estava lotada. Normalmente, havia
20 pacientes com suspeita de covid-19 que precisavam desse oxigênio, mas
naquele período tinha mais de 40", relata o médico.
Ele conta que alguns gestores da região falaram que logo
chegaria um caminhão carregado com oxigênio. "Deram falsas esperanças,
porque isso não era verdade. Não havia oxigênio em lugar nenhum de Manaus,
porque também faltou no mesmo dia em outras dezenas de unidades do Amazonas",
comenta.
Na madrugada de 15 de janeiro, o oxigênio acabou
completamente no SPA Joventina Dias. "Ninguém tinha avisado, dias
antes, que o estoque de oxigênio estava acabando no Estado. Foi muito chocante
para todo mundo", diz Souza.
"A gente sabia o quanto essa falta de oxigênio seria
danosa e grave. O governador chegou a comentar, na semana anterior, que o
Estado estava à beira de uma crise de oxigênio, por causa do aumento de casos
de covid-19. Mas nós, profissionais de saúde, não tínhamos noção de como, de
fato, a situação estava", diz o médico.
"Por causa da falta de oxigênio, a equipe de saúde teve
que assumir a difícil decisão de quem vai sobreviver ou morrer por conta da
absoluta falta de estrutura. Vimos um paciente morrer atrás do outro naquela
madrugada. Eles definhavam, buscavam respirar, ficavam com a coloração azulada
e morriam asfixiados na nossa frente. Não tínhamos o que fazer", relata
Souza.
Segundo Souza, somente no SPA Joventina Dias foram
contabilizadas oito mortes naquela madrugada. O médico relata que, normalmente,
havia duas ou três mortes por plantão. "Sei de lugar que registrou mais de
20 mortes por causa da falta de oxigênio", comenta.
A situação no Amazonas se tornou notícia em todo o mundo.
Diversos pacientes foram transferidos para outros Estados. Posteriormente, a
cidade recebeu abastecimentos de oxigênio. "A situação foi normalizada
depois. Hoje as coisas estão bem, principalmente porque os números de
internações caíram nas últimas semanas", diz o médico.
Apurações apontam que a falta de oxigênio causou dezenas de
mortes no Amazonas em meados de janeiro.
Então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello afirmou, na época,
que foi avisado por volta de 8 de janeiro que o alto número de internações em
Manaus até quintuplicou o uso do oxigênio medicinal. Em razão disso, segundo
ele, o Ministério da Saúde logo passou a tomar providências junto com o governo
estadual e a prefeitura.
De acordo com a CNN Brasil, o secretário de Saúde do Amazonas,
Marcellus Campelo, alegou, em depoimento à Polícia Federal que a falta de
oxigênio ocorreu porque a principal fornecedora do insumo no Estado informou
somente dias antes que não teria capacidade de atender a demanda na região, em
razão do aumento de internações.
Segundo o secretário, o governo local logo comunicou o
Ministério da Saúde e foram adotadas todas as medidas necessárias para o
"enfrentamento de uma crise de saúde sem precedentes na história do
Amazonas".
Em meados de abril, o Ministério Público Federal (MPF) do
Amazonas apresentou uma ação de improbidade administrativa por omissão sobre a
crise no fornecimento de oxigênio medicinal no Amazonas. Entre os alvos do
procedimento estão três secretários do Ministério da Saúde e o então responsável
pela pasta, general Eduardo Pazuello, e dois integrantes do governo do
Amazonas, entre eles o secretário estadual de Saúde, Marcellus Campelo.
O MPF apontou falhas como omissão no monitoramento da
demanda de oxigênio medicinal e adoção de medidas para evitar o
desabastecimento, além de demora nas transferências de pacientes para outros
Estados. O caso segue na Justiça Federal do Amazonas.
Mais de três meses depois, as cenas de meados de janeiro
agora fazem parte das piores lembranças da pandemia para os profissionais de
saúde do Amazonas.
"Eu vou superar, porque nosso trabalho pede, mas não
vou esquecer nunca. Apesar de todo ensinamento que tivemos na faculdade, nunca
pensei que fosse viver em tempos de paz aquilo que só acontece na guerra, que é
escolher quem vai viver ou morrer", desabafa Souza.
'Vi famílias dizimadas'
O médico intensivista José Albani de Carvalho, que atua em
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais da grande São Paulo, comenta
que algumas das situações mais tristes que presenciou envolvem as mortes de
membros de uma mesma família pela covid-19.
"Ver famílias inteiras morrendo foi uma das coisas que
mais me marcaram. Não foi uma, nem duas, nem três. Foram vários casos de
irmãos, pais e filhos ou outros parentes morrendo com diferenças de horas ou
dias. A grande verdade é que na minha vida inteira nunca tinha visto isso tão
frequentemente", desabafa o médico, que trabalha em UTIs há mais de 30
anos.
"Teve uma família em que morreram três irmãos em dois
dias. Dois deles estavam em leitos próximos. Isso impacta muito, porque você vê
uma família ser dizimada", diz o médico.
Ele detalha o caso de três mortes de pessoas na faixa dos 40
anos que eram da mesma família. "O rapaz foi intubado com covid-19. A
mulher dele foi internada, mas parecia que evoluiria bem e não precisaria ser
intubada. Mas é muito difícil saber, porque às vezes um paciente demora 10 dias
na UTI e você não sabe para onde ele vai, se vai melhorar ou piorar",
comenta Albani.
"O rapaz acabou morrendo. A mulher dele, que a gente
achava que daria alta em poucos dias, piorou também e foi intubada. Dias
depois, ela morreu. Depois, a irmã dela, que estava internada no hospital,
também faleceu", relata o médico.
O intensivista foi o responsável por contar sobre as mortes
à família. "Nunca é fácil comunicar isso, porque você acompanha essas
famílias e aquele sofrimento durante as internações, que muitas vezes duram
dias ou semanas", diz.
"Por incrível que pareça, esse comunicado para as
famílias acaba sendo algo que a gente se acostuma. Não é ser insensível, mas é
que há mais de 30 anos na UTI isso acaba se tornando algo do cotidiano. Mas
claro, quando você vai comunicar três mortes para uma mesma família, como tem
acontecido em alguns casos, é mais difícil", acrescenta Albani.
O médico comenta que os familiares dos pacientes sempre
reconhecem o trabalho dos profissionais de saúde.
Enquanto precisam enfrentar números de internações e mortes
como nunca tinham presenciado em período recente, os profissionais de saúde
também enfrentam o estresse causado pela falta de cuidados de muitos em relação
ao coronavírus.
"Do ponto de vista da sociedade em geral os
profissionais de saúde não são reconhecidos. Enquanto vemos as dificuldades, as
mortes e trabalhamos sob muito estresse, há muitas pessoas nas ruas que falam
que máscara é bobagem e fazem aglomerações. Olhar essas situações causa ainda
mais estresse a esses profissionais", desabafa Albani.
'Ficamos com medo de dar a notícia da morte da esposa'
'Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas pessoas
da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes', diz médica
Para a médica Luisa Frota Chebabo, um dos momentos mais
tristes da pandemia envolveu uma família completamente afetada pela covid-19.
Ela conta que foram internados mãe, pai e filho no mesmo dia em um mesmo
hospital público da capital do Rio de Janeiro, em novembro passado.
"A mãe (de 60 anos) chegou muito grave e foi intubada
no momento da admissão (no hospital). O pai e o filho estavam um pouco mais
estáveis", diz Luisa.
Ela comenta que os leitos de covid-19 estavam
sobrecarregados na unidade de saúde, por isso os três integrantes da mesma
família tiveram de ficar na área de emergência.
"O filho foi mantido em observação, sem precisar de
oxigênio suplementar. O pai necessitou do oxigênio. Os dois ficaram ao lado da
mãe, intubada em estado grave", detalha a médica.
Luisa conta que o pai, que tinha 62 anos, dizia para todos
os médicos que o filho havia frequentado festas e transmitiu a covid-19 para a
família.
No dia seguinte à internação, o pai foi internado em um
leito que ficou vago na enfermaria de covid-19. O filho, por volta dos 30 anos,
se recuperou e logo teve alta hospitalar. A mãe continuava em estado grave na
emergência.
"O pai foi internado com piora progressiva. Todos os
dias, ele perguntava pela esposa, que também estava piorando cada vez
mais", detalha a médica.
Dois dias após chegar na unidade de saúde, a mãe da família
morreu. "O marido dela, cada vez mais precisando de suplementação de
oxigênio, continuava perguntando pela esposa", diz Luisa.
"A gente falava para ele que não tinha como ver muitos
detalhes sobre ela, já que estava internada em outro setor. Mas a gente falava
que ela continuava intubada, mesmo após a morte dela", relata a médica.
"Esse paciente era bem ansioso, então ficamos com medo
de dar a notícia do falecimento e precipitar uma descompensação da parte
respiratória. A própria família falou que era melhor não dar a notícia enquanto
ele não melhorasse, por causa desse componente de ansiedade importante",
diz Luisa.
A equipe médica optou por informar sobre a morte da
companheira somente quando o homem apresentasse melhora clínica. Cinco dias
após o falecimento da esposa, ele foi intubado. Três dias depois, morreu.
"Somente o filho ficou bem", diz Luisa.
A médica comenta que histórias como a da família que ela
acompanhou em novembro demonstram a gravidade da covid-19 em comparação a
outras enfermidades. "Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas
pessoas da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes", diz a
médica.
Jovens internados
'No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI.
Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente'
O cardiologista Roberto Kalil, que está há mais de três
décadas na Medicina, não tem dúvidas de que tem vivido o período mais dramático
de sua carreira.
"O que impacta é a agressividade do vírus, que até
então (antes do início da pandemia) era algo inesperado. É uma agressividade
tanto na fase hospitalar como até, em alguns casos, depois da alta",
relata o médico, que atua em hospitais de São Paulo.
Uma das situações que mais impactaram Kalil foi quando
notou, neste ano, a explosão de casos de covid-19 e a gravidade que a doença
passou a ter também entre muitos pacientes mais jovens, que foram parar na UTI
ou até morreram.
"No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na
UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente", diz à
BBC News Brasil.
Ele comenta que o agravamento do quadro entre os mais jovens
é em razão da variante P.1, descoberta em janeiro em Manaus. A maior incidência
entre os mais novos é uma das características associadas à nova variante.
A maioria dos casos registrados em 2021 em São Paulo, por
exemplo, se concentra entre pessoas de 20 a 54 anos. Na Grande São Paulo, dados
do início de março mostraram que 80% dos pacientes haviam sido infectados pela
P.1.
Dados do governo paulista apontam que na primeira onda da
pandemia mais de 80% dos leitos UTIs eram ocupados por idosos e portadores de
doenças crônicas. Agora, 60% das vagas são ocupadas por pessoas de 30 a 50
anos, a maioria sem doença prévia.
Essa variante do coronavírus é mais contagiosa, entre outros
motivos, por causa de mutações que facilitaram a invasão de células humanas. Essa
característica pode estar ligada a duas hipóteses que estão próximas de serem
confirmadas por cientistas: agravamento mais rápido
do quadro de saúde e maior letalidade.
Conforme mostrado em reportagem da BBC News Brasil em 19 de
abril, uma das principais hipóteses para que a nova variante afete duramente os
mais jovens é a busca tardia por atendimento, quando a doença está bastante
agravada, muitas vezes de forma silenciosa.
Um dos principais benefícios da busca por atendimento
antecipado é o uso do oxigênio medicinal, que pode ajudar a evitar um maior
comprometimento dos pulmões. Além disso, o acompanhamento médico logo nos
primeiros sintomas pode evitar maiores complicações em outros órgãos.
Para o cardiologista Roberto Kalil, o cenário da pandemia no
Brasil pode melhorar, aos poucos, com a vacinação. Porém, diante da falta de
prazo para o avanço da imunização, que ainda está na fase dos grupos
prioritários, ele avalia que os trabalhadores na linha de frente ainda devem
enfrentar muito estresse em decorrência da sobrecarga no sistema de saúde.
"Espero que o cenário melhore a cada semana, mas ainda
estamos longe de sair da pandemia', diz Kalil.
A pediatra em estado grave
'Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo
bem', relata especialista
Entre as histórias que acompanhou desde o início da
pandemia, o médico Lucas Antony se recorda do caso de uma pediatra aposentada
que foi internada com a covid-19 em janeiro deste ano.
A idosa, de 85 anos, chegou ao hospital particular, na
capital Rio de Janeiro, com dificuldades respiratórias. "Ela foi internada
e usamos uma máscara de ventilação não-invasiva nela. Mas a paciente não estava
respondendo bem. Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo
bem", diz Antony.
O quadro da aposentada se agravou e ela precisou ser
intubada no dia seguinte à chegada ao hospital. Antony afirma que a situação se
tornou mais difícil por se tratar de uma paciente que era médica e sabia da
gravidade de seu próprio quadro.
"Ela estava falando com a gente com a máscara de
oxigênio e debatendo o caso dela quando informamos que ela precisaria ser
intubada. Em certo momento, ela parou de falar, ficou olhando para frente e
disse que só queria ir para casa", relembra o médico.
Enquanto era intubada, a pediatra reparou em uma enfermeira
que a auxiliou. "Ela perguntou se a enfermeira já havia sido, na infância,
atendida em um determinado serviço médico. A enfermeira disse que não que ela
soubesse, mas a pediatra falou que lembrava dela", relata Antony.
Horas após a pediatra ser intubada, a enfermeira entrou em
contato com a mãe. "A mãe da enfermeira disse que ela levava a filha para
ser atendida naquele serviço (citado pela médica aposentada) na infância.
Então, provavelmente essa pediatra atendeu a enfermeira em algum momento",
conta o médico.
Dois dias após ser intubada, a pediatra aposentada não
resistiu às complicações da covid-19. O médico relata que ficou comovido com o
caso da paciente por ser uma médica que sabia que não resistiria à doença e
pela lembrança que ela teve da enfermeira. "Foi uma história que me
marcou", diz.