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sábado, 20 de abril de 2024

No Dia dos Povos Indígenas: (19/Abril ) Apib cobra ações contra o garimpo no território Munduruku


A incidência faz parte das ações do Abril Indígena e antecede o Acampamento Terra Livre 2024


Apib

No Dia Nacional dos Povos Indígenas (19/04) a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), por meio do seu departamento jurídico, protocolou uma manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual cobra ações contra o garimpo no território Munduruku. O documento foi protocolado pela Apib na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709.

A manifestação faz parte das ações do Abril Indígena e  antecede o Acampamento Terra Livre (ATL) 2024, que ocorrerá entre os dias 22 e 26 de abril em Brasília (DF). No documento a Apib cobra a realização de ações urgentes de comando e controle que busquem conter o garimpo nos territórios tradicionalmente ocupados pelo povo Munduruku.

A organização também pede ao STF que o Ministério da Saúde crie uma política nacional de saúde de pessoas afetadas pelo mercúrio e inclua uma série de contaminação humana por mercúrio no sistema DATASUS, além do protocolo para coleta de dados e alimentação do sistema.

As terras indígenas Munduruku estão entre as cinco terras com maior área de garimpo devastados pela atividade ilegal, conforme estudo do MapBiomas publicado em 2023. Porém, a presença do garimpo ilegal em terras Munduruku não é novidade. Em 2020, a TI Munduruku foi a segunda com maior registro de garimpo no Brasil. No ano seguinte a posição se manteve a mesma, mas com expressivo aumento da área garimpada, que subiu de 1.592 ha, em 20205, para 4.743 ha, em 2021.

“Vamos ao STF informar a situação de calamidade que os povos indígenas Munduruku vem vivenciando em seus territórios. Diversos estudos sinalizam que a contaminação pelo mercúrio tem começado a prejudicar toda saúde dos indígenas quanto da biodiversidade do território, tudo isso devido ao garimpo ilegal que tem operado dentro da terra indígena. Por esse motivo, dentro da manifestação a gente pede que diferentes instâncias do governo brasileiro tomem para si essa situação. O Brasil é signatário da Convenção de Minamata e o Ministério de Relações Exteriores precisa começar a implementar essa convenção e fazer dela uma ferramenta de combate ao garimpo”, afirma Maurício Terena, coordenador jurídico da Apib.

Veja a lista completa de pedidos da Apib:

1. Em regime de urgência, a realização de ações de comando e controle destinadas à contenção da atividade garimpeira nos territórios tradicionalmente ocupados pelo povo Munduruku;

2. Sejam o Ministério da Saúde e, especificamente, a SESAI, instados a se manifestarem sobre os dados aqui apresentados, bem como sobre o estágio de cumprimento das ações previstas no Plano Setorial de Implementação da Convenção de Minamata, particularmente em seu Eixo 4;

3. Manifesta-se o Ministério da Saúde sobre a criação de uma política nacional de saúde de pessoas afetadas pelo mercúrio.

4. O Ministério da Saúde seja instado a apresentar, em prazo razoável, alternativa qualificada – via SINAN ou novo sistema – para a inclusão de dados, incluída a série histórica, de contaminação humana por mercúrio no sistema DATASUS, bem como protocolo para coleta de dados e alimentação do sistema;

5. A determinação de inclusão, pela Secretaria do Meio Ambiente do

Estado do Pará, de dados conhecidos sobre as áreas de risco expostas ou potencialmente expostas a contaminantes químicos, notadamente em territórios indígenas, em razão de mineração, no Sistema de Informação de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado (SISSOLO), do Ministério da Saúde, nos termos do recomendado pelo Ministério Público Federal na Recomendação no 2, de 08 de fevereiro de 2024;

6. Inste o Ministério das Relações Exteriores para que apresente plano de trabalho e qual a metodologia eleita para implementar a convenção de minamata no Brasil.

7. Inste o Ministério do Meio Ambiente para que apresente as medidas que estão sendo adotadas internamente no órgão para recuperar o território munduruku.

20 anos de Acampamento Terra Livre

Cerca de 5 mil indígenas de mais de 200 povos devem ocupar a Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília, no Acampamento Terra Livre 2024. A mobilização ocorre entre os dias 22 e 26 de abril e tem como tema principal “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui!”, uma oposição à tese ao marco temporal.

A tese foi derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF), porém legalizada por meio da lei 14.701/2023, considerada pela Apib como lei do genocídio e aprovada pela bancada anti-indígena do Congresso Nacional.

A programação do ATL, que este ano completa 20 anos de luta e resistência, irá relembrar a trajetória da mobilização e homenagear lideranças históricas do movimento indígena. A saúde mental, a luta das mulheres indígenas e o aldeamento da política brasileira também são temas que devem ser debatidos durante o acampamento.

Fazem parte da programação as marchas “#EmergênciaIndígena: Nossos Direitos não se negociam”, prevista para o dia 23 de abril às 9h. Além da marcha “Nosso marco é ancestral”. Sempre estivemos aqui” no dia 25, às 15h.

“Esse deve ser um dos maiores acampamentos. A expectativa é que o ATL 2024 seja o mais participativo de toda a história, tanto em número de pessoas, quanto de representatividade de povos. É o momento de nos unirmos nas assembleias e debater os próximos caminhos”, diz Kleber Karipuna, coordenador executivo da Apib.

No dia 22 de abril, a partir das 10h, a coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) irá receber a imprensa para uma coletiva sobre o ATL 2024. A coletiva irá ocorrer na tenda do cinema, dentro do Acampamento Terra Livre.

Jornalistas que desejam cobrir a mobilização devem se inscrever por meio do link:

Fonte: Apib



Povos Indígenas 01

Povos Indígenas 02


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terça-feira, 9 de abril de 2024

Moraes vai cair? Rui Costa Pimenta comenta:


Por que o PT não abandona logo Alexandre de Moraes?


Alexandre de Moraes

“O editorial do jornal Globo deixa claro que eles consideram que se o Alexandre de Moraes continuar o que ele vem fazendo é um perigo. Por quê? O Globo diz: ‘A falta de transparência torna impossível avaliar se as leis foram respeitas, e empresta certa credibilidade as acusações de arbítrio contra o supremo, especialmente da extrema-direita’. Quer dizer, as ilegalidades absurdas e flagrantes de Moraes servem de munição para a extrema-direita. A posição do globo é de recuar antes que seja atacada de frente. E as ações do Musk mostraram a fragilidade de Moraes.

O PT e uma parte expressiva da esquerda confiaram no seguinte: apoiar as ilegalidades do Alexandre de Moraes, pois a burguesia apoiava e, portanto daria certo. O problema é que já começou a dar muito errado. A atitude do Elon Musk causa um escândalo no Brasil, gerou uma crise enorme. Se o Twitter ( X ) decidir sair do Brasil é uma catástrofe. O Alexandre de Moraes passou de solução a ser um problema. O que mostra que sempre foi um problema, e, portanto, era a política errada. Tudo isso fortalece a extrema-direita.

O PT não percebeu que o Alexandre de Moraes está pendurado. Ele não tem apoio mais. O único apoio dele é do PT. A esquerda ficou com um mico chamado Alexandre de Moraes. A burguesia usou o STF, se beneficiou (ela, e não a esquerda) e jogou o mico na mão da esquerda. Agora a esquerda tem que defender Moraes quando a direita não vai defender mais. E veja que negativo, o PT fica totalmente identificado com as atitudes anti-democráticas de Alexandre de Moraes.”



 Por que o PT não abandona logo Alexandre de Moraes?
@Ruicpimenta29 responde:

“Para o PT o Alexandre de Moraes não é apenas um inconveniente. O PT armou todo seu jogo em volta do Alexandre de Moraes. Se ele cair vão ter que lutar contra a direita sem as mazelas de Moraes, e eles têm medo disso. Eles querem o judiciário ao lado deles. Esse pessoal que falou um monte contra o bolsonarismo, que tem que prender, sem anistia, etc. Quando estiverem sem o Alexandre de Moraes eles vão se acovardar.”




 Elon Musk


 


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domingo, 7 de abril de 2024

Não importa que é bilionário, Musk está certo, Moraes errado


Para defender Alexandre de Moraes, articulista se esquiva de comentar a gravidade do que revelam os vazamentos das mensagens do antigo Twitter


Alexandre de Moraes / Elon Musk

O artigo “A Constituição não faz exceção para Elon Musk, que deve ser responsabilizado”, publicado no Brasil 247 neste sábado (6), assinado por Jorge Folena, faz uma defesa quase apaixonada de Alexandre de Moraes, que esteve presente no noticiário devido a mensagens vazadas pelo X (antigo Twitter).

Para defender seu ponto de vista, Jorge Folena recorre ao velho argumentum ad hominem, que consiste, no caso, em atacar a imagem de Elon Musk. Vejamos: “Elon Musk, empresário neoliberal de extrema direita, considera-se um quase-deus; sendo assim, acredita estar acima de todos, sendo intocável e não passível de responsabilização, por ser muito rico. Um ser debochado e prepotente e uma das mais tristes expressões do mundo atual, que vive da brutal concentração de renda e superexploração dos seres humanos, que alimenta a desesperança, atiça o ódio e o fascismo”.

Longe de querermos defender Musk, como saber se o magnata se considera isso ou aquilo? E que importância isso teria? As atitudes de quaisquer pessoas devem ser observadas de forma objetiva. É verdade que ele é um dos beneficiários da brutal concentração de renda que impera no mundo. Porém, até onde sabemos, o senhor Alexandre de Moraes, vulgo Xandão, não é nenhum paladino socialista que está aí para nos defender de ricaços malvadões.

Segundo o artigo “O vazamento promovido por Elon Musk, por meio da sua empresa X (antigo Twitter), de documentos relativos ao ministro do STF Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de expor o nome e a imagem do ministro (que poderá tomar as medidas que entender necessárias para defender e proteger a sua honra), constituiu um desrespeito às instituições brasileiras e à soberania do país”. Jorge Folena apenas se ‘esqueceu’ de mencionar que os tais documentos, conforme publicamos (leia a matéria) demonstram que Moraes teria coagido o Twitter a agir fora da lei.

Jorge Folena também não explica como expor Alexandre de Moraes corresponderia a desrespeitar as instituições brasileiras. Moraes é um dos tantos ministros do STF que, dentre outras coisas, votou pela prisão de Lula ainda na segunda instância, e isso a Constituição não permite. Quem desrespeita as instituições?


Defesa da censura

Como Musk é um neoliberal e, portanto, defende “o predomínio do mercado em lugar do controle e da intervenção do Estado na ordem econômica”, Folena apela para “o papel do Poder Público na regulamentação das atividades econômicas”. E isso passaria “pelo território livre da rede mundial de computadores, no Brasil, onde esse debate tem ficado restrito à defesa de uma liberdade de expressão sem freios, em que toda tentativa de impor limites é logo taxada de censura pelos neoliberais”.

Nós defendemos a liberdade de expressão irrestrita, e nem por isso somos neoliberais. A defesa da liberdade de expressão é uma bandeira das mais antigas da esquerda revolucionária. Sem essa liberdade fundamental, nenhuma outra faz sentido. Hoje, por exemplo, mal se pode defender a luta do povo palestino contra a ocupação sionista, uma opinião política como essa é logo taxada de antissemitismo, podendo ser criminalizada e tratada como racismo.

Em nome de se lutar contra as mentiras (fake news) publicadas nas redes sociais, a esquerda pequeno-burguesa tem defendido com unhas e dentes leis que restrinjam a liberdade de expressão. O curioso é que o Congresso bolsonarista, e mesmo a Rede Globo, defendem essa proposta. Não é para menos, pois a censura serve aos interesses das classes dominantes. Todo o tipo de mentiras e notícias falsas saem diariamente na grande imprensa para proteger o Estado genocida de “Israel”. Diariamente publicam notícias falsas sobre o Hamas e a resistência islâmica contra os fascistas, mas os processos judiciais recaem sobre aqueles que defendem aqueles que lutam e estão sendo covardemente assassinados.

Folena alega que “em situações excepcionais, é necessária a intervenção do Poder Público, a fim de evitar qualquer ação tendente à desestabilização da ordem social, política, jurídica e econômica”. No entanto, conforme publicamos “O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teria pressionado pela obtenção de dados privados dos usuários sob a justificativa de ‘circunstâncias excepcionais’ e queria usar o Twitter como uma máquina de previsão de crimes para ‘antecipar atividades ilegais potenciais’”. Um tribunal investigando? Que tipo de democracia é essa na qual uma instituição que deveria julgar faz também o papel de polícia?

Finalizando seu texto, Jorge Folena sustenta que “em resposta a esse verdadeiro ataque ao país, a sociedade deve retomar de imediato o debate e promover com urgência a regulamentação das atividades destas empresas (Big Techs) no Brasil, uma vez que representam um grave risco à segurança nacional e ao interesse coletivo, o que justifica, nos termos da Constituição, a intervenção do Poder Público”.


Xandão é o Brasil?

Por qual motivo a revelação de flagrantes irregularidades cometidas por Alexandre de Moraes representariam um grave risco à segurança nacional? Muito menos devemos acreditar que o STF esteja aí para defender o interesse coletivo.

Jorge Folena confunde a figura de um ministro do STF com o próprio País. Trata-se de um ministro que tem tomado medidas extremamente autoritárias, como ter bloqueado contas do Partido da Causa Operária (PCO) em pleno ano eleitoral.

O que o artigo de Folena tenta fazer é empurrar para baixo do tapete a gravidade do que é exposto nos assim chamados Twitter Files (Arquivos do Twitter). O Estado está pressionando as Redes Sociais para agirem de acordo com determinados interesses. Isso comprova aquilo que temos denunciado sistematicamente: o STF não é uma corte judicial, mas um verdadeiro partido político.

Fonte: PCO - Partido da Causa Operária




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quinta-feira, 14 de março de 2024

Lava Jato e a cooperação controversa com os EUA: o que há por trás do interesse norte-americano


A colaboração secreta e ilegal entre o Departamento de Justiça dos EUA e os procuradores de Curitiba gerou críticas, evidenciando uma possível interferência estrangeira nas investigações da operação Lava Jato.


© Folhapress / Jorge Araúj

Revelações de conversas vazadas do Ministério Público Federal no Paraná, que já são conhecidas pelo público, apontam para uma subordinação a interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos. Dez anos depois, a Sputnik Brasil conversa com especialistas que dão visões acerca dos impactos e interesses por trás do envolvimento dos EUA na operação que sacudiu a Justiça, a política, a economia e a sociedade do Brasil.

Lier Pires Ferreira, pesquisador do Laboratório de Estudos Políticos de Defesa e Segurança Pública (Lepdesp), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e do Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS), da Universidade Federal Fluminense (UFF), trouxe à tona questões controversas sobre a cooperação entre autoridades americanas e brasileiras durante a operação Lava Jato.


"Conversas vazadas do Ministério Público Federal no Paraná revelam que um dos aspectos mais controvertidos da Lava Jato foi sua subordinação a interesses estrangeiros, em particular dos Estados Unidos. Há que se lembrar que, anos antes, no governo [do presidente americano Barack] Obama, a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras haviam sido alvos de espionagem ilegal dos americanos", relembra o especialista.

 

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As discussões se concentram em como essa influência impactou não apenas as dinâmicas políticas e legais internas no Brasil, mas também a economia nacional.

Petrobras, principal alvo da Lava Jato, aceitou pagar uma multa significativa, parte da qual seria destinada a um fundo de combate à corrupção. No entanto, a tentativa dos procuradores de Curitiba de gerir esse fundo foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ação teve consequências devastadoras para grandes empresas brasileiras, como Petrobras, Odebrecht e JBS, resultando na perda de valor patrimonial e de fatias de mercado e desemprego em massa.


Arquitetura jurídica montada pelos EUA


À Sputnik Brasil, Fábio de Sá e Silva, autor de estudos sobre a Lava Jato, pesquisador e doutor em direito, política e sociedade da Universidade Northeastern (EUA), e professor associado de estudos internacionais e professor Wick Cary de estudos brasileiros na Universidade de Oklahoma (EUA), relembra que muitas das opiniões e inferências acerca da influência dos EUA na operação foram tratadas como teoria da conspiração, mas que houve de fato uma ingerência por parte do governo norte-americano.


"O que é um fato  e muito bem documentado  é que os EUA construíram toda uma arquitetura jurídica de combate à corrupção no mundo alinhada com os interesses nacionais, e a Lava Jato se deu um pouco a partir dessa arquitetura. […] De certa forma, os americanos fazem o que é bom para eles. O que me interessa questionar é por que os brasileiros — procuradores, juízes, veículos de imprensa  fizeram o que fizeram na Lava Jato, cujas consequências para a economia, o direito, a política e o próprio combate à corrupção no país são terríveis", indaga Silva.

 

Questionado sobre o interesse dos EUA na operação, Lier Pires destaca que, para além de intenções jurídicas e políticas, era um interesse de impacto que ajudava financeiramente o governo norte-americano.


"O interesse dos EUA direcionava-se prioritariamente à Petrobras, cujos desvios de conduta impactavam investidores norte-americanos, já que as ações da petrolífera brasileira eram negociadas em bolsas americanas. Não por outro motivo, em 2018 a Petrobras aceitou pagar uma multa superior a US$ 800 milhões [aproximadamente R$ 4 bilhões de reais]. Como se sabe, cerca de 80% desse dinheiro retornaria ao Brasil. Os procuradores de Curitiba pleiteavam a gestão dessa verba, que seria destinada a um fundo de combate à corrupção. Quase tiveram êxito. Todavia a manobra foi abortada pelo STF", comenta Ferreira à Sputnik Brasil.

 

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'Ninguém é inocente'


O especialista destaca ainda que a interferência dos EUA na Lava Jato revela a importância de Washington na política brasileira. Além disso, ressalta a falta de visão estratégica das autoridades judiciais brasileiras, criticando a abordagem que prejudicou empresas em vez de focar mais as pessoas físicas envolvidas.


"O fato que me parece mais relevante é que a influência dos EUA na Lava Jato revela primeiramente a importância de Washington na vida política brasileira, como já denunciava estridentemente o ex-governador Leonel Brizola. […] Ela traz à tona a total falta de visão estratégica das autoridades judiciais brasileiras, míopes em aspectos básicos do geodireito e do constitucionalismo estratégico. […] O fato é que as punições devem pesar mais sobre as pessoas físicas do que sobre as empresas", avalia.

 

Para Rafael Ioris, professor de história moderna da América Latina na Universidade de Denver (EUA), existia uma combinação realizada entre os agentes brasileiros e norte-americanos. Segundo ele, "ninguém é inocente".


"Os atores do governo dos Estados Unidos, especialmente o Departamento de Justiça, tinham uma narrativa e perspectiva de que a corrupção era um grande problema na América Latina e já haviam criado treinamentos, cartilha de como combater a corrupção na América Latina. […] Havia um interesse [dos EUA] na operação. […] Ninguém é inocente. Um começou a ajudar o outro [Brasil e EUA]", crava.


A queda de uma farsa


Rafael Ioris continua destacando que embora a grande mídia norte-americana legitimasse o que a mídia brasileira veiculava, com o tempo essa narrativa começou a ser descontruída. Afinal, as coberturas tanto brasileira quanto norte-americana tinham o objetivo de disseminar que a corrupção era o problema principal da América Latina.


"Aos poucos, especialmente depois da eleição do [Jair] Bolsonaro, muita gente começou a perceber que havia uma conexão entre o discurso antiestablishment, antipolítica que resultou na eleição de Bolsonaro […]. Houve uma certa preocupação com o resultado […] e houve uma percepção de que precisávamos [o Brasil] investigar mais um pouco [a Lava Jato]. […] foi um processo com grandes danos para a economia brasileira", arremata.


A 'corrupção sistêmica' e o interesse por trás


À Sputnik Brasil, Larissa Liz Odreski Ramina, professora de direito internacional público da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora de iniciação científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da mesma instituição, ressalta que houve uma sistematização do que consideraram, à época, corrupção sistêmica, fazendo uso seletivo.


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"Utiliza-se desse discurso da corrupção sistêmica de forma seletiva para atacar apenas governos, forças políticas e líderes do chamado progressismo latino-americano. Ou seja, aqueles que se opõem aos ajustes neoliberais ditados pelo Fundo Monetário Internacional. […] A guerra jurídica foi utilizada contra todos os modelos alternativos às políticas neoliberais, e essa narrativa da corrupção sistêmica teve o efeito de considerar a corrupção como um crime transnacional, […] da mesma forma que o tráfico de drogas e o terrorismo internacional são considerados — em uma perspectiva militar — como ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos", evidencia.

 

Para o pesquisador Lier Pires Ferreira, há aspectos legais na cooperação judiciária entre EUA e Brasil que não podem ser ignorados.


"Algo diverso ocorre nas ações interventivas, ainda que não tenham caráter direto, isto é, político ou militar. Essas ações são ao mesmo tempo ilegais e ilegítimas, pois ferem a soberania nacional. A submissão brasileira aos interesses norte-americanos no contexto da Lava Jato não apenas apequenou o Brasil, mas feriu sua soberania e imagem perante o conjunto das nações. Além disso, como já dito, teve um imenso custo econômico, muito superior aos recursos financeiros que conseguiu repatriar. A Lava Jato é um exemplo de que um país soberano jamais deve prostrar-se aos interesses estrangeiros, ainda que travestidos de nobres ideais", reforça Pires.

 

O professor Fábio de Sá pontua que essas tais formas importadas pela Lava Jato sequer são dominantes no direito americano.


"Por exemplo, [o então juiz Sergio] Moro condenou Lula utilizando decisões de tribunais federais americanos que diziam que não é preciso ato de ofício para configurar corrupção. Mas essa não é a 'lei da terra' nos EUA; a Suprema Corte decidiu, em 2016, que para se punir alguém por corrupção é preciso identificar com clareza um ato de ofício correspondente […]. Então o que vejo em tudo isso é um apelo aos EUA que serve para legitimar abusos, o recurso aos EUA como fonte de legitimação simbólica — o que funciona bem em um país com elites e imprensa que padecem do complexo de vira-latas", afirma o professor.

 

Lava Jato, 10 anos: da midiatização
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Fonte: Sputnik Brasil


 

 

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Frota: facada foi armada e tem Carlos Bolsonaro por trás de tudo


Deputado diz que, após assistir ao documentário "Bolsonaro e Adélio – uma fakeada no coração do Brasil", que desmonta a farsa sobre a "facada de Juiz de Fora", do jornalista Joaquim de Carvalho, não tem dúvidas de que Carlos Bolsonaro “está por trás de tudo”


Alexandre Frota, Bolsonaro levando facada e Carlos Bolsonaro (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados | Eduardo Barreto/CMRJ | Reprodução)

 
247 - O deputado Alexandre Frota declarou em suas redes sociais nesta terça-feira (14) que, após assistir ao documentário documentário "Bolsonaro e Adélio – uma fakeada no coração do Brasil", que desmonta a farsa sobre a "facada de Juiz de Fora", do jornalista Joaquim de Carvalho, não tem dúvidas de que Carlos Bolsonaro “está por trás de tudo” .

"Sim, isso foi armado e tem o Carlos Bolsonaro por trás de tudo . Assistam ao documentário. Minha parte foi feita, mas não vou ficar ligando para deputado (a) pedindo assinatura. O caminho está aberto se quiserem caminhar vamos juntos”, disse Frota. 



 Frota se refere ao pedido de abertura de CPI que ele protocolou nesta segunda-feira, para investigar a ligação do clã com a facada. 

Carlos Bolsonaro, que é um dos investigados no inquérito sobre fake news conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, reagiu ao documentário. 

“Teremos inquéritos ou algo na linha que qualquer um tem visto?”, questionou em seu twitter, insinuando que o documentário do repórter investigativo Joaquim de Carvalho contenha fake news.


TV 247

Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil

O episódio em Juiz de Fora que decidiu a eleição em 2018 ainda tem muitas lacunas, mentiras e uma versão oficial que só interessa a Bolsonaro, não ao país. Carlos Bolsonaro precisa ser investigado. É o que o repórter investigativo Joaquim de Carvalho conta neste documentário.

Assista ao VÍDEO


Veja mais detalhes no Twitter


 

 

 

sábado, 11 de setembro de 2021

Mulheres indígenas fazem ato em Brasília contra 'marco temporal'

 

De acordo com os organizadores, o grupo é formado por mulheres indígenas de 172 povos de diversas regiões do país


Fotos de Hugo Barreto para o Metrópoles

247 - Mulheres indígenas foram a Brasília (DF) fazer uma marcha, na manhã desta sexta-feira (10), para pedir por "mais direitos" aos povos originários e protestar contra o chamado "marco temporal", em julgamento no no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os organizadores, o grupo é formado por mulheres indígenas de 172 povos de diversas regiões do país.

O grupo deixou a sede do acampamento, na Funarte, às 9h, e saiu em marcha pelo Eixo Monumental e pela via W3 Sul, que foi interditada pela Polícia Militar por causa do ato, segundo o portal G1

O ato estava previsto para ocorrer nesta quinta-feira, mas a marcha foi adiada em consequência das manifestações golpistas que vinham acontecendo na Esplanada dos Ministérios desde o dia 7 de setembro.

Um dos projetos do Marco Temporal é o PL nº490/2007. Segundo a proposta, os índios só podem fazer reivindicação da demarcação de terras que eles já tinham ocupado até a promulgação da Constituição de 1988, em 5 de outubro.

Outra proposta, o PL nº191/2020, libera a exploração das terras indígenas por projetos de infraestrutura e mineração. O PL nº 3.729/2004, flexibiliza o licenciamento ambiental de obras e empreendimentos.

O PL nº 510/2021 permite a legalização de terras públicas invadidas até 2014 e a titulação de áreas consideradas latifúndios. Também anistia o crime de invasão de terra pública para quem ocupou entre o final de 2011 e 2014. Por meio do PL nº 4843/2019, a iniciativa privada pode ter a apropriação de terras destinadas à reforma agrária e a titulação de áreas consideradas latifúndios.


Mídia NINJA

A Luta histórica das Mulheres Indígenas em Brasília

Assista ao VÍDEO



No Twitter



 

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

“Agronegócio convocou bloqueios”, afirmam líderes caminhoneiros


“O caminhoneiro autônomo não está participando. Nada dessa pauta nos interessa. Quem está parado é do agronegócio”, disse o presidente do Sinditac-GO


Foto: Redes Sociais

O presidente do Sinditac-GO (Sindicatos dos Transportadores Autônomos de Carga de Goiás), Vantuir Rodrigues, afirmou que as paralisações de caminhoneiros desta quarta-feira (8) não são lideradas pelos líderes da categoria, mas sim pelo agronegócio.

“O caminhoneiro autônomo não está participando. Nada dessa pauta nos interessa. Quem está parado é do agronegócio. O agronegócio que quer destituir o STF, que está fazendo uma manifestação pró-governo. Só que estão usando a categoria como bode expiatório”, disse Vantuir.

De acordo com ele, poucos dos caminhoneiros que estão parados na Esplanada dos Ministérios e em rodovias de 16 Estados brasileiros são motoristas autônomos. “O resto é celetista, tem carteira assinada e o patrão manda ir para Brasília, mas dizem que são autônomos para livrar o agronegócio.”

Ao Metrópoles, Vantuir afirmou que os participantes do ato são celetistas e ligados a grandes empresas. “Os caminhoneiros estão participando na marra. Eles são vinculados a grandes empresas, celetistas, não são os autônomos. Se tiver um ou outro autônomo, é porque eles pagaram.”

Um dos representantes do movimento GBN (Galera da Boleia da Normatização Pró-Caminhoneiro), Joelmes Correia, disse ainda que “o chamado veio do agronegócio. Os fazendeiros, plantadores de soja e milho são proprietários de uma grande frota de caminhões e os caminhoneiros que prestam serviço a esse pessoal têm uma situação financeira melhor, acreditam nessas pautas e acabaram aderindo”.


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Com informações do Poder 360 e do Metrópoles

Fonte: Revista Fórum


Brasil de Fato

VERDADES SOBRE AGRONEGOCIO - 20 de out. de 2017

Assista ao VÍDEO



No Twitter



 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

VÍDEO – Jornal Nacional detona Bolsonaro: “ataques à Constituição e ao STF”


Após manifestações golpistas, o Jornal Nacional, da Globo, detonou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após discurso e ataques à democracia.


Foto: Reprodução

Durante pronunciamento na Avenida Paulista (SP), o presidente voltou a atacar STF. Ele declarou que não respeitará “qualquer decisão” do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro também xingou o magistrado de “canalha” e pediu sua saída diante de milhares de apoiadores.


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1- Daniel Alves usa slogan de Bolsonaro para comemorar Independência e é detonado na web

2- Adnet critica bolsonaristas por festejarem participação de Queiroz nos atos golpistas


Jornal Nacional

O “Jornal Nacional” foi direto ao ponto. “O desrespeito à democracia com as cores da nossa bandeira. Em diversas brasileiras, bolsonaristas insuflados pelo presidente da República usam o verde e amarelo, mas atacam pilares da Constituição. Em tom golpista o presidente discursa em Brasília e em São Paulo. Diz que respeita a Constituição, mas na mesma frase volta a ameaçar o STF.”

Confira abaixo:


 

Fonte: DCM


Muito Além do BATV

"Jornal Nacional" da Rede Globo (07/09/2021)

Assista ao VÍDEO


terça-feira, 7 de setembro de 2021

Investigado, Queiroz vai a manifestação bolsonarista no Rio


Fabrício é ex-assessor de Flávio Bolsonaro; Ministério Público o acusa de ser o operador do esquema criminoso de 'rachadinhas'


Reprodução/redes sociais: Queiroz vai a manifestação bolsonarista em Copacabana

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, participou do ato bolsonarista que ocorreu nesta terça-feira (07) em Copacabana, no Rio de Janeiro . Nas rede sociais, o ex-policial compartilhou imagens usando uma camisa do Brasil ao lado de seu filho.

Enquanto esteve na orla, foi tietado por apoiadores do governo federal que pediram por fotos e registros do encontro com o Fabrício - apontado pelo Ministério Público como operador de um esquema de desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.


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Junto ao bolsonarista estava o deputado federal Otoni de Paula (PSL-RJ) - que recentemente foi alvo de buscas expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), investigado por incitar atos violentos e antidemocráticos.

Fonte: Portal iG


Moderador Net

"Patriotas" Bolsonaritas abraçam e festejam 7 de Setembro com o Miliciano bandido Queiroz. Típico!

Assista ao VÍDEO


No Twitter


 

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Robôs de Bolsonaro aumentam ações no Twitter antes do 7 de setembro


Bots são usados para disseminar notícias e fake news nas redes sociais



Os “Robôs de Bolsonaro” voltam ao centro das atenções na véspera dos atos antidemocráticos de 7 de setembro a favor do presidente. As manifestações em defesa de Jair Bolsonaro foram impulsionadas por perfis com alta chance de serem “bots”.

Para afirmar a possibilidade dos bots estarem auxiliando Bolsonaro, dois relatórios produzidos pelo Pegabot, projeto desenvolvido pelo ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), indicam o uso contínuo dessa ferramenta para impulsionar os protestos antidemocráticos, o que vai contra as regras do Twitter.

Há também informações que revelam o número de bots publicando hashtags em apoio às manifestações com crescimento exponencial de 14% conforme a data dos protestos se aproximava.

Perfis automatizados defenderam as manifestações do dia 7 publicando 81 mil posts sobre esse tema, o que representa 23% de todo o conteúdo analisado pelo Pegabot nesse período. Isso dá cerca de um a cada quatro tweets. Foi identificado também que, em 78,3% dos casos, o tuíte era um compartilhamento, conhecido como RT no Twitter, feito por outra pessoa ou bot.

Os bots estão compartilhando tanto notícias quanto fake news, instigando os bolsonaristas a darem RT sem distinção do que é realidade e do que falso.

“A existência de contas automatizadas não significa que não exista um movimento orgânico de apoio a essa hashtag. Mas as contas automatizadas, pelo movimento coordenado de postar repetidamente milhares de mensagens, fazem com que a rede seja mergulhada nesse tema, incentivando o movimento orgânico”, explica Thayane Guimarães, pesquisadora em Democracia e Tecnologia do ITS Rio.

“Os bots dão a fagulha e mantêm a energia para a roda girar.”

Assuntos mais comentados no Twiter na véspera do atos de 7 de setembro

Estão entre os assuntos mais comentados no Twitter cinco temas em prol do bolsonarismo neste momento:

Em quarto lugar está #quemmandoumatarbolsonaro com número total de tweets oculto

Em nono está #CarecaFDP em referência ao ministro do STF, Alexandre de Moraes com mais de 21 mil tweets

Em 10° está #Dia07vaiserGIGANTESCO, em convocação aos atos antidemocráticos, com mais de 38 mil tweets

Em 15° está Alexandre de Moraes com mais de 60 mil tweets, sendo os mais recentes com críticas e xingamentos ao ministro

24° está Gestapo, comparando o STF a polícia secreta do nazismo

Metodologia de estudo

Os relatórios do Pegabot analisaram mais de 508 mil posts publicados no Twitter que mencionaram ao menos uma das seguintes hashtags:

#Dia07VaiSerGigante

#Dia7VaiSerGigante

#Dia07VaiSerMaior

#Dia7VaiSerMaior

Foram verificados 29 mil perfis no primeiro levantamento e 48,5 mil, no segundo. 

Essas informações servem como base para que o Pegabot classifique as contas usando quatro critérios:

 Temporal, usuário, rede e sentimento. Tais elementos indicam a probabilidade de comportamento automatizado de uma conta, dentro de uma pontuação de 0 a 100.

Em nota, o Twitter fez um pronunciamento sobre o tema: “não teve acesso ao levantamento e tampouco teve tempo de investigar o assunto de forma apropriada”, e, portanto, não iria comentar. “Ainda assim, nosso time está analisando as conversas em torno das hashtags e, caso encontremos alguma conta em violação às regras, tomaremos as medidas cabíveis”.

Fonte: Revista Fórum


No Twitter


 

 

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Rachadinha e Rachadões


O cerco vai se fechando aos poucos sobre a família Bolsonaro. Alguns desconfiam que a ameaça de golpe e a busca por reeleição seria um subterfúgio do capitão para não ser preso ao sair do Planalto - Ueslei Marcelino


 Brasil de Fato

Olá! Às vésperas do 7 de setembro e da hora de colocarem as cartas e algemas na mesa, a história de amor entre o capitão e o mercado vive um momento de turbulências.


.Filhos da contravenção. O cerco vai se fechando aos poucos sobre a família Bolsonaro. Alguns desconfiam que a ameaça de golpe e a busca por reeleição seria um subterfúgio do capitão para não ser preso assim que deixar o Planalto. Especialmente porque ele segue produzindo provas contra si mesmo. A PGR investiga reuniões preparatórias para o dia 7 de setembro em que participaram membros do governo e lideranças que reivindicaram o fechamento do STF em atos anteriores. Mas se a hipótese de Bolsonaro ir fazer companhia para Roberto Jefferson ainda parece distante, o mesmo não vale para seus filhos. Carluxo está na mira do Ministério Público do Rio de Janeiro por seus rolos na Câmara de Vereadores e teve o sigilo bancário quebrado, juntamente com o de sete empresas ligadas a ele e da ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, que na época tinha seis parentes empregados no gabinete do enteado. Além disso, nesta quinta (02), um ex-empregado de Ana Cristina denunciou que entregou para a família 80% de tudo o que recebeu como assessor de Flávio na Assembleia do Rio por quase quatro anos, cerca de R$ 340 mil. Já o mais novo dos metralhas, Jair Renan, aparece envolvido com Marconny  Faria, o lobista foragido ligado à Precisa Medicamentos e que está sendo investigado pela CPI da Covid. Na mesma rede de contatos encontra-se a advogada da família Bolsonaro, Karina Kufa, que teria organizado um jantar para apresentar Marconny a Ricardo Santana, uma espécie de consultor informal do Ministério da Saúde. Ou seja, a Comissão começou a desenrolar um fio que pode implicar diretamente a família Bolsonaro no esquema de superfaturamento e compra ilegal de vacinas da Precisa Medicamentos. E os gordos rendimentos do deputado governista Ricardo Barros também levantaram suspeitas do Coaf e foram parar na CPI. Com tudo isso e mais a incrível história de um motoboy vinculado à VTCLog, que fazia saques milionários no banco e visitava com frequência o Ministério da Saúde, a CPI, que já se encaminhava para o fim, ganhou sobrevida e deve durar até meados de outubro.


.Sofrência. Em 2018, não foi uma escolha difícil para o mercado embarcar, ainda no primeiro turno, na candidatura Bolsonaro. E, ano passado, enquanto Jair passeava a cavalo na frente do Planalto ou tratava a pandemia como gripezinha, não se ouvia nada na Faria Lima. Ao contrário. Abílio Diniz, os donos do Madeiro, SmartFit e outros se somaram à ideia de derrubar logo as restrições sanitárias. Nunca foi a democracia, nem a pandemia. Mas algo se quebrou em 2021 entre Bolsonaro e o topo do PIB. Como resume Vinicius Torres Freire, o descontentamento que gerou o polêmico manifesto empresarial tem a ver com a administração incompetente, o risco do “fura teto” e a incapacidade de entregar as reformas liberais. E, acrescenta Thomas Traumann, há um fastio do setor empresarial com a instabilidade política provocada por Bolsonaro e a impressão de que este governo “não tem mais nada a entregar” e só se concentra na própria reeleição. A operação capitaneada por Arthur Lira para fazer água no manifesto foi bem sucedida, entre outras coisas, porque não há unidade entre os empresários, nem desejo real de desembarcar do governo, como alerta o economista Guilherme Mello. É o que se vê no caso do agronegócio, em que uma associação lançou seu manifesto solo, enquanto as outras financiam os atos bolsonaristas de 7 de setembro. Mas há fissuras e descontentamento, em especial nos setores mais financeirizados e internacionalizados que veem o investimento externo fugindo de Bolsonaro e do Brasil. O movimento anima João Dória, já que o manifesto é sinal de que o mercado prefere uma “terceira via” ao capitão, mas o recuo também significa que se a alternativa não for competitiva, o mercado prefere ficar onde está do que apostar em Lula.


.Faria Losers. O único consenso neste país polarizado é de que a economia naufraga. Segundo o Instituto Quaest, a preocupação com a economia cresceu na mesma proporção em que diminuiu com a pandemia. Não é à toa: o desemprego atinge 14,4 milhões de pessoas e a renda caiu 6,6%. Mesmo com a vacinação avançando, a combinação de inflação e desemprego derruba o consumo, e portanto, a indústria e o comércio. E se depender do governo, não haverá políticas públicas para sair do buraco: o propagado substituto do Bolsa Família não tem orçamento para 2022, o programa de habitação não saiu do papel e o salário mínimo, corroído pela inflação, não terá aumento real. O coração dividido do empresariado em relação ao governo se explica pelos juros altos, aumento do preço da energia e instabilidade política. Soma-se a isso a decepção do setor financeiro com o PIBinho de Paulo Guedes no segundo trimestre, que caiu -0,1% em relação ao período anterior. Mesmo com um discurso preconceituoso, típico das elites nacionais, o ex-superministro é criticado inclusive por economistas liberais como Delfim Netto. O próprio Guedes sabe que sua relevância agora depende não das reformas, mas de trabalhar para a reeleição do chefe. Daí, a proposta de reforma do Imposto de Renda que pretendia injetar diretamente R$ 22 bilhões no bolso da classe média em ano eleitoral, antes de ser aprovada com alíquota menor na Câmara. Porém, com o sepultamento da minirreforma trabalhista no Senado, Rodrigo Pacheco mandou, ao mesmo tempo, um recado para Arthur Lira e outro para o mercado: Guedes não manda em nada e o governo aqui é fraco.


.A camisa surrada do Neymar. Sem resultados econômicos para apresentar, com popularidade em queda e o empresariado inquieto, Bolsonaro vê três finais alternativos para seu futuro distópico: prisão, morte ou vitória. Sua única alternativa é preparar-se para a guerra, provando que ainda tem uma legião de fiéis dispostos a sair às ruas, mobilizada nas redes com o uso de robôs e fake news. Compreende-se, pois, porque ele vetou os artigos sobre crime contra as eleições  e comunicação enganosa em massa previstos na matéria que revogou a Lei de Segurança Nacional. Mas, faltando poucos dias para o 7 de setembro, ainda não se sabe exatamente o que esperar. Depois da radicalização inicial, a temperatura baixou, reduzindo as possibilidades de “quebra da ordem pública”, segundo os serviços de inteligência. A adesão dos policiais militares agora parece menor do que a imaginada inicialmente. Os generais, por sua vez, não estariam muito interessados em participar de uma aventura golpista, na avaliação de Vicente Nunes. A mesma opinião parece ter o governo estadunidense, que não vê golpe militar no horizonte, mas acompanha a crise brasileira com preocupação. Mesmo assim, Ayrton Centeno alerta que não se pode esperar boa coisa. Para além do discurso raivoso, os números preocupam. Afinal, mesmo que apenas 7% do eleitorado de Bolsonaro saia às ruas, conforme indica a pesquisa Quaest, já seria um “mundaréu” de 10 milhões de pessoas capazes de superar os atos contra Dilma em 2015 e 2016, observa Thomas Traumann. Já do lado da esquerda o cenário é de divisão entre aqueles que defendem uma resposta imediata à convocatória bolsonarista e os que consideram que os atos serão uma armadilha do inimigo. O tradicional “grito dos excluídos” deve ocorrer em grande parte do país, mas não promete ser massivo.

 

.Terra Brasilis. O acampamento dos povos indígenas em Brasília já dura mais de uma semana e não tem data para acabar. Mais uma vez a decisão do STF sobre o marco temporal foi adiada e deve ser retomada na próxima quarta-feira (8). O cenário aumenta os riscos de um embate no dia 7 de setembro, quando grupos bolsonaristas farão manifestação em Brasília. Bolsonaro tem utilizado o tema para inflar seus seguidores, inclusive os militares, a exemplo do general Augusto Heleno, para quem as reservas indígenas ameaçam a integridade do território nacional. A atitude dos militares justifica o desabafo de Valdelice Veron, liderança Guarani Kaiowá que está acampada em frente ao STF: “Somos vistos como estrangeiros no nosso próprio país”. Mas mais do que preocupação com a integridade territorial, os militares agem como força de sustentação dos interesses da mineração e do agronegócio. De 1985 até 2020, a área de exploração de minérios no Brasil cresceu seis vezes e a atividade ilegal ganhou maior impulso depois da crise mundial de 2008, quando se intensificou a busca por recursos estratégicos nos países periféricos. Assim, na última década, o garimpo em terras indígenas aumentou quase cinco vezes. O agronegócio é outro interessado no tema. Mesmo que o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) diga em tv aberta que o setor “não precisa invadir terra indígena para crescer”, os representantes Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) desmentem seu colega ao posicionaram-se contra a revisão do marco temporal. A discussão é fundamental para a sobrevivência dos povos indígenas, mas os interesses e pressões são enormes. Bolsonaro já escolheu seu lado. Aguardemos para ver qual será o lado do STF.

 

.Ponto Final: nossas recomendações.

.Faltam só 66. A Piauí foi até Manaus, um dos cenários da tragédia da pandemia, para acompanhar a volta às aulas presenciais na Escola Paulo Freire.

 

.A máquina de vendas que financia Olavo e a extrema direita. Quem são os integrantes e como funciona a Cedet, empresa que alavanca o olavismo.


.Quem é o homem que conecta a extrema-direita alemã com evangélicos brasileiros. A Agência Pública revela a agenda de Waldemar Herdt com políticos e neopentecostais brasileiros.

 

.A nova década perdida. O PIB brasileiro hoje é menor do que era em 2014. Na Jacobin, Edemilson Paraná explica porque tivemos mais uma década sem crescimento econômico no país.

 

.A força da Primavera Grega – e o que faltouOutras Palavras traduz artigo de Stathis Kouvelakis que analisa porque emergiu a revolta grega e como ela foi derrotada.

 

.Mostra de cinema chinês 5º Intercâmbio Brasil China 2021. No YouTube neste mês, produções chinesas entre 1937 e 1964 estão disponíveis gratuitamente para o público.

 

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Ponto é editado por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.

Edição: Vivian Virissimo

Fonte: Brasil de Fato


Allan dos Panos

A FAMÍLIA SINFOROSO É LIMPA

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