Prazo dado pelo ministro do Supremo para nomeação de
representante venceu pouco depois das 20h desta quinta
Rede social pertencente a Elon Musk seguia no ar até 20h30
desta quinta-feira - AFP
Minutos após o fim do prazo dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para
indicação de representante legal no Brasil da rede social X (antigo Twitter), o
empresário Elon Musk decidiu, mais uma vez, dobrar a aposta e se negou a
cumprir a determinação.
Em postagem na página Global Government Affairs (ou
"Assuntos Governamentais Globais", em tradução livre) na noite desta
quinta-feira (29), o X afirmou que espera que o ministro ordene o
bloqueio da rede no país em breve "simplesmente porque não cumprimos
suas ordens ilegais para censurar seus opositores políticos".
Deixando claro que não mencionaria um novo representante, a
mensagem prossegue com acusações sobre supostas ordens "ilegais" que
teriam sido dadas por Moraes. O texto chega a dizer que o ministro exige que a
rede viole leis do Brasil – sem deixar claro que leis seriam essas.
A nota, que não leva a assinatura de Musk, ataca ainda os
demais ministros do STF ao dizer que "Os colegas do Ministro
Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal estão ou impossibilitados de ou
não querem enfrentá-lo".
Há, ainda, uma promessa de que "nos próximos dias"
serão publicadas "todas as exigências ilegais do Ministro e todos os
documentos judiciais relacionados, para fins de transparência", além de
defesas vazias da "liberdade de expressão".
Soon, we expect Judge Alexandre de Moraes will order X to be shut down in Brazil – simply because we would not comply with his illegal orders to censor his political opponents. These enemies include a duly elected Senator and a 16-year-old girl, among others.
When we attempted…
— Global Government Affairs (@GlobalAffairs) August 29, 2024
Rede seguia no ar
A mensagem postada pela conta de assuntos governamentais
aconteceu horas depois de Elon Musk, em seu perfil pessoal, postar ofensas contra
Alexandre de Moraes, o Supremo e o governo brasileiro.
Durante o dia, ele chegou a afirmar que o ministro era um
"tirano", e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era seu
"cãozinho".
O prazo dado pelo Supremo para que a rede social indicasse
representante legal no país venceu pontualmente às 20h07 desta quinta-feira.
Por volta das 20h45, porém, a rede seguia operando no país.
A ordem para indicação de novo representante aconteceu
depois que, em 17 de agosto, Musk fechou escritórios e demitiu seus
funcionários em território brasileiro alegando censura. Com fortuna estimada em
US$ 250 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão), Musk costuma apoiar políticos de extrema direita, como Donald
Trump nos EUA.
Recentemente vem crescendo a pressão para responsabilizar Musk por
interferir na política de vários países. O sul-africano de cidadania
estadunidense já sugeriu um golpe de Estado na Bolívia, foi acusado de
interferir nas eleições presidenciais de 2024 na Venezuela e disse que uma
guerra civil no Reino Unido seria inevitável.
Por que o PT não abandona logo Alexandre de Moraes?
Alexandre de Moraes
“O editorial do jornal Globo deixa claro que eles consideram
que se o Alexandre de Moraes continuar o que ele vem fazendo é um perigo. Por
quê? O Globo diz: ‘A falta de transparência torna impossível avaliar se as leis
foram respeitas, e empresta certa credibilidade as acusações de arbítrio contra
o supremo, especialmente da extrema-direita’. Quer dizer, as ilegalidades
absurdas e flagrantes de Moraes servem de munição para a extrema-direita. A
posição do globo é de recuar antes que seja atacada de frente. E as ações do
Musk mostraram a fragilidade de Moraes.
O PT e uma parte expressiva da esquerda confiaram no
seguinte: apoiar as ilegalidades do Alexandre de Moraes, pois a burguesia
apoiava e, portanto daria certo. O problema é que já começou a dar muito
errado. A atitude do Elon Musk causa um escândalo no Brasil, gerou uma crise
enorme. Se o Twitter ( X ) decidir sair do Brasil é uma catástrofe. O Alexandre de
Moraes passou de solução a ser um problema. O que mostra que sempre foi um problema,
e, portanto, era a política errada. Tudo isso fortalece a extrema-direita.
O PT não percebeu que o Alexandre de Moraes está pendurado.
Ele não tem apoio mais. O único apoio dele é do PT. A esquerda ficou com um
mico chamado Alexandre de Moraes. A burguesia usou o STF, se beneficiou (ela, e
não a esquerda) e jogou o mico na mão da esquerda. Agora a esquerda tem que
defender Moraes quando a direita não vai defender mais. E veja que negativo, o
PT fica totalmente identificado com as atitudes anti-democráticas de Alexandre
de Moraes.”
Moraes vai cair? Rui Costa Pimenta comenta:
“O editorial do jornal Globo deixa claro que eles consideram que se o Alexandre de Moraes continuar o que ele vem fazendo é um perigo. Por quê? O Globo diz: ‘A falta de transparência torna impossível avaliar se as leis foram respeitas,… pic.twitter.com/XbgJwYxL8h
— PCO - Partido da Causa Operária (@PCO29) April 9, 2024
Por que o PT não abandona logo Alexandre de Moraes? @Ruicpimenta29
responde:
“Para o PT o Alexandre de Moraes não é apenas um
inconveniente. O PT armou todo seu jogo em volta do Alexandre de Moraes. Se ele
cair vão ter que lutar contra a direita sem as mazelas de Moraes, e eles têm
medo disso. Eles querem o judiciário ao lado deles. Esse pessoal que falou um
monte contra o bolsonarismo, que tem que prender, sem anistia, etc. Quando
estiverem sem o Alexandre de Moraes eles vão se acovardar.”
Por que o PT não abandona logo Alexandre de Moraes? @Ruicpimenta29 responde:
“Para o PT o Alexandre de Moraes não é apenas um inconveniente. O PT armou todo seu jogo em volta do Alexandre de Moraes. Se ele cair vão ter que lutar contra a direita sem as mazelas de Moraes, e eles… pic.twitter.com/8BWAE9EJ0Z
— PCO - Partido da Causa Operária (@PCO29) April 9, 2024
É o momento do “fora Alexandre de Moraes”! Rui Comenta:
“Acho que não é o correto, pois não é só o Alexandre de Moraes o problema. Nossa luta deve ser contra o STF. Não deve existir uma corte constitucional. Esses juízes acabam sendo mais poderosos do que o poder executivo e o…
— PCO - Partido da Causa Operária (@PCO29) April 9, 2024
Elon Musk
How did @Alexandre de Moraes become the dictator of Brazil? He has Lula on a leash 😂
Para defender Alexandre de Moraes, articulista se esquiva de
comentar a gravidade do que revelam os vazamentos das mensagens do antigo
Twitter
Alexandre de Moraes / Elon Musk
O artigo “A Constituição não faz exceção para Elon Musk, que
deve ser responsabilizado”, publicado no Brasil 247 neste
sábado (6), assinado por Jorge Folena, faz uma defesa quase apaixonada de
Alexandre de Moraes, que esteve presente no noticiário devido a mensagens
vazadas pelo X (antigo Twitter).
Para defender seu ponto de vista, Jorge Folena recorre ao
velho argumentum ad hominem, que consiste, no caso, em atacar a
imagem de Elon Musk. Vejamos: “Elon Musk, empresário neoliberal de
extrema direita, considera-se um quase-deus; sendo assim, acredita estar acima
de todos, sendo intocável e não passível de responsabilização, por ser muito
rico. Um ser debochado e prepotente e uma das mais tristes expressões do mundo
atual, que vive da brutal concentração de renda e superexploração dos seres
humanos, que alimenta a desesperança, atiça o ódio e o fascismo”.
Longe de querermos defender Musk, como saber se o magnata se
considera isso ou aquilo? E que importância isso teria? As atitudes de
quaisquer pessoas devem ser observadas de forma objetiva. É verdade que ele é
um dos beneficiários da brutal concentração de renda que impera no mundo.
Porém, até onde sabemos, o senhor Alexandre de Moraes, vulgo Xandão, não é
nenhum paladino socialista que está aí para nos defender de ricaços malvadões.
Segundo o artigo “O vazamento promovido por Elon
Musk, por meio da sua empresa X (antigo Twitter), de documentos relativos ao
ministro do STF Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), além de expor o nome e a imagem do ministro (que poderá tomar
as medidas que entender necessárias para defender e proteger a sua honra),
constituiu um desrespeito às instituições brasileiras e à soberania do país”.
Jorge Folena apenas se ‘esqueceu’ de mencionar que os tais documentos, conforme
publicamos (leia
a matéria) demonstram que Moraes teria coagido o Twitter a agir fora da
lei.
Jorge Folena também não explica como expor Alexandre de
Moraes corresponderia a desrespeitar as instituições brasileiras. Moraes é um dos
tantos ministros do STF que, dentre outras coisas, votou pela prisão de Lula
ainda na segunda instância, e isso a Constituição não permite. Quem desrespeita
as instituições?
Defesa da censura
Como Musk é um neoliberal e, portanto, defende “o
predomínio do mercado em lugar do controle e da intervenção do Estado na ordem
econômica”, Folena apela para “o papel do Poder Público na
regulamentação das atividades econômicas”. E isso passaria “pelo
território livre da rede mundial de computadores, no Brasil, onde esse debate
tem ficado restrito à defesa de uma liberdade de expressão sem freios, em que
toda tentativa de impor limites é logo taxada de censura pelos neoliberais”.
Nós defendemos a liberdade de expressão irrestrita, e nem
por isso somos neoliberais. A defesa da liberdade de expressão é uma bandeira
das mais antigas da esquerda revolucionária. Sem essa liberdade fundamental,
nenhuma outra faz sentido. Hoje, por exemplo, mal se pode defender a luta do
povo palestino contra a ocupação sionista, uma opinião política como essa é
logo taxada de antissemitismo, podendo ser criminalizada e tratada como
racismo.
Em nome de se lutar contra as mentiras (fake news)
publicadas nas redes sociais, a esquerda pequeno-burguesa tem defendido com
unhas e dentes leis que restrinjam a liberdade de expressão. O curioso é que o
Congresso bolsonarista, e mesmo a Rede Globo, defendem essa proposta. Não é
para menos, pois a censura serve aos interesses das classes dominantes. Todo o
tipo de mentiras e notícias falsas saem diariamente na grande imprensa para
proteger o Estado genocida de “Israel”. Diariamente publicam notícias falsas
sobre o Hamas e a resistência islâmica contra os fascistas, mas os processos
judiciais recaem sobre aqueles que defendem aqueles que lutam e estão sendo
covardemente assassinados.
Folena alega que “em situações excepcionais, é
necessária a intervenção do Poder Público, a fim de evitar qualquer ação
tendente à desestabilização da ordem social, política, jurídica e econômica”.
No entanto, conforme publicamos “O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teria
pressionado pela obtenção de dados privados dos usuários sob a justificativa de
‘circunstâncias excepcionais’ e queria usar o Twitter como uma máquina de
previsão de crimes para ‘antecipar atividades ilegais potenciais’”. Um tribunal
investigando? Que tipo de democracia é essa na qual uma instituição que deveria
julgar faz também o papel de polícia?
Finalizando seu texto, Jorge Folena sustenta que “em
resposta a esse verdadeiro ataque ao país, a sociedade deve retomar de imediato
o debate e promover com urgência a regulamentação das atividades destas
empresas (Big Techs) no Brasil, uma vez que representam um grave risco à
segurança nacional e ao interesse coletivo, o que justifica, nos termos da
Constituição, a intervenção do Poder Público”.
Xandão é o Brasil?
Por qual motivo a revelação de flagrantes irregularidades
cometidas por Alexandre de Moraes representariam um grave risco à segurança
nacional? Muito menos devemos acreditar que o STF esteja aí para defender o
interesse coletivo.
Jorge Folena confunde a figura de um ministro do STF com o
próprio País. Trata-se de um ministro que tem tomado medidas extremamente
autoritárias, como ter bloqueado contas do Partido da Causa Operária (PCO) em
pleno ano eleitoral.
O que o artigo de Folena tenta fazer é empurrar para baixo
do tapete a gravidade do que é exposto nos assim chamados Twitter Files (Arquivos
do Twitter). O Estado está pressionando as Redes Sociais para agirem de acordo
com determinados interesses. Isso comprova aquilo que temos denunciado
sistematicamente: o STF não é uma corte judicial, mas um verdadeiro partido
político.
Mesmo sendo bilionário, Musk está ao lado da liberdade de expressão parcial. Alexandre de Moraes quer a censura absoluta. A liberdade de expressão deve ser irrestrita!https://t.co/MXDVGmFpNd
— PCO - Partido da Causa Operária (@PCO29) April 7, 2024
O CEO do Twitter, Elon Musk, lançou uma nova pesquisa on-line perguntando aos seguidores se o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA) e da CIA, Edward Snowden, devem ser perdoados, informou a emissora russa RT.
"Não expresso nenhuma opinião, mas prometi realizar essa pesquisa. Assange e Snowden devem ser perdoados?", escreveu o empresário em um post.
Depois que 1,1 milhão de internautas votaram na enquete, a resposta "Sim" recebeu 79% dos votos, enquanto a opção "Não" tem o apoio de 21% dos usuários.
O local havia sido montado para receber a cerimônia de
entrega das Obras de Modernização do Aeroporto de Maringá
Em decorrência de uma frente fria que avança do Rio Grande
do Sul em direção ao Paraná, a estrutura que havia sido montada no aeroporto de
Maringá, para receber a cerimônia de entrega das Obras de Modernização do
Aeroporto de Maringá e de Inauguração da Hidrelétrica de Bela Vista, foi
totalmente danificada por uma ventania.
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) partirá para o município, na tarde desta
sexta-feira (1º/10).
Veja o vídeodo momento em que a estrutura é totalmente
levantada pelo vento:
O deputado federal Ricardo
Barros (PP-PR), líder do governo federal na Câmara dos Deputados,
acompanhará o presidente na agenda, já que é natural de Maringá. Nas redes
sociais, ele disse, ao lado do chefe do Executivo, que mesmo após o imprevisto,
o evento estaria mantido.
“Amigos de Maringá, estamos aqui com o presidente, daqui a
pouco estaremos aí na cidade para a inauguração do aeroporto, que é um
investimento na ordem dos R$ 100 milhões e agradecer o presidente que publicou
o aviso de edital do Contorno sul-metropolitano que é uma obra tão esperada por
Maringá e região. Vamos decolar daqui a pouco, o evento vai ser transferido
para o Pavilhão Azul do Parque de Exposições, então todo mundo se movimenta pra
lá”, disse Barros.
Bolsonaro afirma que Maringá é o estado que ele mais visita
e que tem “um carinho todo especial” pelo moradores de lá. “Se Deus quiser,
estaremos pousando às 14h30 no aeroporto de Maringá, onde iniciaremos uma série
de eventos, levando entregas e anunciando novas obras”, informou o presidente.
O acontecimento ficou entre os assuntos mais comentados no
Twitter. Veja alguns posts:
Isso é praga do Marreco de Maringá? Ou são as forças da natureza dominadas pelo comunismo e o globalismo? pic.twitter.com/BLEAAbf567
— rodrigo vianna 🇧🇷🇺🇾🇦🇷🇵🇾🇧🇴🇻🇪🇨🇺🇨🇴 (@rvianna) October 1, 2021
Ventos fortes derrubam estrutura que iriam receber o Bolsonaro no Aeroporto de Maringá. A natureza também é Fora Bolsonaro! pic.twitter.com/D9RPyTiLFl
Em vídeo publicado nesta sexta-feira (10/9), Heleno defende
que os apoiadores “não podem desistir do Brasil” e que “alguns fatos deixaram
muitos de nós desanimados”. “Isso não pode acontecer”, enfatizou o ministro na
gravação.
O general cobrou a manutenção do apoio ao mandatário do
país. “A esquerda, apesar de sua passagem desastrosa, segue munida e querendo
voltar”, disse. “Ela também sofreu um duro revés ao descobrir que o presidente
Bolsonaro não tinha qualquer intenção de dar o golpe. Nosso presidente possui
um formidável senso político”, continuou Heleno.
Segundo o chefe do GSI, Bolsonaro manterá com o projeto de
governo que o levou à Presidência da República. “Ele quer um país que preserve
as liberdades individuais, as instituições nacionais, a harmonia entre os
poderes, a paz e a democracia.”
“Vamos completar mil dias de governo sem nenhum escândalo de
corrupção. Vamos em frente, unidos e confiantes”, finalizou o general.
Bots são usados para disseminar notícias e fake news nas
redes sociais
Os “Robôs de Bolsonaro” voltam ao centro das atenções na
véspera dos atos antidemocráticos de 7 de
setembro a favor do presidente. As manifestações em defesa de Jair Bolsonaro foram
impulsionadas por perfis com alta chance de serem “bots”.
Para afirmar a possibilidade dos bots estarem auxiliando
Bolsonaro, dois relatórios produzidos pelo Pegabot, projeto desenvolvido pelo
ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), indicam o uso contínuo
dessa ferramenta para impulsionar os protestos antidemocráticos, o que vai
contra as regras do Twitter.
Há também informações que revelam o número de bots
publicando hashtags em apoio às manifestações com crescimento exponencial de
14% conforme a data dos protestos se aproximava.
Perfis automatizados defenderam as manifestações do dia 7
publicando 81 mil posts sobre esse tema, o que representa 23% de todo o
conteúdo analisado pelo Pegabot nesse período. Isso dá cerca de um a cada
quatro tweets. Foi identificado também que, em 78,3% dos casos, o tuíte era um
compartilhamento, conhecido como RT no Twitter, feito por outra pessoa ou bot.
Os bots estão compartilhando tanto notícias quanto fake
news, instigando os bolsonaristas a darem RT sem distinção do que é realidade e
do que falso.
“A existência de contas automatizadas não significa que não exista um movimento orgânico de apoio a essa hashtag. Mas as contas automatizadas, pelo movimento coordenado de postar repetidamente milhares de mensagens, fazem com que a rede seja mergulhada nesse tema, incentivando o movimento orgânico”, explica Thayane Guimarães, pesquisadora em Democracia e Tecnologia do ITS Rio.
“Os bots dão a fagulha e mantêm a energia para a roda girar.”
Assuntos mais comentados no Twiter na véspera do atos de 7 de setembro
Estão entre os assuntos mais comentados no Twitter cinco temas em prol do bolsonarismo neste momento:
•Em quarto lugar está #quemmandoumatarbolsonaro com número total de tweets oculto
•Em nono está #CarecaFDP em referência ao ministro do STF, Alexandre de Moraes com mais de 21 mil tweets
•Em 10° está #Dia07vaiserGIGANTESCO, em convocação aos atos antidemocráticos, com mais de 38 mil tweets
•Em 15° está Alexandre de Moraes com mais de 60 mil tweets, sendo os mais recentes com críticas e xingamentos ao ministro
•24° está Gestapo, comparando o STF a polícia secreta do nazismo
Metodologia de estudo
Os relatórios do Pegabot analisaram mais de 508 mil posts publicados no Twitter que mencionaram ao menos uma das seguintes hashtags:
•#Dia07VaiSerGigante
•#Dia7VaiSerGigante
•#Dia07VaiSerMaior
•#Dia7VaiSerMaior
Foram verificados 29 mil perfis no primeiro levantamento e 48,5 mil, no segundo.
Essas informações servem como base para que o Pegabot classifique as contas usando quatro critérios:
Temporal, usuário, rede e sentimento. Tais elementos indicam a probabilidade de comportamento automatizado de uma conta, dentro de uma pontuação de 0 a 100.
Em nota, o Twitter fez um pronunciamento sobre o tema: “não teve acesso ao levantamento e tampouco teve tempo de investigar o assunto de forma apropriada”, e, portanto, não iria comentar. “Ainda assim, nosso time está analisando as conversas em torno das hashtags e, caso encontremos alguma conta em violação às regras, tomaremos as medidas cabíveis”.
Acho que o eleitor bolsonarista está diante de uma escolha difícil. Como são misóginos e homofóbicos parecem não saber o que fazer. Os robôs, idem. #Bolsonaropic.twitter.com/JSFPPeuOl5
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viralizaram ao errar o nome do chefe do executivo em uma tag levantada no Twitter nesta sexta-feira (27). A #TôContigoBoldonado tornou-se meme e alvo de críticas de internautas, que citam robôs, fakenews e disparo de correntes virtuais em grupos.
O erro no nome de Jair foi ironizado por muitos internautas.
“Os eleitores do Bolsonaro são tão idiotas que nem conferem uma tag”, escreveu
um usuário do Twitter. Uma segunda pessoa aproveitou a ocasião para cutucar o
segundo filho do presidente, Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro. “O
Carluxo programou o boot errado?”, questionou.
As críticas sobre o possível uso de robôs são baseadas na
hipótese de que o governo Bolsonaro utilizaria esse mecanismo para disparo de
notícias falsas contra opositores e de valorização da atual gestão.
Confira algumas reações:
Cara, eleitores do Bolsonaro são tão idiotas que nem conferem uma tag. #ToContigoBoldonaro
Apoiadora convicta de Jair
Bolsonaro (sem partido), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP)
decidiu apagar cinco tweets em que mencionava a vacina Covaxin, cujo processo
de importação é investigado pela CPI da Covid por suspeitas de irregularidades
e superfaturamento.
Quem trouxe à tona a informação foi o projeto 7c0, que
monitora mensagens apagadas de políticos com cargos públicos. Em uma publicação
do dia 3 de março, Zambelli anunciava que o governo Bolsonaro havia comprado
“20 milhões de doses da Covaxin”.
“URGENTE: Vacina indiana Covaxin tem 81% de eficácia, afirma
a fabricante @BharatBiotech. O Governo Bolsonaro comprou 20 milhões de doses da
Covaxin, além de ter garantido 42 milhões via consórcio…”, dizia o tweet.
URGENTE: Vacina indiana Covaxin tem 81% de eficácia, afirma a fabricante @BharatBiotech!🇮🇳🤝🇧🇷
O Governo Bolsonaro comprou 20 milhões de doses da Covaxin, além de ter garantido 42 milhões via consórci...
Em outra postagem, a deputada bolsonarista destacava a
autorização da Anvisa dada para importação excepcional da Covaxin, além da
russa Sputnik V. Ou seja, Carla Zambelli tinha informações de todos os trâmites
que envolveram a compra da vacina indiana.
Em depoimento à CPI da Covid na sexta-feira, o deputado
federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde
Luis Ricardo Miranda, afirmaram que denunciaram pessoalmente a Bolsonaro
suspeitas de irregularidades na compra da Covaxin.
Caso isso seja confirmado, Bolsonaro pode ter cometido crime
de prevaricação. Saiba o que é.
Cena ridícula
Na última segunda-feira, 21, Bolsonaro esteve em
Guaratinguetá, São Paulo, e uma cena fez com que Carla Zambelli passasse a
maior vergonha na web.
Ao ver Bolsonaro retirar a máscara e mandar uma repórter
“calar a boca”, a deputada seguiu o presidente e também retirou o equipamento
de proteção contra a covid-19, em claro sinal de subserviência a ele. Zambelli
virou meme nas redes sociais. Assista aqui.
Presidente convocou cadeia nacional de rádio e televisão em
meio à pressão da CPI da Covid e das manifestações contra seu governo que
tomaram o país
Reprodução/Instagram
Durante seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e
televisão, na noite desta quarta-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro foi
alvo, mais uma vez, de fortes “panelaços” realizados em todo o país, assim como
aconteceu em todos os seus outros pronunciamentos.
Esse tipo de protesto nas janelas ganhou força
principalmente em março do ano passado, quando o presidente foi à público para
minimizar a pandemia do coronavírus que, apesar de recente à época, já colocava
o país todo em alerta. A partir dali, os panelaços passaram a ser feitos
semanalmente até meados de abril.
Desta vez, os panelaços acontecem em meio ao que pode ser o
início de um levante popular contra Bolsonaro iniciado nas manifestações
massivas que ocorreram em todo o país no último sábado (29) e também em meio à
pressão da CPI do Genocídio, que apura as omissões do governo no combate à
pandemia.
Em seu discurso nesta noite, Bolsonaro tentou mudar o tom e
afirmou que “lamenta” as mortes por Covid, algo que não está habituado a fazer.
Confira alguns registros dos panelaços divulgados nas redes
sociais.
"Sou trabalhador", protestou o homem. Caso aconteceu na Cidade Ocidental, em Goiás
Circula nas redes sociais um vídeo que mostra uma abordagem
policial truculenta contra um homem negro que fazia manobras de bicicleta em um
parque da Cidade Ocidental, em Goiás. O jovem youtuber Filipe Ferreira gravava
um vídeo para o seu canal quando foi surpreendido pela Polícia Militar. A
abordagem provocou protestos nas redes.
Enquanto realizava uma manobra de bicicleta, dois policiais
se aproximaram de Filipe já com gritos de ordem e pediram para o jovem se
afastar. “Deixa a bike ai. Estou mandando”, disse o policial. O jovem então
questiona: “Mandando? Não é assim não”.
Irritado, o policial sobe o tom contra o youtuber. “Coloca a
mão na cabeça”, diz o policial. “Não é assim que se trata uma pessoa”,
respondeu Ferreira, indignado. “É o procedimento”, continuou o agente.
Em seguida, o rapaz tira a camisa para mostrar “que não tem
arma”. Logo depois, é algemado. “Resiste aí para ver o que vai acontecer
contigo”, ameaçou o policial. “Eu sou trabalhador, tenho um canal no YouTube”,
tentava argumentar o jovem.
No Instagram, Ferreira postou o momento da abordagem, mas
não comentou sobre a ação. Algemar alguém desarmado, segundo a lei, “só é
lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou
de perigo à integridade física própria ou alheia”.
Nas redes sociais, jornalistas, artistas e parlamentares
chamaram atenção para o racismo estrutural por trás da abordagem. “Podre.
Nojento. Repulsivo. Patético. Abusivo. Revoltante”, escreveu Felipe Neto no
Twitter.
“Enquanto houver racismo, não haverá nação. Revoltante”, protestou
o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). “Isso é revoltante demais.
Chega a doer… o tratamento, a agressividade e o fechamento. Tá tudo errado”,
lamentou o rapper Rashid.
Confira o vídeo abaixo:
O que acontece se você for negro e estiver treinando manobras no parque com sua bike? Não sabe? Veja o que aconteceu hoje na Cidade Ocidental. pic.twitter.com/1fbu4LYL5O
A mesma PF que se calou quando Bolsonaro disse que “ia
fuzilar a petralhada” agora abre inquéritos contra todos os críticos do
presidente.
Foto: Evaristo Sá/AFP via Getty Images
EM MARÇO DE 2016, no auge das investigações da
Lava Jato envolvendo os governos petistas, o procurador lavajatista Carlos
Fernando Lima afirmou durante uma palestra que os governos
investigados do PT permitiram o fortalecimento da Polícia Federal e do
Ministério Público. Segundo ele, os governos petistas, diferentemente dos
anteriores, garantiram a autonomia das instituições de investigação e
possibilitaram que muita gente ligada ao partido do governo fosse investigada e
até presa. “Nós esperamos que isso [a falta de autonomia dessas instituições]
esteja superado”, sonhou o procurador.
O resto da história você já conhece: a Lava Jato ajudou a
arrancar Dilma do poder e a eleger Bolsonaro na eleição seguinte. Isso ficou
ainda mais evidente depois que Sérgio Moro quebrou o sigilo da delação de Palocci às vésperas do
primeiro turno, jogando lenha na fogueira do antipetismo. A divulgação das
acusações do ex-petista — infundadas como a própria Lava Jato atestaria mais tarde — ajudou a garantir a eleição de
Bolsonaro e acabaria por tornar o juiz lavajatista um dos principais ministros
do governo. Mais tarde, depois de prestar serviços pouco republicanos a Bolsonaro e sua família,
Sergio Moro pediu demissão após o presidente tentar interferir na escolha dos
nomes para comandar a Polícia Federal. Esse foi o caminho percorrido para que
chegássemos aqui hoje, assistindo à PF sendo gravemente aparelhada e
atuando como uma guarda particular de Bolsonaro, sua família e seus aliados.
Nesta semana, Guilherme Boulos foi intimado a comparecer na
PF para prestar depoimentos por causa deste tweet, considerado ameaçador à vida
do presidente da República:
Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina...
Em um país em que não existe guilhotina nem pena de morte, é
constrangedoramente óbvio ter que dizer que não há nenhuma ameaça física ao
presidente nem nada próximo disso. A guilhotina simboliza o fim de uma dinastia
monárquica, e o tweet foi escrito com o intuito de fazer um alerta ao
presidente de que o seu governo também pode ser interrompido.
Quando Bolsonaro prometeu durante as eleições “fuzilar a petralhada”, a PF não se moveu. O mesmo
aconteceu quando o MBL e o Vem pra Rua, em praça pública, atearam fogo em bonecos dos ministros do STF pendurados
pelo pescoço. Como esquecer também de quando manifestantes antipetistas promoveram o enforcamento simbólico dos bonecos de
Lula e da então presidenta Dilma? Nenhum desses eventos foi encarado pelos
órgãos de investigação com a mesma literalidade conferida ao tweet de Boulos.
A investigação contra o psolista tem como base a Lei de
Segurança Nacional, uma excrescência da ditadura militar, criada justamente
para intimidar os adversários políticos do regime. O inquérito contra Boulos se
baseia no artigo 26 da lei, que considera crime “caluniar ou difamar o
Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do
Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato
ofensivo à reputação”. São crimes que já estão no Código Penal, mas o
governo Bolsonaro tem recorrido à LSN, que tem uma pena mais dura.
O inquérito contra Boulos foi aberto no final do ano passado por ordem do então
ministro da Justiça e atual advogado-geral da União, André Mendonça,
empenhadíssimo em agradar Bolsonaro para abocanhar uma nomeação ao STF. Quem
disputa a vaga com ele é o procurador-geral da República, Augusto Aras. Aras já disse que não investigará Bolsonaro por usar a Lei de
Segurança Nacional para perseguir seus adversários políticos por não haver
nenhum indício disso. Está tudo dominado pelos agentes do bolsonarismo.
Boulos não é o primeiro nem o segundo opositor do presidente
a ser vítima dessa interpretação livre da LSN. Já se tornou uma farra. O
pedetista Ciro Gomes virou alvo da PF com base nessa lei por
tê-lo chamado de “ladrão” e citado as “rachadinhas” da sua família. O pedido de
abertura de inquérito foi assinado pelo próprio Bolsonaro através da
Secretaria-Geral da Presidência. O youtuber Felipe Neto também foi enquadrado
pela lei por considerar o presidente um “genocida”. O advogado Marcelo Feller
também virou alvo de investigação da PF por críticas feitas à
atuação de Bolsonaro no combate à pandemia em um debate na CNN. Algumas
verdades incômodas foram ditas pelo advogado, que chamou o presidente de
“genocida, politicamente falando”, “criminoso” e “omisso”. Em março deste
ano, cinco ativistas foram presos com base na LSN depois de
estenderem uma faixa com as palavras “Bolsonaro Genocida”. Em Tocantins, duas
pessoas foram investigadas com base na LSN por espalhar
em outdoors a mensagem de que Bolsonaro “não vale um pequi roído”.
Durante o governo Bolsonaro, o número de inquéritos abertos
pela PF com base na LSN saltou 285% em relação à gestão Dilma/Temer. Entre
2015 e 2016 foram abertos 20 inquéritos, enquanto entre 2019 e 2020 foram
abertos 77. A grande novidade trazida pelo bolsonarismo é a aplicação da lei
principalmente contra quem emite opinião negativa sobre o presidente.
Segundo dados da PF, o número de inquéritos abertos por supostas
ameaças à segurança nacional aumentou mais do que as investigações contra
lavagem de dinheiro e organizações criminosas. É assim que tem atuado a PF sob
intervenção de Bolsonaro: priorizando a intimidação dos críticos do presidente.
O abuso da utilização da LSN pelos bolsonaristas fez nascer
um movimento pela revogação da lei. A Câmara dos Deputados aprovou na última
terça-feira a urgência do projeto de mudança, que inclui, no Código Penal,
crimes contra o estado. Deputados bolsonaristas, capitaneados por Roberto
Jefferson, têm se mobilizado para tentar impedir a inclusão de um
artigo que prevê cinco anos de cadeia para quem disseminar fake news por meio
de disparos em massa durante as eleições. O desejo pela atualização da lei é
bom, mas a pressa dos deputados é ruim, pois se trata de um assunto que requer
um debate maior com a sociedade civil. Corre-se o risco de se mudar para deixar
tudo como está.
Bolsonaro rompeu com o lavajatismo quando Sergio Moro se
posicionou contra o aparelhamento da PF. Ele foi necessário para garantir a
ascensão da extrema direita ao poder, mas se tornou descartável depois que se
tornou um empecilho para o governo. Hoje, a PF e a PGR usam e abusam de uma
lei, criada durante a ditadura militar unicamente para proteger o regime, para
blindar o presidente e perseguir seus opositores. Essa é a democracia
brasileira sob a gestão Bolsonaro.
Internautas têm relembrado da "previsão" feita por Glauber Braga em 2019, quando confrontou Moro na Câmara: "O senhor vai estar nos livros de história como um juiz que se corrompeu, um juiz ladrão"
Entre os argumentos apresentados pela defesa de Lula e
referendados pela maioria dos ministros do STF contra Moro, estão, por exemplo,
a articulação ilegal feita entre o ex-juiz e procuradores da Lava Jato, a
condução coercitiva desnecessária do ex-presidente, a interceptação ilegal de
telefonemas do petista, seus familiares e advogados, entre outros abusos para
criar uma narrativa que levasse o ex-metalúrgico à cadeia diante da falta de
materialidade de provas.
Essa conduta parcial de Moro já vinha sendo denunciada há
alguns anos. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-SP), durante audiência na
Câmara com a presença de Moro, confrontou o ex-juiz e o chamou de “juiz
ladrão”.
“A história não absolverá o senhor. Da história, o senhor não
pode se esconder. E o senhor vai estar, sim, nos livros de história. Vai estar
nos livros de história como um juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. É
isso que vai estar nos livros de história”, disparou Braga à época.
A “previsão” do deputado voltou à tona após a decisão desta
quinta-feira do STF e, por isso, o termo “juiz ladrão” explodiu nas redes.
Confira.
O @Glauber_Braga foi corajoso ao ponto de ter profetizado que Moro ficaria para os livros da história como um juiz ladrão que se corrompeu. Concordam? pic.twitter.com/YAUpMMom3z
Moro Suspeito. E agora? STF decide por suspeição do
ex-juiz e deixa Lula livre para ser candidato
Confira, no vídeo abaixo, a análise de Dri Delorenzo e
Renato Rovai, da Fórum, sobre a decisão do STF que confirmou a
parcialidade de Moro contra Lula.
Deputado Rogério Correia afirmou que o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, articulador do golpe de 2016, precisa mais do que se
arrepender de sua omissão que ajudou na eleição de Jair Bolsonaro
"Ajoelha no milho, chora, pede perdão e trabalhe para
não ir para a lata de lixo da história!", escreveu Correia pelo
Twitter.
Em entrevista à revista Época, Fernando Henrique admitiu
sentir um “certo mal-estar” por ter anulado o seu voto e não ter votado em
Fernando Haddad na eleição presidencial de 2018.
“Pergunta se eu me arrependo? Olhando para o que aconteceu
com o Bolsonaro, me dá um certo mal-estar não ter votado em alguém contra ele”,
disse FHC.
Confira o tweet de Rogério Correia:
AJOELHA NO MILHO, CHORA , PEDE PEDÃO E TRABALHE PARA NÃO IR PRA LATA DE LIXO DA HISTÓRIA!
FHC diz sentir 'certo mal-estar' por não ter votado em Haddad contra Bolsonaro em 2018 https://t.co/I0V09sAUfd
Em entrevista à FGV , ex-comandante do exército brasileiro
destaca postagem feita por sua equipe em tom de ameaça ao STF
Jair Bolsonaro abraça general Villas Bôas durante agenda
cerimonial do governo - Valter Campanato/Agência Brasil
Comandante do Exército Brasileiro entre 2015 e 2019, o
general Villas Bôas revelou, em entrevista publicada pela editora da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), alguns episódios que levaram as Forças Armadas
brasileiras a atuarem na vida política do país, processo que resultou na
eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) e na presença massiva de oficiais em
todos os escalões do atual governo.
Com duração de 13 horas, a entrevista foi concedida pelo
militar ao diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil (CPDOC), Celso Castro, e publicada no livro General
Villas Bôas: conversa com o comandante.
Um dos momentos emblemáticos dessa atuação, protagonizado
por Villas Bôas foi a postagem que ele realizou em 2018, ainda na condição de
comandante do Exército brasileiro, em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal
(STF), na véspera do julgamento do habeas corpus apresentado
pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na postagem ele afirmou que o
Exército "compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio
à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem
como se mantém atento às suas missões institucionais" e obteve o apoio do
então candidato Jair Bolsonaro.
No livro, Villas Bôas revela que a postagem não foi apenas
de sua autoria. Elaborada por sua equipe de oficiais, o texto obteve o
aval de outros integrantes do Alto Comando do Exército residentes em
Brasília antes de sua publicação. "Recebidas as sugestões,
elaboramos o texto final, o que nos tomou todo o expediente, até por volta das
20 horas", contou Villas Bôas na entrevista.
"Significa que isso foi uma decisão do Exército, e não
algo que partiu da cabeça do comandante", aponta o antropólogo Piero
Leirner, também estudioso sobre os militares e autor do livro O
Brasil no espectro de uma guerra híbrida
Para Leirner, a declaração de Villas Bôas "deixa
claro um papel institucional de ingerência no Poder Judiciário".
"Note que o general Ajax já estava lá no STF
'assessorando' a presidência [ministro Dias Toffoli], portanto o tuíte foi para
deixar o STF de mãos atadas frente à opinião pública. Ou seja, fez-se
política".
Para Leirner,uma das surpresas da narrativa de
Villas Bôas impressa no livro é o peso que a "questão
indígena" teve na articulação entre os militares para sua
atuação na vida política do país.
"A questão da Raposa Serra do Sol e TI Yanomami teve no
mínimo tanto impacto como a CNV [Comissão Nacional da Verdade]. Meu faro de que
a coisa começou com a rebelião do Heleno em 2008 estava certo, acho. Foi a
partir daí que eles elaboraram um plano de longo prazo", afirmou Leirner
em uma publicação em seu perfil no Facebook.
Procurado pelo Brasil de Fato, o
antropólogo ressalta que a "questão indígena" está no
centro do ordenamento ideológico e doutrinário militar desde os anos 1990.
"Eles transferiram muito do foco do 'inimigo interno'
da ditadura para o problema da 'cobiça internacional da Amazônia', deslocando
toda uma leitura da realidade e o consequente emprego das Forças Armadas para a
Amazônia", aponta.
A primeira liderança política a surgir entre os militares
foi o general Augusto Heleno, após a demarcação da Terra Indígena Raposa
Serra do Sol em 2008, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
"Heleno começou a fazer críticas públicas, no Clube
Militar, de forma que isso vazou para a imprensa e lançou um princípio que, lá
dentro, foi tomado como um 'papel de liderança' lançado por ele,
que começou a vocalizar contra Lula, esquerdas, PT", explica Leirner.
O segundo momento de mobilização política entre os
militares, segundo o antropólogo, foi a criação da Comissão Nacional da Verdade
(CNV), quando Dilma Rousseff ocupava a Casa Civil e já havia lançado sua
candidatura para as eleições presidenciais de 2010.
"Houve um processo de 'imitação' por parte de outros
militares. Um dos casos foi o do general Maynard Santa Rosa, e a eles se
seguiram movimentos em série. Mourão foi isso", aponta Leirner.
Colegiado instituído pelo governo para investigar as graves
violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 18 de
setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, a CNV se debruçou principalmente sobre
as violações ocorridas durante o período da ditadura militar instaurada pelo
golpe de 1964, que durou 21 anos.
Com a fundação da CNV em novembro de 2011, no primeiro
ano do governo Dilma, os militares se uniram em bloco contra essa política
que classificaram como "revanchismo" da esquerda brasileira.
Os trabalhos da comissão foram encerrados em dezembro de
2014, após a publicação de um relatório que
aponta as responsabilidades de agentes do Estado, em especial das Forças
Armadas brasileiras em episódios de sequestros forçados, tortura e morte de
opositores ao regime.
"O pessoal lá do topo sabia do potencial político
disso e, ainda em 2014, logo depois da reeleição, franquearam a entrada de
Bolsonaro para dentro de instalações militares para fazer campanha. Toda essa
coisa foi trabalhada por Villas Bôas, que 'para fora' tinha um discurso
legalista, mas 'para dentro' deixou a política tomar altas doses de vitamina,
seguindo o exemplo e a liderança de um Heleno da vida", aponta Leirner.