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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Terceira via: esquerda nos EUA quer alternativas a Kamala e Trump, diz analista norte-americano


Esquerda norte-americana mobiliza a sociedade civil, mas tem dificuldade para participar do processo eleitoral nos EUA. Poder do financiamento corporativista e estratégias de supressão de votos mantêm a esquerda ativa nas ruas, mas longe da Casa Branca e do Capitólio, explicam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil


© AP Photo / Jose Luis Magana

 

O mês de agosto foi marcado por intensa atividade política da esquerda norte-americana, que debate seu posicionamento nas eleições presidenciais de novembro de 2024. Insatisfeitos com o Partido Democrata em função de seu baixo engajamento em pautas de interesse da classe trabalhadora e apoio ao esforço israelense em Gaza, grupos socialistas norte-americanos apostam na terceira via para atingir a igualdade social.

Se a corrente denominada socialista dentro do Partido Democrata, o Democratic Socialists of America (DSA), declarou apoio à candidatura de Kamala Harris, o mesmo não pode ser dito de movimentos de esquerda independentes.

No dia 30 de agosto, poucos dias após a Convenção do Partido Democrata, uma outra reunião política foi convocada na cidade de Chicago: a Socialists 2024. Neste evento, o entusiasmo por Kamala Harris e seu Partido Democrata ficou bem menos evidentereportou o The Washington Post. Temas como o apoio norte-americano ao esforço de guerra israelense em Gaza e a baixa cobertura da segurança social no país dividem a esquerda socialista e o Partido Democrata norte-americano.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

Na mesma semana, um grupo mais radical de esquerda, que se identifica como comunista, criou o partido Revolutionary Communists of America. Com uma pauta política baseada na retomada do conceito de luta de classes, o partido repudia tanto o republicano Donald Trump, quanto a sua rival Harris.


"Precisamos reconhecer que nem os democratas, nem os republicanos podem genuinamente defender ou promover os interesses da classe trabalhadora, e a luta para criar um partido de massas próprio é a única saída possível para o movimento de trabalhadores dos EUA", versa o movimento em seu manifesto.


As diferenças entre democratas e socialistas não vêm de hoje: desde as controvérsias primárias democratas de 2016, quando o candidato socialista Bernie Sanders se retirou da corrida após acordos controversos com sua rival Hilary Clinton, parte da esquerda norte-americana não se sente representadas pelo Partido Democrata.


O senador Bernie Sanders no anfiteatro do condado de Tippecanoe, em 27 de agosto de 2021 - © AP Photo / Darron Cummings

De acordo com o fundador do Center for Political Innovation, Caleb Maupin, o ambiente econômico é favorável para a emergência de movimentos mais robustos à esquerda, dada a queda do padrão de vida da classe trabalhadora.


"Com certeza há uma queda no nível de vida. As pessoas mais jovens estão com muita dificuldade para se estabelecer. A casa familiar própria é coisa do passado nos EUA. A inflação, combinada com o aumento de empregos temporários e mal remunerados no setor de serviços, tornam as condições muito mais difíceis para um jovem americano sobreviver", disse Maupin à Sputnik Brasil. "Vemos muito ressentimento econômico. A crença no sonho americano e na prosperidade para todos desapareceu."

 

No entanto, o analista adverte que movimentos de esquerda ainda são mal recebidos por grande parte do eleitorado, principalmente aquele identificado com o atual candidato à presidência Donald Trump.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

"Infelizmente, muitos apoiadores de Trump estão descontentes com coisas como as quarentenas da COVID-19, estão irritados com a perda da liberdade de expressão, e passaram a identificar essas questões com o comunismo. Ainda existe essa percepção muito forte nos círculos republicanos de que o comunismo, a política woke e o Partido Democrata são sinônimos", lamentou Maupin. "E esse simplesmente não é o caso [...], o socialismo tem tudo a ver com crescimento econômico, enquanto o Partido Democrata promove o decrescimento e a promoção de um estado policial de baixos salários."


Sociedade civil ativa

A dificuldade de integrar grupos de esquerda na política eleitoral norte-americana contrasta com a atividade intensa no nível da sociedade civil. De acordo com a brasileira residente nos EUA Natália de Campos, cocoordenadora do Comitê Defenda Democracia no Brasil de Nova York, o engajamento da juventude em movimentos pacifistas e antirracistas é intenso.


"Vemos uma conflagração de forças ao redor do movimento pró-Palestina, que está nas ruas, seguindo uma tendência que começou lá no movimento Vidas Negras Importam [Black Lives Matter]", disse Campos à Sputnik Brasil. "E com isso a gente está vendo muitos jovens se engajando novamente na política, apoiando pautas socialistas especificamente, e procurando uma alternativa para os dois partidos que dominam aqui [nos EUA]."

 

A dificuldade, segundo ela, é emplacar candidaturas de movimentos sociais no processo eleitoral. Em função das regras complexas, que variam entre os estados, conseguir emplacar o nome de candidatos na cédula eleitoral norte-americana já é considerado uma grande vitória.


Funcionários e apoiadores da Starbucks dão os braços durante observação da eleição sindical em 9 de dezembro de 2021, em Buffalo, EUA (foto de arquivo) - © AP Photo / Joshua Bessex

"Apesar dos obstáculos, neste ano teremos mais candidatos socialistas nas cédulas do que nos últimos anos", revelou Campos. "Em alguns estados, como a Geórgia, o próprio Partido Democrata desafia a inclusão de socialistas nas cédulas, porque não querem uma terceira via. E os republicanos apelam para o garry mandering, uma prática que redesenha os distritos eleitorais para separar as comunidades [...]. Então temos supressão de votos pelos dois lados."

Além das dificuldades regulatórias, os movimentos de esquerda nos EUA sofrem com a falta crônica de financiamento. O financiamento privado centrado nos dois principais partidos do país é a tônica do sistema eleitoral norte-americano, dificultando sobremaneira a emergência de movimentos alternativos.


"As eleições aqui [nos EUA] são fortemente influenciadas pelo poder corporativo, que bloqueia qualquer tipo de competitividade", lamentou Campos. "Vemos como o dinheiro corporativo entra numa campanha para fazer lobby, direcionar o eleitorado e toda a máquina necessária para eleger uma pessoa."

 

Segundo ela, os obstáculos à participação política de movimentos alternativos levam "uma parte do eleitorado a não se engajar, por entender que os partidos Democrata e Republicano se assemelham cada vez mais."


Ativistas sindicais se reúnem em prol de melhorias nas condições para trabalhadores do setor de serviços nos em Durham, EUA, 18 de novembro de 2022 - © AP Photo / James Pollard

O norte-americano Caleb Maupin acredita na necessidade de uma terceira via. Para ele, o socialismo deve se distanciar tanto do "neoliberalismo econômico e liberalismo social" do Partido Democrata, quanto do renovado "tom populista" da retórica de Trump.


"O que é necessário agora nos Estados Unidos é uma coalizão antimonopólio, na qual todas as diferentes forças que se beneficiariam com a derrota dos monopólios e com um governo que enfatize o crescimento econômico possam se unir e apresentar um programa de construção de infraestrutura, nacionalização e centralização do crédito para ter um plano econômico para o renascimento econômico do país, controle público dos recursos naturais. Todas essas coisas fariam parte de um programa socialista antimonopólio", concluiu o analista norte-americano.

 

As eleições presidenciais norte-americanas estão previstas para ocorrer em novembro de 2024. Pesquisas recentes indicam uma corrida apertada, com diferença de um a dois pontos percentuais nas intenções de votos nacionais para os dois principais candidatos, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. De acordo com a mais recente pesquisa do jornal Wall Street Journal, Harris lideraria com 48% contra 47% de Donald Trump. A pesquisa Quinnipiac University Pool aponta para Harris com 29%, contra 48% de seu rival republicano.


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segunda-feira, 29 de julho de 2024

Oposição venezuelana tentou sete golpes desde chegada do chavismo ao poder


Em 25 anos, direita venezuelana promoveu sete ataques buscando derrubar os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro através da violência política


Montagem: Juan Guaidó, Leopoldo López, María Corina Machado e Henrique Capriles são quatro dos líderes opositores que protagonizaram ações para tentar derrubar governos chavistas na Venezuela

Estas eleições presidenciais da Venezuela neste domingo (28/07) foram marcadaa, durante seu período de campanha, por um insistente discurso da candidatura da Plataforma Unitária, setor opositor de extrema direita, sobre um possível “golpe eleitoral” a favor do presidente Nicolás Maduro, candidato à reeleição – em narrativa que emula o realizado por outros candidatos da extrema direita no mundo, como Donald Trump em 2020, nos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro em 2022, no Brasil.

No entanto, a história recente da Venezuela mostra que é justamente a direita do país que promoveu as últimas tentativas de derrubar governos democraticamente eleitos no país.

Desde a primeira vitória eleitoral de Hugo Chávez, em dezembro de 1998, o chavismo teve que superar um total de sete tentativas de golpe de Estado, seis delas contra o atual presidente Nicolás Maduro.


O candidato da Plataforma Unitária, Edmundo González, não participou diretamente em nenhuma dessas ações, mas sua principal apoiadora, a ex-deputada María Corina Machado, esteve envolvida em boa parte delas.


2002: o golpe contra Chávez e ‘Carmona, o breve’

Em 11 de abril de 2002, o Alto Comando das Forças Armadas da Venezuela ordenou a invasão do Palácio de Miraflores, sede do Poder Executivo, e a prisão do então presidente Hugo Chávez, que foi levado a uma cela improvisada em um quartel localizado no interior do país.

Apesar de a ação que resultou na derrubada de Chávez ter sido promovida por militares, quem assumiu o poder foi o empresário Pedro Carmona, então presidente da Federação Venezuelana de Câmaras de Comércio (Fedecámaras), que não tinha nenhum cargo político – ou seja, não havia sido eleito para nada.

Em suas poucas horas como mandatário, Carmona chegou a anunciar a dissolução da Assembleia Nacional e da Suprema Corte, além de declarar nula a Constituição de 1999, realizada já durante o governo de Chávez – e elaborada por uma constituinte com maioria chavista.

Porém, o golpe durou poucas horas, já que centenas de milhares de pessoas, especialmente dos bairros mais pobres de Caracas, marcharam até o centro da cidade para exigir o retorno do presidente democraticamente eleito. Devido a essa pressão popular, muitos militares de patentes mais baixas se rebelaram contra o Alto Comando e realizaram outra invasão do palácio presidencial, dessa vez para derrubar Carmona e recolocar Chávez na presidência, no dia 13 de abril.

Por suas poucas horas na horas na presidência, o líder empresarial passou a ser conhecido no país como “Carmona, o breve”.


2013: Henrique Capriles, derrotado por Maduro

Após a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 2013 – quando ele conquistou seu primeiro mandato –, seu adversário, Henrique Capriles, contestou o resultado das urnas e convocou seus seguidores a realizar protestos em todo o país para forçar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a reconhecer uma suposta fraude.

O resultado final da apuração mostrou um triunfo apertado do candidato chavista: 50,6% contra 49,2% do representante da coalizão de direita Mesa de Unidade Nacional – precursora a atual Plataforma Unitária.

Durante dias, manifestantes opositores realizaram protestos violentos nas principais cidades do país, como Táchira e Barquisimeto, além da capital Caracas. Em muitos casos, os atos consistiam em realizar ações incendiárias ou com tiros em bairros chavistas, causando dezenas de mortos e feridos.

Essa pressão levou o CNE a realizar uma auditoria das urnas eletrônicas usadas durante o pleito, processo que terminou confirmando o resultado apurado no dia da eleição.

Após a auditoria, os protestos começaram a perder força, e Capriles iniciou uma turnê por vários países, buscando convencer chefes de Estado a reconhecê-lo como verdadeiro presidente eleito, e não Nicolás Maduro.

Apesar de Capriles ter conquistado alguns apoios internacionais, a iniciativa não impediu o chavista de seguir governando a Venezuela. As duas estratégias de Capriles – a de tentar desestabilizar o governo com protestos violentos e a de buscar reconhecimento de um governo paralelo – seriam utilizadas novamente pela oposição em anos posteriores.

Vale destacar que a campanha de Capriles para desconhecer o resultado das eleições teve com uma das principais apoiadoras a então deputada María Corina Machado.


2014: Leopoldo López e María Corina Machado

No ano seguinte, a oposição voltou a apostar nos protestos para tentar desestabilizar o governo de Nicolás Maduro, com a mesma narrativa usada após a derrota eleitoral, chamando-o de “presidente ilegítimo”.

Apesar de Capriles ainda ser um dos nomes fortes da MUD, a liderança dos atos naquela ocasião passou a ser de outra figura: o político e empresário Leopoldo López. María Corina Machado também foi uma das líderes dos protestos, conquistando mais destaque do que em 2013 entre os opositores.

Oficialmente, foram registradas 43 mortes durante as manifestações realizadas entre fevereiro e maio de 2014. A oposição assegura que todas as vítimas eram manifestantes contrários ao governo de Maduro que foram atacadas pelas forças policiais.

Porém, organizações comunitárias de Caracas asseguram que muitos chavistas foram mortos em ações violentas promovidas pelos grupos opositores, repetindo o que aconteceu após a derrota de Capriles nas eleições de 2013.

A campanha da oposição nas ruas começou a perder força em junho de 2014, quando Leopoldo López foi preso. Em setembro de 2015 ele foi sentenciado a 13 anos de prisão.


2017: ‘guarimbas’ e constituinte

A estratégia da violência política voltou a ser utilizada entre março e agosto de 2017, dessa vez liderada por Capriles e María Corina – devido à prisão de Leopoldo López. O discurso copiou o das tentativas anteriores, chamando Maduro de “presidente ilegítimo”.

A campanha daquele ano foi mais caracterizada pelas chamadas “guarimbas”, que são barricadas organizadas em grandes centros urbanos, que também estavam presentes em 2013 e 2014, mas que naquele então passaram a ser a principal forma de atuação dos grupos opositores, em vez das marchas dos anos anteriores.

No momento em que o governo se via mais acuado, Maduro decidiu convocar uma Assembleia Constituinte. A oposição defendeu um boicote à eleição dos constituintes, mas acabou fracassando, já que mais de 8 milhões de pessoas foram às urnas.

O sucesso da eleição foi lido no país como um sinal de que a população rechaçava as “guarimbas” da oposição, e os protestos começaram a perder força.

A constituinte foi instalada e, como a MUD boicotou o processo, contou com ampla maioria chavista e uma oposição pequena, entre setores de direita menos extremistas e adeptos do diálogo com o governo.

Ademais, o episódio acabou servindo para fortalecer politicamente Delcy Rodríguez, que se tornou figura nacional ao ser eleita presidente da Assembleia Constituinte. Hoje ela é a vice-presidente da Venezuela e, com Maduro, busca a reeleição.

Oficialmente, foram registradas 127 mortes nestes protestos. A troca de acusações entre governo e oposição sobre a responsabilidade por essas vítimas emulou o ocorrido nos outros conflitos. Nenhum líder opositor foi preso ou condenado pelos incidentes daquele ano.


2018: um drone para matar Maduro

No dia 4 de agosto de 2018, durante uma parada militar para celebrar o aniversário da Guarda Nacional Bolivariana, o presidente Nicolás Maduro escapou de um atentado que utilizou um drone explosivo.

O artefato explodiu a poucos metros do palanque em que ele estava. O presidente saiu ileso e o episódio resultou apenas em algumas pessoas feridas.

Uma investigação realizada posteriormente resultou na prisão de 31 pessoas, incluindo o então deputado Juan Requesens, que confessou seu envolvimento na tentativa de magnicídio.

Outro político opositor que teria sido um dos cabeças do plano foi o então deputado Julio Borges, que pediu asilo político na Colômbia – atualmente, ele vive na Espanha.


2019: Juan Guaidó, o autoproclamado

Nicolás Maduro já havia sido reeleito – após vencer Henri Falcón nas eleições de 2018 – quando o deputado Juan Guaidó, após ser eleito presidente da Assembleia Nacional, se autoproclamou presidente interino da Venezuela, em 23 de janeiro de 2019.

Foi a segunda vez que um líder da oposição tentou criar um governo paralelo no país, baseado no reconhecimento internacional – o primeiro foi Henrique Capriles, em 2013. Guaidó chegou a realizar um show na fronteira entre Venezuela e Colômbia, ação que contou com o apoio presente dos presidentes sul-americanos Iván Duque (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile) e Abdo Benítez (Paraguai).

O então mandatário brasileiro Jair Bolsonaro foi outro dos que reconheceu Guaidó como presidente, mas não participou do ato na fronteira com os demais líderes latinos.

Guaidó também promoveu uma tentativa de golpe com o apoio de um pequeno setor de militares e policiais que realizaram um ataque à base aérea de La Carlota, no dia 30 de abril de 2019. A ação não chegou a colocar em risco o governo de Maduro, mas conseguiu ao menos um objetivo: libertar o líder opositor Leopoldo López, que foi levado à Espanha, onde se mantém exilado até os dias de hoje.

Apesar do apoio internacional, internamente Guaidó nunca obteve o mesmo respaldo da população, e nem mesmo da direita venezuelana. Nas seguintes eleições legislativas, realizadas em dezembro de 2020, ele propôs que os setores de direita realizassem um pacto para boicotar as eleições, mas não obteve apoio de nenhum setor.

Ainda assim, ele manteve a iniciativa até o final e acabou desistindo de sua candidatura à reeleição como deputado, ficando sem cargo. Continuou se apresentado como suposto “presidente interino” da Venezuela, mas foi perdendo os apoios dos líderes mundiais que o reconheceram em um primeiro momento. A autoproclamação de Guaidó, no entanto, abriu espaço para que ativos venezuelanos no exterior fossem bloqueados e que as sanções dos Estados Unidos contra o país se ampliassem, aprofundando a crise econômica do país.


2020: invasão de mercenários em meio à crise da covid-19

Entre os últimos dias e abril e os primeiros dias de maio de 2020, enquanto o mundo vivia o período de maior pânico por conta da pandemia de covid-19, um grupo de mercenários norte-americanos e colombianos iniciava uma operação militar na região costeira da Venezuela, mais precisamente na localidade de Macuto.

A chamada Operação Gideon foi executada por mercenários contratados por empresários venezuelanos radicados em Miami.

O plano consistia em invadir o país a partir de uma localidade na costa venezuelana e iniciar uma campanha que terminaria com a tomada de Caracas, mas acabou fracassando já naquela primeira ação e de forma vergonhosa: alguns dos mercenários envolvidos foram capturados pela Marinha venezuelana, mas outros foram rendidos por pescadores da localidade.

À época, foram levantados rumores sobre um possível envolvimento do governo norte-americano na invasão dos mercenários. Tal especulação era baseada nas relações entre o dono da empresa Silvercorp, envolvida no episódio, o empresário canadense Jordan Groudeau, e figuras do Partido Republicano próximas ao então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nunca foi apresentada, porém, provas suficientes para comprovar essa teoria.



Por: Victor Farinelli

Fonte: Opera Mundi


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sábado, 20 de janeiro de 2024

Esquerda e direita são sócias na Bahia


Marqueteiro de Lula e ACM Neto desmatam área verde


Ilustração

Os debates ideológicos entre esquerda e direita, na Bahia, têm um teto. É um espigão de 50 andares projetado para ser construído dentro de uma área de proteção permanente, no centro de Salvador.

Explico! Sidônio Palmeira foi o principal marqueteiro do presidente Lula nas eleições de 2022. Partiu dele e de sua equipe algumas das peças icônicas que marcaram a vitoriosa disputa eleitoral: entre apelos à democracia, estímulos ao consumo de picanha e cerveja e as diferenças fundamentais entre Lula e Bolsonaro, por exemplo.

No mundo dos negócios, ao que parece, essas distinções são relativizadas. Sidônio é sócio do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, do União Brasil, em empreendimentos luxuosos no estado.

Empresários endinheirados e outros políticos do campo da direita também fazem parte dessa sociedade – como o ex-prefeito de Mata de São João, o milionário João Gualberto, do PSDB, e o também tucano Tiago Coelho, deputado estadual na Bahia.

Um dos negócios mais recentes entre eles é a construção de um arranha-céu no Corredor da Vitória, reduto da elite soteropolitana. Quem vai tocar essa obra é a Novonor, antiga Odebrecht. E o que garantiu a possibilidade desse empreendimento existir foi uma arranjo político.

No fim do ano passado, a Câmara de Vereadores de Salvador votou a desafetação de 40 locais na cidade – sendo 15 áreas verdes. Esse é um termo técnico que indica que um bem público tem a sua destinação transformada, podendo ser vendido, doado ou trocado com a iniciativa privada.

Uma das áreas contempladas no projeto foi justamente os 6.699 metros quadrados na Vitória, doados à prefeitura em 1988, como compensação fundiária pela construção de outro prédio de luxo. Até a desafetação, a área estava registrada em cartório como espaço que não poderia ser edificado.

A Câmara de Vereadores em sua ampla maioria apoia o atual prefeito Bruno Reis, do União Brasil. Ele foi alçado ao cargo, em 2020, pelo seu padrinho político ACM Neto. Esse ano tenta a reeleição.

Se não é um bolsonarista assumido, ACM Neto teve flertes profundos com o ex-presidente. Entretanto, na última campanha eleitoral para governador da Bahia, diante alta popularidade de Lula no estado, o herdeiro carlista preferiu adotar um discurso de "palanque neutro" e não indicar nenhum candidato – "tanto faz", disse, quando questionado quem gostaria de ver subindo a rampa do Palácio do Planalto.

A fluidez ideológica engrena o apetite empresarial. Com Sidônio, ACM Neto comprou a antiga sede do Palácio dos Esportes, que pertencia ao governo do estado – a ideia é transformar o lugar em um hotel de luxo na cidade.  

Vale lembrar que o marqueteiro não é um profissional contratado para um job específico. Ele é autor intelectual da imagem pública do PT, sobretudo na Bahia.

Desde 2006, quando Jaques Wagner se elegeu governador pela primeira vez, derrotando a longa linhagem do avô de ACM Neto, Sidônio é o mentor das campanhas e do discurso dos governos petistas – sua empresa, a Leiaute Propaganda, por somas milionárias, passou a prestar serviço para os consecutivos mandatos que o partido foi enfileirando no estado.

Na última vitória, o neófito Jerônimo Rodrigues derrotou justamente ACM Neto, o sócio de Sidônio. Para além das ótimas relações empresariais que mantém – claro, bem longe dos olhos do eleitor –, há uma urgente preocupação ambiental quando esse tipo de clubinho pluripartidário se organiza.

Em sua dissertação de mestrado na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, a pesquisadora Marina Teixeira mostra como o instrumento da desafetação em Salvador historicamente segue o movimento de "especulação e valorização imobiliária da cidade", destruindo áreas verdes de proteção, e alienando bens públicos para atores privados.

Nesse ponto, Sidônio Palmeira e ACM Neto, quando unem forças, passam a ter um enorme diferencial competitivo para a saúde financeira do negócio que tocam: interlocução ampla e livre trânsito nas esferas de poder. Seja municipal, estadual ou federal.

Amigos, amigos. Negócios também fazem parte!


Via: André Uzêda Editor Sênior


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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Vídeo. General Heleno fala após recuo de Bolsonaro: “Não desistam do Brasil”


Ministro-chefe do GSI apareceu nas redes para defender o presidente e disse que "alguns fatos deixaram muitos de nós desanimados"



O ministro-chefe do do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, usou as redes sociais para manifestar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), duramente criticado por apoiadores após o recuo sinalizado na “Declaração à Nação”.

Em vídeo publicado nesta sexta-feira (10/9), Heleno defende que os apoiadores “não podem desistir do Brasil” e que “alguns fatos deixaram muitos de nós desanimados”. “Isso não pode acontecer”, enfatizou o ministro na gravação.

O general cobrou a manutenção do apoio ao mandatário do país. “A esquerda, apesar de sua passagem desastrosa, segue munida e querendo voltar”, disse. “Ela também sofreu um duro revés ao descobrir que o presidente Bolsonaro não tinha qualquer intenção de dar o golpe. Nosso presidente possui um formidável senso político”, continuou Heleno.

Segundo o chefe do GSI, Bolsonaro manterá com o projeto de governo que o levou à Presidência da República. “Ele quer um país que preserve as liberdades individuais, as instituições nacionais, a harmonia entre os poderes, a paz e a democracia.”

“Vamos completar mil dias de governo sem nenhum escândalo de corrupção. Vamos em frente, unidos e confiantes”, finalizou o general.



Fonte: Metrópoles  


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