Mostrando postagens com marcador lobby. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador lobby. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Israel faz lobby no Congresso dos EUA para que o caso de genocídio do TIJ seja arquivado – relatório


Tel Aviv está preocupada com as repercussões do caso na economia e na posição do país


Turquia e outros 12 países se juntaram ao caso da África do Sul no TIJ. / Foto: Arquivo Reuters

Israel está ativamente pressionando membros do Congresso dos EUA para que exerçam pressão sobre a África do Sul para retirar seu caso contra Israel do Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), de acordo com relatórios recentes da Axios e da mídia israelense Walla.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel enviou um telegrama confidencial instruindo seus diplomatas nos EUA a se envolverem com diplomatas sul-africanos e legisladores dos EUA, dizem os relatórios.

O documento supostamente pede que essas autoridades americanas enfatizem que a busca contínua da África do Sul pelo caso de genocídio pode ter repercussões severas, incluindo potenciais sanções comerciais.

"Pedimos que vocês trabalhem imediatamente com legisladores em nível federal e estadual, com governadores e organizações judaicas para pressionar a África do Sul a mudar sua política em relação a Israel e deixar claro que continuar com suas ações atuais, como apoiar o Hamas e promover ações anti-israelenses em tribunais internacionais, terá um preço alto", diz o telegrama do Ministério das Relações Exteriores de Israel para sua embaixada e consulados nos EUA.

Walla citou autoridades israelenses dizendo que esperavam que o novo governo da África do Sul, que assumiu em maio, adotasse uma abordagem diferente em relação a Israel e à guerra em Gaza.




Caso do TIJ


A África do Sul tem até 28 de outubro para apresentar ao TIJ suas razões para continuar o caso contra Israel por suas supostas violações da Convenção sobre Genocídio durante a guerra em Gaza.

A África do Sul iniciou o caso de genocídio contra Israel no TIJ em dezembro passado, acusando Tel Aviv de violar a Convenção sobre Genocídio de 1948 em sua guerra em andamento em Gaza.

O exército israelense matou pelo menos 41.000 palestinos, a maioria mulheres e crianças, em Gaza.

Um bloqueio contínuo do enclave palestino levou a uma grave escassez de alimentos, água potável e medicamentos, deixando grande parte da região em ruínas.

A Turquia e outros 12 países se juntaram ao caso da África do Sul no TIJ.


Como o lobby israelense torceu o braço
 de um condado dos EUA para abandonar
 a proposta anti-investimento

FONTE: TRTWorld e agências


Defund Israel Now


Depois que Israel pediu aos EUA que pressionassem a África do Sul para retirar seu caso de genocídio do TIJ, o presidente sul-africano disse que fornecerá evidências adicionais para provar que Israel está cometendo um genocídio em Gaza.

A África do Sul não vai recuar!



 Não importa em quem você vota.



Geopolítica 01

Geopolítica 02


👉  Click Verdade - Jornal Missão  👈


sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Terceira via: esquerda nos EUA quer alternativas a Kamala e Trump, diz analista norte-americano


Esquerda norte-americana mobiliza a sociedade civil, mas tem dificuldade para participar do processo eleitoral nos EUA. Poder do financiamento corporativista e estratégias de supressão de votos mantêm a esquerda ativa nas ruas, mas longe da Casa Branca e do Capitólio, explicam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil


© AP Photo / Jose Luis Magana

 

O mês de agosto foi marcado por intensa atividade política da esquerda norte-americana, que debate seu posicionamento nas eleições presidenciais de novembro de 2024. Insatisfeitos com o Partido Democrata em função de seu baixo engajamento em pautas de interesse da classe trabalhadora e apoio ao esforço israelense em Gaza, grupos socialistas norte-americanos apostam na terceira via para atingir a igualdade social.

Se a corrente denominada socialista dentro do Partido Democrata, o Democratic Socialists of America (DSA), declarou apoio à candidatura de Kamala Harris, o mesmo não pode ser dito de movimentos de esquerda independentes.

No dia 30 de agosto, poucos dias após a Convenção do Partido Democrata, uma outra reunião política foi convocada na cidade de Chicago: a Socialists 2024. Neste evento, o entusiasmo por Kamala Harris e seu Partido Democrata ficou bem menos evidentereportou o The Washington Post. Temas como o apoio norte-americano ao esforço de guerra israelense em Gaza e a baixa cobertura da segurança social no país dividem a esquerda socialista e o Partido Democrata norte-americano.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

Na mesma semana, um grupo mais radical de esquerda, que se identifica como comunista, criou o partido Revolutionary Communists of America. Com uma pauta política baseada na retomada do conceito de luta de classes, o partido repudia tanto o republicano Donald Trump, quanto a sua rival Harris.


"Precisamos reconhecer que nem os democratas, nem os republicanos podem genuinamente defender ou promover os interesses da classe trabalhadora, e a luta para criar um partido de massas próprio é a única saída possível para o movimento de trabalhadores dos EUA", versa o movimento em seu manifesto.


As diferenças entre democratas e socialistas não vêm de hoje: desde as controvérsias primárias democratas de 2016, quando o candidato socialista Bernie Sanders se retirou da corrida após acordos controversos com sua rival Hilary Clinton, parte da esquerda norte-americana não se sente representadas pelo Partido Democrata.


O senador Bernie Sanders no anfiteatro do condado de Tippecanoe, em 27 de agosto de 2021 - © AP Photo / Darron Cummings

De acordo com o fundador do Center for Political Innovation, Caleb Maupin, o ambiente econômico é favorável para a emergência de movimentos mais robustos à esquerda, dada a queda do padrão de vida da classe trabalhadora.


"Com certeza há uma queda no nível de vida. As pessoas mais jovens estão com muita dificuldade para se estabelecer. A casa familiar própria é coisa do passado nos EUA. A inflação, combinada com o aumento de empregos temporários e mal remunerados no setor de serviços, tornam as condições muito mais difíceis para um jovem americano sobreviver", disse Maupin à Sputnik Brasil. "Vemos muito ressentimento econômico. A crença no sonho americano e na prosperidade para todos desapareceu."

 

No entanto, o analista adverte que movimentos de esquerda ainda são mal recebidos por grande parte do eleitorado, principalmente aquele identificado com o atual candidato à presidência Donald Trump.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

"Infelizmente, muitos apoiadores de Trump estão descontentes com coisas como as quarentenas da COVID-19, estão irritados com a perda da liberdade de expressão, e passaram a identificar essas questões com o comunismo. Ainda existe essa percepção muito forte nos círculos republicanos de que o comunismo, a política woke e o Partido Democrata são sinônimos", lamentou Maupin. "E esse simplesmente não é o caso [...], o socialismo tem tudo a ver com crescimento econômico, enquanto o Partido Democrata promove o decrescimento e a promoção de um estado policial de baixos salários."


Sociedade civil ativa

A dificuldade de integrar grupos de esquerda na política eleitoral norte-americana contrasta com a atividade intensa no nível da sociedade civil. De acordo com a brasileira residente nos EUA Natália de Campos, cocoordenadora do Comitê Defenda Democracia no Brasil de Nova York, o engajamento da juventude em movimentos pacifistas e antirracistas é intenso.


"Vemos uma conflagração de forças ao redor do movimento pró-Palestina, que está nas ruas, seguindo uma tendência que começou lá no movimento Vidas Negras Importam [Black Lives Matter]", disse Campos à Sputnik Brasil. "E com isso a gente está vendo muitos jovens se engajando novamente na política, apoiando pautas socialistas especificamente, e procurando uma alternativa para os dois partidos que dominam aqui [nos EUA]."

 

A dificuldade, segundo ela, é emplacar candidaturas de movimentos sociais no processo eleitoral. Em função das regras complexas, que variam entre os estados, conseguir emplacar o nome de candidatos na cédula eleitoral norte-americana já é considerado uma grande vitória.


Funcionários e apoiadores da Starbucks dão os braços durante observação da eleição sindical em 9 de dezembro de 2021, em Buffalo, EUA (foto de arquivo) - © AP Photo / Joshua Bessex

"Apesar dos obstáculos, neste ano teremos mais candidatos socialistas nas cédulas do que nos últimos anos", revelou Campos. "Em alguns estados, como a Geórgia, o próprio Partido Democrata desafia a inclusão de socialistas nas cédulas, porque não querem uma terceira via. E os republicanos apelam para o garry mandering, uma prática que redesenha os distritos eleitorais para separar as comunidades [...]. Então temos supressão de votos pelos dois lados."

Além das dificuldades regulatórias, os movimentos de esquerda nos EUA sofrem com a falta crônica de financiamento. O financiamento privado centrado nos dois principais partidos do país é a tônica do sistema eleitoral norte-americano, dificultando sobremaneira a emergência de movimentos alternativos.


"As eleições aqui [nos EUA] são fortemente influenciadas pelo poder corporativo, que bloqueia qualquer tipo de competitividade", lamentou Campos. "Vemos como o dinheiro corporativo entra numa campanha para fazer lobby, direcionar o eleitorado e toda a máquina necessária para eleger uma pessoa."

 

Segundo ela, os obstáculos à participação política de movimentos alternativos levam "uma parte do eleitorado a não se engajar, por entender que os partidos Democrata e Republicano se assemelham cada vez mais."


Ativistas sindicais se reúnem em prol de melhorias nas condições para trabalhadores do setor de serviços nos em Durham, EUA, 18 de novembro de 2022 - © AP Photo / James Pollard

O norte-americano Caleb Maupin acredita na necessidade de uma terceira via. Para ele, o socialismo deve se distanciar tanto do "neoliberalismo econômico e liberalismo social" do Partido Democrata, quanto do renovado "tom populista" da retórica de Trump.


"O que é necessário agora nos Estados Unidos é uma coalizão antimonopólio, na qual todas as diferentes forças que se beneficiariam com a derrota dos monopólios e com um governo que enfatize o crescimento econômico possam se unir e apresentar um programa de construção de infraestrutura, nacionalização e centralização do crédito para ter um plano econômico para o renascimento econômico do país, controle público dos recursos naturais. Todas essas coisas fariam parte de um programa socialista antimonopólio", concluiu o analista norte-americano.

 

As eleições presidenciais norte-americanas estão previstas para ocorrer em novembro de 2024. Pesquisas recentes indicam uma corrida apertada, com diferença de um a dois pontos percentuais nas intenções de votos nacionais para os dois principais candidatos, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. De acordo com a mais recente pesquisa do jornal Wall Street Journal, Harris lideraria com 48% contra 47% de Donald Trump. A pesquisa Quinnipiac University Pool aponta para Harris com 29%, contra 48% de seu rival republicano.


Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Também estamos no TikTok.


Jackson Hinkle

EU ME RECUSO a votar em qualquer um desses apoiadores do GENOCÍDIO!



 AIPAC Tracker:  Acompanhamento do AIPAC, do lobby israelense e de sua influência antidemocrática nos Estados Unidos | #BribedByAIPAC #EnforceFARA | @TrackPACs Coletivo

AIPAC Tracker





terça-feira, 27 de agosto de 2024

O curral do mundo


Agronegócio e transição ecológica no Brasil


Pecuária
 

Recentemente, um visitante da floresta amazônica narrou sua surpresa diante do animal que mais lhe chamou a atenção: não foi a onça pintada, mas “a branca, lustrosa e corcovada vaca nelore, de orelhas caídas, a conquistadora última da fronteira”. Nas últimas duas décadas, a economia brasileira transformou-se na principal fornecedora de carne bovina do capitalismo global. Na medida em que isso acontecia, a floresta tropical, que abriga em torno de 10% das espécies animais do mundo, foi incendiada para dar passagem a milhões de vacas. Estima-se que, na parte brasileira da Amazônia, há hoje duas vezes mais vacas do que pessoas: cerca de 63 milhões e 28 milhões, respectivamente. 

Em 2003, quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva iniciou seu primeiro mandato,  o Brasil era o terceiro maior exportador, em toneladas, de carne bovina congelada do mundo, representando cerca de 11% do total. Ao final do seu segundo mandato, em 2010, o Brasil era o primeiro colocado, responsável por 23% de toda a carne bovina congelada exportada mundialmente. As exportações cresceram de 317 para 781 mil toneladas. A década seguinte consolidou a supremacia brasileira no mercado de carne bovina: em 2022, o Brasil era a origem de 32% de toda carne bovina congelada comercializada internacionalmente, exportando quase o dobro do segundo colocado no ranking, a Índia. A ascensão do Brasil como curral do mundo esteve estreitamente ligada à ascensão da China como superpotência econômica: as importações chinesas de carne bovina congelada dispararam, entre 2002 e 2022, de onze mil para mais de dois milhões de toneladas.1

A história da soja é ainda mais dramática. A participação brasileira na exportação global do grão cresceu de cerca de 25% em 2003 para cerca de 50% a partir de 2018. Uma porção substancial dessa commodity é usada para produzir ração animal para os rebanhos de outros países. As mudanças recentes nas relações agroalimentares globais vêm sendo descritas como um emergente “complexo soja-carne Brasil-China” por pesquisadores da área. As duas commodities—carne bovina e soja em grãos—se alastraram pelo interior do Brasil como fogo em campo aberto, e grande parte de sua produção não observa normas ambientais (cf. a expansão geográfica das duas atividades nas Figuras 1 e 2). Numa pesquisa de 2020 que compila dados de 815.000 propriedades rurais na Amazônia e no Cerrado, Raoni Rajão e seus coautores concluíram que “cerca de 20% das exportações de soja e pelo menos 17% das exportações de carne bovina de ambos os biomas para a União Europeia devem ter sido contaminadas pelo desmatamento ilegal”. As proporções podem ser até maiores no caso de exportações para outros destinos com normas menos estritas.





O caminho que leva aos píncaros luminosos do desenvolvimento não costuma ser sinalizado pelo crescimento explosivo nas exportações de commodities. Os preços desses produtos são altamente voláteis, sujeitando as economias que dependem de sua exportação a trajetórias acidentadas em detrimento do crescimento de longo prazo. E, de modo crucial, a produção primária raramente proporciona os encadeamentos produtivos para trás e para frente que incentivam aumentos de produtividade em toda a economia e promovem mudanças técnicas cumulativas. Na maioria das vezes, a produção primária é um enclave com repercussões limitadas em outros ramos industriais e no mercado de trabalho—e com o potencial de derrubar toda a economia, se a queda dos preços internacionais levar à desvalorização da moeda e à crise econômica. O colapso da economia brasileira entre 2014 e 2016 teve múltiplas determinantes, mas inegavelmente esteve relacionado com a queda nos preços das commodities.

Na era da emergência climática, as desvantagens da especialização em exportações primárias, para o desenvolvimento, são ainda mais acentuadas. Como argumentaram pesquisadores da London School of Economics e da Universidade de Oxford, uma “corrida verde global está em andamento; quem sair na frente será recompensado e quem ficar para trás correrá o risco de perder competitividade global”. Além das barreiras à ascensão na cadeia global de valor, o custo econômico de se tornar o curral do mundo é agravado pelos impactos ambientais, tanto em termos de emissões de gás carbônico quanto de perda de biodiversidade. O Brasil é o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa. Mas a composição de suas emissões difere drasticamente da tendência mundial: enquanto agricultura, silvicultura e alterações no uso do solo respondem por cerca de 18% das emissões globais, no Brasil, entre 2000 e 2020, representaram mais de três quartos. Em termos de emissões, no país, os combustíveis fósseis ficam em segundo plano, ofuscados pela carne bovina e pela soja. Se os mercados globais de commodities um dia apoiaram uma agenda interna redistributiva, a atual dependência arraigada da economia brasileira de uma produção primária baseada em desmatamento não só a impede de oferecer um padrão de vida decente à maioria de sua população, mas também contribui para a degradação de seus ecossistemas e para o aquecimento do planeta.


Esperanças verdes


Recentemente, esse quadro sombrio deu lugar a perspectivas mais positivas para o Brasil na transição verde global. A ascensão eleitoral de Lula a um terceiro mandato, depois de quatro anos de um governo de extrema direita negacionista da mudança climática e que promoveu ativamente o desmatamento, produziu algum otimismo. Lula tem procurado se posicionar no cenário mundial como forte apoiador da transição ecológica. Marina Silva—a líder ambiental que ocupou seu gabinete ministerial entre 2003 e 2008 e renunciou por discordar dos rumos políticos de seus governos de então—está de volta como ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Na atual gestão, Marina logrou reduzir o desmatamento na Amazônia em quase 40% em 2023. Lustrando ainda mais suas credenciais de ação climática, em 2025 o Brasil sediará a COP30 na cidade amazônica de Belém. Ao escrever no Financial Times, em setembro passado, o ministro da fazenda Fernando Haddad emoldurou a agenda econômica do governo com a linguagem da transformação verde: “uma transformação abrangente da nossa economia e sociedade através de infraestrutura mais verde, agricultura sustentável, reflorestamento, economia circular, e uso cada vez mais intensivo de tecnologia no processo produtivo e na adaptação climática”.

A perspectiva alvissareira não se restringe aos círculos governamentais. No último Relatório sobre clima e desenvolvimento focado no Brasil, o Banco Mundial argumentou que a “matriz energética relativamente limpa e renovável” do país, baseada predominantemente em energia hidrelétrica, proporciona-lhe “uma vantagem importante para a construção de um setor industrial de baixa emissão”. Dessa perspectiva, a composição singular das emissões brasileiras não põe em evidência o destrutivo setor do agronegócio, grande emissor de poluentes do país, mas o setor energético de baixo carbono. Esse último poderia ser mobilizado para impulsionar a indústria, dando ao país uma vantagem em relação aos concorrentes que suprem a produção industrial mediante a queima de carvão ou gás natural e colocando a descarbonização total da economia mais ao alcance do Brasil do que de outros lugares. Como afirmou Ricardo Abramovay, o país pode reduzir pela metade suas emissões “sem transformação estrutural na economia”, visto que a eliminação do desmatamento pode ser alcançada “sem qualquer modificação no sistema de transportes, na matriz energética, nos padrões de consumo, no aquecimento ou na refrigeração dos imóveis”. Ou, como outros formularam, o país “poderia atingir de forma bem barata” a meta de emissões para 2030.

A estratégia do governo para aproveitar essa oportunidade gira em torno do Plano de Transformação Ecológica, lançado na COP28. De acordo com o Ministério da Fazenda, o plano representa “um novo modelo de desenvolvimento econômico, inclusivo e sustentável”. Seus objetivos são “promover o aumento da produtividade por meio da criação e da difusão de inovações tecnológicas e da construção de uma infraestrutura sustentável, aproveitando as características geográficas e ambientais singulares do país, a ampla disponibilidade de fontes renováveis de energia e a biodiversidade abundante que o Brasil possui”. Em um comunicado de maio de 2024, anunciando que “o Plano de Transformação Ecológica já começou”, o governo lista uma série de ações em fase de implementação que assentam as bases desse novo modelo de desenvolvimento: títulos verdes, crédito subsidiado, debêntures e tarifas para fomentar o investimento em descarbonização, reflorestamento e reindustrialização, a elaboração de uma taxonomia verde interna e avanços nas negociações com o Congresso visando à aprovação do mercado de carbono—citado por Haddad em 2023 como o “primeiro marco” da transformação verde.

Outra ação nesse âmbito foi o lançamento do plano Nova Indústria Brasil, um conjunto de políticas industriais que visam aproveitar a base econômica atual do país para impulsionar o desenvolvimento. Três das seis missões escolhidas estão relacionadas com a sustentabilidade ambiental. Uma delas impacta o agronegócio, com a intenção de promover “cadeias agroindustriais digitais e sustentáveis para a segurança alimentar, nutricional e energética”. Entre as metas elencadas, figuram as de fortalecer a participação do setor agroindustrial no PIB do agronegócio, ampliar a mecanização da agricultura familiar com equipamentos produzidos internamente e aumentar a sustentabilidade ambiental da produção agroindustrial. De acordo com Mariana Mazzucato, que ajudou o governo a elaborar a nova política, “dependendo de como forem implantadas, essas novas missões podem ajudar a promover coordenação e colaboração público-privada, intersetorial e interministerial alinhadas ao Plano de Transformação Ecológica e à agenda de crescimento sustentável e inclusivo em sentido amplo”. Mazzucato também afirmou que, ao “colocar a transição ecológica no centro da política econômica, o governo do Brasil está definindo um curso diferente, capaz de transformar desafios sociais e ambientais em oportunidades”.

O papel do agronegócio na estratégia de transição verde do país, no entanto, além de servir como uma das bases para um esforço de reindustrialização, não foi abordado em detalhes. Um estudo recente sobre o assunto, que examina as mudanças setoriais mínimas necessárias para que a economia brasileira cumpra suas promessas de descarbonização, simplesmente desconsidera as emissões relacionadas a mudanças no uso do solo (especialmente o desmatamento), com o argumento de que “é sabido que elas resultam de atividades ilegais”. Essa opção problemática tem consequências comprometedoras: as mudanças setoriais propostas exigiriam que a produção se distanciasse de atividades industriais de alto carbono e se voltasse à agricultura, pecuária e produção de carne, bem como às diferentes indústrias de serviços. Perversamente, a descarbonização brasileira resultaria da expansão do agronegócio.

O relatório do Banco Mundial, por outro lado, fornece uma imagem mais precisa da relação entre agronegócio e transição climática. Ele argumenta que a recente adoção do Plano ABC+, política setorial do governo voltada à agricultura de baixo carbono que consiste em “crédito rural a juros baixos para financiar a implementação de práticas ou tecnologias agrícolas que provavelmente contribuirão para a mitigação e/ou adaptação às mudanças climáticas”, poderia contribuir para reduzir o desmatamento sem comprometer a produção agrícola, desde que fosse reforçada, e não sabotada, pelas demais políticas de crédito rural. O relatório estima que esse esforço não chegaria a eliminar as emissões oriundas da agricultura e das mudanças no uso do solo, podendo, contudo, reduzi-las pela metade até 2030. Além disso, destaca a existência de obstáculos políticos significativos: “grupos de interesse ligados à produção agrícola (incluindo alguns pecuaristas e afiliados à indústria pecuária) têm influência notável nos níveis subnacional e federal”. A força política desses grupos explica por que os subsídios governamentais e as políticas de crédito rural proveem “incentivos adicionais para desmatar”.

Em 2021, por exemplo, o orçamento do Plano ABC+ representou apenas 2% do Plano Safra, a principal política rural que, entre outras coisas, “apoia a criação de gado nos estados menos desenvolvidos da Amazônia Legal”. Em 2023, o primeiro Plano Safra anunciado pelo atual governo destinou parcela semelhante do valor total à agricultura de baixo carbono: o RenovAgro, novo nome do Plano ABC+, recebeu 1,9% do montante final.2 O governo argumenta, no entanto, que outros aspectos da política também estimulam a sustentabilidade na agricultura, ajustando a taxa de juros cobrada dos agricultores, por exemplo, com base em sua conformidade com práticas sustentáveis.


O poder do agronegócio


Planejar a transição verde no Brasil sem enfrentar os desafios postos pelo predomínio do agronegócio implica ignorar as tensões entre a estratégia proposta e o padrão de acumulação que se consolidou nas últimas duas décadas. Nesse período, o agronegócio se tornou um dos segmentos mais poderosos da vida política e econômica brasileira. No momento em que suas exportações se tornaram uma peça crucial do quebra-cabeça do capitalismo global, o agronegócio brasileiro assumiu uma posição de liderança na economia doméstica, especialmente por garantir o acesso do país a moeda estrangeira. 

Nas últimas duas décadas, a participação da soja em grãos no total das exportações brasileiras cresceu de menos de 5% para mais de 12%. Atualmente, todos os bens agrícolas combinados (grãos de soja, diferentes tipos de carne bovina, cana-de-açúcar e milho, entre outros) são responsáveis por mais de um terço do total de exportações. Somados aos minerais, especialmente minérios de ferro e petróleo, representam mais que 70% de todas as exportações. A partir dos anos 2000, o Brasil consolidou sua integração subordinada na divisão internacional do trabalho como exportador de commodities primárias. Por ter se industrializado mais do que seus vizinhos, o Brasil costumava ser um ponto fora da curva em termos de participação de bens manufaturados no total das exportações, que somavam 55% durante a década de 1990 e início dos anos 2000, em comparação com, no máximo, um terço do total em países como Argentina, Colômbia e Uruguai. Nas duas últimas décadas, contudo, a composição das exportações brasileiras foi se assemelhando cada vez mais à dos demais países da região: a porcentagem das exportações manufaturadas caiu para 25% do total desde 2020.3

O papel desempenhado pelo agronegócio também pode ser identificado nas estatísticas referentes à composição da economia doméstica. Durante o boom de commodities, o agronegócio cresceu menos do que o restante da economia. A participação de toda a cadeia do agronegócio (que compreende produção de insumos, agricultura, pecuária, agroindústria e agrosserviços) no PIB caiu de cerca de 30% para 21% entre 2003 e 2010.4 À medida que a margem fiscal criada pelo boom nas exportações foi usada para adotar políticas redistributivas e expandir o investimento público, o consumo de massa aumentou e os serviços urbanos ultrapassaram o agronegócio. O período, no entanto, também foi caracterizado pela consolidação das principais corporações do setor e de seu crescente poder político. A JBS, por exemplo, tornou-se uma das maiores empresas de processamento de carne bovina do mundo, comprando vários dos seus concorrentes brasileiros, bem como grandes empresas nos Estados Unidos, com o apoio crucial do BNDES.

Durante seus dois mandatos anteriores, Lula tirou vantagem da bonança das commodities para implementar políticas de redução da pobreza, sem afrontar a ascensão do agronegócio. Nas políticas agrícolas, o governo preservou a dualidade herdada, mantendo a existência de um ministério dominado pela elite do agronegócio ao lado de outro focado nas demandas dos movimentos sociais agrários. A ambiguidade também prevaleceu em relação ao meio ambiente. De um lado, o governo adotou melhorias significativas na legislação ambiental e na fiscalização, que levaram a uma redução do desmatamento por um fator de quatro. De outro lado, muitas vezes priorizou investimentos que poderiam impulsionar o crescimento de curto prazo, ignorando implicações ambientais problemáticas. A construção da hidrelétrica de Belo Monte na bacia amazônica é um desses casos. Belo Monte é um dos maiores exemplos de megaprojetos que resultaram no deslocamento em massa de comunidades e causaram perda significativa de biodiversidade, ao mesmo tempo em que contribui para a matriz energética renovável do país.

As classes dominantes agrárias usaram as oportunidades abertas pelo boom de commodities para consolidar seu poder. Sem nenhuma lealdade particular ao governo que supervisionou sua ascensão, algumas facções do lobby do agronegócio logo pressionariam por um curso político diferente (e perigoso). Como Rodrigo Nunes argumentou, quando se opôs à sucessora de Lula, a presidenta Dilma Rousseff, em 2015, o agronegócio “pareceu ter atingido a maioridade política: não mais se contentou com meramente defender seus interesses econômicos imediatos e, em vez disso, buscou impor sua agenda ao país inteiro”. Tornou-se um ator político que liderou o golpe parlamentar que derrubou Rousseff em 2016, fomentando uma guinada violenta para a direita na política brasileira e lançando as bases para a vitória eleitoral do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro, em 2018.

Os resultados foram imediatos: o Estado brasileiro foi efetivamente transformado em “comitê executivo” da burguesia agrária, desmantelando normas ambientais, direitos indígenas e o aparato ministerial e institucional que havia sido penosamente construído desde a democratização e a aprovação da Constituição Federal de 1988. Um bloco político reacionário foi estabelecido, amalgamando capitalistas rurais, a facção militante do cristianismo e o aparato de segurança (compreendendo diferentes ramos da polícia e das forças armadas): o infame tripé “boi, bala e bíblia” que alçou Bolsonaro ao palácio presidencial.

Com esse respaldo político, o agronegócio estava pronto para vicejar. Durante o governo Bolsonaro, enquanto o resto da economia estagnava, a cadeia do agronegócio explodiu, crescendo em média 7,8% ao ano entre 2019 e 2022, enquanto o PIB se arrastava a uma taxa média anual de 1,4%. Em consequência, a partir de 2020, a participação do setor no PIB oscilou em torno de 25%, recuperando parte do terreno perdido nos anos 2000. Houve dois booms associados ao fenômeno: o da recuperação das taxas de desmatamento e o do aumento da desigualdade. O crescimento da parcela da renda apropriada pelo 0,1% e 0,01% mais ricos entre 2017 e 2022 foi acarretado principalmente pela concentração de renda ocorrida nos  estados em que predomina a produção de carne bovina e soja.

O relacionamento entre a extrema direita e o agronegócio não foi um caso furtivo. André Singer identificou a formação de “uma coalizão com bases territoriais, econômicas e sociais”—estendendo-se de seus representantes em Brasília às elites rurais e aos segmentos cada vez maiores de grupos mais pobres no interior—e observa que, na eleição presidencial de 2022, Bolsonaro recebeu mais votos do que Lula “nos 265 municípios dos nove estados amazônicos”. Nunes escreveu sobre o significado histórico mais amplo desse fato: “a reversão da dominação política do campo pelas grandes cidades (e pelos setores industrial e de serviços) que começou com Getúlio Vargas na década de 1930”. O modelo letárgico de crescimento pautado em exportações do agronegócio, gradualmente implementado nas últimas duas décadas, finalmente mostrou os dentes: ameaça não só a biodiversidade brasileira, mas também a democracia.


Desafios candentes


O principal desafio para o novo modelo de desenvolvimento de Lula é suplantar o predomínio do agronegócio na economia política do país. Os capitalistas rurais mostraram claramente que não vão depor as armas sem lutar, resistindo a qualquer mudança que desvincule o crescimento da economia do “complexo soja-carne”. Após eleger grande quantidade de representantes para o Congresso no último pleito, o bloco agrário perfaz atualmente cerca de 60% dos membros do legislativo federal em ambas as casas—detendo poder suficiente para derrotar o atual governo.5

Nos primeiros meses da nova gestão, enquanto Lula estruturava seu gabinete, o lobby do agronegócio no Congresso conseguiu esvaziar pastas do Ministério dos Povos Indígenas e do Ministério do Meio Ambiente, transferindo alguns de seus encargos para outros departamentos do governo. Também conseguiu proteger seus múltiplos benefícios fiscais, impondo uma série de mudanças na abrangente reforma da tributação indireta apoiada pelo governo, que visava justamente tornar sua incidência mais homogênea entre os setores. Ainda, alterou o projeto do mercado de carbono—que, segundo o governo, teria “um escopo universal”—, para excluir os setores de agricultura e pecuária de seus dispositivos. E, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu contra o lobby do agronegócio em um caso sobre a demarcação de territórios indígenas —uma política que visa à reparação histórica, mas que tem impactos significativos na contenção do desmatamento—, o Congresso se apressou a aprovar uma legislação na direção oposta, efetivamente anulando a decisão do tribunal.

O novo modelo de desenvolvimento prometido pelo governo teria potencial para mudar o equilíbrio de poder, tornando a economia menos dependente das fortunas do agronegócio e, assim, enfraquecendo essa facção das classes dominantes. E a transição verde pode ser usada precisamente como oportunidade de mobilizar o aparato estatal para transformar a economia brasileira, reduzindo sua sujeição às exportações primárias e criando empregos decentes. Até agora, porém, apesar da retórica em torno do Plano de Transformação Ecológica, o governo parece estar terceirizando a maior parte da transição climática para o setor privado, devido ao seu espaço fiscal limitado—espremido entre um compromisso autoimposto com a austeridade e a erosão da base tributária promovida pelo agronegócio.6 Tanto é que o ministro da fazenda fez questão de contrastar seus planos verdes com as políticas recentemente adotadas pelos Estados Unidos, alegando que um “mosaico de políticas regulatórias e tributárias” guiará a transição brasileira, relativamente à “vasta quantidade de recursos orçamentários” mobilizados pelo governo de Joe Biden. A nova política industrial, por exemplo, terá de se contentar principalmente com crédito subsidiado do BNDES, tendo sido efetivamente excluída do orçamento do governo.7

A estratégia funcionará? A despeito do progresso do IRA [Inflation Reduction Act], críticas contundentes já reiterarammais de uma vez, que os desafios da transição climática não podem ser vencidos apenas mediante a mobilização das forças do mercado, contando com incentivos que internalizam os custos ambientais. O que se requer, em vez disso, é uma ação governamental decisiva que discipline o capital em uma estratégia de longo prazo de transformação estrutural sustentável—uma abordagem que Daniela Gabor chama de “grande Estado verde”. O argumento é ainda mais relevante para uma economia como a brasileira, que sofreu décadas de estagnação e na qual, de acordo com um estudo recente, a competitividade verde e o potencial de competitividade verde “têm mostrado uma tendência declinante”. Finalmente, a intervenção governamental é indispensável, dada a influência avassaladora de uma facção das classes dominantes que trabalha para sabotar a transição verde e que é responsável pela maior parte das emissões de carbono do país.

O apoio leal que o governo atual tem entre a metade mais pobre da população proporciona um ponto de partida para a tarefa de construir uma forte coalizão política, a fim de disciplinar o capital em uma estratégia de longo prazo que possa estabelecer um novo modelo de desenvolvimento. Isso exigiria o que Alice Amsden chamou de “mecanismos de controle recíproco”: o manejo de apoio governamental direcionado a setores tecnologicamente sofisticados, condicionado ao cumprimento regular de padrões de desempenho, para que a participação das commodities primárias nas exportações possa diminuir à medida que novos atores econômicos redirecionam a economia e simultaneamente criam uma base eleitoral para o novo modelo de desenvolvimento. Alguns dos elementos necessários estão presentes nos planos atuais do governo. Mas eles foram mantidos à margem, enfraquecendo sua capacidade de desencadear mudanças transformadoras na economia.

O tempo está acabando. A economia liderada pelo agronegócio, enquanto não for efetivamente contestada, continuará fortalecendo o bloco de extrema direita, reforçando ainda mais os capitalistas agrários e alimentando a desilusão das classes populares. Essa é uma das razões pelas quais a esperança que floresceu com a eleição de Lula em 2022 já se transformou em uma sensação generalizada de impasse político. Na medida em que eventos climáticos extremos arrasam cidades inteiras e alimentam as turbulências—o exemplo mais recente é a trágica inundação de boa parte do Rio Grande do Sul—, desafiar o predomínio do agronegócio nunca foi tão urgente. É indispensável não só para desacelerar o aquecimento global e dar à humanidade uma chance de evitar as piores consequências das mudanças climáticas, mas também para enfraquecer os ataques da extrema direita às instituições democráticas e abrir caminho para uma transformação econômica que restaure a esperança de um padrão de vida melhor para a maioria de brasileiros que enfrentou uma década de empobrecimento.

Por: Fernando Rugitsky

Fonte: Phenomenal World



Economia 01

Economia 02 


👉 Click Verdade - Jornal Missão 👈


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Exportações militares dos EUA disparam enquanto Washington continua a alimentar conflitos globais


As exportações de armas dos EUA aumentaram drasticamente desde 2022 e podem ultrapassar US$ 100 bilhões até o final do ano, de acordo com o Pentágono


© Sputnik / Oksana Dzhadan / Acessar o banco de imagens

No ano fiscal de 2022, as vendas de armas feitas por meio do sistema de Vendas Militares Estrangeiras (FMS, na sigla em inglês) do governo saltaram para US$ 49,7 bilhões (R$ 273 bilhões), de US$ 34,8 bilhões (R$ 191 bilhões) em 2021. Já no ano fiscal de 2023 esse número aumentou novamente para US$ 66,2 bilhões (R$ 364,5 bilhões).

Até agora, no ano fiscal de 2024, as vendas do FMS já estão acima de US$ 80 bilhões (R$ 440 bilhões), de acordo com a Agência de Cooperação em Segurança de Defesa.

Em termos de valor total, que soma não só armas transferidas, mas também serviços e atividades de cooperação de segurança conduzidas sob o sistema de Vendas Militares Estrangeiras, o valor no ano fiscal de 2023 foi de US$ 80,9 bilhões (R$ 445 bilhões), representando um aumento de 55,9% de um total de US$ 51,9 bilhões (R$ 285 bilhões) em 2022.


Lockheed Martin: o que se sabe
 sobre a maior empresa americana
 que fornece armas a Taiwan?


Em 2024, sob pressão do Congresso, o Departamento de Estado dos EUA revelou detalhes das vendas do FMS. Confira os principais destinos:


Polônia

Helicópteros Apache AH-64E - US$ 12 bilhões (R$ 66 bilhões);

Sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) - US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões);

Sistemas de comando de batalha de defesa aérea e de mísseis integrados (IAMD) (IBCS) - US$ 4 bilhões (R$ 22 bilhões);

Tanques de batalha principais M1A1 Abrams - US$ 3,75 bilhões (R$ 20 bilhões).


Alemanha

Helicópteros CH-47F Chinook - US$ 8,5 bilhões (R$ 46,8 bilhões);

Mísseis ar-ar avançados de médio alcance AIM-120C-8 (AMRAAM) - US$ 2,9 bilhões (R$ 16 bilhões).


Noruega:

Artigos e serviços de defesa relacionados aos helicópteros multimissão MH-60R - US$ 1 bilhão (R$ 5,51 bilhões).


República Tcheca

Aeronaves e munições F-35 - US$ 5,62 bilhões (R$ 31 bilhões).


Bulgária

Veículos Stryker - US$ 1,5 bilhão (R$ 8,26 bilhões).


Austrália

Aeronaves C-130J-30 - US$ 6,35 bilhões (R$ 34,96 bilhões).


Canadá:

Aeronaves P-8A - US$ 5,9 bilhões (R$ 32,49 bilhões).


Coreia do Sul

Aeronaves F-35 - US$ 5,06 bilhões (R$ 27,86 bilhões);

Helicópteros CH-47F Chinook - US$ 1,5 bilhão (R$ 8,26 bilhões).


Japão

Aeronave de alerta e controle aéreo antecipado (AEW&C) E-2D Advanced Hawkeye (AHE) - US$ 1,381 bilhão (R$ 7,60 bilhões).


Kuwait

Sistema nacional avançado de mísseis superfície-ar (NASAMS) e sistemas de defesa aérea de médio alcance (MRADS) - US$ 3 bilhões (R$ 16,52 bilhões);

Suporte técnico de acompanhamento - US$ 1,8 bilhão (R$ 9,91 bilhões).


Catar

Sistema integrado de derrota de aeronaves não tripuladas pequenas, lentas e de baixa altitude (FS-LIDS) - US$ 1 bilhão (R$ 5,51 bilhões).


Ante operação no Líbano, Netanyahu
 diz aos EUA: 'Dê-nos as ferramentas
 e terminaremos o trabalho'


Vendas comerciais diretas

Além disso, as vendas comerciais diretas (DCS) entre nações estrangeiras e contratantes de defesa dos EUA saltaram de US$ 153,6 bilhões (R$ 845,74 bilhões) no ano fiscal de 2022 para US$ 157,5 bilhões (R$ 867,21 bilhões) no ano fiscal de 2023. Essas vendas incluíram hardware militar não especificado, serviços e dados técnicos.

O Departamento de Estado dos EUA forneceu um vislumbre do que as principais notificações do Congresso DCS incluíram no ano fiscal de 2023:


Itália

Para a fabricação de conjuntos de asas e subconjuntos do F-35 - US$ 2,8 bilhões (R$ 15,42 bilhões).


Índia

Para a fabricação de hardware do motor GE F414-INS6 - US$ 1,8 bilhão (R$ 9,91 bilhões).


Cingapura

Sistema de propulsão e peças de reposição do F100 - US$ 1,2 bilhão(R$ 6,61 bilhões).


Coreia do Sul

Sistema de propulsão F100 e peças de reposição - US$ 1,2 bilhão (R$ 6,61 bilhões).


Noruega e Ucrânia

Sistemas avançados nacionais de mísseis superfície-ar (NASAMS) - US$ 1,2 bilhão (R$ 6,61 bilhões).


Arábia Saudita

Míssil guiado Patriot - US$ 1 bilhão (R$ 5,51 bilhões).


As vendas de armas dos EUA

O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) destaca que as exportações de armas pelos EUA aumentaram 17% entre 2014-18 e 2019-23. A participação dos EUA no total das exportações globais de armas aumentou de 34% para 42%.

Entre 2019 e 2023, os EUA entregaram grandes armas a 107 Estados, o que foi mais do que os outros dois maiores exportadores juntos, de acordo com o SIPRI.

A maior parte das armas dos EUA foi para o Oriente Médio (38%), principalmente para Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Israel.

As exportações de armas dos EUA para Estados na Ásia e Oceania aumentaram 14% entre 2014–18 e 2019–23; 31% de todas as exportações de armas dos EUA em 2019–23 foram para a região, com Japão, Coreia do Sul e Austrália sendo os maiores compradores.

A Europa comprou um total de 28% das exportações de armas dos EUA em 2019–23. As exportações de armas dos EUA para a região aumentaram mais de 200% entre os períodos de 2014–18 e 2019–23. A Ucrânia foi responsável por 4,7% de todas as exportações de armas dos EUA e por 17% das destinadas à Europa.

O instituto projeta que os EUA continuarão a aumentar as vendas militares em 2024 e nos anos seguintes, com foco em aeronaves de combate, tanques e outros veículos blindados, artilharia, sistemas SAM e navios de guerra.


Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Também estamos nas redes sociais X (Twitter) e TikTok.

Fonte: Sputnik Brasil

Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt

O financiamento dos EUA para Israel #Genocide está aumentando à medida que o exército israelense usa bombas cada vez mais letais. As usadas ontem no massacre #AlTabinSchool fatiaram corpos a ponto de torná-los irreconhecíveis. Eles agora são identificados pelo peso: saco de 70 kg = 1 adulto. Revoltante.



 Dr. Jill Stein

O nosso complexo militar-industrial prospera com os lucros da guerra. Os empreiteiros da defesa influenciam a nossa política externa através de lobby incansável e contribuições generosas de campanha, empurrando-nos de um conflito para outro.

Este ciclo de guerra orientada para o lucro deve acabar.



Armas 01

Armas 02


👉  Click Verdade - Jornal Missão  👈

terça-feira, 23 de julho de 2024

Vingar, punir e lucrar: Kamala Harris e o encarceramento de minorias nos EUA


É compreensível considerar uma vitória como "mal menor", mas é sensato admitir que Harris será "mais do mesmo"


Kamala Harris
 

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, é o grande assunto em destaque desde o último domingo (21/07) quando o presidente Joe Biden anunciou que estava desistindo de concorrer à reeleição.

Biden e outros líderes democratas imediatamente anunciaram seu apoio a Kamala, agora vista como favorita para encabeçar a campanha do partido à Casa Branca.

No Brasil, o anúncio gerou entusiasmo em grande parte da esquerda. De parlamentares e ministras a jornalistas e influenciadores, não faltaram elogios e declarações celebrando a possibilidade de se eleger “a primeira mulher presidente dos Estados Unidos”, “uma mulher negra”, “filha de imigrantes”, que poderia inspirar o Brasil e o mundo a “promover a igualdade racial e de gênero”. Mas uma análise mais detida sobre a atuação pregressa de Kamala recomendaria substituir a comoção pela cautela.


Campanha ‘Free Palestina’

Nascida em Oakland, Califórnia, em 1964, Kamala Harris é filha de uma cientista indiana e de um economista jamaicano. Ela estudou ciência política e economia na Universidade Howard, em Washington, e posteriormente se graduou em direito pela Universidade da Califórnia. Serviu como procuradora-adjunta do condado de Alameda entre 1990 e 1998 e depois gerenciou a Unidade de Criminosos Reincidentes.

Já filiada ao Partido Democrata, Kamala tornou-se procuradora de São Francisco em 2003, tomando posse no ano seguinte. Em 2011, assumiu o cargo de procuradora-geral da Califórnia, no qual permaneceu até 2017.

A atuação de Kamala como procuradora rendeu diversas críticas dos movimentos sociais, organizações de defesa dos direitos das minorias e de militantes do próprio Partido Democrata. Sua gestão foi marcada pelo punitivismo e pelo perfilamento de minorias étnicas e de imigrantes — algo especialmente pernicioso e preocupante diante da natureza do sistema penal norte-americano.

Os Estados Unidos possuem a maior população carcerária do mundo, com 2,3 milhões de presidiários. A nação que se autodenomina “Terra dos Livres” responde por apenas 5% da população mundial, mas concentra 25% de todos os prisioneiros do planeta. A taxa de encarceramento dos Estados Unidos — aproximadamente 700 presos para cada 100.000 habitantes — é quase seis vezes maior do que a da China, país frequentemente rotulado como uma “ditadura” pelas autoridades norte-americanas.

A seletividade da justiça penal se reflete no perfil étnico dos encarcerados. Negros e latinos perfazem 29% da população dos Estados Unidos, mas representam 60% da população carcerária. Em vários estados, os prisioneiros são obrigados a realizar trabalho compulsório — uma medida que, somada à privatização dos presídios, tem contribuído para transformar o encarceramento em massa em um negócio extremamente lucrativo.

O mercado das prisões movimenta mais de 200 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos e os empresários do setor possuem lobistas poderosos financiando campanhas de parlamentares e cooptando apoio de procuradores. Megacorporações do porte da IBM, McDonald’s, Intel, Wal-Mart, Microsoft, Nike, AT&T e várias outras se beneficiam enormemente da mão de obra barata dos prisioneiros.

Os interesses financeiros frequentemente se misturam-se ao populismo penal e à competição eleitoreira dos procuradores e juízes para descobrir quem é mais “duro no combate ao crime”, com resultados desastrosos. A atuação de Kamala Harris é um exemplo disso.

Gostou do conteúdo? Acesse o link e leia mais da Pensar a História.

Durante sua eleição à procuradoria-geral, Kamala se posicionou à direita de seu adversário republicano em relação à “Three Strikes Law” — uma lei que determinava que qualquer pessoa que fosse condenada por três delitos, incluindo crimes não violentos e de menor potencial ofensivo, seria automaticamente sentenciada à prisão perpétua.

A lei foi desastrosa. Pessoas eram condenadas a passar o resto da vida na cadeia por motivos banais, como fumar maconha ou furtar uma fatia de pizza. Mesmo assim, Kamala foi contra a reforma da lei e encorajou os eleitores a rejeitarem a proposta 66, que previa aplicar a regra somente a crimes graves. 

Para deleite do negócio de encarceramentos privados, Kamala não se deu por satisfeita apenas com a aplicação indiscriminada da prisão perpétua contra delitos banais. Ela apoiou uma medida do condado de São Francisco que obrigava as escolas a entregarem crianças imigrantes não documentadas para serem detidas por autoridades policiais. A procuradora se esforçou também em enviar para a cadeia pais de alunos que faltassem ou cabulassem às aulas, medida prevista em um projeto de “combate à vadiagem” em 2011.

Ao ser questionada pela imprensa sobre um caso específico de uma mãe que foi presa após a filha, paciente oncológica, faltar às aulas por vários dias por estar debilitada, Kamala respondeu com risadas e ironias.

Buscando consolidar a imagem de “intolerante contra o crime”, Kamala ajudou a implementar uma série de medidas que levaram milhares de jovens negros e latinos para a cadeia por motivos fúteis. A procuradora também se tornou conhecida por perseguir trabalhadoras do sexo e forçar mulheres transexuais a serem encarceradas em prisões masculinas.

E, embora tenha sido a primeira mulher negra a ocupar o cargo de procuradora na Califórnia, Kamala foi muito criticada pelo movimento negro por ter acobertado e livrado de punição vários policiais envolvidos em atos de racismo ou de execução extrajudicial de jovens negros.

Kamala também resistiu às pressões pelo desencarceramento. Alarmada com o gigantesco aumento da população prisional e com as denúncias de superlotação, tortura e abusos no sistema penal, a Suprema Corte dos Estados Unidos determinou a criação de novos programas de liberdade condicional na Califórnia e ordenou a soltura dos prisioneiros que tivessem cometido delitos de menor gravidade.

Não obstante, Kamala se recusou a cumprir a decisão do tribunal, conduzindo uma verdadeira campanha de obstrução que quase gerou uma crise constitucional. A procuradora chegou a justificar sua postura dizendo que, caso fosse obrigada a libertar os detentos, as prisões “perderiam importante contingente de mão-de-obra”. Ela também se recusou a apoiar um projeto de lei criado por iniciativa popular que visava diminuir a taxa de encarceramento através da reforma dos códigos penais e do sistema de sentenças.


Gage Skidmore / Wikimedia Commons / Kamala Harris em 2019

Um dos casos mais emblemáticos da intransigência punitivista da procuradora ocorreu em 2012. Um homem chamado Daniel Larsen, reincidente do sistema prisional, foi condenado a 28 anos de prisão em 1999 por ameaçar uma pessoa com uma faca. Ele foi declarado inocente por um juiz federal, que ordenou sua soltura. A decisão foi tomada com base nas declarações do ex-chefe da polícia envolvido na denúncia e no depoimento do próprio dono da faca, que inocentou o réu. Mesmo assim, Kamala recorreu da decisão e se negou a libertar Larsen. Organizações humanitárias alegaram que a sentença de 28 anos era desproporcional, mas Kamala seguiu se opondo à libertação com base em uma tecnicalidade burocrática — o fato de que o habeas corpus fora pedido por seu advogado fora do prazo legal.

Diversos outros exemplos de excessos de Kamala foram divulgados no período, incluindo casos de manipulação de evidências e impetração de recursos para impedir a realização de testes de DNA — inclusive em casos que poderiam inocentar pessoas que aguardavam execuções no corredor da morte.

O rigor punitivista e a “linha dura” demonstrada pela procuradora contra jovens negros, latinos, pobres e imigrantes contrastava bastante com o tratamento dispensado aos réus de maior poder aquisitivo. Em 2013, por exemplo, Kamala se recusou a denunciar o Banco OneWest, de propriedade de Steven Mnuchin, mesmo com várias evidências sugestivas de “ilegalidades generalizadas”, conforme um memorando vazado do Departamento de Justiça. Coincidentemente ou não, o banqueiro Steve Mnuchin doou milhares de dólares para a campanha de Kamala.

A procuradora também se envolveu em um escândalo em 2015, quando a imprensa revelou que uma equipe de procuradores que ela chefiava havia falsificado confissões, alterado transcrições de interrogatórios, cometido perjúrio e outras formas de manipulação de evidências para influenciar nos vereditos.

Eleita para o Senado em 2016 e para a vice-Presidência dos Estados Unidos em 2020, Kamala segue perfilada às alas mais conservadoras do Partido Democrata, mas tem flexibilizado suas posições em temas como pena de morte e legalização da maconha. No plano externo, ela é próxima da facção dos “Hawks”, defensores de uma política externa agressiva e intervencionista.

Ela foi uma das principais apoiadoras da proposta de intervenção dos Estados Unidos na Síria. Defendeu igualmente a imposição de sanções contra a China, acusando o país de possuir “níveis abismais” de desrespeito aos direitos humanos, atacou o governo venezuelano e manifestou-se a favor da continuidade do embargo a Cuba. Contemplada com mais de 5 milhões de dólares pela AIPAC, principal agência do lobby sionista, Kamala é uma apoiadora incondicional do Estado de Israel e defendeu o envio de mais 38 bilhões de dólares para financiar o genocídio na Faixa de Gaza.

Diante do exposto, o entusiasmo de alguns com a possibilidade de vitória de Kamala parece extremamente equivocado — e perigosamente despolitizante. É compreensível que a esquerda brasileira considere a vitória da democrata como “um mal menor”, uma vez que a alternativa é o retorno de Donald Trump e o provável fortalecimento do bolsonarismo. Mas é preciso ter a sensatez e a honestidade intelectual de admitir que, no melhor dos cenários, Kamala Harris será “mais do mesmo” — e esse “mesmo” já é muito ruim. Guardemos a exaltação para quem merece.



Fonte: Opera Mundi


AIPAC Tracker

A vice-presidente Kamala Harris recebeu > $ 5 milhões em apoio do lobby pró-Israel. Esse total inclui seu tempo no Senado e nas campanhas presidenciais Biden-Harris.


 

Patti Politics

 Deixe-me ser claro. Não esquecerei a Palestina! #JoinJill #VoteGreen2024

@KamalaHarris

@DrJillStein



 FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil

- "Kamala, o que você acha de Israel bombardear o campo de refugiados mais populoso de Gaza duas vezes em dois dias?"

- Kamala: "Ah, meio chato né... Mas Israel sabe o que está fazendo e vamos continuar enviado bilhões de dólares em armas para exterminar crianças palestinas"



Geopolítica 01

Geopolítica 02


👉 Click Verdade - Jornal Missão 👈


Comentários Facebook