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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Terceira via: esquerda nos EUA quer alternativas a Kamala e Trump, diz analista norte-americano


Esquerda norte-americana mobiliza a sociedade civil, mas tem dificuldade para participar do processo eleitoral nos EUA. Poder do financiamento corporativista e estratégias de supressão de votos mantêm a esquerda ativa nas ruas, mas longe da Casa Branca e do Capitólio, explicam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil


© AP Photo / Jose Luis Magana

 

O mês de agosto foi marcado por intensa atividade política da esquerda norte-americana, que debate seu posicionamento nas eleições presidenciais de novembro de 2024. Insatisfeitos com o Partido Democrata em função de seu baixo engajamento em pautas de interesse da classe trabalhadora e apoio ao esforço israelense em Gaza, grupos socialistas norte-americanos apostam na terceira via para atingir a igualdade social.

Se a corrente denominada socialista dentro do Partido Democrata, o Democratic Socialists of America (DSA), declarou apoio à candidatura de Kamala Harris, o mesmo não pode ser dito de movimentos de esquerda independentes.

No dia 30 de agosto, poucos dias após a Convenção do Partido Democrata, uma outra reunião política foi convocada na cidade de Chicago: a Socialists 2024. Neste evento, o entusiasmo por Kamala Harris e seu Partido Democrata ficou bem menos evidentereportou o The Washington Post. Temas como o apoio norte-americano ao esforço de guerra israelense em Gaza e a baixa cobertura da segurança social no país dividem a esquerda socialista e o Partido Democrata norte-americano.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

Na mesma semana, um grupo mais radical de esquerda, que se identifica como comunista, criou o partido Revolutionary Communists of America. Com uma pauta política baseada na retomada do conceito de luta de classes, o partido repudia tanto o republicano Donald Trump, quanto a sua rival Harris.


"Precisamos reconhecer que nem os democratas, nem os republicanos podem genuinamente defender ou promover os interesses da classe trabalhadora, e a luta para criar um partido de massas próprio é a única saída possível para o movimento de trabalhadores dos EUA", versa o movimento em seu manifesto.


As diferenças entre democratas e socialistas não vêm de hoje: desde as controvérsias primárias democratas de 2016, quando o candidato socialista Bernie Sanders se retirou da corrida após acordos controversos com sua rival Hilary Clinton, parte da esquerda norte-americana não se sente representadas pelo Partido Democrata.


O senador Bernie Sanders no anfiteatro do condado de Tippecanoe, em 27 de agosto de 2021 - © AP Photo / Darron Cummings

De acordo com o fundador do Center for Political Innovation, Caleb Maupin, o ambiente econômico é favorável para a emergência de movimentos mais robustos à esquerda, dada a queda do padrão de vida da classe trabalhadora.


"Com certeza há uma queda no nível de vida. As pessoas mais jovens estão com muita dificuldade para se estabelecer. A casa familiar própria é coisa do passado nos EUA. A inflação, combinada com o aumento de empregos temporários e mal remunerados no setor de serviços, tornam as condições muito mais difíceis para um jovem americano sobreviver", disse Maupin à Sputnik Brasil. "Vemos muito ressentimento econômico. A crença no sonho americano e na prosperidade para todos desapareceu."

 

No entanto, o analista adverte que movimentos de esquerda ainda são mal recebidos por grande parte do eleitorado, principalmente aquele identificado com o atual candidato à presidência Donald Trump.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

"Infelizmente, muitos apoiadores de Trump estão descontentes com coisas como as quarentenas da COVID-19, estão irritados com a perda da liberdade de expressão, e passaram a identificar essas questões com o comunismo. Ainda existe essa percepção muito forte nos círculos republicanos de que o comunismo, a política woke e o Partido Democrata são sinônimos", lamentou Maupin. "E esse simplesmente não é o caso [...], o socialismo tem tudo a ver com crescimento econômico, enquanto o Partido Democrata promove o decrescimento e a promoção de um estado policial de baixos salários."


Sociedade civil ativa

A dificuldade de integrar grupos de esquerda na política eleitoral norte-americana contrasta com a atividade intensa no nível da sociedade civil. De acordo com a brasileira residente nos EUA Natália de Campos, cocoordenadora do Comitê Defenda Democracia no Brasil de Nova York, o engajamento da juventude em movimentos pacifistas e antirracistas é intenso.


"Vemos uma conflagração de forças ao redor do movimento pró-Palestina, que está nas ruas, seguindo uma tendência que começou lá no movimento Vidas Negras Importam [Black Lives Matter]", disse Campos à Sputnik Brasil. "E com isso a gente está vendo muitos jovens se engajando novamente na política, apoiando pautas socialistas especificamente, e procurando uma alternativa para os dois partidos que dominam aqui [nos EUA]."

 

A dificuldade, segundo ela, é emplacar candidaturas de movimentos sociais no processo eleitoral. Em função das regras complexas, que variam entre os estados, conseguir emplacar o nome de candidatos na cédula eleitoral norte-americana já é considerado uma grande vitória.


Funcionários e apoiadores da Starbucks dão os braços durante observação da eleição sindical em 9 de dezembro de 2021, em Buffalo, EUA (foto de arquivo) - © AP Photo / Joshua Bessex

"Apesar dos obstáculos, neste ano teremos mais candidatos socialistas nas cédulas do que nos últimos anos", revelou Campos. "Em alguns estados, como a Geórgia, o próprio Partido Democrata desafia a inclusão de socialistas nas cédulas, porque não querem uma terceira via. E os republicanos apelam para o garry mandering, uma prática que redesenha os distritos eleitorais para separar as comunidades [...]. Então temos supressão de votos pelos dois lados."

Além das dificuldades regulatórias, os movimentos de esquerda nos EUA sofrem com a falta crônica de financiamento. O financiamento privado centrado nos dois principais partidos do país é a tônica do sistema eleitoral norte-americano, dificultando sobremaneira a emergência de movimentos alternativos.


"As eleições aqui [nos EUA] são fortemente influenciadas pelo poder corporativo, que bloqueia qualquer tipo de competitividade", lamentou Campos. "Vemos como o dinheiro corporativo entra numa campanha para fazer lobby, direcionar o eleitorado e toda a máquina necessária para eleger uma pessoa."

 

Segundo ela, os obstáculos à participação política de movimentos alternativos levam "uma parte do eleitorado a não se engajar, por entender que os partidos Democrata e Republicano se assemelham cada vez mais."


Ativistas sindicais se reúnem em prol de melhorias nas condições para trabalhadores do setor de serviços nos em Durham, EUA, 18 de novembro de 2022 - © AP Photo / James Pollard

O norte-americano Caleb Maupin acredita na necessidade de uma terceira via. Para ele, o socialismo deve se distanciar tanto do "neoliberalismo econômico e liberalismo social" do Partido Democrata, quanto do renovado "tom populista" da retórica de Trump.


"O que é necessário agora nos Estados Unidos é uma coalizão antimonopólio, na qual todas as diferentes forças que se beneficiariam com a derrota dos monopólios e com um governo que enfatize o crescimento econômico possam se unir e apresentar um programa de construção de infraestrutura, nacionalização e centralização do crédito para ter um plano econômico para o renascimento econômico do país, controle público dos recursos naturais. Todas essas coisas fariam parte de um programa socialista antimonopólio", concluiu o analista norte-americano.

 

As eleições presidenciais norte-americanas estão previstas para ocorrer em novembro de 2024. Pesquisas recentes indicam uma corrida apertada, com diferença de um a dois pontos percentuais nas intenções de votos nacionais para os dois principais candidatos, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. De acordo com a mais recente pesquisa do jornal Wall Street Journal, Harris lideraria com 48% contra 47% de Donald Trump. A pesquisa Quinnipiac University Pool aponta para Harris com 29%, contra 48% de seu rival republicano.


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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sobre a Crítica da Filosofia do Direito



Imagem capa do grupo no Facebook: 


Disse-nos Marx que o problema central do manuscrito Para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel está na relação entre o Estado e a sociedade civil. Segundo Hegel, o Estado encontra-se num grau de desenvolvimento superior ao da sociedade civil, e determina-a.  Marx tem uma tese oposta: a sociedade civil é premissa do Estado. "No seu cume supremo, a constituição política é a constituição da propriedade privada"; e apesar de para ele a propriedade privada ser entendida sobretudo no plano jurídico, já aponta para uma compreensão mais ampla do fundamento material para a explicação das instituições sociais e políticas. Criticava Hegel por ele "fazer passar aquilo que é, por essência do Estado". Marx dizia que a democracia é a autodeterminação do povo e a sua lei fundamental é a existência humana, isto é, os interesses do homem, do povo. A democracia é a verdade de cada Estado, o objetivo ideal, a finalidade do seu desenvolvimento. 

  • Apenas sob um regime de democrático o homem deixará de ser um joguete nas mãos de forças por ele próprio criado-as instituições políticas - para passar a ser senhor delas, só nessas condições o estado não só se opões ao novo, mas é "uma força de existência particular do povo."


Na democracia o estado político desaparece. A democracia, não como um poder formal do povo, mas como o seu poder real. Qual é então o regime social capaz de realizar esse poder real do povo?

Marx já percebia as bases idealistas do método de Hegel, que não desenvolve o seu Pen mento a partir do objeto, mas este segundo um pensar já acabado, e tornado pronto na esfera abstrata da lógica. Marx conclui assim que o idealismo leva inevitavelmente ao misticismo e à ilusão. Marx critica Hegel especialmente porque o idealismo e as opiniões conservadoras em política, de Hegel, levam ao equívoco de que a monarquia prussiana é um fato histórico concreto numa etapa da evolução da Ideia absoluta. Hegel também crê absolutos outros atributos do Estado semi-feudal: o regime de estados sociais, a burocracia, o morgadio, etc. Para Hegel, o morgadio era um bem das famílias da nobreza, indivisíveis e inalienáveis, e deveria ser transmitido integralmente ao primogênito varão.

Na época desse manuscrito, julho e agosto de 1843, Marx dedicou-se ao estudo da história, buscando compreender as vias que permitem chegar a um regime social digno do nome de sociedade verdadeiramente humana. Esses estudos permitiram o desenvolvimento da concepção do mundo de Marx.

Nessa altura, observou anos depois seu parceiro Engels, "ele chegou à perspectiva de que não é no Estado apresentado por Hegel, 'como o coroamento do edifício,' mas na esfera da sociedade civil, que devemos procurar a chave para o entendimento do processo de desenvolvimento histórico da Humanidade.

Grande dialético (como Hegel), Marx já percebia que a sociedade encerrava em si mesma a necessidade de sua própria transformação. Faltava ainda descobrir a força social capaz de realizar a revolução democrática.

Assim, o comportamento de Lula, exigindo respeito aos seus direitos e liberdade de expressão, é completamente legítimo. Afinal, estamos numa democracia social autêntica, de um Estado democrático de direito, ou não?

Talvez, embora dialético, Hegel pudesse exigir de Lula um outro discurso, submisso às leis da Ideia absoluta.
Porém, Engels, com certeza absoluta, aprovaria as atitudes e exigências históricas de Lula!

O Anjo Frederico era um cara lúcido.

  • Toma tino, rapaziada idealista do poder judiciário. Sabemos suas origens históricas, seu rabo residual ainda preso na nobreza e parte do imaginário da burguesia associada, em vias de falecimento, falaciosas e entreguistas.

Lula fala o que quiser! 

Quando quiser! 

Ele é a nossa voz!



A luta de classes, segundo Karl Marx, só acabará com o fim do capitalismo e das classes sociais.
Marx dizia: "Proletários de todos os países, uni-vos!"



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