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domingo, 27 de outubro de 2024

Erdogan acusa EUA de usarem terroristas na Síria e Iraque 'para seus interesses e os de Israel'


O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou Washington na sexta-feira (25) de usar grupos terroristas que operam na Síria e no Iraque para o benefício dos Estados Unidos e Israel


© AP Photo / Denes Erdos

Erdogan disse que os EUA estavam atrasando sua retirada do Iraque, deixando evidente que a retirada seria tática e não estratégica. A Turquia está monitorando a situação no Iraque e na Síria e não comprometerá a presença de grupos terroristas, disse ele, referindo-se às unidades separatistas curdas PYD/YPG.


"As discussões sobre a retirada dos EUA da região, lembre-se, estão acontecendo há muito tempo. O fato de que a retirada será tática e não estratégica já ficou claro", disse o líder turco.

 

Ancara acusa o PYD e o YPG de laços com o PKK, que é listado como uma organização terrorista pela Turquia, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.


"É um fato bem conhecido agora que os EUA usam organizações terroristas na região em seus próprios interesses e no interesse da segurança israelense. Os EUA estão fornecendo a Israel todos os tipos de ferramentas, equipamentos, munição e todo o suporte possível na região? Sim, estão. Dinheiro também", ele disse a repórteres no voo de volta da cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia.

 

Em março, o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Fuad Mohammed Hussein, disse à Sputnik que o Iraque e os EUA estavam continuando suas negociações sobre a possível retirada das forças da coalizão internacional liderada pelos norte-americanos no solo iraquiano, mas nenhuma decisão final ou cronograma havia sido acordado.


EUA buscam novo acordo após
 Iraque reafirmar que tropas não
 são mais úteis, diz mídia

Em janeiro, o primeiro-ministro iraquiano Mohammed Shyaa Al Sudani disse ao The Wall Street Journal que não havia mais necessidade da presença da coalizão para derrotar o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em diversos países) no Iraque, acrescentando que não estava mais preocupado que a saída das forças da coalizão pudesse prejudicar as capacidades militares iraquianos.


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Fonte: Sputnik Brasil


BRICS News

O presidente turco Erdoğan diz que "os Estados Unidos usam organizações terroristas na região para seus próprios interesses e para a segurança de Israel".



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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Terceira via: esquerda nos EUA quer alternativas a Kamala e Trump, diz analista norte-americano


Esquerda norte-americana mobiliza a sociedade civil, mas tem dificuldade para participar do processo eleitoral nos EUA. Poder do financiamento corporativista e estratégias de supressão de votos mantêm a esquerda ativa nas ruas, mas longe da Casa Branca e do Capitólio, explicam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil


© AP Photo / Jose Luis Magana

 

O mês de agosto foi marcado por intensa atividade política da esquerda norte-americana, que debate seu posicionamento nas eleições presidenciais de novembro de 2024. Insatisfeitos com o Partido Democrata em função de seu baixo engajamento em pautas de interesse da classe trabalhadora e apoio ao esforço israelense em Gaza, grupos socialistas norte-americanos apostam na terceira via para atingir a igualdade social.

Se a corrente denominada socialista dentro do Partido Democrata, o Democratic Socialists of America (DSA), declarou apoio à candidatura de Kamala Harris, o mesmo não pode ser dito de movimentos de esquerda independentes.

No dia 30 de agosto, poucos dias após a Convenção do Partido Democrata, uma outra reunião política foi convocada na cidade de Chicago: a Socialists 2024. Neste evento, o entusiasmo por Kamala Harris e seu Partido Democrata ficou bem menos evidentereportou o The Washington Post. Temas como o apoio norte-americano ao esforço de guerra israelense em Gaza e a baixa cobertura da segurança social no país dividem a esquerda socialista e o Partido Democrata norte-americano.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

Na mesma semana, um grupo mais radical de esquerda, que se identifica como comunista, criou o partido Revolutionary Communists of America. Com uma pauta política baseada na retomada do conceito de luta de classes, o partido repudia tanto o republicano Donald Trump, quanto a sua rival Harris.


"Precisamos reconhecer que nem os democratas, nem os republicanos podem genuinamente defender ou promover os interesses da classe trabalhadora, e a luta para criar um partido de massas próprio é a única saída possível para o movimento de trabalhadores dos EUA", versa o movimento em seu manifesto.


As diferenças entre democratas e socialistas não vêm de hoje: desde as controvérsias primárias democratas de 2016, quando o candidato socialista Bernie Sanders se retirou da corrida após acordos controversos com sua rival Hilary Clinton, parte da esquerda norte-americana não se sente representadas pelo Partido Democrata.


O senador Bernie Sanders no anfiteatro do condado de Tippecanoe, em 27 de agosto de 2021 - © AP Photo / Darron Cummings

De acordo com o fundador do Center for Political Innovation, Caleb Maupin, o ambiente econômico é favorável para a emergência de movimentos mais robustos à esquerda, dada a queda do padrão de vida da classe trabalhadora.


"Com certeza há uma queda no nível de vida. As pessoas mais jovens estão com muita dificuldade para se estabelecer. A casa familiar própria é coisa do passado nos EUA. A inflação, combinada com o aumento de empregos temporários e mal remunerados no setor de serviços, tornam as condições muito mais difíceis para um jovem americano sobreviver", disse Maupin à Sputnik Brasil. "Vemos muito ressentimento econômico. A crença no sonho americano e na prosperidade para todos desapareceu."

 

No entanto, o analista adverte que movimentos de esquerda ainda são mal recebidos por grande parte do eleitorado, principalmente aquele identificado com o atual candidato à presidência Donald Trump.


Manifestantes em frente a Casa Branca durante um protesto contra a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à Casa Branca, quinta-feira, 25 de julho de 2024, em Washington, EUA - © AP Photo / Mike Stewart

"Infelizmente, muitos apoiadores de Trump estão descontentes com coisas como as quarentenas da COVID-19, estão irritados com a perda da liberdade de expressão, e passaram a identificar essas questões com o comunismo. Ainda existe essa percepção muito forte nos círculos republicanos de que o comunismo, a política woke e o Partido Democrata são sinônimos", lamentou Maupin. "E esse simplesmente não é o caso [...], o socialismo tem tudo a ver com crescimento econômico, enquanto o Partido Democrata promove o decrescimento e a promoção de um estado policial de baixos salários."


Sociedade civil ativa

A dificuldade de integrar grupos de esquerda na política eleitoral norte-americana contrasta com a atividade intensa no nível da sociedade civil. De acordo com a brasileira residente nos EUA Natália de Campos, cocoordenadora do Comitê Defenda Democracia no Brasil de Nova York, o engajamento da juventude em movimentos pacifistas e antirracistas é intenso.


"Vemos uma conflagração de forças ao redor do movimento pró-Palestina, que está nas ruas, seguindo uma tendência que começou lá no movimento Vidas Negras Importam [Black Lives Matter]", disse Campos à Sputnik Brasil. "E com isso a gente está vendo muitos jovens se engajando novamente na política, apoiando pautas socialistas especificamente, e procurando uma alternativa para os dois partidos que dominam aqui [nos EUA]."

 

A dificuldade, segundo ela, é emplacar candidaturas de movimentos sociais no processo eleitoral. Em função das regras complexas, que variam entre os estados, conseguir emplacar o nome de candidatos na cédula eleitoral norte-americana já é considerado uma grande vitória.


Funcionários e apoiadores da Starbucks dão os braços durante observação da eleição sindical em 9 de dezembro de 2021, em Buffalo, EUA (foto de arquivo) - © AP Photo / Joshua Bessex

"Apesar dos obstáculos, neste ano teremos mais candidatos socialistas nas cédulas do que nos últimos anos", revelou Campos. "Em alguns estados, como a Geórgia, o próprio Partido Democrata desafia a inclusão de socialistas nas cédulas, porque não querem uma terceira via. E os republicanos apelam para o garry mandering, uma prática que redesenha os distritos eleitorais para separar as comunidades [...]. Então temos supressão de votos pelos dois lados."

Além das dificuldades regulatórias, os movimentos de esquerda nos EUA sofrem com a falta crônica de financiamento. O financiamento privado centrado nos dois principais partidos do país é a tônica do sistema eleitoral norte-americano, dificultando sobremaneira a emergência de movimentos alternativos.


"As eleições aqui [nos EUA] são fortemente influenciadas pelo poder corporativo, que bloqueia qualquer tipo de competitividade", lamentou Campos. "Vemos como o dinheiro corporativo entra numa campanha para fazer lobby, direcionar o eleitorado e toda a máquina necessária para eleger uma pessoa."

 

Segundo ela, os obstáculos à participação política de movimentos alternativos levam "uma parte do eleitorado a não se engajar, por entender que os partidos Democrata e Republicano se assemelham cada vez mais."


Ativistas sindicais se reúnem em prol de melhorias nas condições para trabalhadores do setor de serviços nos em Durham, EUA, 18 de novembro de 2022 - © AP Photo / James Pollard

O norte-americano Caleb Maupin acredita na necessidade de uma terceira via. Para ele, o socialismo deve se distanciar tanto do "neoliberalismo econômico e liberalismo social" do Partido Democrata, quanto do renovado "tom populista" da retórica de Trump.


"O que é necessário agora nos Estados Unidos é uma coalizão antimonopólio, na qual todas as diferentes forças que se beneficiariam com a derrota dos monopólios e com um governo que enfatize o crescimento econômico possam se unir e apresentar um programa de construção de infraestrutura, nacionalização e centralização do crédito para ter um plano econômico para o renascimento econômico do país, controle público dos recursos naturais. Todas essas coisas fariam parte de um programa socialista antimonopólio", concluiu o analista norte-americano.

 

As eleições presidenciais norte-americanas estão previstas para ocorrer em novembro de 2024. Pesquisas recentes indicam uma corrida apertada, com diferença de um a dois pontos percentuais nas intenções de votos nacionais para os dois principais candidatos, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. De acordo com a mais recente pesquisa do jornal Wall Street Journal, Harris lideraria com 48% contra 47% de Donald Trump. A pesquisa Quinnipiac University Pool aponta para Harris com 29%, contra 48% de seu rival republicano.


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domingo, 18 de agosto de 2024

Venezuela: o petróleo e as atas


Lula deve se lembrar que para se apoderar do petróleo e do gás do Brasil, Washington precisa primeiro fomentar a inimizade entre o Brasil e a Venezuela


29.05.2023 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro. Cerimônia Oficial de chegada ao Brasil. Palácio do Planalto – Brasília DF. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

 

As notícias do dia são de vários meios de comunicação da globosfera de língua espanhola, informando que o governo brasileiro não aceitará a decisão da Sala Eleitoral do Supremo Tribunal Constitucional da Venezuela na disputa sobre os resultados das eleições. Os governos da Colômbia e do México e, com uma postura mais beligerante, o Chile estão em uma posição semelhante.

O que essa atitude revela? Simples: a enorme eficácia do poder de chantagem do império, que, por meio de uma ofensiva midiática, diplomática e econômica sem precedentes (ainda pior do que a sofrida pelo presidente Salvador Allende no Chile, porque naquela época a mídia tinha muito menos poder de fogo e as redes sociais ainda não haviam nascido), conseguiu instalar a ideia de que a eleição de Nicolás Maduro foi fraudulenta como uma certeza irrevogável.

Essa farsa nada mais é do que outro exemplo do poder da propaganda produzida pelas fábricas de mentiras e notícias falsas sediadas nos Estados Unidos, que há meses vêm anunciando que haveria fraude nas eleições venezuelanas. E isso foi anunciado com a mesma irresponsabilidade e impunidade com que costumavam dizer que havia armas de destruição em massa no Iraque. Infelizmente, os governos latino-americanos parecem impotentes para neutralizar a extorsão projetada em Washington, executada por centenas de meios de comunicação e martelada por milhares de falastrões que cantam a mesma melodia: houve fraude, mostrem as atas!



Mas acontece que, quando na quarta-feira passada a direita teve a oportunidade de mostrar as atas que comprovavam sua vitória perante a Sala Eleitoral do Supremo Tribunal Constitucional, seus porta-vozes não mostraram absolutamente nada. Além disso, eles disseram, e eu cito, que “não têm as atas de contagem das testemunhas nas seções eleitorais, nem listas de testemunhas, alegando, além disso, que não participaram do processo de transferência e proteção de nenhum material. Também destacaram que a organização SUMATE faz parte da equipe de assessoramento técnico da Alianza Plataforma Unitária Democrática e, ao mesmo tempo, não sabiam quem havia carregado a informação das supostas atas de apuração na página web dessa organização, que deu a vitória a Edmundo González Urrutia”.

Apesar de uma confissão tão contundente, o governo do presidente Lula da Silva continua a exigir que “as atas sejam mostradas”, uma atitude que não é apenas incomum e desrespeitosa com os assuntos internos de um estado irmão, mas também paradoxal, porque onde estão as atas que provam que Lula venceu as eleições de 2022? Ele já as mostrou? Não, apesar das denúncias dos bolsonaristas e de Steve Bannon. Nem Joe Biden, e vários outros governantes, porque não há nenhuma. O que acontece é que no sistema eleitoral brasileiro, que é menos confiável que o venezuelano, essas atas não existem; não há recibos em papel para confirmar os resultados eleitorais produzidos pelas máquinas de votação. Há apenas a confiança cega e suicida de que elas não podem ser hackeadas e que o resultado eleitoral fornecido pelo dispositivo computadorizado é uma transcrição fiel da vontade dos cidadãos. Essa crença é, no mínimo, imprudente, se não absurda ou irrisória. Justamente por causa dessa falta de transparência, já que o resultado eletrônico não pode ser comparado com as cédulas de votação, países como Reino Unido, Alemanha, Finlândia, Holanda, Irlanda, Cazaquistão e Noruega proibiram o voto eletrônico. Repito: onde estão suas atas, Presidente Lula? Por que agora as está exigindo do governo bolivariano?

O líder brasileiro e seus assessores devem ter muito claro que o que está em jogo na Venezuela não é o veredicto eleitoral, mas a apropriação pelos Estados Unidos das imensas reservas de petróleo do país. É ingenuidade pensar que todos esses estilhaços dos assassinos contratados pela mídia se referem a alguns minutos ou a uma porcentagem de votos. “É o petróleo, estúpido”, parafraseando Bill Clinton. E a vontade de Washington de saquear não será apaziguada apenas com o roubo do petróleo venezuelano. Tome nota, Presidente Lula: eles também estão vindo para o pré-sal brasileiro, que com seus quase 14 bilhões de barris – nada comparado aos mais de 300 bilhões de barris que a Venezuela possui – ainda é um petisco que excita o apetite insaciável do império, e você verá como eles também tentarão se apoderar dessa riqueza que pertence a todos os brasileiros.

Não lhe parece coincidência que a 4ª Frota dos Estados Unidos, desativada desde 1950, tenha sido reativada em 2008, poucos meses depois de o senhor anunciar a descoberta do pré-sal, saudando-a como “a segunda independência do Brasil”? Não há coincidências no mundo da geopolítica, presidente. Mas para se apoderar do petróleo e do gás do Brasil, Washington precisa primeiro romper o bloco sul-americano e fomentar a inimizade entre o Brasil e a Venezuela, impedindo que esses dois grandes países atuem em conjunto e, assim, tornando-os indefesos diante do império. Eles estão prestes a fazer isso. Esperemos que o senhor consiga se libertar da extorsão a que o império o submete com seu exército de operadores, pseudojornalistas, diplomatas contratados e políticos venais que o atacam dia e noite e reconheça, de uma vez por todas, que Nicolás Maduro é o legítimo presidente da Venezuela e que as acusações da oposição são totalmente infundadas, como já foi provado em juízo. E, além disso, que seja elaborado sem demora um projeto conjunto no âmbito da Unasul para defender as enormes riquezas da América do Sul. Caso contrário, elas passarão para as mãos dos Estados Unidos por meio da Quarta Frota e do Comando Sul.


Breno Altman


As atas das eleições venezuelanas estão onde deveriam estar depois da tentativa golpista desencadeada pela extrema direita com apoio dos EUA: no Tribunal Supremo de Justiça, sendo verificadas e recontadas, para uma sentença definitiva nos próximos dias.



Fonte: Opera Mundi


 Jackson Hinkle


Os EUA têm 48 BILHÕES de barris de PETRÓLEO, avaliados em US$ 3,5 TRILHÕES.

A Venezuela tem 303 BILHÕES de barris de PETRÓLEO, avaliados em US$ 22,7 TRILHÕES (a maior parte do petróleo do mundo).

Agora você entende por que eles querem dar um GOLPE ao presidente Maduro?



Denis Rogatyuk


O que @elonmusk odeia ver...

Um mar de vermelho em Caracas hoje, marchando em defesa de #Venezuela e em apoio ao presidente @NicolasMaduro .



 COMBATE


Quer saber por que o governo dos EUA está indo atrás da Venezuela? Assista a este vídeo.



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segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Exportações militares dos EUA disparam enquanto Washington continua a alimentar conflitos globais


As exportações de armas dos EUA aumentaram drasticamente desde 2022 e podem ultrapassar US$ 100 bilhões até o final do ano, de acordo com o Pentágono


© Sputnik / Oksana Dzhadan / Acessar o banco de imagens

No ano fiscal de 2022, as vendas de armas feitas por meio do sistema de Vendas Militares Estrangeiras (FMS, na sigla em inglês) do governo saltaram para US$ 49,7 bilhões (R$ 273 bilhões), de US$ 34,8 bilhões (R$ 191 bilhões) em 2021. Já no ano fiscal de 2023 esse número aumentou novamente para US$ 66,2 bilhões (R$ 364,5 bilhões).

Até agora, no ano fiscal de 2024, as vendas do FMS já estão acima de US$ 80 bilhões (R$ 440 bilhões), de acordo com a Agência de Cooperação em Segurança de Defesa.

Em termos de valor total, que soma não só armas transferidas, mas também serviços e atividades de cooperação de segurança conduzidas sob o sistema de Vendas Militares Estrangeiras, o valor no ano fiscal de 2023 foi de US$ 80,9 bilhões (R$ 445 bilhões), representando um aumento de 55,9% de um total de US$ 51,9 bilhões (R$ 285 bilhões) em 2022.


Lockheed Martin: o que se sabe
 sobre a maior empresa americana
 que fornece armas a Taiwan?


Em 2024, sob pressão do Congresso, o Departamento de Estado dos EUA revelou detalhes das vendas do FMS. Confira os principais destinos:


Polônia

Helicópteros Apache AH-64E - US$ 12 bilhões (R$ 66 bilhões);

Sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) - US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões);

Sistemas de comando de batalha de defesa aérea e de mísseis integrados (IAMD) (IBCS) - US$ 4 bilhões (R$ 22 bilhões);

Tanques de batalha principais M1A1 Abrams - US$ 3,75 bilhões (R$ 20 bilhões).


Alemanha

Helicópteros CH-47F Chinook - US$ 8,5 bilhões (R$ 46,8 bilhões);

Mísseis ar-ar avançados de médio alcance AIM-120C-8 (AMRAAM) - US$ 2,9 bilhões (R$ 16 bilhões).


Noruega:

Artigos e serviços de defesa relacionados aos helicópteros multimissão MH-60R - US$ 1 bilhão (R$ 5,51 bilhões).


República Tcheca

Aeronaves e munições F-35 - US$ 5,62 bilhões (R$ 31 bilhões).


Bulgária

Veículos Stryker - US$ 1,5 bilhão (R$ 8,26 bilhões).


Austrália

Aeronaves C-130J-30 - US$ 6,35 bilhões (R$ 34,96 bilhões).


Canadá:

Aeronaves P-8A - US$ 5,9 bilhões (R$ 32,49 bilhões).


Coreia do Sul

Aeronaves F-35 - US$ 5,06 bilhões (R$ 27,86 bilhões);

Helicópteros CH-47F Chinook - US$ 1,5 bilhão (R$ 8,26 bilhões).


Japão

Aeronave de alerta e controle aéreo antecipado (AEW&C) E-2D Advanced Hawkeye (AHE) - US$ 1,381 bilhão (R$ 7,60 bilhões).


Kuwait

Sistema nacional avançado de mísseis superfície-ar (NASAMS) e sistemas de defesa aérea de médio alcance (MRADS) - US$ 3 bilhões (R$ 16,52 bilhões);

Suporte técnico de acompanhamento - US$ 1,8 bilhão (R$ 9,91 bilhões).


Catar

Sistema integrado de derrota de aeronaves não tripuladas pequenas, lentas e de baixa altitude (FS-LIDS) - US$ 1 bilhão (R$ 5,51 bilhões).


Ante operação no Líbano, Netanyahu
 diz aos EUA: 'Dê-nos as ferramentas
 e terminaremos o trabalho'


Vendas comerciais diretas

Além disso, as vendas comerciais diretas (DCS) entre nações estrangeiras e contratantes de defesa dos EUA saltaram de US$ 153,6 bilhões (R$ 845,74 bilhões) no ano fiscal de 2022 para US$ 157,5 bilhões (R$ 867,21 bilhões) no ano fiscal de 2023. Essas vendas incluíram hardware militar não especificado, serviços e dados técnicos.

O Departamento de Estado dos EUA forneceu um vislumbre do que as principais notificações do Congresso DCS incluíram no ano fiscal de 2023:


Itália

Para a fabricação de conjuntos de asas e subconjuntos do F-35 - US$ 2,8 bilhões (R$ 15,42 bilhões).


Índia

Para a fabricação de hardware do motor GE F414-INS6 - US$ 1,8 bilhão (R$ 9,91 bilhões).


Cingapura

Sistema de propulsão e peças de reposição do F100 - US$ 1,2 bilhão(R$ 6,61 bilhões).


Coreia do Sul

Sistema de propulsão F100 e peças de reposição - US$ 1,2 bilhão (R$ 6,61 bilhões).


Noruega e Ucrânia

Sistemas avançados nacionais de mísseis superfície-ar (NASAMS) - US$ 1,2 bilhão (R$ 6,61 bilhões).


Arábia Saudita

Míssil guiado Patriot - US$ 1 bilhão (R$ 5,51 bilhões).


As vendas de armas dos EUA

O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) destaca que as exportações de armas pelos EUA aumentaram 17% entre 2014-18 e 2019-23. A participação dos EUA no total das exportações globais de armas aumentou de 34% para 42%.

Entre 2019 e 2023, os EUA entregaram grandes armas a 107 Estados, o que foi mais do que os outros dois maiores exportadores juntos, de acordo com o SIPRI.

A maior parte das armas dos EUA foi para o Oriente Médio (38%), principalmente para Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Israel.

As exportações de armas dos EUA para Estados na Ásia e Oceania aumentaram 14% entre 2014–18 e 2019–23; 31% de todas as exportações de armas dos EUA em 2019–23 foram para a região, com Japão, Coreia do Sul e Austrália sendo os maiores compradores.

A Europa comprou um total de 28% das exportações de armas dos EUA em 2019–23. As exportações de armas dos EUA para a região aumentaram mais de 200% entre os períodos de 2014–18 e 2019–23. A Ucrânia foi responsável por 4,7% de todas as exportações de armas dos EUA e por 17% das destinadas à Europa.

O instituto projeta que os EUA continuarão a aumentar as vendas militares em 2024 e nos anos seguintes, com foco em aeronaves de combate, tanques e outros veículos blindados, artilharia, sistemas SAM e navios de guerra.


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Fonte: Sputnik Brasil

Francesca Albanese, UN Special Rapporteur oPt

O financiamento dos EUA para Israel #Genocide está aumentando à medida que o exército israelense usa bombas cada vez mais letais. As usadas ontem no massacre #AlTabinSchool fatiaram corpos a ponto de torná-los irreconhecíveis. Eles agora são identificados pelo peso: saco de 70 kg = 1 adulto. Revoltante.



 Dr. Jill Stein

O nosso complexo militar-industrial prospera com os lucros da guerra. Os empreiteiros da defesa influenciam a nossa política externa através de lobby incansável e contribuições generosas de campanha, empurrando-nos de um conflito para outro.

Este ciclo de guerra orientada para o lucro deve acabar.



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terça-feira, 23 de julho de 2024

Hamas e Fatah assinam acordo de unidade em Pequim visando governança de Gaza


As facções concordaram com um "governo interino de reconciliação nacional", diz o Ministério das Relações Exteriores da China.


FM Wang Yi apresentou a iniciativa de três etapas da China em relação ao conflito em curso em Gaza.
 

Facções palestinas assinaram um acordo de “unidade nacional” com o objetivo de manter o controle palestino sobre Gaza quando a guerra de Israel no enclave terminar.

O acordo, finalizado na terça-feira na China após três dias de negociações intensivas, estabelece as bases para um “governo interino de reconciliação nacional” para governar Gaza no pós-guerra, disse o Ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi. O acordo foi assinado pelos rivais de longa data Hamas e Fatah, bem como outros 12 grupos palestinos.


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“Hoje assinamos um acordo para a unidade nacional e dizemos que o caminho para completar esta jornada é a unidade nacional”, disse o alto funcionário do Hamas, Mousa Abu Marzouk, em uma entrevista coletiva em Pequim.


Bloqueio do controle israelita de Gaza

Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, uma das 14 facções que assinaram o acordo, disse à Al Jazeera que o acordo vai “muito mais longe” do que qualquer outro alcançado nos últimos anos.

Ele disse que seus quatro elementos principais são o estabelecimento de um governo interino de unidade nacional, a formação de uma liderança palestina unificada antes de futuras eleições, a eleição livre de um novo Conselho Nacional Palestino e uma declaração geral de unidade diante dos ataques israelenses em andamento.

O movimento em direção a um governo de unidade é especialmente importante, disse ele, porque “bloqueia os esforços israelenses para criar algum tipo de estrutura colaborativa contra os interesses palestinos”.




A reconciliação entre o Hamas e o Fatah seria um ponto de virada fundamental nas relações internas palestinas. Os dois principais partidos políticos palestinos no território palestino têm sido rivais ferrenhos desde que o conflito surgiu em 2006, após o qual o Hamas tomou o controle de Gaza.


'Não há outro jeito'

“Estamos em uma encruzilhada histórica”, disse Abu Marzouk, de acordo com a CNN. “Nosso povo está se levantando em seus esforços para lutar.”

O Hamas, que liderou o ataque de 7 de outubro a Israel, defende a resistência armada contra a ocupação israelense.

O Fatah controla a Autoridade Palestina, que tem controle administrativo parcial da Cisjordânia ocupada. Ele favorece negociações pacíficas em busca de um estado palestino.

Várias tentativas de reconciliação passadas entre as duas facções falharam. No entanto, os apelos para que elas se unissem aumentaram à medida que a guerra se arrastava e Israel e seus aliados, incluindo os Estados Unidos, discutiam quem poderia governar o enclave após o fim da luta.

Barghouti disse que a guerra em Gaza foi o “principal fator” que motivou os lados palestinos a deixarem de lado suas diferenças.

“Não há outra maneira agora senão os palestinos se unirem e lutarem juntos contra essa terrível injustiça”, disse ele.

“O mais importante agora é não apenas assinar o acordo, mas implementá-lo.”


'Observando de longe'

Israel se opõe veementemente a qualquer papel do Hamas no governo de Gaza e sugeriu, diante da oposição até mesmo de Washington, que pretende manter o controle do enclave.

Israel, portanto, foi rápido em criticar o acordo anunciado.

Atacando o chefe do Fatah e presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, por cooperar com o Hamas, o Ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, reafirmou a posição de seu governo de que ninguém, exceto Israel, controlará Gaza após o fim das hostilidades.


 

 “Em vez de rejeitar o terrorismo, Mahmoud Abbas abraça os assassinos e estupradores do Hamas, revelando sua verdadeira face”, Katz afirmou no X. “Na realidade, isso não vai acontecer porque o governo do Hamas será esmagado, e Abbas estará observando Gaza de longe. A segurança de Israel permanecerá somente nas mãos de Israel.”


'Assunto interno'

A China, que tentou desempenhar um papel mediador no conflito, já recebeu o Fatah e o Hamas em abril.

Durante essas negociações , a dupla “expressou sua vontade política de alcançar a reconciliação por meio do diálogo e da consulta” e fez progressos em “muitas questões específicas”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, na época.

A última rodada de negociações contou com a presença do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e do vice-chefe do Fatah, Mahmoud al-Aloul.

Após a assinatura do que foi chamado de “Declaração de Pequim”, Wang, da China, disse: “A reconciliação é uma questão interna para as facções palestinas, mas, ao mesmo tempo, não pode ser alcançada sem o apoio da comunidade internacional”.

A China historicamente tem sido simpática à causa palestina e apoiado uma solução de dois Estados para o conflito Israel-Palestina.

O presidente chinês Xi Jinping pediu uma “conferência internacional de paz” para acabar com a guerra.

Hamas e Fatah mantêm conversações de reconciliação em Pequim



FONTE : AL JAZEERA E AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS


Shen Shiwei 诗伟


O forte impulso de paz da China no Médio Oriente. 14 facções palestinas reuniram-se em Pequim e assinaram a “Declaração de Pequim”, uma declaração histórica de unidade #Palestinian . #Palestine



 Hua Chunying 华春莹


Porque é que as facções palestinianas mantiveram conversações de reconciliação em Pequim? Ouça o que disse um representante estrangeiro.


 

FM Wang Yi apresentou a iniciativa de três etapas da China em relação ao conflito em curso em Gaza.

Primeiro passo: alcançar o mais rapidamente possível um cessar-fogo abrangente, duradouro e sustentável na Faixa de Gaza e garantir o acesso sem entraves à ajuda humanitária e ao salvamento no terreno.

Segundo passo: realizar esforços conjuntos para a governação pós-conflito de Gaza sob o princípio de “os Palestinianos governarem a Palestina”.

Terceiro passo: tornar a Palestina um Estado membro de pleno direito da ONU e começar a implementar a solução de dois Estados.

A China aguarda com expectativa o dia em que as facções palestinianas consigam a reconciliação interna e, nessa base, concretizem a unidade nacional e a criação de um Estado independente o mais cedo possível. Continuaremos a trabalhar incansavelmente para esse fim com as partes relevantes.



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domingo, 28 de abril de 2024

A intromissão de Israel na política dos EUA é agressiva e incessante


Apesar de todos os colapsos periódicos sobre a interferência estrangeira nas eleições e na política dos EUA por parte de países como a Rússia, é na verdade Israel, um aliado nominal, que tem feito muito mais intromissão na política americana – com muito mais influência


O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é recebido por membros do Congresso ao chegar para falar no Capitólio dos EUA em 3 de março de 2015. (Chip Somodevilla / Getty Images)


Durante a última semana, os Estados Unidos e Israel estiveram envolvidos numa desagradável disputa pública, com um país a acusar o outro de se intrometer na sua política interna. A piada é que Israel é quem está acusando.

A briga começou após um discurso que ganhou as manchetes do líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, na última quinta-feira, acusando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de ter “perdido o rumo” e pedindo “uma nova eleição” no país. A intervenção de Schumer seguiu-se a uma série de relatórios sugerindo que a administração Joe Biden esperava tirar Netanyahu do poder em Israel. Naturalmente, o governo de Netanyahu não ficou satisfeito, com o primeiro-ministro a queixar-se à CNN de que era “inapropriado ir para uma democracia irmã e tentar substituir a liderança eleita ali. . . . Não somos uma república das bananas.”

“Israel é um país soberano”, disse Tal Heinrich, porta-voz de Netanyahu, à Newsmax . “Não intervimos na política americana e esperamos ser tratados com o mesmo respeito.”

Mas Israel está a ser tratado com o mesmo respeito que trata os Estados Unidos. Durante décadas, intervir na política interna dos Estados Unidos e trabalhar para substituir a sua liderança eleita tem sido o pão com manteiga do governo israelita.

O facto é que a intromissão política israelita nos Estados Unidos passou de um segredo aberto em Washington para um conhecimento mais ou menos público em todo o país sob a liderança de Netanyahu - algo de que se queixaram os comentadores dos meios de comunicação social, funcionários dos EUA, oficiais de inteligência e figuras públicas judaicas proeminentes. . Cada vez mais, esta interferência política não está tanto ligada ao governo israelita como um todo, mas às suas facções mais direitistas. E a sua escala, frequência e poder superam em muito a intromissão de qualquer outra potência estrangeira, tornando Israel, na prática, mais próximo de um Estado adversário do que de um Estado amigo.


Bots, Trolls e Anti-BDS

Não é que a intromissão de Israel na política dos EUA seja história antiga. Poucos dias depois de o governo Netanyahu ter parado de bufar e bufar sobre a interferência externa na sua tomada de decisões soberanas, um grupo de vigilância israelita revelou a existência de uma campanha de informação nos meios de comunicação social que empurrava a propaganda do governo israelita para os legisladores dos EUA, incluindo as suas alegações duvidosas sobre as ligações do Hamas a a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Segundo o relatório, 85% dos políticos visados ​​eram democratas, 90% dos quais eram negros.

Não está claro qual é a fonte exata por trás desta campanha. Mas dado o facto de o Estado israelita ter admitido ou ter sido apanhado a realizar vastas campanhas de desinformação online antes - e dado que a campanha de influência acompanhou de perto a propaganda oficial, com os seus ataques à UNRWA a atingirem o pico no momento exato em que o governo israelita lançou formalmente as acusações contra a agência – não é exagero suspeitar que esta possa ser uma operação governamental.



Falando em intervir na política dos EUA, Netanyahu chegou ao ponto de assumir publicamente o crédito pela enxurrada de leis que visam o direito dos americanos de boicotar Israel por causa do seu sistema de apartheid, leis que estão agora em vigor há pelo menos trinta e oito anos. estados .

“Nos últimos anos, promovemos leis na maioria dos estados dos EUA, que determinam que devem ser tomadas medidas fortes contra quem tenta boicotar Israel”, disse Netanyahu há quatro anos – uma ostentação da qual o governo israelita não se envergonhou tanto que o primeiro-ministro o gabinete do ministro reiterou isso em um tweet oficial .

Estas não eram palavras vazias. Uma legisladora da Geórgia admitiu categoricamente que um funcionário do consulado israelita “pediu-lhe” para introduzir uma alteração à lei anti-boicote, desinvestimento e sanções (BDS) do estado, com o objetivo de atenuar um desafio legal à mesma. O embaixador de Israel nos Estados Unidos e nas Nações Unidas (ONU) enviou uma carta aos governadores dos então trinta e cinco estados com leis anti-BDS pedindo-lhes que sancionassem a empresa de sorvetes Ben & Jerry's por encerrar as vendas de seus produtos a colonatos ilegais na Cisjordânia.

O seu ministério de assuntos estratégicos, que reporta diretamente a Netanyahu, investiu milhões na criação de uma rede jurídica internacional para combater o movimento de boicote na Europa e nos Estados Unidos e, de forma mais geral, pressionar e influenciar as políticas de países estrangeiros em relação a Israel. Doou mais de 1 milhão de dólares a uma empresa cujo objetivo declarado era “influenciar o público estrangeiro” e “combater” o BDS, e criou uma aplicação tanto para esse fim como para lançar campanhas de pressão contra a ONU e outros críticos.

Esses são apenas os esforços que foram tornados públicos. É provável que a manipulação da política dos EUA pelo governo israelita seja muito mais profunda, dada a forma como coordena estreitamente os seus esforços políticos com grupos pró-Israel nos Estados Unidos que são nominalmente atores privados - incluindo aqueles, como o grupo de lobby pró-Israel AIPAC, que não estão oficialmente registrados como agentes estrangeiros.

Só podemos imaginar o que Netanyahu e a sua equipa diriam se se descobrisse que o governo dos EUA estava a financiar e orquestrar a aprovação de leis em Israel que restringem o direito dos seus cidadãos de falarem livremente, em vez de simplesmente se intrometerem nas suas eleições.


Interferência eleitoral

Mas isso não quer dizer que Israel também não participe nas eleições dos EUA. A intromissão eleitoral israelita nos Estados Unidos faz parte dos seus esforços cada vez mais agressivos para influenciar a política dos EUA aos mais altos níveis do governo.

É fácil esquecer agora, mas um dos escândalos fundamentais do fiasco do Russiagate – o futuro conselheiro de segurança nacional de Trump, Michael Flynn, telefonou para o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Sergey Kislyak, e mais tarde mentiu ao FBI sobre isso – foi parcialmente sobre Israel. A destituição de Flynn e os problemas legais posteriores tiveram origem numa tentativa de proteger Israel das críticas internacionais, nomeadamente uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando os colonatos ilegais de Israel que o então presidente Barack Obama planeava deixar passar como um tiro de despedida contra Netanyahu. Como mostrou a transcrição da teleconferência, Kislyak concordou, sob a insistência de Flynn, em tentar “adiar a votação”.

Por que Flynn fez isso? Como recebeu um telefonema de Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente eleito, cujo pai, doador pró-Israel, era tão próximo de Netanyahu, o primeiro-ministro israelita dormiu uma vez no seu quarto. Se isso não faz você levantar as sobrancelhas, substitua “Israel” e “Netanyahu” nessa frase por “Rússia” e “Vladimir Putin” e veja se você ainda sente o mesmo.



A outra razão foram as muitas, muitas ligações entre a campanha de Trump e o Estado israelita.

A campanha de sensibilização dos eleitores para os americanos em Israel, que eram vistos como cruciais para estados indecisos que ficaram vermelhos em 2016, como a Florida e a Pensilvânia, foi liderada e composta por uma série de figuras com ligações à coligação governamental de Netanyahu. Duas empresas separadas compostas por antigos oficiais das Forças de Defesa de Israel – Psy-Group e Inspiration, esta última na verdade empregada por um Super PAC que apoia Trump – apresentaram ao candidato Trump propostas para manipulação de eleitores em estados indecisos. Um dos aliados políticos de Netanyahu , o bilionário Sheldon Adelson, investiu mais de US$ 400 milhões na campanha de Trump e de seus aliados republicanos antes de sua morte.

Na verdade, dada a miríade de laços com Israel (bem como com estados do Golfo como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita) entre o elenco de personagens que constituiriam a saga Russiagate, há um argumento muito mais forte de que a verdadeira história da interferência eleitoral estrangeira e uma “quid pro quo” em 2016 foi sobre Israel.

Enterrada na investigação de Robert Mueller, descoberta por James Bamford no Nation , está a evidência de que agentes israelenses, quase certamente funcionários próximos do próprio Netanyahu, contataram repetida e secretamente a campanha de Trump para organizar reuniões e fornecê-los com informações antecipadas sobre o próximo despejo do WikiLeaks sobre Hillary Clinton. Não é de admirar que o rival de Netanyahu, Isaac Herzog (atual presidente de Israel), o tenha acusado de tentar influenciar o resultado das eleições nos EUA “através de representantes estrangeiros”.

Naturalmente, tudo isto foi largamente ignorado em favor da exaltação da história da Rússia, embora praticamente todos os elementos desse escândalo se aplicassem a Trump e a Israel - e mesmo que, ao contrário do que aconteceu com a Rússia , Trump continuasse a curvar-se para trás em favor de Israel na realidade. política como nenhum presidente fez antes, numa reversão abrupta do seu voto público, meses antes, de ser “um sujeito neutro” na mediação do conflito.

O silêncio (pelo menos público) de Netanyahu nas eleições de 2016 não foi por princípio, mas provavelmente porque ele aprendeu a lição da última vez que interferiu nas eleições dos EUA, em 2012.

Naquele ano, no que o colunista centrista Joe Klein chamou de “uma tentativa sem precedentes de um suposto aliado americano de influenciar uma campanha presidencial dos EUA”, Netanyahu criticou publicamente a política externa de Obama – críticas que depois acabaram como frases de efeito em anúncios de ataque do Partido Republicano – e intensificou escândalos que ele e seu povo alimentaram à imprensa. Ao mesmo tempo, Netanyahu elogiava o candidato republicano Mitt Romney, um velho amigo que conhecia desde o seu tempo no Boston Consulting Group, na década de 1970 . O esforço foi amplamente comentado, inclusive pelos próprios rivais políticos de Netanyahu em Israel, que o advertiram por sua “intervenção rude, contundente, sem precedentes, desenfreada e perigosa nas eleições dos Estados Unidos” e por cometer “uma violação significativa das regras básicas ” que rege os laços EUA-Israel.

Há indícios de que essa interferência eleitoral não se limitou a este século, nem a Netanyahu. Há muito que se alega que as autoridades israelitas fizeram parte do complô da “surpresa de Outubro” de 1980 que levou à derrota de Jimmy Carter – durante décadas rejeitada como uma teoria da conspiração infundada até ser recentemente confirmada pelo New York Times – na qual a campanha de Ronald Reagan fez um acordo secreto com o governo iraniano para adiar a libertação de reféns americanos até depois das eleições presidenciais daquele ano, em troca de armas dos EUA, para as quais Israel atuaria como intermediário.

Como relatou o falecido Robert Parry , a antipatia do governo de direita Menachem Begin em Israel em relação a Carter era bem conhecida , inclusive pelo próprio Carter, que disse aos investigadores do Congresso uma década depois que sentia que “Israel lançou a sua sorte com Reagan”. no início de 1980.

Israel e a imprensa desafiaram a credibilidade do ex-agente de inteligência Ari Ben-Menashe, que alegou que as autoridades israelitas mediaram o encontro entre o campo de Reagan e os revolucionários iranianos, e que Begin tinha escrito um memorando ordenando aos seus conselheiros que trabalhassem com eles. Mas o que não é contestado é que Israel de facto começou a enviar armas fabricadas nos EUA para o Irão pouco depois de os reféns terem sido libertados (que ganharam a liberdade, de forma suspeita, poucos minutos depois de Reagan ter tomado posse), graças à administração secreta e repentina. mudar a política dos EUA para permitir isso.

Notavelmente, no ano passado, o Times noticiou, na sua exposição surpresa de Outubro, que, quando um dos aliados de Reagan viajou pelo Médio Oriente dizendo aos líderes para informarem os iranianos que deveriam esperar por um melhor acordo de reféns quando Reagan vencesse, ele fê-lo “em cada paragem em a região” – exceto Israel.

O escândalo Russiagate de 2016 desencadeou oito anos e uma contagem de política externa agressiva com base no facto de a interferência de Moscou nas eleições desse ano constituir um “ataque”. Então, o que você pode dizer sobre Israel, que interferiu não apenas nas eleições daquele ano, mas em várias outras?


Bomba, bomba, bomba no Irã

Estes laços estreitos entre segmentos das facções governamentais dos EUA e de Israel não afetaram apenas as eleições, mas influenciaram a política dos EUA. Em nenhum lugar isto é mais claro do que quando se trata do Irã.

Os comentadores normalmente apontam para o discurso de Netanyahu ao Congresso em 2015, opondo-se ao acordo nuclear de Obama com o Irã, e com boas razões. Um discurso abertamente partidário em solo americano, elaborado em colaboração com a oposição política do presidente e destinado a minar um dos seus principais objetivos de política externa, a medida foi amplamente denunciada como um ato sem precedentes de interferência política por parte de um governo estrangeiro.

Mas o discurso foi apenas a tentativa mais vistosa de Netanyahu para torpedear o acordo de Obama com o Irão. Indiscutivelmente mais escandaloso foi Israel espionar as negociações entre os EUA e o Irão, indo até ao secretário de Estado dos EUA e depois divulgando o que tinha ouvido aos legisladores republicanos e outros que se opunham ao acordo.



“Uma coisa é os EUA e Israel espiarem-se mutuamente. Outra coisa é Israel roubar segredos dos EUA e repassá-los aos legisladores dos EUA para minar a diplomacia dos EUA”, disse um funcionário dos EUA ao Wall Street Journal .

Autoridades dos EUA souberam que o embaixador de Israel nos Estados Unidos, Ron Dermer - que por acaso também era um ex-agente republicano nascido nos EUA - passou a treinar grupos pró-Israel nominalmente independentes sobre quais pontos de discussão usar para influenciar os membros do Congresso contra o acordo, a quem as autoridades israelenses também pressionaram. O lado israelense fez perguntas aos legisladores indecisos como “Como podemos obter o seu voto?” E “O que é necessário?” Disse um oficial da inteligência dos EUA.

Estes esforços prolongaram-se para além dos anos de Obama, com as autoridades israelitas a continuarem a pressionar o governo dos EUA para abandonar o acordo com o Irão e entrar em guerra com o país sob Biden, e remontam aos anos de George W. Bush. Mesmo quando o governo israelita alertou a administração Bush para não invadir o Iraque, fê-lo defendendo que deveria atacar o Irã.

De acordo com o ex-lobista da AIPAC Keith Weissman , o governo Likud de Ariel Sharon que estava então no poder em Israel estava “tentando influenciar indevidamente os Estados Unidos” ao “enviar muitos exilados iranianos da Europa para os Estados Unidos para dar conversações, alegando sermos líderes iranianos.”

É claro que nem todos nos círculos oficiais israelitas alertavam contra a Guerra do Iraque. Netanyahu, então um cidadão comum, instou o Congresso a levar a cabo uma mudança de regime tanto no Irã como no Iraque, enquanto a administração Bush obteve algumas das suas informações duvidosas sobre o Iraque a partir do que o Guardian chamou de “operação de inteligência ad hoc dentro do gabinete de Ariel Sharon” que foi muito menos cauteloso com as suas alegações de inteligência do que a Mossad. Foi uma consequência dos laços de longa data israelitas e, especificamente, do Likud, entre alguns dos responsáveis ​​neoconservadores mais agressivos de Bush, como Douglas Feith e Richard Perle, que serviram como conselheiros do Likud e até fizeram lobby a favor dos fabricantes de armas israelitas.

Décadas antes disso, no que é hoje um elemento largamente esquecido do escândalo da era Reagan, Israel estava profundamente envolvido no caso Irão-Contras . Funcionários de Reagan, como George Shultz, acusariam mais tarde que Israel tinha “sugado” a administração para o episódio, e embora haja mais do que um indício de transferência de dinheiro egoísta em declarações como estas, é verdade que a ideia de negociar armas com o Irão para reféns provenientes da inteligência israelense.

A ideia - de acordo com relatórios e testemunhos de pessoas implicadas no Irã-Contras, conforme contido num relatório do Comité de Inteligência do Senado - foi ideia de Manucher Ghorbanifar, um exilado iraniano, traficante de armas e agente duplo que trabalhou para a Mossad de Israel, e tinha sido recomendado à administração por David Kimche, um veterano da Mossad e antigo chefe do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, que há muito pressionava pela política de venda secreta de armas ao Irã. Foi também Ghorbanifar quem, juntamente com vários funcionários do governo israelita, sugeriu desviar os rendimentos das vendas de armas para os Contras da Nicarágua, como um adoçante para que a administração Reagan concordasse com o plano.

No processo, Israel conseguiu o que queria: continuar a canalizar armas para o Irã, com o qual as autoridades israelitas esperavam poder restabelecer relações amistosas e cujas forças armadas esperavam que derrubassem o seu governo revolucionário - um plano “para criar um governo mais moderado em Israel”. Irã”, como explicou o jogador Irã-Contra Oliver North num memorando ao conselheiro de segurança nacional de Reagan. Não foi à toa que o então vice-presidente George HW Bush expressou preocupação, no decurso do esquema, sobre até que ponto os interesses dos EUA “estavam nas garras dos israelitas”.

Esta não foi a última vez que Ghorbanifar, o agente israelita, apareceu no contexto da política dos EUA em relação ao Irã. Na década de 2000, ele colocou funcionários agressivos de Bush, inclinados a uma postura mais agressiva em relação ao país, em contato com exilados iranianos diversas vezes, incluindo um que inventou histórias de conspirações terroristas patrocinadas pelo Irã contra os Estados Unidos – e que mais tarde acabou trabalhando para Ghorbanifar.

Não há, sem dúvida, nenhuma decisão que um país possa tomar que tenha mais consequências do que ir à guerra. No entanto, o governo israelita tem aproveitado durante décadas a influência que tem para pressionar os Estados Unidos a fazer exatamente isso, e potencialmente envolver o público norte-americano em mais um atoleiro desastroso no Oriente Médio.


Um serviço de inteligência estrangeiro hostil

Aliás, um dos responsáveis ​​de Bush para quem Ghorbanifar atuou como elemento de ligação foi Larry Franklin, um analista do Pentágono que queria que a administração adotasse uma linha mais dura em relação ao Irã. Em 2004, o mesmo Larry Franklin foi indiciado por transmitir informações confidenciais - especificamente , sobre os planos iranianos de transformar a iminente Guerra do Iraque num atoleiro dos EUA - a dois lobistas da AIPAC, que ele esperava que as transmitissem a funcionários de alto escalão dos EUA. E, em última análise, levar a administração a uma política de mudança de regime no Irã. Os lobistas, por sua vez, transmitiram esta e outras informações a um diplomata israelita.

Eles e os defensores das liberdades civis afirmaram que estavam apenas a fazer algo que acontece regularmente, diariamente, em Washington, e que não estavam a espiar para Israel, como acusaram os procuradores. Isso pode ter sido verdade. Mas o que aconteceu a seguir estava longe de ser normal.



À medida que o caso avançava pelo sistema judiciário, a deputada democrata da Califórnia, Jane Harman – uma das favoritas da AIPAC – foi pega por uma escuta telefônica dizendo a um suposto agente israelense que, a seu pedido, ela iria “intrometer-se” no caso para fazer lobby junto à Justiça. Departamento para reduzir as acusações contra os dois. Em troca, disse-lhe o agente, ele pressionaria a então líder da minoria na Câmara, Nancy Pelosi, para torná-la presidente do comitê de inteligência se os democratas reconquistassem a Câmara um ano depois (embora Harman nunca tenha se tornado presidente do comitê de inteligência, e ela negou ter realmente acompanhado o solicitar).

Foi um caso raro de um segredo aberto de Washington chegar aos olhos do público: que, como disse um ex-funcionário da inteligência , “há um conjunto enorme, agressivo e contínuo de atividades israelenses dirigidas contra os Estados Unidos”, um conjunto que “tem sido extenso há anos”, como disse à Newsweek um ex-alto funcionário dos EUA . Certa vez, espiões dos EUA disseram aos membros do Congresso a portas fechadas que, como um funcionário retransmitiu ao meio de comunicação, “nenhum outro país próximo aos Estados Unidos continua a cruzar a linha da espionagem como os israelenses fazem”; funcionários saíram desse briefing chamando o testemunho sobre a espionagem israelense de “prejudicial” e “alarmante. . . até mesmo aterrorizante.”

As atividades de inteligência israelitas vão tão longe que documentos governamentais confidenciais descrevem Israel como um serviço de inteligência estrangeiro “hostil” e listam-no como uma das principais ameaças à segurança cibernética dos EUA. A maior parte é sobre roubo de segredos industriais. Mas, como mostra a tentativa de sabotagem de Israel ao acordo com o Irã, nem sempre.

O caso Jonathan Pollard é o mais famoso, no qual um analista de defesa dos EUA vendeu informações dos EUA ao governo israelita – o que o procurador do caso chamou de “o maior comprometimento físico de informações confidenciais dos Estados Unidos no século XX”. Mas, em vários momentos, Israel foi acusado de tentar recrutar funcionários da inteligência dos EUA , de tentar investigar as fraquezas dos funcionários do governo (“As drogas, as mulheres que chegam ao seu quarto de hotel – eles jogam tudo em você. Não importa quão alto seja o funcionário, ” de acordo com um ex-espião), de tentar grampear o quarto de hotel do então vice-presidente Al Gore em Israel e de plantar dispositivos de vigilância por telefone celular em torno da Casa Branca sob Trump.

A cada vez, eles escapavam com o que só poderia ser generosamente descrito como um tapa na cara. Como explicou mais tarde um antigo especialista em contra-espionagem do FBI que trabalhou no caso Pollard , “os israelitas estavam extremamente confiantes de que tinham a influência, especialmente na Colina, para basicamente escaparem de praticamente qualquer coisa”.

Uma história é particularmente obscena. Com base em entrevistas com ex-funcionários e documentos que foram reunidos pela equipe jurídica de Monica Lewinsky como uma contingência, o ex- editor online do Weekly Standard Daniel Halper escreveu que Israel acabou com fitas de Clinton tendo conversas pornográficas com seu estagiário - fitas cuja existência Israel deu a conhecer ao presidente, quando Netanyahu (então primeiro-ministro) o puxou de lado para pressionar pela libertação de Pollard. Halper afirmou ainda que Clinton cedeu à ameaça velada e que a única razão pela qual Pollard não foi libertado foi porque o diretor da CIA, George Tenet, ameaçou renunciar.

Não é tão estranho quanto parece. A reportagem da época dizia que Clinton, que já havia dito não à libertação de Pollard duas vezes antes, desta vez concordou com a exigência de Netanyahu, mas recuou diante da ameaça de renúncia de Tenet, além de uma revolta de outros atuais e ex- funcionários de segurança nacional, e até mesmo membros republicanos do Congresso. A mudança de opinião de Clinton sobre o assunto foi explicada pela ameaça de Netanyahu de abandonar o acordo de paz então negociado. Mas um porta-voz da Casa Branca também disse que Clinton ficou “impressionado com a força dos argumentos do Sr. Netanyahu”, e o resultado foi o que a imprensa chamou de horas de “ trocas acaloradas ” e “ discussões tensas ” entre Clinton e Netanyahu que atrasaram o debate, cerimônia de assinatura e não tinham relação com os palestinos.

Em terreno mais firme está o fato de o governo israelita espiar e utilizar tácticas de intimidação contra activistas pró-palestinos nos Estados Unidos.

Um documentário nunca transmitido da Al Jazeera viu membros do que deveriam ser organizações independentes pró-Israel, incluindo a AIPAC, admitirem a um repórter disfarçado - se passando por um graduado de Oxford avaliando o recrutamento - que trabalharam com o ministério de assuntos estratégicos de Israel para coletar informações sobre a vida privada dos críticos de Israel, e difamá-los publicamente e potencialmente inviabilizar as suas carreiras. O chefe do ministério declarou publicamente que “temos” a Fundação para a Defesa das Democracias – um think tank de direita beligerante – e “outros trabalhando nisso”, e que o objetivo era fazer com que qualquer pessoa “que tenha alguma coisa a ver com BDS” para se perguntarem: “Devo estar deste lado ou quero estar do outro lado?”

Um desses grupos é a Coligação Israel no Campus, que luta contra o BDS nas universidades dos EUA compilando dossiês e lançando campanhas públicas de difamação contra estudantes e académicos pró-palestinos para “ esmagá-los ”, nas palavras do seu diretor executivo Jacob Baime. O único membro do conselho do grupo e principal doador certa vez solicitou permissão ao Departamento de Justiça para voar para Israel e se encontrar com Netanyahu enquanto ele era primeiro-ministro, e Baime e outros envolvidos na coalizão disseram abertamente ao repórter disfarçado da Al Jazeera que os grupos “coordena com” e compartilha informações com o governo israelense, incluindo a inteligência israelense e seus ministérios de relações estratégicas e estrangeiras.

Reserve um momento para considerar a extensão e a natureza da espionagem israelita nos Estados Unidos, e o ressentimento com que as autoridades e agentes de inteligência dos EUA a encaram – juntamente com o fato de nenhum deles se sentir confiante em partilhar estes sentimentos publicamente.


União de Lobby e Estado

Esta campanha de espionagem é apenas uma ilustração vívida de como o vasto lobby pró-Israel nos Estados Unidos – geralmente considerado um dos lobbies mais poderosos do Capitólio, se não o mais poderoso – tem laços estreitos com o Estado israelita, tornando-o outro, elemento especialmente potente da intromissão de Israel na política dos EUA. Já vimos outros, como autoridades israelitas a coordenarem-se com grupos pró-Israel para inviabilizar o acordo com o Irã, os lobistas da AIPAC processados ​​por transmitirem informações secretas à embaixada israelita e o apoio do governo israelita a grupos privados que trabalham para aprovar medidas anti-BDS leis.

Estas foram algumas das razões pelas quais o advogado Stuart Eizenstat – que serviu como conselheiro de Carter e faz parte do lobby pró-Israel – descreveu uma “relação triangular especial” entre Israel, grupos pró-Israel nos Estados Unidos e os EUA. Congresso ao pressionar o presidente em termos de políticas, algo que era “único nos canais da diplomacia”. No livro de Eizenstat sobre os anos Carter, ele discutiu o que chamou de “uma incrível intrusão na política interna por parte de um ministro das Relações Exteriores” quando o israelense Moshe Dayan, nas palavras do então contato de Carter com a comunidade judaica, “orquestrou” uma “tempestade de fogo” contra Carter por grupos pró-Israel nos Estados Unidos que se opuseram à sua pressão por um plano de paz em 1977.



“Acho que você tem um problema nas mãos, senhor presidente. E talvez eu possa ajudá-lo com isso”, disse Dayan a Carter, acrescentando que, embora “muitos de nossos amigos estejam chateados” com o anúncio de Carter, se ele mudasse de posição, “eu poderia ajudá-lo politicamente”. Dayan realizou seu desejo.

Esta relação entre o Estado israelita e os grupos pró-Israel só se tornou mais direta nos últimos anos, com o governo israelita a financiar grupos de reflexão e grupos pró-Israel a promoverem a propaganda estatal e a oporem-se ao BDS – incluindo, num caso, uma campanha de ódio anti-muçulmana. grupo no Tennessee.

Essa relação não é mais estreita do que nos laços de Israel com o lobby mais poderoso de todos: o AIPAC, que se tornou menos um braço do establishment político israelita do que um braço de uma facção de direita do mesmo - aquela que governou quase exclusivamente o país neste século. Esta é a avaliação do jornal israelita Haaretz , cujo principal editorial, em Agosto do ano passado, declarou que a AIPAC “se tornou um braço operacional do governo de extrema-direita de Netanyahu”. Outro colunista de longa data do jornal chamou o AIPAC de “lobby pró-Netanyahu”.

Um democrata de alto escalão próximo da AIPAC disse ao New Yorker ainda em 2014 que “há pessoas na AIPAC que acreditam que deveria ser um braço do Likud, um braço do Partido Republicano”. Mas este tem sido, sem dúvida, o caso, pelo menos desde os anos Clinton. O ex-diretor legislativo e lobista-chefe da AIPAC, Douglas Bloomfield, descreveu “quão estreitamente [a AIPAC] coordenou com Benjamin Netanyahu na década de 1990, quando ele liderou a oposição israelense do Likud e mais tarde quando foi primeiro-ministro, para impedir o processo de paz de Oslo” defendido por Clinton e o governo trabalhista de Israel, e como isso deixou a AIPAC correndo o risco de agir ilegalmente como um agente estrangeiro não registrado. É em parte por isso que o caso do FBI da era Bush contra os dois lobistas da AIPAC fez parte de uma investigação muito mais ampla sobre a interferência estrangeira que remonta ao final dos anos 90 .

Um desses lobistas, o já mencionado Keith Weissman, descreveu à PBS como “a direita em Israel” iria “aparecer e ter contatos muito próximos com os líderes da AIPAC, financiadores proeminentes e doadores, a fim de influenciar a política”. O resultado foi que a AIPAC “não tinha muitas pessoas a quem chamaríamos de Trabalhistas” e foi dominada por doadores ricos de direita, que “eram elementos importantes na elaboração de políticas, na determinação da agenda, quem era a liderança”.

Quando o primeiro-ministro trabalhista, Yitzhak Rabin, foi morto em 1995 por causa do seu apoio ao processo de paz, ele disse: “A AIPAC tinha passado os últimos quinze anos a ajudar o Likud”.

Ainda assim, a AIPAC era considerada tão próxima do Estado israelita em termos mais gerais que, a certa altura de 2000, quando o então ministro da Justiça de Israel visitou Washington para pedir a libertação dos fundos que Clinton tinha prometido a Israel, ficou chocado ao ouvir o conselheiro de segurança nacional de Clinton perguntar-lhe se ele conhecesse “alguém da AIPAC”, porque precisaria do apoio do Congresso para liberar o dinheiro.

“Foi uma espécie de Kafka – o conselheiro de segurança nacional dos EUA está perguntando ao ministro da justiça em Israel se ele conhece alguém na AIPAC!” ele lembrou mais tarde .


Intromissão aceitável

Se o governo e os funcionários envolvidos em um único desses casos fossem russos, chineses, iranianos ou qualquer outro nome na lista cada vez maior de adversários globais do establishment da política externa, isso provocaria um colapso da mídia, do Congresso. investigações e provavelmente ameaças de guerra. Mas porque se trata de Israel, esta intromissão política descarada, que já dura décadas e ainda continua, passa em grande parte despercebida e é aceite como normal.

É bastante preocupante que um governo estrangeiro – e cada vez mais a sua facção de direita – tenha tal influência sobre o establishment político dos EUA. O fato de Israel o fazer enquanto reclama da intromissão externa nos seus assuntos, ao mesmo tempo que exige esmolas dos contribuintes norte-americanos, torna-o positivamente absurdo.

POR: BRANKO MARCÉTICO

Fonte: Revista Jacobina


Intercept Brasil


A SÉRIE QUE ISRAEL CENSUROU: O LOBBY — EUA (Episódio 1)

Os defensores do governo de Israel não querem que você saiba que ele tem um grande flanco aberto: o apoio dos Estados Unidos. E é por isso que, quando um jornalista disfarçado da Al Jazeera se infiltrou em organizações influentes do lobby israelense junto ao governo americano, acabou provocando um incidente diplomático internacional – e descobrindo casos de espionagem, difamação e até investidas do estado israelense contra universitários americanos.

Este é o primeiro de quatro episódios da série censurada por Israel, disponível pela primeira vez em português. Ele revela como representantes do governo israelense e de outros grupos pró-Israel nos EUA atuam para estrangular o movimento pró-Palestina Boicote, Desinvestimento e Sanções em um campus universitário da Califórnia.



A SÉRIE QUE ISRAEL CENSUROU: O LOBBY — EUA (Episódio 2)

No segundo episódio da série que Israel censurou, o repórter infiltrado da Al Jazeera mostra como o lobby do país financia – ou transforma em alvos – políticos americanos para garantir apoio incondicional ao estado israelense. Veja também como o crescimento da população evangélica nos EUA ameaça judeus, mas fortalece Israel.




AIPAC Tracker

A maioria dos americanos não aprova o genocídio em curso em Gaza, mas vocês continuam a gastar o dinheiro dos nossos impostos em bombas para Netanyahu e recusam-se a defender os direitos humanos. Que vergonha, #GenocideJoe . Você está do lado errado da história.



 Trabalhando duro pelos dólares do lobby de Israel



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Geopolítica 01

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