Lula deve se lembrar que para se apoderar do petróleo e do gás do Brasil, Washington precisa primeiro fomentar a inimizade entre o Brasil e a Venezuela
As notícias do dia são de vários meios de comunicação da globosfera
de língua espanhola, informando que o governo brasileiro não aceitará a decisão
da Sala Eleitoral do Supremo Tribunal Constitucional da Venezuela na disputa
sobre os resultados das eleições. Os governos da Colômbia e do México e, com
uma postura mais beligerante, o Chile estão em uma posição semelhante.
O que essa atitude revela? Simples: a enorme eficácia do
poder de chantagem do império, que, por meio de uma ofensiva midiática,
diplomática e econômica sem precedentes (ainda pior do que a sofrida pelo
presidente Salvador Allende no Chile, porque naquela época a mídia tinha muito
menos poder de fogo e as redes sociais ainda não haviam nascido), conseguiu
instalar a ideia de que a eleição de Nicolás Maduro foi fraudulenta como uma
certeza irrevogável.
Essa farsa nada mais é do que outro exemplo do poder da
propaganda produzida pelas fábricas de mentiras e notícias falsas sediadas nos
Estados Unidos, que há meses vêm anunciando que haveria fraude nas eleições
venezuelanas. E isso foi anunciado com a mesma irresponsabilidade e impunidade
com que costumavam dizer que havia armas de destruição em massa no Iraque.
Infelizmente, os governos latino-americanos parecem impotentes para neutralizar
a extorsão projetada em Washington, executada por centenas de meios de
comunicação e martelada por milhares de falastrões que cantam a mesma melodia:
houve fraude, mostrem as atas!
Mas acontece que, quando na quarta-feira passada a direita
teve a oportunidade de mostrar as atas que comprovavam sua vitória perante a Sala
Eleitoral do Supremo Tribunal Constitucional, seus porta-vozes não mostraram
absolutamente nada. Além disso, eles disseram, e eu cito, que “não têm as atas
de contagem das testemunhas nas seções eleitorais, nem listas de testemunhas,
alegando, além disso, que não participaram do processo de transferência e
proteção de nenhum material. Também destacaram que a organização SUMATE faz
parte da equipe de assessoramento técnico da Alianza Plataforma Unitária
Democrática e, ao mesmo tempo, não sabiam quem havia carregado a informação das
supostas atas de apuração na página web dessa organização, que deu a vitória a
Edmundo González Urrutia”.
Apesar de uma confissão tão contundente, o governo do
presidente Lula da Silva continua a exigir que “as atas sejam mostradas”, uma
atitude que não é apenas incomum e desrespeitosa com os assuntos internos de um
estado irmão, mas também paradoxal, porque onde estão as atas que provam que
Lula venceu as eleições de 2022? Ele já as mostrou? Não, apesar das denúncias
dos bolsonaristas e de Steve Bannon. Nem Joe Biden, e vários outros
governantes, porque não há nenhuma. O que acontece é que no sistema eleitoral
brasileiro, que é menos confiável que o venezuelano, essas atas não existem;
não há recibos em papel para confirmar os resultados eleitorais produzidos
pelas máquinas de votação. Há apenas a confiança cega e suicida de que elas não
podem ser hackeadas e que o resultado eleitoral fornecido pelo dispositivo
computadorizado é uma transcrição fiel da vontade dos cidadãos. Essa crença é,
no mínimo, imprudente, se não absurda ou irrisória. Justamente por causa dessa
falta de transparência, já que o resultado eletrônico não pode ser comparado
com as cédulas de votação, países como Reino Unido, Alemanha, Finlândia,
Holanda, Irlanda, Cazaquistão e Noruega proibiram o voto eletrônico. Repito:
onde estão suas atas, Presidente Lula? Por que agora as está exigindo do governo
bolivariano?
O líder brasileiro e seus assessores devem ter muito claro
que o que está em jogo na Venezuela não é o veredicto eleitoral, mas a
apropriação pelos Estados Unidos das imensas reservas de petróleo do país. É
ingenuidade pensar que todos esses estilhaços dos assassinos contratados pela
mídia se referem a alguns minutos ou a uma porcentagem de votos. “É o petróleo,
estúpido”, parafraseando Bill Clinton. E a vontade de Washington de saquear não
será apaziguada apenas com o roubo do petróleo venezuelano. Tome nota,
Presidente Lula: eles também estão vindo para o pré-sal brasileiro, que com
seus quase 14 bilhões de barris – nada comparado aos mais de 300 bilhões de
barris que a Venezuela possui – ainda é um petisco que excita o apetite
insaciável do império, e você verá como eles também tentarão se apoderar dessa
riqueza que pertence a todos os brasileiros.
Não lhe parece coincidência que a 4ª Frota dos Estados
Unidos, desativada desde 1950, tenha sido reativada em 2008, poucos meses
depois de o senhor anunciar a descoberta do pré-sal, saudando-a como “a segunda
independência do Brasil”? Não há coincidências no mundo da geopolítica,
presidente. Mas para se apoderar do petróleo e do gás do Brasil, Washington
precisa primeiro romper o bloco sul-americano e fomentar a inimizade entre o
Brasil e a Venezuela, impedindo que esses dois grandes países atuem em conjunto
e, assim, tornando-os indefesos diante do império. Eles estão prestes a fazer
isso. Esperemos que o senhor consiga se libertar da extorsão a que o império o submete
com seu exército de operadores, pseudojornalistas, diplomatas contratados e
políticos venais que o atacam dia e noite e reconheça, de uma vez por todas,
que Nicolás Maduro é o legítimo presidente da Venezuela e que as acusações da
oposição são totalmente infundadas, como já foi provado em juízo. E, além
disso, que seja elaborado sem demora um projeto conjunto no âmbito da Unasul
para defender as enormes riquezas da América do Sul. Caso contrário, elas
passarão para as mãos dos Estados Unidos por meio da Quarta Frota e do Comando
Sul.
Breno Altman
As atas das eleições venezuelanas estão onde deveriam estar
depois da tentativa golpista desencadeada pela extrema direita com apoio dos
EUA: no Tribunal Supremo de Justiça, sendo verificadas e recontadas, para uma
sentença definitiva nos próximos dias.
As atas das eleições venezuelanas estão onde deveriam estar depois da tentativa golpista desencadeada pela extrema direita com apoio dos EUA: no Tribunal Supremo de Justiça, sendo verificadas e recontadas, para uma sentença definitiva nos próximos dias. pic.twitter.com/mBBWfv7qyo
— Breno Altman (@brealt) August 17, 2024
Fonte: Opera Mundi
Jackson Hinkle
Os EUA têm 48 BILHÕES de barris de PETRÓLEO, avaliados em
US$ 3,5 TRILHÕES.
A Venezuela tem 303 BILHÕES de barris de PETRÓLEO, avaliados
em US$ 22,7 TRILHÕES (a maior parte do petróleo do mundo).
Agora você entende por que eles querem dar um GOLPE ao presidente Maduro?
🇺🇸 The US has 48 BILLION barrels of OIL, valued at $3.5 TRILLION.
— Jackson Hinkle 🇺🇸 (@jacksonhinklle) August 18, 2024
🇻🇪 Venezuela has 303 BILLION barrels of OIL, valued at $22.7 TRILLION (most oil in the world).
✅ Now do you understand why they want to COUP President Maduro? pic.twitter.com/v2SCamz7gC
Denis Rogatyuk
O que @elonmusk odeia
ver...
Um mar de vermelho em Caracas hoje, marchando em defesa de #Venezuela e em
apoio ao presidente @NicolasMaduro .
What @elonmusk hates to see...
— Denis Rogatyuk (@DenisRogatyuk) August 18, 2024
A sea of red in Caracas today, marching in defence of #Venezuela and in support of President @NicolasMaduro. pic.twitter.com/7Nr13aGziW
COMBATE
Quer saber por que o governo dos EUA está indo atrás da
Venezuela? Assista a este vídeo.
Wonder why the US government is going after Venezuela? Watch this vid.pic.twitter.com/ZTEDtLbPgz
— COMBATE |🇵🇷 (@upholdreality) August 17, 2024
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