De baixo de um genocídio que já dura 6 meses, a empresa
israelense Elbit Systems, com seu modelo Atmos, foi a vencedora da licitação de
compra de obuseiro autopropulsados sobre rodas pelo Exército Brasileiro.
Dinheiro virá de projeto do governo Lula
Dentro do programa Obtenção da Capacidade Operacional Plena
(OCOP), do Exército, a compra será financiada com recursos do Novo PAC e terá
um valor estimado em US$ 180 milhões (R$ 900 milhões), mais uma margem de 15% a
20% para treinamento de pessoal.
A empresa fornecerá 36 veículos blindados. Um obuseiro é um
tipo de boca de fogo de artilharia que se caracteriza tradicionalmente por
dispor de um tubo relativamente curto e por disparar projéteis explosivos em
trajetórias curvas.
O acordo também inclui compra de equipamentos, manutenção,
fiscalização e treinamento de pessoal. Espera-se que os 2 primeiros veículos
cheguem até 2025 para testes. Caso sejam aprovados, um contrato será assinado
para fornecimento do resto dos veículos até 2034.
É esperado que a Elbit Systems assine o contrato para
entrega do lote de amostra em 7 de maio, no salão de honra da Chefia de
Material do Comando Logístico, em Brasília.
O militarismo israelense desenvolve a alta tecnologia bélica
que é testada em corpos palestinos, e que ao mesmo tempo fornece novos produtos
de exportação. A aproximação entre Brasil e Israel, é um projeto de governo que
atravessa o século XXI, passando pelos governos petistas e pelo bolsonarismo,
sendo uma mostra do fortalecimento da extrema direita no país.
Entrevista com o presidente da Federação Árabe Palestina
(Fepal), Ualid Rabah. Ele fala sobre esse que está sendo um dos maiores
massacres de um povo e observa que o genocídio promovido por Israel é
programado. A intenção é exterminar mulheres e crianças. 27 de nov. de 2023
Não era para combater a corrupção, mas foi criada pelos EUA
para acabar com Lula e o PT, desindustrializar o Brasil e aprofundar a ditadura
imperialista sobre o País
Sergio Moro / Deltan Dallagnol
Há pouco mais de uma década, em 17 de março de 2014, era
deflagrada a Operação Lava Jato, um conjunto de investigações realizadas pela
Polícia Federal brasileira, em conjunto com o Ministério Público, o Poder
Judiciário e, conforme eventualmente seria revelado, com o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos e o FBI (Federal Bureau of Investigation).
Deu-se o nome de “Lava-Jato”, pois na primeira fase da
operação foi realizada a investigação de um posto de combustíveis, local
suspeito de ser utilizado para movimentar valores de origem ilícita, ou seja,
“lavar dinheiro”, na linguagem coloquial.
Oficialmente, a operação visava a desbaratar supostos
esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Petrobrás,
especialmente, o que envolveria políticos de dentro e fora do governo, assim
como empresários.
Durante toda a sua duração, a Lava Jato foi propagandeada
por todos os órgãos da imprensa burguesa brasileira, principalmente jornais
como OGlobo, OEstado de S. Paulo, Folha
de S.Paulo, e emissoras como a Rede Globo, a Record, a Bandeirantes e o
SBT, todos órgãos venais, a serviço dos Estados Unidos, como sendo uma operação
voltada para acabar com a corrupção dos políticos brasileiros.
Na realidade, a Lava Jato não era para acabar com a
corrupção, mas foi uma operação arquitetada e coordenada pelos Estados Unidos
para aprofundar a desindustrialização do Brasil, prejudicar a situação
econômica do País, e viabilizar o golpe de 2016, contra Dilma Rousseff.
Desejavam, igualmente, acabar de vez com o Partido dos Trabalhadores e o
presidente Lula, respectivamente o partido e líder político mais populares do
Brasil. Sendo ambos representantes do nacionalismo burguês de um país atrasado,
tendo como força política amplas massas da classe operária brasileira, a destruição
do PT e de Lula era um dos objetivos dos Estados Unidos para intensificar a
dominação imperialista sobre o país.
Durante seu curso, que foi até 1º de fevereiro de 2021, a
operação contou com mais de 80 fases operacionais. À frente da maioria delas esteve
Sérgio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que será eternamente
lembrado por suas arbitrariedades durante a Lava Jato, e por ter sido um agente
do imperialismo para destruir o Brasil. A operação também contou com figuras
execráveis como Deltan Dallagnol, (ex-procurador federal que considera os
americanos melhores que os brasileiros) e Rodrigo Janot (ex-procurador-geral da
República).
Ao longo de 7 anos, mais de cem pessoas foram condenadas.
Inúmeras delas cumpriram pena de prisão em regime fechado, inclusive antes
mesmo da condenação. Sobre isto, o encarceramento antes da condenação era um
método frequentemente utilizado pelos procuradores e juízes da Lava Jato para
forçar que os investigados confessassem crimes que não haviam cometido, ou para
fazer delação premiada, mentindo sobre as pessoas que a Lava Jato queria
condenar. E o principal alvo de Sergio Moro, Dallagnol e demais juízes e
procuradores era Lula.
Assim, Lula e muitas das pessoas que foram condenadas na
Lava Jato, o foram sem provas, apenas com base em delação premiada, isto em
declarações obtidas sob coação, sob tortura. Muitos dos delatores eram
ameaçados de verem seus familiares perseguidos pela Lava Jato, além das ameaças
de condenação.
No que diz respeito às empresas estatais nacionais alvos da
Lava Jato, para além da Petrobras, foram alvos do imperialismo também a BR
Distribuidora, a Transpetro e a Eletronuclear. Sobre essa última, vale lembrar
seu presidente à época, Othon Luiz Pinheiro da Silva, engenheiro mecânico e
nuclear, vice-almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais da Marinha do
Brasil. Ele é uma das pessoas que liderava o desenvolvimento do Programa
Nuclear Brasileiro.
Quanto às empresas privadas, várias empreiteiras foram alvos
da Lava Jato, a mando do imperialismo, principalmente em razão da expansão de
suas atividades para outros países oprimidos, tais como os do continente
africano e sul-americano. Dentre elas foram perseguidas a Odebrecht, a OAS, a
Camargo Corrêa, a Andrade Gutierrez e outras.
O balanço da operação para a economia brasileira? A redução
de 4,44 milhões de empregos apenas entre os anos de 2014 e 2017, com as
empreiteiras perdendo 85% de suas receitas.
A destruição dessa quantidade de empregos representou uma
queda de R$85,5 bilhões na massa salarial, o que, por sua vez, teve como
consequência a redução de R$20,3 bilhões em contribuições sobre a folha.
Ademais, houve perda de R$142 bilhões nos setores da
construção civil, indústria naval, engenharia pesada e indústria metalmecânica.
Com isto, o Produto Interno Bruto no período caiu em 3,6%.
Assim, apesar de ter ficado claro desde o início que a Lava
Jato era uma operação arquitetada pelo imperialismo, em especial os Estados
Unidos, o tempo tratou de tornar esse fato incontestável.
E apesar de terem tentado destruir o Partido dos
Trabalhadores e acabar politicamente com Lula, a Lava Jato falhou nesse
aspecto. Contudo, é algo que continua na ordem do dia. Afinal, o presidente e
seu partido são representantes do nacionalismo burguês, e estando o
imperialismo cada vez mais fraco, a tendência é que ele tente criar novas
operações golpistas da aumentar seu domínio sobre o Brasil e impedir o
desenvolvimento nacional.
Dez anos de uma operação criada pelos EUA para destruir o Brasil
Há pouco mais de uma década, em 17 de março de 2014, era deflagrada a Operação Lava Jato, um conjunto de investigações realizadas pela Polícia Federal brasileira, em conjunto com o Ministério Público, o Poder… pic.twitter.com/C9Dc89nBI3
— DCO - Diário Causa Operária (@DiarioDCO) March 20, 2024
PROCURADOR DOS EUA CONFESSA PARTICIPAÇÃO NA LAVA JATO;
ASSISTA!
Esse é Kenneth Blanco, um procurador norte-americano, em uma
conferência em Nova York, em 2017. Aqui ele explica a "teoria da
conspiração" da colaboração entre Lava Jato e o Departamento de Justiça
dos EUA. Um "relacionamento íntimo", que desprezava
"procedimentos formais".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta ao
seu homólogo Vladimir Putin felicitando o líder russo por sua vitória nas
eleições presidenciais deste ano
O presidente Lula da Silva felicitou o reeleito presidente
da Rússia, Vladimir Putin, por sua vitória nas eleições presidenciais
O envio da carta foi confirmado ao portal Metrópoles pelo ex-chanceler e
assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso
Amorim.
A mídia recorda que Lula retribuiu o gesto feito por Putin em 2022.
Na ocasião, o presidente da Rússia parabenizou o petista pela eleição no
Brasil, em nota publicada pelo Kremlin.
Putin foi eleito no domingo (17) com 87,28% dos
votos, dez pontos percentuais a mais que em 2018. Segundo a Comissão Eleitoral
Central da Rússia, 77,44% da população compareceu às urnas.
A última vez que os líderes se falaram foi em outubro do ano passado. Na conversa telefônica, os
dois mandatários falaram sobre os conflitos na Ucrânia e na Faixa de
Gaza.
Em fevereiro deste ano, o Palácio do Planalto confirmou
que Lula vai à cúpula do BRICS em outubro deste ano em
Moscou, conforme noticiado.
✉️🤝 O presidente Lula da Silva felicitou o reeleito presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua vitória nas eleições presidenciais
A informação foi confirmada ao Metrópoles pelo assessor especial de Lula, Celso Amorim.
Chanceler brasileiro criticou ofensiva israelense e a comunidade internacional pela carência de ajuda humanitária
Reprodução / @ ItamaratyGovBr Mauro Vieira e o presidente da
Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira,
desembarcou neste domingo (17/03) em Ramallah, na Cisjordânia. A convite das
autoridades palestinas, ele participou da cerimônia que concedeu ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva o título de Membro Honorário do Conselho de Curadores
da Fundação Yasser Arafat.
A honraria foi entregue ao chanceler pelo premiê Mohammad
Shtayyeh, que louvou a “coragem de Lula na defesa da Palestina”, segundo o
Itamaraty.
Vieira discursou criticando a reação de Israel à ofensiva do
grupo palestino Hamas e a comunidade internacional pela carência de ajuda
humanitária. Ele definiu como “ilegal e imoral” negar comida, água e
medicamentos a civis, e fez um balanço dos apoios oferecidos pelo Brasil.
Vieira ainda se reuniu com o presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, sobre o conflito e a crise
humanitária.
A visita ocorre em meio a uma crise diplomática entre Brasil
e Israel, após declarações do presidente Lula comparando a crise humanitária
palestina com o Holocausto.
Campanha para um Estado palestino
O Brasil vai se juntar a outros Estados na campanha para
conseguir que a Palestina seja admitida como membro pleno das Nações Unidas.
A criação e reconhecimento de um Estado palestino fará com
que a Palestina tenha voz, uma vez que desde 2012 os palestinos têm status de
observador — o que permite que seus diplomatas participem dos debates, mas sem
direito a voto.
O maior obstáculo, no entanto, ainda é o poder de veto dos
EUA no Conselho de Segurança da ONU (CSNU).
Expectativa é que um pedido formal para a adesão completa às
Nações Unidas seja realizado ainda em 2024, principalmente diante do risco de
que a guerra em Gaza abra caminho para novas invasões de terras por parte de
israelenses, segundo a apuração do UOL
Para o Itamaraty, a adesão da Palestina como membro pleno é
um passo importante na direção da garantia de que um acordo de paz seja
estabelecido de forma explícita junto à criação de dois Estados — palestino e
israelense —, com suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.
"Eu estou com tanto medo, juro por Deus. Não aguento mais isso. Por favor, nos ajude!"
O desespero de uma criança palestina em fuga do hospital Al-Shifa em meio a invasão israelense ao hospital e aos bombardeios hoje na Cidade de Gaza. pic.twitter.com/U0rTnxsoZx
— FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) March 18, 2024
O mundo dá voltas. O ex-advogado-geral da União Bruno
Bianco, escalado por Jair Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno para atuar na tentativa de golpe de estado em 2022, voltou aos
corredores do Executivo Federal durante o governo Lula – desta vez como lobista
do BTG Pactual. Desde julho de 2023, após cumprir quarentena, Bianco ocupa o cargo de gerente de relações institucionais no
banco de investimentos.
No dia 4 de fevereiro de 2024, Bruno Bianco liderou uma reunião entre o BTG e os dois principais assessores do ministro
da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, nas dependências da própria AGU, em
Brasília: o ministro-substituto Flávio José Roman e advogado-geral adjunto
Paulo Ceo. Além deles, esteve no encontro o procurador da Agência Nacional de
Telecomunicações, Cássio Cavalcante.
A pauta da reunião não consta nas agendas oficiais de Román,
Ceo e Cavalcante, mas foi registrada por Ana Paula Severo, subprocuradora da AGU, que
também esteve presente. Segundo a descrição dela, o assunto foi a "solução
consensual da Oi junto ao TCU", um tema que movimenta o mercado de
telecomunicações por envolver cifras que chegam a R$ 50 bilhões e que está
diretamente ligado aos interesses do BTG Pactual.
Maior operadora de telefonia fixa do país, com atuação em
88% dos municípios, a Oi está à beira da falência. A situação é alvo de intensa
preocupação no BTG Pactual, que é dono de quase 70% da V.tal, uma empresa de infraestrutura de
telecomunicações que será diretamente impactada pelo futuro da Oi, já que as
duas empresas compartilham infraestrutura e contratos comerciais.
Devido à intensa relação entre a Oi e a V.tal, qualquer mudança na
situação da operadora, como intervenção governamental ou alteração de ativos
pela Anatel, afeta diretamente os interesses do BTG. Os planos de expansão da
V.tal, vinculados a compromissos específicos, também são moldados pela
resolução da crise da Oi, impactando as projeções de investimento e retorno do
BTG.
A crise parecia próxima ao final nesta semana, quando a Assembleia
Geral de Credores da Oi votaria o plano de recuperação judicial da operadora,
mas a reunião foi cancelada. Assim, todas as atenções ficam voltadas para o
possível acordo entre Oi, Anatel e TCU, tema da visita de Bianco ao governo
Lula. A possível decisão de mudar as concessões de telefonia fixa para o modelo
de autorização é crucial para a Oi se livrar de obrigações regulatórias
pesadas.
Hoje lobista com acesso ao governo Lula, um ano antes, Bianco defendeu, em uma reunião ministerial de Jair
Bolsonaro, um encontro de teor golpista com embaixadores, que inclusive tornou
o ex-presidente inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios
de comunicação.
As declarações de Bianco constam de um vídeo com a íntegra
da reunião, realizada em julho de 2022, que embasou a operação da Polícia
Federal contra militares e ex-ministros de Bolsonaro suspeitos de participarem
de uma tentativa de golpe de estado. Em sua fala, Bianco disse que Bolsonaro
estava "corretíssimo com relação à reunião com embaixadores".
"O senhor também está correto em mostrar para o mundo,
como chefe de Estado, a sua postura", acrescentou o então advogado-geral
da União.
As imagens foram encontradas no computador de Mauro Barbosa
Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e tornadas públicas pelo ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o STF.
Como se não bastasse, o general Augusto Heleno, ex-ministro
do Gabinete de Segurança Institucional, escalou a AGU, então chefiada por
Bianco, como protagonista de uma trama golpista que consta no 'diário' em que
fazia anotações sobre a tentativa de mudar o resultado das eleições, segundo reportagem da Veja.
Enquanto Heleno, Bianco e Bolsonaro se envolviam na trama,
um outro ministro do governo já estava ligado no caso BTG. Em 19 de dezembro de
2022, poucos dias antes do fim da gestão, a V.Tal recebeu autorização de Fábio Faria, então ministro das
Comunicações, para captar até R$ 2,5 bilhões em recursos para projetos de
telecomunicações na modalidade incentivada, com redução na cobrança do imposto
de renda para investidores. Um dia depois da autorização, Fábio Faria deixou o
governo.
Com a canetada, os projetos listados pela V.tal se tornaram
prioritários na emissão de debêntures. A portaria segue em vigor, já que tem
validade de cinco anos. Com a decisão, a emissão das debêntures da V.Tal passou
a contar com benefício fiscal, com a redução de 22% para 15% no Imposto de
Renda para pessoas jurídicas e para 0% entre investidores pessoas físicas.
Três meses depois de sair do governo Bolsonaro, Fábio Faria
também foi trabalhar na área de relações institucionais do BTG.
Voz de prisão pode ser dada por qualquer cidadão, incluindo militares, contra crimes cometidos em flagrante; tentativa de apresentar minuta do golpe de Jair Bolsonaro ao general provocou a reação, segundo ex-comandante da Aeronáutica
Bolsonaro apresentou hipóteses de GLO, Estado de Defesa e de
sítio, diz ex-comandante do ExércitoFoto: Reprodução/Reuters
Ex-comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar
Carlos Almeida Baptista Júnior relatou em depoimento à Polícia Federal (PF) que
o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-chefe do Exército, falou em prender
Jair Bolsonaro (PL) caso o então presidente tentasse um golpe de Estado.
Segundo o artigo 301 do Código Penal brasileiro, a voz de
prisão poderia ter sido dada pelo militar, uma vez que há a previsão legal de
que qualquer cidadão - incluindo militares - tem o poder de anunciar a prisão
de uma pessoa que cometa flagrante delito.
Segundo afirmou Baptista Júnior em depoimento, a declaração
ameaçando a prisão foi feita no encontro convocado pelo general Paulo Sérgio de
Oliveira, então ministro da Defesa, que ocorreu em 14 de dezembro de 2022. Na
reunião, em seu gabinete, quando a hipótese do golpe de Estado - por meio de
Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa ou estado de sítio - foi
aventada, Freire Gomes afirmou que "caso tentasse tal ato teria que
prender o Presidente da República".
Na época, Bolsonaro já tinha perdido a eleição para o atual
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas permanecia no cargo, uma vez que
a posse presidencial ocorre no dia 1º de janeiro seguinte ao pleito.
A Constituição Federal prevê a responsabilização do
presidente tanto em crimes de responsabilidade quanto em crimes comuns. Como a
suposta ameaça de golpe de Estado dada por Bolsonaro não entra na categoria de
infrações político-administrativas, mas sim em crime contra o Estado de
Direito, cometido em flagrante, ela não esbarraria no artigo 86, que versa
sobre como os julgamentos de um presidente devem ocorrer.
Nos casos de crimes de responsabilidade, é o Senado Federal
que julga a denúncia, enquanto infrações penais comuns eventualmente cometidas
pelo chefe do Executivo devem ser submetidas ao julgamento do Supremo Tribunal
Federal (STF). Porém, enquanto não houver sentença condenatória nas infrações
comuns sem flagrante, o presidente não poderá ser preso.
Miguel Reale Júnior, ex-professor titular de direito penal
da Universidade de São Paulo (USP) e ministro da Justiça no governo Fernando
Henrique Cardoso, explica que a voz de prisão, por se tratar de flagrante,
poderia ter sido dada pelo general. "Qualquer ato como editar o estado de
defesa seria tentativa de golpe e poderia o presidente ser preso por crime
contra o Estado de Direito", explicou.
Para o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida
Castro, conhecido como Kakay, não há dúvida de que o que fez o comandante foi o
correto, ao comunicar que se a trama golpista continuasse, a voz de prisão
seria dada, sob pena de prevaricação. "A dificuldade prática de dar uma
voz de prisão no presidente da República é enorme, você tem que cumprir essa
voz de prisão. Evidentemente, Bolsonaro ia dizer que não aceitava prisão e ia
chamar oficiais fiéis a ele. A dificuldade prática é absolutamente
gigantesca", observou o advogado.
Procurado pelo Estadão para comentar sobre o caso, Jair
Bolsonaro não respondeu.
Na manhã desta sexta-feira, 15, o ministro do STF Alexandre
de Moraes retirou o sigilo do depoimento de 27 investigados na Operação Tempus
Veritatis, por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de
Direito após as eleições de 2022. Mais da metade dos suspeitos, 14 deles,
preferiu ficar em silêncio. Estão incluídos os registros dos depoimentos à PF
de Bolsonaro e de ex-ministros, como Anderson Torres e os generais Augusto Heleno
e Walter Braga Netto.
Conforme o depoimento prestado por Baptista Júnior à PF, no
bojo das investigações que apuram uma suposta tentativa de golpe de Estado
tramada pela cúpula do governo Jair Bolsonaro, o então ministro da Defesa teria
declarado a intenção de apresentar a minuta golpista, para "conhecimento e
revisão". Nesse momento, Baptista disse ter questionado: "Esse
documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?".
Oliveira se calou e, em seguida, o brigadeiro disse que não admitira receber o
papel.
Baptista Júnior e Freire Gomes contaram aos investigadores
que se colocaram contra a investida antidemocrática de Bolsonaro. Já o
almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, mais alinhado ao
ex-presidente, colocou tropas à disposição do ex-chefe do Executivo. Em seu
depoimento à PF, o almirante escolheu ficar em silêncio. Veja a íntegra da
minuta de golpe que Bolsonaro apresentou às Forças Armadas, segundo
ex-comandante.
Auditoria Cidadã da Dívida: Esperamos contar com a presença
do presidente Lula para manifestarmos nossas reivindicações, e obtermos seu
apoio para fortalecer nossa causa.
Auditoria
Cidadã da Dívida
O Presidente Lula foi formalmente convidado para participar
da 1ª Plenária da Campanha Nacional por Direitos Sociais, que acontece nos dias
23 e 24 de março em Brasília! Este convite reflete nosso compromisso em unir
forças para enfrentar desafios sociais e promover a igualdade no Brasil.
A Campanha, apoiada por dezenas de organizações sociais,
busca garantir direitos fundamentais e reduzir a desigualdade em nosso país.
Esperamos contar com a presença do presidente Lula para
manifestarmos nossas reivindicações, e obtermos seu apoio para fortalecer nossa
causa.
Mais detalhes sobre a Campanha e a Plenária podem ser
encontrados aqui.
Junte-se a nós nesta jornada por um Brasil mais justo e inclusivo!
Helena Nara, da Unidade Popular lembra que é um absurdo dizer que o povo tem dívida com a elite. “Se existe alguma dívida a ser paga, é dos bancos com o povo trabalhador que está sendo escorraçado depois da reforma da previdência e da reforma trabalhista”. #DireitosSociaisJápic.twitter.com/lmSi2TKSJb
— Auditoria Cidadã da Dívida (@AuditoriaCidada) March 14, 2024
O governo anunciou R$ 900 milhões para o Programa de
Aquisição Alimentar (PAA) para a distribuição de alimentos a famílias em
situação de insegurança alimentar. Se comparado aos R$ 1,89 trilhões que são
destinados à dívida pública, o valor é irrisório
Auditoria Cidadã da Dívida
A erradicação da fome é uma das bandeiras do Governo Lula e
dos governos anteriores do PT. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou que o Brasil havia saído do mapa da
fome. Uma vitória para o povo brasileiro que, infelizmente, durou pouquíssimo
tempo, tendo o país retornado ao mapa em 2022, com a redução das políticas
sociais dos governos Temer e Bolsonaro.
Segundo o relatório da FAO, (confira aqui),
em 2022, o país possuía cerca de 91,4 milhões de pessoas em estado de
insegurança alimentar, de moderada a grave.
Em 2023, o governo Lula anunciou o total de R$ 900 milhões
para o Programa de Aquisição Alimentar (PAA), R$ 250 milhões a mais que o ano
anterior, para aquisição de alimentos da agricultura familiar para a
distribuição a famílias em situação de insegurança alimentar (Saiba
mais).
Pode parecer muito, mas, se comparado aos R$ 1,89 trilhões
que são destinados à chamada dívida pública, o valor é irrisório.
Juros e amortizações não matam a fome da população
vulnerável! Precisamos garantir mais recursos para a população, por meio da
manutenção e ampliação dos direitos sociais.
Conheça e participe da Campanha Nacional por Direitos
Sociais, que busca assegurar que a população desfrute do que lhe pertence por
direito!
Acesse aqui.
O governo anunciou R$ 900 milhões para o Programa de Aquisição Alimentar (PAA) para a distribuição de alimentos a famílias em situação de insegurança alimentar. Se comparado aos R$ 1,89 trilhões que são destinados à dívida pública, o valor é irrisório.https://t.co/dfpaV7qbI3pic.twitter.com/3kvg5B7AgA
— Auditoria Cidadã da Dívida (@AuditoriaCidada) March 4, 2024
Presidente do Brasil reiterou que considera ação israelense
na Faixa de Gaza como um ‘genocídio’ e que defende a criação do Estado
palestino ‘que possa viver em harmonia com Estado de Israel’
Ricardo Stuckert / Presidência da República: Mensagem de Lula reforça postura mostrada na entrevista dada
durante a Cúpula da União Africana
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, escreveu
uma mensagem em suas redes sociais nesta sexta-feira (23/02), no que foi sua
primeira reação aos ataques que vêm sofrendo por parte das autoridades de
Israel.
Em suas primeiras palavras, o
mandatário comparou sua postura atual com a que manteve durante o
período em que ficou preso em Curitiba, por conta do lawfare promovido pela
Operação Lava Jato.
“Da mesma forma que eu disse quando estava preso que eu não
aceitaria acordo para sair da cadeia e que eu não trocava a minha liberdade
pela minha dignidade, eu digo: não troco a minha dignidade pela falsidade”,
alegou Lula.
Da mesma forma que eu disse quando estava preso que eu não aceitaria acordo para sair da cadeia e que eu não trocaria a minha liberdade pela minha dignidade, eu digo: não troco a minha dignidade pela falsidade. Eu sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que…
Em seguida, o presidente esclareceu que “sou favorável à
criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa esse Estado Palestino
viver em harmonia com o Estado de Israel”.
O mandatário completou a postagem pedido para que “não
tentem interpretar a entrevista que eu dei”.
“Leiam a entrevista e parem de me julgar a partir da fala do
primeiro-ministro de Israel”, concluiu Lula.
A tensão entre Lula e o governo de Israel surgiu após o
líder brasileiro declarar, durante
a 37ª Cúpula da União Africana, que “o que está acontecendo na Faixa de
Gaza, com o povo palestino, não existe em nenhum momento histórico. Aliás,
existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”.
Os demais ataques realizados durante a semana partiram do
chanceler Israel Katz e até da conta oficial do país na plataforma X (antigo
Twitter), que passaram
a tratar o presidente brasileiro como um “negacionista do Holocausto”,
embora a declaração que originou o conflito não tenha questionado em nenhum
momento o extermínio dos judeus.
Eu sou favorável a criação do Estado Palestino livre e
soberano. Que possa esse Estado Palestino viver em harmonia com o Estado de
Israel. O que o governo de Estado de Israel está fazendo não é guerra, é
genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinadas.
A Globo não consegue ser objetiva sobre Lula ou Gaza.
Juntos, é ainda pior
Click Verdade - Jornal Missão
A situação em Gaza está chegando a um ponto de inflexão
crítico e a mídia corporativa brasileira está tentando pressionar o governo - e
todo o país - a não criticar o massacre em massa de civis palestinos por
Israel. Precisamos reagir em nome da verdade e da humanidade.
Israel encurralou a maioria dos mais de 2 milhões de civis
de Gaza na pequena área de Rafah e agora está ameaçando invadi-la. Atacar a
cidadezinha que se transformou em um campo de refugiados lotado seria um
desastre humanitário criminoso ainda maior e sem precedentes.
Quase toda a Faixa de Gaza está em escombros. Os palestinos
mal têm o que comer e beber. A fome está piorando. A renomada Universidade
Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que o número de mortos em Gaza poderá
chegar a 259 mil nos próximos seis meses se essa escalada continuar - 1 em cada
9 palestinos em Gaza. Estamos em um ponto de inflexão importante e essa
pressão pode ajudar a pôr fim à operação genocida.
Mas a grande mídia, que durante meses justificou e defendeu
essa barbárie por meio de comentaristas, entrevistas e artigos mentirosos, está
mais preocupada com a comparação que Lula fez da situação enfrentada pelos
palestinos com a vivida por judeus no Holocausto, condenando-a como
"antissemita" e uma "gafe" que prejudicará o Brasil
geopoliticamente.
Se você tem lido o Intercept — um dos pouquíssimos veículos
mostrando a verdade — sabe que a grande mídia está errada. Estão apenas expondo
seu viés extremamente pró-EUA e pró-corporativo, que está completamente fora de
sintonia com a opinião popular global e despreocupado com os interesses reais
da maioria dos brasileiros. Se a grande mídia está disposta a apoiar esse
tipo de massacre no exterior, pode apostar que encontrará um motivo para fazer
o mesmo em casa. Aliás, já faz.
A situação em Gaza está chegando a um ponto de inflexão
crítico e a mídia corporativa brasileira está tentando pressionar o governo - e
todo o país - a não criticar o massacre em massa de civis palestinos por
Israel. Precisamos reagir em nome da verdade e da humanidade.
Israel encurralou a maioria dos mais de 2 milhões de civis
de Gaza na pequena área de Rafah e agora está ameaçando invadi-la. Atacar a
cidadezinha que se transformou em um campo de refugiados lotado seria um
desastre humanitário criminoso ainda maior e sem precedentes.
Quase toda a Faixa de Gaza está em escombros. Os palestinos
mal têm o que comer e beber. A fome está piorando. A renomada Universidade
Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que o número de mortos em Gaza poderá
chegar a 259 mil nos próximos seis meses se essa escalada continuar - 1 em cada
9 palestinos em Gaza. Estamos em um ponto de inflexão importante e essa
pressão pode ajudar a pôr fim à operação genocida.
Mas a grande mídia, que durante meses justificou e defendeu
essa barbárie por meio de comentaristas, entrevistas e artigos mentirosos, está
mais preocupada com a comparação que Lula fez da situação enfrentada pelos
palestinos com a vivida por judeus no Holocausto, condenando-a como
"antissemita" e uma "gafe" que prejudicará o Brasil
geopoliticamente.
Se você tem lido o Intercept — um dos pouquíssimos veículos
mostrando a verdade — sabe que a grande mídia está errada. Estão apenas expondo
seu viés extremamente pró-EUA e pró-corporativo, que está completamente fora de
sintonia com a opinião popular global e despreocupado com os interesses reais
da maioria dos brasileiros. Se a grande mídia está disposta a apoiar esse
tipo de massacre no exterior, pode apostar que encontrará um motivo para fazer
o mesmo em casa. Aliás, já faz.
ISRAEL-PALESTINA: 5 DISTORÇÕES SOBRE GAZA E HAMAS QUE A
MÍDIA VAI TE CONTAR HOJE
O jornalismo corporativo tem um viés pró-Israel importado
dos EUA. Fique de olho nestas distorções enquanto Israel embarca em uma
campanha terrorista que promete “transformar Gaza numa ilha deserta”. - 11 de out. de 2023
GRAVE!! O terrorista genocida Netanyahu chamou Lula de antissemita e todos os jornalistas da Globo ficaram do lado do genocida!!
GLOBO APOIA O GENOCÍDIO!!
Nas últimas 24h a Globo endeusou um NAZISTA e defendeu um terrorista genocida.
O jornal O Globo publicou extensa reportagem nesta segunda-feira para atacar o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defender o governo de Israel, que vem
perpetrando um genocídio contra o povo palestino em Gaza. A reportagem do Globo
foi elaborada a partir de supostas declarações "em off", no
anonimato, de diplomatas.
"Em conversas informais, trocas de mensagens e-mails,
diplomatas brasileiros disseram ter compartilhado com colegas uma opinião
profundamente negativa sobre as declarações de Lula na Etiópia, no fim de
semana passado. Para um país como o Brasil, que busca ser mediador de
conflitos, ter tomado partido da maneira como o presidente fez foi, segundo os
diplomatas ouvidos, 'um tiro no pé difícil de ser contornado'", diz o
texto do Globo, que não aponta uma única fonte na reportagem.
Também era antisemita Hajo Meyer, sobrevivente do holocausto, tendo passado por Auschwitz? “Os sionistas não tem nenhum direito de usar o holocausto para qualquer propósito. Eles desistiram de tudo que tem a ver com humanidade, com empatia”. pic.twitter.com/Zwwe2b9YXn
Jornalista afirma que Lula tem a obrigação de seguir
condenando o genocídio do povo palestino cometido por Israel: "ele é
porta-voz dos povos oprimidos no mundo"
Paulo Moreira Leite, Lula e Benjamin Netanyahu (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters/Ibraheem Abu Mustafa | Reuters/Stringer | GIL COHEN-MAGEN/Pool via Reuters)
O jornalista Paulo Moreira Leite afirmou que
"a dignidade humana falou pela boca do [presidente] Lula (PT)" ao
condenar mais uma vez o genocídio do povo palestino da Faixa de Gaza promovido
pelo governo de Israel. Um trecho específico da última declaração de Lula, no
qual ele compara o genocídio palestino ao massacre dos judeus por Hitler,
tem gerado fortes reações tanto do governo de Benjamin Netanyahu quanto de
setores sionistas da sociedade brasileira.
Para Leite, o objetivo desta mobilização é intimidar o
governo brasileiro. "Lula tomou uma posição corajosa e o governo
brasileiro tomou uma posição corajosa, politicamente inatacável, que é defender
os direitos do povo palestino e, portanto, condenar a atitude imperial,
criminosa do Estado de Israel. Estamos assistindo a um massacre que vai
envergonhar a história por décadas, por séculos. Vai ficar nos livros
registrados como aqueles momentos terríveis, tristes, inaceitáveis que a
humanidade assistiu. E a história vai registrar aqueles que reagiram, aqueles
que aplaudiram o massacre, aqueles que ficaram em silêncio e aqueles que se
manifestaram".
O jornalista afirmou não haver dúvidas sobre o cometimento
de genocídio por Israel - "o que se quer é eliminar um povo" - e
disse que Lula tem o dever de reagir contra este crime. "O Lula demonstrou
solidariedade àquele povo. Ele tem obrigação de fazer isso. Ele é porta-voz dos
povos oprimidos no mundo, um porta-voz dos trabalhadores, aquele que fala pelos
interesses daqueles que não têm voz. Então a voz dele nesse momento foi muito
importante".
"O Lula hoje está demonstrando a dignidade humana. A
dignidade humana falou pela boca do Lula. Outros chefes de Estado, que por
razões de conveniência, acertos, não querem ser incomodados, o Lula - aquele
homem que fala pelos interesses dos brasileiros mas também pelas grandes causas
humanas - afirmou mais uma vez que hoje a luta contra o massacre do povo
palestino, pelos direitos do povo palestino, contra esse genocídio, é uma causa
humana. Quem não quiser enxergar isso, vai sentir a vergonha dos seus filhos,
dos seus netos, dos livros de história que no futuro vão retratar esse episódio
como um episódio lamentável, vergonhoso que a humanidade não precisava ter
assistido", finalizou.
O chefe do executivo ainda pediu apoio das nações africanas
para a reforma do sistema de governança global
(Foto: Ricardo Stuckert)
Durante sessão de abertura da cúpula anual da União
Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, como líder convidado de fora do
continente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar o
genocídio cometido por Israrel contra os palestinos e classificou como
"desproporcional" aos ataques do Hamas. O chefe do executivo ainda
pediu apoio das nações africanas para a reforma do sistema de governança
global, afirmando que a resposta para as “mazelas atuais não virá da extrema
direita racista e xenófoba".
"O momento é propício para resgatar as melhores
tradições humanistas dos grandes líderes da descolonização africana. Ser
humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis
israelenses e demandar a liberação imediata de todos os reféns", afirmou o
presidente.
Lula ainda afirmou que a política e a diplomacia são as
únicas formas de encerrar o outro conflito que mobiliza a comunidade
internacional, a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Confira a íntegra do discurso:
É com grande alegria que volto pela vigésima primeira vez
à África, agora novamente como presidente do Brasil, para me dirigir aos
líderes da União Africana. Venho para reafirmar a parceria e o vínculo do nosso
país e do nosso povo com este continente irmão.
A luta africana tem muito em comum com os desafios do
Brasil. Mais da metade dos 200 milhões de brasileiros se reconhecem como
afrodescendentes. Nós, africanos e brasileiros, precisamos traçar nossos
próprios caminhos na ordem internacional que surge.
Precisamos criar uma nova governança global, capaz de
enfrentar os desafios do nosso tempo.
Já não vigoram as teses do Estado mínimo. Planejar o
desenvolvimento agrícola e industrial voltou a ser parte das políticas públicas
em todos os quadrantes.
As transições energética e digital demandam o incentivo e
a orientação dos governos.
Tentativas de restituir um sistema internacional baseado
em blocos ideológicos não possuem lastro na realidade. A multipolaridade é um
componente inexorável e bem-vindo do século XXI. A consolidação do BRICS como
principal espaço de articulação dos países emergentes é um avanço inegável.
Sem os países em desenvolvimento não será possível a
abertura de novo ciclo de expansão mundial, que combine crescimento, redução
das desigualdades e preservação ambiental, com ampliação das liberdades.
O Sul Global está se constituindo em parte incontornável
da solução para as principais crises que afligem o planeta.
Crises que decorrem de um modelo concentrador de
riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres – e entre estes, os
imigrantes. A alternativa às mazelas da globalização neoliberal não virá da
extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode ser privilégio
de poucos.
Só um projeto social inclusivo nos permitirá erigir
sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade
nem democracia com fome e desemprego
O momento é propício para resgatar as melhores tradições
humanistas dos grandes líderes da descolonização africana.
Ser humanista hoje implica condenar os ataques
perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses, e demandar a liberação
imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço à
resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza
– em sua ampla maioria mulheres e crianças – e provocou o deslocamento forçado
de mais de 80% da população.
A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos
rapidamente na criação de um Estado palestino. Um Estado palestino que seja
reconhecido como membro pleno das Nações Unidas.
De uma ONU fortalecida e que tenha um Conselho de
Segurança mais representativo, sem países com poder de veto, e com membros
permanentes da África e da América Latina. Há dois anos a guerra na Ucrânia
escancara a paralisia do Conselho. Além da trágica perda de vidas, suas
consequências são sentidas em todo o mundo, no preço dos alimentos e
fertilizantes.
Não haverá solução militar para esse conflito. É chegada
a hora da política e da diplomacia.
Senhoras e senhores, com seus 1 bilhão e 500 milhões de
habitantes, e seu imenso e rico território, a África tem enormes possibilidades
para o futuro. O Brasil quer crescer junto com a África, mas sem ditar caminhos
a ninguém.
O povo brasileiro está recuperando sua soberania política
e econômica. Estamos adotando um projeto de transformação ecológica, que nos
permitirá dar um salto histórico. Estamos resgatando nossa democracia,
tornando-a cada vez mais participativa.
Com o Bolsa Família e outras políticas públicas
bem-sucedidas voltaremos a sair do mapa da fome, retirando milhões de
brasileiros da pobreza. Falar de “Educação Inclusiva”, tema desta Cúpula, é
falar de futuro. No mundo, quase 250 milhões de crianças estão fora da escola.
No Brasil, estamos implantando escolas em tempo integral, além do pagamento de
uma poupança para os alunos mais pobres do ensino médio, como forma de reduzir
a evasão escolar.
Tenho o orgulho de dizer que milhares de africanos
concluíram seus estudos no Brasil. Mas vamos fazer ainda mais. Vamos ampliar o
número de bolsas ofertadas para receber estudantes africanos em nossas
instituições públicas de ensino superior.
Estamos dispostos a desenvolver programas educacionais na
África e a promover intenso intercâmbio de professores e pesquisadores. Vamos
colaborar para que a África possa se tornar independente na produção de
alimentos e energia limpa.
São 400 milhões de hectares espalhados por mais de 25
países, com potencial de fazer deste continente um grande celeiro para o mundo,
viabilizando políticas de combate à fome e produção de biocombustíveis.
Quero igualmente estender nossa parceria para a área da
saúde. Há muito a aprender com as estratégias sanitárias de ambos os lados, e a
possibilidade de estruturar sistemas públicos robustos e de alcance amplo.
Vamos trabalhar com o Centro Africano de Controle e
Prevenção de Doenças para enfrentar doenças tropicais negligenciadas. Teremos
como meta a ampliação do acesso a medicamentos, evitando a repetição do
“apartheid” de vacinas que vimos na COVID-19.
Cuidar também da saúde do planeta é nossa prioridade. O
imperativo de proteger as duas maiores florestas tropicais do mundo, a
Amazônica e a do Congo, nos torna protagonistas na agenda climática.
Os instrumentos internacionais hoje existentes são
insuficientes para recompensar de forma eficaz a proteção das florestas, sua
biodiversidade e os povos que vivem, cuidam e dependem desses biomas.
Com a recuperação de áreas degradadas, podemos criar um
verdadeiro cinturão verde de proteção das florestas do Sul Global. Em conjunto
com parceiros africanos, o Brasil quer desenvolver e construir uma família de
satélites para monitorar o desmatamento.
Para levar adiante todas essas iniciativas vamos criar um
posto avançado de cooperação junto à União Africana em setores como pesquisa
agrícola, saúde, educação, meio ambiente e ciência e tecnologia.
Nossa representação diplomática em Adis Abeba contará em
breve com funcionários de órgãos governamentais como a Agência Brasileira de
Cooperação, a EMBRAPA e a FIOCRUZ, nossos órgãos de pesquisa e desenvolvimento
em agropecuária e saúde.
Senhores e senhoras, nossos caminhos vão se reencontrar
no G20, no Rio de Janeiro, e na COP 30, em Belém. A presença da União Africana
como membro pleno do G20 será de grande valia. Mas ainda é necessário a
inclusão de mais países do continente como membros plenos. Temos agendas comuns
a defender.
É inadmissível que um mundo capaz de gerar riquezas da
ordem de US$ 100 trilhões de dólares por ano conviva com a fome de mais de 735
milhões de pessoas. Estamos criando no G20 a Aliança Global contra a Fome, para
impulsionar um conjunto de políticas públicas e mobilizar recursos para o
financiamento dessas políticas.
Cerca de 60 países, muitos deles na África, estão
próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida
externa do que para a educação ou a saúde. Isso reflete o caráter obsoleto das
instituições financeiras, como o FMI e o Banco Mundial, que muitas vezes
agravam crises que deveriam resolver.
É preciso buscar soluções para transformar dívidas
injustas e impagáveis em ativos concretos, como rodovias, ferrovias,
hidroelétricas, parques de energia eólica e solar, produção de hidrogênio verde
e redes de transmissão de energia. Precisamos acompanhar passo a passo a
evolução das novas tecnologias.
A Inteligência Artificial não pode tornar-se monopólio de
poucos países e empresas. Mas podem também constituir-se em terreno fértil para
discursos de ódio e desinformação, além de causar desemprego e reforçar vieses
de raça e gênero, que acentuam injustiças e discriminação.
O Brasil vai promover a interação do G20 com o Painel de
Alto Nível criado pelo Secretário-Geral da ONU para apoiar as discussões sobre
o Pacto Digital Global.
Esperamos, com isso, contribuir para uma governança
efetiva e multilateral em Inteligência Artificial e que incorpore plenamente os
interesses do Sul Global.
Minhas amigas e meus amigos, quero terminar dizendo que
não há Sul Global sem a África.
Retomar a aproximação do Brasil com a África é recuperar
laços históricos e contribuir para a construção de uma nova ordem mundial, mais
justa e solidária. Permite-nos, sobretudo, somar esforços na superação dos
desafios que temos à frente.
Encerramos mais um dia de trabalho ao lado dos países da União Africana. O Brasil retomando os laços e o potencial de crescimento conjunto com nossos irmãos africanos.
Reuni-me com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, @DrShtayyeh, sobre a situação de Gaza. Falamos da necessidade da solução de dois estados e ele agradeceu a solidariedade e apoio do Brasil para um cessar-fogo imediato na região e o fim dos ataques que estão matando civis… pic.twitter.com/vcJAsMRRqT