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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Chuva no Sul, fogo no Norte: governo precisa agir no novo normal


Enquanto o Rio Grande do Sul ainda não conseguiu nem sequer contar seus mortos na pior tempestade já registrada no estado, no resto Brasil quem faz estragos é o fogo: o número de queimadas no país de janeiro a 1o de maio de 2024 – 17.421 focos – já é o maior da história desde o início das medições do Inpe, em 1998. Na Amazônia, a alta é de 148%; no Pantanal, bioma que ainda não se recuperou da devastação de 2020, a elevação é de quase 1.000%.



Observatório do Clima

As duas tragédias carregam a impressão digital da crise do clima e reforçam a urgência de falar sério sobre adaptação no país. Ao mesmo tempo, o governo federal precisa correr para tomar medidas que impeçam que a situação se agrave ainda mais – socorro aos gaúchos e o fim da greve do Ibama.

As chuvas extremas no sul da América do Sul, que inclui toda a bacia do Prata, são há décadas uma previsão recorrente dos modelos climáticos, informação ignorada por sucessivos governos estaduais. “Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, diz Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.

Segundo ela, é preciso pensar em recursos vultosos a fundo perdido. “Municípios não vão sair pedindo dinheiro emprestado para ações de adaptação. Elas requerem um mecanismo específico, nos moldes do Fundo Amazônia.”


Fogo

A disparada das queimadas neste semestre preocupa, uma vez que a estação seca na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal está apenas começando. Ela sugere que os impactos da seca extraordinária de 2023 ainda perduram e que a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e impedir o fogo.

“As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no Cerrado e na Amazônia nos primeiros cinco meses do ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.

“Precisamos de uma  ampla mobilização da União e dos governos estaduais, além de resolver a greve hoje instalada em órgãos ambientais, como o Ibama. Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um dos seus principais resultados.

Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 107 integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática (oc.eco.br). Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil (seeg.eco.br).


Estamos em uma crise climática mundial. Modelos previam aumento da precipitação na região Sul há uma década, mas falta de ações de adaptação e retrocesso na legislação ambiental deixaram o Rio Grande do Sul ainda mais vulnerável aos eventos extremos. #SOSRS #PacotedaDestruição



 Enquanto o Congresso ri do povo brasileiro, destruindo nossa legislação ambiental, nos deparamos com tragédias como a do Rio Grande do Sul, que estão diretamente ligadas às mudanças climáticas. @MarcioAstrini



 Informações para imprensa

Solange A. Barreira – Observatório do Clima

solange@pbcomunica.com.br

+ 55 11 9 8108-7272

Claudio Angelo – Observatório do Clima

claudio@oc.eco.br

+55 61 9 9825-4783

Fonte: Observatório do Clima


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terça-feira, 7 de maio de 2024

‘Tragédia no RS é responsabilidade também de senadores e deputados que desmontam legislação ambiental’, diz secretário do Observatório do Clima


As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, as mais intensas registradas em território gaúcho em décadas, já deixaram dezenas de mortos, causaram estragos em 300 municípios, romperam uma barragem e desalojaram mais de 80 mil pessoas. Há ainda mais de uma centena de pessoas desaparecidas enquanto o mau tempo já provoca danos em outros Estados do Sul.


253 municípios foram afetados por chuvas no Sul

Mas a responsabilidade não é apenas dos governos estaduais e federal, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), mas também do Congresso — pois as tragédias são resultado da falta de adaptação e de combate às mudanças climáticas, duas áreas onde os Executivos precisam fazer mais e onde o Legislativo têm promovido ativamente retrocessos, na opinião dele.

"A maioria conservadora tem aprovado diversos projetos considerados nocivos para o meio ambiente. Nunca tivemos um Congresso tão dedicado a desmontar", afirma o especialista em políticas públicas à frente do Observatório do Clima, rede de entidades que monitora a questão climática no Brasil.

Além disso, segundo Astrini, ações que se limitam às respostas de emergência em situações de crise não são suficientes. Eventos extremos como esse — cada vez mais comuns por causa das mudanças climáticas — não podem mais ser tratados como “imprevistos”.


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Embora nem sempre seja possível prever com precisão a intensidade de um evento extremo, já sabemos que eles se tornarão mais frequentes — e quais as medidas que precisam ser tomadas para nos adaptarmos a eles, afirma o especialista.

Modelos climáticos preveem há décadas um aumento de chuvas extremas no sul da América do Sul, incluindo toda a bacia do Prata (formada pelos rios Paraná e Uruguai), lembra Astrini.

“O maior problema que a gente enfrenta neste momento não é a previsão, é a aceitação”, afirma Astrini. “A gente precisa aceitar que, infelizmente, esse é o novo normal. Mas não basta aceitar pacificamente, é preciso aceitar e tomar atitudes.”

Todo ano o governo do Rio Grande do Sul fica extremamente espantado que as chuvas são intensas. O governo do Rio de Janeiro fica super surpreso quando acontece em Petrópolis. É uma surpresa em São Sebastião (SP), no norte de Minas Gerais, em Recife (PE), no sul da Bahia. Só que acontece que já faz nove anos consecutivos que as médias de temperatura do planeta são as mais quentes já registradas. Não tem mais surpresa. A gente precisa se preparar para isso”, afirma Astrini.


Dinheiro investido em prevenção evita tragédias, diz Astrini

Mitigação, adaptação e redução de danos

Astrini explica que existem três tipos de resposta possíveis diante da crise climática: a mitigação das causas, a adaptação em preparação para as consequências e a redução de danos diante das tragédias.

“Mitigação é quando você ataca o problema: é quando você interrompe o desmatamento, quando você tira uma termoelétrica de operação, quando substitui uma fonte poluente por uma fonte renovável”, afirma o especialista.

“A adaptação é quando o problema vai acontecer e você começa a adaptar principalmente as populações mais vulneráveis ao problema. Por exemplo, quando tira as populações da área de risco, quando dá mais assistência para um pequeno agricultor lidar com uma seca.”

As ações também são necessárias contra problemas que não necessariamente são causados pelo aquecimento global, embora agravados por ele, explica Astrini.

“Adaptação é também quando você reforça a rede de saúde, porque vão aumentar os casos de dengue, porque o ciclo de reprodução do mosquito vai ficar mais longo por causa de chuvas desproporcionais e do calor prolongado.”

Já lidar com as perdas e reduzir os danos é promover as respostas emergenciais às tragédias.

“Perdas e danos é o que se faz normalmente: desbarrancou, você vai procurar sobreviventes, vai construir casas”, diz Astrini. O problema, na visão do especialista, é que as ações tomadas por autoridades federais, estaduais e municípais tendem a se concentrar apenas nesse terceiro estágio de resposta.

“O pessoal só age quando já está no nível da desgraça”, diz Astrini.

“O dinheiro investido na primeira camada vale muito mais, porque ele evita a adaptação e evita o desastre.”

Ações que estão sendo tomadas tanto pelo governo federal quanto pelo governo estadual e pelos municípios no caso das chuvas no Rio Grande do Sul — alertas da Defesa Civil, evacuação de pessoas de áreas de emergência, restabelecimento de serviços etc — se encaixam no terceiro tipo.

Após a região ser atingida por um ciclone em setembro do ano passado, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional repassou R$ 82 milhões para o governo do Estado e outros R$ 243 milhões aos municípios gaúchos para lidar com a crise. Segundo reportagem da CNN Brasil, a maior parte do dinheiro foi usada em ações emergenciais, como compra de mantimentos e desobstrução de estradas.

“A gente pode ter a Defesa Civil 30 vezes maior no Rio Grande do Sul ou em qualquer outro Estado. Vai continuar morrendo gente, porque a Defesa Civil vai conseguir salvar a vida de alguém próximo, mas não de todos. Quem salva mais vidas é o planejamento, e no caso dos municípios, o planejamento urbano”, afirma o líder do Observatório do Clima.

Embora o aquecimento global seja um problema em escala mundial, ações de mitigação não são responsabilidade apenas de entidades internacionais e governos nacionais. Elas podem — e precisam — ser alvo também dos governos locais, diz Astrini.

“A mitigação é uma agenda de responsabilidade, não de ganho político. Vou pegar um exemplo aqui no Cerrado, que bateu o recorde de desmatamento nesse último período: mais de 60% de aumento de agosto do ano passado para cá. E quem dá as autorizações de desmatamento são os governos estaduais”, diz ele.

“E há vários outros exemplos, como legislações de licenciamento ambiental mais frouxas nos Estados, a responsabilidade com o saneamento básico, com a transição energética.”

O governo do Rio Grande do Sul não respondeu inicialmente ao pedido de informações sobre ações de mitigação e adaptação da BBC News Brasil. O governador Eduardo Leite (PSDB) tem dado atualizações diárias sobre as medidas emergenciais tomadas no Estado, que incluem alertas e remoção das pessoas das áreas de risco.

Após a publicação desta reportagem, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado enviou nota em que "reforça a necessidade de adaptação para garantir a sobrevivência na Terra" e afirma que as ações de mitigação, adaptação e resiliência são parte do programa ProClima2050, lançado em 2023.

O programa, diz a pasta, criou o Gabinete de Crise Climática, "que tem como principal função conectar as secretarias de Estado, instituições e pesquisadores no monitoramento e implementação de ações práticas de resposta à crise do clima".

Segundo a secretaria, entre as medidas em andamento estão "a contratação de serviço de radar meteorológico pela Defesa Civil; melhorias na Sala de Situação, responsável pelo monitoramento das chuvas e dos níveis dos rios; e a implementação do roadmap climático dos municípios, que mapeará as ações relacionadas ao clima em esfera municipal".


Chuvas foram as piores já registradas no Estado

‘Deputados e senadores também são responsáveis’

Astrini diz ainda que é preciso lembrar da responsabilidade do Congresso em relação à situação climática que leva à tragédias como a sofrida pelo RS neste momento.

"Deputados trabalham dia e noite para destruir a legislação ambiental do Brasil com afinco. Neste momento estão querendo acabar com a Lei de Licenciamento Ambiental, querem acabar com a reserva legal na Amazônia, querem acabar com as reservas indígenas”, diz Astrini.

Ele se refere a um um projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental, permitindo que Estados e Municípios determinem os projetos que precisam ou não fazer uma análise de impacto, entre outras medidas.

Os defensores do PL argumentam que ele “diminuirá a burocracia” e por isso facilitaria o desenvolvimento econômico.

Mas Astrini diz que o projeto não só não resolve o problema da burocracia como pode comprometer metas de desenvolvimento sustentável.

“A gente nunca teve um Congresso tão agressivo nesse esforço para desmontar a legislação ambiental no Brasil”, afirma.

Deputados e senadores contrários a pautas importantes para ambientalistas argumentam que a legislação ambiental atrapalha o desenvolvimento econômico e, em alguns casos, negam dados científicos sobre o aquecimento global ou sobre desmatamento no Brasil.

“Tem dois momentos em que o Congresso ajuda o Brasil na área ambiental: no recesso do meio do ano e no recesso do final”, diz Astrini.

Para Astrini, o governo federal vem falhando na disputa com os deputados e senadores pelas pautas ambientais, embora tenha um bom projeto para a área.

Ele cita, por exemplo, o fato de a bancada governista ter sido liberada para votar em qualquer sentido (em vez de receber a orientação para votar contra) o marco temporal para as terras indígenas.

“A gente nunca teve um Ministério do Meio Ambiente com tanto apoio no governo. É a primeira vez que um presidente fala em desmatamento zero e tolerância zero para desmatadores. Você tem um ministro da Economia que faz conversas sobre o meio ambiente, um Ministério dos Povos Indígenas... Mas mesmo assim as coisas não estão andando como deveriam”, afirma.

Além na tragédia no Sul, há outras notícias negativas na área. O Norte registra número recorde de queimadas de janeiro a maio deste enquanto a greve de servidores dos dois principais órgãos de fiscalização ambiental do país —Ibama e ICMBio— já dura mais de 100 dias.

Para o especialista, não se trata apenas de uma questão de orçamento mais robusto para ministérios da área —que também é importante — mas da capacidade de integrar essa visão em todos os setores.

“Quem causa o problema de emissões do Brasil? São os atores no setor do Ministério da Agricultura. E no Ministério das Minas e Energia. São esses ministérios que têm que ter programas e investimentos para diminuir as emissões de seus setores”, afirma Astrini. “O Ministério do Ambiente pode multar uma área que já foi desmatada, mas para as ações de mitigação você precisa da ação de todos os agentes.”

A BBC procurou o governo federal para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

O governo, que apesar de não ter maioria no Congresso conseguiu aprovar agendas suas como o novo arcabouço fiscal, não tem “comprado a briga” nas pautas ambientais, opina Astrini.

No caso do marco temporal para as terras indígenas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até tentou barrar a aprovação da lei que limita a demarcação, mas seu veto foi derrubado pelo Congresso.

A tese do marco temporal é de que apenas áreas ocupadas por indígenas em outubro de 1988, momento em que a Constituição Federal foi promulgada, poderiam ser demarcadas.

Movimentos indígenas questionam a tese porque havia terras que, naquele momento, não eram ocupadas porque seus habitantes originários haviam sido expulsos por invasores. Já os ruralistas alegam que não estabelecer um marco temporal criava insegurança jurídica.

Além de um direito dos povos originários, a demarcação de terras indígenas é considerada por ambientalistas e pesquisadores uma das principais formas de preservação da mata nativa brasileira — hoje as reservas impedem o desmatamento de diversas áreas cujo entorno foi devastado.

Astrini também critica o fato de pautas ambientais terem entrado no cabo de guerra entre o Supremo e o Legislativo, virando parte de uma disputa de poder mais do que uma discussão sobre políticas públicas.

O Senado e Câmara têm entrado em rota de colisão com o STF em diversos temas, em uma disputa sobre os limites de cada poder.

A questão do marco temporal, inclusive, só teve a sua votação acelerada como resposta da bancada ruralista a uma decisão do STF de 2023.

Na época, a Corte rejeitou a tese do marco, que era baseada em uma situação jurídica ambígua. Logo em seguida o Congresso aprovou uma nova legislação determinando a existência de um marco temporal.

“Em algumas áreas, como essa do marco temporal, o Congresso tem usado a questão para atacar os indígenas e o Supremo.”

Além das decisões recentes tomadas pela maioria conservadora do Congresso e de projetos em tramitação, Astrini critica a postura pública de deputados e senadores em relação a temas ambientais.

“São os homens privilegiados, com espaço, que falam com seus eleitores e formam opinião pública. Eles não cansam de repetir que essa coisa de meio ambiente, de regra ambiental, é uma besteira”, diz Astrini. “Mas aí as consequências chegam e a responsabilidade é de quem?”

Para o secretário-executico do OC, esses parlamentares "incentivam quem quer desrespeitar a leis ambientais e prejudicam quem quer fazer certo”. “Então eles têm enorme responsabilidade por situações como essa (no Rio Grande do Sul) e têm que ser cobrados por isso.”

Por: Letícia Mori - Twitter,@_leticiamori 

Da BBC News Brasil em São Paulo


Observatório do Clima

E esse aqui é o candidato a vice-prefeito de São Paulo dizendo o que ele pensa sobre o aquecimento global. Vão eleger esse cidadão em plena crise climática na chapa de um prefeito que já teve outro negacionista cuidando de clima?


 

Esse aqui é o picareta Luiz Molion, negacionista do clima que palhaços como @PlinioValerio45 e @marciobittar alçaram à condição de “especialista”, dando um depoimento na CPI das ONGs que fala por si.



 ClimaInfo

Doe @MST_Oficial, @gzhdigital, @defesacivilrs, @AMRIGS, mas não esqueça de cobrar empresas e parlamentares pela solução do problema!

#AçãoPeloClima #AjudaRioGrande #SOSRS



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domingo, 7 de janeiro de 2024

Vilões do clima pregam sustentabilidade na COP28, mas deixam rastro de devastação no Brasil


A Braskem, envolvida na maior tragédia ambiental urbana do mundo, em Maceió, desistiu de participar após críticas pela tragédia que protagonizou em Alagoas


Auditoria Cidadã da Dívida

Braskem, Vale, JBS, Cargill, Marfrig, Norsk Hydro, todas estas organizações são amplamente conhecidas como poluentes e causadoras de danos ambientais. O que elas têm em comum? Todas elas estavam na programação da COP28, a conferência do… CLIMA! Isso mesmo, enquanto deixam um rastro de devastação no Brasil, tentam posar de bonzinhos para o mundo por meio de seu poderio econômico, o chamado greenwashing, como mostra conteúdo do portal do MST.

A Braskem, envolvida na maior tragédia ambiental urbana do mundo, em Maceió, desistiu de participar após críticas pela tragédia que protagonizou em Alagoas. Leia texto na íntegra, na Página do MST.

As empresas do setor primário exportador pregam “sustentabilidade”, mas na prática ajudam a destruir o meio ambiente. Para que? Para exportar nossas riquezas e garantir a entrada de dólares no país, reforçando as reservas internacionais, que têm servido para comprar a confiança dos rentistas da dívida pública, estrangeiros e nacionais. Desta forma, mantendo grande quantidade de dólares, o Banco Central garante que qualquer rentista da dívida pública “interna”, estrangeiro ou brasileiro, possa trazer seus recursos para o país, ganhar rios de dinheiro com nossos juros altíssimos, e depois trocar por dólares e enviar de volta para o exterior, sem limite algum, quando quiser.

Veja aqui como esse processo acontece no brilhante artigo escrito pelos pesquisadores Yamila Goldfarb e Marco Antonio Mitidiero, que participou recentemente da audiência pública sobre política de juros na Câmara Federal e também de uma live promovida pela ACD.


 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Polícia alemã expulsou Greta Thunberg de protesto contra mina de lenhite


Os movimentos ambientalistas denunciaram que as tropas "reprimiram duramente" os que participaram da reivindicação.




 A polícia alemã deteve a ativista sueca Greta Thunberg  e outros manifestantes na terça-feira durante um protesto contra o despejo e demolição da cidade de Lützerath , no oeste da Alemanha,  para expandir uma mina de carvão a céu  aberto. Os movimentos ambientalistas denunciaram que as tropas "reprimiram duramente" os que participaram da reivindicação.

Centenas de ativistas ambientais - incluindo Thunberg - estavam realizando uma manifestação na terça-feira perto da  mina de linhito Garzweiler 2,  quando foram  presos  e levados a cerca de 50 metros do local. Eles permaneceram lá por várias horas até que conseguiram "identificar todos".


Cerca de 15 mil pessoas participaram no protesto, que começou na passada sexta-feira, para exigir a paragem do despejo  de Lützerath com vista à extração de lenhite, promovido pela empresa alemã RWE.  A marcha começou na cidade vizinha de Keyenberg e continuou até a mina Garzweiler 2.


“É uma pena que o governo alemão faça acordos e compromissos com empresas como a RWE”, disse Thunberg em seu discurso.


A jovem ativista destacou em suas redes sociais que os habitantes de Lützerath “há anos resistem à expansão da mina”. Além disso, lembrou que esta luta representa também a luta contra as alterações climáticas em todo o mundo.


"Vamos usar a força para levá-lo ao controle de identidade, então, por favor, coopere", disse um policial a pessoas sentadas na beira da mina de carvão, incluindo Thunberg. “O grupo está detido” porque “permanecer no local era perigoso”,  argumentou um porta-voz, embora não tenha especificado sob quais acusações.


Após o despejo das casas e fazendas em Lützerath, as tropas isolaram a aldeia. A esse respeito, os movimentos ambientalistas garantiram que a polícia agiu "desproporcionalmente", jogando água e spray de pimenta, e até "acertando golpes na cabeça dos ativistas.


Segundo o governo do social-democrata Olaf Scholz, que em outubro passado autorizou a RWE a demolir a cidade, o protesto "não foi pacífico" e "obstruiu o trabalho das equipes de saúde".


Embora o Governo alemão tenha manifestado que pretende abandonar a extração de carvão na Renânia do Norte-Vestfália até 2030, segundo o acordo assinado com a empresa, a curto prazo prevê-se o aumento desta atividade face à “crise energética derivada da a invasão russa da Ucrânia".

Fonte: Página|12


UOL: Greta Thunberg presa: Vídeo mostra momento em que ativista é presa após protestar na Alemanha



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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Tempestade de areia pode acontecer mais vezes, afirma meteorologista


À CNN, Dóris Palma explicou que o fenômeno é comum em regiões áridas e semiáridas espalhadas pelo mundo


CNN Brasil
 

CNN Brasil : Assista ao VÍDEO


Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (27), a meteorologista do Climatempo Dóris Palma afirmou que tempestades de areia, como a que se viu neste domingo (26) em cidades da região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, podem acontecer mais vezes.

De acordo com ela, o fenômeno é comum em regiões áridas e semiáridas espalhadas pelo mundo, apesar de no Brasil não acontecer com frequência. “É algo que pode acontecer mais vezes e que não está relacionado às mudanças climáticas”, diz.

Dóris Palma explicou ainda como a combinação de fatores resultou na densa nuvem de poeira que assustou moradores.

“Estávamos passando mais de cem dias consecutivos sem chuva significativa, aquela que consegue acumular mais de 10 milímetros em 24 horas, na região de Ribeirão Preto. Por conta disso, o solo na região ficou muito seco, e o retorno da chuva no último final de semana resultou num grande choque de massas de ar quente e seco. Isso intensificou bastante as rajadas de vento pela região, que chegaram a quase 100 km/h por hora e levantaram poeira”, comenta.

A areia seguiu no sentido do norte do estado de São Paulo, atingindo as cidades de Ribeirão Preto, Guaíra, Franca, Orlândia, Jardinópolis e Viradouro.

“Depois choveu bastante e os acumulados finalmente superaram os 50 milímetros em 24 horas em Ribeirão Preto.”

Fonte: CNN Brasil


CNN Brasil

Tempestade de areia atinge cidades do interior de São Paulo | NOVO DIA

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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Efeitos mais drásticos do aquecimento global no Norte de Minas


Cenário é desolador em dezenas de municípios da região, com elevação da temperatura, desaparecimento de nascentes


O que antes era uma lagoa hoje é terra esturricada em Montes Claros: um dos efeitos do aquecimento global no Norte do estado
(foto: Fotos: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

Muitos peixes, poços e caudaloso o ano inteiro. Nos relatos do pequeno produtor Nilson Marques das Neves, de 65 anos, o Rio das Pedras fazia jus ao nome da comunidade de Água Boa, onde mora, na zona rural do município norte-mineiro de Glaucilândia. O leito, que literalmente corta o seu quintal, no fundo da casa, hoje está bem diferente da memória fotográfica dele.

Da abundância de cerca de 20 anos atrás, só restaram as pedras, com o leito seco, parecendo uma estrada. A água de outrora virou "coisa rara" e só corre no rio na efêmera e curta estação chuvosa do Norte de Minas. “Com o passar dos anos, a água foi diminuindo até acabar de vez”, descreve Nilson.

O cenário desolador enfrentado pelo pequeno produtor se repete em outras dezenas de municípios da região, onde os efeitos drásticos das mudanças climáticas são cada vez mais visíveis e permanentes, com a elevação da temperatura, o desaparecimento de nascentes, a diminuição e o secamento de centenas de rios e córregos, intempéries que deterioram mais ainda a qualidade de vida na região historicamente castigada pelas estiagens prolongadas. O drama que repete atualmente – 89 municípios norte-mineiros estão em situação de emergência por causa da seca, segundo a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams).

De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), dos 33 municípios mineiros mais críticos na chamada "vulnerabilidade climática", 13 estão na região Norte e um deles é Glaucilândia.

A dura realidade enfrentada pelo “seo” Nilson e por milhares de pequenos produtores é confirmada pelo estudo “Vulnerabilidade da Mesorregião Norte de Minas face às mudanças climáticas”, publicado pela PUC Minas e realizado por um grupo constituído pela geógrafa Letícia Freitas Oliveira e pelos meteorologistas Ruibran dos Reis (do Instituto de Meteorologista Climatempo) e Tomás Calheiros, português vinculado à Universidade de Lisboa, parceira da PUC Minas na elaboração da pesquisa. 

O levantamento analisa as mudanças climáticas projetadas a médio e longo prazos para a região, por meio dos parâmetros de temperatura média e precipitação, a partir de modelos regionais do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da Organização das Nações Unidas (ONU), no período de 2015 a 2017. “As mudanças climáticas já são realidade e seus efeitos cada vez mais catastróficos”, conclui o estudo. 

“Os efeitos das mudanças climáticas já são realidade e se mostram cada vez mais frequentes e severos. No Norte de Minas são observados extremos climáticos como ondas de calor, secas ainda mais intensas e prolongadas e chuvas cada vez mais irregulares”, afirma a geógrafa Letícia Freitas Oliveira, que mergulhou no tema ao concluir o curso de mestrado na PUC Minas. “O norte do estado é ao mesmo tempo frágil e vulnerável às variações do clima, apresenta características semiáridas e limitados recursos para se adaptar ao clima futuro”, assinala.

A especialista afirma que as mudanças climáticas, com o aumento da temperatura e da aridez, afetam diretamente a disponibilidade de água e a qualidade de vida das populações. Como o clima mais quente e seco, observa, as pessoas tendem a enfrentar dificuldades no acesso à água para irrigação, atividades agropecuárias, abastecimento e dessedentação.


Deslocamentos

“As consequências podem afetar a segurança alimentar, a biodiversidade e a saúde humana. As restrições de ocupação impostas pelo clima podem impulsionar disputas pela água e deslocamentos populacionais para áreas onde se tenha maior disponibilidade hídrica e/ou menor dependência das atividades agrárias, por exemplo”, afirma Letícia Oliveira.

Os estudos projetam a evolução das variáveis climáticas com base em cenários otimistas e pessimistas de emissões de GEE (gases de efeito-estufa). “A médio prazo (2041-2070) e longo prazo (2071-2100), estimam-se cenários mais quentes, secos e intensificação da irregularidade das chuvas.”

Um dos projetos é o "Círculo de Bananeira", sistema de reuso da água para umedecer o terreno e fazer o cultivo da banana (foto: Cleisson Carpegiane/Divulgação)


Economia impactada

O estudo da PUC Minas e da Universidade de Lisboa também aponta os prejuízos das mudanças climáticas para a economia. “Os impactos negativos nos setores agropecuário e industrial afetam diretamente a economia da mesorregião e, principalmente, das populações menos desenvolvidas. O fato que agrava a situação é o perfil socioeconômico limitado da maioria dos municípios do Norte de Minas. São populações com poucas condições de investir em medidas de mitigação e adaptação ao clima”, diz o levantamento.

A geógrafa Letícia Oliveira ressalta que os efeitos climáticos vão atingir diretamente a produção agrícola e a geração de energia em áreas vulneráveis como o Norte de Minas.

“As alterações no clima da região podem reduzir as áreas com aptidão agrícola, os ambientes favoráveis à criação de animais e os reservatórios. Os efeitos são de queda da produtividade agropecuária, limitações na irrigação, comprometimento da capacidade das usinas hidrelétricas, entre outros”, avalia.

A especialista chama atenção para os investimentos que devem ser feitos pelo Poder Público para amenizar os efeitos das mudanças climáticas na economia. “As medidas devem envolver preservação e proteção das áreas verdes, redução do desmatamento, diversificação das matrizes energéticas, considerando que o clima do norte do estado favorece o uso de energias renováveis como eólica e solar.”

A geógrafa ressalta que os povos e comunidades tradicionais do Norte de Minas devem ser vistos como estratégicos no enfrentamento da situação, pois convivem em estreita relação com os recursos naturais e detêm conhecimentos e práticas agrícolas que respeitam os limites da natureza.

O produtor Nilson das Neves se apega à fé e diz acreditar que as mudanças climáticas, com o secamento dos rios e “o fim das águas”, são consequências da própria ação do homem. “O mundo está doente porque o homem acha que o dinheiro dele é que vale mais”, afirma.

Nilson guarda na memória um fato ligado à religiosidade e aos costumes da região que prova que o Rio das Pedras, até 20 anos atrás, realmente corria o ano inteiro: “Na festa da fogueira de são-joão, em junho, o pessoal tomava banho no rio com a crença de que se fizesse não iria envelhecer”. 

O agricultor acredita que será possível o Rio das Pedras e outros cursos d’água voltarem a correr cheios como no passado. “A primeira coisa que as pessoas têm que fazer é respeitar a natureza.”

O produtor Nilson Marques das Neves, de 65 anos, dentro do que já foi o Rio das Pedras, na comunidade de Água Boa (foto: Cleisson Carpegiane/Divulgação)

Ações tentam reparar prejuízos 

A pequena Glaucilândia, de 3,2 mil habitantes, vive um paradoxo: está entre os 13 municípios do Norte de Minas incluídos na lista das 33 cidades em grau crítico de vulnerabilidade climática. Ao mesmo tempo, destaca-se pelas ações conservacionistas, que asseguraram ao município o recebimento de várias premiações estaduais e nacionais.

De acordo com o último IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), de 9 de agosto, a temperatura média anual de Glaucilândia é de 22,2ºC e tem tendência para aumentar 0,8ºC, podendo chegar à média de 23ºC em 2100.

A previsão é que, em uma situação mais dramática, o município pode ter aumento de 3,6ºC, com a média anual podendo alcançar 25,8ºC. Outros municípios vizinhos vivem situação semelhante, por terem o mesmo clima. Um deles é Montes Claros, cidade-polo da região, distante 30 quilômetros de Glaucilândia.

Na última quarta-feira (17/8), sob o sol forte, a reportagem do Estado de Minas percorreu a zona rural de Glaucilândia, deparando-se com sequidão e a escassez hídrica por onde passou. Como prova que a região já sofre os duros efeitos das mudanças climáticas, o Rio Verde Grande, um dos principais afluentes da margem direita do Rio São Francisco, está vazio em praticamente sua extensão que corta o município – apenas alguns poços ainda resistentes em pontos isolados do leito seco e assoreado. Em quadro semelhante ao Rio das Pedras (que faz parte da bacia do Verde Grande), todos os córregos do município estão esturricados: Caiçara, Tabocal, Gameleiras, “Casa de Curral”, Teixeiras e Barro Vermelho.


Consequências

O prefeito de Glaucilândia, Herivelton Alves Luiz (PSD), afirma que os efeitos das alterações climáticas são uma realidade no município, afetando os pequenos produtores. “Os nossos rios que eram perenes, hoje são todos intermitentes. Isso é um reflexo das mudanças climáticas, cujas consequências são catastróficas para o homem do campo”, diz.

Herivelton relata que praticamente todos os pequenos produtores de Glaucilândia lidam com a agricultura de subsistência. Com os danos provocados pela escassez dos recursos hídricos, ocorreu uma inversão: famílias que antes produziam e vendiam alimentos, hoje, precisam ser socorridas com a doação de cestas básicas por parte da municipalidade, que também se viu obrigada a abrir poços tubulares e pagar as despesas de manutenção deles para garantir água para as comunidades rurais.

Além da ajuda às famílias, a Prefeitura de Glaucilândia combate os efeitos das mudanças climáticas com outra estratégia: o investimento em projetos de conservação ambiental, que já garantiram várias premiações ao município. Entre as ações estão o cercamento de nascentes e a construção de barraginhas de captação de água da chuva e a distribuição de mudas para recomposição de matas ciliares.

Uma das iniciativas ambientais premiadas de Glaucilândia é o Projeto Reciclar, “Reciclar: Menos Lixo, Mais Segurança Alimentar", desenvolvido em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). O projeto estimula os moradores rurais a coletar e juntar resíduos recicláveis e trocar por mudas frutíferas certificadas, sementes de hortaliças e pintinhos.

Outra ação de destaque é o projeto “Círculo de Bananeira”, que cuida do reuso da água. Pelo sistema, o efluente de esgoto de pia é jogado em um buraco no chão, onde ocorre a decantação natural, umedecendo o terreno para cultivo da banana.

Morador da comunidade de Curral Queimado, Gilmar de Andrade é um dos pequenos agricultores do município de Glaucilândia beneficiados com a técnica do reuso da água para manter as plantações no seu quintal. Com tristeza, ele conta que o córrego do fundo de sua casa secou há anos, assim como os minadouros da região. “A água só vai voltar se plantarem árvores nas cabeceiras dos rios e córregos.”

Fonte: Estado de Minas


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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Incêndios, da NASA as imagens do mundo devastado pelas chamas


O planeta está em chamas: muitos incêndios na África e na Amazônia



 Graças ao serviço do Sistema de Informação de Incêndio para Gerenciamento de Recursos da NASA, é possível ver claramente que o mundo está queimando. Da Austrália à Sibéria, da Grécia à Turquia, da Itália à Califórnia, da Amazônia à África: são inúmeros os pontos vermelhos no mapa, detectados com o instrumento Modis a bordo do satélite terrestre da NASA, que revelam os locais onde existiam são altas temperaturas e incêndios. 

É evidente pela imagem que a zona centro-sul de África é a mais afetada, nomeadamente Zâmbia, Angola, Malawi, Madagáscar e República Democrática do Congo, onde a camada de fumo é tão espessa que obscurece completamente algumas zonas. . Na África, escreve a NASA, não é possível determinar como e onde o incêndio começou. Mas a época do ano sugere que os incêndios são maliciosos e com fins agrícolas, pois o fogo permite aos agricultores limpar os campos de colheitas antigas e prepará-las para novas, queimar o mato, renovar as pastagens ou o cerrado.

Uma grande parte da América do Norte e do Sul, a península Arábica, a costa do Mediterrâneo, o nordeste da Europa também estão em chamas. A Ásia também está em chamas: as costas da Índia, Sibéria, assim como China, Malásia e Indonésia estão em chamas.

Fonte: Huffingtonpost


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Esta sería la 'huella humana' que hemos dejado en todo el mundo - 4 de ago. de 2021

La huella humana (o huella ecológica) mide la demanda humana sobre la naturaleza, la cantidad de naturaleza que se necesita para mantener a las personas o una economía. Se hace un seguimiento de esta demanda a través de un sistema de contabilidad ecológica. La información viene del Centro de Datos y Aplicaciones Socioeconómicas de EE.UU.

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quinta-feira, 1 de julho de 2021

Observatório do Clima alerta para riscos de nova tragédia por incêndios no Pantanal


Especialista afirma que regime de seca começou sem preparo do governo e aponta recursos ainda não executados


Homens e mulheres brigadistas se arriscam suportando fumaça e calor altíssimos para impedir o avanço do fogo no Pantanal - PREVFOGO

Monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para os próximos dias indica aumento de risco de queimadas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados do Pantanal. Segundo o Observatório do Clima, coalizão que reúne organizações de defesa do meio ambiente, a tragédia do ano passado pode se repetir.

Nas análises dos satélites do Inpe, é possível observar que pelo menos metade do território dos dois estados está sob perigo alto ou crítico para incêndios. As previsões para o resto da semana mostram que o cenário deve piorar ainda mais.

Além das indicações do Instituto, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais apontou que a maior parte do Mato Grosso do Sul apresentou seca severa ou extrema em maio.

No Mato Grosso, havia mais pontos passando por seca fraca a moderada, mas locais em situação mais grave também foram identificados.

:: Se queimadas continuarem, Pantanal tende a virar um deserto, afirma biólogo ::

Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e ex-presidenta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), afirma que o poder público precisa se preparar.

Ela lembra que, em 2020, quando o Bioma perdeu 26% da biodiversidade por causa de incêndios, as condições climáticas foram historicamente desfavoráveis e, este ano, a situação é ainda pior.

"Ano passado a seca foi mais severa do que o normal. O período seco começou antes e as temperaturas foram bastante elevadas. Isso está se repetindo este ano. Na verdade, as chuvas pararam  até antes este ano, já em abril", ressalta.

Correndo contra o tempo

Para evitar a realidade dramática de 2020, a especialista afirma que seria essencial investir em prevenção com antecedência. Suely lembra os fortes indícios de que os incêndios de 2020 começaram a partir de ação humana, com objetivo de limpeza de espaços para atividades agropecuárias.

"Esse fogo se espalha para áreas protegidas e reservas indígenas, não tem limite. Você tem que chegar antes, não pode esperar os incêndios florestais", alerta a ex-presidenta do Ibama. "É preciso trabalhar com o que a gente chama de manejo integrado do fogo", explica.

Fogo no Pantanal tem origem na ação humana, mostra perícia

Uma das técnicas de prevenção detalhas por Suely é a delimitação de áreas com aceiros, faixas sem vegetação, que servem para evitar alastramento do fogo. A prática é usada inclusive para proteger cercas, estradas e propriedades vizinhas.

Os aceiros devem ser feitos no início dos períodos de estiagem. Em caso do uso do fogo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recomenda que as fazendas contem com profissionais que tenham experiência no combate e no manejo de incêndios, mas ressalta que os donos de terra devem buscar tecnologias mais eficientes e seguras do que as queimadas. 

A resposta governamental 

Na terça-feira (29), o governo publicou um decreto proibindo as queimadas em todo o Brasil por 120 dias. Mas o texto traz diversas exceções. Queimas controladas, em áreas não localizadas nos biomas Amazônia e Pantanal, que sejam "imprescindíveis à realização de práticas agrícolas" e previamente autorizadas estão liberadas.

Também está permitido usar o fogo para práticas de prevenção e combate a incêndios realizadas ou supervisionadas por instituições públicas, trabalhos agrícolas de subsistência de populações tradicionais e indígenas; e atividades de pesquisa que tenham autorização do poder público.

No Pantanal sul-mato-grossense, o governo do estado cancelou qualquer tipo de autorização de queima também por 120 dias. A suspensão vale para propriedades na Área de Uso Restrito do Pantanal.

No entanto, o Observatório do Clima relata que há dinheiro parado no Ministério do Meio Ambiente e que deveria ser aplicado no combate aos incêndios no Pantanal. 

O Congresso Nacional liberou recursos suplementares para a Ministério do Meio Ambiente que contemplam ações de prevenção a queimadas.

Pantanal: oposição entra com ação no STF para cobrar plano de contenção de queimadas

Frente ao risco de uma nova tragédia, partidos de oposição entraram com ação no STF para que os governos dos estados pantaneiros e o governo federal apresentem um plano de prevenção em até 30 dias. .

De autoria das legendas PSOL, Rede, PSB e PT, a arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental questiona o descumprimento de pontos primordiais da Constituição brasileira.

A reportagem do Brasil de Fato enviou questionamentos sobre o tema ao Ministério do Meio Ambiente, mas não recebeu resposta até o fechamento deste texto. 

Edição: Leandro Melito

Fonte: Brasil de Fato


WWF-Brasil

As queimadas de 2020 deixaram um cenário desolador no Pantanal. O bioma teve mais de 30% da sua área queimada, o equivalente a 4 milhões de campos de futebol arrasados. Muitos dos animais que escaparam do fogo, sobreviveram com auxílio de voluntários e instituições que concentraram esforços no resgate e recuperação. Pelo menos 30 deles foram levados ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande (MS), entre julho e setembro. Na lista, onças-pintadas, lobinhos, tamanduás, araras, anta, cotia e gavião-telha que habitam o Pantanal e também áreas de Cerrado. Para auxiliar na recuperação dos animais, o WWF-Brasil doou materiais e medicamentos. A ação faz parte do projeto “Respostas Emergenciais em Campo”, iniciado em 2019 na Amazônia e ampliado este ano para atender o Pantanal, por conta do aumento das queimadas, a partir de julho. Saiba mais: https://bit.ly/AnimaisFeridosPantanal

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terça-feira, 11 de maio de 2021

Bolsonaro transformou a Amazônia em 'parque de diversões para criminosos', diz ambientalista


O desmatamento da Amazônia segue batendo recordes e coloca o Brasil sob pressão internacional e risco de perdas econômicas substantivas. Para discutir o assunto, a Sputnik Brasil conversou com o secretário-executivo do Observatório do Clima, que alertou que criminosos agem à vontade na Amazônia atualmente.



Na sexta-feira (7), dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostraram que o Brasil bateu o recorde de alerta de desmatamento na Amazônia em abril deste ano, com o pior resultado para o mês desde 2016. No total, a área sob alerta de desmatamento na região foi estimada em 581 km² pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do INPE. Somente em abril, ao menos 58 mil hectares de floresta foram desmatados, um aumento de 43% em relação mesmo mês de 2020.

O quadro foi divulgado poucas semanas após o presidente brasileiro Jair Bolsonaro assumir compromissos de redução do desmatamento diante do mundo na Cúpula do Clima. Durante a conferência, Bolsonaro afirmou que o Brasil acabará o desmatamento ilegal até 2030.

Desde o início do atual governo, os números do desmatamento no Brasil têm gerado crescentes pressões internacionais. Recententemente, o governo dos Estados Unidos tem exercido esse papel, sendo que Washington exigiu de Bolsonaro a apresentação de uma postura mais ativa no combate ao crime ambiental durante a Cúpula do Clima. A postura ambiental do atual governo brasileiro também já recebeu reprimendas de diversos países europeus.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, explica que o aumento do desmatamento no Brasil gera uma série de problemas sérios não só para o meio ambiente, como também para economia brasileira.


  • "São muitos os impactos do desmatamento para o setor do agronegócio brasileiro. Existem impactos de curto e impactos de médio prazo. Entre os impactos de curto prazo a gente pode citar nitidamente o impacto da imagem negativa que o desmatamento provoca para o Brasil e, consequentemente, para os produtos brasileiros, principalmente aqueles que são produzidos na Amazônia. Ninguém, no mundo inteiro, quer consumir produtos derivados do desmatamento", afirma Astrini em entrevista à Sputnik Brasil.




Um exemplo da consequência pontada por Astrini ocorreu no início de maio, quando um grupo de cerca de 40 empresas britânicas do setor alimentício divulgou uma carta aberta ameaçando boicotar a compra de produtos brasileiros caso o projeto de lei 510/2020 seja aprovado, alegando que a legislação incentiva o avanço sobre a Amazônia. O projeto, que conta com apoio do governo Bolsonaro, abre caminho para que áreas desmatadas possam passar para a posse de desmatadores.

O ambientalista Marcio Astrini ressalta que esse tipo de pressão internacional pela preservação do meio ambiente no Brasil não é novidade e lembra da introdução da moratória da soja no início dos anos 2000 como exemplo de políticas anteriores que refletiram movimentações externas. A moratória da soja proíbe a compra de soja proveniente de áreas desmatadas.


  • "Cada vez, portanto, que o desmatamento aumenta no Brasil, aumenta essa desconfiança, a insegurança de compradores internacionais, e isso acaba prejudicando os negócios brasileiros ou colocando para alguns produtos, principalmente do Brasil, uma pressão ainda maior para que eles sejam comercializados mundo afora", explica, lembrando que o país já sofreu boicotes internacionais ligados ao desmatamento e também ameaças de retirada de investimentos.

Astrini aponta que, além do impacto comercial, a degradação ambiental também pode trazer prejuízos econômicos diretos para atividades agropecuárias brasileiras, que aparentemente se beneficiam do desmatamento. Um estudo divulgado na revista Nature nesta segunda-feira (10), aponta que o desmatamento no Brasil pode custar US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) anualmente ao país devido ao impacto na produção agrícola.


  • "Existe um impacto de médio prazo que é um impacto mais sustentado, provocado pelo desmatamento da Amazônia, que é a alteração dos padrões climáticos do Brasil e dos serviços essenciais que a floresta amazônica presta para toda agricultura nacional. Existem muitas regiões do Brasil em que grande, ou quase que a totalidade das chuvas que irrigam as produções brasileiras, advém diretamente da Amazônia", aponta.

Área desmatada na Amazônia.

A mudança no padrão climático, explica o ambientalista, pode provocar secas mais prolongadas, alterando o regime das chuvas que irrigam plantações e abastecem reservatórios em todo o país. Dessa forma, o impacto sobre a produção é agrícola pode se estender a longo prazo.


Na contramão do mundo

A manutenção do desmatamento no Brasil, destaca Astrini, coloca o país em rota de colisão com a política climática de grandes potências, tais como a China, os Estados Unidos e também países da Europa, cujas agendas, hoje, incluem a proteção do meio ambiente.


  • "Obviamente que a Amazônia faz parte de uma preocupação global nesse tema de mudanças climáticas, afinal de contas a Amazônia retém um estoque de carbono, ela retém nas suas árvores, no seu solo, o equivalente a oito anos de todas as emissões globais de gases de efeito estufa. Então, aquilo é um verdadeiro estoque, uma bomba de carbono estocada na Amazônia. Se o desmatamento continuar avançando esse carbono todo que existe estocado na Amazônia vai sendo liberado para a atmosfera", aponta.

O secretário-executivo do Observatório do Clima alerta que o desmatamento agressivo, como o detectado pelo INPE em abril na Amazônia, pode mover a floresta na direção de um colapso, colocando em risco os esforços globais contra o aquecimento global.

Presidente Jair Bolsonaro e membros do governo federal ouvindo a fala do líder norte-americano Joe Biden durante a Cúpula do Clima, 22 de abril de 2021

Astrini lembra que o Brasil "coleciona problemas" em diversas questões como decorrência da má gestão ambiental. Um deles está atrelado à submissão do pedido de entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que entre outros pontos, requer uma política ambiental adequada. Outro prejuízo da atual política ambiental, lembra Astrini, é em relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) que envolve bilhões de euros.


  • "Talvez o caso mais claro de impacto econômico, impacto na relação diplomática e comercial do Brasil, esteja no tratado Mercosul-União Europeia, um tratado que teve a sua assinatura política realizada há cerca de um ano e meio atrás e que de lá para cá ficou esperando um gesto, um gesto positivo, a entrega de resultados por parte do governo brasileiro de diminuição do desmatamento da Amazônia e de uma melhoria da governança ambiental no Brasil. Nunca foi apresentado pelo atual governo brasileiro nenhum resultado e nenhuma ação concreta, ou medida satisfatória, nesse sentido de melhorar a forma como o Brasil trata o meio ambiente", aponta.

Governo Bolsonaro protege quem desmata

Há diversas especulações sobre as razões que levam o governo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro a manter a política ambiental mesmo em meio aos prejuízos iminentes desta prática e às pressões internacionais. Para Astrini, o governo simplesmente não tem interesse em barrar o desmatamento.


  • "Eu diria que o principal é que o governo não quer. O governo Bolsonaro realmente não adota uma postura de governo que esteja interessado em combater o crime ambiental - que é o principal causador hoje que nós temos do desmatamento da Amazônia - e tomar medidas efetivas para proteger a floresta e para tratar o crime ambiental de forma severa e com o rigor da lei", avalia.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participam da Cúpula do Clima virtual por meio de um link de vídeo em Brasília, Brasil, em 22 de abril de 2021

Para o ambientalista, o governo atual, ao invés de impedir o desmatamento, está incentivando essa prática.


  • "O governo [Bolsonaro], muito pelo contrário, em muitas, ou na grande maioria das medidas que tomou até hoje, toma medidas para facilitar o crime ambiental na Amazônia. É um governo que congelou as multas ambientais, é um governo que diminuiu a capacidade do Estado brasileiro de combater o crime [ambiental], cancelando operações de campo, diminuindo muito o orçamento das agências de fiscalização do desmatamento da Amazônia, tomou medidas em favor de madeireiros ilegais, em favor de grileiros de terras, em favor de invasores de terras públicas", afirma, acrescentando nesse rol entra ainda a simpatia do governo com o garimpo ilegal na região amazônica.

Astrini também recorda que há relatos de que a atual política ambiental do governo Bolsonaro persegue servidores interessados em combater o desmatamento.

"Nós temos uma série de depoimentos de pessoas que trabalham na fiscalização ambiental no Brasil dizendo que elas são perseguidas e intimidadas pelo atual governo. Há alguns dias atrás, inclusive, os servidores públicos que praticam fiscalização no Brasil acusaram o governo de tentar implementar medidas que praticamente inviabilizam a fiscalização ambiental no país", aponta.


Criminosos atuam à vontade na Amazônia

O representante do Observatório do Clima lembra que o governo federal tem capacidade financeira e técnica à disposição para executar amplas ações de combate ao desmatamento, mas escolhe "proteger quem desmata".


  • "Então, existem uma série de medidas, uma série de ações do próprio governo que vão no sentido de proteger quem desmata e não de proteger a floresta. Exatamente por isso, o crime se sente extremamente à vontade e vê, em ações e em palavras, que o governo não vai tomar nenhuma iniciativa, assim como não tomou até agora, no sentido de coibir esse crime ambiental. Hoje, na verdade, a Amazônia se transformou em um verdadeiro parque de diversões para criminosos do meio ambiente, eles atuam de forma muito à vontade", aponta.

Carregamento de madeira extraída da Amazônia transportado em quatro embarcações sendo apreendido pela Operação Verde Brasil 2, das Forças Armadas brasileiras, no estado do Pará

Astrini afirma que o Brasil tem pelo menos três bilhões de reais parados no Fundo Amazônia que não são empregados pelo governo de forma deliberada. Dessa forma, na opinião do ambientalista, o que impede o aumento do combate ao desmatamento no Brasil é o governo.


  • "O que falta no Brasil não é nem conhecimento de como se diminuir o desmatamento, mesmo porque o Brasil já fez isso alguns anos atrás. Entre os anos de 2004 e 2012, o desmatamento na Amazônia caiu na casa de 80%. Portanto, nós sabemos que não é um problema de dinheiro - o dinheiro está depositado no Fundo Amazônia. É realmente um problema de governo, o que nos falta é vontade e o que falta é compromisso da atual gestão pública no Brasil do governo federal em atacar o problema e reduzir o desmatamento da Amazônia", conclui.

Fonte: Sputnik Brasil


Greenpeace Brasil

Amazônia Explicada - Serviços Ecossistêmicos: o presente da floresta #2

Os benefícios que a natureza nos traz, simplesmente por existir em equilíbrio, são chamados de serviços ecossistêmicos. No caso da Amazônia, são serviços como a produção e distribuição da água, o resfriamento do clima, a proteção contra doenças, alimentos e muito mais. Mas se a floresta nos dá tudo isso de graça, por que ainda desmatam a Amazônia?

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