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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Greta Thunberg responsabiliza governo Bolsonaro por destruição da Amazônia

 

"A Amazônia, os pulmões do mundo, agora está no limite e emitindo mais carbono do que consumindo por causa do desmatamento e das queimadas. Isso está acontecendo enquanto nós assistimos, isso está sendo diretamente alimentado pelo governo", disse a ativista sueca


Ativista ambiental sueca Greta Thunberg, em pronunciamento via videoconferência. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

247A ativista sueca Greta Thunberg voltou a responsabilizar o governo brasileiro pela destruição da Amazônia. "O Brasil não tem desculpas para assumir sua responsabilidade. A Amazônia, os pulmões do mundo, agora está no limite e emitindo mais carbono do que consumindo por causa do desmatamento e das queimadas. Isso está acontecendo enquanto nós assistimos, isso está sendo diretamente alimentado pelo governo. O mundo não pode arcar com o custo de perder a Amazônia", disse a ambientalista sem citar o nome de Jair Bolsonaro, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo

A declaração de Greta foi feita durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente do Senado nesta sexta-feira (10). Ela também qualificou como “vergonhosas” as atitudes  das lideranças nacionais em relação aos povos originários e ressaltou que "esses acontecimentos no Brasil têm colocado em risco essa população e a própria Floresta Amazônica". 


TV Senado

Senadores debatem nesta sexta-feira o Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, também conhecido como relatório do IPCC. Foram convidados especialistas internacionais e a ativista ambiental sueca Greta Thunberg participa do evento. O documento destaca o aquecimento global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e o aumento da emissão de gases de efeito estufa. Os resultados do IPCC vão ser avaliados sob o ponto de vista do impacto e das recomendações para o Brasil.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Efeitos mais drásticos do aquecimento global no Norte de Minas


Cenário é desolador em dezenas de municípios da região, com elevação da temperatura, desaparecimento de nascentes


O que antes era uma lagoa hoje é terra esturricada em Montes Claros: um dos efeitos do aquecimento global no Norte do estado
(foto: Fotos: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

Muitos peixes, poços e caudaloso o ano inteiro. Nos relatos do pequeno produtor Nilson Marques das Neves, de 65 anos, o Rio das Pedras fazia jus ao nome da comunidade de Água Boa, onde mora, na zona rural do município norte-mineiro de Glaucilândia. O leito, que literalmente corta o seu quintal, no fundo da casa, hoje está bem diferente da memória fotográfica dele.

Da abundância de cerca de 20 anos atrás, só restaram as pedras, com o leito seco, parecendo uma estrada. A água de outrora virou "coisa rara" e só corre no rio na efêmera e curta estação chuvosa do Norte de Minas. “Com o passar dos anos, a água foi diminuindo até acabar de vez”, descreve Nilson.

O cenário desolador enfrentado pelo pequeno produtor se repete em outras dezenas de municípios da região, onde os efeitos drásticos das mudanças climáticas são cada vez mais visíveis e permanentes, com a elevação da temperatura, o desaparecimento de nascentes, a diminuição e o secamento de centenas de rios e córregos, intempéries que deterioram mais ainda a qualidade de vida na região historicamente castigada pelas estiagens prolongadas. O drama que repete atualmente – 89 municípios norte-mineiros estão em situação de emergência por causa da seca, segundo a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams).

De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), dos 33 municípios mineiros mais críticos na chamada "vulnerabilidade climática", 13 estão na região Norte e um deles é Glaucilândia.

A dura realidade enfrentada pelo “seo” Nilson e por milhares de pequenos produtores é confirmada pelo estudo “Vulnerabilidade da Mesorregião Norte de Minas face às mudanças climáticas”, publicado pela PUC Minas e realizado por um grupo constituído pela geógrafa Letícia Freitas Oliveira e pelos meteorologistas Ruibran dos Reis (do Instituto de Meteorologista Climatempo) e Tomás Calheiros, português vinculado à Universidade de Lisboa, parceira da PUC Minas na elaboração da pesquisa. 

O levantamento analisa as mudanças climáticas projetadas a médio e longo prazos para a região, por meio dos parâmetros de temperatura média e precipitação, a partir de modelos regionais do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da Organização das Nações Unidas (ONU), no período de 2015 a 2017. “As mudanças climáticas já são realidade e seus efeitos cada vez mais catastróficos”, conclui o estudo. 

“Os efeitos das mudanças climáticas já são realidade e se mostram cada vez mais frequentes e severos. No Norte de Minas são observados extremos climáticos como ondas de calor, secas ainda mais intensas e prolongadas e chuvas cada vez mais irregulares”, afirma a geógrafa Letícia Freitas Oliveira, que mergulhou no tema ao concluir o curso de mestrado na PUC Minas. “O norte do estado é ao mesmo tempo frágil e vulnerável às variações do clima, apresenta características semiáridas e limitados recursos para se adaptar ao clima futuro”, assinala.

A especialista afirma que as mudanças climáticas, com o aumento da temperatura e da aridez, afetam diretamente a disponibilidade de água e a qualidade de vida das populações. Como o clima mais quente e seco, observa, as pessoas tendem a enfrentar dificuldades no acesso à água para irrigação, atividades agropecuárias, abastecimento e dessedentação.


Deslocamentos

“As consequências podem afetar a segurança alimentar, a biodiversidade e a saúde humana. As restrições de ocupação impostas pelo clima podem impulsionar disputas pela água e deslocamentos populacionais para áreas onde se tenha maior disponibilidade hídrica e/ou menor dependência das atividades agrárias, por exemplo”, afirma Letícia Oliveira.

Os estudos projetam a evolução das variáveis climáticas com base em cenários otimistas e pessimistas de emissões de GEE (gases de efeito-estufa). “A médio prazo (2041-2070) e longo prazo (2071-2100), estimam-se cenários mais quentes, secos e intensificação da irregularidade das chuvas.”

Um dos projetos é o "Círculo de Bananeira", sistema de reuso da água para umedecer o terreno e fazer o cultivo da banana (foto: Cleisson Carpegiane/Divulgação)


Economia impactada

O estudo da PUC Minas e da Universidade de Lisboa também aponta os prejuízos das mudanças climáticas para a economia. “Os impactos negativos nos setores agropecuário e industrial afetam diretamente a economia da mesorregião e, principalmente, das populações menos desenvolvidas. O fato que agrava a situação é o perfil socioeconômico limitado da maioria dos municípios do Norte de Minas. São populações com poucas condições de investir em medidas de mitigação e adaptação ao clima”, diz o levantamento.

A geógrafa Letícia Oliveira ressalta que os efeitos climáticos vão atingir diretamente a produção agrícola e a geração de energia em áreas vulneráveis como o Norte de Minas.

“As alterações no clima da região podem reduzir as áreas com aptidão agrícola, os ambientes favoráveis à criação de animais e os reservatórios. Os efeitos são de queda da produtividade agropecuária, limitações na irrigação, comprometimento da capacidade das usinas hidrelétricas, entre outros”, avalia.

A especialista chama atenção para os investimentos que devem ser feitos pelo Poder Público para amenizar os efeitos das mudanças climáticas na economia. “As medidas devem envolver preservação e proteção das áreas verdes, redução do desmatamento, diversificação das matrizes energéticas, considerando que o clima do norte do estado favorece o uso de energias renováveis como eólica e solar.”

A geógrafa ressalta que os povos e comunidades tradicionais do Norte de Minas devem ser vistos como estratégicos no enfrentamento da situação, pois convivem em estreita relação com os recursos naturais e detêm conhecimentos e práticas agrícolas que respeitam os limites da natureza.

O produtor Nilson das Neves se apega à fé e diz acreditar que as mudanças climáticas, com o secamento dos rios e “o fim das águas”, são consequências da própria ação do homem. “O mundo está doente porque o homem acha que o dinheiro dele é que vale mais”, afirma.

Nilson guarda na memória um fato ligado à religiosidade e aos costumes da região que prova que o Rio das Pedras, até 20 anos atrás, realmente corria o ano inteiro: “Na festa da fogueira de são-joão, em junho, o pessoal tomava banho no rio com a crença de que se fizesse não iria envelhecer”. 

O agricultor acredita que será possível o Rio das Pedras e outros cursos d’água voltarem a correr cheios como no passado. “A primeira coisa que as pessoas têm que fazer é respeitar a natureza.”

O produtor Nilson Marques das Neves, de 65 anos, dentro do que já foi o Rio das Pedras, na comunidade de Água Boa (foto: Cleisson Carpegiane/Divulgação)

Ações tentam reparar prejuízos 

A pequena Glaucilândia, de 3,2 mil habitantes, vive um paradoxo: está entre os 13 municípios do Norte de Minas incluídos na lista das 33 cidades em grau crítico de vulnerabilidade climática. Ao mesmo tempo, destaca-se pelas ações conservacionistas, que asseguraram ao município o recebimento de várias premiações estaduais e nacionais.

De acordo com o último IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), de 9 de agosto, a temperatura média anual de Glaucilândia é de 22,2ºC e tem tendência para aumentar 0,8ºC, podendo chegar à média de 23ºC em 2100.

A previsão é que, em uma situação mais dramática, o município pode ter aumento de 3,6ºC, com a média anual podendo alcançar 25,8ºC. Outros municípios vizinhos vivem situação semelhante, por terem o mesmo clima. Um deles é Montes Claros, cidade-polo da região, distante 30 quilômetros de Glaucilândia.

Na última quarta-feira (17/8), sob o sol forte, a reportagem do Estado de Minas percorreu a zona rural de Glaucilândia, deparando-se com sequidão e a escassez hídrica por onde passou. Como prova que a região já sofre os duros efeitos das mudanças climáticas, o Rio Verde Grande, um dos principais afluentes da margem direita do Rio São Francisco, está vazio em praticamente sua extensão que corta o município – apenas alguns poços ainda resistentes em pontos isolados do leito seco e assoreado. Em quadro semelhante ao Rio das Pedras (que faz parte da bacia do Verde Grande), todos os córregos do município estão esturricados: Caiçara, Tabocal, Gameleiras, “Casa de Curral”, Teixeiras e Barro Vermelho.


Consequências

O prefeito de Glaucilândia, Herivelton Alves Luiz (PSD), afirma que os efeitos das alterações climáticas são uma realidade no município, afetando os pequenos produtores. “Os nossos rios que eram perenes, hoje são todos intermitentes. Isso é um reflexo das mudanças climáticas, cujas consequências são catastróficas para o homem do campo”, diz.

Herivelton relata que praticamente todos os pequenos produtores de Glaucilândia lidam com a agricultura de subsistência. Com os danos provocados pela escassez dos recursos hídricos, ocorreu uma inversão: famílias que antes produziam e vendiam alimentos, hoje, precisam ser socorridas com a doação de cestas básicas por parte da municipalidade, que também se viu obrigada a abrir poços tubulares e pagar as despesas de manutenção deles para garantir água para as comunidades rurais.

Além da ajuda às famílias, a Prefeitura de Glaucilândia combate os efeitos das mudanças climáticas com outra estratégia: o investimento em projetos de conservação ambiental, que já garantiram várias premiações ao município. Entre as ações estão o cercamento de nascentes e a construção de barraginhas de captação de água da chuva e a distribuição de mudas para recomposição de matas ciliares.

Uma das iniciativas ambientais premiadas de Glaucilândia é o Projeto Reciclar, “Reciclar: Menos Lixo, Mais Segurança Alimentar", desenvolvido em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). O projeto estimula os moradores rurais a coletar e juntar resíduos recicláveis e trocar por mudas frutíferas certificadas, sementes de hortaliças e pintinhos.

Outra ação de destaque é o projeto “Círculo de Bananeira”, que cuida do reuso da água. Pelo sistema, o efluente de esgoto de pia é jogado em um buraco no chão, onde ocorre a decantação natural, umedecendo o terreno para cultivo da banana.

Morador da comunidade de Curral Queimado, Gilmar de Andrade é um dos pequenos agricultores do município de Glaucilândia beneficiados com a técnica do reuso da água para manter as plantações no seu quintal. Com tristeza, ele conta que o córrego do fundo de sua casa secou há anos, assim como os minadouros da região. “A água só vai voltar se plantarem árvores nas cabeceiras dos rios e córregos.”

Fonte: Estado de Minas


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sábado, 21 de agosto de 2021

Governo brasileiro promove transição energética para muito pior


Anúncio de programa que incentiva uso de carvão mineral pelo Ministério de Minas e Energia significa retrocesso brutal em tempos de crise climática


Ativistas do Greenpeace Brasil pedindo que o governo brasileiro se comprometa com o fim das usinas a carvão, em frente à termelétrica de Candiota (RS), em 2018. © Marlon Marinho / Caio Paganotti / Greenpeace

No mesmo dia (09/08) em que foi lançado o 6º relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alertou o mundo sobre a urgência de ações concretas e imediatas para conter as mudanças climáticas e de que é inequívoca a influência das ações humanas no aquecimento global – especialmente com a queima de combustíveis fósseis, o governo brasileiro publicou o detalhamento do Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional, que prevê o fomento do setor de carvão mineral. 

A proposta promove uma política de estímulo à aquisição de equipamentos de mineração e pesquisa para o setor, além de vantagens fiscais para atrair até 20 bilhões de reais em investimentos nos próximos 10 anos para a fonte de energia que mais polui o mundo.

Segundo o IPCC, a concentração de CO2 na atmosfera já é a mais alta dos últimos 2 milhões de anos. É nesse contexto que o governo do Brasil, país que não depende do carvão para geração de eletricidade e que tem entre as melhores condições de geração de energia limpa e renovável do planeta, propõe um programa de incentivo ao carvão, enquanto vários países do mundo já buscam formas de se livrar desse mal.

Em 2017, 19 países que dependem mais do carvão do que nós, anunciaram uma aliança pelo encerramento de seus programas a carvão até 2030, entre eles Reino Unido, França, Canadá, Portugal e México. Em 2018 foi a vez do Chile, em que o mineral responde por 35% da geração elétrica. Este período serve para que os países desenvolvam estratégias para promover uma transição energética justa, ou seja, um plano de ação para promover outras fontes de renda às populações das regiões carboníferas, inclusive com o fomento à geração de energias renováveis nessas localidades. 

É este debate que deveria estar na mesa, em especial nas cidades do sul do Brasil onde hoje está a maior parte das usinas de geração termelétrica a carvão. No entanto, ao invés de olhar para os diversos potenciais e o futuro dessas comunidades, investindo na transição justa, o governo insiste em um modelo fadado ao fracasso, tanto financeiro como climático. E os impactos quem sente é o povo brasileiro, no bolso e na vida.

Fonte: Greenpace Brasil


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