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sábado, 21 de agosto de 2021

Governo brasileiro promove transição energética para muito pior


Anúncio de programa que incentiva uso de carvão mineral pelo Ministério de Minas e Energia significa retrocesso brutal em tempos de crise climática


Ativistas do Greenpeace Brasil pedindo que o governo brasileiro se comprometa com o fim das usinas a carvão, em frente à termelétrica de Candiota (RS), em 2018. © Marlon Marinho / Caio Paganotti / Greenpeace

No mesmo dia (09/08) em que foi lançado o 6º relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alertou o mundo sobre a urgência de ações concretas e imediatas para conter as mudanças climáticas e de que é inequívoca a influência das ações humanas no aquecimento global – especialmente com a queima de combustíveis fósseis, o governo brasileiro publicou o detalhamento do Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional, que prevê o fomento do setor de carvão mineral. 

A proposta promove uma política de estímulo à aquisição de equipamentos de mineração e pesquisa para o setor, além de vantagens fiscais para atrair até 20 bilhões de reais em investimentos nos próximos 10 anos para a fonte de energia que mais polui o mundo.

Segundo o IPCC, a concentração de CO2 na atmosfera já é a mais alta dos últimos 2 milhões de anos. É nesse contexto que o governo do Brasil, país que não depende do carvão para geração de eletricidade e que tem entre as melhores condições de geração de energia limpa e renovável do planeta, propõe um programa de incentivo ao carvão, enquanto vários países do mundo já buscam formas de se livrar desse mal.

Em 2017, 19 países que dependem mais do carvão do que nós, anunciaram uma aliança pelo encerramento de seus programas a carvão até 2030, entre eles Reino Unido, França, Canadá, Portugal e México. Em 2018 foi a vez do Chile, em que o mineral responde por 35% da geração elétrica. Este período serve para que os países desenvolvam estratégias para promover uma transição energética justa, ou seja, um plano de ação para promover outras fontes de renda às populações das regiões carboníferas, inclusive com o fomento à geração de energias renováveis nessas localidades. 

É este debate que deveria estar na mesa, em especial nas cidades do sul do Brasil onde hoje está a maior parte das usinas de geração termelétrica a carvão. No entanto, ao invés de olhar para os diversos potenciais e o futuro dessas comunidades, investindo na transição justa, o governo insiste em um modelo fadado ao fracasso, tanto financeiro como climático. E os impactos quem sente é o povo brasileiro, no bolso e na vida.

Fonte: Greenpace Brasil


sexta-feira, 5 de junho de 2020

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e sobre esse assunto que quero falar com você





Olá Henrique, espero que você esteja bem. Agradeço por seu constante apoio e comprometimento com o Greenpeace e com a vida. Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e sobre esse assunto que quero falar com você.

Jovens que tomaram as ruas para exigir um futuro seguro frente à crise do clima, o fogo na Amazônia, que queima com o desmonte dos órgãos de fiscalização pelo governo, uma doença que impede que o mundo respire, vidas vulneráveis ceifadas diariamente, brasileiros que não puderam parar por fome e a ameaça da escalada autoritária, que faz com que tenhamos que urrar por mudanças: cenas de um país do “e daí?”.

Falar de meio ambiente e de crise climática é discutir igualdade e justiça. São os mais vulneráveis que sofrem as piores consequências de um sistema econômico e político criado por uma minoria privilegiada que custa dividir de maneira justa a riqueza. Se não houver mudança de sistema, baseada no tratamento justo e igualitário, e respeito democrático, com proteção da liberdade e dos direitos individuais e coletivos, não haverá equilíbrio no meio ambiente que garanta nossa saúde e nossas vidas.


A quem interessa o sangue derramado e as árvores derrubadas?

Em meio à pandemia, o menino João Pedro foi assassinado pela polícia no Brasil enquanto brincava em sua casa. A comoção com as vidas negras perdidas todos os dias no país somou-se à cena do assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, que trouxe a população de volta à ruas para dizer o mínimo e básico em nossa sociedade: vidas negras importam e o estado tem o dever de protegê-las, ao invés de ser mais uma ameaça. A matemática traz a triste realidade de vidas transformadas em número: No Brasil, pessoas negras são as vítimas em 75% dos homicídios.
Na região da floresta Amazônica, sabemos que junto à ilegalidade e o roubo de terras públicas vêm os diversos crimes e assassinatos. O Brasil é o país onde mais ativistas e lideranças comunitárias e indígenas são mortas por defender a floresta e sua biodiversidade. Em novembro do ano passado, Paulino Guajajara foi uma jovem alma entre muitas, que tombou junto com as árvores que protegia.
Perante todas as injustiças diárias, uma reunião interministerial feita durante a pandemia, na qual se deveria discutir planos de ajuda aos mais vulneráveis e como assegurar a vida de milhares de brasileiros, foi uma conversa vazia de tudo que o país necessita. Em especial, a fala do ministro Ricardo Salles chamou a atenção de ambientalistas: ele sugeriu que se aproveitasse a situação para “passar a boiada” em regulamentações e mudanças de normas. O que ele disse foi uma alusão para permitir o desmatamento ilegal. Mais uma vez enfatizamos: o estado e, neste caso, o Ministério do Meio Ambiente devem garantir a segurança da população onde quer que ela esteja, nas cidades ou nas florestas.
Portanto, falar de meio ambiente no dia de hoje é lembrar que quando defendemos um ecossistema, defendemos nossos direitos, a natureza e todas as vidas que a habitam. E que não há como discutir o fim da crise climática sem antes garantir justiça para todas e todos. Perante todas as injustiças e em meio a perdas de vidas ocasionadas pela pandemia, a sociedade se levanta e luta para demandar um mundo melhor, em que a homenagem à vida seja justa, diária, e um direito de todos.

Agradecemos mais uma vez a você por acreditar em nosso trabalho. Neste Dia do Meio Ambiente, honramos os mortos do Brasil e do mundo. Pedimos e declaramos que iremos lutar pela vida todos os dias, hoje e cada dia, mais do que nunca.

Um grande abraço,


Fabiana Alves
Greenpeace Brasil
Se puder, #FiqueEmCasa













ONU Brasil


Para o Dia Mundial do Meio Ambiente 2020, todos e todas estão convidados a compartilhar porque é hora da natureza. O meio ambiente está à beira de um colapso. Um milhão de espécies animais e vegetais devem desaparecer – e logo! Faça parte da solução e junte-se a nós nesse apelo global #PelaNatureza.


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