Mostrando postagens com marcador meio ambiente. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador meio ambiente. Mostrar todas as postagens

sábado, 20 de abril de 2024

No Dia dos Povos Indígenas: (19/Abril ) Apib cobra ações contra o garimpo no território Munduruku


A incidência faz parte das ações do Abril Indígena e antecede o Acampamento Terra Livre 2024


Apib

No Dia Nacional dos Povos Indígenas (19/04) a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), por meio do seu departamento jurídico, protocolou uma manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual cobra ações contra o garimpo no território Munduruku. O documento foi protocolado pela Apib na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709.

A manifestação faz parte das ações do Abril Indígena e  antecede o Acampamento Terra Livre (ATL) 2024, que ocorrerá entre os dias 22 e 26 de abril em Brasília (DF). No documento a Apib cobra a realização de ações urgentes de comando e controle que busquem conter o garimpo nos territórios tradicionalmente ocupados pelo povo Munduruku.

A organização também pede ao STF que o Ministério da Saúde crie uma política nacional de saúde de pessoas afetadas pelo mercúrio e inclua uma série de contaminação humana por mercúrio no sistema DATASUS, além do protocolo para coleta de dados e alimentação do sistema.

As terras indígenas Munduruku estão entre as cinco terras com maior área de garimpo devastados pela atividade ilegal, conforme estudo do MapBiomas publicado em 2023. Porém, a presença do garimpo ilegal em terras Munduruku não é novidade. Em 2020, a TI Munduruku foi a segunda com maior registro de garimpo no Brasil. No ano seguinte a posição se manteve a mesma, mas com expressivo aumento da área garimpada, que subiu de 1.592 ha, em 20205, para 4.743 ha, em 2021.

“Vamos ao STF informar a situação de calamidade que os povos indígenas Munduruku vem vivenciando em seus territórios. Diversos estudos sinalizam que a contaminação pelo mercúrio tem começado a prejudicar toda saúde dos indígenas quanto da biodiversidade do território, tudo isso devido ao garimpo ilegal que tem operado dentro da terra indígena. Por esse motivo, dentro da manifestação a gente pede que diferentes instâncias do governo brasileiro tomem para si essa situação. O Brasil é signatário da Convenção de Minamata e o Ministério de Relações Exteriores precisa começar a implementar essa convenção e fazer dela uma ferramenta de combate ao garimpo”, afirma Maurício Terena, coordenador jurídico da Apib.

Veja a lista completa de pedidos da Apib:

1. Em regime de urgência, a realização de ações de comando e controle destinadas à contenção da atividade garimpeira nos territórios tradicionalmente ocupados pelo povo Munduruku;

2. Sejam o Ministério da Saúde e, especificamente, a SESAI, instados a se manifestarem sobre os dados aqui apresentados, bem como sobre o estágio de cumprimento das ações previstas no Plano Setorial de Implementação da Convenção de Minamata, particularmente em seu Eixo 4;

3. Manifesta-se o Ministério da Saúde sobre a criação de uma política nacional de saúde de pessoas afetadas pelo mercúrio.

4. O Ministério da Saúde seja instado a apresentar, em prazo razoável, alternativa qualificada – via SINAN ou novo sistema – para a inclusão de dados, incluída a série histórica, de contaminação humana por mercúrio no sistema DATASUS, bem como protocolo para coleta de dados e alimentação do sistema;

5. A determinação de inclusão, pela Secretaria do Meio Ambiente do

Estado do Pará, de dados conhecidos sobre as áreas de risco expostas ou potencialmente expostas a contaminantes químicos, notadamente em territórios indígenas, em razão de mineração, no Sistema de Informação de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado (SISSOLO), do Ministério da Saúde, nos termos do recomendado pelo Ministério Público Federal na Recomendação no 2, de 08 de fevereiro de 2024;

6. Inste o Ministério das Relações Exteriores para que apresente plano de trabalho e qual a metodologia eleita para implementar a convenção de minamata no Brasil.

7. Inste o Ministério do Meio Ambiente para que apresente as medidas que estão sendo adotadas internamente no órgão para recuperar o território munduruku.

20 anos de Acampamento Terra Livre

Cerca de 5 mil indígenas de mais de 200 povos devem ocupar a Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília, no Acampamento Terra Livre 2024. A mobilização ocorre entre os dias 22 e 26 de abril e tem como tema principal “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui!”, uma oposição à tese ao marco temporal.

A tese foi derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF), porém legalizada por meio da lei 14.701/2023, considerada pela Apib como lei do genocídio e aprovada pela bancada anti-indígena do Congresso Nacional.

A programação do ATL, que este ano completa 20 anos de luta e resistência, irá relembrar a trajetória da mobilização e homenagear lideranças históricas do movimento indígena. A saúde mental, a luta das mulheres indígenas e o aldeamento da política brasileira também são temas que devem ser debatidos durante o acampamento.

Fazem parte da programação as marchas “#EmergênciaIndígena: Nossos Direitos não se negociam”, prevista para o dia 23 de abril às 9h. Além da marcha “Nosso marco é ancestral”. Sempre estivemos aqui” no dia 25, às 15h.

“Esse deve ser um dos maiores acampamentos. A expectativa é que o ATL 2024 seja o mais participativo de toda a história, tanto em número de pessoas, quanto de representatividade de povos. É o momento de nos unirmos nas assembleias e debater os próximos caminhos”, diz Kleber Karipuna, coordenador executivo da Apib.

No dia 22 de abril, a partir das 10h, a coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) irá receber a imprensa para uma coletiva sobre o ATL 2024. A coletiva irá ocorrer na tenda do cinema, dentro do Acampamento Terra Livre.

Jornalistas que desejam cobrir a mobilização devem se inscrever por meio do link:

Fonte: Apib



Povos Indígenas 01

Povos Indígenas 02


👉 Click Verdade - Jornal Missão 👈


sexta-feira, 19 de abril de 2024

Duas empresas de moda estão ligadas à degradação ambiental na Amazônia


As confecções teriam adquirido algodão brasileiro produzido sob práticas éticas e ambientais questionáveis.


RT en Español

As conhecidas empresas Zara e H&M contribuem indiretamente para a degradação ambiental da savana do Cerrado, na Amazónia brasileira, segundo um relatório recente publicado pelo grupo ambientalista britânico Earthsight, intitulado 'Crimes de Moda'.

A ONG “passou mais de um ano analisando imagens de satélite, decisões judiciais, registros de remessas e se disfarçou em feiras comerciais globais para rastrear quase um milhão de toneladas de algodão contaminado de algumas das propriedades mais notórias do Brasil até fabricantes de roupas de algodão na Ásia”. são fornecedores dos dois maiores varejistas de moda do mundo ”, diz um comunicado referente ao estudo.

Em particular, o relatório sustenta que a H&M e a Zara obtiveram algodão de duas empresas líderes do agronegócio brasileiro: SLC Agrícola e Grupo Horita, que parecem estar ligadas a violações ambientais e éticas que incluem desmatamento massivo, apropriação de terras e corrupção.


Uma vista da savana El Cerrado no Parque Nacional das Emas, 15 de abril de 2015. Lena Trindade / Brasil Fotos / LightRocket / Gettyimages.ru

Apesar disso, o algodão recebeu certificação ética da iniciativa Better Cotton. Dessa forma, foram exportadas mais de 816 mil toneladas de algodão de fazendas brasileiras envolvidas em práticas ambiental e eticamente questionáveis, que foram entregues aos oito fabricantes asiáticos responsáveis ​​pela confecção das roupas dessas marcas.

À medida que as provas foram reveladas, a Better Cotton comprometeu-se a realizar uma auditoria independente às alegações e prometeu total transparência, enquanto a Inditex, cuja marca principal é a Zara, solicitou a divulgação completa de todos os resultados encontrados pela Earthsight, embora tenha reconhecido que se trata de acusações isso é sério. Por sua vez, a Associação Brasileira do Algodão defendeu as suas práticas, embora as suas explicações não tenham sido aceites pela maioria, nota o estudo.


Impacto no Cerrado

As investigações indicam que as práticas do agronegócio brasileiro têm favorecido a degradação do Cerrado, considerado por especialistas como a savana de maior biodiversidade do planeta.


Área em alerta de desmatamento na
 Amazônia brasileira cai pela metade

Assim, apesar das repetidas multas e penalidades impostas pelo Estado brasileiro contra poderosas empresas do agronegócio, cerca de 100.000 hectares de vegetação nativa na savana do El Cerrado foram derrubados  para estabelecer campos de algodão em seu lugar.

O exposto reflete problemas de governança no território brasileiro, que muitas vezes se traduzem na desapropriação sistemática de terras dos moradores locais, em prolongadas batalhas jurídicas e na ineficácia, pelo menos parcial, das políticas ambientais, uma vez que a balança acabou pendendo para a rentabilidade da exportação de itens como soja e algodão.



Fonte: RT en Español


Biodiversidade - em defesa do clima! 01

Biodiversidade - em defesa do clima! 02


👉 Click Verdade - Jornal Missão 👈

 

domingo, 10 de março de 2024

O jornalismo que afaga as empresas não tem limites


Oito anos depois, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela perda dessas vidas e pelos milhares de atingidos em Mariana. Esta é a estratégia que se repete no caso de Brumadinho.


arte

Depois do quinto aniversário da tragédia-crime de Brumadinho, uma sessão solene no Congresso na quarta-feira passada (06/03), homenageou as 270 vítimas fatais da Vale. Passou em brancas nuvens na imprensa. Isso apesar do “gancho” evidente proporcionado por outro fato relacionado - esse sim noticiado - que ocorreu no mesmo dia: a votação do HC do presidente da Vale à época do rompimento da barragem, Fabio Schvartsman, que pediu o trancamento da ação criminal em que é réu por homicídio doloso qualificado. 

Ou seja, o executivo sequer admite ir a julgamento apesar de estar provado no processo que a instabilidade da barragem era de conhecimento da companhia por ele presidida, que inclusive pressionou a consultoria Tuv Süd a conceder o certificado de conformidade da barragem, apesar do risco constatado. Os engenheiros da Tuv Süd e outros executivos da Vale, além de Schvartsman, estão entre os 15 réus da ação que os responsabiliza pelas decisões que resultaram nas 270 mortes.

Dois dos três integrantes da Segunda Turma do TRF-6 se manifestaram a favor do pedido do ex-presidente da Vale - um deles ainda não se pronunciou e os votos ainda podem ser alterados até 12 de março. 

Nas notícias sobre a vitória parcial de Schvartsman não se ouviu a Avabrum - a associação dos familiares das vítimas de Brumadinho - que no mesmo dia pedia Justiça logo ali, no Congresso Nacional, pelas mortes de suas “jóias”, como se referem aos filhos, pais, mães, irmãos, noivos, esposos, amigos, afogados no mar de lama que se estendeu por 300 quilômetros e afetou a população de 17 cidades.

A Vale, que faz propaganda sobre o apoio que teria dado a familiares de vítimas e comunidades atingidas pela lama, lutou - e ainda luta - na Justiça para reduzir o valor das indenizações e da reparação de danos. 

Exatamente como fez e continua fazendo com os atingidos pelo rompimento de outra barragem, em novembro de 2015, controlada pela Vale e BHP Billiton, que destruiu um distrito de Mariana e provocou a morte de 19 pessoas. Até mesmo uma hidrelétrica que tem a companhia como sócia-proprietária e teve seu reservatório invadido pela lama trava uma batalha jurídica para ser ressarcida, como revelou reportagem da Pública desta semana. 

Oito anos depois, ninguém foi responsabilizado criminalmente pela perda dessas vidas e pelos milhares de atingidos em Mariana. Esta é a estratégia que se repete no caso de Brumadinho. 

Primeiro a companhia manobrou para que o processo, que corria em Brumadinho desde 2019, fosse transferido para a Justiça Federal em Belo Horizonte, o que fez com que voltasse à estaca zero. Por isso o julgamento, do qual o ex-presidente da Vale tenta escapulir, ainda não foi realizado. O HC de seu ex-presidente é mais um capítulo dessa história pela impunidade.

Como diz a Avabrum, um crime dessa magnitude não pode ficar sem culpados. Não há dinheiro que pague as vidas perdidas ou impeça novos crimes de mineradoras. 

Boa parte das vítimas fatais trabalhava para a própria Vale; muitos morreram dentro do refeitório da companhia que, como também era de conhecimento dos executivos, estava na rota dos rejeitos em caso do acidente previsível diante das condições da barragem. Mas a Vale deixou a lama rolar. 

Schwartsman, que assumiu o cargo prometendo que nunca mais haveria outra Mariana, recebia uma remuneração tão alta quanto deveria ser sua responsabilidade. De acordo com matéria de 2018 da revista Exame (um ano antes de Brumadinho), o cargo de presidente da Vale era o segundo mais bem pago por empresas brasileiras, com salário superior a 60 milhões de reais por ano. 

Segura de seu poder e da cautela da imprensa ao tocar no nome da companhia - que é anunciante de peso e conhecida por sua extensa banca de advogados - a Vale nem se preocupou com a repercussão negativa ao tomar outra atitude de arrepiar: pediu e obteve na mesmíssima quarta-feira 6 de março uma liminar na Justiça para proibir a comunidade Kamakã, uma das seis etnias do povo Pataxó HãHãHãe, de sepultar o cacique Merong Kamakã nas terras em que viviam, reivindicadas pela companhia. 

Merong, combativa liderança indígena de 36 anos, foi encontrado morto na segunda-feira passada, em circunstâncias ainda obscuras. 

A empresa limitou-se a divulgar uma nota, em que disse lamentar o falecimento do cacique e afirmou que busca uma "solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade" (grifo meu).

Mas os “ganchos” desta quarta-feira não foram suficientes para alçar os atingidos pela maior tragédia humanitária do Brasil ao noticiário. A Vale até mereceu um comentário indignado - mas a favor da companhia. 

Na última edição da “Veja”, uma matéria na editoria de Política dá ares de escândalo a uma suposta ingerência do governo na cúpula da companhia e critica: “Lula, como se sabe, vem intimidando a Vale abertamente com suas falas, o que tem provocado prejuízos para a empresa privada” (grifo meu).

Imagino que o jornalista se refira à fala do presidente da República, de 28 de fevereiro passado, em que ele disse: “A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil. Ela não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então, o que nós queremos é o seguinte: as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É só isso que nós queremos”.

Faltou a imprensa mostrar nesta semana que a Vale também não é dona do noticiário. 


Sem Aliados, não há jornalismo independente. Ao longo destes 13 anos, a Pública se tornou o que é porque nunca esteve sozinha. É o seu apoio que sustenta a existência e a resistência do nosso jornalismo comprometido com as pessoas. Contribua com a nossa história!

Via: Marina Amaral

Diretora Executiva da Agência Pública
marina@apublica.org


A História da privatização da Vale



domingo, 18 de fevereiro de 2024

Na Etiópia, Lula condena genocídio de Israel e ressalta que "mazelas não serão resolvidas por extrema direita racista"


O chefe do executivo ainda pediu apoio das nações africanas para a reforma do sistema de governança global


(Foto: Ricardo Stuckert)

Durante sessão de abertura da cúpula anual da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, como líder convidado de fora do continente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar o genocídio cometido por Israrel contra os palestinos e classificou como "desproporcional" aos ataques do Hamas. O chefe do executivo ainda pediu apoio das nações africanas para a reforma do sistema de governança global, afirmando que a resposta para as “mazelas atuais não virá da extrema direita racista e xenófoba".

"O momento é propício para resgatar as melhores tradições humanistas dos grandes líderes da descolonização africana. Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses e demandar a liberação imediata de todos os reféns", afirmou o presidente.

Lula ainda afirmou que a política e a diplomacia são as únicas formas de encerrar o outro conflito que mobiliza a comunidade internacional, a guerra entre Rússia e Ucrânia.


Confira a íntegra do discurso:


É com grande alegria que volto pela vigésima primeira vez à África, agora novamente como presidente do Brasil, para me dirigir aos líderes da União Africana. Venho para reafirmar a parceria e o vínculo do nosso país e do nosso povo com este continente irmão.

A luta africana tem muito em comum com os desafios do Brasil. Mais da metade dos 200 milhões de brasileiros se reconhecem como afrodescendentes. Nós, africanos e brasileiros, precisamos traçar nossos próprios caminhos na ordem internacional que surge.

Precisamos criar uma nova governança global, capaz de enfrentar os desafios do nosso tempo.

Já não vigoram as teses do Estado mínimo. Planejar o desenvolvimento agrícola e industrial voltou a ser parte das políticas públicas em todos os quadrantes.

As transições energética e digital demandam o incentivo e a orientação dos governos.

Tentativas de restituir um sistema internacional baseado em blocos ideológicos não possuem lastro na realidade. A multipolaridade é um componente inexorável e bem-vindo do século XXI. A consolidação do BRICS como principal espaço de articulação dos países emergentes é um avanço inegável.

Sem os países em desenvolvimento não será possível a abertura de novo ciclo de expansão mundial, que combine crescimento, redução das desigualdades e preservação ambiental, com ampliação das liberdades.

O Sul Global está se constituindo em parte incontornável da solução para as principais crises que afligem o planeta.

Crises que decorrem de um modelo concentrador de riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres – e entre estes, os imigrantes. A alternativa às mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode ser privilégio de poucos.

Só um projeto social inclusivo nos permitirá erigir sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade nem democracia com fome e desemprego

O momento é propício para resgatar as melhores tradições humanistas dos grandes líderes da descolonização africana.

Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses, e demandar a liberação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço à resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza – em sua ampla maioria mulheres e crianças – e provocou o deslocamento forçado de mais de 80% da população.


A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado palestino. Um Estado palestino que seja reconhecido como membro pleno das Nações Unidas.

 

De uma ONU fortalecida e que tenha um Conselho de Segurança mais representativo, sem países com poder de veto, e com membros permanentes da África e da América Latina. Há dois anos a guerra na Ucrânia escancara a paralisia do Conselho. Além da trágica perda de vidas, suas consequências são sentidas em todo o mundo, no preço dos alimentos e fertilizantes.

Não haverá solução militar para esse conflito. É chegada a hora da política e da diplomacia.

Senhoras e senhores, com seus 1 bilhão e 500 milhões de habitantes, e seu imenso e rico território, a África tem enormes possibilidades para o futuro. O Brasil quer crescer junto com a África, mas sem ditar caminhos a ninguém.

O povo brasileiro está recuperando sua soberania política e econômica. Estamos adotando um projeto de transformação ecológica, que nos permitirá dar um salto histórico. Estamos resgatando nossa democracia, tornando-a cada vez mais participativa.

Com o Bolsa Família e outras políticas públicas bem-sucedidas voltaremos a sair do mapa da fome, retirando milhões de brasileiros da pobreza. Falar de “Educação Inclusiva”, tema desta Cúpula, é falar de futuro. No mundo, quase 250 milhões de crianças estão fora da escola. No Brasil, estamos implantando escolas em tempo integral, além do pagamento de uma poupança para os alunos mais pobres do ensino médio, como forma de reduzir a evasão escolar.

Tenho o orgulho de dizer que milhares de africanos concluíram seus estudos no Brasil. Mas vamos fazer ainda mais. Vamos ampliar o número de bolsas ofertadas para receber estudantes africanos em nossas instituições públicas de ensino superior.


Estamos dispostos a desenvolver programas educacionais na África e a promover intenso intercâmbio de professores e pesquisadores. Vamos colaborar para que a África possa se tornar independente na produção de alimentos e energia limpa.

 

São 400 milhões de hectares espalhados por mais de 25 países, com potencial de fazer deste continente um grande celeiro para o mundo, viabilizando políticas de combate à fome e produção de biocombustíveis.

Quero igualmente estender nossa parceria para a área da saúde. Há muito a aprender com as estratégias sanitárias de ambos os lados, e a possibilidade de estruturar sistemas públicos robustos e de alcance amplo.

Vamos trabalhar com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças para enfrentar doenças tropicais negligenciadas. Teremos como meta a ampliação do acesso a medicamentos, evitando a repetição do “apartheid” de vacinas que vimos na COVID-19.

Cuidar também da saúde do planeta é nossa prioridade. O imperativo de proteger as duas maiores florestas tropicais do mundo, a Amazônica e a do Congo, nos torna protagonistas na agenda climática.

Os instrumentos internacionais hoje existentes são insuficientes para recompensar de forma eficaz a proteção das florestas, sua biodiversidade e os povos que vivem, cuidam e dependem desses biomas.

Com a recuperação de áreas degradadas, podemos criar um verdadeiro cinturão verde de proteção das florestas do Sul Global. Em conjunto com parceiros africanos, o Brasil quer desenvolver e construir uma família de satélites para monitorar o desmatamento.

Para levar adiante todas essas iniciativas vamos criar um posto avançado de cooperação junto à União Africana em setores como pesquisa agrícola, saúde, educação, meio ambiente e ciência e tecnologia.


Nossa representação diplomática em Adis Abeba contará em breve com funcionários de órgãos governamentais como a Agência Brasileira de Cooperação, a EMBRAPA e a FIOCRUZ, nossos órgãos de pesquisa e desenvolvimento em agropecuária e saúde.

 

Senhores e senhoras, nossos caminhos vão se reencontrar no G20, no Rio de Janeiro, e na COP 30, em Belém. A presença da União Africana como membro pleno do G20 será de grande valia. Mas ainda é necessário a inclusão de mais países do continente como membros plenos. Temos agendas comuns a defender.

É inadmissível que um mundo capaz de gerar riquezas da ordem de US$ 100 trilhões de dólares por ano conviva com a fome de mais de 735 milhões de pessoas. Estamos criando no G20 a Aliança Global contra a Fome, para impulsionar um conjunto de políticas públicas e mobilizar recursos para o financiamento dessas políticas.

Cerca de 60 países, muitos deles na África, estão próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida externa do que para a educação ou a saúde. Isso reflete o caráter obsoleto das instituições financeiras, como o FMI e o Banco Mundial, que muitas vezes agravam crises que deveriam resolver.

É preciso buscar soluções para transformar dívidas injustas e impagáveis em ativos concretos, como rodovias, ferrovias, hidroelétricas, parques de energia eólica e solar, produção de hidrogênio verde e redes de transmissão de energia. Precisamos acompanhar passo a passo a evolução das novas tecnologias.

A Inteligência Artificial não pode tornar-se monopólio de poucos países e empresas. Mas podem também constituir-se em terreno fértil para discursos de ódio e desinformação, além de causar desemprego e reforçar vieses de raça e gênero, que acentuam injustiças e discriminação.

O Brasil vai promover a interação do G20 com o Painel de Alto Nível criado pelo Secretário-Geral da ONU para apoiar as discussões sobre o Pacto Digital Global.

Esperamos, com isso, contribuir para uma governança efetiva e multilateral em Inteligência Artificial e que incorpore plenamente os interesses do Sul Global.

Minhas amigas e meus amigos, quero terminar dizendo que não há Sul Global sem a África.

Retomar a aproximação do Brasil com a África é recuperar laços históricos e contribuir para a construção de uma nova ordem mundial, mais justa e solidária. Permite-nos, sobretudo, somar esforços na superação dos desafios que temos à frente.



Fonte: Brasil 247


 


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

🔴AÇÃO🔴 Cessar-fogo em Gaza agora!


CESSAR FOGO EM GAZA AGORA Subimos a fachada do Museu Reina Sofía para expor uma obra gigante do artista OBEY. A imagem, de 60 m2, foi adaptada de uma foto tirada em Gaza pelo repórter palestino Belal Khaled com a mensagem: VOCÊ ESTÁ NOS OUVINDO?



Greenpeace España

VOCÊ PODE NOS OUVIR? CESSAR FOGO AGORA! Acabamos de subir a uma das torres de vidro do museu Reina Sofía, em Madrid, para expor uma ilustração de quase 60 metros quadrados, obra do artista Shepard Fairey, conhecido como OBEY . Esta obra espectacular é a adaptação de uma fotografia do repórter de Gaza Belal Khaled que, após mais de 100 dias de bombardeamentos, continua a documentar o horror da ofensiva israelita na Faixa de Gaza. Ambos os criadores unem-se assim no âmbito da iniciativa #UnmuteGaza , na qual artistas globais personalizam imagens de fotojornalistas em Gaza, que continuam a reportar sob as bombas.

O Greenpeace nasceu há mais de meio século como uma organização pacifista. Hoje querem que acreditemos que o pacifismo não tem lugar entre tanto extremismo e cinismo, ou mesmo que é ingénuo, mas no Greenpeace continuamos a acreditar que estar do lado da paz e da justiça é estar do lado certo da história . Sempre.

Há algumas semanas soubemos da iniciativa artística #UnmuteGaza de Escif , um dos seus membros e também artista urbano com uma enorme carreira; uma iniciativa muito corajosa com a qual estamos entusiasmados em colaborar.

A fotografia na qual se baseia o trabalho do OBEY , tirada pelo fotojornalista de Gaza Belal Khaled , mostra uma criança palestina ensanguentada após um bombardeio. Foi tirada em Gaza em 8 de novembro. O próprio Belal viu entes queridos e sua própria casa sucumbirem às bombas; Ele viu colegas jornalistas morrerem enquanto exerciam sua profissão. Mas Belal continua a deixar testemunho com a sua câmara para que o mundo saiba, para que o mundo acabe com este pesadelo. OBEY, por sua vez, combina o seu trabalho artístico com um emocionante compromisso social - as suas obras transmitem frequentemente uma mensagem de solidariedade e empatia com múltiplas causas, da Palestina à luta pelos direitos civis no Irão, embora talvez o seu trabalho mais conhecido seja aquele retrato bicolor de Barack Obama com seu famoso lema: ESPERANÇA – .

E não é por acaso que escolhemos fazer esta ação aqui, no Museu Reina Sofía, conhecido mundialmente por abrigar a maior obra já criada para denunciar o sofrimento da população civil nas guerras: Guernica , de Pablo Picasso . 

Gaza está a sofrer um ataque de enormes proporções. Os três meses e meio de bombardeamentos, bloqueio e cerco do exército israelita a Gaza já causaram 25 mil mortes, das quais 80% são mulheres e menores . Assistimos com horror ao cerco a que a população está sujeita, sem acesso a água, alimentos, combustível ou mesmo medicamentos. Assistimos ao bombardeamento de hospitais, escolas, ambulâncias e abrigos. Estamos a ver como o pessoal médico e os jornalistas são alvo de tiros no exercício das suas funções e como pequenas vítimas de bombardeamentos têm os seus membros amputados sem sequer terem sido anestesiadas. Em suma, estamos a assistir a uma catástrofe humanitária televisionada em tempo real pelas próprias vítimas. E no Greenpeace não podemos olhar para o outro lado.


“Fique do lado da criança sobre a arma o tempo todo, não importa de quem seja a arma ou de quem seja o filho.”

Noemi Klein

 

Do Greenpeace queremos gritar alto e bom som que preservar a vida em todas as suas dimensões é a nossa missão última como organização e, por isso, nos opomos a qualquer tipo de violência contra a população civil . Como Naomi Klein expressou: “Apoie a criança antes da arma em todos os momentos, não importa quem é o dono da arma ou quem é o dono da criança .  ”


Nossos pedidos


Por esta razão, hoje, mais uma vez, exigiremos às partes envolvidas e à comunidade internacional um cessar-fogo incondicional, imediato e permanente, a prestação massiva de assistência humanitária à população palestiniana sitiada, a libertação de todas as pessoas detidas em condições ilegais ou arbitrárias e que sejam tomadas as medidas necessárias para alcançar uma paz justa e duradoura que respeite a legalidade internacional actual.

NÃO à violência contra a população civil, independentemente da nacionalidade. NÃO à punição coletiva. NÃO ao bombardeio de hospitais, escolas e abrigos. NÃO ao cerco e bloqueio de uma cidade. É hora de acabar com este pesadelo e respeitar o direito internacional atual. 

E antes de terminar, gostaria de compartilhar com vocês uma das mais belas lembranças da minha vida: a imagem de um pôr do sol visto de um telhado quando trabalhei na Cidade de Gaza, com a luz do sol poente caindo sobre o Mediterrâneo e sobre o telhados da cidade ouvindo poemas do maravilhoso poeta palestino Rafeef Ziadah ao fundo . Infelizmente, a imagem que hoje pode ser vista daquele mesmo telhado é muito provavelmente uma imagem de destruição e morte. Por uma paz justa e duradoura na Palestina. #CeaseFireNow #StopFireNow






Fonte: Greenpeace España

 

sábado, 20 de janeiro de 2024

Esquerda e direita são sócias na Bahia


Marqueteiro de Lula e ACM Neto desmatam área verde


Ilustração

Os debates ideológicos entre esquerda e direita, na Bahia, têm um teto. É um espigão de 50 andares projetado para ser construído dentro de uma área de proteção permanente, no centro de Salvador.

Explico! Sidônio Palmeira foi o principal marqueteiro do presidente Lula nas eleições de 2022. Partiu dele e de sua equipe algumas das peças icônicas que marcaram a vitoriosa disputa eleitoral: entre apelos à democracia, estímulos ao consumo de picanha e cerveja e as diferenças fundamentais entre Lula e Bolsonaro, por exemplo.

No mundo dos negócios, ao que parece, essas distinções são relativizadas. Sidônio é sócio do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, do União Brasil, em empreendimentos luxuosos no estado.

Empresários endinheirados e outros políticos do campo da direita também fazem parte dessa sociedade – como o ex-prefeito de Mata de São João, o milionário João Gualberto, do PSDB, e o também tucano Tiago Coelho, deputado estadual na Bahia.

Um dos negócios mais recentes entre eles é a construção de um arranha-céu no Corredor da Vitória, reduto da elite soteropolitana. Quem vai tocar essa obra é a Novonor, antiga Odebrecht. E o que garantiu a possibilidade desse empreendimento existir foi uma arranjo político.

No fim do ano passado, a Câmara de Vereadores de Salvador votou a desafetação de 40 locais na cidade – sendo 15 áreas verdes. Esse é um termo técnico que indica que um bem público tem a sua destinação transformada, podendo ser vendido, doado ou trocado com a iniciativa privada.

Uma das áreas contempladas no projeto foi justamente os 6.699 metros quadrados na Vitória, doados à prefeitura em 1988, como compensação fundiária pela construção de outro prédio de luxo. Até a desafetação, a área estava registrada em cartório como espaço que não poderia ser edificado.

A Câmara de Vereadores em sua ampla maioria apoia o atual prefeito Bruno Reis, do União Brasil. Ele foi alçado ao cargo, em 2020, pelo seu padrinho político ACM Neto. Esse ano tenta a reeleição.

Se não é um bolsonarista assumido, ACM Neto teve flertes profundos com o ex-presidente. Entretanto, na última campanha eleitoral para governador da Bahia, diante alta popularidade de Lula no estado, o herdeiro carlista preferiu adotar um discurso de "palanque neutro" e não indicar nenhum candidato – "tanto faz", disse, quando questionado quem gostaria de ver subindo a rampa do Palácio do Planalto.

A fluidez ideológica engrena o apetite empresarial. Com Sidônio, ACM Neto comprou a antiga sede do Palácio dos Esportes, que pertencia ao governo do estado – a ideia é transformar o lugar em um hotel de luxo na cidade.  

Vale lembrar que o marqueteiro não é um profissional contratado para um job específico. Ele é autor intelectual da imagem pública do PT, sobretudo na Bahia.

Desde 2006, quando Jaques Wagner se elegeu governador pela primeira vez, derrotando a longa linhagem do avô de ACM Neto, Sidônio é o mentor das campanhas e do discurso dos governos petistas – sua empresa, a Leiaute Propaganda, por somas milionárias, passou a prestar serviço para os consecutivos mandatos que o partido foi enfileirando no estado.

Na última vitória, o neófito Jerônimo Rodrigues derrotou justamente ACM Neto, o sócio de Sidônio. Para além das ótimas relações empresariais que mantém – claro, bem longe dos olhos do eleitor –, há uma urgente preocupação ambiental quando esse tipo de clubinho pluripartidário se organiza.

Em sua dissertação de mestrado na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, a pesquisadora Marina Teixeira mostra como o instrumento da desafetação em Salvador historicamente segue o movimento de "especulação e valorização imobiliária da cidade", destruindo áreas verdes de proteção, e alienando bens públicos para atores privados.

Nesse ponto, Sidônio Palmeira e ACM Neto, quando unem forças, passam a ter um enorme diferencial competitivo para a saúde financeira do negócio que tocam: interlocução ampla e livre trânsito nas esferas de poder. Seja municipal, estadual ou federal.

Amigos, amigos. Negócios também fazem parte!


Via: André Uzêda Editor Sênior


Dependemos de pessoas como você para continuar realizando reportagens de impacto e que mudam a realidade do brasil! Ajude o Intercept hoje, sua doação é essencial para manter nosso trabalho.


domingo, 7 de janeiro de 2024

Vilões do clima pregam sustentabilidade na COP28, mas deixam rastro de devastação no Brasil


A Braskem, envolvida na maior tragédia ambiental urbana do mundo, em Maceió, desistiu de participar após críticas pela tragédia que protagonizou em Alagoas


Auditoria Cidadã da Dívida

Braskem, Vale, JBS, Cargill, Marfrig, Norsk Hydro, todas estas organizações são amplamente conhecidas como poluentes e causadoras de danos ambientais. O que elas têm em comum? Todas elas estavam na programação da COP28, a conferência do… CLIMA! Isso mesmo, enquanto deixam um rastro de devastação no Brasil, tentam posar de bonzinhos para o mundo por meio de seu poderio econômico, o chamado greenwashing, como mostra conteúdo do portal do MST.

A Braskem, envolvida na maior tragédia ambiental urbana do mundo, em Maceió, desistiu de participar após críticas pela tragédia que protagonizou em Alagoas. Leia texto na íntegra, na Página do MST.

As empresas do setor primário exportador pregam “sustentabilidade”, mas na prática ajudam a destruir o meio ambiente. Para que? Para exportar nossas riquezas e garantir a entrada de dólares no país, reforçando as reservas internacionais, que têm servido para comprar a confiança dos rentistas da dívida pública, estrangeiros e nacionais. Desta forma, mantendo grande quantidade de dólares, o Banco Central garante que qualquer rentista da dívida pública “interna”, estrangeiro ou brasileiro, possa trazer seus recursos para o país, ganhar rios de dinheiro com nossos juros altíssimos, e depois trocar por dólares e enviar de volta para o exterior, sem limite algum, quando quiser.

Veja aqui como esse processo acontece no brilhante artigo escrito pelos pesquisadores Yamila Goldfarb e Marco Antonio Mitidiero, que participou recentemente da audiência pública sobre política de juros na Câmara Federal e também de uma live promovida pela ACD.


 

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Uma entrevista com o presidente dos Estados Unidos


“Então certamente, como estudante de história, você deve saber que ela é feita por aqueles que desafiam a probabilidade.”



 

John Perkins

Contra todas as probabilidades, num final de tarde de novembro, encontro-me entrevistando o Presidente dos Estados Unidos. Ele está sentado em frente a uma pequena mesa à minha frente. Consegui que ele concordasse em discutir o estado do mundo e um futuro que parece sem esperança para muitas pessoas. Apresento-lhe diante de si uma tapeçaria das realidades angustiantes de hoje: alterações climáticas, desigualdade racial e de rendimentos, guerras na Europa e no Médio Oriente, destruição ambiental, fome – e muitas outras crises que enfrentamos hoje que são sintomas de uma Economia da Morte degenerativa.

Olho para ele do outro lado da mesa. "Senhor. Presidente”, eu digo. “Estes são tempos muito desanimadores.”

“Então, você acha que o que está acontecendo agora é desanimador, não é?” O presidente balança a cabeça com tristeza e depois acrescenta: “Tente ser o general de um exército maltrapilho encarregado de derrotar os maiores, mais bem equipados e mais bem treinados militares do mundo”.

[NOTA: não estou falando com o 46º presidente dos EUA, nem mesmo com o 45º. Estou falando com o primeiro, George Washington. E para ser completamente sincero, na verdade é o retrato dele que está do outro lado da mesa, na minha frente. No entanto, li tantos livros sobre ele que sinto que conheço o homem - e posso imaginar vividamente como ele ficaria e soaria durante uma conversa sobre a situação atual.]

“Parece impossível”, admito. “Como um trabalho impossível.”

"Impossível!" Ele começa a rir e de repente se conteve de uma maneira que sei ser sua tentativa de esconder seus infames dentes postiços , supostamente feitos de marfim de hipopótamo ou – o que é mais preocupante – de escravos de plantações . Ele me encara com um olhar severo. “O que você quer dizer com: Impossível?”

“Má escolha de palavras”, confesso. “Talvez 'contra a probabilidade' seja a melhor maneira de colocar isso.”

Ele faz uma pausa e massageia o queixo. “Você não leu história?”

Forço um sorriso respeitoso. “Sou fã de história.”

“Então certamente, como estudante de história, você deve saber que ela é feita por aqueles que desafiam a probabilidade.”

“Entendo o que você quer dizer”, digo, parando por um momento para pensar. Não demoro muito para recordar um incidente que estabeleceu a sua reputação como jovem oficial ao serviço do exército britânico. “Em 1773, quando a maioria dos americanos pensava que os britânicos eram invencíveis, você refletiu sobre a Batalha de Monongahela, que ocorreu 20 anos antes, durante a Guerra Francesa e Indiana. Descreveu como as forças britânicas do General Braddock, consideradas as melhores das Américas e talvez de todo o império britânico – por outras palavras, da maior parte do mundo – foram derrotadas por um grupo muito menor de franceses e indianos. Os britânicos sofreram perdas massivas, com mais de mil oficiais e soldados mortos ou feridos, enquanto os franceses e indianos perderam menos de cem.”

“Na verdade, a pior derrota da história britânica.”

"Exatamente. E mais tarde, em 1773, enquanto a ideia de revolução era debatida, você disse: “os britânicos não são invencíveis”. Tudo o que precisamos fazer é nos esconder atrás das árvores.'”

"Eu disse isso?"

"Algo parecido."

"Hum. . .” Ele coça a cabeça pensativamente. “Não me lembro – não exatamente.”

“Eu li em algum lugar.”

“Bem, então, bom para mim. E, claro, eu deveria saber, não deveria, depois de tudo que passei, estando no meio daquela briga, bem ao lado de Braddock. Sorte como o inferno por ter escapado com vida. E o que eu disse — ou o que você diz que eu disse — era verdade, não era?

"Eu penso que sim."

"De fato. Está voltando para mim como se fosse ontem. Estávamos marchando em formação por uma estrada que nossos engenheiros haviam acabado de abrir no deserto – no estrito estilo militar britânico, completamente ao ar livre. Casacos vermelhos brilhantes e tudo. Os franceses e os indianos atiraram contra nós da floresta. Não podíamos nem vê-los.”

“Acho que Braddock se referiu a eles como malditos covardes.”

“É claro que ele faria isso, não é? Escondendo-se atrás das árvores, evitando o Código de Cavalheiros de combate aberto. Você sabe."

"Exatamente. E isso impressionou você.”

"Bem, sim. Infernalmente eficaz, foi. Eles nos separaram, como você disse. Tais experiências moldam um homem. Então, é claro, quando assumi o manto de Comandante-em-Chefe durante a Revolução. . .” Ele faz uma pausa e parece perdido em pensamentos.

“Você empregou técnicas semelhantes.”

Ele olha para mim. “Várias de nossas unidades fizeram isso – Morgan's Rifles, Green Mountain Boys de Vermont, a milícia do General Stark de New Hampshire. . .”

“Sou de New Hampshire”, digo, talvez com um pouco de bravata demais.

“Eu sei”, ele responde, cobrindo a dentadura postiça com a mão e dando uma pequena gargalhada. “É por isso que mencionei isso.” Ele tosse suavemente em sua mão e a abaixa. “Nossos rapazes se esconderam atrás de árvores e muros de pedra - e nós abatemos aquelas lagostas que formavam longas filas de pelagem vermelha como um bando de patos sentados esperando para serem abatidos.”

“Como no Monongahela.”

“Precisamente. Alguém poderia pensar que eles teriam aprendido, não é?

“Bem, você desafiou a probabilidade.” Olho para minhas anotações. “O Vietname do Norte fez algo semelhante durante a Guerra do Vietname.”

Ele me lança um olhar interrogativo.

"Vietnã. Longa história. É um lugar na Ásia, perto da China. O ponto importante é que os norte-vietnamitas, como você, desafiaram a probabilidade e enfrentaram os maiores e mais bem equipados militares do mundo.”

Ele dá de ombros. “Sabe, talvez nunca tivéssemos vencido a Guerra Revolucionária se os franceses não tivessem se juntado ao nosso lado. Isso era outra coisa que desafiava a probabilidade. Lembro-me do Velho Ben implorando para ir para Paris. . .”

“Benjamin Franklin, senhor presidente?”

Ele franze a testa “Claro. Quem mais?"

Inclino ligeiramente a cabeça em aquiescência; em seguida, levante-o para encontrar seus olhos.

“De qualquer forma…” ele continua, “o velho Ben estava otimista de que conseguiria obter o apoio francês. Mas aqui estava eu, ainda preso à mentalidade de guerra francesa e indiana, pensando que eles eram nossos inimigos.”

“Ah, ah.” Deslizo para frente na minha cadeira. É exatamente para onde quero que essa conversa chegue. “Contra todas as probabilidades, os inimigos muitas vezes unem forças. Um exemplo clássico é que após a guerra que mencionei anteriormente, a Segunda Guerra Mundial, os piores inimigos da América, a Alemanha e o Japão, juntaram-se a nós para combater um inimigo comum, a União Soviética e o Comunismo, no que chamamos de Guerra Fria.”

“Uma guerra no Ártico? Ir. Valley Forge estava frio o suficiente para mim.

“É um tipo diferente de frio. 'Frio' como se não fosse combativo, como o Boston Tea Party.”

 “Nunca considerei isso um ato de guerra.”

"Não importa. Basta dizer, como temos dito, que a história é feita por aqueles que desafiam as probabilidades.”

"Então. . .” Ele me dá um sorriso comedido e de lábios cerrados, semelhante ao retratado na nota de um dólar. “Quando você estava me contando sobre seus problemas no mundo moderno – as mudanças climáticas, toda a fome, as várias guerras, a poluição horrível que as pessoas causaram e a importância de acabar com a animosidade entre os Estados Unidos e a China – você estava dizendo, em última análise, . . .” Ele aperta os olhos, me questionando.

“Eu estava enfatizando o fato de que esses dois países, os Estados Unidos e a China, criam juntos quase metade da economia mundial e metade da poluição atmosférica mundial. Se não conseguirem concordar em trabalhar em conjunto para mudar isso, para transformar um sistema económico que está a destruir-se a si próprio. . .”

"Espere só um minuto!" A mão do presidente avança, me parando. “O que você quer dizer com 'um sistema econômico que está se destruindo?' Você fez essa afirmação antes, mas ainda não faz sentido. Os sistemas económicos criam alimentos, habitação, roupas, todas as coisas de que as pessoas necessitam. Como diabos você pode fazer uma declaração como essa?

“Era assim que as economias costumavam ser no seu tempo, Sr. Presidente. Infelizmente, as coisas mudaram há menos de um século, quando os economistas, especialmente um chamado Milton Friedman, que foi muito influente e ganhou o Prémio Nobel de Economia em 1976. . .”

Ele me lança outro olhar questionador.

"Oh sim. Eu continuo esquecendo. O Prémio Nobel é como ser promovido a Comandante-em-Chefe dos Economistas.”

Ele acena com a cabeça, solenemente.

“Friedman disse que a única responsabilidade das empresas é maximizar os lucros a curto prazo.”

"É assim mesmo? Uma reminiscência, talvez, da Companhia das Índias Orientais que causou tanto ressentimento entre os americanos e levou o meu governo a estabelecer regras que tiravam o poder dos monopólios.”

“Na verdade, essas regras continuaram por quase cem anos. De qualquer forma, digamos apenas que Friedman e seus comparsas mudaram as ideias da humanidade sobre o sucesso nos negócios. O resultado? Uma economia que, na sua busca de ganhos a curto prazo, está a consumir os seus próprios recursos vitais e a destruir a vida no nosso planeta.”

"Meu Deus! Isso é pura loucura.”

Não posso deixar de rir.

"É engraçado?"

“Desculpe, senhor presidente. Não é nada engraçado. Sim, é uma loucura – e ainda assim é o que estamos fazendo.”

Ele levanta as mãos para o céu. "Deus te ajude." Seus olhos parecem ficar distantes. Ele treme visivelmente, acrescentando: “Mas você estava falando da China e dos Estados Unidos”.

"Sim. Para transformar este sistema terrivelmente destrutivo num sistema regenerativo e sustentável – como o que existia no seu tempo – os Estados Unidos e a China devem trabalhar juntos para mudar a situação. E, no entanto, eles estão presos numa competição que parece caminhar para mais destruição, possivelmente até guerra.”

“Parece que a única coisa sensata é eles unirem forças – pelo menos para resolver este problema que os ameaça – a vocês – a ambos.”

“Concordo, mas muitos dizem que isso nunca acontecerá. A concorrência entre os nossos dois governos é demasiado forte e hostil.”

“Bobagem. Como você disse antes, os adversários sempre se uniram para combater um inimigo comum. Na minha época, os franceses eram meus inimigos, inimigos da América, durante a guerra francesa e indiana. Mas eles – os franceses – juntaram-se a nós menos de duas décadas depois para combater o nosso inimigo comum, a Inglaterra.”

“Então, você concorda que as pessoas que afirmam que a China e os EUA nunca se unirão para resolver estes problemas? . .” Eu paro.

“Não entendo a história.” Ele bate palmas.

“A história é feita por aqueles que desafiam a probabilidade.”

“Sem dúvida”, diz ele, com as sobrancelhas arqueadas em pensamento. “É tudo uma questão de transformar percepções. Tal como eu, juntamente com colegas como Tom Paine, Thomas Jefferson e John e Samuel Adams, tivemos de persuadir os colonos da vulnerabilidade britânica, você e os seus amigos devem convencer as pessoas – tanto na América como na China – de que a sua percepção tem de mudar. .”

“Alguma ideia, Sr. Presidente?”

“As vossas nações, a América e a China, estão envolvidas numa competição feroz. E cada um de vocês está destruindo a vida no planeta. Correto?"

"Infelizmente sim."

“Então você tem que transmitir a mensagem de que é uma competição maluca. Ninguém vence em um planeta morto. Você precisa mudar a percepção do que significa ter sucesso. Enterre as ideias daquele homem que foi o Comandante-em-Chefe dos Economistas. Já é hora de ele e sua filosofia fracassada serem descartados.”

“Abandonando o objetivo de maximizar os lucros de curto prazo e o materialismo.”

“Pelo amor de Deus, mude esse objetivo para um objetivo racional. Transforme em heróis as pessoas que promovem benefícios de longo prazo para todos – e para o planeta.”

"Brilhante." Eu sorrio para ele. “Claro, isso é contra todas as probabilidades.”

"Sim." Ele retribui meu sorriso com o seu próprio sorriso de boca fechada. “E a história é feita por aqueles que desafiam a probabilidade.”

Faço uma saudação divertida ao seu retrato e me viro para sair do meu escritório, sentindo o peso atemporal de sua perspectiva – e meu próprio propósito renovado.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Gigante da carne brasileira é criticada por supostamente enganar investidores

 

A JBS vendeu mais de US $ 3 bilhões em 'títulos verdes' nos EUA, mas um grupo de vigilância diz que seu impacto nas florestas amazônicas desmente suas promessas




Um pequeno grupo ativista chamado Mighty Earth está enfrentando a gigante brasileira de alimentos JBS para saber se seus títulos “verdes” merecem essa conotação ecológica.


Em 2021, a JBS, a maior empresa de carnes do mundo e gigantesca empresa de processamento de alimentos, vendeu US$ 3,2 bilhões em “títulos verdes” vinculados às metas de sustentabilidade da empresa. Se a JBS não atingir suas metas de emissões de gases de efeito estufa, será penalizada e pagará aos detentores de títulos um “valor elevado ou pagamento de prêmio”, diz a empresa.


Na terça-feira, a Mighty Earth apresentou uma reclamação à Securities and Exchange Commission alegando que a JBS já não está cumprindo suas metas de emissões. A Mighty Earth quer que a agência imponha penalidades e liminares à empresa brasileira, que diz ter contribuído ou ignorado o desmatamento realizado por seus fornecedores.


“Vemos a JBS como uma das três empresas fundamentais para mudar toda a indústria da carne”, disse Glenn Hurowitz, fundador e presidente-executivo da Mighty Earth. “Tem de longe as maiores emissões de qualquer empresa na agricultura.” As emissões de metano da empresa excedem o total combinado da França, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia, disse o grupo.


A JBS contesta as acusações. Ele disse que US$ 7 bilhões seriam “canalizados” para a sustentabilidade. Ela planeja adotar energia solar suficiente para todas as suas lojas Swift & Company, uma empresa americana adquirida em 2007. Ela firmou uma parceria com a empresa europeia de saúde e nutrição DSM para reduzir as emissões de metano de seus rebanhos bovinos. E a empresa planeja mais de US$ 1 bilhão em gastos de capital na próxima década para reduzir a intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 30%.


Nikki Richardson, porta-voz da JBS, disse por e-mail que a empresa espera reduzir suas emissões de Escopo 3 — impactos climáticos causados ​​por fornecedores e outras entidades que a empresa não controla diretamente.


“Embora reconheçamos a importância de medir e, finalmente, reduzir as emissões do escopo 3, um método amplamente aceito para medir as emissões do escopo 3 não existe atualmente para o nosso setor”, disse a JBS em um documento.


A reclamação desta semana ocorre quando a SEC deve revelar até abril novas regras sobre divulgações relacionadas ao clima. As organizações ambientais esperam que essas regras aumentem a transparência, exigindo que as empresas emitam relatórios periódicos sobre os riscos relacionados ao clima e seus impactos no meio ambiente.


Em alguns casos, a SEC já atuou nessa frente. Em novembro passado, a SEC acusou o Goldman Sachs Asset Management de deturpar dois de seus fundos mútuos e uma conta gerenciada separadamente que o Goldman havia comercializado, que apresentava investimentos ambientais, sociais e de governança. Para resolver as acusações, a GSAM concordou em pagar uma multa de US$ 4 milhões.


Mas as novas regras da SEC terão de lidar com a questão mais ampla de como as empresas calculam as emissões provenientes de fontes que não possuem ou controlam.


“Este é um ótimo exemplo de por que os investidores precisam desesperadamente de divulgações padronizadas de riscos financeiros climáticos”, disse David Shadburn, defensor de assuntos governamentais da League of Conservation Voters. “A empresa conseguiu se beneficiar de um título vinculado à sustentabilidade e fazer uma lavagem verde para potenciais investidores.” Ele disse que 90% das emissões da JBS vêm de sua cadeia de suprimentos.


Os desmatadores estão saqueando a Amazônia. O Brasil está deixando eles se safarem.


A JBS não contesta a necessidade de medidas corporativas para frear as mudanças climáticas. Em março de 2021, a empresa se comprometeu a atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040.


“A mudança climática é a questão mais premente que a sociedade enfrenta hoje e tem o potencial de impactar negativamente as gerações futuras se uma ação ousada não for tomada imediatamente”, disse a empresa separadamente em uma “estrutura” publicada para investidores em títulos em junho de 2021. “Esta questão também representa riscos significativos para nossos negócios, nossos parceiros produtores, clientes e consumidores”.


Mighty Earth defende mais divulgação. Ele diz que, para um processador de carne como a JBS, os números do abate total de animais são um “componente indispensável” das emissões totais de gases de efeito estufa da empresa. Apesar disso, a JBS escondeu seus números totais de abate de animais desde 2017, disse o grupo.


A JBS diz que não enganou os investidores. Richardson disse em um e-mail que seus títulos estavam vinculados apenas às emissões de escopo 1 e 2 e apenas à intensidade das emissões, o que significa que as emissões poderiam continuar a crescer se o negócio também crescesse.


“É importante ressaltar que esses títulos não se destinam a financiar todo o processo de descarbonização”, disse Richardson. Ela disse que eles foram “claramente projetados e estruturados” para atender às instalações da JBS sob controle da empresa.


“Devemos começar com elementos sobre os quais temos controle direto e que possuem diretrizes de medição robustas e confiáveis”, disse a empresa em um comunicado.


A JBS está buscando tempo, no entanto, para impedir a destruição das florestas tropicais causada pela produção de carne bovina. A empresa disse que eliminará o desmatamento ilegal da Amazônia de sua cadeia de suprimentos até 2025, mas não interromperá completamente o desmatamento globalmente em suas cadeias de suprimentos até 2035.


Lições da investigação do The Post sobre o desmatamento na Amazônia


Em novembro passado, a JBS admitiu ter comprado cerca de 9.000 cabeças de gado de fazendas ilegais na Amazônia. A JBS disse ter sido vítima de uma fraude.


Fundada em 1953 no oeste do Brasil, a JBS se expandiu do Brasil e da Argentina para os Estados Unidos e além. Embora não seja muito conhecida, adquiriu o negócio de suínos da Cargill, o negócio de carne bovina da Smithfield Foods e a maior parte da produção de frango da Pilgrim's Pride.


Em 2017, a JBS foi envolvida em investigações de financiamento e suborno no Brasil. Nos últimos cinco anos, resolveu quatro casos de fixação de preços nos Estados Unidos e pagou US$ 27 milhões por violações da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior.


A Mighty Earth diz que a JBS “escolhe e escolhe o que divulgará e para quem sobre suas emissões de gases de efeito estufa”.


A organização diz que a JBS está pensando em explorar os mercados de capitais dos EUA para uma oferta pública, mas a disputa sobre as emissões pode dificultar isso.


“A JBS quer dólares americanos de nossos mercados de capitais”, disse Kevin Galbraith, advogado da Mighty Earth. “Ao mesmo tempo, eles não querem o escrutínio regulatório que acompanhará isso.”


Fonte: The Washington Post


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Polícia alemã expulsou Greta Thunberg de protesto contra mina de lenhite


Os movimentos ambientalistas denunciaram que as tropas "reprimiram duramente" os que participaram da reivindicação.




 A polícia alemã deteve a ativista sueca Greta Thunberg  e outros manifestantes na terça-feira durante um protesto contra o despejo e demolição da cidade de Lützerath , no oeste da Alemanha,  para expandir uma mina de carvão a céu  aberto. Os movimentos ambientalistas denunciaram que as tropas "reprimiram duramente" os que participaram da reivindicação.

Centenas de ativistas ambientais - incluindo Thunberg - estavam realizando uma manifestação na terça-feira perto da  mina de linhito Garzweiler 2,  quando foram  presos  e levados a cerca de 50 metros do local. Eles permaneceram lá por várias horas até que conseguiram "identificar todos".


Cerca de 15 mil pessoas participaram no protesto, que começou na passada sexta-feira, para exigir a paragem do despejo  de Lützerath com vista à extração de lenhite, promovido pela empresa alemã RWE.  A marcha começou na cidade vizinha de Keyenberg e continuou até a mina Garzweiler 2.


“É uma pena que o governo alemão faça acordos e compromissos com empresas como a RWE”, disse Thunberg em seu discurso.


A jovem ativista destacou em suas redes sociais que os habitantes de Lützerath “há anos resistem à expansão da mina”. Além disso, lembrou que esta luta representa também a luta contra as alterações climáticas em todo o mundo.


"Vamos usar a força para levá-lo ao controle de identidade, então, por favor, coopere", disse um policial a pessoas sentadas na beira da mina de carvão, incluindo Thunberg. “O grupo está detido” porque “permanecer no local era perigoso”,  argumentou um porta-voz, embora não tenha especificado sob quais acusações.


Após o despejo das casas e fazendas em Lützerath, as tropas isolaram a aldeia. A esse respeito, os movimentos ambientalistas garantiram que a polícia agiu "desproporcionalmente", jogando água e spray de pimenta, e até "acertando golpes na cabeça dos ativistas.


Segundo o governo do social-democrata Olaf Scholz, que em outubro passado autorizou a RWE a demolir a cidade, o protesto "não foi pacífico" e "obstruiu o trabalho das equipes de saúde".


Embora o Governo alemão tenha manifestado que pretende abandonar a extração de carvão na Renânia do Norte-Vestfália até 2030, segundo o acordo assinado com a empresa, a curto prazo prevê-se o aumento desta atividade face à “crise energética derivada da a invasão russa da Ucrânia".

Fonte: Página|12


UOL: Greta Thunberg presa: Vídeo mostra momento em que ativista é presa após protestar na Alemanha



No Twitter 


 

Comentários Facebook