Joe Biden, o grande humanitário, passou quase seis meses
trabalhando nos bastidores para chegar a um cessar-fogo em Gaza, lutando para
superar os bloqueios da China e da Rússia?
Criminosos de Guerra: Benjamim Netanyahu / Joe Biden
É isso que as manchetes e os narradores da grande mídia
querem que você acredite. Mas não é bem assim… Deixo te explicar por que isso é
importante.
Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU não aprovou
uma resolução de cessar-fogo em Gaza apoiada pelos EUA. A China e a Rússia
votaram não. O que você talvez não tenha ouvido é o motivo — e não é
porque o Biden, que doa as armas usadas para matar as crianças e já
barrou quatro pedidos de cessar-fogo, finalmente amoleceu seu coração e
resolveu intervir no genocídio.
A verdade é que, na resolução proposta pelos EUA, não
existia a exigência expressa de um cessar-fogo imediato em Gaza. Eles sequer
acionaram o corpo de paz da ONU para monitorar a retirada de tropas e manejar
os civis; além de não mencionarem o artigo 41 para punir os crimes de guerra de
Israel. É por isso que foi vetada.
Mas olha só a parte mais interessante: O quase
cessar-fogo cínico só surgiu depois que os assessores de Biden perceberam que
seu novo apelido "Joe Genocida" poderia lhe custar a eleição
presidencial em novembro.
E só por isso, nesta semana, o Conselho de Segurança da ONU
finalmente conseguiu aprovar uma votação real sobre o cessar-fogo, com os EUA
–chateadíssimos – se abstendo em vez de vetar.
Entenda bem: Isso só aconteceu graças a um movimento de
protesto popular e raiz em todo o país, onde os democratas estão votando
nulo em vez de votar em Biden nas eleições primárias, algo sem precedentes nos
EUA.
As pessoas ignoraram o que a grande mídia lhes contava para
seguir sua consciência. A Casa Branca está nervosíssima e seu relacionamento
com Israel é o pior dos últimos anos.
Mas a luta ainda não terminou. Israel disse que
pretende ignorar a decisão da ONU — a vida de milhões de pessoas está literalmente
em jogo. Israel quer invadir Rafah, um bairro onde 1,5 milhão de refugiados
estão abrigados, tornando uma crise humanitária horrível ainda mais
desesperadora.
Agora é a hora de todo mundo apertar ainda mais e
precisamos de você.
No Intercept, nós nos dedicamos há oito anos a manter você
informado sobre o que realmente está acontecendo em Gaza e em outras
catástrofes totalmente evitáveis e criminosas. Para que todos nós possamos
ficar deprimidos juntos? Não! Para que todos nós possamos fazer algo a
respeito!
Essa missão é incrivelmente urgente e só é possível porque
somos sustentados por leitores como você e não por grandes corporações com seus
rabos presos. Sem você, não somos nada.
Precisamos da sua ajuda para lutar pela vida e contra o
consenso da mídia. Estamos muito aquém de nossa meta mensal de arrecadação
de fundos e isso está me deixando nervoso.
Se não conseguirmos chegar lá, teremos que cancelar alguns
de nossos projetos de reportagem mais ambiciosos, o que seria terrível para a
sociedade e para as pessoas cujas vidas estão em jogo.
Se você é leitor ávido do Intercept, já está careca de saber
que os EUA e a grande mídia sempre andaram de mãos dadas.
Ainda sim, é chocante ver como o establishment jornalístico
está fazendo vista grossa para a limpeza étnica promovida por Israel com o
apoio estadunidense.
Não encontramos nenhuma manchete condenando a atitude dos
EUA como aconteceu com a China e Rússia.
Agora a pergunta que não quer calar é: quando os EUA vão
parar de fornecer armas a Israel e começar a enviar ajuda humanitária DE
VERDADE para os civis?
Quantos milhares de crianças mais precisam morrer?
Basta dessa hipocrisia, o público tem direito ao acesso
gratuito e amplo a essas informações. Por este motivo o Intercept PRECISA
existir.
Sabemos como a informação de qualidade e livre de viés
corporativo é crucial para nos organizarmos politicamente e exigir mudanças
sociais significativas.
Representamos mais do que um simples jornal, somos parte de
um movimento global; e precisamos que você faça parte dele também para
continuarmos com nossa missão.
Vereadora foi executada no mesmo dia da aprovação do projeto
ao qual ela se opunha
Chiquinho Brazão chega preso no avião da Polícia Federal, em
Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/folhapress)
O caso Marielle Parte 35
Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu
assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de
Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê?
O DIRETOR-GERAL DA POLÍCIA FEDERAL diz que são
várias as situações que motivaram o deputado Chiquinho Brazão, o irmão, Domingos
Brazão, e Rivaldo Barbosa, a planejarem e encomendarem a morte da
vereadora Marielle
Franco em 2018.
A mais latente é uma disputa imobiliária: os Brazão
tinham interesse em fazer loteamentos na zona oeste do Rio, e Marielle se
opunha ao empreendimento. O assassino Ronnie Lessa receberia terrenos como
pagamento pelo crime.
Em seu relatório final sobre o caso Marielle,
a Polícia Federal, e menciona que Chiquinho foi “surpreendido por dificuldades
na obtenção de votos para a aprovação [do projeto], sendo certo que, em
primeiro turno, com votos contrários da bancada do Psol e, consequentemente, de
Marielle Franco, houve a apresentação de um substitutivo, ampliando a abrangência
territorial da lei”.
Segundo as investigações, em 2017 os Brazão haviam
infiltrado Laerte
Silva de Lima no Psol para monitorar Marielle Franco, pela qual eles
tinham “repugnância”. Lima e a mulher se filiaram ao partido naquele ano.
Foi por meio do infiltrado que os milicianos souberam que a
vereadora pedia para a população para que não aderisse aos loteamentos erguidos
em áreas de milícia. Em 2021, a polícia encontrou
documentos que apontavam que Laerte lavou milhões de reais para a
milícia com criptomoedas. Ele chegou a ser investigado no caso Marielle, mas
isso não foi adiante.
Projeto foi aprovado no dia da morte de Marielle
Na Câmara de Vereadores carioca, Chiquinho Brazão, hoje
deputado federal pelo União Brasil – e na época do crime vereador pelo Avante
–, tinha um interesse especial no PLC
n.º 174/2016, projeto sobre regularização de loteamentos em Vargem Grande,
Vargem Pequena, Itanhangá e Jacarepaguá.
O projeto, proposto por Chiquinho, visava favorecer a expansão
de construções irregulares na zona oeste, área onde ele, Marcelo
Siciliano e Junior da Lucinha disputam
votos. Ele já havia tentado aprovar um projeto semelhante anos antes.
Em depoimento que consta no relatório da PF, um assessor da
Câmara disse que “o risco da não aprovação do PLC 174/2016 teria causado grande
insatisfação do Vereador Chiquinho Brazão com a bancada do Psol e,
consequentemente, com Marielle, que votou contra por entender que o projeto não
atendia ‘áreas carentes’, mas regiões de classe média e alta”.
Chiquinho não gostou da oposição do Psol e de Marielle.
Considerava que o voto contrário da vereadora, e a consequente aprovação
apertada do projeto, geraria desgaste político a ele. Conforme a testemunha,
Chiquinho ficou irritado, algo incomum para alguém habitualmente “discreto e
tranquilo”.
A testemunha apontou o Psol como o “calcanhar de Aquiles” do
MDB, partido de Brazão, na época. Ela citou ainda um outro caso que
desestabilizou ainda mais o partido, que estava sofrendo os impactos da Operação
Lava Jato. Uma ação popular do Psol impediu que o ex-deputado
Edson Albertassi, do MDB, fosse nomeado ao Tribunal de Contas do Estado.
Isso impediria qualquer gerência do MDB sobre a operação para o Superior
Tribunal de Justiça.
A testemunha disse ainda que a morte de Marielle “paralisou
o Psol no Rio de Janeiro, uma vez que amedrontou os parlamentares, assessores e
demais empregados do partido”.
O relatório da Polícia Federal diz que o descontentamento de
Brazão “ocorreu em período compatível com aquele mencionado por Ronnie Lessa”
em colaboração premiada, no segundo semestre de 2017, “o que pode ter sido o
estopim para que fosse decretada a pena capital de Marielle pelos irmãos
Brazão”.
Marielle e Anderson foram executados no dia 14 de março de
2018. Foi coincidentemente a mesma data em que foi aprovada a redação final do
PLC n.o 174/2016 no Plenário da Câmara.
O PLC acabou vetado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella, do Republicanos, em 5 de abril de 2018. O veto foi derrubado cerca de
um mês depois e a Lei
Complementar 188/2018 foi publicada. A vontade de Chiquinho foi
cumprida.
Correção: 24 de março de 2024, 20h52
O prefeito responsável por vetar o PLC foi Marcelo
Crivella, e não Eduardo Paes. O texto foi corrigido.
Filme da Al Jazeera reconstrói o ataque do Hamas com detalhe
inigualável. Assista à versão em português produzida em parceria com o
Intercept Brasil
Alegações das Forças de Defesa de Israel de que seus agentes
encontraram 8 bebês queimados em uma casa num kibutz eram falsas.
MENTIRAM PARA VOCÊ sobre o que aconteceu em 7 de
outubro de 2023. O Hamas invadiu
Israel e matou centenas de civis e soldados — isso é verdade — mas as alegações
mais incendiárias usadas para justificar o
bombardeio maciço de Gaza por Israel não são
comprovadas ou são histórias fabricadas, refutadas pelas provas.
Além disso, uma inspeção mais minuciosa mostra que alguns
dos piores crimes atribuídos ao Hamas podem ter sido cometidos pelos próprios
militares israelenses, como resultado do uso de armamento pesado contra civis e
reféns.
O filme, adaptado para o português em parceria com o
Intercept Brasil, é a investigação mais abrangente e detalhada já publicada
sobre o episódio – e uma resposta contundente à boa parte da cobertura
da grande mídia desde então. Ele desnuda a propaganda israelense ao
mostrar o que realmente se passou no 7 de outubro em Israel e na Palestina, minuto por
minuto.
A equipe de
documentaristas da Al Jazeera vasculhou os registros governamentais e os depoimentos
de centenas de sobreviventes para compilar uma lista detalhada de vítimas.
Também examinou sete horas de filmagens — grande parte delas obtidas em câmeras
de combatentes do Hamas mortos — e conduziu várias entrevistas com
especialistas.
Se você for assistir a apenas uma reportagem sobre o
tema, escolha essa.
ASSISTA A “7 DE OUTUBRO”,
O DOCUMENTÁRIO DA AL JAZEERA
‘Uma retaliação terrível contra os palestinos’
As descobertas
dos jornalistas da Al Jazeera mostram que os principais
jornais e políticos influentes como o presidente dos EUA,
Joe Biden, fizeram parte — voluntariamente ou não — de uma campanha de
desinformação em massa. Israel utilizou essa confusão para justificar seu
ataque sem precedentes a Gaza,
em curso há quase seis meses, que já matou mais de 32 mil pessoas –
46 palestinos para
cada civil israelense morto pelo Hamas e
pelas forças israelenses em 7 de outubro.
‘Se você consegue provocar o sentimento de repulsa nas
pessoas, acho que elas ficam mais propensas a apoiar, por exemplo, uma
retaliação terrível contra os palestinos’.
Para Marc Owen Jones, professor de estudos do Oriente Médio
e analista de mídia entrevistado no filme, essas atrocidades inventadas têm uma
função importante: enfatizar a brutalidade. “Se você consegue provocar o
sentimento de repulsa nas pessoas, acho que elas ficam mais propensas a apoiar,
por exemplo, uma retaliação terrível contra os palestinos”, diz Jones.
Chegada de palestinos feridos ao Hospital dos Mártires de
Al-Aqsa. 06 de março de 2024, Gaza, Palestina. Foto: Hashem
Zimmo/Thenews2/Folhapress
Os crimes de Israel
O filme também detalha as falhas gritantes dos serviços de
inteligência e dos militares israelenses, que ignoraram evidências e avisos de
analistas e que poderiam ter evitado a chocante vitória militar do Hamas.
Na madrugada de 7 de outubro, por exemplo, os principais
líderes militares israelenses foram alertados que havia grandes e incomuns
movimentos de tropas. Uma analista de inteligência alertou repetidamente que o
Hamas estava planejando algo grande. Eles até obtiveram uma cópia do plano de
ataque, mas tudo isso foi ignorado.
As imagens de combate coletadas pelos cineastas sugerem que
nem mesmo os militantes palestinos esperavam romper tão facilmente a linha
militar israelense, o que lhes permitiu avançar sobre áreas civis, como o
festival de música Nova. Lá, centenas de pessoas foram mortas, primeiro por
combatentes do Hamas e depois por soldados e pilotos também israelenses em
pânico, que dispararam contra carros em fuga sem identificar corretamente quem
eram os alvos.
Gravações das forças armadas israelenses, análises de
especialistas e depoimentos de sobreviventes mostram que Israel abriu fogo
contra civis, os incinerando, numa tentativa de evitar que eles virassem reféns
do Hamas, que poderia usá-los como moeda de barganha.
O festival Nova também foi o principal local onde teriam
ocorrido estupros em massa, inclusive alguns descritos por supostas
testemunhas, com detalhes horríveis. Uma reportagem
de capa do New York Times virou peça chave do argumento de apoiadores
da escalada genocida da violência israelense contra Gaza. Apesar das várias
inconsistências já apontadas na reportagem, o jornal tem se recusado a admitir
falhas e se retratar.
Os investigadores da Al Jazeera encontraram uma única prova,
um único vídeo, que poderia indicar violência sexual. Madeleine Rees, advogada e
diretora da Women’s International League for Peace and Freedom (Liga
Internacional de Mulheres por paz e liberdade, em tradução livre), estudou as
alegações. “Eu acredito que tenha havido estupro”, ela diz em entrevista.
“Em todos os conflitos sempre que há homens armados com a
intenção de praticar violência, é altamente improvável que não haja violência
sexual. Mas nada que eu tenha visto publicado até agora sugere que tenha sido
generalizado e sistemático” Rees disse.
Ela observa ainda que uma comissão da ONU solicitou
imediatamente a permissão de Israel para investigar as supostas atrocidades,
mas o grupo “foi barrado por Israel”.
As destruições no local da retirada do exército israelense
do bairro Al Amal e do Hospital Nasser na cidade de Khan Yunis durante o
conflito Israel-Palestina. Foto: Hashem Zimmo/Thenews2/Folhapress
A lorota dos 40 bebês decapitados
O filme também mostra, de forma conclusiva, que o mais
obsceno dos supostos crimes de guerra atribuídos ao Hamas – a sádica
decapitação e queima de 40 bebês no kibutz Kfar Aza, alegado por fontes
militares israelenses e repetido inquestionavelmente pelos principais
jornais do mundo – não tem fundamento. Dois bebês foram mortos em
Israel naquele dia, não 40, e nenhum em Kfar Aza, como mostra a lista de óbitos
compilada pelos jornalistas da equipe investigativa da Al Jazeera.
Essa mentira foi uma arma importante na guerra de propaganda de
Israel. O presidente dos EUA,
Joe Biden, até chegou a afirmar que viu pessoalmente “fotos de terroristas
decapitando crianças”. Mas a Casa Branca vergonhosamente reconheceu mais
tarde que Biden nunca havia visto essas imagens — mas isso só depois que a
desinformação já havia se espalhado pelo mundo.
Enquanto isso, relatos de jornalistas e
médicos em Gaza sobre crianças palestinas decapitadas e com os membros arrancados
por bombas israelenses passaram relativamente despercebidos nos
mesmos veículos.
VEJA A SÉRIE QUE ISRAEL TENTOU ESCONDER DE VOCÊ
A invasão de Rafah
Pelo menos 32.070 palestinos foram mortos e outros 74.298
ficaram feridos desde outubro em Gaza. A maioria esmagadora de seus 2,3 milhões
de habitantes foi deslocada forçadamente dentro do território. Em Rafah, no sul
da Faixa de Gaza, estão abrigados em tendas 1,5 milhão de pessoas, a maior
parte mulheres e crianças. É a última “zona segura” de Gaza, como Israel
designou – mas por pouco tempo.
Segundo reportagens, o primeiro-ministro de Israel,
Benjamin Netanyahu, disse ao
secretário de Estado dos EUA,
Antony Blinken, que Israel invadiria Rafah – já sob bombardeio – com ou sem
o apoio
dos EUA.
Também na sexta-feira, 22 de março, o Conselho de Segurança
da ONU novamente não
conseguiu chegar a um acordo sobre
o cessar-fogo, enquanto o número de mortos por fome, desnutrição e falta de
assistência médica aumenta.
Se não houver uma solução política negociada com pressão da
comunidade internacional em breve, os próximos dias poderão abrir a fase mais
sangrenta da campanha
genocida de Israel contra o povo palestino.
EXCLUSIVO: Israel ignorou informações que impediriam o 7 de outubro e mentiu sobre Hamas para esconder que eles mataram seus próprios civis, revela documentário da @AJIunit. A versão em português é uma parceria com o @TheInterceptBR. ASSISTA! pic.twitter.com/WEa9cxGIJg
Depois de um soldado da reserva israelita chamado David Ben
Zion ter dito a um repórter que militantes palestinianos “cortaram cabeças de
bebés”, Biden, Netanyahu e os meios de comunicação internacionais amplificaram
a afirmação duvidosa.
Isto foi confirmado pela civil israelita, Yasmin Porat, que
sobreviveu a um impasse de reféns em Be'eri. Ela afirmou que, durante
confrontos intensos, as Forças Especiais Israelenses “sem dúvida” mataram todos
os reféns restantes, juntamente com dois militantes do Hamas que se renderam,
usando projéteis de tanques e tiros frenéticos.
O mundo dá voltas. O ex-advogado-geral da União Bruno
Bianco, escalado por Jair Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno para atuar na tentativa de golpe de estado em 2022, voltou aos
corredores do Executivo Federal durante o governo Lula – desta vez como lobista
do BTG Pactual. Desde julho de 2023, após cumprir quarentena, Bianco ocupa o cargo de gerente de relações institucionais no
banco de investimentos.
No dia 4 de fevereiro de 2024, Bruno Bianco liderou uma reunião entre o BTG e os dois principais assessores do ministro
da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, nas dependências da própria AGU, em
Brasília: o ministro-substituto Flávio José Roman e advogado-geral adjunto
Paulo Ceo. Além deles, esteve no encontro o procurador da Agência Nacional de
Telecomunicações, Cássio Cavalcante.
A pauta da reunião não consta nas agendas oficiais de Román,
Ceo e Cavalcante, mas foi registrada por Ana Paula Severo, subprocuradora da AGU, que
também esteve presente. Segundo a descrição dela, o assunto foi a "solução
consensual da Oi junto ao TCU", um tema que movimenta o mercado de
telecomunicações por envolver cifras que chegam a R$ 50 bilhões e que está
diretamente ligado aos interesses do BTG Pactual.
Maior operadora de telefonia fixa do país, com atuação em
88% dos municípios, a Oi está à beira da falência. A situação é alvo de intensa
preocupação no BTG Pactual, que é dono de quase 70% da V.tal, uma empresa de infraestrutura de
telecomunicações que será diretamente impactada pelo futuro da Oi, já que as
duas empresas compartilham infraestrutura e contratos comerciais.
Devido à intensa relação entre a Oi e a V.tal, qualquer mudança na
situação da operadora, como intervenção governamental ou alteração de ativos
pela Anatel, afeta diretamente os interesses do BTG. Os planos de expansão da
V.tal, vinculados a compromissos específicos, também são moldados pela
resolução da crise da Oi, impactando as projeções de investimento e retorno do
BTG.
A crise parecia próxima ao final nesta semana, quando a Assembleia
Geral de Credores da Oi votaria o plano de recuperação judicial da operadora,
mas a reunião foi cancelada. Assim, todas as atenções ficam voltadas para o
possível acordo entre Oi, Anatel e TCU, tema da visita de Bianco ao governo
Lula. A possível decisão de mudar as concessões de telefonia fixa para o modelo
de autorização é crucial para a Oi se livrar de obrigações regulatórias
pesadas.
Hoje lobista com acesso ao governo Lula, um ano antes, Bianco defendeu, em uma reunião ministerial de Jair
Bolsonaro, um encontro de teor golpista com embaixadores, que inclusive tornou
o ex-presidente inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios
de comunicação.
As declarações de Bianco constam de um vídeo com a íntegra
da reunião, realizada em julho de 2022, que embasou a operação da Polícia
Federal contra militares e ex-ministros de Bolsonaro suspeitos de participarem
de uma tentativa de golpe de estado. Em sua fala, Bianco disse que Bolsonaro
estava "corretíssimo com relação à reunião com embaixadores".
"O senhor também está correto em mostrar para o mundo,
como chefe de Estado, a sua postura", acrescentou o então advogado-geral
da União.
As imagens foram encontradas no computador de Mauro Barbosa
Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e tornadas públicas pelo ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o STF.
Como se não bastasse, o general Augusto Heleno, ex-ministro
do Gabinete de Segurança Institucional, escalou a AGU, então chefiada por
Bianco, como protagonista de uma trama golpista que consta no 'diário' em que
fazia anotações sobre a tentativa de mudar o resultado das eleições, segundo reportagem da Veja.
Enquanto Heleno, Bianco e Bolsonaro se envolviam na trama,
um outro ministro do governo já estava ligado no caso BTG. Em 19 de dezembro de
2022, poucos dias antes do fim da gestão, a V.Tal recebeu autorização de Fábio Faria, então ministro das
Comunicações, para captar até R$ 2,5 bilhões em recursos para projetos de
telecomunicações na modalidade incentivada, com redução na cobrança do imposto
de renda para investidores. Um dia depois da autorização, Fábio Faria deixou o
governo.
Com a canetada, os projetos listados pela V.tal se tornaram
prioritários na emissão de debêntures. A portaria segue em vigor, já que tem
validade de cinco anos. Com a decisão, a emissão das debêntures da V.Tal passou
a contar com benefício fiscal, com a redução de 22% para 15% no Imposto de
Renda para pessoas jurídicas e para 0% entre investidores pessoas físicas.
Três meses depois de sair do governo Bolsonaro, Fábio Faria
também foi trabalhar na área de relações institucionais do BTG.
O jornalismo corporativo — especialmente dos Estados Unidos
e do Brasil — tem um viés pró-Israel e anti-Palestina. Com a Operação
Tempestade al-Aqsa, do Hamas, as distorções estão voando soltas.
Carlos Latuff
“MEU DEUS, É IGUAL à intervenção militar nas
favelas do Rio – mas muito pior.” Isso é o que Cecília Olliveira, do Intercept,
dizia repetidas vezes, horrorizada, enquanto caminhávamos pelos postos de
controle militar israelenses e nas ruas enjauladas de Hebron, a cidade distópica
que é a maior da Cisjordânia, na Palestina.
Os colonos religiosos israelenses – muitas vezes nascidos
fora dali, em países como os Estados Unidos – estão casa a casa, centímetro a
centímetro, tentando estrangular e desenraizar a sociedade palestina em Hebron
e tomar a cidade santa. É seu “direito divino”, argumentam. O direito
internacional e as organizações de direitos humanos como a Anistia
Internacional, a Human Rights Watch e a B’Tselem utilizam um vocabulário
diferente: ocupação ilegal, Apartheid e crimes contra a humanidade, entre
outros.
A realidade segregada e militarizada da cidade é chocante
para qualquer observador externo, mas as condições são muito melhores do que as
dos palestinos que vivem em Gaza, que é considerada pelas organizações de
direitos humanos a maior e mais superlotada prisão ao ar livre do planeta, com
2 milhões de habitantes.
No sábado, o primeiro-ministro israelense Benjamin
Netanyahu fez declarações
abertamente genocidas: “Vamos transformar Gaza numa ilha deserta. Aos cidadãos
de Gaza, eu digo: vocês devem partir agora. Iremos atacar todos e cada um dos
cantos da faixa.” Evacuar ou ser bombardeada — só que os cidadãos de Gaza
não tem para onde correr.
O ministro da segurança nacional que ajudará Netanyahu a
cumprir essa promessa é
Itamar Ben-Gvir, um colono extremista que foi condenado em um tribunal
israelense por apoiar uma organização terrorista e incitar o racismo contra os
palestinos em 2007.
Numa sucessão de ataques militares a zonas civis densamente
povoadas nos últimos anos, Israel bombardeou instalações
de tratamento de água, centrais elétricas, hospitais e escolas de Gaza, fechou
as suas fronteiras e portos, proibiu a operação de um aeroporto e destruiu pelo
menos um terço das terras agrícolas de Gaza desde 2000, quando evacuou
assentamentos israelenses ilegais na área. No sábado, Israel lançou outro
bombardeio a Gaza, o oitavo grande ataque desde 2005.
A causa imediata foi uma operação violenta sem precedentes
perpetrada pela ala militante do Hamas, o partido político que governa Gaza
desde a última eleição em 2006 e que tem apoio da população palestina. Esse
ataque, chamado de “Operação Tempestade al-Aqsa”, surge no contexto de uma
série de ações agressivamente provocativas por parte do governo israelense nos
últimos meses — geralmente omitidas de cobertura jornalística — além de 75 anos
de ocupação, e 16 anos de embargo apertado da Gaza.
Observadores internacionais, lideranças palestinas e
pesquisas de opinião pública palestinas têm sinalizado há tempos que uma
resposta violenta às agressões israelenses estava se desenhando, mas a
liderança israelense de extrema-direita nunca imaginou que um golpe dessa
magnitude fosse possível.
Até o momento,
mais de 413 palestinos e 700 israelenses foram mortos. Há ainda mais de 2.300
feridos de cada lado.
Os olhos do mundo, depois de ignorar os ataques diários
contra os palestinos,
estão agora voltados para a tragédia em curso na Palestina e Israel. E, como é
de se esperar, muitas das mesmas distorções, mentiras e meias-verdades de
sempre estão sendo repetidas nos meios de comunicação corporativos e nas redes
sociais para legitimar a violência israelense e atacar a resistência palestina
à colonização.
Listo abaixo uma seleção de algumas das narrativas mais
difundidas e perniciosas da mídia, tanto nos Estados Unidos e Reino Unido
quanto no Brasil, onde a imprensa empresarial reflete em grande parte os pontos
de vista estadunidenses sobre assuntos internacionais.
1. O “conflito Israel-Palestina” é uma “guerra”
Referir-se à ocupação israelense da Palestina como um
“conflito” ou aos ataques israelenses como parte de uma “guerra” serve
incorretamente para criar uma falsa equivalência entre as duas partes, como se
fossem iguais e equilibradas.
Israel é uma nação independente que investe R$ 120 bilhões
por ano nas forças militares e de inteligência, que estão entre as mais
sofisticadas do mundo. Controla as fronteiras, os céus, as costas marítimas, as
telecomunicações e a economia da Palestina, cujo governo tem uma autonomia
extremamente limitada. A resistência armada palestina durante anos incluiu
facas, fogos de artifício, explosivos caseiros e parapentes como parte
essencial do seu arsenal. Os palestinos não têm tanques, aviões, navios de
guerra, submarinos ou artilharia pesada. Nos últimos anos, receberam mais ajuda
militar estrangeira — ainda irrisória em comparação ao poderio dos militares
israelenses.
Israel não está em “guerra” ou em “conflito” com o Hamas ou
com a nação da Palestina — é uma força de ocupação colonial ilegal que usa seu
exército poderoso para, diariamente, cometer crimes contra a humanidade para
reprimir os palestinos, um povo que está resistindo sua colonização racista.
Deixando de lado uma série de decisões políticas e jurídicas
autoritárias dos últimos anos, Israel realiza eleições regulares, tem um
parlamento, um Supremo Tribunal, uma imprensa em alguma medida livre e todas as
instituições de uma democracia. Mas falta uma coisa importante: os 5 milhões de
palestinos que estão sob ocupação israelense não têm direito a voto. Se todos
que estivessem sujeitos à autoridade israelense tivessem o direito de votar, a
maioria seria palestina e a política israelense seria totalmente diferente. Se
incluirmos os milhões de refugiados palestinos fora do país que gostariam de
regressar à sua terra natal, o quadro se torna ainda mais claro.
Além disso, a maioria eleitoral sionista tem passado uma
série de leis discriminatórias que visam limitar os direitos de cidadãos
não-judeus de Israel. Essas são as principais razões pelas quais muitos
observadores internacionais não consideram Israel uma verdadeira democracia.
E embora saibamos que isso não acontece na prática, em
princípio, esperamos que as democracias ocidentais pelo menos finjam que
respeitam os direitos humanos. Israel não tem esta pretensão há anos.
3. A ausência da palavra “Apartheid”
As Nações Unidas, a Anistia
Internacional, a Human
Rights Watch e muitas outras organizações e acadêmicos proeminentes
rotularam Israel como um estado colonial de Apartheid. Isto significa que
o Estado pratica discriminação e segregação sistêmica racial de forma desumana
para oprimir determinadas populações. As provas são esmagadoras e esta é a
realidade dos cidadãos palestinos de Israel e ainda mais dos súditos coloniais
palestinos nos territórios ocupados.
Este fato, contestado pelas autoridades israelenses e muitas
vezes ignorado ou qualificado pela imprensa, é um elemento importante do apelo
palestino à justiça e à autodeterminação e é crucial para demonstrar por que a
resistência palestina é uma luta de libertação legítima e não apenas terrorismo
irracional e antissemitismo, como querem fazer crer.
4. “Israel respondeu à agressão palestina” (A Palestina é
sempre o agressor)
Os ataques israelenses a civis palestinos — que são crimes
de guerra — são quase sempre enquadrados como respostas às provocações
palestinas, colocando assim o ônus sobre os palestinos colonizados. Este
enquadramento por grande parte da imprensa ajuda a atenuar a culpabilidade
israelense, e é geralmente uma delimitação arbitrária que ignora as provocações
criminosas dos israelenses contra os palestinos – muitas vezes feitas
com pleno conhecimento de que estes atos levarão a uma resposta bélica.
Nada une melhor as sociedades do que uma ameaça comum e, em
diversas ocasiões no passado, os líderes israelenses foram
acusados de provocar respostas violentas intencionalmente, a fim de
aumentar a coesão política e obter apoio público.
O Hamas é explícito ao afirmar que as suas ações hoje são
uma tentativa de atrair a atenção da comunidade internacional para a situação
do povo palestino. “Queremos que a comunidade internacional pare com as
atrocidades em Gaza, contra o povo palestino e aos nossos locais sagrados como
al-Aqsa. Todas essas coisas são a razão por trás do início desta batalha”, disse o
porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, à Al Jazeera.
Israel é liderado atualmente pelo governo mais da
extrema-direita da sua história e está passando por graves turbulências
políticas, incluindo manifestações
históricas que atraíram milhões de cidadãos nas ruas, protestando
contra novas reformas autoritárias que diminuem o poder do judiciário. Este
governo extremista tem provocado agressivamente tensões com os palestinos há
meses e os líderes palestinos têm alertado a comunidade internacional de que
estas provocações eram uma escalada que levaria a uma nova escalada.
Em julho passado Israel invadiu Jenin,
um dos maiores campos de refugiados da Cisjordânia, matando 12 pessoas e
atingindo 80% das casas depois de “terraplanar” as ruas com escavadeiras. Um
ministro do governo declarou publicamente
que “não existe” povo palestino e, após uma chacina perpetrada por colonos
israelenses no povoado palestino de Huwara, disse que o local deveria
ser “apagado” pelo Estado.
As provocações israelenses são demasiado numerosas para
serem enumeradas, mas muitas se centraram em torno da mesquita de Al-Aqsa, em
Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islã. A mesquita e seus arredores
têm sido palco de
repetidas e incessantes atos de violência por parte das forças de segurança
israelenses e de colonos judeus ultraortodoxos, muitas vezes gritando“morte aos
árabes”.
“Os ataques diários contra locais sagrados e fiéis durante o
mês sagrado do Ramadã são ações condenáveis e inaceitáveis que irão inflamar a
região e arrastá-la para o abismo”, disse um
porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, que representa o povo
palestino internacionalmente, em abril deste ano. As provocações continuaram e
há três dias, judeus ultraortodoxos invadiram os arredores da mesquita – uma
ofensa grave e intencional – com a ajuda das forças de segurança
israelenses.
Israel também reduziu recentemente
os direitos dos prisioneiros palestinos, o que levou a uma greve de fome de
centenas de prisioneiros e a um protesto em Gaza, onde soldados
israelenses mataram um
manifestante e feriram outros nove. Mais de 5.000 palestinos são presos pelo
Israel, inclusive muitos líderes políticos eleitos, como o popular herói da
resistência palestina Marwan Barghouti.
Tudo isto somado a 75 anos de ocupação, a 16 anos de embargo
a Gaza e racionamento de bens básicos — que vão de água e comida a insumos
médicos — que está propositalmente estrangulando a economia local.
5. Israel tem o direito de se defender (a Palestina não)
Israel, seus aliados como os governos dos Estados Unidos e
da Alemanha, e os principais meios de comunicação corporativos, tendem a
repetir a mesma frase pouco antes de Israel bombardear áreas civis: “Israel tem
o direito absoluto de se defender”. Foi o que disse o
primeiro-ministro britânico Rishi Sunak no sábado.
Que as nações podem e devem defender a sua soberania é
universalmente aceito, mas esse conceito não se aplica a ações ofensivas, nem a
ataques contra civis. A imprensa segue enquadrando os ataques israelenses aos
palestinos como legítimos atos de guerra “retaliatórios” e “defensivos”, como
se todos os ataques que lançam fossem “absolutamente” justificados, mesmo
alvejando civis.
Se a violência fosse vista em seu contexto completo, seria
mais provável que fosse vista como atos agressivos de violência para
desmoralizar e rachar um povo colonizado, até mesmo usando castigos coletivos,
o que segundo as leis internacionais, é crime de guerra.
Ao passo que Israel é sempre enquadrado (incorretamente)
como defensivo, o Hamas é apresentado como beligerante e, portanto, seu
“direito absoluto de se defender” não é sequer discutido. Nas ocasiões em que a
dinâmica é levantada, a resposta comum é rotular o Hamas como uma força
terrorista e citar como as suas operações afetam os civis israelenses —
argumentos que seriam enfraquecidos se não fossem aplicados unilateralmente.
Em teoria, como Israel é responsável pelo ato inicial de
agressão – a ocupação – e é a força de ocupação com esmagadora superioridade
bélica, deveria ser considerado como o provocador e também sujeito a mais
cobranças do que um movimento guerrilheiro de resistência anticolonial. Na
realidade, ocorre exatamente o oposto na grande imprensa.
Estragos causado por ofensiva israelense na cidade de Gaza,
na Palestina, neste sábado (7). Foto: Mohammed Abu Oun/Thenews2/Folhapress
6. O Hamas é uma organização terrorista (mas Israel não)
O governo dos Estados Unidos rotulou o
Hamas como uma organização terrorista em 1997 e fornece a Israel bilhões de
dólares em ajuda todos os anos.
Segundo a
ONU, antes da Operação Tempestade al-Aqsa, as forças israelenses mataram
mais de 6.300 palestinos desde 2008, mais da metade deles civis, e feriram
outros 150.000. Os palestinos mataram 308 israelenses – 131 dos quais eram
civis – e feriram mais 6.307.
Foi repetidamente demonstrado que
Israel alveja civis intencionalmente, detém crianças em confinamento solitário
durante longos períodos, tortura prisioneiros detidos sem acusações, fornece
proteção a colonos enquanto eles saqueiam povoados palestinos, demolem casas,
racionam água abaixo das necessidades diárias mínimas estabelecidas pela
Organização Mundial da Saúde — e muito mais. A Human Rights Watch chegou ao
ponto de rotular as
ações de Israel como “crimes contra a humanidade”.
Esta é uma lista muito incompleta do terrorismo diário do
Estado israelense.
Claramente, há um duplo padrão em jogo e este rótulo de
“terrorista” é importante retoricamente para cobrir corretamente as atrocidades
cometidas por Israel.
Todos nós deveríamos ficar horrorizados com o terrorismo. E
por isso, condenar os atos do lado mais fraco e, ao mesmo tempo, dar passe
livre aos colonizadores, minimizar seus crimes ou, pior, fornecer apoio
financeiro, político e retórico a eles, só serve para perpetuar a situação e
incentivar mais atos de terror.
Assista ao documentário que Israel não quer que você veja
7. Todos os ataques palestinos a Israel são terrorismo
As convenções internacionais de direitos humanos têm
afirmado repetidamente o direito dos povos colonizados e ocupados de resistir à
sua colonização.
Múltiplas resoluções da
Assembleia Geral da ONU “reafirmam a legitimidade da luta dos povos pela
independência, integridade territorial, unidade nacional e libertação da
dominação colonial, do apartheid e da ocupação estrangeirapor
todos os meios disponíveis, incluindo a luta armada.”
Resoluções da ONU também afirmam explicitamente
que “a negação dos direitos inalienáveis do povo palestino à autodeterminação,
à soberania, à independência e ao regresso à Palestina […], bem como
[reconhecem que] a repetida agressão israelense contra a população da região,
constituem uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais.”
As Convenções de Genebra protegem os
indivíduos que “lutam contra a dominação colonial e a ocupação estrangeira e
contra os regimes racistas no exercício do seu direito à autodeterminação” — um
reconhecimento da legitimidade de tais lutas armadas.
As mesmas convenções não permitem ataques a civis, o que
inclui colonos ilegais fortemente armados ou reservistas militares — a maioria
da população israelense adulta — que não estejam ativamente envolvidos em
combate.
Esta é a tática retórica favorita dos sionistas liberais que
não querem defender abertamente os crimes de guerra e das pessoas que têm medo
de assumir uma posição moral impopular. Existem muitos detalhes, fatos e
nuances, é claro.
Mas o quadro geral é ainda mais claro: Israel é uma nação
colonial que roubou terras palestinas com armas em punho, perpetrando uma
limpeza étnica que dura até hoje. É, portanto, um governo imoral, genocida,
terrorista e ilegítimo e a resistência palestina é justificada sob a lei
internacional e convenções morais.
Os refugiados palestinos mundo afora têm o direito de voltar
para casa. A comunidade internacional deve tomar medidas para forçar Israel a
aceitar uma solução justa e evitar o derramamento de sangue inocente e a
limpeza étnica. A existência de um estado etno-religioso é antagônico a todos
os valores liberais e democráticos modernos.
9. “A solução de dois Estados”
Durante anos, a solução política preferida para a ocupação
israelense da Palestina foi a chamada “solução de dois Estados”, na qual a
Palestina histórica seria dividida em dois Estados que viveriam lado a lado, um
predominantemente judeu e o outro predominantemente não-judeu. Isto
significaria o fim da ocupação e uma oportunidade para uma paz duradoura.
Os detalhes de tal resolução foram longamente negociados e
os dois lados chegaram muito perto de um acordo na década 90, mas essa
oportunidade acabou quando um terrorista israelense de extrema-direita assassinou o
primeiro-ministro israelense Yitzkah Rabin em 1995. Desde então, o
establishment político israelense deslocou-se ainda mais para a direita e
Israel passou a ocupar ilegalmente grandes áreas da Cisjordânia, tornando
efetivamente impossível qualquer acordo. Hoje, três quartos dos
palestinos acreditam que
uma solução de dois Estados não é mais possível.
A única opção possível neste momento é uma solução de um
Estado único. E se isso ocorresse hoje, os judeus estariam em minoria, portanto
os sionistas hoje preferem manter o status quo de um Estado único com
territórios ocupados e apartheid e não considerariam uma solução democrática de
um Estado único com os palestinos da Cisjordânia e de Gaza tendo plenos
direitos políticos.
Aqueles que ainda estejam discutindo a possibilidade de uma
solução de dois Estados está essencialmente ganhando tempo para o status quo, à
medida que Israel aumenta a sua ocupação territorial ilegal e tenta ultrapassar
os palestinos em termos de população através da política do retorno, inflando a
imigração, e das elevadas taxas de natalidade fomentada entre as comunidades
religiosas fundamentalistas.
10. As críticas a Israel são “antissemitas”
Durante muitos anos, qualquer crítica a Israel foi rotulada
de antissemitismo. Isto tem sido especialmente verdade nos Estados Unidos, onde
muitos jornalistas foram demitidos por fazerem comentários fatuais que não eram
suficientemente pró-Israel. A autocensura extrema sobre o assunto nas redações
estadunidenses tornou-se a norma — uma realidade que vivenciei pessoalmente.
Embora, é claro, os antissemitas pudessem criticar Israel e
as críticas a Israel pudessem ser feitas de uma forma antissemita, essa
correlação muitas vezes não está presente.
Ironicamente, a acusação de que a oposição a Israel é
inerentemente antissemita é, em si, um conceito antissemita, pois
junta uma identidade etno-religiosa diversificada em uma posição política
única. É tão errado e ofensivo como dizer que todos os muçulmanos são
terroristas porque o ISIS é “islâmico”, o que é um sentimento islamofóbico
cultivado nesta sociedade educada por algumas das mesmas pessoas que argumentam
que qualquer crítica a Israel é antissemita.
A utilização deste argumento cínico pelos defensores de um
estado racista de apartheid tem, na verdade, o efeito de aumentar o
antissemitismo no mundo ao dizer aos não-judeus que todos os judeus são iguais
e apoiam as políticas terroristas do governo sionista israelense.
Entre os judeus
não-israelenses, especialmente os mais
jovens, o apoio ao sionismo e a Israel está caindo vertiginosamente
ano após ano – e isso preocupa o governo.
A crítica a Israel não é antissemita.
11. Israel é um farol de valores progressistas num mar de
inimigos islâmicos regressivos
Israel é uma nação de colonos na qual um movimento
ideológico de judeus sionistas, predominantemente vindos da Europa e da América
do Norte, se propôs a estabelecer um “pátria” para o povo judeu – a sua Sião. O
Estado foi fundado depois
dos horrores do Holocausto, mas o movimento dos colonos o antecede em meio
século.
Para criar este estado, os judeus sionistas se deslocaram de
outros países e assassinaram sistematicamente os palestinos que ali viveram
muito antes da palavra “sionismo” ter sido pronunciada. Também criaram leis com
dezenas de tipos de discriminação legal contra os palestinos, num esforço
forçar a saída do território e ter menos filhos para que os judeus sionistas
pudessem se tornar majoritários na população.
Os palestinos vivem sob um regime de apartheid
etnorreligioso desde que as milícias terroristas paramilitares judaicas
varreram a histórica Palestina em 15 de maio de 1948. O que os israelenses
consideram sua declaração de independência, palestinos chamam de Nakba – “a
Catástrofe”. Pelo menos 750 mil palestinos, entre muçulmanos e cristãos, foram
forçados a fugir de suas casas enquanto forças determinadas a estabelecer um
“Estado Judeu” ocupavam 78 por cento da região ondemuitos grupos étnicos, de
várias religiões, coabitaram durante milhares de anos.
Cerca de 530 cidades e aldeias palestinas foram atacadas e
pelo menos 15 mil palestinos foram mortos na Nakba. Nas ações militares e
paramilitares subsequentes, Israel ocupou cada vez mais terras, construindo
colônias militarizadas populadas com fanáticos religiosos nascidos em várias
partes do mundo e que não têm intenção de desistir de um centímetro dessas
terras, pois vêem a sua ocupação da terra como uma profecia bíblica.
E, de fato, será difícil remover esses fanáticos religiosos,
pois o governo israelense, cada vez mais controlador e extremista, tem um
estoque de armas nucleares e apoio contínuo do governo dos Estados Unidos.
Um enorme escândalo em que a mídia americana mentiu
A CNN esqueceu que seu âncora estava transmitindo ao vivo e
pediu ao repórter e ao cinegrafista por telefone que fingissem que estavam sob
a ameaça de mísseis do Hamas. Ele também pediu ao cinegrafista que focalizasse
a imagem perto deles para que pudessem aparecer sinais de medo. Ele também lhes
pediu que olhassem ao redor como se estivessem aterrorizados pelo medo.
Foguetes do Hamas!
#CNN esqueceu que estava no ar e o diretor de notícias
instruiu o repórter e o cinegrafista ao telefone a fingir que foram atingidos
por foguetes do Hamas quando ele disse a ela para olhar em volta de uma forma
que "você está em pânico"
A Globo não consegue ser objetiva sobre Lula ou Gaza.
Juntos, é ainda pior
Click Verdade - Jornal Missão
A situação em Gaza está chegando a um ponto de inflexão
crítico e a mídia corporativa brasileira está tentando pressionar o governo - e
todo o país - a não criticar o massacre em massa de civis palestinos por
Israel. Precisamos reagir em nome da verdade e da humanidade.
Israel encurralou a maioria dos mais de 2 milhões de civis
de Gaza na pequena área de Rafah e agora está ameaçando invadi-la. Atacar a
cidadezinha que se transformou em um campo de refugiados lotado seria um
desastre humanitário criminoso ainda maior e sem precedentes.
Quase toda a Faixa de Gaza está em escombros. Os palestinos
mal têm o que comer e beber. A fome está piorando. A renomada Universidade
Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que o número de mortos em Gaza poderá
chegar a 259 mil nos próximos seis meses se essa escalada continuar - 1 em cada
9 palestinos em Gaza. Estamos em um ponto de inflexão importante e essa
pressão pode ajudar a pôr fim à operação genocida.
Mas a grande mídia, que durante meses justificou e defendeu
essa barbárie por meio de comentaristas, entrevistas e artigos mentirosos, está
mais preocupada com a comparação que Lula fez da situação enfrentada pelos
palestinos com a vivida por judeus no Holocausto, condenando-a como
"antissemita" e uma "gafe" que prejudicará o Brasil
geopoliticamente.
Se você tem lido o Intercept — um dos pouquíssimos veículos
mostrando a verdade — sabe que a grande mídia está errada. Estão apenas expondo
seu viés extremamente pró-EUA e pró-corporativo, que está completamente fora de
sintonia com a opinião popular global e despreocupado com os interesses reais
da maioria dos brasileiros. Se a grande mídia está disposta a apoiar esse
tipo de massacre no exterior, pode apostar que encontrará um motivo para fazer
o mesmo em casa. Aliás, já faz.
A situação em Gaza está chegando a um ponto de inflexão
crítico e a mídia corporativa brasileira está tentando pressionar o governo - e
todo o país - a não criticar o massacre em massa de civis palestinos por
Israel. Precisamos reagir em nome da verdade e da humanidade.
Israel encurralou a maioria dos mais de 2 milhões de civis
de Gaza na pequena área de Rafah e agora está ameaçando invadi-la. Atacar a
cidadezinha que se transformou em um campo de refugiados lotado seria um
desastre humanitário criminoso ainda maior e sem precedentes.
Quase toda a Faixa de Gaza está em escombros. Os palestinos
mal têm o que comer e beber. A fome está piorando. A renomada Universidade
Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que o número de mortos em Gaza poderá
chegar a 259 mil nos próximos seis meses se essa escalada continuar - 1 em cada
9 palestinos em Gaza. Estamos em um ponto de inflexão importante e essa
pressão pode ajudar a pôr fim à operação genocida.
Mas a grande mídia, que durante meses justificou e defendeu
essa barbárie por meio de comentaristas, entrevistas e artigos mentirosos, está
mais preocupada com a comparação que Lula fez da situação enfrentada pelos
palestinos com a vivida por judeus no Holocausto, condenando-a como
"antissemita" e uma "gafe" que prejudicará o Brasil
geopoliticamente.
Se você tem lido o Intercept — um dos pouquíssimos veículos
mostrando a verdade — sabe que a grande mídia está errada. Estão apenas expondo
seu viés extremamente pró-EUA e pró-corporativo, que está completamente fora de
sintonia com a opinião popular global e despreocupado com os interesses reais
da maioria dos brasileiros. Se a grande mídia está disposta a apoiar esse
tipo de massacre no exterior, pode apostar que encontrará um motivo para fazer
o mesmo em casa. Aliás, já faz.
ISRAEL-PALESTINA: 5 DISTORÇÕES SOBRE GAZA E HAMAS QUE A
MÍDIA VAI TE CONTAR HOJE
O jornalismo corporativo tem um viés pró-Israel importado
dos EUA. Fique de olho nestas distorções enquanto Israel embarca em uma
campanha terrorista que promete “transformar Gaza numa ilha deserta”. - 11 de out. de 2023
GRAVE!! O terrorista genocida Netanyahu chamou Lula de antissemita e todos os jornalistas da Globo ficaram do lado do genocida!!
GLOBO APOIA O GENOCÍDIO!!
Nas últimas 24h a Globo endeusou um NAZISTA e defendeu um terrorista genocida.