Mostrando postagens com marcador Intercept Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Intercept Brasil. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 28 de março de 2024

Pronto para uma boa notícia?


Joe Biden, o grande humanitário, passou quase seis meses trabalhando nos bastidores para chegar a um cessar-fogo em Gaza, lutando para superar os bloqueios da China e da Rússia?


Criminosos de Guerra: Benjamim Netanyahu / Joe Biden

 É isso que as manchetes e os narradores da grande mídia querem que você acredite. Mas não é bem assim… Deixo te explicar por que isso é importante.

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU não aprovou uma resolução de cessar-fogo em Gaza apoiada pelos EUA. A China e a Rússia votaram não. O que você talvez não tenha ouvido é o motivo — e não é porque o  Biden, que doa as armas usadas para matar as crianças e já barrou quatro pedidos de cessar-fogo, finalmente amoleceu seu coração e resolveu intervir no genocídio.

A verdade é que, na resolução proposta pelos EUA, não existia a exigência expressa de um cessar-fogo imediato em Gaza. Eles sequer acionaram o corpo de paz da ONU para monitorar a retirada de tropas e manejar os civis; além de não mencionarem o artigo 41 para punir os crimes de guerra de Israel. É por isso que foi vetada.

Mas olha só a parte mais interessante: O quase cessar-fogo cínico só surgiu depois que os assessores de Biden perceberam que seu novo apelido "Joe Genocida" poderia lhe custar a eleição presidencial em novembro.

E só por isso, nesta semana, o Conselho de Segurança da ONU finalmente conseguiu aprovar uma votação real sobre o cessar-fogo, com os EUA –chateadíssimos – se abstendo em vez de vetar.

Entenda bem: Isso só aconteceu graças a um movimento de protesto popular e raiz em todo o país, onde os democratas estão votando nulo em vez de votar em Biden nas eleições primárias, algo sem precedentes nos EUA.

As pessoas ignoraram o que a grande mídia lhes contava para seguir sua consciência. A Casa Branca está nervosíssima e seu relacionamento com Israel é o pior dos últimos anos.

É por isso que veículos como o Intercept Brasil TÊM QUE EXISTIR – para jogar luz nos abusos e fortalecer movimentos populares por justiça! A pressão popular global é uma força inigualada — seja em Gaza, Washington ou Brasília!

Mas a luta ainda não terminou. Israel disse que pretende ignorar a decisão da ONU — a vida de milhões de pessoas está literalmente em jogo. Israel quer invadir Rafah, um bairro onde 1,5 milhão de refugiados estão abrigados, tornando uma crise humanitária horrível ainda mais desesperadora.


Agora é a hora de todo mundo apertar ainda mais e precisamos de você.

No Intercept, nós nos dedicamos há oito anos a manter você informado sobre o que realmente está acontecendo em Gaza e em outras catástrofes totalmente evitáveis e criminosas. Para que todos nós possamos ficar deprimidos juntos? Não! Para que todos nós possamos fazer algo a respeito!

Essa missão é incrivelmente urgente e só é possível porque somos sustentados por leitores como você e não por grandes corporações com seus rabos presos. Sem você, não somos nada.

Precisamos da sua ajuda para lutar pela vida e contra o consenso da mídia. Estamos muito aquém de nossa meta mensal de arrecadação de fundos e isso está me deixando nervoso.

Se não conseguirmos chegar lá, teremos que cancelar alguns de nossos projetos de reportagem mais ambiciosos, o que seria terrível para a sociedade e para as pessoas cujas vidas estão em jogo.

Posso contar com sua ajuda para atingir nossa meta de arrecadação? Torna-se um apoiador mensal hoje.

Se você é leitor ávido do Intercept, já está careca de saber que os EUA e a grande mídia sempre andaram de mãos dadas.

Ainda sim, é chocante ver como o establishment jornalístico está fazendo vista grossa para a limpeza étnica promovida por Israel com o apoio estadunidense.

Não encontramos nenhuma manchete condenando a atitude dos EUA como aconteceu com a China e Rússia.

Agora a pergunta que não quer calar é: quando os EUA vão parar de fornecer armas a Israel e começar a enviar ajuda humanitária DE VERDADE para os civis?

 

Quantos milhares de crianças mais precisam morrer?

Basta dessa hipocrisia, o público tem direito ao acesso gratuito e amplo a essas informações. Por este motivo o Intercept PRECISA existir.

Sabemos como a informação de qualidade e livre de viés corporativo é crucial para nos organizarmos politicamente e exigir mudanças sociais significativas.

Representamos mais do que um simples jornal, somos parte de um movimento global; e precisamos que você faça parte dele também para continuarmos com nossa missão.

Não deixe que nossa voz seja silenciada por falta de recursos. Doe agora e vamos juntos somar à pressão internacional para finalmente acabar com os crimes de guerra de Israel! 


Via: Andrew Fishman Presidente e co-fundador


 



segunda-feira, 25 de março de 2024

MARIELLE FOI MORTA PARA QUE BRAZÃO CONSEGUISSE APROVAR PL DE GRILAGEM DE TERRAS NA ZONA OESTE DO RIO


Vereadora foi executada no mesmo dia da aprovação do projeto ao qual ela se opunha


Chiquinho Brazão chega preso no avião da Polícia Federal, em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/folhapress)

 O caso Marielle Parte 35

Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê?


O DIRETOR-GERAL DA POLÍCIA FEDERAL diz que são várias as situações que motivaram o deputado Chiquinho Brazão, o irmão, Domingos Brazão, e Rivaldo Barbosa, a planejarem e encomendarem a morte da vereadora Marielle Franco em 2018.

 A mais latente é uma disputa imobiliária: os Brazão tinham interesse em fazer loteamentos na zona oeste do Rio, e Marielle se opunha ao empreendimento. O assassino Ronnie Lessa receberia terrenos como pagamento pelo crime.

Em seu relatório final sobre o caso Marielle, a Polícia Federal, e menciona que Chiquinho foi “surpreendido por dificuldades na obtenção de votos para a aprovação [do projeto], sendo certo que, em primeiro turno, com votos contrários da bancada do Psol e, consequentemente, de Marielle Franco, houve a apresentação de um substitutivo, ampliando a abrangência territorial da lei”.

Segundo as investigações, em 2017 os Brazão haviam infiltrado Laerte Silva de Lima no Psol para monitorar Marielle Franco, pela qual eles tinham “repugnância”. Lima e a mulher se filiaram ao partido naquele ano. 

Foi por meio do infiltrado que os milicianos souberam que a vereadora pedia para a população para que não aderisse aos loteamentos erguidos em áreas de milícia. Em 2021, a polícia encontrou documentos que apontavam que Laerte lavou milhões de reais para a milícia com criptomoedas. Ele chegou a ser investigado no caso Marielle, mas isso não foi adiante. 


Projeto foi aprovado no dia da morte de Marielle

Na Câmara de Vereadores carioca, Chiquinho Brazão, hoje deputado federal pelo União Brasil – e na época do crime vereador pelo Avante –, tinha um interesse especial no PLC n.º 174/2016, projeto sobre regularização de loteamentos em Vargem Grande, Vargem Pequena, Itanhangá e Jacarepaguá. 

O projeto, proposto por Chiquinho, visava favorecer a expansão de construções irregulares na zona oeste, área onde ele, Marcelo Siciliano e Junior da Lucinha disputam votos. Ele já havia tentado aprovar um projeto semelhante anos antes.

Em depoimento que consta no relatório da PF, um assessor da Câmara disse que “o risco da não aprovação do PLC 174/2016 teria causado grande insatisfação do Vereador Chiquinho Brazão com a bancada do Psol e, consequentemente, com Marielle, que votou contra por entender que o projeto não atendia ‘áreas carentes’, mas regiões de classe média e alta”. 

Chiquinho não gostou da oposição do Psol e de Marielle. Considerava que o voto contrário da vereadora, e a consequente aprovação apertada do projeto, geraria desgaste político a ele. Conforme a testemunha, Chiquinho ficou irritado, algo incomum para alguém habitualmente “discreto e tranquilo”.



A testemunha apontou o Psol como o “calcanhar de Aquiles” do MDB, partido de Brazão, na época. Ela citou ainda um outro caso que desestabilizou ainda mais o partido, que estava sofrendo os impactos da Operação Lava Jato. Uma ação popular do Psol impediu que o ex-deputado Edson Albertassi, do MDB, fosse nomeado ao Tribunal de Contas do Estado. Isso impediria qualquer gerência do MDB sobre a operação para o Superior Tribunal de Justiça.

A testemunha disse ainda que a morte de Marielle “paralisou o Psol no Rio de Janeiro, uma vez que amedrontou os parlamentares, assessores e demais empregados do partido”.

O relatório da Polícia Federal diz que o descontentamento de Brazão “ocorreu em período compatível com aquele mencionado por Ronnie Lessa” em colaboração premiada, no segundo semestre de 2017, “o que pode ter sido o estopim para que fosse decretada a pena capital de Marielle pelos irmãos Brazão”. 

Marielle e Anderson foram executados no dia 14 de março de 2018. Foi coincidentemente a mesma data em que foi aprovada a redação final do PLC n.o 174/2016 no Plenário da Câmara.



O PLC acabou vetado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, do Republicanos, em 5 de abril de 2018. O veto foi derrubado cerca de um mês depois e a Lei Complementar 188/2018 foi publicada. A vontade de Chiquinho foi cumprida.

Correção: 24 de março de 2024, 20h52

O prefeito responsável por vetar o PLC foi Marcelo Crivella, e não Eduardo Paes. O texto foi corrigido.



 

domingo, 24 de março de 2024

BEBÊS DECAPITADOS, ESTUPRO EM MASSA E CIVIS QUEIMADOS: AS MAIORES MENTIRAS DE ISRAEL SOBRE O 7 DE OUTUBRO REVELADAS EM DOCUMENTÁRIO


Filme da Al Jazeera reconstrói o ataque do Hamas com detalhe inigualável. Assista à versão em português produzida em parceria com o Intercept Brasil


Alegações das Forças de Defesa de Israel de que seus agentes encontraram 8 bebês queimados em uma casa num kibutz eram falsas.

MENTIRAM PARA VOCÊ sobre o que aconteceu em 7 de outubro de 2023. O Hamas invadiu Israel e matou centenas de civis e soldados — isso é verdade — mas as alegações mais incendiárias usadas para justificar o bombardeio maciço de Gaza por Israel não são comprovadas ou são histórias fabricadas,  refutadas pelas provas.

Além disso, uma inspeção mais minuciosa mostra que alguns dos piores crimes atribuídos ao Hamas podem ter sido cometidos pelos próprios militares israelenses, como resultado do uso de armamento pesado contra civis e reféns.

Essas são algumas das conclusões importantes do documentário inédito “7 de outubro”, do núcleo investigativo da Al Jazeera, fruto de meses de minuciosa investigação forense. 

O filme, adaptado para o português em parceria com o Intercept Brasil, é a investigação mais abrangente e detalhada já publicada sobre o episódio – e uma resposta contundente à boa parte da cobertura da grande mídia desde então. Ele desnuda a propaganda israelense ao mostrar o que realmente se passou no 7 de outubro em Israel e na Palestina, minuto por minuto. 

equipe de documentaristas da Al Jazeera vasculhou os registros governamentais e os depoimentos de centenas de sobreviventes para compilar uma lista detalhada de vítimas. Também examinou sete horas de filmagens — grande parte delas obtidas em câmeras de combatentes do Hamas mortos — e conduziu várias entrevistas com especialistas.

Se você for assistir a apenas uma reportagem sobre o tema, escolha essa.

ASSISTA A “7 DE OUTUBRO”, O DOCUMENTÁRIO DA AL JAZEERA


‘Uma retaliação terrível contra os palestinos’

As descobertas dos jornalistas da Al Jazeera mostram que os principais jornais e políticos influentes como o presidente dos EUA, Joe Biden, fizeram parte — voluntariamente ou não — de uma campanha de desinformação em massa. Israel utilizou essa confusão para justificar seu ataque sem precedentes a Gaza, em curso há quase seis meses, que já matou mais de 32 mil  pessoas – 46 palestinos para cada civil israelense morto pelo Hamas e pelas forças israelenses em 7 de outubro.

‘Se você consegue provocar o sentimento de repulsa nas pessoas, acho que elas ficam mais propensas a apoiar, por exemplo, uma retaliação terrível contra os palestinos’.


LEIA A ENTREVISTA COM RICHARD SANDERS, DIRETOR DO DOCUMENTÁRIO

 

Para Marc Owen Jones, professor de estudos do Oriente Médio e analista de mídia entrevistado no filme, essas atrocidades inventadas têm uma função importante: enfatizar a brutalidade. “Se você consegue provocar o sentimento de repulsa nas pessoas, acho que elas ficam mais propensas a apoiar, por exemplo, uma retaliação terrível contra os palestinos”, diz Jones.


Chegada de palestinos feridos ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa. 06 de março de 2024, Gaza, Palestina. Foto: Hashem Zimmo/Thenews2/Folhapress


Os crimes de Israel

O filme também detalha as falhas gritantes dos serviços de inteligência e dos militares israelenses, que ignoraram evidências e avisos de analistas e que poderiam ter evitado a chocante vitória militar do Hamas. 

Na madrugada de 7 de outubro, por exemplo, os principais líderes militares israelenses foram alertados que havia grandes e incomuns movimentos de tropas. Uma analista de inteligência alertou repetidamente que o Hamas estava planejando algo grande. Eles até obtiveram uma cópia do plano de ataque, mas tudo isso foi ignorado.

As imagens de combate coletadas pelos cineastas sugerem que nem mesmo os militantes palestinos esperavam romper tão facilmente a linha militar israelense, o que lhes permitiu avançar sobre áreas civis, como o festival de música Nova. Lá, centenas de pessoas foram mortas, primeiro por combatentes do Hamas e depois por soldados e pilotos também israelenses em pânico, que dispararam contra carros em fuga sem identificar corretamente quem eram os alvos.

Gravações das forças armadas israelenses, análises de especialistas e depoimentos de sobreviventes mostram que Israel abriu fogo contra civis, os incinerando, numa tentativa de evitar que eles virassem reféns do Hamas, que poderia usá-los como moeda de barganha.


LEIA MAIS


Acusações de estupro em massa

O festival Nova também foi o principal local onde teriam ocorrido estupros em massa, inclusive alguns descritos por supostas testemunhas, com detalhes horríveis. Uma reportagem de capa do New York Times virou peça chave do argumento de apoiadores da escalada genocida da violência israelense contra Gaza. Apesar das várias inconsistências já apontadas na reportagem, o jornal tem se recusado a admitir falhas e se retratar.

Os investigadores da Al Jazeera encontraram uma única prova, um único vídeo, que poderia indicar violência sexual. Madeleine Rees, advogada e diretora da Women’s International League for Peace and Freedom (Liga Internacional de Mulheres por paz e liberdade, em tradução livre), estudou as alegações. “Eu acredito que tenha havido estupro”, ela diz em entrevista. 

“Em todos os conflitos sempre que há homens armados com a intenção de praticar violência, é altamente improvável que não haja violência sexual. Mas nada que eu tenha visto publicado até agora sugere que tenha sido generalizado e sistemático” Rees disse. 

Ela observa ainda que uma comissão da ONU solicitou imediatamente a permissão de Israel para investigar as supostas atrocidades, mas o grupo “foi barrado por Israel”.


As destruições no local da retirada do exército israelense do bairro Al Amal e do Hospital Nasser na cidade de Khan Yunis durante o conflito Israel-Palestina. Foto: Hashem Zimmo/Thenews2/Folhapress

A lorota dos 40 bebês decapitados

O filme também mostra, de forma conclusiva, que o mais obsceno dos supostos crimes de guerra atribuídos ao Hamas – a sádica decapitação e queima de 40 bebês no kibutz Kfar Aza, alegado por fontes militares israelenses e repetido inquestionavelmente pelos principais jornais do mundo – não tem fundamento. Dois bebês foram mortos em Israel naquele dia, não 40, e nenhum em Kfar Aza, como mostra a lista de óbitos compilada pelos jornalistas da equipe investigativa da Al Jazeera.

Essa mentira foi uma arma importante na guerra de propaganda de Israel. O presidente dos EUA, Joe Biden, até chegou a afirmar que viu pessoalmente “fotos de terroristas decapitando crianças”.  Mas a Casa Branca vergonhosamente reconheceu mais tarde que Biden nunca havia visto essas imagens — mas isso só depois que a desinformação já havia se espalhado pelo mundo.

Enquanto isso, relatos de jornalistas e médicos em Gaza sobre crianças palestinas decapitadas e com os membros arrancados por bombas israelenses passaram relativamente despercebidos nos mesmos veículos. 

VEJA A SÉRIE QUE ISRAEL TENTOU ESCONDER DE VOCÊ



A invasão de Rafah

Pelo menos 32.070 palestinos foram mortos e outros 74.298 ficaram feridos desde outubro em Gaza. A maioria esmagadora de seus 2,3 milhões de habitantes foi deslocada forçadamente dentro do território. Em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, estão abrigados em tendas 1,5 milhão de pessoas, a maior parte mulheres e crianças. É a última “zona segura” de Gaza, como Israel designou – mas por pouco tempo. 

Segundo reportagens, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahudisse ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que Israel invadiria Rafah – já sob bombardeio – com ou sem o apoio dos EUA.

Também na sexta-feira, 22 de março, o Conselho de Segurança da ONU novamente não conseguiu chegar a um acordo sobre o cessar-fogo, enquanto o número de mortos por fome, desnutrição e falta de assistência médica aumenta. 

Se não houver uma solução política negociada com pressão da comunidade internacional em breve, os próximos dias poderão abrir a fase mais sangrenta da campanha genocida de Israel contra o povo palestino.

ASSISTA AO DOCUMENTÁRIO “7 DE OUTUBRO



 

Por:  Andrew Fishman

Fonte: Intercept Brasil


A fonte da alegação duvidosa de “bebês decapitados” é olíder colono israelense que incitou motins para “destruir” a vila palestina

Depois de um soldado da reserva israelita chamado David Ben Zion ter dito a um repórter que militantes palestinianos “cortaram cabeças de bebés”, Biden, Netanyahu e os meios de comunicação internacionais amplificaram a afirmação duvidosa.



Israel admite que helicópteros Apache dispararam contra seuspróprios civis que fugiam do festival de música Supernova.

Isto foi confirmado pela civil israelita, Yasmin Porat, que sobreviveu a um impasse de reféns em Be'eri. Ela afirmou que, durante confrontos intensos, as Forças Especiais Israelenses “sem dúvida” mataram todos os reféns restantes, juntamente com dois militantes do Hamas que se renderam, usando projéteis de tanques e tiros frenéticos.


 

Num vídeo recente de 7 de outubro, um tanque israelense é visto atirando contra casas de colonos no Kibutz Be'eri, na Palestina ocupada.




 

domingo, 17 de março de 2024

Do golpe ao lobby


AGU de Bolsonaro voltou a frequentar o Planalto


 (foto: Divulgação/Redes Sociais)

O mundo dá voltas. O ex-advogado-geral da União Bruno Bianco, escalado por Jair Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno para atuar na tentativa de golpe de estado em 2022, voltou aos corredores do Executivo Federal durante o governo Lula – desta vez como lobista do BTG Pactual. Desde julho de 2023, após cumprir quarentena, Bianco ocupa o cargo de gerente de relações institucionais no banco de investimentos.

No dia 4 de fevereiro de 2024, Bruno Bianco liderou uma reunião entre o BTG e os dois principais assessores do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, nas dependências da própria AGU, em Brasília: o ministro-substituto Flávio José Roman e advogado-geral adjunto Paulo Ceo. Além deles, esteve no encontro o procurador da Agência Nacional de Telecomunicações, Cássio Cavalcante.

A pauta da reunião não consta nas agendas oficiais de Román, Ceo e Cavalcante, mas foi registrada por Ana Paula Severo, subprocuradora da AGU, que também esteve presente. Segundo a descrição dela, o assunto foi a "solução consensual da Oi junto ao TCU", um tema que movimenta o mercado de telecomunicações por envolver cifras que chegam a R$ 50 bilhões e que está diretamente ligado aos interesses do BTG Pactual.

Maior operadora de telefonia fixa do país, com atuação em 88% dos municípios, a Oi está à beira da falência. A situação é alvo de intensa preocupação no BTG Pactual, que é dono de quase 70% da V.tal, uma empresa de infraestrutura de telecomunicações que será diretamente impactada pelo futuro da Oi, já que as duas empresas compartilham infraestrutura e contratos comerciais.

Devido à intensa relação entre a Oi e a V.tal, qualquer mudança na situação da operadora, como intervenção governamental ou alteração de ativos pela Anatel, afeta diretamente os interesses do BTG. Os planos de expansão da V.tal, vinculados a compromissos específicos, também são moldados pela resolução da crise da Oi, impactando as projeções de investimento e retorno do BTG.

A crise parecia próxima ao final nesta semana, quando a Assembleia Geral de Credores da Oi votaria o plano de recuperação judicial da operadora, mas a reunião foi cancelada. Assim, todas as atenções ficam voltadas para o possível acordo entre Oi, Anatel e TCU, tema da visita de Bianco ao governo Lula. A possível decisão de mudar as concessões de telefonia fixa para o modelo de autorização é crucial para a Oi se livrar de obrigações regulatórias pesadas.

Hoje lobista com acesso ao governo Lula, um ano antes, Bianco defendeu, em uma reunião ministerial de Jair Bolsonaro, um encontro de teor golpista com embaixadores, que inclusive tornou o ex-presidente inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

As declarações de Bianco constam de um vídeo com a íntegra da reunião, realizada em julho de 2022, que embasou a operação da Polícia Federal contra militares e ex-ministros de Bolsonaro suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe de estado. Em sua fala, Bianco disse que Bolsonaro estava "corretíssimo com relação à reunião com embaixadores".

"O senhor também está correto em mostrar para o mundo, como chefe de Estado, a sua postura", acrescentou o então advogado-geral da União.

As imagens foram encontradas no computador de Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e tornadas públicas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o STF.

Como se não bastasse, o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, escalou a AGU, então chefiada por Bianco, como protagonista de uma trama golpista que consta no 'diário' em que fazia anotações sobre a tentativa de mudar o resultado das eleições, segundo reportagem da Veja.

Enquanto Heleno, Bianco e Bolsonaro se envolviam na trama, um outro ministro do governo já estava ligado no caso BTG. Em 19 de dezembro de 2022, poucos dias antes do fim da gestão, a V.Tal recebeu autorização de Fábio Faria, então ministro das Comunicações, para captar até R$ 2,5 bilhões em recursos para projetos de telecomunicações na modalidade incentivada, com redução na cobrança do imposto de renda para investidores. Um dia depois da autorização, Fábio Faria deixou o governo.

Com a canetada, os projetos listados pela V.tal se tornaram prioritários na emissão de debêntures. A portaria segue em vigor, já que tem validade de cinco anos. Com a decisão, a emissão das debêntures da V.Tal passou a contar com benefício fiscal, com a redução de 22% para 15% no Imposto de Renda para pessoas jurídicas e para 0% entre investidores pessoas físicas.

Três meses depois de sair do governo Bolsonaro, Fábio Faria também foi trabalhar na área de relações institucionais do BTG.


Por: Paulo Motoryn Repórter

Para continuarmos denunciando o extremismo político que se infiltra em áreas críticas do governo, doe agora!

Fonte: Intercept Brasil


domingo, 3 de março de 2024

ISRAEL-PALESTINA: 11 DISTORÇÕES SOBRE GAZA E HAMAS QUE A MÍDIA VAI CONTAR HOJE


O jornalismo corporativo — especialmente dos Estados Unidos e do Brasil — tem um viés pró-Israel e anti-Palestina. Com a Operação Tempestade al-Aqsa, do Hamas, as distorções estão voando soltas.



Carlos Latuff

“MEU DEUS, É IGUAL à intervenção militar nas favelas do Rio – mas muito pior.” Isso é o que Cecília Olliveira, do Intercept, dizia repetidas vezes, horrorizada, enquanto caminhávamos pelos postos de controle militar israelenses e nas ruas enjauladas de Hebron, a cidade distópica que é a maior da Cisjordânia, na Palestina

Os colonos religiosos israelenses – muitas vezes nascidos fora dali, em países como os Estados Unidos – estão casa a casa, centímetro a centímetro, tentando estrangular e desenraizar a sociedade palestina em Hebron e tomar a cidade santa. É seu “direito divino”, argumentam. O direito internacional e as organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e a B’Tselem utilizam um vocabulário diferente: ocupação ilegal, Apartheid e crimes contra a humanidade, entre outros.

A realidade segregada e militarizada da cidade é chocante para qualquer observador externo, mas as condições são muito melhores do que as dos palestinos que vivem em Gaza, que é considerada pelas organizações de direitos humanos a maior e mais superlotada prisão ao ar livre do planeta, com 2 milhões de habitantes.

No sábado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez declarações abertamente genocidas: “Vamos transformar Gaza numa ilha deserta. Aos cidadãos de Gaza, eu digo: vocês devem partir agora. Iremos atacar todos e cada um dos cantos da faixa.” Evacuar ou ser bombardeada — só que os cidadãos de Gaza não tem para onde correr. 

O ministro da segurança nacional que ajudará Netanyahu a cumprir essa promessa é Itamar Ben-Gvir, um colono extremista que foi condenado em um tribunal israelense por apoiar uma organização terrorista e incitar o racismo contra os palestinos em 2007.

Numa sucessão de ataques militares a zonas civis densamente povoadas nos últimos anos, Israel bombardeou instalações de tratamento de água, centrais elétricas, hospitais e escolas de Gaza, fechou as suas fronteiras e portos, proibiu a operação de um aeroporto e destruiu pelo menos um terço das terras agrícolas de Gaza desde 2000, quando evacuou assentamentos israelenses ilegais na área. No sábado, Israel lançou outro bombardeio a Gaza, o oitavo grande ataque desde 2005.



A causa imediata foi uma operação violenta sem precedentes perpetrada pela ala militante do Hamas, o partido político que governa Gaza desde a última eleição em 2006 e que tem apoio da população palestina. Esse ataque, chamado de “Operação Tempestade al-Aqsa”, surge no contexto de uma série de ações agressivamente provocativas por parte do governo israelense nos últimos meses — geralmente omitidas de cobertura jornalística — além de 75 anos de ocupação, e 16 anos de embargo apertado da Gaza. 

Observadores internacionais, lideranças palestinas e pesquisas de opinião pública palestinas têm sinalizado há tempos que uma resposta violenta às agressões israelenses estava se desenhando, mas a liderança israelense de extrema-direita nunca imaginou que um golpe dessa magnitude fosse possível.

Até o momento, mais de 413 palestinos e 700 israelenses foram mortos. Há ainda mais de 2.300 feridos de cada lado.

Os olhos do mundo, depois de ignorar os ataques diários contra os palestinos, estão agora voltados para a tragédia em curso na Palestina e Israel. E, como é de se esperar, muitas das mesmas distorções, mentiras e meias-verdades de sempre estão sendo repetidas nos meios de comunicação corporativos e nas redes sociais para legitimar a violência israelense e atacar a resistência palestina à colonização. 

Listo abaixo uma seleção de algumas das narrativas mais difundidas e perniciosas da mídia, tanto nos Estados Unidos e Reino Unido quanto no Brasil, onde a imprensa empresarial reflete em grande parte os pontos de vista estadunidenses sobre assuntos internacionais.


1. O “conflito Israel-Palestina” é uma “guerra”


Referir-se à ocupação israelense da Palestina como um “conflito” ou aos ataques israelenses como parte de uma “guerra” serve incorretamente para criar uma falsa equivalência entre as duas partes, como se fossem iguais e equilibradas.

Israel é uma nação independente que investe R$ 120 bilhões por ano nas forças militares e de inteligência, que estão entre as mais sofisticadas do mundo. Controla as fronteiras, os céus, as costas marítimas, as telecomunicações e a economia da Palestina, cujo governo tem uma autonomia extremamente limitada. A resistência armada palestina durante anos incluiu facas, fogos de artifício, explosivos caseiros e parapentes como parte essencial do seu arsenal. Os palestinos não têm tanques, aviões, navios de guerra, submarinos ou artilharia pesada. Nos últimos anos, receberam mais ajuda militar estrangeira — ainda irrisória em comparação ao poderio dos militares israelenses.

Israel não está em “guerra” ou em “conflito” com o Hamas ou com a nação da Palestina — é uma força de ocupação colonial ilegal que usa seu exército poderoso para, diariamente, cometer crimes contra a humanidade para reprimir os palestinos, um povo que está resistindo sua colonização racista.


Assine agora o abaixo-assinado para que a Globo e o resto da grande mídia parem de desumanizar civis palestinos


2. Israel é uma “democracia ocidental”


Deixando de lado uma série de decisões políticas e jurídicas autoritárias dos últimos anos, Israel realiza eleições regulares, tem um parlamento, um Supremo Tribunal, uma imprensa em alguma medida livre e todas as instituições de uma democracia. Mas falta uma coisa importante: os 5 milhões de palestinos que estão sob ocupação israelense não têm direito a voto. Se todos que estivessem sujeitos à autoridade israelense tivessem o direito de votar, a maioria seria palestina e a política israelense seria totalmente diferente. Se incluirmos os milhões de refugiados palestinos fora do país que gostariam de regressar à sua terra natal, o quadro se torna ainda mais claro.

Além disso, a maioria eleitoral sionista tem passado uma série de leis discriminatórias que visam limitar os direitos de cidadãos não-judeus de Israel. Essas são as principais razões pelas quais muitos observadores internacionais não consideram Israel uma verdadeira democracia.

E embora saibamos que isso não acontece na prática, em princípio, esperamos que as democracias ocidentais pelo menos finjam que respeitam os direitos humanos. Israel não tem esta pretensão há anos.



3. A ausência da palavra “Apartheid”


As Nações Unidas, a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e muitas outras organizações e acadêmicos proeminentes rotularam Israel como um estado colonial de Apartheid. Isto significa que o Estado pratica discriminação e segregação sistêmica racial de forma desumana para oprimir determinadas populações. As provas são esmagadoras e esta é a realidade dos cidadãos palestinos de Israel e ainda mais dos súditos coloniais palestinos nos territórios ocupados.

Este fato, contestado pelas autoridades israelenses e muitas vezes ignorado ou qualificado pela imprensa, é um elemento importante do apelo palestino à justiça e à autodeterminação e é crucial para demonstrar por que a resistência palestina é uma luta de libertação legítima e não apenas terrorismo irracional e antissemitismo, como querem fazer crer.


LEIA TAMBÉM:


4. “Israel respondeu à agressão palestina” (A Palestina é sempre o agressor)


Os ataques israelenses a civis palestinos — que são crimes de guerra — são quase sempre enquadrados como respostas às provocações palestinas, colocando assim o ônus sobre os palestinos colonizados. Este enquadramento por grande parte da imprensa ajuda a atenuar a culpabilidade israelense, e é geralmente uma delimitação arbitrária que ignora as provocações criminosas dos israelenses contra os palestinos – muitas vezes feitas com pleno conhecimento de que estes atos levarão a uma resposta bélica.

Nada une melhor as sociedades do que uma ameaça comum e, em diversas ocasiões no passado, os líderes israelenses foram acusados de provocar respostas violentas intencionalmente, a fim de aumentar a coesão política e obter apoio público.

O Hamas é explícito ao afirmar que as suas ações hoje são uma tentativa de atrair a atenção da comunidade internacional para a situação do povo palestino. “Queremos que a comunidade internacional pare com as atrocidades em Gaza, contra o povo palestino e aos nossos locais sagrados como al-Aqsa. Todas essas coisas são a razão por trás do início desta batalha”, disse o porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, à Al Jazeera. 

Israel é liderado atualmente pelo governo mais da extrema-direita da sua história e está passando por graves turbulências políticas, incluindo manifestações históricas que atraíram milhões de cidadãos nas ruas, protestando contra novas reformas autoritárias que diminuem o poder do judiciário. Este governo extremista tem provocado agressivamente tensões com os palestinos há meses e os líderes palestinos têm alertado a comunidade internacional de que estas provocações eram uma escalada que levaria a uma nova escalada. 

Em julho passado Israel invadiu Jenin, um dos maiores campos de refugiados da Cisjordânia, matando 12 pessoas e atingindo 80% das casas depois de “terraplanar” as ruas com escavadeiras. Um ministro do governo declarou publicamente que “não existe” povo palestino e, após uma chacina perpetrada por colonos israelenses no povoado palestino de Huwara, disse que o local deveria ser “apagado” pelo Estado.

As provocações israelenses são demasiado numerosas para serem enumeradas, mas muitas se centraram em torno da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islã. A mesquita e seus arredores têm sido palco de repetidas e incessantes atos de violência por parte das forças de segurança israelenses e de colonos judeus ultraortodoxos, muitas vezes gritando“morte aos árabes”.

“Os ataques diários contra locais sagrados e fiéis durante o mês sagrado do Ramadã são ações condenáveis e inaceitáveis que irão inflamar a região e arrastá-la para o abismo”, disse um porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, que representa o povo palestino internacionalmente, em abril deste ano. As provocações continuaram e há três dias, judeus ultraortodoxos invadiram os arredores da mesquita – uma ofensa grave e intencional – com a ajuda das forças de segurança israelenses. 

Israel também reduziu recentemente os direitos dos prisioneiros palestinos, o que levou a uma greve de fome de centenas de prisioneiros e a um protesto em Gaza, onde soldados israelenses mataram um manifestante e feriram outros nove. Mais de 5.000 palestinos são presos pelo Israel, inclusive muitos líderes políticos eleitos, como o popular herói da resistência palestina Marwan Barghouti.

Tudo isto somado a 75 anos de ocupação, a 16 anos de embargo a Gaza e racionamento de bens básicos — que vão de água e comida a insumos médicos — que está propositalmente estrangulando a economia local.


5. Israel tem o direito de se defender (a Palestina não)


Israel, seus aliados como os governos dos Estados Unidos e da Alemanha, e os principais meios de comunicação corporativos, tendem a repetir a mesma frase pouco antes de Israel bombardear áreas civis: “Israel tem o direito absoluto de se defender”. Foi o que disse o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak no sábado.

Que as nações podem e devem defender a sua soberania é universalmente aceito, mas esse conceito não se aplica a ações ofensivas, nem a ataques contra civis. A imprensa segue enquadrando os ataques israelenses aos palestinos como legítimos atos de guerra “retaliatórios” e “defensivos”, como se todos os ataques que lançam fossem “absolutamente” justificados, mesmo alvejando civis.

Se a violência fosse vista em seu contexto completo, seria mais provável que fosse vista como atos agressivos de violência para desmoralizar e rachar um povo colonizado, até mesmo usando castigos coletivos, o que segundo as leis internacionais, é crime de guerra.

Ao passo que Israel é sempre enquadrado (incorretamente) como defensivo, o Hamas é apresentado como beligerante e, portanto, seu “direito absoluto de se defender” não é sequer discutido. Nas ocasiões em que a dinâmica é levantada, a resposta comum é rotular o Hamas como uma força terrorista e citar como as suas operações afetam os civis israelenses — argumentos que seriam enfraquecidos se não fossem aplicados unilateralmente.

Em teoria, como Israel é responsável pelo ato inicial de agressão – a ocupação – e é a força de ocupação com esmagadora superioridade bélica, deveria ser considerado como o provocador e também sujeito a mais cobranças do que um movimento guerrilheiro de resistência anticolonial. Na realidade, ocorre exatamente o oposto na grande imprensa.


Estragos causado por ofensiva israelense na cidade de Gaza, na Palestina, neste sábado (7). Foto: Mohammed Abu Oun/Thenews2/Folhapress

6. O Hamas é uma organização terrorista (mas Israel não)


O governo dos Estados Unidos rotulou o Hamas como uma organização terrorista em 1997 e fornece a Israel bilhões de dólares em ajuda todos os anos.

Segundo a ONU, antes da Operação Tempestade al-Aqsa, as forças israelenses mataram mais de 6.300 palestinos desde 2008, mais da metade deles civis, e feriram outros 150.000. Os palestinos mataram 308 israelenses – 131 dos quais eram civis – e feriram mais 6.307.

Foi repetidamente demonstrado que Israel alveja civis intencionalmente, detém crianças em confinamento solitário durante longos períodos, tortura prisioneiros detidos sem acusações, fornece proteção a colonos enquanto eles saqueiam povoados palestinos, demolem casas, racionam água abaixo das necessidades diárias mínimas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde — e muito mais. A Human Rights Watch chegou ao ponto de rotular as ações de Israel como “crimes contra a humanidade”.

Esta é uma lista muito incompleta do terrorismo diário do Estado israelense.

Claramente, há um duplo padrão em jogo e este rótulo de “terrorista” é importante retoricamente para cobrir corretamente as atrocidades cometidas por Israel.

Todos nós deveríamos ficar horrorizados com o terrorismo. E por isso, condenar os atos do lado mais fraco e, ao mesmo tempo, dar passe livre aos colonizadores, minimizar seus crimes ou, pior, fornecer apoio financeiro, político e retórico a eles, só serve para perpetuar a situação e incentivar mais atos de terror. 

Assista ao documentário que Israel não quer que você veja



7. Todos os ataques palestinos a Israel são terrorismo


As convenções internacionais de direitos humanos têm afirmado repetidamente o direito dos povos colonizados e ocupados de resistir à sua colonização.

Múltiplas resoluções da Assembleia Geral da ONU “reafirmam a legitimidade da luta dos povos pela independência, integridade territorial, unidade nacional e libertação da dominação colonial, do apartheid e da ocupação estrangeira por todos os meios disponíveis, incluindo a luta armada.”

Resoluções da ONU também afirmam explicitamente que “a negação dos direitos inalienáveis do povo palestino à autodeterminação, à soberania, à independência e ao regresso à Palestina […], bem como [reconhecem que] a repetida agressão israelense contra a população da região, constituem uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais.”

As Convenções de Genebra protegem os indivíduos que “lutam contra a dominação colonial e a ocupação estrangeira e contra os regimes racistas no exercício do seu direito à autodeterminação” — um reconhecimento da legitimidade de tais lutas armadas.

As mesmas convenções não permitem ataques a civis, o que inclui colonos ilegais fortemente armados ou reservistas militares — a maioria da população israelense adulta — que não estejam ativamente envolvidos em combate.


LEIA TAMBÉM:


8. “É uma questão muito complexa”


Esta é a tática retórica favorita dos sionistas liberais que não querem defender abertamente os crimes de guerra e das pessoas que têm medo de assumir uma posição moral impopular. Existem muitos detalhes, fatos e nuances, é claro. 

Mas o quadro geral é ainda mais claro: Israel é uma nação colonial que roubou terras palestinas com armas em punho, perpetrando uma limpeza étnica que dura até hoje. É, portanto, um governo imoral, genocida, terrorista e ilegítimo e a resistência palestina é justificada sob a lei internacional e convenções morais. 

Os refugiados palestinos mundo afora têm o direito de voltar para casa. A comunidade internacional deve tomar medidas para forçar Israel a aceitar uma solução justa e evitar o derramamento de sangue inocente e a limpeza étnica. A existência de um estado etno-religioso é antagônico a todos os valores liberais e democráticos modernos.


9. “A solução de dois Estados”


Durante anos, a solução política preferida para a ocupação israelense da Palestina foi a chamada “solução de dois Estados”, na qual a Palestina histórica seria dividida em dois Estados que viveriam lado a lado, um predominantemente judeu e o outro predominantemente não-judeu. Isto significaria o fim da ocupação e uma oportunidade para uma paz duradoura.

Os detalhes de tal resolução foram longamente negociados e os dois lados chegaram muito perto de um acordo na década 90, mas essa oportunidade acabou quando um terrorista israelense de extrema-direita assassinou o primeiro-ministro israelense Yitzkah Rabin em 1995. Desde então, o establishment político israelense deslocou-se ainda mais para a direita e Israel passou a ocupar ilegalmente grandes áreas da Cisjordânia, tornando efetivamente impossível qualquer acordo. Hoje, três quartos dos palestinos acreditam que uma solução de dois Estados não é mais possível. 

A única opção possível neste momento é uma solução de um Estado único. E se isso ocorresse hoje, os judeus estariam em minoria, portanto os sionistas hoje preferem manter o status quo de um Estado único com territórios ocupados e apartheid e não considerariam uma solução democrática de um Estado único com os palestinos da Cisjordânia e de Gaza tendo plenos direitos políticos.

Aqueles que ainda estejam discutindo a possibilidade de uma solução de dois Estados está essencialmente ganhando tempo para o status quo, à medida que Israel aumenta a sua ocupação territorial ilegal e tenta ultrapassar os palestinos em termos de população através da política do retorno, inflando a imigração, e das elevadas taxas de natalidade fomentada entre as comunidades religiosas fundamentalistas.


10. As críticas a Israel são “antissemitas”


Durante muitos anos, qualquer crítica a Israel foi rotulada de antissemitismo. Isto tem sido especialmente verdade nos Estados Unidos, onde muitos jornalistas foram demitidos por fazerem comentários fatuais que não eram suficientemente pró-Israel. A autocensura extrema sobre o assunto nas redações estadunidenses tornou-se a norma — uma realidade que vivenciei pessoalmente.

Embora, é claro, os antissemitas pudessem criticar Israel e as críticas a Israel pudessem ser feitas de uma forma antissemita, essa correlação muitas vezes não está presente.

Ironicamente, a acusação de que a oposição a Israel é inerentemente antissemita é, em si, um conceito antissemita, pois junta uma identidade etno-religiosa diversificada em uma posição política única. É tão errado e ofensivo como dizer que todos os muçulmanos são terroristas porque o ISIS é “islâmico”, o que é um sentimento islamofóbico cultivado nesta sociedade educada por algumas das mesmas pessoas que argumentam que qualquer crítica a Israel é antissemita. 

A utilização deste argumento cínico pelos defensores de um estado racista de apartheid tem, na verdade, o efeito de aumentar o antissemitismo no mundo ao dizer aos não-judeus que todos os judeus são iguais e apoiam as políticas terroristas do governo sionista israelense. Entre os judeus não-israelenses, especialmente os mais jovens, o apoio ao sionismo e a Israel está caindo vertiginosamente ano após ano – e isso preocupa o governo.

A crítica a Israel não é antissemita.


11. Israel é um farol de valores progressistas num mar de inimigos islâmicos regressivos


Israel é uma nação de colonos na qual um movimento ideológico de judeus sionistas, predominantemente vindos da Europa e da América do Norte, se propôs a estabelecer um “pátria” para o povo judeu – a sua Sião. O Estado foi fundado depois dos horrores do Holocausto, mas o movimento dos colonos o antecede em meio século. 

Para criar este estado, os judeus sionistas se deslocaram de outros países e assassinaram sistematicamente os palestinos que ali viveram muito antes da palavra “sionismo” ter sido pronunciada. Também criaram leis com dezenas de tipos de discriminação legal contra os palestinos, num esforço forçar a saída do território e ter menos filhos para que os judeus sionistas pudessem se tornar majoritários na população. 

Os palestinos vivem sob um regime de apartheid etnorreligioso desde que as milícias terroristas paramilitares judaicas varreram a histórica Palestina em 15 de maio de 1948. O que os israelenses consideram sua declaração de independência, palestinos chamam de Nakba – “a Catástrofe”. Pelo menos 750 mil palestinos, entre muçulmanos e cristãos, foram forçados a fugir de suas casas enquanto forças determinadas a estabelecer um “Estado Judeu” ocupavam 78 por cento da região ondemuitos grupos étnicos, de várias religiões, coabitaram durante milhares de anos. 

Cerca de 530 cidades e aldeias palestinas foram atacadas e pelo menos 15 mil palestinos foram mortos na Nakba. Nas ações militares e paramilitares subsequentes, Israel ocupou cada vez mais terras, construindo colônias militarizadas populadas com fanáticos religiosos nascidos em várias partes do mundo e que não têm intenção de desistir de um centímetro dessas terras, pois vêem a sua ocupação da terra como uma profecia bíblica.

E, de fato, será difícil remover esses fanáticos religiosos, pois o governo israelense, cada vez mais controlador e extremista, tem um estoque de armas nucleares e apoio contínuo do governo dos Estados Unidos.

Por: Andrew Fishman - 8 de out de 2023

Fonte: Intercept Brasil


Click Verdade - Jornal Missão


Um enorme escândalo em que a mídia americana mentiu

A CNN esqueceu que seu âncora estava transmitindo ao vivo e pediu ao repórter e ao cinegrafista por telefone que fingissem que estavam sob a ameaça de mísseis do Hamas. Ele também pediu ao cinegrafista que focalizasse a imagem perto deles para que pudessem aparecer sinais de medo. Ele também lhes pediu que olhassem ao redor como se estivessem aterrorizados pelo medo. Foguetes do Hamas!

#CNN esqueceu que estava no ar e o diretor de notícias instruiu o repórter e o cinegrafista ao telefone a fingir que foram atingidos por foguetes do Hamas quando ele disse a ela para olhar em volta de uma forma que "você está em pânico"


sábado, 24 de fevereiro de 2024

Lula expôs como a mídia corporativa não é nossa aliada


A Globo não consegue ser objetiva sobre Lula ou Gaza. Juntos, é ainda pior


Click Verdade - Jornal Missão

A situação em Gaza está chegando a um ponto de inflexão crítico e a mídia corporativa brasileira está tentando pressionar o governo - e todo o país - a não criticar o massacre em massa de civis palestinos por Israel. Precisamos reagir em nome da verdade e da humanidade.

Israel encurralou a maioria dos mais de 2 milhões de civis de Gaza na pequena área de Rafah e agora está ameaçando invadi-la. Atacar a cidadezinha que se transformou em um campo de refugiados lotado seria um desastre humanitário criminoso ainda maior e sem precedentes.

Quase toda a Faixa de Gaza está em escombros. Os palestinos mal têm o que comer e beber. A fome está piorando. A renomada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que o número de mortos em Gaza poderá chegar a 259 mil nos próximos seis meses se essa escalada continuar - 1 em cada 9 palestinos em Gaza. Estamos em um ponto de inflexão importante e essa pressão pode ajudar a pôr fim à operação genocida.

Mas a grande mídia, que durante meses justificou e defendeu essa barbárie por meio de comentaristas, entrevistas e artigos mentirosos, está mais preocupada com a comparação que Lula fez da situação enfrentada pelos palestinos com a vivida por judeus no Holocausto, condenando-a como "antissemita" e uma "gafe" que prejudicará o Brasil geopoliticamente.

Se você tem lido o Intercept — um dos pouquíssimos veículos mostrando a verdade — sabe que a grande mídia está errada. Estão apenas expondo seu viés extremamente pró-EUA e pró-corporativo, que está completamente fora de sintonia com a opinião popular global e despreocupado com os interesses reais da maioria dos brasileiros. Se a grande mídia está disposta a apoiar esse tipo de massacre no exterior, pode apostar que encontrará um motivo para fazer o mesmo em casa. Aliás, já faz.

Precisamos do seu apoio para podermos continuar a ser uma voz de humanidade e ter a independência para sermos corajosos diante do grupo da velha mídia. Hoje, recebi até uma ameaça de morte pelo apoio do Intercept aos direitos do povo palestino, mas não vamos nos assustar. Podemos contar com você para se tornar um doador mensal e nos ajudar a enfrentar os extremistas disfarçados de moderados na mídia corporativa?

A situação em Gaza está chegando a um ponto de inflexão crítico e a mídia corporativa brasileira está tentando pressionar o governo - e todo o país - a não criticar o massacre em massa de civis palestinos por Israel. Precisamos reagir em nome da verdade e da humanidade.

Israel encurralou a maioria dos mais de 2 milhões de civis de Gaza na pequena área de Rafah e agora está ameaçando invadi-la. Atacar a cidadezinha que se transformou em um campo de refugiados lotado seria um desastre humanitário criminoso ainda maior e sem precedentes.

Quase toda a Faixa de Gaza está em escombros. Os palestinos mal têm o que comer e beber. A fome está piorando. A renomada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que o número de mortos em Gaza poderá chegar a 259 mil nos próximos seis meses se essa escalada continuar - 1 em cada 9 palestinos em Gaza. Estamos em um ponto de inflexão importante e essa pressão pode ajudar a pôr fim à operação genocida.

Mas a grande mídia, que durante meses justificou e defendeu essa barbárie por meio de comentaristas, entrevistas e artigos mentirosos, está mais preocupada com a comparação que Lula fez da situação enfrentada pelos palestinos com a vivida por judeus no Holocausto, condenando-a como "antissemita" e uma "gafe" que prejudicará o Brasil geopoliticamente.

Se você tem lido o Intercept — um dos pouquíssimos veículos mostrando a verdade — sabe que a grande mídia está errada. Estão apenas expondo seu viés extremamente pró-EUA e pró-corporativo, que está completamente fora de sintonia com a opinião popular global e despreocupado com os interesses reais da maioria dos brasileiros. Se a grande mídia está disposta a apoiar esse tipo de massacre no exterior, pode apostar que encontrará um motivo para fazer o mesmo em casa. Aliás, já faz.

Precisamos do seu apoio para podermos continuar a ser uma voz de humanidade e ter a independência para sermos corajosos diante do grupo da velha mídia. Hoje, recebi até uma ameaça de morte pelo apoio do Intercept aos direitos do povo palestino, mas não vamos nos assustar. Podemos contar com você para se tornar um doador mensal e nos ajudar a enfrentar os extremistas disfarçados de moderados na mídia corporativa?


Via: Andrew Fishman : Intercept Brasil

 Presidente e co-fundador.

Obrigado por nos ler! Que tal nos dizer o que achou?
Nosso e-mail é: newsletter@intercept.com.br


Intercept Brasil


ISRAEL-PALESTINA: 5 DISTORÇÕES SOBRE GAZA E HAMAS QUE A MÍDIA VAI TE CONTAR HOJE

O jornalismo corporativo tem um viés pró-Israel importado dos EUA. Fique de olho nestas distorções enquanto Israel embarca em uma campanha terrorista que promete “transformar Gaza numa ilha deserta”. - 11 de out. de 2023


 

Comentários Facebook