O jornalismo corporativo — especialmente dos Estados Unidos e do Brasil — tem um viés pró-Israel e anti-Palestina. Com a Operação Tempestade al-Aqsa, do Hamas, as distorções estão voando soltas.
“MEU DEUS, É IGUAL à intervenção militar nas
favelas do Rio – mas muito pior.” Isso é o que Cecília Olliveira, do Intercept,
dizia repetidas vezes, horrorizada, enquanto caminhávamos pelos postos de
controle militar israelenses e nas ruas enjauladas de Hebron, a cidade distópica
que é a maior da Cisjordânia, na Palestina.
Os colonos religiosos israelenses – muitas vezes nascidos
fora dali, em países como os Estados Unidos – estão casa a casa, centímetro a
centímetro, tentando estrangular e desenraizar a sociedade palestina em Hebron
e tomar a cidade santa. É seu “direito divino”, argumentam. O direito
internacional e as organizações de direitos humanos como a Anistia
Internacional, a Human Rights Watch e a B’Tselem utilizam um vocabulário
diferente: ocupação ilegal, Apartheid e crimes contra a humanidade, entre
outros.
A realidade segregada e militarizada da cidade é chocante
para qualquer observador externo, mas as condições são muito melhores do que as
dos palestinos que vivem em Gaza, que é considerada pelas organizações de
direitos humanos a maior e mais superlotada prisão ao ar livre do planeta, com
2 milhões de habitantes.
No sábado, o primeiro-ministro israelense Benjamin
Netanyahu fez declarações
abertamente genocidas: “Vamos transformar Gaza numa ilha deserta. Aos cidadãos
de Gaza, eu digo: vocês devem partir agora. Iremos atacar todos e cada um dos
cantos da faixa.” Evacuar ou ser bombardeada — só que os cidadãos de Gaza
não tem para onde correr.
O ministro da segurança nacional que ajudará Netanyahu a
cumprir essa promessa é
Itamar Ben-Gvir, um colono extremista que foi condenado em um tribunal
israelense por apoiar uma organização terrorista e incitar o racismo contra os
palestinos em 2007.
Numa sucessão de ataques militares a zonas civis densamente
povoadas nos últimos anos, Israel bombardeou instalações
de tratamento de água, centrais elétricas, hospitais e escolas de Gaza, fechou
as suas fronteiras e portos, proibiu a operação de um aeroporto e destruiu pelo
menos um terço das terras agrícolas de Gaza desde 2000, quando evacuou
assentamentos israelenses ilegais na área. No sábado, Israel lançou outro
bombardeio a Gaza, o oitavo grande ataque desde 2005.
A causa imediata foi uma operação violenta sem precedentes
perpetrada pela ala militante do Hamas, o partido político que governa Gaza
desde a última eleição em 2006 e que tem apoio da população palestina. Esse
ataque, chamado de “Operação Tempestade al-Aqsa”, surge no contexto de uma
série de ações agressivamente provocativas por parte do governo israelense nos
últimos meses — geralmente omitidas de cobertura jornalística — além de 75 anos
de ocupação, e 16 anos de embargo apertado da Gaza.
Observadores internacionais, lideranças palestinas e
pesquisas de opinião pública palestinas têm sinalizado há tempos que uma
resposta violenta às agressões israelenses estava se desenhando, mas a
liderança israelense de extrema-direita nunca imaginou que um golpe dessa
magnitude fosse possível.
Até o momento,
mais de 413 palestinos e 700 israelenses foram mortos. Há ainda mais de 2.300
feridos de cada lado.
Os olhos do mundo, depois de ignorar os ataques diários
contra os palestinos,
estão agora voltados para a tragédia em curso na Palestina e Israel. E, como é
de se esperar, muitas das mesmas distorções, mentiras e meias-verdades de
sempre estão sendo repetidas nos meios de comunicação corporativos e nas redes
sociais para legitimar a violência israelense e atacar a resistência palestina
à colonização.
Listo abaixo uma seleção de algumas das narrativas mais
difundidas e perniciosas da mídia, tanto nos Estados Unidos e Reino Unido
quanto no Brasil, onde a imprensa empresarial reflete em grande parte os pontos
de vista estadunidenses sobre assuntos internacionais.
1. O “conflito Israel-Palestina” é uma “guerra”
Referir-se à ocupação israelense da Palestina como um
“conflito” ou aos ataques israelenses como parte de uma “guerra” serve
incorretamente para criar uma falsa equivalência entre as duas partes, como se
fossem iguais e equilibradas.
Israel é uma nação independente que investe R$ 120 bilhões
por ano nas forças militares e de inteligência, que estão entre as mais
sofisticadas do mundo. Controla as fronteiras, os céus, as costas marítimas, as
telecomunicações e a economia da Palestina, cujo governo tem uma autonomia
extremamente limitada. A resistência armada palestina durante anos incluiu
facas, fogos de artifício, explosivos caseiros e parapentes como parte
essencial do seu arsenal. Os palestinos não têm tanques, aviões, navios de
guerra, submarinos ou artilharia pesada. Nos últimos anos, receberam mais ajuda
militar estrangeira — ainda irrisória em comparação ao poderio dos militares
israelenses.
Israel não está em “guerra” ou em “conflito” com o Hamas ou
com a nação da Palestina — é uma força de ocupação colonial ilegal que usa seu
exército poderoso para, diariamente, cometer crimes contra a humanidade para
reprimir os palestinos, um povo que está resistindo sua colonização racista.
Assine agora o abaixo-assinado para que a Globo e o resto da grande mídia parem de desumanizar civis palestinos
2. Israel é uma “democracia ocidental”
Deixando de lado uma série de decisões políticas e jurídicas
autoritárias dos últimos anos, Israel realiza eleições regulares, tem um
parlamento, um Supremo Tribunal, uma imprensa em alguma medida livre e todas as
instituições de uma democracia. Mas falta uma coisa importante: os 5 milhões de
palestinos que estão sob ocupação israelense não têm direito a voto. Se todos
que estivessem sujeitos à autoridade israelense tivessem o direito de votar, a
maioria seria palestina e a política israelense seria totalmente diferente. Se
incluirmos os milhões de refugiados palestinos fora do país que gostariam de
regressar à sua terra natal, o quadro se torna ainda mais claro.
Além disso, a maioria eleitoral sionista tem passado uma
série de leis discriminatórias que visam limitar os direitos de cidadãos
não-judeus de Israel. Essas são as principais razões pelas quais muitos
observadores internacionais não consideram Israel uma verdadeira democracia.
E embora saibamos que isso não acontece na prática, em
princípio, esperamos que as democracias ocidentais pelo menos finjam que
respeitam os direitos humanos. Israel não tem esta pretensão há anos.
3. A ausência da palavra “Apartheid”
As Nações Unidas, a Anistia
Internacional, a Human
Rights Watch e muitas outras organizações e acadêmicos proeminentes
rotularam Israel como um estado colonial de Apartheid. Isto significa que
o Estado pratica discriminação e segregação sistêmica racial de forma desumana
para oprimir determinadas populações. As provas são esmagadoras e esta é a
realidade dos cidadãos palestinos de Israel e ainda mais dos súditos coloniais
palestinos nos territórios ocupados.
Este fato, contestado pelas autoridades israelenses e muitas
vezes ignorado ou qualificado pela imprensa, é um elemento importante do apelo
palestino à justiça e à autodeterminação e é crucial para demonstrar por que a
resistência palestina é uma luta de libertação legítima e não apenas terrorismo
irracional e antissemitismo, como querem fazer crer.
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4. “Israel respondeu à agressão palestina” (A Palestina é sempre o agressor)
Os ataques israelenses a civis palestinos — que são crimes
de guerra — são quase sempre enquadrados como respostas às provocações
palestinas, colocando assim o ônus sobre os palestinos colonizados. Este
enquadramento por grande parte da imprensa ajuda a atenuar a culpabilidade
israelense, e é geralmente uma delimitação arbitrária que ignora as provocações
criminosas dos israelenses contra os palestinos – muitas vezes feitas
com pleno conhecimento de que estes atos levarão a uma resposta bélica.
Nada une melhor as sociedades do que uma ameaça comum e, em
diversas ocasiões no passado, os líderes israelenses foram
acusados de provocar respostas violentas intencionalmente, a fim de
aumentar a coesão política e obter apoio público.
O Hamas é explícito ao afirmar que as suas ações hoje são
uma tentativa de atrair a atenção da comunidade internacional para a situação
do povo palestino. “Queremos que a comunidade internacional pare com as
atrocidades em Gaza, contra o povo palestino e aos nossos locais sagrados como
al-Aqsa. Todas essas coisas são a razão por trás do início desta batalha”, disse o
porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, à Al Jazeera.
Israel é liderado atualmente pelo governo mais da
extrema-direita da sua história e está passando por graves turbulências
políticas, incluindo manifestações
históricas que atraíram milhões de cidadãos nas ruas, protestando
contra novas reformas autoritárias que diminuem o poder do judiciário. Este
governo extremista tem provocado agressivamente tensões com os palestinos há
meses e os líderes palestinos têm alertado a comunidade internacional de que
estas provocações eram uma escalada que levaria a uma nova escalada.
Em julho passado Israel invadiu Jenin,
um dos maiores campos de refugiados da Cisjordânia, matando 12 pessoas e
atingindo 80% das casas depois de “terraplanar” as ruas com escavadeiras. Um
ministro do governo declarou publicamente
que “não existe” povo palestino e, após uma chacina perpetrada por colonos
israelenses no povoado palestino de Huwara, disse que o local deveria
ser “apagado” pelo Estado.
As provocações israelenses são demasiado numerosas para
serem enumeradas, mas muitas se centraram em torno da mesquita de Al-Aqsa, em
Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islã. A mesquita e seus arredores
têm sido palco de
repetidas e incessantes atos de violência por parte das forças de segurança
israelenses e de colonos judeus ultraortodoxos, muitas vezes gritando“morte aos
árabes”.
“Os ataques diários contra locais sagrados e fiéis durante o
mês sagrado do Ramadã são ações condenáveis e inaceitáveis que irão inflamar a
região e arrastá-la para o abismo”, disse um
porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, que representa o povo
palestino internacionalmente, em abril deste ano. As provocações continuaram e
há três dias, judeus ultraortodoxos invadiram os arredores da mesquita – uma
ofensa grave e intencional – com a ajuda das forças de segurança
israelenses.
Israel também reduziu recentemente
os direitos dos prisioneiros palestinos, o que levou a uma greve de fome de
centenas de prisioneiros e a um protesto em Gaza, onde soldados
israelenses mataram um
manifestante e feriram outros nove. Mais de 5.000 palestinos são presos pelo
Israel, inclusive muitos líderes políticos eleitos, como o popular herói da
resistência palestina Marwan Barghouti.
Tudo isto somado a 75 anos de ocupação, a 16 anos de embargo
a Gaza e racionamento de bens básicos — que vão de água e comida a insumos
médicos — que está propositalmente estrangulando a economia local.
5. Israel tem o direito de se defender (a Palestina não)
Israel, seus aliados como os governos dos Estados Unidos e
da Alemanha, e os principais meios de comunicação corporativos, tendem a
repetir a mesma frase pouco antes de Israel bombardear áreas civis: “Israel tem
o direito absoluto de se defender”. Foi o que disse o
primeiro-ministro britânico Rishi Sunak no sábado.
Que as nações podem e devem defender a sua soberania é
universalmente aceito, mas esse conceito não se aplica a ações ofensivas, nem a
ataques contra civis. A imprensa segue enquadrando os ataques israelenses aos
palestinos como legítimos atos de guerra “retaliatórios” e “defensivos”, como
se todos os ataques que lançam fossem “absolutamente” justificados, mesmo
alvejando civis.
Se a violência fosse vista em seu contexto completo, seria
mais provável que fosse vista como atos agressivos de violência para
desmoralizar e rachar um povo colonizado, até mesmo usando castigos coletivos,
o que segundo as leis internacionais, é crime de guerra.
Ao passo que Israel é sempre enquadrado (incorretamente)
como defensivo, o Hamas é apresentado como beligerante e, portanto, seu
“direito absoluto de se defender” não é sequer discutido. Nas ocasiões em que a
dinâmica é levantada, a resposta comum é rotular o Hamas como uma força
terrorista e citar como as suas operações afetam os civis israelenses —
argumentos que seriam enfraquecidos se não fossem aplicados unilateralmente.
Em teoria, como Israel é responsável pelo ato inicial de agressão – a ocupação – e é a força de ocupação com esmagadora superioridade bélica, deveria ser considerado como o provocador e também sujeito a mais cobranças do que um movimento guerrilheiro de resistência anticolonial. Na realidade, ocorre exatamente o oposto na grande imprensa.
6. O Hamas é uma organização terrorista (mas Israel não)
O governo dos Estados Unidos rotulou o
Hamas como uma organização terrorista em 1997 e fornece a Israel bilhões de
dólares em ajuda todos os anos.
Segundo a
ONU, antes da Operação Tempestade al-Aqsa, as forças israelenses mataram
mais de 6.300 palestinos desde 2008, mais da metade deles civis, e feriram
outros 150.000. Os palestinos mataram 308 israelenses – 131 dos quais eram
civis – e feriram mais 6.307.
Foi repetidamente demonstrado que
Israel alveja civis intencionalmente, detém crianças em confinamento solitário
durante longos períodos, tortura prisioneiros detidos sem acusações, fornece
proteção a colonos enquanto eles saqueiam povoados palestinos, demolem casas,
racionam água abaixo das necessidades diárias mínimas estabelecidas pela
Organização Mundial da Saúde — e muito mais. A Human Rights Watch chegou ao
ponto de rotular as
ações de Israel como “crimes contra a humanidade”.
Esta é uma lista muito incompleta do terrorismo diário do
Estado israelense.
Claramente, há um duplo padrão em jogo e este rótulo de
“terrorista” é importante retoricamente para cobrir corretamente as atrocidades
cometidas por Israel.
Todos nós deveríamos ficar horrorizados com o terrorismo. E
por isso, condenar os atos do lado mais fraco e, ao mesmo tempo, dar passe
livre aos colonizadores, minimizar seus crimes ou, pior, fornecer apoio
financeiro, político e retórico a eles, só serve para perpetuar a situação e
incentivar mais atos de terror.
Assista ao documentário que Israel não quer que você veja
7. Todos os ataques palestinos a Israel são terrorismo
As convenções internacionais de direitos humanos têm
afirmado repetidamente o direito dos povos colonizados e ocupados de resistir à
sua colonização.
Múltiplas resoluções da
Assembleia Geral da ONU “reafirmam a legitimidade da luta dos povos pela
independência, integridade territorial, unidade nacional e libertação da
dominação colonial, do apartheid e da ocupação estrangeira por
todos os meios disponíveis, incluindo a luta armada.”
Resoluções da ONU também afirmam explicitamente
que “a negação dos direitos inalienáveis do povo palestino à autodeterminação,
à soberania, à independência e ao regresso à Palestina […], bem como
[reconhecem que] a repetida agressão israelense contra a população da região,
constituem uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais.”
As Convenções de Genebra protegem os
indivíduos que “lutam contra a dominação colonial e a ocupação estrangeira e
contra os regimes racistas no exercício do seu direito à autodeterminação” — um
reconhecimento da legitimidade de tais lutas armadas.
As mesmas convenções não permitem ataques a civis, o que
inclui colonos ilegais fortemente armados ou reservistas militares — a maioria
da população israelense adulta — que não estejam ativamente envolvidos em
combate.
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8. “É uma questão muito complexa”
Esta é a tática retórica favorita dos sionistas liberais que
não querem defender abertamente os crimes de guerra e das pessoas que têm medo
de assumir uma posição moral impopular. Existem muitos detalhes, fatos e
nuances, é claro.
Mas o quadro geral é ainda mais claro: Israel é uma nação
colonial que roubou terras palestinas com armas em punho, perpetrando uma
limpeza étnica que dura até hoje. É, portanto, um governo imoral, genocida,
terrorista e ilegítimo e a resistência palestina é justificada sob a lei
internacional e convenções morais.
Os refugiados palestinos mundo afora têm o direito de voltar para casa. A comunidade internacional deve tomar medidas para forçar Israel a aceitar uma solução justa e evitar o derramamento de sangue inocente e a limpeza étnica. A existência de um estado etno-religioso é antagônico a todos os valores liberais e democráticos modernos.
9. “A solução de dois Estados”
Durante anos, a solução política preferida para a ocupação
israelense da Palestina foi a chamada “solução de dois Estados”, na qual a
Palestina histórica seria dividida em dois Estados que viveriam lado a lado, um
predominantemente judeu e o outro predominantemente não-judeu. Isto
significaria o fim da ocupação e uma oportunidade para uma paz duradoura.
Os detalhes de tal resolução foram longamente negociados e
os dois lados chegaram muito perto de um acordo na década 90, mas essa
oportunidade acabou quando um terrorista israelense de extrema-direita assassinou o
primeiro-ministro israelense Yitzkah Rabin em 1995. Desde então, o
establishment político israelense deslocou-se ainda mais para a direita e
Israel passou a ocupar ilegalmente grandes áreas da Cisjordânia, tornando
efetivamente impossível qualquer acordo. Hoje, três quartos dos
palestinos acreditam que
uma solução de dois Estados não é mais possível.
A única opção possível neste momento é uma solução de um
Estado único. E se isso ocorresse hoje, os judeus estariam em minoria, portanto
os sionistas hoje preferem manter o status quo de um Estado único com
territórios ocupados e apartheid e não considerariam uma solução democrática de
um Estado único com os palestinos da Cisjordânia e de Gaza tendo plenos
direitos políticos.
Aqueles que ainda estejam discutindo a possibilidade de uma solução de dois Estados está essencialmente ganhando tempo para o status quo, à medida que Israel aumenta a sua ocupação territorial ilegal e tenta ultrapassar os palestinos em termos de população através da política do retorno, inflando a imigração, e das elevadas taxas de natalidade fomentada entre as comunidades religiosas fundamentalistas.
10. As críticas a Israel são “antissemitas”
Durante muitos anos, qualquer crítica a Israel foi rotulada
de antissemitismo. Isto tem sido especialmente verdade nos Estados Unidos, onde
muitos jornalistas foram demitidos por fazerem comentários fatuais que não eram
suficientemente pró-Israel. A autocensura extrema sobre o assunto nas redações
estadunidenses tornou-se a norma — uma realidade que vivenciei pessoalmente.
Embora, é claro, os antissemitas pudessem criticar Israel e
as críticas a Israel pudessem ser feitas de uma forma antissemita, essa
correlação muitas vezes não está presente.
Ironicamente, a acusação de que a oposição a Israel é
inerentemente antissemita é, em si, um conceito antissemita, pois
junta uma identidade etno-religiosa diversificada em uma posição política
única. É tão errado e ofensivo como dizer que todos os muçulmanos são
terroristas porque o ISIS é “islâmico”, o que é um sentimento islamofóbico
cultivado nesta sociedade educada por algumas das mesmas pessoas que argumentam
que qualquer crítica a Israel é antissemita.
A utilização deste argumento cínico pelos defensores de um
estado racista de apartheid tem, na verdade, o efeito de aumentar o
antissemitismo no mundo ao dizer aos não-judeus que todos os judeus são iguais
e apoiam as políticas terroristas do governo sionista israelense.
Entre os judeus
não-israelenses, especialmente os mais
jovens, o apoio ao sionismo e a Israel está caindo vertiginosamente
ano após ano – e isso preocupa o governo.
A crítica a Israel não é antissemita.
11. Israel é um farol de valores progressistas num mar de inimigos islâmicos regressivos
Israel é uma nação de colonos na qual um movimento
ideológico de judeus sionistas, predominantemente vindos da Europa e da América
do Norte, se propôs a estabelecer um “pátria” para o povo judeu – a sua Sião. O
Estado foi fundado depois
dos horrores do Holocausto, mas o movimento dos colonos o antecede em meio
século.
Para criar este estado, os judeus sionistas se deslocaram de
outros países e assassinaram sistematicamente os palestinos que ali viveram
muito antes da palavra “sionismo” ter sido pronunciada. Também criaram leis com
dezenas de tipos de discriminação legal contra os palestinos, num esforço
forçar a saída do território e ter menos filhos para que os judeus sionistas
pudessem se tornar majoritários na população.
Os palestinos vivem sob um regime de apartheid
etnorreligioso desde que as milícias terroristas paramilitares judaicas
varreram a histórica Palestina em 15 de maio de 1948. O que os israelenses
consideram sua declaração de independência, palestinos chamam de Nakba – “a
Catástrofe”. Pelo menos 750 mil palestinos, entre muçulmanos e cristãos, foram
forçados a fugir de suas casas enquanto forças determinadas a estabelecer um
“Estado Judeu” ocupavam 78 por cento da região ondemuitos grupos étnicos, de
várias religiões, coabitaram durante milhares de anos.
Cerca de 530 cidades e aldeias palestinas foram atacadas e
pelo menos 15 mil palestinos foram mortos na Nakba. Nas ações militares e
paramilitares subsequentes, Israel ocupou cada vez mais terras, construindo
colônias militarizadas populadas com fanáticos religiosos nascidos em várias
partes do mundo e que não têm intenção de desistir de um centímetro dessas
terras, pois vêem a sua ocupação da terra como uma profecia bíblica.
E, de fato, será difícil remover esses fanáticos religiosos, pois o governo israelense, cada vez mais controlador e extremista, tem um estoque de armas nucleares e apoio contínuo do governo dos Estados Unidos.
Por: Andrew Fishman - 8 de out de 2023
Fonte: Intercept Brasil
Click Verdade - Jornal Missão
Um enorme escândalo em que a mídia americana mentiu
A CNN esqueceu que seu âncora estava transmitindo ao vivo e pediu ao repórter e ao cinegrafista por telefone que fingissem que estavam sob a ameaça de mísseis do Hamas. Ele também pediu ao cinegrafista que focalizasse a imagem perto deles para que pudessem aparecer sinais de medo. Ele também lhes pediu que olhassem ao redor como se estivessem aterrorizados pelo medo. Foguetes do Hamas!
#CNN esqueceu que estava no ar e o diretor de notícias instruiu o repórter e o cinegrafista ao telefone a fingir que foram atingidos por foguetes do Hamas quando ele disse a ela para olhar em volta de uma forma que "você está em pânico"