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sábado, 21 de setembro de 2024

'Genocídio televisionado': líder palestino denuncia à Sputnik 'Nakba 2' em evento no Brasil


Durante o 11º Congresso da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), realizado para marcar os 45 anos da entidade, Ualid Rabah, presidente da entidade, relembrou a história da federação e voltou a explicar o contexto dramático atual da causa palestina. Líder fez paralelo com 1948, quando palestinos foram forçados a deixar suas casas


Genocídio, israel = crimes de guerra


Fundada em 1979, a Fepal surgiu com o propósito de integrar a diáspora palestina à luta nacional do povo. "Ela nasce para defender a comunidade palestina no Brasil, organizar, preservar suas tradições e a língua, e conectar essa diáspora à sua pátria-mãe, a Palestina", explicou Rabah à Sputnik Brasil.

Rabah ressaltou que o congresso desta sexta-feira (2) ocorre em um momento excepcional: "Estamos diante da primeira limpeza étnica televisionada da história, o que chamamos de 'Nakba 2'. Este congresso carrega a marca do genocídio palestino em Gaza e da tentativa de extermínio de seu povo", disse.

O presidente da Fepal traçou um paralelo com a Nakba de 1948, quando milhares de palestinos foram forçados a deixar suas casas. "Hoje, 40% da população palestina é refugiada, a maior população de refugiados de todos os tempos", afirmou.

Rabah destacou dados alarmantes, tais como 2,5% da população ter sido exterminada, com 52 mil desaparecidos entre os escombros.


"É a maior matança de crianças da história, com 45% das vítimas sendo crianças, um número três vezes maior do que o registrado durante todo o período nazista."

 

Israel bloqueia mais de 80% dos
 alimentos destinados a Gaza,
 diz organização humanitária

O líder da Fepal denunciou ainda o que chamou de "solução final" e "um genocídio de um novo tipo", comentando abortos involuntários e o elevado número de mulheres grávidas entre as vítimas. "Estamos diante de um experimento social genocida que elimina tanto os ventres quanto as crianças que nasceram. É um extermínio programado para colapsar a capacidade reprodutiva da população palestina."

A refugiada palestina Noura Badem, que não fala português, relatou em árabe que veio no primeiro avião ao Brasil quando a guerra se intensificou, em outubro de 2023. Ela afirmou que "os filhos dela gostam muito do Brasil e não gostariam de voltar a morar na Palestina".

Badem ainda define a situação como "desesperadora" por ainda possuir oito irmãos em território palestino.


Como foi danificada a
Faixa de Gaza durante agravamento
 da situação no Oriente Médio?


Apoio do Brasil aos refugiados palestinos de Gaza


Rabah reconheceu o apoio do governo brasileiro na recepção de refugiados palestinos. Ele lembrou que o Brasil acolheu refugiados do Iraque em 2007 e da Síria em 2011, e agora resgatou brasileiros e palestinos de Gaza. "O Brasil demonstrou seu compromisso com os direitos humanos ao resgatar os que estavam no campo de extermínio em Gaza".

Além disso, Rabah destacou a adesão do Brasil à petição da África do Sul para a investigação do genocídio em Gaza, ressaltando que "é necessário parar esse extermínio e investigar esses crimes".

Segundo ele, a comunidade palestina no Brasil é grata pelo apoio, mas vive com grande angústia: "Estamos testemunhando um extermínio que nenhum povo gostaria de vivenciar, é como se as câmaras de gás dos campos de concentração fossem transmitidas ao vivo. Esse é o nosso campo de extermínio de Gaza sendo televisionado".

Faiza Daoudi, secretária da Fepal para assuntos de refugiados, explicou que seu trabalho é voltado ao suporte à refugiados de diversas origens e religiões, não apenas palestinos. "Eu apoio os refugiados palestinos que estão aqui no Brasil e fora do Brasil também. Temos um canal para cuidar de todos os tipos de refugiados, independente da raça ou religião".

Nascida no Brasil, ela é filha de refugiados que deixaram a Palestina em 1948, durante a Nakba, quando centenas de milhares de pessoas foram forçados a deixar suas casas após a criação do Estado de Israel.


"Meus pais saíram da Palestina em 1948, foram primeiro para a Cisjordânia e, depois de algum tempo, seguiram para a Jordânia. Eu vim para o Brasil em 1978, casei com meu marido, que também é refugiado palestino e já estava aqui."

 

Ela ressalta que o momento atual é particularmente difícil para os palestinos, em meio ao que também descreve como um genocídio em Gaza. "Estamos atravessando um momento muito difícil, mas é ainda mais importante que a nossa causa seja conhecida e que lutemos juntos."

Mariana Ramos, estudante de filosofia da Universidade Federal do ABC (UFABC), também participou do evento e defende que as mudanças precisam começar nas estruturas da sociedade. "Hoje o que eu vejo é essa chacina, esse genocídio contra inocentes. A gente já viu isso na história e não quer ver se repetir. Não podemos nos acostumar com a banalidade do mal."


"Por que nós, como humanidade, não estamos fazendo nada? Por que nós não acordamos enquanto ainda temos tempo para mudar esse planeta? Não é sobre esperar, é sobre agir agora", questionou.


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Fonte: Sputnik Brasil


FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil


Nakba - A catástrofe palestina

A Nakba, palavra árabe para "catástrofe", designa a expulsão de pelo menos 750.000 palestinos de suas terras e lares, promovida por Israel em 1948. Esse triste episódio deu início a um processo de limpeza étnica que dura até hoje, com a violência e a expansão criminosa dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e em outros territórios palestinos. Todos os anos, no dia 15 de maio, o mundo relembra a data, em defesa do direito de retorno dos palestinos às suas terras, de justiça e reparos para quase 6 milhões de refugiados que lutam por reconhecimento e soberania.


"israel" está estuprando crianças palestinas em campos de concentração.

Após 8 meses sequestrado por "israel", palestino relata ter sido estuprado, molestado por militar feminina, eletrocutado na região íntima e testemunhado violência sexual contra crianças.



Palestina 01

Palestina 02 


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quarta-feira, 15 de maio de 2024

#Nakba76: Exija ação e responsabilização para acabar com o #Genocídio em Gaza e #Desmantelar o Apartheid


Ao comemorarmos o Dia da Nakba, recusamo-nos a ficar de braços cruzados como meras testemunhas da injustiça. Exigimos ação, responsabilização e mudanças transformadoras para garantir um futuro de dignidade, justiça e libertação para o povo palestiniano.


BDS movement

expulsão forçada de aproximadamente 750.000 palestinos indígenas das suas casas marcou o início formal de um regime de colonialismo de colonos, apartheid, ocupação militar e agora genocídio que persiste até hoje. Apelamos à cumplicidade dos Estados, das empresas e das instituições que permitiram a Nakba em curso de Israel e o protegeram da responsabilização durante 76 anos. O movimento BDS reitera o espírito inflexível do povo palestiniano na nossa luta legítima pela liberdade, retorno, justiça e autodeterminação, num momento em que o nosso povo vive o primeiro genocídio transmitido em direto do mundo.

Enquanto Israel bombardeia Rafah com bombas fornecidas pelos EUA e pela Europa, chamamos urgentemente a atenção para uma catástrofe iminente contra os 1,4 milhões de palestinianos que ali procuram refúgio. Apelamos a uma intervenção internacional urgente sob a forma de sanções e de um embargo de armas para pôr fim aos assassinatos indiscriminados em curso e à destruição das últimas instalações de saúde restantes em Gaza. 

Apesar das provas esmagadoras das atrocidades e massacres perpetrados por Israel, apesar da decisão do Tribunal Internacional de Justiça de que Israel está plausivelmente a cometer genocídio, muitos Estados, especialmente os EUA e em toda a Europa, têm consistentemente falhado no cumprimento das suas obrigações ao abrigo do direito internacional e da Convenção sobre o Genocídio, particularmente. Apesar de dezenas de especialistas em direitos humanos da ONU e do Conselho de Direitos Humanos da ONU apelarem diretamente ao fim da "venda, transferência e desvio de armas, munições e outro equipamento militar para Israel, a potência ocupante...para evitar novas violações do direito humanitário internacional e violações e abusos dos direitos humanos”, os EUA e a Europa continuam a fornecer armas e cobertura diplomática a Israel, permitindo-lhe prosseguir o seu genocídio indescritível. Isto torna-os cúmplices do genocídio em curso em Israel, traindo os próprios princípios de justiça e de direitos humanos, professam ostensivamente defender.

Após 7 meses de genocídio implacável, a estratégia israelita é absolutamente clara: expulsar à força o maior número possível de palestinianos de Gaza, a maioria deles já refugiados da Nakba. Os métodos utilizados são diretos e indiretos, desde massacres contínuos, cercos e destruição sistemática de infra-estruturas essenciais à vida – abastecimento de água, hospitais, escolas, universidades, quintas e casas são todos alvo de tornar a existência insustentável. As organizações de direitos humanos também condenaram o uso que Israel faz da fome contra os palestinianos como arma de guerra. Esta obliteração calculada dos próprios fundamentos da vida é uma estratégia brutal que visa causar danos irreparáveis ​​e criar um ambiente coercivo para os palestinianos abandonarem as suas terras, refletindo em grande parte a limpeza étnica durante a Nakba de 1948. 

Aplaudimos a criatividade, os princípios e a bravura do movimento de solidariedade global, particularmente a revolta liderada pelos estudantes que visa o desinvestimento em empresas que permitem os crimes de Israel e o fim das relações académicas com as suas universidades profundamente cúmplices. A coragem de estudantes conscienciosos e de professores e trabalhadores solidários face à violência e à repressão inspira esperança na luta para acabar com o #Genocídio de Gaza em Israel e o seu regime subjacente de apartheid colonial de colonos.

Destacamos a firmeza contínua dos palestinos face à adversidade. Apesar de décadas de opressão, o povo palestiniano continua a resistir à negação, por parte de Israel, da liberdade, da justiça, da autodeterminação e do nosso direito inerente e estipulado pela ONU aos refugiados de regressarem.

Ao comemorarmos o Dia da Nakba, recusamo-nos a ficar de braços cruzados como meras testemunhas da injustiça. Exigimos ação, responsabilização e mudanças transformadoras para garantir um futuro de dignidade, justiça e libertação para o povo palestiniano. 


O movimento BDS exige:

- Pressionar o TPI para emitir imediatamente mandados de prisão contra líderes israelitas e membros das forças armadas cúmplices do genocídio, para evitar que Israel cometa novas atrocidades em massa.

- Protestos de rua e perturbações pacíficas da normalidade dos negócios visando governos, empresas e instituições cúmplices.

- Pressionar os governos para imporem sanções legais unilaterais e multilaterais imediatas contra Israel, começando com um embargo de segurança militar, conforme solicitado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU e por dezenas de especialistas em direitos humanos da ONU .

- Expulsar Israel da AGNU e de outros fóruns internacionais, incluindo o Comité Olímpico Internacional, a FIFA, a Eurovisão, etc.

Cada dia de impunidade concedida ao apartheid de Israel traz consequências ainda mais devastadoras para os palestinos indígenas e para o que resta da credibilidade do direito internacional.

Fonte: BDS movement


Rede TVT

Palestina: A Nakba e 76 anos de crimes do nazi-sionismo israelense



Palestine Updates


Palestine Hoje, 15 de maio, é o "DIA NAKBA" na Palestina

"A história da Palestina em 6 minutos

🔺 76 anos de ocupação

🔺 76 anos de Opressão

🔺 76 anos de genocídio

🔺 76 anos de migração forçada

🔺 76 anos de Resistência

Não pare de resistir e não pare de compartilhar isso



 𓂆 SamSoul213

Muhammad Hadid, pai de Bella e Gigi Hadid e sobrevivente da Nakba, conta como os refugiados polacos ocuparam a casa da sua família em Safad apesar de os terem acolhido 2 anos antes. Ele também explica que não conseguiu realizar o último desejo de sua mãe de ser enterrado em Nazaré. #Israël foi fundada na limpeza étnica e continua a implementá-la até hoje. #GazaGenocide‌ #PalestineFree



 The Palestinian

Hoje marca o 76º aniversário da Nakba, ou a “Catástrofe”, a limpeza étnica dos palestinos na sequência da “independência de Israel” em 1948. 76 anos e 221 dias e continue!



Palestina 01

Palestina 02 


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sábado, 9 de março de 2024

A resistência liderada pelas mulheres é uma parte vital da luta palestina


Leia o artigo completo da revista Breaking the Chains no Liberation News.


Party for Socialism and Liberation

A melodia é como uma brisa suave ou uma canção de ninar que evoca instantaneamente arrepios. A letra é fonemicamente árabe, mas estranhamente indiscernível. A canção é uma  tarweedeh , uma forma de arte codificada desenvolvida por mulheres palestinas durante o colonialismo britânico (1923-1948) para transmitir mensagens criptografadas de resistência. 

Durante a Grande Revolta Palestiniana de 1936-1939, os britânicos prenderam um número esmagador de homens palestinianos apenas por se manifestarem contra o seu governo. Os encarceramentos cortaram a comunicação entre os revolucionários e as suas famílias que viviam nas aldeias, deixando para trás muitas mulheres cujos irmãos, pais, maridos e filhos foram presos injustamente. Em resposta, as mulheres palestinianas desenvolveram e utilizaram alcatrão para transmitir secretamente instruções para a libertação dos seus entes queridos.



A  criptografia  em tarweed envolve inverter as últimas letras das palavras, inserir repetidamente a letra L (“lam” em árabe) ou usar poesia, símbolo e analogia com significados incorporados. Este processo transformou a mensagem original num jargão que nem os ocupantes nem os seus tradutores conseguiram compreender. As mulheres caminhavam ao longo dos muros externos das prisões, entregando mensagens em serenatas que flutuavam pelas janelas gradeadas da prisão. Para os ocupantes, a visão de mulheres palestinianas a passear e a cantar canções folclóricas era inócua, mas revelou-se fundamental para a fuga da prisioneira.

Tarweed sobreviveu à Nakba  (“catástrofe”), a limpeza étnica da Palestina em 1948, quando pelo menos 700.000 palestinos indígenas foram violentamente expulsos das suas casas e da sua terra natal por milícias terroristas sionistas e forças militares israelitas para estabelecer o Estado de Israel. Hoje, estas canções folclóricas continuam – juntamente com a comida tradicional, o vestuário, a narração de histórias, a poesia e a dança folclórica – como marcadores da identidade palestina e preservadores de uma herança popular dispersa, sempre ameaçada por um sistema de apartheid e genocídio. Os palestinianos nos territórios ocupados e na shatat  (“diáspora”) continuam a transmitir estas tradições na luta contínua contra o seu apagamento.

Tarweed incorpora um aspecto da história palestina muitas vezes desmentido pelas principais narrativas ocidentais: o papel vital das mulheres na luta. Embora estas narrativas representem as mulheres palestinianas como entidades sem voz numa sociedade “inerentemente patriarcal”, na realidade os movimentos de resistência liderados por mulheres têm sido uma parte essencial da luta de mais de um século contra a colonização e a opressão na Palestina. A astúcia da alcatrão realça ainda mais a desenvoltura e a engenhosidade das mulheres nesta resistência contínua. 

Embora existam inúmeros exemplos de resistência das mulheres palestinianas, Fatima Bernawi e Shadia Abu Ghazala são duas mulheres que deram contributos críticos para a luta pela libertação palestiniana. Bernawi, que nasceu em 1939 e sobreviveu à Nakba com a sua mãe palestiniana, reuniu-se pouco depois com o seu pai nigeriano, que tinha lutado na revolta de 1936. Ela se tornou uma participante ativa e líder na luta pela liberdade. Ela é a primeira mulher prisioneira listada nos registros do movimento de mulheres prisioneiras palestinas. Shadia Abu Gazala foi um dos primeiros membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina, fundada em 1967. Ela liderou unidades militares femininas e se dedicou profundamente à educação do povo, embora tenha morrido no final de 1968. Uma escola com o nome ela na Faixa de Gaza foi palco de um massacre israelense em dezembro de 2023. 


Liderança Feminina na Primeira  Intifada


As mulheres palestinianas foram uma pedra angular da  Primeira  Intifada  (“revolta”) que eclodiu em Dezembro de 1987. Após décadas de ocupação militar israelita e expansão dos colonatos, um camião israelita colidiu com um carro civil em Gaza; matar quatro palestinos em Gaza foi a gota d'água. Os palestinianos em Gaza e na Cisjordânia mobilizaram-se como uma frente unida, apanhando Israel desprevenido. Israel respondeu com uma repressão rápida e brutal. Inúmeros homens palestinos foram detidos e encarcerados, deportados ou mortos. As mulheres palestinianas rapidamente intervieram para preencher o vazio e formaram a espinha dorsal da revolta.

Mulheres de cidades urbanas e aldeias tradicionais mobilizaram-se como parte da Primeira  Intifada , unindo gerações, facções políticas e linhas de classe. Organizaram-se a nível popular, reunindo centenas de milhares de palestinianos numa série de esforços coordenados contra a ocupação israelita. Todas as principais facções palestinianas formaram um comité de mulheres disfarçado de grupo de donas de casa porque era ilegal ser membro de qualquer partido político ou sindicato estudantil. Publicamente, convocaram encontros de tricô, culinária e costura, mas planejavam secretamente a intifada.

Durante a Primeira  Intifada,  as mulheres palestinas iniciaram greves políticas em massa e lideraram o primeiro boicote em massa contra Israel. Desafiando as leis restritivas de Israel, encontraram formas inovadoras de fornecer alternativas caseiras aos produtos israelitas, criando hortas nos quintais e cooperativas agrícolas onde as mulheres aprendiam a cultivar os seus próprios alimentos. Quando Israel fechou escolas e universidades palestinianas para impedir a mobilização política dos estudantes, as mulheres palestinianas organizaram aulas em caves e edifícios abandonados. Eles aprenderam medicina sozinhos e criaram equipes para prestar cuidados de emergência aos manifestantes feridos pela violência israelense. As greves civis e os boicotes coordenados em toda a Palestina causaram um impacto tão grande na economia que Shimon Peres, que era o Ministro dos Negócios Estrangeiros na altura, alertou que a economia estava “em perigo”.

Não é de surpreender que o governo israelita tenha redobrado a sua intimidação e agressão, impondo recolher obrigatório diário, ordenando prisões em massa e dando aos soldados israelitas as infames ordens para “ quebrarem os ossos ” dos palestinianos. Cortaram as linhas telefónicas em cidades e aldeias palestinas e colocaram enormes grupos de organizadores em prisão domiciliária. As mulheres palestinianas, e a resistência como um todo, encontraram formas de contornar todas as barreiras que Israel colocou no seu caminho. Quando Israel proibiu a bandeira palestiniana, as mulheres formaram círculos de tricô e fizeram as suas próprias bandeiras para hastearem nas manifestações. Quando as mulheres líderes palestinianas foram colocadas em prisão domiciliária, cozeram pão e colocaram comunicados em cada pão, que distribuíram pelas aldeias, cidades e campos de refugiados sem serem detectados pelas forças israelitas.

Os esforços das mulheres durante a Primeira Intifada chamaram a atenção global, forçando o mais fiel aliado de Israel, os Estados Unidos, a suspender o seu apoio financeiro em resposta à relutância de Israel em negociar. Pela primeira vez desde 1948, os palestinos colocaram Israel de joelhos e as mulheres estiveram na frente e no centro do movimento.

A onda de resistência não violenta que conhecemos como a Primeira  Intifada  foi interrompida em 1991 pela assinatura secreta, na Casa Branca, dos  Acordos de Oslo , um acordo que piorou a vida dos palestinianos até hoje. Para além de aumentar significativamente o número de colonatos ilegais, os Acordos criaram uma classe política corrupta conhecida hoje como a “Autoridade Palestiniana”, que colabora ativamente com a ocupação israelita para esmagar a resistência. 


Sumud como prática política 


Para compreender verdadeiramente a luta incansável das mulheres palestinianas pelo  thawabit  (os seus “direitos invioláveis”), é útil invocar o valor cultural do  sumud , ou firmeza. Sumud emergiu com força total após a guerra de Junho de 1967, ou  Naksa   (“retrocesso” ou “derrota”), quando Israel anexou e ocupou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza, mais do que triplicando o seu tamanho. Desde então, a sumud persistiu como tema ideológico e estratégia política para sobreviver à colonização, ocupação militar e hegemonia de Israel.

Todos os esforços de resistência ativos e organizados levados a cabo pelos palestinianos ao longo dos anos são construídos sobre os alicerces do sumud. É uma resistência a nível psicológico, semelhante ao optimismo revolucionário, na medida em que oferece um antídoto ao niilismo nas mãos de um governo opressivo e acende a fé no poder do povo para inaugurar a sociedade que merece. Sumud apoiou os palestinianos face às políticas e tácticas severas que Israel tem empregado incansavelmente num esforço para os “quebrar”.

Desde massacres, expulsões, expropriações e guerras genocidas, até às tácticas de vigilância e controlo da ocupação – postos de controlo, barreiras, recolher obrigatório, zonas militares fechadas, colonatos, estradas “só para colonos”, torres de vigia, portões, ataques noturnos e prisões em massa; de negar aos palestinos o acesso à água, à saúde e à educação; à queima de oliveiras e à demolição de casas, o objetivo de Israel tem sido tornar insuportável a vida quotidiana dos palestinianos e, em última análise, forçá-los a abandonar as suas casas em busca de uma vida melhor noutro local. Sumud declara ao ocupante: Você pode quebrar nossos ossos, mas não pode quebrar nosso espírito!

Sumud abrange uma série de atos quotidianos através dos quais os palestinianos lutam pelo seu direito de existir na sua terra natal, permanecerem enraizados na sua cultura e manterem alguma aparência de vida normal sob condições que são tudo menos  normais. 

O espírito da sumud está claramente patente no compromisso duradouro das mulheres nos territórios palestinianos em criar e nutrir a vida, mesmo quando são forçadas a viver como prisioneiras em condições deploráveis. Para uma sociedade que enfrenta a ameaça de extinção há mais de 75 anos, a escolha de ter e cuidar dos filhos está profundamente ligada à sobrevivência e à solidariedade. Desempenhar funções domésticas e cuidar de crianças nos territórios palestinianos, que têm sido ocupados peça por peça desde 1948, exige níveis impensáveis ​​de força de vontade, determinação e coragem. Como disse a jornalista Meryem Ilayda Atlas, a mulher que dá banho aos seus dois filhos nos escombros de um edifício em Gaza está a cumprir um papel público.

Infelizmente, esta luta das mulheres foi  transformada em arma  por Israel e difamada por noções estreitas e descontextualizadas do feminismo burguês do “primeiro mundo” que são o servo do capitalismo. Por exemplo, num artigo intitulado “ Por que tantas vítimas em Gaza são crianças? ” o economista atribuiu o elevado número de mortes de crianças em Gaza desde 7 de Outubro  à elevada taxa de fertilidade. O artigo prosseguia ligando as elevadas taxas de fertilidade à pobreza e aos baixos níveis de educação (embora Gaza tenha uma elevada taxa de pobreza, também tem uma elevada taxa de alfabetização entre as mulheres), sem nunca mencionar as ações de Israel ou das Forças de Ocupação Israelitas. Esta narrativa faz vista grossa às médicas de Gaza que cuidam de bebés que não conseguiam sobreviver com aparelhos de suporte vital depois de a eletricidade do hospital ter sido cortada, ou às  jornalistas de Gaza  que transmitem calmamente para o mundo em inglês no meio de gritos aterrorizados, ou às mulheres de Gaza que tentam fazem o melhor que podem para continuar nas ruínas porque não têm outra escolha.

Na aldeia de  Nabi Saleh  , na Cisjordânia ocupada centralmente, telhados vermelhos de casas de colonatos israelitas ilegais pontilham o topo da colina adjacente. A grande maioria das terras desta  aldeia da Área C  está sob controle militar israelense. Entre 2009 e 2016, os aldeões organizaram manifestações contra a expropriação das terras e da água das aldeias pelos colonos israelitas, que foram recebidas com repressão feroz e por vezes mortal por parte do exército israelita. 

“ Zânia ”, uma jovem mãe palestiniana de Nabi Saleh, conta a ocasião em que teve de atirar a sua filha de dois anos pela janela do segundo andar e para a segurança dos braços de um vizinho, quando o exército israelita disparou uma bomba de gás lacrimogéneo contra a sua casa. . Para Zania e outras mulheres palestinianas, a sumud está incorporada na determinação de manter uma presença física na terra – sabendo que se partirem, poderão nunca mais ser capazes de regressar pelos seus carcereiros, os israelitas – e na capacidade de se adaptarem a condições adversas e condições cada vez piores: 

“O importante é ficarmos em nossa casa, diante dos soldados israelenses e da ocupação”, diz Zania. “Se ficarmos em nossa casa, diz 'não temos medo de suas armas'. A gente fica na nossa casa, leva uma vida normal, e ah, essa é a nossa fortaleza sob ocupação, isso é o importante.” 

Em sua essência, sumud é a existência como resistência. Mais do que uma mentalidade, é um dever cumprir o compromisso de libertação. Não se trata de uma esperança cega de que a mudança venha um dia, mas de uma consciência ativa de que só através da luta e da solidariedade as vidas palestinianas podem ser transformadas. E as mulheres palestinianas têm sido as suas portadoras da tocha. À medida que a intensa brutalidade israelita apoiada pelos EUA continua em Gaza, matando dezenas de milhares de pessoas e deslocando milhões das suas casas, a sumud e a tarweed lembram-nos que a resistência palestiniana tem uma longa história. Os palestinianos resistiram ao genocídio imperialista de inúmeras e criativas formas e continuarão a fazê-lo.


Gráfico: GERALUZ, Artistas Contra o Apartheid.

Este artigo foi reimpresso da revista Breaking The Chains .

Fonte: Party for Socialism and Liberation


AJ+ Español


Há 14 milhões de pessoas que vivem sob o domínio de Israel: metade são judeus israelitas e a outra metade são palestinianos, mas o governo israelita e as suas leis deixaram claro que apenas um grupo merece plenos direitos. Como disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu: “Israel não é um Estado para todos os seus cidadãos”, mas “o Estado-nação do povo judeu e apenas deles”. Seria isto uma forma de apartheid?

O apartheid é conhecido por ser a política oficial do antigo governo de supremacia branca da África do Sul, mas na verdade tem uma definição legal específica. Neste vídeo analisaremos o que Israel faz com a Palestina para determinar se esta pode ser classificada como tal.



 

domingo, 3 de março de 2024

ISRAEL-PALESTINA: 11 DISTORÇÕES SOBRE GAZA E HAMAS QUE A MÍDIA VAI CONTAR HOJE


O jornalismo corporativo — especialmente dos Estados Unidos e do Brasil — tem um viés pró-Israel e anti-Palestina. Com a Operação Tempestade al-Aqsa, do Hamas, as distorções estão voando soltas.



Carlos Latuff

“MEU DEUS, É IGUAL à intervenção militar nas favelas do Rio – mas muito pior.” Isso é o que Cecília Olliveira, do Intercept, dizia repetidas vezes, horrorizada, enquanto caminhávamos pelos postos de controle militar israelenses e nas ruas enjauladas de Hebron, a cidade distópica que é a maior da Cisjordânia, na Palestina

Os colonos religiosos israelenses – muitas vezes nascidos fora dali, em países como os Estados Unidos – estão casa a casa, centímetro a centímetro, tentando estrangular e desenraizar a sociedade palestina em Hebron e tomar a cidade santa. É seu “direito divino”, argumentam. O direito internacional e as organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e a B’Tselem utilizam um vocabulário diferente: ocupação ilegal, Apartheid e crimes contra a humanidade, entre outros.

A realidade segregada e militarizada da cidade é chocante para qualquer observador externo, mas as condições são muito melhores do que as dos palestinos que vivem em Gaza, que é considerada pelas organizações de direitos humanos a maior e mais superlotada prisão ao ar livre do planeta, com 2 milhões de habitantes.

No sábado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez declarações abertamente genocidas: “Vamos transformar Gaza numa ilha deserta. Aos cidadãos de Gaza, eu digo: vocês devem partir agora. Iremos atacar todos e cada um dos cantos da faixa.” Evacuar ou ser bombardeada — só que os cidadãos de Gaza não tem para onde correr. 

O ministro da segurança nacional que ajudará Netanyahu a cumprir essa promessa é Itamar Ben-Gvir, um colono extremista que foi condenado em um tribunal israelense por apoiar uma organização terrorista e incitar o racismo contra os palestinos em 2007.

Numa sucessão de ataques militares a zonas civis densamente povoadas nos últimos anos, Israel bombardeou instalações de tratamento de água, centrais elétricas, hospitais e escolas de Gaza, fechou as suas fronteiras e portos, proibiu a operação de um aeroporto e destruiu pelo menos um terço das terras agrícolas de Gaza desde 2000, quando evacuou assentamentos israelenses ilegais na área. No sábado, Israel lançou outro bombardeio a Gaza, o oitavo grande ataque desde 2005.



A causa imediata foi uma operação violenta sem precedentes perpetrada pela ala militante do Hamas, o partido político que governa Gaza desde a última eleição em 2006 e que tem apoio da população palestina. Esse ataque, chamado de “Operação Tempestade al-Aqsa”, surge no contexto de uma série de ações agressivamente provocativas por parte do governo israelense nos últimos meses — geralmente omitidas de cobertura jornalística — além de 75 anos de ocupação, e 16 anos de embargo apertado da Gaza. 

Observadores internacionais, lideranças palestinas e pesquisas de opinião pública palestinas têm sinalizado há tempos que uma resposta violenta às agressões israelenses estava se desenhando, mas a liderança israelense de extrema-direita nunca imaginou que um golpe dessa magnitude fosse possível.

Até o momento, mais de 413 palestinos e 700 israelenses foram mortos. Há ainda mais de 2.300 feridos de cada lado.

Os olhos do mundo, depois de ignorar os ataques diários contra os palestinos, estão agora voltados para a tragédia em curso na Palestina e Israel. E, como é de se esperar, muitas das mesmas distorções, mentiras e meias-verdades de sempre estão sendo repetidas nos meios de comunicação corporativos e nas redes sociais para legitimar a violência israelense e atacar a resistência palestina à colonização. 

Listo abaixo uma seleção de algumas das narrativas mais difundidas e perniciosas da mídia, tanto nos Estados Unidos e Reino Unido quanto no Brasil, onde a imprensa empresarial reflete em grande parte os pontos de vista estadunidenses sobre assuntos internacionais.


1. O “conflito Israel-Palestina” é uma “guerra”


Referir-se à ocupação israelense da Palestina como um “conflito” ou aos ataques israelenses como parte de uma “guerra” serve incorretamente para criar uma falsa equivalência entre as duas partes, como se fossem iguais e equilibradas.

Israel é uma nação independente que investe R$ 120 bilhões por ano nas forças militares e de inteligência, que estão entre as mais sofisticadas do mundo. Controla as fronteiras, os céus, as costas marítimas, as telecomunicações e a economia da Palestina, cujo governo tem uma autonomia extremamente limitada. A resistência armada palestina durante anos incluiu facas, fogos de artifício, explosivos caseiros e parapentes como parte essencial do seu arsenal. Os palestinos não têm tanques, aviões, navios de guerra, submarinos ou artilharia pesada. Nos últimos anos, receberam mais ajuda militar estrangeira — ainda irrisória em comparação ao poderio dos militares israelenses.

Israel não está em “guerra” ou em “conflito” com o Hamas ou com a nação da Palestina — é uma força de ocupação colonial ilegal que usa seu exército poderoso para, diariamente, cometer crimes contra a humanidade para reprimir os palestinos, um povo que está resistindo sua colonização racista.


Assine agora o abaixo-assinado para que a Globo e o resto da grande mídia parem de desumanizar civis palestinos


2. Israel é uma “democracia ocidental”


Deixando de lado uma série de decisões políticas e jurídicas autoritárias dos últimos anos, Israel realiza eleições regulares, tem um parlamento, um Supremo Tribunal, uma imprensa em alguma medida livre e todas as instituições de uma democracia. Mas falta uma coisa importante: os 5 milhões de palestinos que estão sob ocupação israelense não têm direito a voto. Se todos que estivessem sujeitos à autoridade israelense tivessem o direito de votar, a maioria seria palestina e a política israelense seria totalmente diferente. Se incluirmos os milhões de refugiados palestinos fora do país que gostariam de regressar à sua terra natal, o quadro se torna ainda mais claro.

Além disso, a maioria eleitoral sionista tem passado uma série de leis discriminatórias que visam limitar os direitos de cidadãos não-judeus de Israel. Essas são as principais razões pelas quais muitos observadores internacionais não consideram Israel uma verdadeira democracia.

E embora saibamos que isso não acontece na prática, em princípio, esperamos que as democracias ocidentais pelo menos finjam que respeitam os direitos humanos. Israel não tem esta pretensão há anos.



3. A ausência da palavra “Apartheid”


As Nações Unidas, a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e muitas outras organizações e acadêmicos proeminentes rotularam Israel como um estado colonial de Apartheid. Isto significa que o Estado pratica discriminação e segregação sistêmica racial de forma desumana para oprimir determinadas populações. As provas são esmagadoras e esta é a realidade dos cidadãos palestinos de Israel e ainda mais dos súditos coloniais palestinos nos territórios ocupados.

Este fato, contestado pelas autoridades israelenses e muitas vezes ignorado ou qualificado pela imprensa, é um elemento importante do apelo palestino à justiça e à autodeterminação e é crucial para demonstrar por que a resistência palestina é uma luta de libertação legítima e não apenas terrorismo irracional e antissemitismo, como querem fazer crer.


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4. “Israel respondeu à agressão palestina” (A Palestina é sempre o agressor)


Os ataques israelenses a civis palestinos — que são crimes de guerra — são quase sempre enquadrados como respostas às provocações palestinas, colocando assim o ônus sobre os palestinos colonizados. Este enquadramento por grande parte da imprensa ajuda a atenuar a culpabilidade israelense, e é geralmente uma delimitação arbitrária que ignora as provocações criminosas dos israelenses contra os palestinos – muitas vezes feitas com pleno conhecimento de que estes atos levarão a uma resposta bélica.

Nada une melhor as sociedades do que uma ameaça comum e, em diversas ocasiões no passado, os líderes israelenses foram acusados de provocar respostas violentas intencionalmente, a fim de aumentar a coesão política e obter apoio público.

O Hamas é explícito ao afirmar que as suas ações hoje são uma tentativa de atrair a atenção da comunidade internacional para a situação do povo palestino. “Queremos que a comunidade internacional pare com as atrocidades em Gaza, contra o povo palestino e aos nossos locais sagrados como al-Aqsa. Todas essas coisas são a razão por trás do início desta batalha”, disse o porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, à Al Jazeera. 

Israel é liderado atualmente pelo governo mais da extrema-direita da sua história e está passando por graves turbulências políticas, incluindo manifestações históricas que atraíram milhões de cidadãos nas ruas, protestando contra novas reformas autoritárias que diminuem o poder do judiciário. Este governo extremista tem provocado agressivamente tensões com os palestinos há meses e os líderes palestinos têm alertado a comunidade internacional de que estas provocações eram uma escalada que levaria a uma nova escalada. 

Em julho passado Israel invadiu Jenin, um dos maiores campos de refugiados da Cisjordânia, matando 12 pessoas e atingindo 80% das casas depois de “terraplanar” as ruas com escavadeiras. Um ministro do governo declarou publicamente que “não existe” povo palestino e, após uma chacina perpetrada por colonos israelenses no povoado palestino de Huwara, disse que o local deveria ser “apagado” pelo Estado.

As provocações israelenses são demasiado numerosas para serem enumeradas, mas muitas se centraram em torno da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islã. A mesquita e seus arredores têm sido palco de repetidas e incessantes atos de violência por parte das forças de segurança israelenses e de colonos judeus ultraortodoxos, muitas vezes gritando“morte aos árabes”.

“Os ataques diários contra locais sagrados e fiéis durante o mês sagrado do Ramadã são ações condenáveis e inaceitáveis que irão inflamar a região e arrastá-la para o abismo”, disse um porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, que representa o povo palestino internacionalmente, em abril deste ano. As provocações continuaram e há três dias, judeus ultraortodoxos invadiram os arredores da mesquita – uma ofensa grave e intencional – com a ajuda das forças de segurança israelenses. 

Israel também reduziu recentemente os direitos dos prisioneiros palestinos, o que levou a uma greve de fome de centenas de prisioneiros e a um protesto em Gaza, onde soldados israelenses mataram um manifestante e feriram outros nove. Mais de 5.000 palestinos são presos pelo Israel, inclusive muitos líderes políticos eleitos, como o popular herói da resistência palestina Marwan Barghouti.

Tudo isto somado a 75 anos de ocupação, a 16 anos de embargo a Gaza e racionamento de bens básicos — que vão de água e comida a insumos médicos — que está propositalmente estrangulando a economia local.


5. Israel tem o direito de se defender (a Palestina não)


Israel, seus aliados como os governos dos Estados Unidos e da Alemanha, e os principais meios de comunicação corporativos, tendem a repetir a mesma frase pouco antes de Israel bombardear áreas civis: “Israel tem o direito absoluto de se defender”. Foi o que disse o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak no sábado.

Que as nações podem e devem defender a sua soberania é universalmente aceito, mas esse conceito não se aplica a ações ofensivas, nem a ataques contra civis. A imprensa segue enquadrando os ataques israelenses aos palestinos como legítimos atos de guerra “retaliatórios” e “defensivos”, como se todos os ataques que lançam fossem “absolutamente” justificados, mesmo alvejando civis.

Se a violência fosse vista em seu contexto completo, seria mais provável que fosse vista como atos agressivos de violência para desmoralizar e rachar um povo colonizado, até mesmo usando castigos coletivos, o que segundo as leis internacionais, é crime de guerra.

Ao passo que Israel é sempre enquadrado (incorretamente) como defensivo, o Hamas é apresentado como beligerante e, portanto, seu “direito absoluto de se defender” não é sequer discutido. Nas ocasiões em que a dinâmica é levantada, a resposta comum é rotular o Hamas como uma força terrorista e citar como as suas operações afetam os civis israelenses — argumentos que seriam enfraquecidos se não fossem aplicados unilateralmente.

Em teoria, como Israel é responsável pelo ato inicial de agressão – a ocupação – e é a força de ocupação com esmagadora superioridade bélica, deveria ser considerado como o provocador e também sujeito a mais cobranças do que um movimento guerrilheiro de resistência anticolonial. Na realidade, ocorre exatamente o oposto na grande imprensa.


Estragos causado por ofensiva israelense na cidade de Gaza, na Palestina, neste sábado (7). Foto: Mohammed Abu Oun/Thenews2/Folhapress

6. O Hamas é uma organização terrorista (mas Israel não)


O governo dos Estados Unidos rotulou o Hamas como uma organização terrorista em 1997 e fornece a Israel bilhões de dólares em ajuda todos os anos.

Segundo a ONU, antes da Operação Tempestade al-Aqsa, as forças israelenses mataram mais de 6.300 palestinos desde 2008, mais da metade deles civis, e feriram outros 150.000. Os palestinos mataram 308 israelenses – 131 dos quais eram civis – e feriram mais 6.307.

Foi repetidamente demonstrado que Israel alveja civis intencionalmente, detém crianças em confinamento solitário durante longos períodos, tortura prisioneiros detidos sem acusações, fornece proteção a colonos enquanto eles saqueiam povoados palestinos, demolem casas, racionam água abaixo das necessidades diárias mínimas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde — e muito mais. A Human Rights Watch chegou ao ponto de rotular as ações de Israel como “crimes contra a humanidade”.

Esta é uma lista muito incompleta do terrorismo diário do Estado israelense.

Claramente, há um duplo padrão em jogo e este rótulo de “terrorista” é importante retoricamente para cobrir corretamente as atrocidades cometidas por Israel.

Todos nós deveríamos ficar horrorizados com o terrorismo. E por isso, condenar os atos do lado mais fraco e, ao mesmo tempo, dar passe livre aos colonizadores, minimizar seus crimes ou, pior, fornecer apoio financeiro, político e retórico a eles, só serve para perpetuar a situação e incentivar mais atos de terror. 

Assista ao documentário que Israel não quer que você veja



7. Todos os ataques palestinos a Israel são terrorismo


As convenções internacionais de direitos humanos têm afirmado repetidamente o direito dos povos colonizados e ocupados de resistir à sua colonização.

Múltiplas resoluções da Assembleia Geral da ONU “reafirmam a legitimidade da luta dos povos pela independência, integridade territorial, unidade nacional e libertação da dominação colonial, do apartheid e da ocupação estrangeira por todos os meios disponíveis, incluindo a luta armada.”

Resoluções da ONU também afirmam explicitamente que “a negação dos direitos inalienáveis do povo palestino à autodeterminação, à soberania, à independência e ao regresso à Palestina […], bem como [reconhecem que] a repetida agressão israelense contra a população da região, constituem uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais.”

As Convenções de Genebra protegem os indivíduos que “lutam contra a dominação colonial e a ocupação estrangeira e contra os regimes racistas no exercício do seu direito à autodeterminação” — um reconhecimento da legitimidade de tais lutas armadas.

As mesmas convenções não permitem ataques a civis, o que inclui colonos ilegais fortemente armados ou reservistas militares — a maioria da população israelense adulta — que não estejam ativamente envolvidos em combate.


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8. “É uma questão muito complexa”


Esta é a tática retórica favorita dos sionistas liberais que não querem defender abertamente os crimes de guerra e das pessoas que têm medo de assumir uma posição moral impopular. Existem muitos detalhes, fatos e nuances, é claro. 

Mas o quadro geral é ainda mais claro: Israel é uma nação colonial que roubou terras palestinas com armas em punho, perpetrando uma limpeza étnica que dura até hoje. É, portanto, um governo imoral, genocida, terrorista e ilegítimo e a resistência palestina é justificada sob a lei internacional e convenções morais. 

Os refugiados palestinos mundo afora têm o direito de voltar para casa. A comunidade internacional deve tomar medidas para forçar Israel a aceitar uma solução justa e evitar o derramamento de sangue inocente e a limpeza étnica. A existência de um estado etno-religioso é antagônico a todos os valores liberais e democráticos modernos.


9. “A solução de dois Estados”


Durante anos, a solução política preferida para a ocupação israelense da Palestina foi a chamada “solução de dois Estados”, na qual a Palestina histórica seria dividida em dois Estados que viveriam lado a lado, um predominantemente judeu e o outro predominantemente não-judeu. Isto significaria o fim da ocupação e uma oportunidade para uma paz duradoura.

Os detalhes de tal resolução foram longamente negociados e os dois lados chegaram muito perto de um acordo na década 90, mas essa oportunidade acabou quando um terrorista israelense de extrema-direita assassinou o primeiro-ministro israelense Yitzkah Rabin em 1995. Desde então, o establishment político israelense deslocou-se ainda mais para a direita e Israel passou a ocupar ilegalmente grandes áreas da Cisjordânia, tornando efetivamente impossível qualquer acordo. Hoje, três quartos dos palestinos acreditam que uma solução de dois Estados não é mais possível. 

A única opção possível neste momento é uma solução de um Estado único. E se isso ocorresse hoje, os judeus estariam em minoria, portanto os sionistas hoje preferem manter o status quo de um Estado único com territórios ocupados e apartheid e não considerariam uma solução democrática de um Estado único com os palestinos da Cisjordânia e de Gaza tendo plenos direitos políticos.

Aqueles que ainda estejam discutindo a possibilidade de uma solução de dois Estados está essencialmente ganhando tempo para o status quo, à medida que Israel aumenta a sua ocupação territorial ilegal e tenta ultrapassar os palestinos em termos de população através da política do retorno, inflando a imigração, e das elevadas taxas de natalidade fomentada entre as comunidades religiosas fundamentalistas.


10. As críticas a Israel são “antissemitas”


Durante muitos anos, qualquer crítica a Israel foi rotulada de antissemitismo. Isto tem sido especialmente verdade nos Estados Unidos, onde muitos jornalistas foram demitidos por fazerem comentários fatuais que não eram suficientemente pró-Israel. A autocensura extrema sobre o assunto nas redações estadunidenses tornou-se a norma — uma realidade que vivenciei pessoalmente.

Embora, é claro, os antissemitas pudessem criticar Israel e as críticas a Israel pudessem ser feitas de uma forma antissemita, essa correlação muitas vezes não está presente.

Ironicamente, a acusação de que a oposição a Israel é inerentemente antissemita é, em si, um conceito antissemita, pois junta uma identidade etno-religiosa diversificada em uma posição política única. É tão errado e ofensivo como dizer que todos os muçulmanos são terroristas porque o ISIS é “islâmico”, o que é um sentimento islamofóbico cultivado nesta sociedade educada por algumas das mesmas pessoas que argumentam que qualquer crítica a Israel é antissemita. 

A utilização deste argumento cínico pelos defensores de um estado racista de apartheid tem, na verdade, o efeito de aumentar o antissemitismo no mundo ao dizer aos não-judeus que todos os judeus são iguais e apoiam as políticas terroristas do governo sionista israelense. Entre os judeus não-israelenses, especialmente os mais jovens, o apoio ao sionismo e a Israel está caindo vertiginosamente ano após ano – e isso preocupa o governo.

A crítica a Israel não é antissemita.


11. Israel é um farol de valores progressistas num mar de inimigos islâmicos regressivos


Israel é uma nação de colonos na qual um movimento ideológico de judeus sionistas, predominantemente vindos da Europa e da América do Norte, se propôs a estabelecer um “pátria” para o povo judeu – a sua Sião. O Estado foi fundado depois dos horrores do Holocausto, mas o movimento dos colonos o antecede em meio século. 

Para criar este estado, os judeus sionistas se deslocaram de outros países e assassinaram sistematicamente os palestinos que ali viveram muito antes da palavra “sionismo” ter sido pronunciada. Também criaram leis com dezenas de tipos de discriminação legal contra os palestinos, num esforço forçar a saída do território e ter menos filhos para que os judeus sionistas pudessem se tornar majoritários na população. 

Os palestinos vivem sob um regime de apartheid etnorreligioso desde que as milícias terroristas paramilitares judaicas varreram a histórica Palestina em 15 de maio de 1948. O que os israelenses consideram sua declaração de independência, palestinos chamam de Nakba – “a Catástrofe”. Pelo menos 750 mil palestinos, entre muçulmanos e cristãos, foram forçados a fugir de suas casas enquanto forças determinadas a estabelecer um “Estado Judeu” ocupavam 78 por cento da região ondemuitos grupos étnicos, de várias religiões, coabitaram durante milhares de anos. 

Cerca de 530 cidades e aldeias palestinas foram atacadas e pelo menos 15 mil palestinos foram mortos na Nakba. Nas ações militares e paramilitares subsequentes, Israel ocupou cada vez mais terras, construindo colônias militarizadas populadas com fanáticos religiosos nascidos em várias partes do mundo e que não têm intenção de desistir de um centímetro dessas terras, pois vêem a sua ocupação da terra como uma profecia bíblica.

E, de fato, será difícil remover esses fanáticos religiosos, pois o governo israelense, cada vez mais controlador e extremista, tem um estoque de armas nucleares e apoio contínuo do governo dos Estados Unidos.

Por: Andrew Fishman - 8 de out de 2023

Fonte: Intercept Brasil


Click Verdade - Jornal Missão


Um enorme escândalo em que a mídia americana mentiu

A CNN esqueceu que seu âncora estava transmitindo ao vivo e pediu ao repórter e ao cinegrafista por telefone que fingissem que estavam sob a ameaça de mísseis do Hamas. Ele também pediu ao cinegrafista que focalizasse a imagem perto deles para que pudessem aparecer sinais de medo. Ele também lhes pediu que olhassem ao redor como se estivessem aterrorizados pelo medo. Foguetes do Hamas!

#CNN esqueceu que estava no ar e o diretor de notícias instruiu o repórter e o cinegrafista ao telefone a fingir que foram atingidos por foguetes do Hamas quando ele disse a ela para olhar em volta de uma forma que "você está em pânico"


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