Durante o 11º Congresso da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), realizado para marcar os 45 anos da entidade, Ualid Rabah, presidente da entidade, relembrou a história da federação e voltou a explicar o contexto dramático atual da causa palestina. Líder fez paralelo com 1948, quando palestinos foram forçados a deixar suas casas
Rabah ressaltou que o congresso desta sexta-feira (2) ocorre
em um momento excepcional: "Estamos diante da primeira limpeza
étnica televisionada da história, o que chamamos de 'Nakba 2'. Este
congresso carrega a marca do genocídio palestino em Gaza e da tentativa de
extermínio de seu povo", disse.
O presidente da Fepal traçou um paralelo com a Nakba de
1948, quando milhares de palestinos foram forçados a deixar suas
casas. "Hoje, 40% da população palestina é refugiada, a maior
população de refugiados de todos os tempos", afirmou.
Rabah destacou dados alarmantes, tais como 2,5% da
população ter sido exterminada, com 52 mil desaparecidos entre os
escombros.
"É a maior matança de crianças da história, com 45% das vítimas sendo crianças, um número três vezes maior do que o registrado durante todo o período nazista."
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O líder da Fepal denunciou ainda o que chamou de
"solução final" e "um genocídio de um novo tipo",
comentando abortos involuntários e o elevado número de mulheres grávidas entre
as vítimas. "Estamos diante de um experimento social genocida que
elimina tanto os ventres quanto as crianças que nasceram. É um extermínio
programado para colapsar a capacidade reprodutiva da população palestina."
A refugiada palestina Noura Badem, que não fala português,
relatou em árabe que veio no primeiro avião ao Brasil quando a guerra se intensificou, em outubro de 2023. Ela
afirmou que "os filhos dela gostam muito do Brasil e não gostariam de
voltar a morar na Palestina".
Badem ainda define a situação como "desesperadora"
por ainda possuir oito irmãos em território palestino.
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Apoio do Brasil aos refugiados palestinos de Gaza
Rabah reconheceu o apoio do governo brasileiro na recepção
de refugiados palestinos. Ele lembrou que o Brasil acolheu refugiados
do Iraque em 2007 e da Síria em 2011, e agora resgatou brasileiros e
palestinos de Gaza. "O Brasil demonstrou seu compromisso com os direitos
humanos ao resgatar os que estavam no campo de extermínio em Gaza".
Além disso, Rabah destacou a adesão do Brasil à petição da
África do Sul para a investigação do genocídio em Gaza, ressaltando que
"é necessário parar esse extermínio e investigar esses crimes".
Segundo ele, a comunidade palestina no Brasil é grata pelo
apoio, mas vive com grande angústia: "Estamos testemunhando um extermínio
que nenhum povo gostaria de vivenciar, é como se as câmaras de gás dos
campos de concentração fossem transmitidas ao vivo. Esse é o nosso
campo de extermínio de Gaza sendo televisionado".
Faiza Daoudi, secretária da Fepal para assuntos de
refugiados, explicou que seu trabalho é voltado ao suporte à refugiados
de diversas origens e religiões, não apenas palestinos. "Eu apoio os
refugiados palestinos que estão aqui no Brasil e fora do Brasil também. Temos
um canal para cuidar de todos os tipos de refugiados, independente da raça ou
religião".
Nascida no Brasil, ela é filha de refugiados que deixaram a
Palestina em 1948, durante a Nakba, quando centenas de milhares de pessoas
foram forçados a deixar suas casas após a criação do Estado de Israel.
"Meus pais saíram da Palestina em 1948, foram primeiro para a Cisjordânia e, depois de algum tempo, seguiram para a Jordânia. Eu vim para o Brasil em 1978, casei com meu marido, que também é refugiado palestino e já estava aqui."
Ela ressalta que o momento atual é particularmente difícil para os
palestinos, em meio ao que também descreve como um genocídio em Gaza.
"Estamos atravessando um momento muito difícil, mas é ainda mais
importante que a nossa causa seja conhecida e que lutemos juntos."
Mariana Ramos, estudante de filosofia da Universidade
Federal do ABC (UFABC), também participou do evento e defende que as mudanças
precisam começar nas estruturas da sociedade. "Hoje o que eu
vejo é essa chacina, esse genocídio contra inocentes. A gente já viu isso na
história e não quer ver se repetir. Não podemos nos acostumar com a banalidade
do mal."
"Por que nós, como humanidade, não estamos fazendo nada? Por que nós não acordamos enquanto ainda temos tempo para mudar esse planeta? Não é sobre esperar, é sobre agir agora", questionou.
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Fonte: Sputnik Brasil
FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil
Nakba - A catástrofe palestina
A Nakba, palavra árabe para "catástrofe", designa
a expulsão de pelo menos 750.000 palestinos de suas terras e lares, promovida
por Israel em 1948. Esse triste episódio deu início a um processo de limpeza
étnica que dura até hoje, com a violência e a expansão criminosa dos
assentamentos israelenses na Cisjordânia e em outros territórios palestinos.
Todos os anos, no dia 15 de maio, o mundo relembra a data, em defesa do direito
de retorno dos palestinos às suas terras, de justiça e reparos para quase 6
milhões de refugiados que lutam por reconhecimento e soberania.
"israel" está estuprando crianças palestinas em campos de concentração.
Após 8 meses sequestrado por "israel", palestino
relata ter sido estuprado, molestado por militar feminina, eletrocutado na
região íntima e testemunhado violência sexual contra crianças.
CONTEÚDO SENSÍVEL: "israel" está estuprando crianças palestinas em campos de concentração.
— FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) August 13, 2024
Após 8 meses sequestrado por "israel", palestino relata ter sido estuprado, molestado por militar feminina, eletrocutado na região íntima e testemunhado violência sexual contra crianças. pic.twitter.com/2l1ngM17oH