Enquanto o Rio Grande do Sul ainda não conseguiu nem sequer contar seus mortos na pior tempestade já registrada no estado, no resto Brasil quem faz estragos é o fogo: o número de queimadas no país de janeiro a 1o de maio de 2024 – 17.421 focos – já é o maior da história desde o início das medições do Inpe, em 1998. Na Amazônia, a alta é de 148%; no Pantanal, bioma que ainda não se recuperou da devastação de 2020, a elevação é de quase 1.000%.
Observatório do Clima
As duas tragédias carregam a impressão digital da crise do
clima e reforçam a urgência de falar sério sobre adaptação no país. Ao mesmo
tempo, o governo federal precisa correr para tomar medidas que impeçam que a
situação se agrave ainda mais – socorro aos gaúchos e o fim da greve do Ibama.
As chuvas extremas no sul da América do Sul, que inclui toda
a bacia do Prata, são há décadas uma previsão recorrente dos modelos
climáticos, informação ignorada por sucessivos governos estaduais. “Enquanto
não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar
acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, diz Suely Araújo, coordenadora
de políticas públicas do Observatório do Clima.
Segundo ela, é preciso pensar em recursos vultosos a fundo
perdido. “Municípios não vão sair pedindo dinheiro emprestado para ações de
adaptação. Elas requerem um mecanismo específico, nos moldes do Fundo
Amazônia.”
Fogo
A disparada das queimadas neste semestre preocupa, uma vez
que a estação seca na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal está apenas começando.
Ela sugere que os impactos da seca extraordinária de 2023 ainda perduram e que
a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e
impedir o fogo.
“As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de
desmatamento em queda no Cerrado e na Amazônia nos primeiros cinco meses do
ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de
prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses”, diz Marcio
Astrini, secretário-executivo do OC.
“Precisamos de uma ampla mobilização da União e dos
governos estaduais, além de resolver a greve hoje instalada em órgãos
ambientais, como o Ibama. Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma
prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à
corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um
dos seus principais resultados.
Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002,
é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com
107 integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos
sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado,
igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática (oc.eco.br). Desde 2013 o OC publica o SEEG, a
estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil (seeg.eco.br).
Estamos em uma crise climática mundial. Modelos previam
aumento da precipitação na região Sul há uma década, mas falta de ações de
adaptação e retrocesso na legislação ambiental deixaram o Rio Grande do Sul
ainda mais vulnerável aos eventos extremos. #SOSRS#PacotedaDestruição
Estamos em uma crise climática mundial. Modelos previam aumento da precipitação na região Sul há uma década, mas falta de ações de adaptação e retrocesso na legislação ambiental deixaram o Rio Grande do Sul ainda mais vulnerável aos eventos extremos. #SOSRS#PacotedaDestruiçãopic.twitter.com/p9ZYOwoWSP
Enquanto o Congresso ri do povo brasileiro, destruindo nossa
legislação ambiental, nos deparamos com tragédias como a do Rio Grande do Sul,
que estão diretamente ligadas às mudanças climáticas. @MarcioAstrini
Enquanto o Congresso ri do povo brasileiro, destruindo nossa legislação ambiental, nos deparamos com tragédias como a do Rio Grande do Sul, que estão diretamente ligadas às mudanças climáticas. @MarcioAstrini 👇 pic.twitter.com/khz1gW9iLG
As confecções teriam adquirido algodão brasileiro
produzido sob práticas éticas e ambientais questionáveis.
RT en Español
As conhecidas empresas Zara e H&M contribuem
indiretamente para a degradação ambiental da savana do Cerrado, na Amazónia
brasileira, segundo um relatório recente
publicado pelo grupo ambientalista britânico Earthsight, intitulado 'Crimes de
Moda'.
A ONG “passou mais de um ano analisando imagens de satélite,
decisões judiciais, registros de remessas e se disfarçou em feiras comerciais
globais para rastrear quase um milhão de toneladas de algodão contaminado de
algumas das propriedades mais notórias do Brasil até fabricantes de roupas de
algodão na Ásia”. são fornecedores dos dois maiores varejistas de moda
do mundo ”, diz um comunicado referente ao estudo.
Em particular, o relatório sustenta que a H&M e a Zara
obtiveram algodão de duas empresas líderes do agronegócio brasileiro: SLC
Agrícola e Grupo Horita, que parecem estar ligadas a violações ambientais e
éticas que incluem desmatamento massivo, apropriação de terras e corrupção.
Uma vista da savana El Cerrado no Parque Nacional das Emas,
15 de abril de 2015. Lena Trindade / Brasil Fotos / LightRocket / Gettyimages.ru
Apesar disso, o algodão recebeu certificação ética da
iniciativa Better Cotton. Dessa forma, foram exportadas mais de 816 mil
toneladas de algodão de fazendas brasileiras envolvidas em práticas
ambiental e eticamente questionáveis, que foram entregues aos oito fabricantes
asiáticos responsáveis pela confecção das roupas dessas marcas.
À medida que as provas foram reveladas, a Better Cotton
comprometeu-se a realizar uma auditoria independente às alegações e prometeu
total transparência, enquanto a Inditex, cuja marca principal é a Zara,
solicitou a divulgação completa de todos os resultados encontrados pela Earthsight,
embora tenha reconhecido que se trata de acusações isso é sério. Por sua
vez, a Associação Brasileira do Algodão defendeu as suas práticas,
embora as suas explicações não tenham sido aceites pela maioria, nota o estudo.
Impacto no Cerrado
As investigações indicam que as práticas do agronegócio
brasileiro têm favorecido a degradação do Cerrado, considerado por
especialistas como a savana de maior biodiversidade do planeta.
Assim, apesar das repetidas multas e penalidades impostas
pelo Estado brasileiro contra poderosas empresas do agronegócio, cerca de 100.000
hectares de vegetação nativa na savana do El Cerrado foram derrubados para estabelecer campos de
algodão em seu lugar.
O exposto reflete problemas de governança no território
brasileiro, que muitas vezes se traduzem na desapropriação sistemática de
terras dos moradores locais, em prolongadas batalhas jurídicas e na ineficácia,
pelo menos parcial, das políticas ambientais, uma vez que a balança acabou
pendendo para a rentabilidade da exportação de itens como soja e algodão.
A JBS vendeu mais de US $ 3 bilhões em 'títulos verdes' nos EUA, mas um grupo de vigilância diz que seu impacto nas florestas amazônicas desmente suas promessas
Um pequeno grupo ativista chamado Mighty Earth está enfrentando a gigante brasileira de alimentos JBS para saber se seus títulos “verdes” merecem essa conotação ecológica.
Em 2021, a JBS, a maior empresa de carnes do mundo e gigantesca empresa de processamento de alimentos, vendeu US$ 3,2 bilhões em “títulos verdes” vinculados às metas de sustentabilidade da empresa. Se a JBS não atingir suas metas de emissões de gases de efeito estufa, será penalizada e pagará aos detentores de títulos um “valor elevado ou pagamento de prêmio”, diz a empresa.
Na terça-feira, a Mighty Earth apresentou uma reclamação à Securities and Exchange Commission alegando que a JBS já não está cumprindo suas metas de emissões. A Mighty Earth quer que a agência imponha penalidades e liminares à empresa brasileira, que diz ter contribuído ou ignorado o desmatamento realizado por seus fornecedores.
“Vemos a JBS como uma das três empresas fundamentais para mudar toda a indústria da carne”, disse Glenn Hurowitz, fundador e presidente-executivo da Mighty Earth. “Tem de longe as maiores emissões de qualquer empresa na agricultura.” As emissões de metano da empresa excedem o total combinado da França, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia, disse o grupo.
A JBS contesta as acusações. Ele disse que US$ 7 bilhões seriam “canalizados” para a sustentabilidade. Ela planeja adotar energia solar suficiente para todas as suas lojas Swift & Company, uma empresa americana adquirida em 2007. Ela firmou uma parceria com a empresa europeia de saúde e nutrição DSM para reduzir as emissões de metano de seus rebanhos bovinos. E a empresa planeja mais de US$ 1 bilhão em gastos de capital na próxima década para reduzir a intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 30%.
Nikki Richardson, porta-voz da JBS, disse por e-mail que a empresa espera reduzir suas emissões de Escopo 3 — impactos climáticos causados por fornecedores e outras entidades que a empresa não controla diretamente.
“Embora reconheçamos a importância de medir e, finalmente, reduzir as emissões do escopo 3, um método amplamente aceito para medir as emissões do escopo 3 não existe atualmente para o nosso setor”, disse a JBS em um documento.
A reclamação desta semana ocorre quando a SEC deve revelar até abril novas regras sobre divulgações relacionadas ao clima. As organizações ambientais esperam que essas regras aumentem a transparência, exigindo que as empresas emitam relatórios periódicos sobre os riscos relacionados ao clima e seus impactos no meio ambiente.
Em alguns casos, a SEC já atuou nessa frente. Em novembro passado, a SEC acusou o Goldman Sachs Asset Management de deturpar dois de seus fundos mútuos e uma conta gerenciada separadamente que o Goldman havia comercializado, que apresentava investimentos ambientais, sociais e de governança. Para resolver as acusações, a GSAM concordou em pagar uma multa de US$ 4 milhões.
Mas as novas regras da SEC terão de lidar com a questão mais ampla de como as empresas calculam as emissões provenientes de fontes que não possuem ou controlam.
“Este é um ótimo exemplo de por que os investidores precisam desesperadamente de divulgações padronizadas de riscos financeiros climáticos”, disse David Shadburn, defensor de assuntos governamentais da League of Conservation Voters. “A empresa conseguiu se beneficiar de um título vinculado à sustentabilidade e fazer uma lavagem verde para potenciais investidores.” Ele disse que 90% das emissões da JBS vêm de sua cadeia de suprimentos.
“A mudança climática é a questão mais premente que a sociedade enfrenta hoje e tem o potencial de impactar negativamente as gerações futuras se uma ação ousada não for tomada imediatamente”, disse a empresa separadamente em uma “estrutura” publicada para investidores em títulos em junho de 2021. “Esta questão também representa riscos significativos para nossos negócios, nossos parceiros produtores, clientes e consumidores”.
Mighty Earth defende mais divulgação. Ele diz que, para um processador de carne como a JBS, os números do abate total de animais são um “componente indispensável” das emissões totais de gases de efeito estufa da empresa. Apesar disso, a JBS escondeu seus números totais de abate de animais desde 2017, disse o grupo.
A JBS diz que não enganou os investidores. Richardson disse em um e-mail que seus títulos estavam vinculados apenas às emissões de escopo 1 e 2 e apenas à intensidade das emissões, o que significa que as emissões poderiam continuar a crescer se o negócio também crescesse.
“É importante ressaltar que esses títulos não se destinam a financiar todo o processo de descarbonização”, disse Richardson. Ela disse que eles foram “claramente projetados e estruturados” para atender às instalações da JBS sob controle da empresa.
“Devemos começar com elementos sobre os quais temos controle direto e que possuem diretrizes de medição robustas e confiáveis”, disse a empresa em um comunicado.
A JBS está buscando tempo, no entanto, para impedir a destruição das florestas tropicais causada pela produção de carne bovina. A empresa disse que eliminará o desmatamento ilegal da Amazônia de sua cadeia de suprimentos até 2025, mas não interromperá completamente o desmatamento globalmente em suas cadeias de suprimentos até 2035.
Em novembro passado, a JBS admitiu ter comprado cerca de 9.000 cabeças de gado de fazendas ilegais na Amazônia. A JBS disse ter sido vítima de uma fraude.
Fundada em 1953 no oeste do Brasil, a JBS se expandiu do Brasil e da Argentina para os Estados Unidos e além. Embora não seja muito conhecida, adquiriu o negócio de suínos da Cargill, o negócio de carne bovina da Smithfield Foods e a maior parte da produção de frango da Pilgrim's Pride.
Em 2017, a JBS foi envolvida em investigações de financiamento e suborno no Brasil. Nos últimos cinco anos, resolveu quatro casos de fixação de preços nos Estados Unidos e pagou US$ 27 milhões por violações da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior.
A Mighty Earth diz que a JBS “escolhe e escolhe o que divulgará e para quem sobre suas emissões de gases de efeito estufa”.
A organização diz que a JBS está pensando em explorar os mercados de capitais dos EUA para uma oferta pública, mas a disputa sobre as emissões pode dificultar isso.
“A JBS quer dólares americanos de nossos mercados de capitais”, disse Kevin Galbraith, advogado da Mighty Earth. “Ao mesmo tempo, eles não querem o escrutínio regulatório que acompanhará isso.”
Área destruída é equivalente a quase nove vezes o município
de São Paulo ou 11 vezes a cidade do Rio de Janeiro.
A área desmatada na Amazônia no último ano divulgada hoje
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi de 13.235 km².
Os dados divulgados por meio do Projeto de Monitoramento de Desmatamento da
Amazônia (Prodes) representam um aumento de 21,97% na taxa de
destruição em relação ao ano anterior, que foi de 10.851 km². Esta é a maior
taxa já registrada desde 2006. Os dados são referentes a medições entre agosto
de 2020 e julho deste ano.
A má notícia chega na semana seguinte ao encerramento da COP
26, onde o governo brasileiro tentou limpar sua imagem, mesmo sabendo que mais
um recorde de desmatamento já havia sido batido. O documento divulgado hoje tem
data de 27 de Outubro de 2021, ou seja, o governo adiou a divulgação dos dados
para depois antes da Conferência do Clima. O anúncio também ocorre ao mesmo
tempo que o cerco para o desmatamento começa a se fechar: a
comissão da União Europeia publicou ontem (17) o projeto da nova legislação do
bloco que veda a compra de produtos ligados ao desmatamento.
Na média, houve um aumento de 52,9% na área
desmatada nos três anos de governo Bolsonaro (média de 11.405 km² entre 2019 e
2021) em relação à média dos três anos anteriores (média de 7.458 km² entre
2016 e 2018). Os estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia foram
responsáveis por 87,25% do desmatamento na Amazônia Legal.
Só no Amazonas o desmatamento aumentou em 55% no último ano.
O estado tem se destacado no avanço da destruição da floresta. O desmatamento
tem avançado cada vez mais perto de áreas antes conservadas da Amazônia.
Inclusive em expedição recente
ao sul do estado, o Greenpeace realizou uma série de três reportagens especiais
para mostrar como essa dinâmica de destruição tem se dado na região. destruição
na região.
Ao longo do último ano, o Brasil foi um dos poucos países
que aumentaram a emissão de gases de efeito estufa, apesar dos efeitos da
pandemia de Coronavírus.O país emitiu 9,5% a mais de gases, enquanto o restante
do mundo reduziu em 7%. 46% das emissões do Brasil são oriundas de desmatamento
e de acordo com um estudo da Carbon Brief, o Brasil
foi o quinto país que mais contribuiu com emissões de gases desde 1850.
“Apesar das tentativas recentes do governo em limpar sua
imagem, a realidade se impõe mais uma vez. Os mais de 13 mil km² não
surpreendem quem acompanhou os últimos três anos de desmonte na gestão
ambiental brasileira e as tentativas de enfraquecer o arcabouço legal para a
proteção do meio ambiente. Fica evidente que as ações necessárias por parte do
Brasil para conter o desmatamento e as mudanças climáticas não virão deste
governo que está estacionado no tempo e, ainda vê a floresta e seus povos como
empecilho ao desenvolvimento”, declara Cristiane Mazzetti, porta-voz da
campanha da Amazônia do Greenpeace
“O governo atual, com sua política antiambiental, elevou
drasticamente o patamar de desmatamento na maior floresta tropical do planeta.
Estes são níveis inaceitáveis perante à emergência climática que vivemos no
Brasil e no mundo, com extremos climáticos e seus impactos cada vez mais
devastadores e frequentes”, comenta Cristiane. “E essa situação só vai piorar, se
o Senado aprovar o PL da Grilagem, que beneficia invasores de terras públicas e
incentiva ainda mais desmatamento”, completa.
No período em que a taxa foi medida, 32% dos alertas de
desmatamento se concentraram nas Florestas Públicas Não Destinadas, alvo
frequente de grilagem de terras. A última audiência pública do Senado para
discutir o PL 2633/2020, já aprovado na Câmara dos Deputados deve acontecer na
próxima semana, com isso a matéria pode ser votada em Plenário logo na
sequência.
Para entender melhor a dimensão da destruição, fizemos
algumas comparações. Os 13.235km² desmatados em apenas 1 ano equivalem à:
3.6 árvores perdidas por cada um dos 212 milhões de
brasileiros
O colunista Josias de Souza comentou hoje, durante a
participação no UOL News, sobre a divulgação de dados do INPE sobre o
desmatamento da Amazônia. "Consolida o sucesso das duas prioridades de
Bolsonaro para o setor do Meio Ambiente: a devastação consentida da Amazônia e
a institucionalização da mentira como política ambiental", analisou.
Os 13.235 km² de #Amazônia destruídos no último ano equivalem a: 9 cidades de São Paulo 1/2 estado de Sergipe 2x o território da Palestina maior do que o Líbano, Qatar e Jamaica. O governo de @jairbolsonaro tem que parar com suas falsas promessas e começar a proteger a floresta. pic.twitter.com/QOgY3gWJGm
Ecologistas, advogados e cientistas estrangeiros vão
denunciar o presidente no Tribunal Penal Internacional nesta terça-feira
(12/10)
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) será denunciado nesta terça-feira (12/10) por
crimes ambientais no Tribunal Penal Internacional (TPI), o órgão judiciário da
Organização das Nações Unidas (ONU). Essa é a sétima denúncia contra Bolsonaro
que se conhece no TPI.
“O presidente brasileiro Jair Bolsonaro está governando um
sistemático e difundido ataque à Amazônia. Suas ações nos ameaçam a todos”, diz
o texto do grupo All
Rise, cujo lema é “O planeta contra Bolsonaro”.
De acordo com o colunista Jamil Chade, do UOL, a denúncia tem 300 páginas, das quais
200 são de argumentos legais e cem outras com dados científicos.
A ação da entidade dedicada a litígios ambientais é apoiada
por sir Howard Morrison, juiz da Corte Penal Internacional entre 2011 e 2021, e
Nema Milaninia, que trabalhou previamente como advogada de Defesa para o
Ministério Público na Corte Penal Internacional.
O caso será apresentado nesta terça-feira à procuradoria da
Corte, com sede em Haia. Na primeira etapa, a procuradoria vai avaliar se a
denúncia é válida, antes de abrir um processo preliminar de investigação.
O caso é apresentado às vésperas da cúpula do Clima, em
Glasgow, na Escócia. Na COP 26, que ocorre entre 31 de outubro e 12 de
novembro, o Brasil deverá ser cobrado pela comunidade internacional para dar
garantias de que adotará medidas para reduzir emissões e o desmatamento.
Bolsonaro durante abertura da 74º assembleia geral da Nações Unidas, em 2019
Outras denúncias
É a sétima denúncia que o presidente Bolsonaro enfrenta no
Tribunal de Haia. Três dizem respeito ao combate à pandemia e a quarta aborda
direitos das populações indígenas. Só no ano de 2020, o chefe do Executivo
brasileiro foi denunciado três vezes por genocídio em razão da gestão diante da
pandemia do coronavírus.
A denúncia citava recordes de desmatamento desde o início do
governo Bolsonaro, recorde também de assassinatos de lideranças indígenas em
2019 e descreve o desmantelamento de agências responsáveis pela proteção ambiental.
Bolsonaro é denunciado Haia por desmatamento na Amazônia;
'fez prova contra si mesmo', diz Josias
Ambientalistas, ex-juízes e cientistas devem apresentar hoje
um denúncia contra o presidente no Tribunal Penal de Haia por crimes contra a
humanidade e a destruição da Amazônia. No UOL News, o colunista Josias de Souza
fala sobre a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro, que, para ele, já
"começa errada" e vê que há elementos contra o presidente: "Fez
prova contra si mesmo"
"A Amazônia, os pulmões do mundo, agora está no limite
e emitindo mais carbono do que consumindo por causa do desmatamento e das
queimadas. Isso está acontecendo enquanto nós assistimos, isso está sendo
diretamente alimentado pelo governo", disse a ativista sueca
Ativista ambiental sueca Greta Thunberg, em pronunciamento via videoconferência. (Foto: Pedro França/Agência Senado)
247 - A ativista sueca Greta Thunberg voltou a
responsabilizar o governo brasileiro pela destruição da Amazônia. "O
Brasil não tem desculpas para assumir sua responsabilidade. A Amazônia, os
pulmões do mundo, agora está no limite e emitindo mais carbono do que consumindo
por causa do desmatamento e das queimadas. Isso está acontecendo enquanto nós
assistimos, isso está sendo diretamente alimentado pelo governo. O mundo não
pode arcar com o custo de perder a Amazônia", disse a ambientalista sem
citar o nome de Jair Bolsonaro, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.
A declaração de Greta foi feita durante uma audiência
pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente do Senado nesta sexta-feira
(10). Ela também qualificou como “vergonhosas” as atitudes das lideranças
nacionais em relação aos povos originários e ressaltou que "esses
acontecimentos no Brasil têm colocado em risco essa população e a própria
Floresta Amazônica".
Senadores debatem nesta sexta-feira o Relatório de Avaliação
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, também conhecido como
relatório do IPCC. Foram convidados especialistas internacionais e a ativista
ambiental sueca Greta Thunberg participa do evento. O documento destaca o
aquecimento global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e o aumento da
emissão de gases de efeito estufa. Os resultados do IPCC vão ser avaliados sob
o ponto de vista do impacto e das recomendações para o Brasil.
Em sessão de debates sobre mudanças climáticas, a ativista ambiental @GretaThunberg criticou ações de líderes brasileiros e ressaltou que é preciso alcançar as metas do Acordo de Paris e proteger a Amazônia e grupos indígenas. pic.twitter.com/akFfdn2ICO
O maior protesto indígena já feito no Brasil ocorreu em meio
aos esforços de Jair Bolsonaro e seus aliados para pavimentar o caminho para a
indústria na Amazônia.
Indígenas brasileiros protestam contra o presidente Jair
Bolsonaro no acampamento da Luta pela Vida em Brasília, Brasil, em 25 de agosto
de 2021. Foto: Antonio Molina / Sipa EUA via AP
AS COMUNIDADES INDÍGENAS NO Brasil organizaram
os maiores protestos nativos de todos os tempos para bloquear o que eles
descreveram como “uma declaração de extermínio” dos legisladores que
representam interesses do agronegócio, mineração e extração de madeira
alinhados com o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.
O grupo Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil , ou APIB, organizou os protestos como
parte do protesto de uma semana “Luta pela Vida” na capital, Brasília, em
antecipação a uma decisão do Supremo Tribunal Federal que poderia invalidar as
reivindicações de terras indígenas.
“Nossa luta tem como alvo todos os governos que são
cúmplices da campanha de genocídio de Bolsonaro, todas as corporações que
buscam lucrar com isso”, disse a APIB em uma declaração conjunta com a Progressive International ,
uma coalizão de esquerda que enviou uma delegação para pesquisar o situação. “A
luta contra o Bolsonaro vai muito além das fronteiras do Brasil.”
A APIB esperava que o Supremo Tribunal rejeitasse uma
contestação às reivindicações de terras indígenas durante seu protesto, mas o
tribunal adiou o julgamento para a próxima semana depois que um voto foi dado a
favor dos direitos indígenas. Um legislador de direita, cuja fortuna vem
da agricultura, disse
que ele e seus colegas pressionaram os juízes para atrasar ainda mais
a decisão para que o Congresso tivesse tempo de aprovar medidas que retirariam
os direitos às terras indígenas por meio de legislação em vez de tribunais.
Desde 2019, Bolsonaro tem usado sua autoridade executiva
para atacar
agressivamente os direitos indígenas, cortar as proteções
ambientais e paralisar os esforços de aplicação da lei - medidas que
atraíram condenação internacional . Alinhado
com o poderoso lobby do agronegócio, o governo também promoveu uma série de
projetos de lei no Congresso que, se aprovados, representariam uma sentença de
morte para muitas das comunidades
indígenas do Brasil e, alertam os críticos, para toda a floresta
amazônica.
“Somos nós que estamos sofrendo. O governo não sofre ”,
disse Pasyma Panará, presidente da Associação Iakiô na região amazônica do
Xingu. “É por isso que estamos aqui para lutar.”
A delegação da Progressive International incluiu um membro
do parlamento espanhol, líderes indígenas, ativistas trabalhistas e dois
funcionários do Congresso dos EUA que estavam participando a título
pessoal. O grupo viajou para Brasília e para as cidades amazônicas de
Belém e Santarém para uma semana de encontros com políticos e ambientalistas
brasileiros e grupos que representam comunidades indígenas, trabalhadores e
camponeses sem terra.
“Esta delegação tem como objetivo trazer os olhos do mundo
para o Brasil”, disse David Adler, coordenador geral da Progressive
International, ao The Intercept. “Estamos aqui para desenvolver uma
estratégia comum para enfrentar as crises que o Brasil enfrenta.”
Indígenas brasileiros protestam contra o presidente Jair
Bolsonaro, segurando uma placa que diz “Bolsonaro, saia”, no acampamento de
Luta pela Vida em Brasília, Brasil, em 26 de agosto de 2021. Manifestantes
seguram uma faixa que diz “Nossa história não” t começar em 1988 ”, ano em que
a Constituição foi transformada em lei,“ resistimos por mais de 12.000 anos ”. Foto: Andrew Fishman
Luta pela vida
Mais de 6.000 representantes de 176 grupos indígenas armaram
tendas e amarraram abrigos de bambu por sete dias de protesto e intercâmbio
cultural. O acampamento ficava em um pedaço de terra empoeirado na
capital, a menos de um quilômetro e meio no calçadão principal do Congresso, da
Suprema Corte e do palácio presidencial.
Para participar, delegados dos mais longínquos recantos do
Brasil passaram até três dias em ônibus lotados que percorriam estradas de
terra desbotadas, viajando sob a ameaça de emboscadas de gangues paramilitares.
Antes que discursos empolgantes de líderes do movimento e
aliados pudessem começar no palco principal, grupos de Xikrin, Munduruku,
Xukuru e outros vestidos com trajes cerimoniais completos e danças tradicionais
e canções para a multidão. Influenciadores e jornalistas indígenas
experientes em tecnologia transmitiram ao vivo o processo nas redes sociais,
envoltos em nuvens de poeira vermelha.
“Nós sabemos o que é o mal”, disse um palestrante sob
aplausos. “O mal é o agronegócio invadindo nossos territórios.”
Os povos indígenas do Brasil não têm falta de motivos para
protestar. Suas terras ancestrais estão cada vez mais ameaçadas por
grandes projetos de infraestrutura agrícola e violentos ladrões de terras
auxiliados por agências governamentais. Ataques
violentos estão aumentando e a degradação ambiental está tornando os
modos de vida tradicionais menos sustentáveis.
Enquanto isso, o Congresso está votando um projeto após o
outro que desfaria as duras proteções escritas na constituição de 1988. Com
o Bolsonaro, tudo foi de mal a pior.
Durante semanas, os organizadores se concentraram
principalmente na decisão da Suprema Corte, que poderia reduzir
substancialmente os territórios indígenas protegidos pela constituição. “É
um dos julgamentos mais importantes da história”, disse a líder da APIB, Sônia
Guajajara, em um evento transmitido ao vivo na última quinta-feira. “A
luta dos povos indígenas é uma luta pelo futuro da humanidade.”
A medida, conhecida como “Tese do Marco”, ou “Marco
Temporal” em português, invalidaria as reivindicações de terras de grupos
indígenas que não ocupavam fisicamente o território no dia em que a nova
constituição foi assinada em 1988, ignorando séculos de opressão genocida que
forçou muitas tribos a fugir de seus lares ancestrais.
Os direitos às terras indígenas estão consagrados na
Constituição do Brasil, mas o governo tem agido em ritmo de lesma nas últimas
três décadas para processar as reivindicações. Enquanto isso, o
agronegócio, a mineração e as indústrias madeireiras
do Brasil , com seus patrocinadores internacionais ,
estão de olho em muitas das vastas extensões de terra, principalmente
localizadas na Amazônia, que são reivindicadas pelos nativos. Os
interesses comerciais têm destruído as proteções por todos os meios necessários
nos tribunais, no Congresso e na prática.
As invasões ilegais em terras indígenas por grupos violentos
e fortemente armados têm aumentado nos
últimos anos. Grupos criminosos foram encorajados por Bolsonaro, que fez
campanha com a promessa de que, se eleito presidente, “não haverá um
centímetro demarcado para reservas indígenas” e fez comentários
racistas e genocidas sobre os povos indígenas ao
longo de sua carreira.
“O Marco Temporal representa para nós, povos indígenas, uma
declaração de extermínio”, disse Eloy
Terena , advogado e ativista dos direitos indígenas, durante evento na
última quinta-feira. Terena destacou que muitas das 114 tribos
isoladas do Brasil , que contam com proteção do governo, vivem em
territórios que podem ser ameaçados se a tese jurídica do Marco Temporal for
mantida.
Luta pela Representação
A única maneira de frear os tratores que estão arando a
Amazônia, disse a deputada Joênia Wapichana ao The Intercept, é uma “renovação
política”. Os povos indígenas e seus aliados devem “alcançar a maioria
dentro do Congresso”, disse ela, algo que nunca aconteceu. “Talvez assim
eles pensem duas vezes antes de apresentar uma proposta para reduzir os
direitos indígenas.”
Wapichana, 47, é a primeira mulher indígena advogada e
parlamentar indígena do Brasil. Atualmente é a única representante
indígena do país. No protesto “Struggle for Life”, ela recebeu o
tratamento de estrela do rock: Onde quer que ela fosse, fãs apaixonados faziam
fila para pegar selfies.
Em uma reunião com uma dúzia de líderes de algumas das
comunidades indígenas mais afetadas do Brasil, um delegado da Progressive
International perguntou quais políticos eles consideravam aliados
sólidos. O grupo hesitou em responder, sussurrando entre si até que um
deles falou: “Representante. Joênia tem lutado muito ao nosso lado ”,
disse um líder indígena, passando a citar um punhado de organizações não
governamentais. Nenhum deles era do estado Wapichana de
Roraima. Quaisquer outros nomes? Desta vez, a resposta foi rápida:
“Não, que eu me lembre”.
A Frente
Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, lançada
em 2019 por Wapichana, é formada por 237 dos 594 congressistas
brasileiros. Mas durante os primeiros quatro dias do protesto, apenas dois
representantes eleitos federais pisaram no palco principal do protesto e apenas
um punhado visitou o acampamento. Nenhum grande candidato à presidência ou
governante proeminente compareceu.
Em uma mudança em relação aos protestos indígenas recentes -
que terminaram em violenta repressão - a polícia manteve distância. A
cobertura dos principais veículos de notícias nacionais também tem sido difícil
de obter. Na quarta-feira, o coordenador executivo da APIB, Dinamam Tuxá,
lamentou ao The Intercept que nenhum dos três principais jornais do Brasil -
que dependem de publicidade
do agronegócio - havia publicado uma reportagem de capa sobre o
protesto histórico. “O agronegócio não compra apenas publicidade”, disse
ele, “mas também compra a linha editorial e influencia a cobertura
jornalística”.
Os indígenas brasileiros cantam durante o protesto em frente
ao Supremo Tribunal Federal em Brasília, Brasil, em 26 de agosto de 2021,
enquanto aguardam uma importante decisão do tribunal. Eles estão entre as
6.000 pessoas que vieram à capital se opondo a medidas que reverteriam
drasticamente os direitos territoriais indígenas. Foto: Andrew Fishman
Solidariedade Internacional
Mesmo que o Marco Temporal seja derrotado no Supremo
Tribunal Federal, dezenas de outras propostas e ações governamentais ameaçam as
terras indígenas e servem para empurrar a floresta
amazônica para mais perto de um “ ponto de inflexão ”
do desmatamento . O
resultado seria um colapso irrevogável do ecossistema.
Os principais cientistas acreditam que
o ponto crítico virá com o desmatamento de 20 a 25 por cento, fazendo com que a
exuberante Amazônia seque e se transforme em uma savana, provocando emissões
catastróficas de carbono e severas secas em todo o continente. Dezoito por cento da
Amazônia já foi cortada e a taxa de destruição só aumentou sob
o Bolsonaro.
“Nossas vidas estão em risco e estamos pedindo ajuda”, disse
Auricélia Arapium, líder indígena da região do Tapajós, à delegação da
Progressive International durante encontro no acampamento na
segunda-feira. “Não temos mais a quem recorrer no Brasil. É por isso
que procuramos organizações internacionais, para que nossos direitos, que estão
sendo ameaçados, sejam preservados ”.
Em uma entrevista coletiva no final do dia, a Progressive
International anunciou que planeja trabalhar com parceiros ao redor do mundo
para lançar um boicote a empresas estrangeiras responsáveis pela destruição
da Amazônia e pelo atropelamento dos direitos indígenas. O gigante dos
investimentos Blackstone e
o conglomerado agrícola privado Cargill estão
no topo da lista.
“Precisamos olhar para as corporações que estão alimentando
isso e a política externa dos EUA e internacional que está permitindo essas
corporações”, disse Nick
Estes , professor da Universidade do Novo México, delegado do
Progressive International e cidadão de Lower Brule Tribo Sioux.
“As práticas dessas empresas como a Cargill são
fundamentalmente racistas”, disse Estes, que contribuiu para o
The Intercept. “Se mais pessoas entendessem quanto sangue indígena, quanto
sangue negro, quanto sangue de brasileiros que vivem na terra é derramado só
para comer um cheeseburguer, acho que haveria muito mais indignação.”
“Embora nós não possamos impedir a morte, nós temos um
compromisso importante de seguir lutando pela vida!”, afirma a professora, ativista e liderança
indígena Célia Xakriabá. Ela fala da luta incansável dos povos indígenas contra
a necropolítica de Jair Bolsonaro e do combate que os povos originários travam
para manter vivas suas tradições e territórios. #MarcoTemporalNão!
Com 6000 pessoas de 173 povos, a maior mobilização indígena desde 1988 faz nesse momento vigília em frente ao STF. Com a força de seus encantados, os povos cantam e pedem que a corte defenda os direitos garantidos na constituição pic.twitter.com/PJUTWk5oPI
Imagens que precisam rodar o mundo! Mais de 6 mil indígenas reunidos em Brasília em defesa de seus direitos e entoando os cantos e danças de seus ancestrais para dar força para seguirem resistindo ao projeto de morte desse governo contra os povos tradicionais. 🎥 Mídia Terena pic.twitter.com/wGWsBD4hcR
O planeta está em chamas: muitos incêndios na África e na Amazônia
Graças ao serviço do Sistema de Informação de Incêndio para
Gerenciamento de Recursos da NASA, é possível ver claramente que o mundo está
queimando. Da Austrália à Sibéria, da Grécia à Turquia, da Itália à
Califórnia, da Amazônia à África: são inúmeros os pontos vermelhos no mapa,
detectados com o instrumento Modis a bordo do satélite terrestre da NASA, que
revelam os locais onde existiam são altas temperaturas e incêndios.
É evidente pela imagem que a zona centro-sul de África é a
mais afetada, nomeadamente Zâmbia, Angola, Malawi, Madagáscar e República
Democrática do Congo, onde a camada de fumo é tão espessa que obscurece
completamente algumas zonas. . Na África, escreve a NASA, não é possível
determinar como e onde o incêndio começou. Mas a época do ano sugere que
os incêndios são maliciosos e com fins agrícolas, pois o fogo permite aos
agricultores limpar os campos de colheitas antigas e prepará-las para novas,
queimar o mato, renovar as pastagens ou o cerrado.
Uma grande parte da América do Norte e do Sul, a península
Arábica, a costa do Mediterrâneo, o nordeste da Europa também estão em
chamas. A Ásia também está em chamas: as costas da Índia, Sibéria, assim
como China, Malásia e Indonésia estão em chamas.
Esta sería la 'huella humana' que hemos dejado en todo el mundo - 4 de ago. de 2021
La huella humana (o huella ecológica) mide la demanda humana
sobre la naturaleza, la cantidad de naturaleza que se necesita para mantener a
las personas o una economía. Se hace un seguimiento de esta demanda a través de
un sistema de contabilidad ecológica. La información viene del Centro de Datos
y Aplicaciones Socioeconómicas de EE.UU.
Climate activist Greta Thunberg is urging politicians to take the climate emergency seriously, after the UN released a report called "a code red to humanity."
WMO SG Taalas says #IPCC#ClimateReport underlines the urgency of #ClimateAction#ParisAgreement aims for 1.5-2°C warming level which would be best for the future of mankind and the biosphere. Now we are heading towards 2-3° C warming instead. We are running out of time. pic.twitter.com/lqnq9Xc09p
Entre janeiro e maio de 2021, o aumento da área com alertas
de desmatamento foi de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado
Alerta de desmatamento de 23,70 km², identificado em maio,
na região da Terra do Meio (PA).
Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais
(Inpe), divulgados hoje, mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia
seguem crescendo em ritmo alarmante. Os dados até o dia 28 de maio apontam um aumento
de 41% na área com alertas de desmatamento em relação aos registrados em maio
de 2020.
Área de 9,4 km² com alerta de desmatamento, detectado em maio, em Altamira (PA).
Com 1.180 km², foi o mês com maior área de alertas neste ano,
e o maior maio da série Deter-B. Somente neste ano, entre janeiro e maio, foram
2,337 Km2 um aumento na área de 14,6% em relação ao mesmo período do ano
passado, apesar da cobertura de nuvens ter sido superior em 2021 (jan-maio) e
apesar de ter chovido mais na região norte – o que em tese, deveria desacelerar
o desmatamento.
“Após a divulgação do número recorde de queimadas na
Amazônia e Cerrado em maio, os alertas de desmatamento reforçam ainda mais o
quanto uma das maiores reservas de biodiversidade no planeta está sendo
colocada em risco dia após dia”, alerta Rômulo Batista, da campanha Amazônia do
Greenpeace.
Meio ambiente à deriva
O Brasil tem no momento um presidente e um ministro do meio
ambiente atuando abertamente contra a proteção ambiental. Como se não bastasse,
o Congresso tem contribuído com essa política de destruição, enfraquecendo
deliberadamente as leis que protegem a floresta e seus povos. Estratégia que
vem dando certo, como apontam os índices de desmatamento.
Ocupado com as investigações e inquéritos sobre o comércio
internacional de madeiras, o ministro Ricardo Salles fechou os olhos para o
controle do desmatamento, que segue a passos largos, inclusive em terras
públicas. Enquanto isso o Congresso Nacional discute projetos de lei que vão
piorar ainda mais a situação, à exemplo dos PLs 2633/2020 e 510/2021, que visam
flexibilizar os critérios da regularização fundiária, o que na prática anistia
grileiros, enquanto cerca de ⅓ do desmatamento na Amazônia é ocasionado por
grilagem. Além disso, os PLs 191/2020 e 490/2007 são um verdadeiro ataque aos
povos indígenas e seus territórios, pois visam abrir terras indígenas para
atividades predatórias como mineração e avanço do agronegócio.
“Ainda que estes projetos estejam em tramitação, já é
suficiente para adicionar combustível às motosserras. Ao seguir permitindo que
a Amazônia seja perdida dessa maneira, nossos governantes afetam também a
oferta de serviços ecossistêmicos que ela proporciona à sociedade. Manter a
saúde da floresta é manter a nossa saúde e nosso bem-estar, precisamos de uma
vez por todas entender que não há progresso ou desenvolvimento possível sem
natureza”, completa Rômulo.
Alerta de desmatamento na Amazônia Legal em maio é o maior
em 5 anos | CNN PRIME TIME
A área sob alerta para desmatamento na Amazônia Legal, em
maio de 2021, bateu recorde mensal na série histórica mantida pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde agosto de 2015 – e só foram
validados os dados de 28 dias do mês.
O desmatamento da Amazônia segue batendo recordes e
coloca o Brasil sob pressão internacional e risco de perdas econômicas
substantivas. Para discutir o assunto, a Sputnik Brasil conversou com o
secretário-executivo do Observatório do Clima, que alertou que criminosos agem
à vontade na Amazônia atualmente.
Na sexta-feira (7), dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) mostraram que o Brasil bateu o recorde de alerta de desmatamento na
Amazônia em abril deste ano, com o pior resultado para o mês desde 2016. No
total, a área sob alerta de desmatamento na região foi estimada em 581 km²
pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do INPE.
Somente em abril, ao menos 58 mil hectares de floresta foram
desmatados, um aumento de 43% em relação mesmo mês de 2020.
O quadro foi divulgado poucas semanas após o presidente
brasileiro Jair Bolsonaro assumir compromissos
de redução do desmatamento diante do mundo na Cúpula do Clima. Durante
a conferência, Bolsonaro afirmou que o Brasil acabará o desmatamento ilegal até
2030.
Desde o início do atual governo, os números do desmatamento
no Brasil têm gerado crescentes pressões internacionais. Recententemente, o
governo dos Estados Unidos tem exercido esse papel, sendo que
Washington exigiu de Bolsonaro a apresentação de uma postura mais ativa no
combate ao crime ambiental durante a Cúpula do Clima. A postura ambiental do
atual governo brasileiro também já recebeu reprimendas de diversos países
europeus.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do
Clima, explica que o aumento do desmatamento no Brasil gera uma série de
problemas sérios não só para o meio ambiente, como também para economia
brasileira.
"São muitos os impactos do desmatamento para o
setor do agronegócio brasileiro. Existem impactos de curto e impactos de médio
prazo. Entre os impactos de curto prazo a gente pode citar nitidamente o
impacto da imagem negativa que o desmatamento provoca para o Brasil e,
consequentemente, para os produtos brasileiros, principalmente aqueles que são
produzidos na Amazônia. Ninguém, no mundo inteiro, quer consumir produtos
derivados do desmatamento", afirma Astrini em entrevista à Sputnik Brasil.
Um exemplo da consequência pontada por Astrini ocorreu no
início de maio, quando um grupo de cerca de 40 empresas britânicas do setor
alimentício divulgou uma carta aberta ameaçando boicotar a compra
de produtos brasileiros caso o projeto de lei 510/2020 seja aprovado, alegando que a legislação
incentiva o avanço sobre a Amazônia. O projeto, que conta com apoio do governo
Bolsonaro, abre caminho para que áreas desmatadas possam passar para a posse de
desmatadores.
O ambientalista Marcio Astrini ressalta que esse tipo de
pressão internacional pela preservação do meio ambiente no Brasil não é
novidade e lembra da introdução da moratória da soja no início dos anos 2000
como exemplo de políticas anteriores que refletiram movimentações externas. A
moratória da soja proíbe a compra de soja proveniente de áreas desmatadas.
"Cada vez, portanto, que o desmatamento aumenta
no Brasil, aumenta essa desconfiança, a insegurança de compradores
internacionais, e isso acaba prejudicando os negócios brasileiros ou colocando
para alguns produtos, principalmente do Brasil, uma pressão ainda maior para
que eles sejam comercializados mundo afora", explica, lembrando que o país
já sofreu boicotes internacionais ligados ao desmatamento e também ameaças de
retirada de investimentos.
Astrini aponta que, além do impacto comercial, a degradação
ambiental também pode
trazer prejuízos econômicos diretos para atividades agropecuárias
brasileiras, que aparentemente se beneficiam do desmatamento. Um estudo divulgado na
revista Nature nesta segunda-feira (10), aponta que o desmatamento no Brasil
pode custar US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) anualmente ao país devido
ao impacto na produção agrícola.
"Existe um impacto de médio prazo que é um
impacto mais sustentado, provocado pelo desmatamento da Amazônia, que é a
alteração dos padrões climáticos do Brasil e dos serviços essenciais que a
floresta amazônica presta para toda agricultura nacional. Existem muitas
regiões do Brasil em que grande, ou quase que a totalidade das chuvas que
irrigam as produções brasileiras, advém diretamente da Amazônia", aponta.
Área desmatada na Amazônia.
A mudança no padrão climático, explica o ambientalista, pode
provocar secas mais prolongadas, alterando o regime das chuvas que irrigam
plantações e abastecem reservatórios em todo o país. Dessa forma, o impacto
sobre a produção é agrícola pode se estender a longo prazo.
Na contramão do mundo
A manutenção do desmatamento no Brasil, destaca
Astrini, coloca o país em rota de colisão com a política
climática de grandes potências, tais como a China, os Estados Unidos e também
países da Europa, cujas agendas, hoje, incluem a proteção do meio ambiente.
"Obviamente que a Amazônia faz parte de uma
preocupação global nesse tema de mudanças climáticas, afinal de contas a
Amazônia retém um estoque de carbono, ela retém nas suas árvores, no seu solo,
o equivalente a oito anos de todas as emissões globais de gases de efeito
estufa. Então, aquilo é um verdadeiro estoque, uma bomba de carbono estocada na
Amazônia. Se o desmatamento continuar avançando esse carbono todo que existe
estocado na Amazônia vai sendo liberado para a atmosfera", aponta.
O secretário-executivo do Observatório do Clima alerta que o
desmatamento agressivo, como o detectado pelo INPE em abril na Amazônia, pode
mover a floresta na direção de um colapso, colocando em risco os esforços
globais contra o aquecimento global.
Presidente Jair Bolsonaro e membros do governo federal
ouvindo a fala do líder norte-americano Joe Biden durante a Cúpula do Clima, 22
de abril de 2021
Astrini lembra que o Brasil "coleciona problemas"
em diversas questões como decorrência da má gestão ambiental. Um deles está
atrelado à submissão do pedido de entrada na Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que entre outros pontos, requer uma política
ambiental adequada. Outro prejuízo da atual política ambiental, lembra Astrini,
é em relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) que envolve bilhões
de euros.
"Talvez o caso mais claro de impacto econômico,
impacto na relação diplomática e comercial do Brasil, esteja no tratado
Mercosul-União Europeia, um tratado que teve a sua assinatura política
realizada há cerca de um ano e meio atrás e que de lá para cá ficou esperando
um gesto, um gesto positivo, a entrega de resultados por parte do governo
brasileiro de diminuição do desmatamento da Amazônia e de uma melhoria da
governança ambiental no Brasil. Nunca foi apresentado pelo atual governo
brasileiro nenhum resultado e nenhuma ação concreta, ou medida satisfatória,
nesse sentido de melhorar a forma como o Brasil trata o meio ambiente",
aponta.
Governo Bolsonaro protege quem desmata
Há diversas especulações sobre as razões que levam o governo
do presidente brasileiro Jair Bolsonaro a manter a política ambiental mesmo em
meio aos prejuízos iminentes desta prática e às pressões internacionais. Para
Astrini, o governo simplesmente não tem interesse em barrar o desmatamento.
"Eu diria que o principal é que o governo não
quer. O governo Bolsonaro realmente não adota uma postura de governo que esteja
interessado em combater o crime ambiental - que é o principal causador hoje que
nós temos do desmatamento da Amazônia - e tomar medidas efetivas para proteger
a floresta e para tratar o crime ambiental de forma severa e com o rigor da
lei", avalia.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, participam da Cúpula do Clima virtual por meio de um
link de vídeo em Brasília, Brasil, em 22 de abril de 2021
Para o ambientalista, o governo atual, ao invés de impedir o
desmatamento, está incentivando essa prática.
"O governo [Bolsonaro], muito pelo contrário, em
muitas, ou na grande maioria das medidas que tomou até hoje, toma medidas para
facilitar o crime ambiental na Amazônia. É um governo que congelou as multas
ambientais, é um governo que diminuiu a capacidade do Estado brasileiro de
combater o crime [ambiental], cancelando operações de campo, diminuindo muito o
orçamento das agências de fiscalização do desmatamento da Amazônia, tomou
medidas em favor de madeireiros ilegais, em favor de grileiros de terras, em
favor de invasores de terras públicas", afirma, acrescentando nesse rol
entra ainda a simpatia do governo com o garimpo ilegal na região amazônica.
Astrini também recorda que há relatos de que a atual
política ambiental do governo Bolsonaro persegue servidores interessados em
combater o desmatamento.
"Nós temos uma série de depoimentos de pessoas
que trabalham na fiscalização ambiental no Brasil dizendo que elas são perseguidas
e intimidadas pelo atual governo. Há alguns dias atrás, inclusive, os
servidores públicos que praticam fiscalização no Brasil acusaram o governo de
tentar implementar medidas que praticamente inviabilizam a fiscalização
ambiental no país", aponta.
Criminosos atuam à vontade na Amazônia
O representante do Observatório do Clima lembra que o
governo federal tem
capacidade financeira e técnica à disposição para executar amplas
ações de combate ao desmatamento, mas escolhe "proteger quem
desmata".
"Então, existem uma série de medidas, uma série
de ações do próprio governo que vão no sentido de proteger quem desmata e não
de proteger a floresta. Exatamente por isso, o crime se sente extremamente à
vontade e vê, em ações e em palavras, que o governo não vai tomar nenhuma
iniciativa, assim como não tomou até agora, no sentido de coibir esse crime
ambiental. Hoje, na verdade, a Amazônia se transformou em um verdadeiro parque
de diversões para criminosos do meio ambiente, eles atuam de forma muito à
vontade", aponta.
Carregamento de madeira extraída da Amazônia transportado em
quatro embarcações sendo apreendido pela Operação Verde Brasil 2, das Forças
Armadas brasileiras, no estado do Pará
Astrini afirma que o Brasil tem pelo menos três bilhões de
reais parados no Fundo Amazônia que não são empregados pelo governo de forma
deliberada. Dessa forma, na opinião do ambientalista, o que impede o aumento do
combate ao desmatamento no Brasil é o governo.
"O que falta no Brasil não é nem conhecimento de
como se diminuir o desmatamento, mesmo porque o Brasil já fez isso alguns anos
atrás. Entre os anos de 2004 e 2012, o desmatamento na Amazônia caiu na casa de
80%. Portanto, nós sabemos que não é um problema de dinheiro - o dinheiro está
depositado no Fundo Amazônia. É realmente um problema de governo, o que nos
falta é vontade e o que falta é compromisso da atual gestão pública no Brasil
do governo federal em atacar o problema e reduzir o desmatamento da
Amazônia", conclui.
Amazônia Explicada - Serviços Ecossistêmicos: o presente da
floresta #2
Os benefícios que a natureza nos traz, simplesmente por
existir em equilíbrio, são chamados de serviços ecossistêmicos. No caso da
Amazônia, são serviços como a produção e distribuição da água, o resfriamento
do clima, a proteção contra doenças, alimentos e muito mais. Mas se a floresta
nos dá tudo isso de graça, por que ainda desmatam a Amazônia?
Na lista de crimes do esquema, temos o PL do Licenciamento, que será pautado amanhã na Câmara, pelo @ArthurLira_. Um projeto que pretende extinguir o licenciamento ambiental no Brasil não pode passar! Acesse: https://t.co/hRbz8RHItF e ajude a combatê-lo! #LicenciamentoFica