O planeta está em chamas: muitos incêndios na África e na Amazônia
Graças ao serviço do Sistema de Informação de Incêndio para
Gerenciamento de Recursos da NASA, é possível ver claramente que o mundo está
queimando. Da Austrália à Sibéria, da Grécia à Turquia, da Itália à
Califórnia, da Amazônia à África: são inúmeros os pontos vermelhos no mapa,
detectados com o instrumento Modis a bordo do satélite terrestre da NASA, que
revelam os locais onde existiam são altas temperaturas e incêndios.
É evidente pela imagem que a zona centro-sul de África é a
mais afetada, nomeadamente Zâmbia, Angola, Malawi, Madagáscar e República
Democrática do Congo, onde a camada de fumo é tão espessa que obscurece
completamente algumas zonas. . Na África, escreve a NASA, não é possível
determinar como e onde o incêndio começou. Mas a época do ano sugere que
os incêndios são maliciosos e com fins agrícolas, pois o fogo permite aos
agricultores limpar os campos de colheitas antigas e prepará-las para novas,
queimar o mato, renovar as pastagens ou o cerrado.
Uma grande parte da América do Norte e do Sul, a península
Arábica, a costa do Mediterrâneo, o nordeste da Europa também estão em
chamas. A Ásia também está em chamas: as costas da Índia, Sibéria, assim
como China, Malásia e Indonésia estão em chamas.
Esta sería la 'huella humana' que hemos dejado en todo el mundo - 4 de ago. de 2021
La huella humana (o huella ecológica) mide la demanda humana
sobre la naturaleza, la cantidad de naturaleza que se necesita para mantener a
las personas o una economía. Se hace un seguimiento de esta demanda a través de
un sistema de contabilidad ecológica. La información viene del Centro de Datos
y Aplicaciones Socioeconómicas de EE.UU.
Climate activist Greta Thunberg is urging politicians to take the climate emergency seriously, after the UN released a report called "a code red to humanity."
WMO SG Taalas says #IPCC#ClimateReport underlines the urgency of #ClimateAction#ParisAgreement aims for 1.5-2°C warming level which would be best for the future of mankind and the biosphere. Now we are heading towards 2-3° C warming instead. We are running out of time. pic.twitter.com/lqnq9Xc09p
Especialista afirma que regime de seca começou sem preparo
do governo e aponta recursos ainda não executados
Homens e mulheres brigadistas se arriscam suportando fumaça e calor altíssimos para impedir o avanço do fogo no Pantanal - PREVFOGO
Monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
para os próximos dias indica aumento de risco de queimadas em Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul, estados do Pantanal. Segundo o Observatório do Clima,
coalizão que reúne organizações de defesa do meio ambiente, a tragédia do ano
passado pode se repetir.
Nas análises dos satélites do Inpe, é possível observar que
pelo menos metade do território dos dois estados está sob perigo alto ou
crítico para incêndios. As previsões para o resto da semana mostram que o
cenário deve piorar ainda mais.
Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do
Observatório do Clima e ex-presidenta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
(Ibama), afirma que o poder público precisa se preparar.
Ela lembra que, em 2020, quando o Bioma perdeu 26% da
biodiversidade por causa de incêndios, as condições climáticas foram
historicamente desfavoráveis e, este ano, a situação é ainda pior.
"Ano passado a seca foi mais severa do que o normal. O
período seco começou antes e as temperaturas foram bastante elevadas. Isso está
se repetindo este ano. Na verdade, as chuvas pararam até antes este ano,
já em abril", ressalta.
Correndo contra o tempo
Para evitar a realidade dramática de 2020, a especialista
afirma que seria essencial investir em prevenção com antecedência.
Suely lembra os fortes indícios de que os incêndios de 2020 começaram
a partir de ação humana, com objetivo de limpeza de espaços para
atividades agropecuárias.
"Esse fogo se espalha para áreas protegidas
e reservas indígenas, não tem limite. Você tem que chegar antes, não pode
esperar os incêndios florestais", alerta a ex-presidenta do Ibama.
"É preciso trabalhar com o que a gente chama de manejo integrado do
fogo", explica.
Uma das técnicas de prevenção detalhas por Suely é a
delimitação de áreas com aceiros, faixas sem vegetação, que servem para evitar
alastramento do fogo. A prática é usada inclusive para proteger cercas,
estradas e propriedades vizinhas.
Os aceiros devem ser feitos no início dos períodos de
estiagem. Em caso do uso do fogo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) recomenda que as fazendas contem com profissionais que tenham
experiência no combate e no manejo de incêndios, mas ressalta que os donos de
terra devem buscar tecnologias mais eficientes e seguras do que as
queimadas.
A resposta governamental
Na terça-feira (29), o governo publicou um decreto proibindo as queimadas em todo o Brasil
por 120 dias. Mas o texto traz diversas exceções. Queimas controladas, em áreas
não localizadas nos biomas Amazônia e Pantanal, que
sejam "imprescindíveis à realização de práticas agrícolas" e
previamente autorizadas estão liberadas.
Também está permitido usar o fogo para práticas de
prevenção e combate a incêndios realizadas ou supervisionadas por instituições
públicas, trabalhos agrícolas de subsistência de populações
tradicionais e indígenas; e atividades de pesquisa que tenham autorização do
poder público.
No Pantanal sul-mato-grossense, o governo do estado cancelou
qualquer tipo de autorização de queima também por 120 dias. A suspensão
vale para propriedades na Área de Uso Restrito do Pantanal.
No entanto, o Observatório do Clima relata que há
dinheiro parado no Ministério do Meio Ambiente e que deveria ser aplicado
no combate aos incêndios no Pantanal.
O Congresso Nacional liberou recursos suplementares para a
Ministério do Meio Ambiente que contemplam ações de prevenção a queimadas.
Frente ao risco de uma nova tragédia, partidos de oposição
entraram com ação no STF para que os governos dos estados pantaneiros e o
governo federal apresentem um plano de prevenção em até 30 dias. .
De autoria das legendas PSOL, Rede, PSB e PT, a
arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental questiona o descumprimento
de pontos primordiais da Constituição brasileira.
A reportagem do Brasil de Fato enviou
questionamentos sobre o tema ao Ministério do Meio Ambiente, mas não recebeu
resposta até o fechamento deste texto.
As queimadas de 2020 deixaram um cenário desolador no
Pantanal. O bioma teve mais de 30% da sua área queimada, o equivalente a 4
milhões de campos de futebol arrasados. Muitos dos animais que escaparam do
fogo, sobreviveram com auxílio de voluntários e instituições que concentraram
esforços no resgate e recuperação. Pelo menos 30 deles foram levados ao Cras
(Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande (MS), entre
julho e setembro. Na lista, onças-pintadas, lobinhos, tamanduás, araras, anta,
cotia e gavião-telha que habitam o Pantanal e também áreas de Cerrado. Para auxiliar na
recuperação dos animais, o WWF-Brasil doou materiais e medicamentos. A ação faz
parte do projeto “Respostas Emergenciais em Campo”, iniciado em 2019 na Amazônia e ampliado
este ano para atender o Pantanal, por conta do aumento das queimadas,
a partir de julho. Saiba mais: https://bit.ly/AnimaisFeridosPantanal
Um vídeo que circula na redes sociais mostra o motor de um
Boeing 777 pegando fogo pouco depois de decolar do Aeroporto Internacional de
Denver, Colorado, para onde teve que regressar.
Durante este incidente algumas partes do motor se
desprenderam e caíram no solo nos arredores da cidade de Broomfield, momento
que os passageiros a bordo descreveram como um enorme estrondo. Felizmente
o avião conseguiu pousar em segurança e ninguém ficou
ferido no acidente.
Um Boeing 777 da companhia aérea United Airlines com destino
a Honolulu, Havaí, pegou fogo pouco depois de partir de Denver, informou no
sábado (20) a empresa americana no Twitter. O avião teve de fazer uma
aterrissagem de emergência.
A polícia de Broomfield disse que a aeronave espalhou
fragmentos em vários bairros da cidade. As autoridades alertaram os cidadãos
para não tocarem ou moverem os fragmentos do motor, uma vez que será conduzida
uma investigação.
"Um Boeing 777-200 da United Airlines retornou ao
Aeroporto Internacional de Denver e pousou em segurança no sábado (20) após
sofrer uma falha no motor direito logo após a decolagem".
Jacaré morto em área queimada do Pantanal - Mauro Pimentel/
AFP
Segundo governo de Mato Grosso, perícias indicam que
queimadas não têm causas naturais; polícia busca responsáveis
O governo de Mato Grosso informou que cinco perícias
realizadas no Pantanal apontam ação humana como causa das queimadas na região. Dados do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que os incêndios
aumentam mais de 220% este ano. O total de focos registrados este ano é
superior a 7 mil, resultado recorde para a área.
Agora, a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) trabalha
para chegar aos responsáveis pelos incêndios. A previsão inicial é de que
o inquérito seja concluído em 30 dias, mas pode haver pedido de mais
tempo. Segundo a delegada Alessandra Saturnino de Souza Cozzolino, ainda
não é possível concluir se as queimadas foram propositais.
"Podemos ter outro crime conectado, como é o caso do
possível desmatamento que antecedeu o incêndio, eventualmente provocado pelo
homem. Pode ter sido intencional, ou pode ter sido causado por uma situação
involuntária”, afirma Cozzolino. Ela ressalta que o trabalho de
é altamente capacitado para atuar na emergência ambiental e na
identificação das causas e origens do fogo.
A geógrafa Ane Alencar, diretora de ciências
do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) afirma que
os incêndios que estão ocorrendo no Pantanal e no resto do Brasil são muito
preocupantes. "A gente está vendo um aumento alarmante no número de de
focos de fogo."
Ela explica que as queimadas dependem de três elementos:
material combustível, condições climáticas e fonte de ignição que dê início ao
fogo. No Pantanal, ela considera que dois elementos estão contribuindo para a
piora do cenário. Um deles é o clima seco, provavelmente ligado ao aquecimento
das águas do Atlântico.
Um fogo iniciado em um campo do Pantanal, se você não
acabar com ele em uma hora, ele vai se espalhar de uma forma muito voraz.
"Esse fenômeno acaba impactando a quantidade de água
que passa pela Amazônia. Quanto menos água entra no sistema vindo do
Atlântico, menos a região do sudoeste do Amazônia, indo também para o
Pantanal, recebe água. Aconteceu em 2005 e, quando você olha os dados de 2005,
foi o ano que mais queimou. Este ano estamos batendo esse recorde."
A pesquisadora, no entanto, afirma que o efeito climático
não explica sozinho o desastre atual. "É importante a gente entender que,
mesmo o Pantanal sendo um bioma onde o fogo faz parte do bioma, ele não ocorre
naturalmente nessa época do ano. O aumento das fontes de ignição, esse
fogo sendo iniciado pelo ser humano, é uma coisa muito visível no Pantanal e em
outras regiões do Brasil."
Fundamentalmente, as pessoas têm que parar de queimar.
Segundo ela, as características do bioma exigem combate
imediato das queimadas. "Se não houver fonte de ignição, o fogo não
acontece. É justamente neste ponto que é importante frisar o papel das
autoridades em coibir o uso do fogo na região, principalmente em um ano muito
seco (...) Um fogo iniciado em um campo do Pantanal, se você não acabar
com ele em uma hora, ele vai se espalhar de uma forma muito voraz."
As consequências de queimadas extensas e frequentes na
região podem ser irreversíveis. "O intervalo natural de fogo não é a cada
ano e se a gente começar a ter queimadas no nível que a gente teve ano passado,
que estão ampliando este ano, o Pantanal vai demorar mais se recuperar e isso
vai deixando o bioma mais inflamável. Fundamentalmente, as pessoas têm que
parar de queimar."
A pena para quem for condenado pelo crime varia de dois a 4
anos. Há possibilidade também de multas que variam R$ 1 mil a R$ 7,5 mil
por hectare, com teto de R$ 50 milhões. Podem ser responsabilizadas tanto
pessoas físicas quanto jurídicas.
Segundo as perícias já realizadas no Pantanal, foram
identificados focos a partir de queima intencional para criação de pastos,
incêndios causados por acidentes na rodovia, problemas técnicos em
máquinas agrícolas e fogueiras usadas para extração de mel silvestre.
Laudos das perícias realizadas pelo Centro Integrado
Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontam que os incêndios
registrados na região do Pantanal mato-grossense foram provocados por ação
humana. Os laudos foram encaminhados para a Delegacia de Meio Ambiente (Dema)
para que seja aberto inquérito e responsabilização dos infratores.
No Twitter
A situação no Pantanal está calamitosa e o poder público está omisso.A previsão é que tenhamos + 60 dias de incêndio pela frente e o fogo já está no Parque.Os poucos animais encontrados com vida chegam em estado grave e estamos fazendo o melhor possível por eles #pantanalemchamaspic.twitter.com/8ehiRPcMvf
O PANTANAL DE MATO GROSSO PEDE SOCORRO! FAÇAM BARULHO, É NECESSÁRIO QUE MAIS PESSOAS SAIBAM DO QUE ESTÁ ACONTECENDO À MATA! É NECESSÁRIO QUE O GOVERNO SEJA PRESSIONADO A TOMAR ATITUDES COERENTES QUE REALMENTE AJUDEM! pic.twitter.com/rzjfYOqxrf
O Pantanal está queimando: o incêndio já consumiu 820 mil
hectares! O cenário que hoje se apresenta é o pior registrado nos
últimos 22 anos.
São milhares de animais silvestres encontrados
carbonizados ou com partes do corpo queimadas: serpentes, lagartos,
jabutis, jacarés, tamanduás, macacos e tantas outras espécies que povoam o
Pantanal.
As antas, por exemplo, chamadas de “jardineiras da floresta”
por serem um importante dispersor de sementes nos ecossistemas onde habitam,
são animais lentos e têm muita dificuldade em conseguir escapar das chamas.
Já animais mais ágeis como a onça-pintada, apesar de
conseguirem fugir do fogo com mais facilidade, têm suas patas queimadas, inalam
a fumaça e têm todo o seu habitat destruído, não achando mais alimentação ou
dormitório.
De acordo com a Divisão de Geração de Imagens (DIDGI) do
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, no comparativo entre os meses
de agosto de 2019 e 2020, o aumento no número de focos de incêndio aumentou em
mais de 1800%.
As queimadas já dizimaram mais de 10% do bioma
inteiro, incluindo 32% da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc
Pantanal, a maior do país. Com isso, a natureza e todos os seres que ali vivem,
sofrem diretamente.
Para contribuir, clique acima em "Contribua" e
faça a sua doação em boleto, cartão de crédito ou Paypal.
SUA DOAÇÃO SALVARÁ MILHARES DE ANIMAIS SILVESTRES!
Na tentativa de minimizar o sofrimento dos animais
resgatados por grupos que estão atuando incansavelmente na região, uma força
tarefa coordenada pelo Comitê do Fogo (órgão colegiado que reúne diversas
instituições de governo, terceiro setor e iniciativa privada) construiu um
Posto de Atendimento Emergencial a Animais Silvestres – PAEAS Pantanal.
Mas, precisa de investimento financeiro para manter sua
operação e os custos com suprimentos são altíssimos:
#Alimentação dos animais em reabilitação e muito mais!
OS ANIMAIS NÃO PODEM ESPERAR: AJUDE A GARANTIR OS
SUPRIMENTOS NECESSÁRIOS PARA SALVÁ-LOS
A AMPARA Animal e a AMPARA Silvestre lançam, então, a
campanha PANTANAL EM CHAMAS, com a finalidade de captar recursos para manter a
operação do PAEAS Pantanal funcionando, garantindo os suprimentos necessários
para resgate e reabilitação dos animais, para que tenham chance de voltar ao
seu habitat posteriormente
SOBRE A ONG AMPARA
Em atividade desde 2010, A AMPARA
Animal nasceu quando as fundadoras Juliana Camargo e Marcele Becker se
uniram por amor e respeito aos animais.
Em 2015 se tornou a instituição que mais ajuda animais no
país, ao se tornar uma “ONG mãe” que ampara mais de 450 abrigos cadastrados em
nível nacional.
Em 2016, uma nova frente da entidade foi criada,
a AMPARA Silvestre, com foco em conservação ao reabilitar animais que
possam ser devolvidos à natureza e também oferecer bem-estar aos animais
condenados ao cativeiro.
Em 10 anos:
Mais
de 1,6 milhão de quilos de ração distribuídos
Mais
de 155 mil vacinas
Mais
de 350 mil animais medicados
Mais
de 10.000 animais castrados
Mais
de 12.000 animais adotados
Veja abaixo quem integra a força tarefa de resgate de
animais silvestres no Pantanal:
Sema-MT | Comitê Estadual de Gestão do Fogo | Programa
REM-MT | SESP-MT | CBM-MT| BEA | BPMPA | Juvam | ALMT | Prefeitura Municipal de
Poconé | OAB-MT | CRMV-MT | Ibama | UFMT | Hovet | Cempas | Cavet | Sesc
Pantanal | Instituto Homem Pantaneiro | Integral Pet | VET Vida | Vivet |
Pantaneiro Clínica Veterinária | AMPARA Silvestre
SEJA UM VOLUNTÁRIO
Se você é médico(a) veterinário(a) com especialização em
animais silvestres e experiência de atuação/resgate em situações adversas, seja
um voluntário. Entre em contato pelo e-mail contato@amparanimal.org.br e
coloque, no título: VOLUNTARIADO NO PANTANAL.
Para contribuir, clique acima em "Contribua" e
faça a sua doação em boleto, cartão de crédito ou Paypal.
O valor mínimo da doação na plataforma é R$25,00 por
conta das taxas bancárias e no Paypal é de R$40.
Se você quiser, pode combinar com os amigos e dividir o
valor entre vocês, que tal?
A equipe da VOAA apura todas as vaquinhas publicadas na
plataforma. Acompanhamos as histórias antes, durante e após finalizar as
campanhas em nossas redes sociais.
Seca recorde e queimadas recorde no Pantanal em 2020 afetam
animais e até o céu de Cuiabá.MARCIO PIMENTA / REDUX
Um cheiro de mato queimado entrou pela janela da casa de
Zulmira Maria Lucia, de 67 anos, residente de Mata Cavalo, comunidade
quilombola, situada no Pantanal,
em Mato Grosso, no oeste do Brasil. “O fogo apareceu muito rápido e arriou todo o
pasto. Perdemos tudo, a roça de banana e outras plantações”, conta Zulmira,
sobre sua comunidade e as outras 28 vizinhas, onde vivem 40.000 quilombolas.
Uma das casas mais atingidas é a da família de Maria da Paz, que perdeu todo o
pasto e a cana-de-açúcar no incêndio e precisará comprar ração para alimentar o
pequeno rebanho de dez animais. Da porta da varanda, Maria da Paz, segura o
neto recém-nascido no colo. Tânia, a mãe do bebê, está internada com covid-19.
Maria levanta os olhos cheios de água e faz um sinal de que não podemos nos
aproximar por causa do bebê. Ela aponta para a área queimada e diz de forma
lacônica: “Também perdemos tudo, o fogo chegou até aqui”, mostra, apontando
para as marcas que os incêndios deixaram perto de casa.
O fogo chegou este ano com intensidade no Pantanal, um bioma
de156.000 km² no extremo oeste do Brasil, entre Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul e as fronteiras da Bolívia, Argentina e
Paraguai. Apesar de preservar 83% de suas matas, a região arde neste momento.
Só no mês de julho foram mais de 1.601 focos de calor, os maiores da história
do Pantanal desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
iniciou o monitoramento da região. No mês de agosto, o problema de aprofundou.
São 2.170 focos de calor em apenas 10 dias. “Esse número já é 28% maior em
relação ao contabilizado em todo mês de agosto de 2019”, explica Vincíus
Silgueiro, pesquisador do Instituto
Centro de Vida (ICV), que atua no bioma há vinte anos. “Mais de
55% dos focos de calor estão em propriedades rurais cadastradas. A origem dos
focos vem dessas áreas com forte presença humana.”
O quadro de emergência levou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a se deslocar para Mato Grosso no
início desta semana. Da janela do avião que o trasladou para lá, ele pôde
testemunhar o que os alertas de fogo já apitavam. “Ao longo da viagem podemos
ver centenas de focos de queimadas, mas agora conseguimos detectar a origem e
vamos penalizar todos os responsáveis”, alertou o ministro na tarde de
terça-feira após sobrevoar pontos de queimadas na região.
O Governo Bolsonaro está cada vez mais pressionado pela má gestão ambiental na Amazônia, e há consenso
que faltou organização e competência também para lidar com o bioma. Nesta
sexta, o Diário Oficial publicou a exoneração do coronel Homero Siqueira, que
estava à frente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), um dos órgãos do sistema de vigilância e fiscalização das florestas.
A decisão foi tomada por Salles em função do descontrole das queimadas no
Pantanal, segundo os jornais O Globo e o O Estado de
São Paulo. Siqueira seguiu a fórmula comum na gestão de Bolsonaro de trocar
técnicos por militares em cargos do instituto que cuida das reservas nacionais,
dizem seus críticos.
Quem conhece o Pantanal diz que faltou se antecipar aos
fatos. “As ações precisam começar mais cedo. Só foram tomadas de forma tardia
em 2020, quando os números [de queimadas] já estavam altos. Uma lentidão fatal
para o bioma”, afirma Júlio Sampaio, que coordena o programa Cerrado Pantanal
no grupo ambientalista WWF-Brasil.
Ele cita o decreto federal que proibiu o uso do fogo no manejo das
propriedades, publicado apenas este ano.
Fogo contra fogo: os bombeiros usam a tática de provocar um
fogo que reduza a capacidade do incêndio de continuar se propagando no mato
seco. MARCIO PIMENTA
Bombeiros rodeados pelo fogo
O combate ao fogo tem sido um desafio complexo pelas
características do Pantanal, como admitiu Salles na entrevista de terça.
“Estamos deslocando efetivos, mas o ambiente do Pantanal é muito seco, quente e
tem muito vento”, disse. Um dia antes, na segunda-feira, 17, equipes locais
enfrentaram momentos de terror. Seis homens do Corpo de Bombeiros Militar de
Mato Grosso foram surpreendidos pela velocidade e intensidade das linhas do
fogo em Poconé, área vizinha de Mata Cavalo, e acabaram rodeados pelas chamas.
Foi necessário acionar o helicóptero Black Hawk H-60 da Força Aérea Brasileira para o resgate
emergencial. Com sorte ninguém se feriu.
O fogo já atinge em cheio os animais da mata. Uma
onça-pintada teve 70% do corpo queimado e precisou ser transportada no
helicóptero do Exército na segunda-feira, 16, para Cuiabá. Foi internada no
hospital veterinário da universidade federal do Estado. Em desespero com o
fogo, o animal invadiu quintais na comunidade Poconé, gerando pânico na
população. Quase 500 espécies de aves e 132 mamíferos vivem no Pantanal.
O quadro preocupa o Mato Grosso, que vive do turismo na
região, e tem ali uma reserva natural importante para o equilíbrio climático
mundial. “Os incêndios já consumiram 6% do Pantanal”, disse o governador, Mauro
Mendes (DEM), ao lado do ministro Ricardo Salles, cada vez mais cobrado
para atuar em prol da preservação das matas brasileiras.
As queimadas do Pantanal mudaram o cenário até da capital
mato-grossense, a 200 quilômetros da reserva. O tradicional céu azul de Cuiabá
foi tingido de cinza. A fumaça acumulada obriga os aviões aterrissarem com a
ajuda de aparelhos por falta de visibilidade no aeroporto principal do Estado,
o Marechal Rondon. Mato Grosso vive das glórias de ser o maior produtor de soja
do mundo, ao mesmo tempo em que lidera os incêndios em 2020. Segundo Inpe, são
769 registros, um terço de tudo que queima no Brasil. Até quarta-feira (19) o
fogo seguia sem controle, especialmente na Reserva Particular do Patrimônio
Natural (RPPN) do Sesc Pantanal.
A Fazenda São Francisco do Perigara, vizinha à reserva, foi
uma das mais atingidas pelas queimadas. Ali esta a maior concentração de ninhos
naturais de arara-azul do mundo. O local é polo de pesquisa do Instituto
Arara Azul. “Ali existem 700 animais e mais de 77 ninhos monitorados,
só poderemos saber a dimensão do estrago causado pelo fogo quando o combate
acabar. Mas, muitos ninhos já estavam com filhotes e os animais perderam o seu
alimento para o fogo, as palmeiras do Bacuri”, explica Neiva Guedes, diretora
do Instituto Arara Azul.
ROGÉRIO FLORENTINO / EFE
Amazônia e Pantanal
A reserva matogrossense tem uma relação umbilical com
a Amazônia.
Os dois biomas têm grande parte de suas nascentes localizadas na mesma serra, a
Chapada dos Parecis, em Mato Grosso. É ali que estão 70% das águas que irão
formar a planície do Pantanal, em Mato
Grosso do Sul. “A região depende dessa água que vem das florestas do
norte de Mato Grosso, na região amazônica. Mas estamos registrando cada vez
menos chuvas ali”, lamenta Felipe Dias, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal,
instituição que monitora o desmatamento na região. A projeção é que as secas
serão cada vez mais severas daqui para a frente. “Temos que nos preparar para
não perdermos o Pantanal”, explica Dias. “O cenário atual é propício para o
tripé do fogo: inverno quente, baixa umidade e vento forte”, conclui.
Uma das causas para tanto fogo é a seca. A Régua de Ladário,
em Mato Grosso do Sul, fixada pela Marinha Brasileira em 1900 para medir as
cheias do rio Paraguai, há 47 anos não atingia índices tão baixos. “Esse regime
de secas e chuvas é a natureza do Pantanal Os antigos sempre disseram que os
períodos de alternância duram até dez anos. Isso significa que temos que nos
preparar”, alerta Dias.
O fogo no Pantanal é um problema para o mundo. As queimadas
e mudanças no uso da terra são responsáveis por 80% das emissões
brasileiras de gases que aquecem o planeta e provocam as mudanças
climáticas. O Brasil já esteve em quarto lugar no ranking mundial dos emissores de gases-estufa
durante anos de descontrole nos incêndios e desmatamento, como em 2005.
O país saiu da lista dos dez maiores emissores em 2019, após
controlar o desmatamento na Amazônia. Mas em 2016 ainda estava na sexta
posição, e se a situação sair fora de controle em outros biomas, as emissões
voltam a subir. As emissões também podem reduzir os recursos financeiros para
controlar as queimadas. Hoje, são os compromissos estaduais e nacionais de
redução do desmatamento na Amazônia que dão suporto financeiro às ações de
combate às chamas.
O acordo assinado entre o Governo de Mato Grosso e países
europeus durante a Conferência Mundial do Clima de Paris, a Cop-21, garantem
repasses anuais ao Estado. O programa conhecido como Redd+ para Pioneiros
concede aporte financeiro aos grandes desflorestadores que controlam a perda de
florestas. Mato Grosso era o segundo em perdas de áreas naturais na Amazônia,
mas hoje está em sétimo, segundo o Inpe. O controle garantiu um investimento 22
milhões de reais repassados por bancos alemães e britânicos para o combate às
queimadas.
Segundo a Secretaria do estado de Meio Ambiente (Sema), esse
recurso foi aplicado nas ações conjuntas do Comitê do Fogo, composto por
entidades civis, públicas e organizações não governamentais. A Sema fornece
equipamentos e diárias para realizar as operações. Desde março, foi repassado
680.000 reais em diárias para os Bombeiros Militares e demais profissionais que
atuam diretamente no combate às queimadas.
O ano passado já havia sido crítico em termos de estiagem.
“Tivemos picos de temperatura e baixas de umidade em todo o Pantanal”, diz
Júlio Sampaio da Silva, da WWF-Brasil. “O fogo é algo que vemos desde o início
de 2020. E as queimadas têm uma origem na ação humana. O fogo
começa pela mão do homem, através da limpeza e áreas e renovação de pastagens”,
explica. “É muita irresponsabilidade colocarem fogo em períodos críticos de
seca. Mesmo na chuva, os incêndios aconteceram e marcaram que já teríamos um
ano atípico.”
As queimadas deixarão marcas profundas. “Para os insetos é
uma perda bastante acentuada nesse momento de incêndio, porque são animais que
não têm mobilidade de longo alcance, muitos deles são polinizadores,
fundamentais para o desenvolvimento das plantas”, explica Cristina Cuiabalia,
bióloga e gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Polo Socioambiental Sesc
Pantanal. Não são os únicos: répteis também acabam sendo consumidos pelo fogo.
“As aves até conseguem migrar entre um ambiente e outro, mas perdem-se ninhais
e dormitórios, o que representa a perda de uma geração, já que estamos bem na
estação reprodutiva da arara-azul, do tuiuiú”, segue Cuiabalia.
Sizenando Carmo Santos, 62 anos, explica que os quilombolas
tentaram chamar o Corpo de Bombeiros por horas. “Ligamos muitas vezes. Eles
chegaram quando já não conseguiam fazer nada, o fogo tinha se alastrado por
tudo. Ficaram só olhado. Fomos nós mesmos que evitamos que as casas se
perdessem”MARCIO PIMENTA / MARCIO PIMENTA/REDUX
Covid-19 e fogo
As autoridades de Cuiabá e Várzea Grande, as maiores cidades
de Mato Grosso, precisam conciliar os efeitos das queimadas na saúde em meio a
pandemia do novo coronavírus. O Estado foi considerado em julho, pela Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), como um dos epicentros da covid-19 no Brasil. Com
uma curva acentuada no número de casos e poucos leitos hospitalares, são quase
80.000 casos, para 450 leitos de Unidades de Terapias Intensiva públicas.
A Secretaria da Saúde afirma que a taxa de ocupação segue
sob controle, com pouco mais de 20% de leitos disponíveis, porém o Ministério
Público de Mato Grosso decretou quarentena restritiva emergencial duas vezes no
Estado entre junho e julho por falta de leitos.
Na Comunidade de Mata Cavalo a população ainda debate o que
fazer após a perda das hortas. “As pessoas dizem que estamos perto de cidades,
mas para o quilombola sair de sua casa a dez quilômetros do asfalto e ir a um
mercado precisa de cem reais de frete. Por conta da pandemia do coronavírus, o
ônibus que fazia nossa linha parou em abril”, diz a presidente da Associação de
Mata Cavalo de Baixo, Arlete Pereira, 54 anos.
Para o agente de saúde, Edson Batista, de 51 anos, os
efeitos das queimadas podem agravar a pandemia. “Com essa seca, sem hortas e o
auxílio da pandemia acabando (em setembro), as famílias ficarão sem comida. Já
temos alguns casos aqui de coronavírus, e um óbito foi registrado. Os problemas
respiratórios gerados pelas queimadas também vão induzir as famílias a
procurarem tratamento nos hospitais da capital. Não sei como serão os próximos
meses”, diz o agente de saúde Batista.
✔️O fogo já destruiu 10% do Pantanal (10x o tamanho da cidade de SP).
✔️O Governo demorou 1 mês p/contratar 90 brigadistas (seria necessário no mínimo o dobro)
✔️ 1 avião Hércules C-130 está sendo usado na operação. Pq só 1?
✔️ Só 2 motobombas c/mangueiras estão operacionais pic.twitter.com/6vE5AUahLu
O Pantanal já perdeu mais de 10% de sua cobertura vegetal
devido aos incêndios que atingem a região desde julho. Um dos fatores para
tamanho estrago foi a temporada de seca, que tem sido mais acentuada, além do
inverno mais quente. Então o Pantanal já está sofrendo efeitos das mudanças
climáticas?
Neste episódio, conversamos sobre o que está acontecendo
nesse bioma, o que pode ou não ser efeito do aquecimento do planeta e
filosofamos um pouco sobre nossa relação com a natureza. Os convidados são
Felipe Dias, diretor-executivo da SOS Pantanal, e José Marengo, climatologista
do Centro de Monitoramento e Alertas De Desastres Naturais (Cemaden).
O objetivo, de acordo com MST, é tentar retirar as famílias.
Veja o vídeo aqui
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra)
denunciou no início da tarde desta quinta-feira (13) que a Polícia Militar, sob
o comando do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ateou fogo no Acampamento
Quilombo Campo Grande para tentar retirar as famílias.
🚨URGENTE | Sob comando do covarde governador de Minas Gerais, @RomeuZema, a Polícia Militar ateia fogo no Acampamento Quilombo Campo Grande para tentar retirar as famílias. A vida das famílias Sem Terra estão em suas mãos governador! Retire a polícia do acampamento!#ZemaCovardepic.twitter.com/g9U0k96bnr
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entrou
nesta quinta-feira (13) com um pedido
no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reverter a ordem de despejo
de um acampamento do movimento em Campo do Meio, município do Sul de Minas
Gerais.
A ordem foi dada em meio à pandemia do novo coronavírus, o
que deixaria desabrigadas as cerca de 450 famílias que vivem no Quilombo Campo
Grande.
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), havia usado a PM
para retirar os acampados em uma ação que começou na madrugada da quarta-feira
(12). A truculência chamou a atenção de vários deputados estaduais e movimentos
sociais e pegou mal para o governador.
Quilombo Campo Grande
O acampamento Quilombo Campo Grande foi erguido há mais de
20 anos nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, que pertencia à Companhia
Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia) e faliu no final da década de 1990. Parte
dos antigos trabalhadores da usina, que ficaram sem indenização após a falência
da empresa, hoje integram o acampamento. A área de aproximadamente 4 mil
hectares ficou degradada depois da falência da usina, por causa do monocultivo
de cana-de-açúcar. Com a ocupação do MST, o local ganhou plantações de café,
milho e hortaliças, além da criação de galinhas.
‼ ALERTA! Incêndio criminoso no Acampamento Quilombo Campo Grande! As famílias estão sendo cercadas pelas chamas! A polícia do governador de Minas Gerais, @RomeuZema, segue na ofensiva para avançar com o despejo criminoso!#ZemaCovardepic.twitter.com/D0wSB5h0ki
A tentativa de despejo de 450 famílias de um acampamento do MST em Minas é mais um retrato do desprezo dos neoliberais pela vida. A ordem de despejo ignorou acordo pra aguardar o fim do isolamento, e, assim, preservar a vida de quem mora e trabalha naquela terra há + de 20 anos pic.twitter.com/lfLr1Z7Zro
Em 18 de jun. de 2016 na cidade de Campo Grande o corrupto Bolsonaro disse que caso fosse eleito em 2018 iria apoiar o extermínio dos sem terra pelos fazendeiros
Situação está dramática no Jaraguá. A Aldeia Tekoa Itakupe
está desamparada pelas autoridades que priorizaram chácaras da região.
Os indígenas que estão lutando contra o fogo como podem e
relatam que estão pedindo ajuda e não foram atendidos com a atenção devida.
Acredita-se que o fogo iniciou com a queda de um balão na
mata e se espalhou sem controle pelo parque que é um dos últimos remanescentes
de Mata Atlântica da região metropolitana de São Paulo.