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quarta-feira, 26 de maio de 2021

Devastação na Mata Atlântica aumenta em oito Estados; em SP, exploração imobiliária é causa


A devastação da Mata Atlântica explodiu em São Paulo e no Espírito Santo nos últimos dois anos. Segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, em 2019/2020, os dois Estados ficaram no topo da lista de destruição florestal com taxas acima dos 400%, em relação ao período de 2018/2019. O ES registrou taxas de mais de 462% na perda da cobertura vegetal, seguido por SP, com 402%. A explicação no caso paulista seria a expansão da exploração imobiliária. Em pelo menos dois Estados, Rio e Mato Grosso do Sul, a porcentagem mais do que dobrou.


Estadão

 As informações, divulgadas nesta quarta-feira, 26, véspera do Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado em 27 de maio, mostram que o crescimento da devastação ocorreu em oito dos 17 Estados monitorados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Espírito Santo). Alagoas e Rio Grande do Norte também registraram desmatamento, mas não constavam do estudo anterior. A Paraíba não foi incluída no levantamento.

No total, segundo o estudo, foram desflorestados 13.053 hectares (130 quilômetros quadrados) da Mata Atlântica no período - dado que, embora tenha o percentual geral 9% menor em relação ao levantamento de 2018-2019 (14.375 hectares), representa um crescimento de 14% em relação a 2017-2018 (11.399 hectares), quando o desflorestamento atingiu o menor valor da série histórica. O projeto, criado para monitorar as mudanças na cobertura vegetal desse bioma brasileiro, existe desde 1989.

© Divulgação/SOS Mata Atlântica Detalhamento dos remanescentes florestais da Mata Atlântica em Guaratinguetá, SP, entre 2019 e 2020. O contorno em vermelho indica a área devastada.

"Esse total de 13 mil hectares de devastação representa muito porque trata-se de um bioma no qual qualquer perda tem um impacto imenso na biodiversidade e nos serviços desse ecossistema", afirmou Luís Fernando Guedes Pinto, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica (leia a entrevista).

Seis Estados - Piauí, Pernambuco, Paraná, Sergipe, Bahia e Minas Gerais - registraram melhora nos índices, com taxas abaixo dos 76% no desmatamento. O Piauí apresentou a maior queda. Entre 2017-2018, o Piauí aparecia no quarto lugar da lista, com 1.558 hectares devastados. Neste último período (2019/2020), foram 372 hectares derrubados, informa o levantamento.

As informações são do Atlas da Mata Atlântica, estudo realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com os pesquisadores, atualmente restam apenas 12,4% da cobertura original de Mata Atlântica, bem abaixo do limite mínimo "aceitável" de 30%. Grande parte dessas áreas de florestas está dividida em propriedades privadas.

© Divulgação/SOS Mata Atlântica Imagens de satélites mostram remanescentes florestais da Mata Atlântica em Panca, no ES, entre 2019 e 2020. No centro da segunda imagem, referente ao ano passado, área vermelha indica área devastada.

De acordo com a fundação, o projeto de recuperação das áreas degradadas conta com apoio de empresas como a Ypê, de produtos de limpeza, e a Nespresso, produtora de cafés, ambas com atuação e parcerias em projetos de restauração do bioma da Mata Atlântica. A Ypê já plantou mais de 1 milhão de árvores em 20 municípios paulistas e a Nespresso, por sua vez, investiu cerca de US$ 170 mil, plantando 70 mil árvores de 60 espécies nativas em programa de recuperação da Bacia do Rio Pardo, município de São Sebastião da Grama, no interior paulista.

Fonte: Estadão


BIOCENAS UERJ

Conheça um pouco do bioma Mata Atlântica através de belas imagens das mais diversas espécies que o habita. 3 de nov. de 2020

Assista ao VÍDEO


segunda-feira, 22 de junho de 2020

Aldeia indígena no Jaraguá está em chamas




Por: DCM

Aldeia Tekoa Itakupe, do povo guarani, que fica no Pico do Jaraguá, extremo noroeste da capital São Paulo, está em chamas.

O local é de difícil acesso para que possa chegar o caminhão de bombeiros, então é urgente que a ajuda a combater o fogo chegue de helicóptero.



Situação está dramática no Jaraguá. A Aldeia Tekoa Itakupe está desamparada pelas autoridades que priorizaram chácaras da região.

Os indígenas que estão lutando contra o fogo como podem e relatam que estão pedindo ajuda e não foram atendidos com a atenção devida.

Acredita-se que o fogo iniciou com a queda de um balão na mata e se espalhou sem controle pelo parque que é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica da região metropolitana de São Paulo.




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quarta-feira, 3 de junho de 2020

Sem conversa pra boi dormir: o que Ricardo Salles quer é a destruição ambiental






Fizemos uma lista de “boiadas” passadas pelo Ministro de Meio Ambiente rumo ao desmantelamento das regras ambientais desde que o novo coronavírus se instalou no país

As canetadas de Salles produzem cenários de destruição 
como esse, mas “a boiada” do ministro 
não vai passar impune © Daniel Beltrá/ Greenpeace


A “boiada” que o Ministro de Meio Ambiente Ricardo Salles diz querer passar, em vídeo da reunião interministerial publicado na última sexta-feira (22/05), já está ocorrendo. Mais precisamente, Salles já vem passando seus bois há um ano e meio, desde que Bolsonaro foi eleito Presidente da República. Salles acumulou tanta experiência nisso que achou por bem sugerir a seus colegas que ajam como ele, às escondidas e contra o interesse público.

Ao invés de cumprir com as exigências de um cargo que é dos mais importantes do país, tendo em vista que o Brasil detém a maior floresta tropical, a savana mais rica e a maior biodiversidade do planeta, a política de Ricardo Salles fez com que, por exemplo, a taxa de desmatamento na Amazônia batesse recordes. O desmatamento em 2019 foi o maior da década, e este ano já começou dando indícios de que a situação está piorando.

Este aumento do desmatamento no país não ocorre ao acaso. É resultado de uma política que incluiu dia após dia, boi atrás de boi, a redução da autonomia de servidores, cortes em orçamento dos órgãos de controle e proteção ambiental do país, orientações e canetadas para afrouxamento das regras de controle e fiscalização. (Você encontra aqui um bom resumo do que foi o primeiro ano do governo Bolsonaro para o meio ambiente.)

Desde que a crise gerada pela Covid-19 se iniciou no país, o ministro, ao invés de somar esforços para prevenir que o vírus se espalhasse pela floresta, ameaçando ainda mais seus povos, optou por aproveitar a atenção da mídia voltada para a crise, o que viu como oportunidade, para encobrir o projeto de destruição do governo e avançar com medidas antiambientais.

Listamos abaixo algumas das principais medidas antiambientais de Salles e seus subordinados durante a pandemia:

1. Caminho aberto para venda de madeira ilegal

Um dia antes da confirmação do primeiro caso de Covid-19, em 25 de fevereiro, em plena terça-feira de Carnaval, o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, liberou exportações de madeira nativa sem autorização do órgão. A mudança na regra favorece a comercialização de madeira ilegal, um grande problema na Amazônia, e foi criticada por um servidor do Ibama. O que Salles fez? Demitiu oservidorhttps://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRKBN21O359-OBRDN.

2. Era uma vez a Mata Atlântica

Um dos casos mais emblemáticos das mudanças “infralegais” citadas por Salles na fatídica reunião mostra que o ministro não está satisfeito em acabar com a Amazônia; ele quer destruir a Mata Atlântica também. No dia 06 de abril, Salles assinou um despacho que reconhece como áreas de ocupação consolidada as Áreas de Preservação Permanente (APPs) desmatadas até julho de 2008. Ou seja, quem desmatou até 2008 será anistiado ou verá reduzida a obrigação de recomposição de vegetação.

A canetada tem impactos diretos na preservação da Mata Atlântica, bioma mais devastado do Brasil, porque as APPs são consideradas fundamentais para a segurança hídrica e proteção da fauna e flora da região. Ela também traz insegurança jurídica no campo e a possibilidade de aumento de conflitos em um bioma onde eles já estavam bastante apaziguados.

A medida está sendo questionada na Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF), que sugere que os Estados não acatem o despacho de Salles.

3. Intimidação, exonerações e demissões de servidores do Ibama

Em 14 de abril, dois dias depois de uma reportagem noFantástico (TV Globo) noticiar uma importante operação do Ibama contra o garimpo ilegal em Terras Indígenas, o diretor do órgão, Olivaldi Borges Azevedo, foi demitido. Duas semanas depois (30 de abril), outros dois servidores do Ibama que estavam coordenando equipes de fiscalização também foram exonerados. Vários outros servidores reportaram estar sendo ameaçados de demissão.

Quem consegue se manter no cargo, fica refém da “lei da mordaça”. Não é de hoje que Ricardo Salles tenta ter controle total sobre a comunicação do ministério. Em março do ano passado, já tinha dado orientação que restringia o contato entre servidores e a imprensa. Surtiu efeito: nos primeiros nove meses do governo Bolsonaro, a procura da imprensa por informações do Ministério do Meio Ambiente quadruplicou. No entanto, 8 a cada 10 pedidos de jornalistas não foram respondidos pela assessoria de comunicação da pasta.

Um ano depois, não satisfeito, o presidente do Ibama formalizou a recomendação por meio de uma portaria, que foi publicada no dia seguinte à repercussão negativa sobre o episódio da madeira ilegal, que explicamos no item 1. Coincidência?

4. ICMBio morre aos poucos

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é o órgão que cuida das Unidades de Conservação (UCs) federais, como os parques, florestas nacionais e reservas extrativistas presentes em todo o país, e, por isso, é fundamental para a manutenção da vida silvestre. Entretanto, parece que ele próprio está morrendo. Sua condenação começou em fevereiro, com um decreto que o reestruturou, reduzindo as 11 coordenações regionais para cinco gerências. No dia 12 de maio, o decreto foi colocado em vigor. Foram exonerados 38 servidores do comando ou substitutos de chefia em UCs, e efetivadas as reduções nas coordenações regionais.

Na Região Norte, ficou apenas uma gerência no lugar de quatro coordenações existentes anteriormente, que terá que atender mais ou menos 130 UCs. Na prática, a alteração reduz o corpo técnico do órgão e o afasta das áreas protegidas.

Quer um exemplo? A sede de fiscalização do Parque da Tijuca, localizado no Rio de Janeiro, foi transferida para o bairro dos Jardins, em São Paulo. Agora imagine o que isso significa em dimensões amazônicas.

A boiada não vai passar!


Ricardo Salles pode ser oportunista, mas não é bobo. Ele sabe que não poderá “passar sua boiada” da destruição ambiental impunemente. São muitos os olhos voltados para o bem-estar da floresta e seus povos, e para o equilíbrio climático. 

Um destes olhos atentos é a Justiça Federal, que, atendendo a pedido do Ministério Público no fim de abril, requereu que Ibama, ICMBio e Funai adotassem medidas imediatas de combate ao desmatamento e proteção dos povos indígenas contra a Covid-19. É isso mesmo. A Justiça precisou obrigar o governo a cumprir com seus deveres.

Outros desses olhos somos nós: a sociedade civil organizada; a pressão popular; você aí na sua casa, que está somando sua voz contra todo e qualquer retrocesso. Vamos juntos dizer a Ricardo Salles: a boiada não vai passar!





 Grande Reserva Mata Atlântica

A Mata Atlântica é um patrimônio natural e lar de 70% dos brasileiros, mas este valioso bioma está ameaçado.



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