A devastação da Mata Atlântica explodiu em São Paulo e no Espírito Santo nos últimos dois anos. Segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, em 2019/2020, os dois Estados ficaram no topo da lista de destruição florestal com taxas acima dos 400%, em relação ao período de 2018/2019. O ES registrou taxas de mais de 462% na perda da cobertura vegetal, seguido por SP, com 402%. A explicação no caso paulista seria a expansão da exploração imobiliária. Em pelo menos dois Estados, Rio e Mato Grosso do Sul, a porcentagem mais do que dobrou.
No total, segundo o estudo, foram desflorestados 13.053
hectares (130 quilômetros quadrados) da Mata Atlântica no período - dado que,
embora tenha o percentual geral 9% menor em relação ao levantamento de
2018-2019 (14.375 hectares), representa um crescimento de 14% em relação a
2017-2018 (11.399 hectares), quando o desflorestamento atingiu o menor valor da
série histórica. O projeto, criado para monitorar as mudanças na cobertura
vegetal desse bioma brasileiro, existe desde 1989.
"Esse total de 13 mil hectares de devastação representa
muito porque trata-se de um bioma no qual qualquer perda tem um impacto imenso
na biodiversidade e nos serviços desse ecossistema", afirmou Luís
Fernando Guedes Pinto, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica (leia a entrevista).
Seis Estados - Piauí, Pernambuco, Paraná, Sergipe, Bahia e
Minas Gerais - registraram melhora nos índices, com taxas abaixo dos 76% no
desmatamento. O Piauí apresentou a maior queda. Entre 2017-2018, o Piauí
aparecia no quarto lugar da lista, com 1.558 hectares devastados. Neste último
período (2019/2020), foram 372 hectares derrubados, informa o levantamento.
As informações são do Atlas da Mata Atlântica, estudo
realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com os pesquisadores, atualmente
restam apenas 12,4% da cobertura original de Mata Atlântica, bem abaixo do
limite mínimo "aceitável" de 30%. Grande parte dessas áreas de
florestas está dividida em propriedades privadas.
De acordo com a fundação, o projeto de recuperação das áreas
degradadas conta com apoio de empresas como a Ypê, de produtos de limpeza, e a
Nespresso, produtora de cafés, ambas com atuação e parcerias em projetos de
restauração do bioma da Mata Atlântica. A Ypê já plantou mais de 1 milhão de
árvores em 20 municípios paulistas e a Nespresso, por sua vez, investiu cerca de
US$ 170 mil, plantando 70 mil árvores de 60 espécies nativas em programa de
recuperação da Bacia do Rio Pardo, município de São Sebastião da Grama, no
interior paulista.
Fonte: Estadão
BIOCENAS UERJ
Conheça um pouco do bioma Mata Atlântica através de belas imagens das mais diversas espécies que o habita. 3 de nov. de 2020