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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Chuva no Sul, fogo no Norte: governo precisa agir no novo normal


Enquanto o Rio Grande do Sul ainda não conseguiu nem sequer contar seus mortos na pior tempestade já registrada no estado, no resto Brasil quem faz estragos é o fogo: o número de queimadas no país de janeiro a 1o de maio de 2024 – 17.421 focos – já é o maior da história desde o início das medições do Inpe, em 1998. Na Amazônia, a alta é de 148%; no Pantanal, bioma que ainda não se recuperou da devastação de 2020, a elevação é de quase 1.000%.



Observatório do Clima

As duas tragédias carregam a impressão digital da crise do clima e reforçam a urgência de falar sério sobre adaptação no país. Ao mesmo tempo, o governo federal precisa correr para tomar medidas que impeçam que a situação se agrave ainda mais – socorro aos gaúchos e o fim da greve do Ibama.

As chuvas extremas no sul da América do Sul, que inclui toda a bacia do Prata, são há décadas uma previsão recorrente dos modelos climáticos, informação ignorada por sucessivos governos estaduais. “Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, diz Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.

Segundo ela, é preciso pensar em recursos vultosos a fundo perdido. “Municípios não vão sair pedindo dinheiro emprestado para ações de adaptação. Elas requerem um mecanismo específico, nos moldes do Fundo Amazônia.”


Fogo

A disparada das queimadas neste semestre preocupa, uma vez que a estação seca na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal está apenas começando. Ela sugere que os impactos da seca extraordinária de 2023 ainda perduram e que a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e impedir o fogo.

“As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no Cerrado e na Amazônia nos primeiros cinco meses do ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.

“Precisamos de uma  ampla mobilização da União e dos governos estaduais, além de resolver a greve hoje instalada em órgãos ambientais, como o Ibama. Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um dos seus principais resultados.

Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 107 integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática (oc.eco.br). Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil (seeg.eco.br).


Estamos em uma crise climática mundial. Modelos previam aumento da precipitação na região Sul há uma década, mas falta de ações de adaptação e retrocesso na legislação ambiental deixaram o Rio Grande do Sul ainda mais vulnerável aos eventos extremos. #SOSRS #PacotedaDestruição



 Enquanto o Congresso ri do povo brasileiro, destruindo nossa legislação ambiental, nos deparamos com tragédias como a do Rio Grande do Sul, que estão diretamente ligadas às mudanças climáticas. @MarcioAstrini



 Informações para imprensa

Solange A. Barreira – Observatório do Clima

solange@pbcomunica.com.br

+ 55 11 9 8108-7272

Claudio Angelo – Observatório do Clima

claudio@oc.eco.br

+55 61 9 9825-4783

Fonte: Observatório do Clima


Biodiversidade - em defesa do clima! 🌄


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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Com Bolsonaro, Amazônia tem maior Desmatamento desde 2006

 

Área destruída é equivalente a quase nove vezes o município de São Paulo ou 11 vezes a cidade do Rio de Janeiro.



A área desmatada na Amazônia no último ano divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi de 13.235 km². Os dados divulgados por meio do Projeto de Monitoramento de Desmatamento da Amazônia (Prodes) representam um aumento de 21,97% na taxa de destruição em relação ao ano anterior, que foi de 10.851 km². Esta é a maior taxa já registrada desde 2006. Os dados são referentes a medições entre agosto de 2020 e julho deste ano.

A má notícia chega na semana seguinte ao encerramento da COP 26, onde o governo brasileiro tentou limpar sua imagem, mesmo sabendo que mais um recorde de desmatamento já havia sido batido. O documento divulgado hoje tem data de 27 de Outubro de 2021, ou seja, o governo adiou a divulgação dos dados para depois antes da Conferência do Clima. O anúncio também ocorre ao mesmo tempo que o cerco para o desmatamento começa a se fechar: a comissão da União Europeia publicou ontem (17) o projeto da nova legislação do bloco que veda a compra de produtos ligados ao desmatamento.

Na média, houve um aumento de 52,9% na área desmatada nos três anos de governo Bolsonaro (média de 11.405 km² entre 2019 e 2021) em relação à média dos três anos anteriores (média de 7.458 km² entre 2016 e 2018). Os estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia foram responsáveis por 87,25% do desmatamento na Amazônia Legal. 

Só no Amazonas o desmatamento aumentou em 55% no último ano. O estado tem se destacado no avanço da destruição da floresta. O desmatamento tem avançado cada vez mais perto de áreas antes conservadas da Amazônia. Inclusive em expedição recente ao sul do estado, o Greenpeace realizou uma série de três reportagens especiais para mostrar como essa dinâmica de destruição tem se dado na região. destruição na região.

Ao longo do último ano, o Brasil foi um dos poucos países que aumentaram a emissão de gases de efeito estufa, apesar dos efeitos da pandemia de Coronavírus.O país emitiu 9,5% a mais de gases, enquanto o restante do mundo reduziu em 7%. 46% das emissões do Brasil são oriundas de desmatamento e de acordo com um estudo da Carbon Brief, o Brasil foi o quinto país que mais contribuiu com emissões de gases desde 1850.

“Apesar das tentativas recentes do governo em limpar sua imagem, a realidade se impõe mais uma vez. Os mais de 13 mil km² não surpreendem quem acompanhou os últimos três anos de desmonte na gestão ambiental brasileira e as tentativas de enfraquecer o arcabouço legal para a proteção do meio ambiente. Fica evidente que as ações necessárias por parte do Brasil para conter o desmatamento e as mudanças climáticas não virão deste governo que está estacionado no tempo e, ainda vê a floresta e seus povos como empecilho ao desenvolvimento”, declara Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha da Amazônia do Greenpeace

“O governo atual, com sua política antiambiental, elevou drasticamente o patamar de desmatamento na maior floresta tropical do planeta. Estes são níveis inaceitáveis perante à emergência climática que vivemos no Brasil e no mundo, com extremos climáticos e seus impactos cada vez mais devastadores e frequentes”, comenta Cristiane. “E essa situação só vai piorar, se o Senado aprovar o PL da Grilagem, que beneficia invasores de terras públicas e incentiva ainda mais desmatamento”, completa. 

No período em que a taxa foi medida, 32% dos alertas de desmatamento se concentraram nas Florestas Públicas Não Destinadas, alvo frequente de grilagem de terras. A última audiência pública do Senado para discutir o PL 2633/2020, já aprovado na Câmara dos Deputados deve acontecer na próxima semana, com isso a matéria pode ser votada em Plenário logo na sequência. 

Para entender melhor a dimensão da destruição, fizemos algumas comparações. Os 13.235km² desmatados em apenas 1 ano equivalem à: 

3.6 árvores perdidas por cada um dos 212 milhões de brasileiros

216 campos de futebol por hora 

5989 parques do Ibirapuera

Não podemos mais aceitar que esse cenário se repita, por isso precisamos continuar pressionando.  Se você ainda não faz parte da Brigada Digital, entre agora e receba informações e dicas de formas de agir pela proteção do meio ambiente aí da sua casa. A hora é agora!



Fonte: Greenpeace Brasil


O colunista Josias de Souza comentou hoje, durante a participação no UOL News, sobre a divulgação de dados do INPE sobre o desmatamento da Amazônia. "Consolida o sucesso das duas prioridades de Bolsonaro para o setor do Meio Ambiente: a devastação consentida da Amazônia e a institucionalização da mentira como política ambiental", analisou.

Assista ao VÍDEO


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quinta-feira, 1 de julho de 2021

Observatório do Clima alerta para riscos de nova tragédia por incêndios no Pantanal


Especialista afirma que regime de seca começou sem preparo do governo e aponta recursos ainda não executados


Homens e mulheres brigadistas se arriscam suportando fumaça e calor altíssimos para impedir o avanço do fogo no Pantanal - PREVFOGO

Monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para os próximos dias indica aumento de risco de queimadas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados do Pantanal. Segundo o Observatório do Clima, coalizão que reúne organizações de defesa do meio ambiente, a tragédia do ano passado pode se repetir.

Nas análises dos satélites do Inpe, é possível observar que pelo menos metade do território dos dois estados está sob perigo alto ou crítico para incêndios. As previsões para o resto da semana mostram que o cenário deve piorar ainda mais.

Além das indicações do Instituto, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais apontou que a maior parte do Mato Grosso do Sul apresentou seca severa ou extrema em maio.

No Mato Grosso, havia mais pontos passando por seca fraca a moderada, mas locais em situação mais grave também foram identificados.

:: Se queimadas continuarem, Pantanal tende a virar um deserto, afirma biólogo ::

Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e ex-presidenta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), afirma que o poder público precisa se preparar.

Ela lembra que, em 2020, quando o Bioma perdeu 26% da biodiversidade por causa de incêndios, as condições climáticas foram historicamente desfavoráveis e, este ano, a situação é ainda pior.

"Ano passado a seca foi mais severa do que o normal. O período seco começou antes e as temperaturas foram bastante elevadas. Isso está se repetindo este ano. Na verdade, as chuvas pararam  até antes este ano, já em abril", ressalta.

Correndo contra o tempo

Para evitar a realidade dramática de 2020, a especialista afirma que seria essencial investir em prevenção com antecedência. Suely lembra os fortes indícios de que os incêndios de 2020 começaram a partir de ação humana, com objetivo de limpeza de espaços para atividades agropecuárias.

"Esse fogo se espalha para áreas protegidas e reservas indígenas, não tem limite. Você tem que chegar antes, não pode esperar os incêndios florestais", alerta a ex-presidenta do Ibama. "É preciso trabalhar com o que a gente chama de manejo integrado do fogo", explica.

Fogo no Pantanal tem origem na ação humana, mostra perícia

Uma das técnicas de prevenção detalhas por Suely é a delimitação de áreas com aceiros, faixas sem vegetação, que servem para evitar alastramento do fogo. A prática é usada inclusive para proteger cercas, estradas e propriedades vizinhas.

Os aceiros devem ser feitos no início dos períodos de estiagem. Em caso do uso do fogo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recomenda que as fazendas contem com profissionais que tenham experiência no combate e no manejo de incêndios, mas ressalta que os donos de terra devem buscar tecnologias mais eficientes e seguras do que as queimadas. 

A resposta governamental 

Na terça-feira (29), o governo publicou um decreto proibindo as queimadas em todo o Brasil por 120 dias. Mas o texto traz diversas exceções. Queimas controladas, em áreas não localizadas nos biomas Amazônia e Pantanal, que sejam "imprescindíveis à realização de práticas agrícolas" e previamente autorizadas estão liberadas.

Também está permitido usar o fogo para práticas de prevenção e combate a incêndios realizadas ou supervisionadas por instituições públicas, trabalhos agrícolas de subsistência de populações tradicionais e indígenas; e atividades de pesquisa que tenham autorização do poder público.

No Pantanal sul-mato-grossense, o governo do estado cancelou qualquer tipo de autorização de queima também por 120 dias. A suspensão vale para propriedades na Área de Uso Restrito do Pantanal.

No entanto, o Observatório do Clima relata que há dinheiro parado no Ministério do Meio Ambiente e que deveria ser aplicado no combate aos incêndios no Pantanal. 

O Congresso Nacional liberou recursos suplementares para a Ministério do Meio Ambiente que contemplam ações de prevenção a queimadas.

Pantanal: oposição entra com ação no STF para cobrar plano de contenção de queimadas

Frente ao risco de uma nova tragédia, partidos de oposição entraram com ação no STF para que os governos dos estados pantaneiros e o governo federal apresentem um plano de prevenção em até 30 dias. .

De autoria das legendas PSOL, Rede, PSB e PT, a arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental questiona o descumprimento de pontos primordiais da Constituição brasileira.

A reportagem do Brasil de Fato enviou questionamentos sobre o tema ao Ministério do Meio Ambiente, mas não recebeu resposta até o fechamento deste texto. 

Edição: Leandro Melito

Fonte: Brasil de Fato


WWF-Brasil

As queimadas de 2020 deixaram um cenário desolador no Pantanal. O bioma teve mais de 30% da sua área queimada, o equivalente a 4 milhões de campos de futebol arrasados. Muitos dos animais que escaparam do fogo, sobreviveram com auxílio de voluntários e instituições que concentraram esforços no resgate e recuperação. Pelo menos 30 deles foram levados ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande (MS), entre julho e setembro. Na lista, onças-pintadas, lobinhos, tamanduás, araras, anta, cotia e gavião-telha que habitam o Pantanal e também áreas de Cerrado. Para auxiliar na recuperação dos animais, o WWF-Brasil doou materiais e medicamentos. A ação faz parte do projeto “Respostas Emergenciais em Campo”, iniciado em 2019 na Amazônia e ampliado este ano para atender o Pantanal, por conta do aumento das queimadas, a partir de julho. Saiba mais: https://bit.ly/AnimaisFeridosPantanal

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sexta-feira, 4 de junho de 2021

Dados do DETER apontam pior mês de maio da série histórica


Entre janeiro e maio de 2021, o aumento da área com alertas de desmatamento foi de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado


Alerta de desmatamento de 23,70 km², identificado em maio, na região da Terra do Meio (PA).

Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje, mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia seguem crescendo em ritmo alarmante. Os dados até o dia 28 de maio apontam um aumento de 41% na área com alertas de desmatamento em relação aos registrados em maio de 2020.

Área de 9,4 km² com alerta
 de desmatamento,
detectado em maio,
em Altamira (PA).

Com 1.180 km², foi o mês com maior área de alertas neste ano, e o maior maio da série Deter-B. Somente neste ano, entre janeiro e maio, foram 2,337 Km2 um aumento na área de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar da cobertura de nuvens ter sido superior em 2021 (jan-maio) e apesar de ter chovido mais na região norte – o que em tese, deveria desacelerar o desmatamento.

“Após a divulgação do número recorde de queimadas na Amazônia e Cerrado em maio, os alertas de desmatamento reforçam ainda mais o quanto uma das maiores reservas de biodiversidade no planeta está sendo colocada em risco dia após dia”, alerta Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.


Meio ambiente à deriva 

O Brasil tem no momento um presidente e um ministro do meio ambiente atuando abertamente contra a proteção ambiental. Como se não bastasse, o Congresso tem contribuído com essa política de destruição, enfraquecendo deliberadamente as leis que protegem a floresta e seus povos. Estratégia que vem dando certo, como apontam os índices de desmatamento.  

Ocupado com as investigações e inquéritos sobre o comércio internacional de madeiras, o ministro Ricardo Salles fechou os olhos para o controle do desmatamento, que segue a passos largos, inclusive em terras públicas. Enquanto isso o Congresso Nacional discute projetos de lei que vão piorar ainda mais a situação, à exemplo dos PLs 2633/2020 e 510/2021, que visam flexibilizar os critérios da regularização fundiária, o que na prática anistia grileiros, enquanto cerca de ⅓ do desmatamento na Amazônia é ocasionado por grilagem. Além disso, os PLs 191/2020 e 490/2007 são um verdadeiro ataque aos povos indígenas e seus territórios, pois visam abrir terras indígenas para atividades predatórias como mineração e avanço do agronegócio. 

“Ainda que estes projetos estejam em tramitação, já é suficiente para adicionar combustível às motosserras. Ao seguir permitindo que a Amazônia seja perdida dessa maneira, nossos governantes afetam também a oferta de serviços ecossistêmicos que ela proporciona à sociedade. Manter a saúde da floresta é manter a nossa saúde e nosso bem-estar, precisamos de uma vez por todas entender que não há progresso ou desenvolvimento possível sem natureza”, completa Rômulo. 

Fonte: Greenpeace Brasil


CNN Brasil

Alerta de desmatamento na Amazônia Legal em maio é o maior em 5 anos | CNN PRIME TIME

A área sob alerta para desmatamento na Amazônia Legal, em maio de 2021, bateu recorde mensal na série histórica mantida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde agosto de 2015 – e só foram validados os dados de 28 dias do mês.

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terça-feira, 11 de maio de 2021

Bolsonaro transformou a Amazônia em 'parque de diversões para criminosos', diz ambientalista


O desmatamento da Amazônia segue batendo recordes e coloca o Brasil sob pressão internacional e risco de perdas econômicas substantivas. Para discutir o assunto, a Sputnik Brasil conversou com o secretário-executivo do Observatório do Clima, que alertou que criminosos agem à vontade na Amazônia atualmente.



Na sexta-feira (7), dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostraram que o Brasil bateu o recorde de alerta de desmatamento na Amazônia em abril deste ano, com o pior resultado para o mês desde 2016. No total, a área sob alerta de desmatamento na região foi estimada em 581 km² pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do INPE. Somente em abril, ao menos 58 mil hectares de floresta foram desmatados, um aumento de 43% em relação mesmo mês de 2020.

O quadro foi divulgado poucas semanas após o presidente brasileiro Jair Bolsonaro assumir compromissos de redução do desmatamento diante do mundo na Cúpula do Clima. Durante a conferência, Bolsonaro afirmou que o Brasil acabará o desmatamento ilegal até 2030.

Desde o início do atual governo, os números do desmatamento no Brasil têm gerado crescentes pressões internacionais. Recententemente, o governo dos Estados Unidos tem exercido esse papel, sendo que Washington exigiu de Bolsonaro a apresentação de uma postura mais ativa no combate ao crime ambiental durante a Cúpula do Clima. A postura ambiental do atual governo brasileiro também já recebeu reprimendas de diversos países europeus.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, explica que o aumento do desmatamento no Brasil gera uma série de problemas sérios não só para o meio ambiente, como também para economia brasileira.


  • "São muitos os impactos do desmatamento para o setor do agronegócio brasileiro. Existem impactos de curto e impactos de médio prazo. Entre os impactos de curto prazo a gente pode citar nitidamente o impacto da imagem negativa que o desmatamento provoca para o Brasil e, consequentemente, para os produtos brasileiros, principalmente aqueles que são produzidos na Amazônia. Ninguém, no mundo inteiro, quer consumir produtos derivados do desmatamento", afirma Astrini em entrevista à Sputnik Brasil.




Um exemplo da consequência pontada por Astrini ocorreu no início de maio, quando um grupo de cerca de 40 empresas britânicas do setor alimentício divulgou uma carta aberta ameaçando boicotar a compra de produtos brasileiros caso o projeto de lei 510/2020 seja aprovado, alegando que a legislação incentiva o avanço sobre a Amazônia. O projeto, que conta com apoio do governo Bolsonaro, abre caminho para que áreas desmatadas possam passar para a posse de desmatadores.

O ambientalista Marcio Astrini ressalta que esse tipo de pressão internacional pela preservação do meio ambiente no Brasil não é novidade e lembra da introdução da moratória da soja no início dos anos 2000 como exemplo de políticas anteriores que refletiram movimentações externas. A moratória da soja proíbe a compra de soja proveniente de áreas desmatadas.


  • "Cada vez, portanto, que o desmatamento aumenta no Brasil, aumenta essa desconfiança, a insegurança de compradores internacionais, e isso acaba prejudicando os negócios brasileiros ou colocando para alguns produtos, principalmente do Brasil, uma pressão ainda maior para que eles sejam comercializados mundo afora", explica, lembrando que o país já sofreu boicotes internacionais ligados ao desmatamento e também ameaças de retirada de investimentos.

Astrini aponta que, além do impacto comercial, a degradação ambiental também pode trazer prejuízos econômicos diretos para atividades agropecuárias brasileiras, que aparentemente se beneficiam do desmatamento. Um estudo divulgado na revista Nature nesta segunda-feira (10), aponta que o desmatamento no Brasil pode custar US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) anualmente ao país devido ao impacto na produção agrícola.


  • "Existe um impacto de médio prazo que é um impacto mais sustentado, provocado pelo desmatamento da Amazônia, que é a alteração dos padrões climáticos do Brasil e dos serviços essenciais que a floresta amazônica presta para toda agricultura nacional. Existem muitas regiões do Brasil em que grande, ou quase que a totalidade das chuvas que irrigam as produções brasileiras, advém diretamente da Amazônia", aponta.

Área desmatada na Amazônia.

A mudança no padrão climático, explica o ambientalista, pode provocar secas mais prolongadas, alterando o regime das chuvas que irrigam plantações e abastecem reservatórios em todo o país. Dessa forma, o impacto sobre a produção é agrícola pode se estender a longo prazo.


Na contramão do mundo

A manutenção do desmatamento no Brasil, destaca Astrini, coloca o país em rota de colisão com a política climática de grandes potências, tais como a China, os Estados Unidos e também países da Europa, cujas agendas, hoje, incluem a proteção do meio ambiente.


  • "Obviamente que a Amazônia faz parte de uma preocupação global nesse tema de mudanças climáticas, afinal de contas a Amazônia retém um estoque de carbono, ela retém nas suas árvores, no seu solo, o equivalente a oito anos de todas as emissões globais de gases de efeito estufa. Então, aquilo é um verdadeiro estoque, uma bomba de carbono estocada na Amazônia. Se o desmatamento continuar avançando esse carbono todo que existe estocado na Amazônia vai sendo liberado para a atmosfera", aponta.

O secretário-executivo do Observatório do Clima alerta que o desmatamento agressivo, como o detectado pelo INPE em abril na Amazônia, pode mover a floresta na direção de um colapso, colocando em risco os esforços globais contra o aquecimento global.

Presidente Jair Bolsonaro e membros do governo federal ouvindo a fala do líder norte-americano Joe Biden durante a Cúpula do Clima, 22 de abril de 2021

Astrini lembra que o Brasil "coleciona problemas" em diversas questões como decorrência da má gestão ambiental. Um deles está atrelado à submissão do pedido de entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que entre outros pontos, requer uma política ambiental adequada. Outro prejuízo da atual política ambiental, lembra Astrini, é em relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) que envolve bilhões de euros.


  • "Talvez o caso mais claro de impacto econômico, impacto na relação diplomática e comercial do Brasil, esteja no tratado Mercosul-União Europeia, um tratado que teve a sua assinatura política realizada há cerca de um ano e meio atrás e que de lá para cá ficou esperando um gesto, um gesto positivo, a entrega de resultados por parte do governo brasileiro de diminuição do desmatamento da Amazônia e de uma melhoria da governança ambiental no Brasil. Nunca foi apresentado pelo atual governo brasileiro nenhum resultado e nenhuma ação concreta, ou medida satisfatória, nesse sentido de melhorar a forma como o Brasil trata o meio ambiente", aponta.

Governo Bolsonaro protege quem desmata

Há diversas especulações sobre as razões que levam o governo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro a manter a política ambiental mesmo em meio aos prejuízos iminentes desta prática e às pressões internacionais. Para Astrini, o governo simplesmente não tem interesse em barrar o desmatamento.


  • "Eu diria que o principal é que o governo não quer. O governo Bolsonaro realmente não adota uma postura de governo que esteja interessado em combater o crime ambiental - que é o principal causador hoje que nós temos do desmatamento da Amazônia - e tomar medidas efetivas para proteger a floresta e para tratar o crime ambiental de forma severa e com o rigor da lei", avalia.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participam da Cúpula do Clima virtual por meio de um link de vídeo em Brasília, Brasil, em 22 de abril de 2021

Para o ambientalista, o governo atual, ao invés de impedir o desmatamento, está incentivando essa prática.


  • "O governo [Bolsonaro], muito pelo contrário, em muitas, ou na grande maioria das medidas que tomou até hoje, toma medidas para facilitar o crime ambiental na Amazônia. É um governo que congelou as multas ambientais, é um governo que diminuiu a capacidade do Estado brasileiro de combater o crime [ambiental], cancelando operações de campo, diminuindo muito o orçamento das agências de fiscalização do desmatamento da Amazônia, tomou medidas em favor de madeireiros ilegais, em favor de grileiros de terras, em favor de invasores de terras públicas", afirma, acrescentando nesse rol entra ainda a simpatia do governo com o garimpo ilegal na região amazônica.

Astrini também recorda que há relatos de que a atual política ambiental do governo Bolsonaro persegue servidores interessados em combater o desmatamento.

"Nós temos uma série de depoimentos de pessoas que trabalham na fiscalização ambiental no Brasil dizendo que elas são perseguidas e intimidadas pelo atual governo. Há alguns dias atrás, inclusive, os servidores públicos que praticam fiscalização no Brasil acusaram o governo de tentar implementar medidas que praticamente inviabilizam a fiscalização ambiental no país", aponta.


Criminosos atuam à vontade na Amazônia

O representante do Observatório do Clima lembra que o governo federal tem capacidade financeira e técnica à disposição para executar amplas ações de combate ao desmatamento, mas escolhe "proteger quem desmata".


  • "Então, existem uma série de medidas, uma série de ações do próprio governo que vão no sentido de proteger quem desmata e não de proteger a floresta. Exatamente por isso, o crime se sente extremamente à vontade e vê, em ações e em palavras, que o governo não vai tomar nenhuma iniciativa, assim como não tomou até agora, no sentido de coibir esse crime ambiental. Hoje, na verdade, a Amazônia se transformou em um verdadeiro parque de diversões para criminosos do meio ambiente, eles atuam de forma muito à vontade", aponta.

Carregamento de madeira extraída da Amazônia transportado em quatro embarcações sendo apreendido pela Operação Verde Brasil 2, das Forças Armadas brasileiras, no estado do Pará

Astrini afirma que o Brasil tem pelo menos três bilhões de reais parados no Fundo Amazônia que não são empregados pelo governo de forma deliberada. Dessa forma, na opinião do ambientalista, o que impede o aumento do combate ao desmatamento no Brasil é o governo.


  • "O que falta no Brasil não é nem conhecimento de como se diminuir o desmatamento, mesmo porque o Brasil já fez isso alguns anos atrás. Entre os anos de 2004 e 2012, o desmatamento na Amazônia caiu na casa de 80%. Portanto, nós sabemos que não é um problema de dinheiro - o dinheiro está depositado no Fundo Amazônia. É realmente um problema de governo, o que nos falta é vontade e o que falta é compromisso da atual gestão pública no Brasil do governo federal em atacar o problema e reduzir o desmatamento da Amazônia", conclui.

Fonte: Sputnik Brasil


Greenpeace Brasil

Amazônia Explicada - Serviços Ecossistêmicos: o presente da floresta #2

Os benefícios que a natureza nos traz, simplesmente por existir em equilíbrio, são chamados de serviços ecossistêmicos. No caso da Amazônia, são serviços como a produção e distribuição da água, o resfriamento do clima, a proteção contra doenças, alimentos e muito mais. Mas se a floresta nos dá tudo isso de graça, por que ainda desmatam a Amazônia?

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Aparelhada por ruralistas, Funai atua para legalizar invasão de terra indígena em ação no STF


Invasores de terras indígenas cercam fiscais do Ibama no Pará - Reprodução/Twitter

Órgão é presidido pelo delegado Marcelo Xavier e deu parecer favorável à legalização da permanência de invasores na Terra Indígena Apyterewa, no Pará, que sofreu onda de invasões entre 2019 e 2020


Presidida pelo delegado da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier, que já montou dossiê para a bancada ruralista, a Fundação Nacional do Índio (Funai) emitiu um parecer se colocando a favor da legalização da permanência de invasores na Terra Indígena Apyterewa, no Oeste do Pará, em processo que se encontra no Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são de Leandro Prazeres, na edição deste domingo (10) do jornal O Globo.

A área em disputa, que foi demarcada para o povo Apyterewa foi a segunda mais desmatada entre 2019 e 2010, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e sofre uma invasão em massa de colonizadores, que esperam conseguir uma porção de terra diante da decisão do STF. Estima-se que haja pelo menos 1,5 mil invasores na área, segundo o jornal.

“Entendemos que a via conciliatória deve ser buscada, considerando que é interesse da Funai o deslinde da ação judicial, de forma que temos interesse em participar das tratativas conciliatórias”, diz o documento, assinado por Xavier.

Na área, de 773 mil hectares, vivem cerca de 780 indígenas das etnias Parakanã e Araweté. O receio é que uma possível decisão favorável do STF abra precedente para legalização de invasões em outras áreas.


Ligação com ruralistas


Xavier já assessorou os deputados da bancada em uma Comissão Especial de Inquérito (CPI) que investigou a atuação da própria Funai – o mote da CPI eram as parcerias com organizações não-governamentais (ONGs) voltadas às causas indígenas. Xavier planilhou repasses, ONG por ONG, e o destino do dinheiro, numa atuação que subsidiava a atuação dos ruralistas.

O delegado detém relatórios com quebras de sigilo bancário de organizações não-governamentais (ONGs) que atuam em defesa de populações indígenas, que foi fabricado para os ruralistas durante a CPI.

O relatório final da Comissão pediu o indiciamento de 67 pessoas, entre lideranças comunitárias, representantes de ONGs, antropólogos e servidores. O mesmo documento propôs a revisão de demarcações de terras indígenas – uma bandeira do governo Bolsonaro, que, além de interromper demarcações, quer rever parte das que foram feitas na última década.

Fonte: Revista Fórum


Rede TVT

Funai libera invasão e exploração de terras indígenas 📰 . 30 de abr. de 2020

A Funai – Fundação Nacional do Índio publicou a Instrução Normativa nº 09. O documento é celebrado pelo presidente da FUNAI, Marcelo Xavier, e o secretário especial de assuntos fundiários, Nabham Garcia, como algo positivo que irá favorecer os povos indígenas e trazer segurança jurídica para disputas de terras dentro das terras dos índios. Mas enquanto o governo festeja a normativa da Funai, especialistas, organizações defensoras dos direitos dos índios e entidades de representação dos povos indígenas identificam a ação como mais uma manobra para retirar as terras dos povos tradicionais.

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UOL

Invasores de terra indígena cercam base e ameaçam fiscais do Ibama. 19 de nov. de 2020

Um grupo de invasores da Terra Indígena Apyterewa, no sul do Pará, neste momento cerca uma base de fiscalização utilizada por equipes do Ibama, Funai e Força Nacional. Vídeos mostram um grupo de homens hostilizando a equipe de fiscalização e incendiando uma ponte de madeira que dá acesso à terra indígena.

Uma barricada com pneus e madeira foi erguida na frente da base e os invasores ameaçam fazer um incêndio para impedir que os fiscais continuem seu trabalho. A coluna apurou que foi solicitado a Brasília um reforço urgente da Força Nacional. O clima é de tensão e os servidores públicos temem pela sua segurança física.

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terça-feira, 15 de setembro de 2020

Fogo no Pantanal tem origem na ação humana, mostra perícia


Jacaré morto em área queimada do Pantanal - Mauro Pimentel/ AFP

Segundo governo de Mato Grosso, perícias indicam que queimadas não têm causas naturais; polícia busca responsáveis

O governo de Mato Grosso informou que cinco perícias realizadas no Pantanal apontam ação humana como causa das queimadas na região. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que os incêndios aumentam mais de 220% este ano. O total de focos registrados este ano é superior a 7 mil, resultado recorde para a área. 

Agora, a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) trabalha para chegar aos responsáveis pelos incêndios. A previsão inicial é de que o inquérito seja concluído em 30 dias, mas pode haver pedido de mais tempo. Segundo a delegada Alessandra Saturnino de Souza Cozzolino, ainda não é possível concluir se as queimadas foram propositais. 

"Podemos ter outro crime conectado, como é o caso do possível desmatamento que antecedeu o incêndio, eventualmente provocado pelo homem. Pode ter sido intencional, ou pode ter sido causado por uma situação involuntária”, afirma Cozzolino. Ela ressalta que o trabalho de é altamente capacitado para atuar na emergência ambiental e na identificação das causas e origens do fogo.


A geógrafa Ane Alencar, diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) afirma que os incêndios que estão ocorrendo no Pantanal e no resto do Brasil são muito preocupantes. "A gente está vendo um aumento alarmante no número de de focos de fogo." 

Ela explica que as queimadas dependem de três elementos: material combustível, condições climáticas e fonte de ignição que dê início ao fogo. No Pantanal, ela considera que dois elementos estão contribuindo para a piora do cenário. Um deles é o clima seco, provavelmente ligado ao aquecimento das águas do Atlântico.

  • Um fogo iniciado em um campo do Pantanal, se você não acabar com ele em uma hora, ele vai se espalhar de uma forma muito voraz.

"Esse fenômeno acaba impactando a quantidade de água que passa pela Amazônia. Quanto menos água entra no sistema vindo do Atlântico, menos a região do sudoeste do Amazônia, indo também para o Pantanal, recebe água. Aconteceu em 2005 e, quando você olha os dados de 2005, foi o ano que mais queimou. Este ano estamos batendo esse recorde." 


A pesquisadora, no entanto, afirma que o efeito climático não explica sozinho o desastre atual. "É importante a gente entender que, mesmo o Pantanal sendo um bioma onde o fogo faz parte do bioma, ele não ocorre naturalmente nessa época do ano. O aumento das fontes de ignição, esse fogo sendo iniciado pelo ser humano, é uma coisa muito visível no Pantanal e em outras regiões do Brasil."

  • Fundamentalmente, as pessoas têm que parar de queimar.

Segundo ela, as características do bioma exigem combate imediato das queimadas. "Se não houver fonte de ignição, o fogo não acontece. É justamente neste ponto que é importante frisar o papel das autoridades em coibir o uso do fogo na região, principalmente em um ano muito seco (...) Um fogo iniciado em um campo do Pantanal, se você não acabar com ele em uma hora, ele vai se espalhar de uma forma muito voraz."


As consequências de queimadas extensas e frequentes na região podem ser irreversíveis. "O intervalo natural de fogo não é a cada ano e se a gente começar a ter queimadas no nível que a gente teve ano passado, que estão ampliando este ano, o Pantanal vai demorar mais se recuperar e isso vai deixando o bioma mais inflamável. Fundamentalmente, as pessoas têm que parar de queimar."

A pena para quem for condenado pelo crime varia de dois a 4 anos. Há possibilidade também de multas que variam  R$ 1 mil a R$ 7,5 mil por hectare, com teto de R$ 50 milhões. Podem ser responsabilizadas tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

Segundo as perícias já realizadas no Pantanal, foram identificados focos a partir de queima intencional para criação de pastos, incêndios causados por acidentes na rodovia, problemas técnicos em máquinas agrícolas e fogueiras usadas para extração de mel silvestre.

Fonte: Nara Lacerda Brasil de Fato



Laudos das perícias realizadas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontam que os incêndios registrados na região do Pantanal mato-grossense foram provocados por ação humana. Os laudos foram encaminhados para a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) para que seja aberto inquérito e responsabilização dos infratores.



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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Pantanal em Chamas: ajude a salvar milhares de animais silvestres #somostodospantanal




O Pantanal está queimando: o incêndio já consumiu 820 mil hectares! O cenário que hoje se apresenta é o pior registrado nos últimos 22 anos.

São milhares de animais silvestres encontrados carbonizados ou com partes do corpo queimadas: serpentes, lagartos, jabutis, jacarés, tamanduás, macacos e tantas outras espécies que povoam o Pantanal.

As antas, por exemplo, chamadas de “jardineiras da floresta” por serem um importante dispersor de sementes nos ecossistemas onde habitam, são animais lentos e têm muita dificuldade em conseguir escapar das chamas.

Já animais mais ágeis como a onça-pintada, apesar de conseguirem fugir do fogo com mais facilidade, têm suas patas queimadas, inalam a fumaça e têm todo o seu habitat destruído, não achando mais alimentação ou dormitório.



De acordo com a Divisão de Geração de Imagens (DIDGI) do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, no comparativo entre os meses de agosto de 2019 e 2020, o aumento no número de focos de incêndio aumentou em mais de 1800%.

 As queimadas já dizimaram mais de 10% do bioma inteiro, incluindo 32% da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, a maior do país. Com isso, a natureza e todos os seres que ali vivem, sofrem diretamente.

Para contribuir, clique acima em "Contribua" e faça a sua doação em boleto, cartão de crédito ou Paypal.

SUA DOAÇÃO SALVARÁ MILHARES DE ANIMAIS SILVESTRES!

Na tentativa de minimizar o sofrimento dos animais resgatados por grupos que estão atuando incansavelmente na região, uma força tarefa coordenada pelo Comitê do Fogo (órgão colegiado que reúne diversas instituições de governo, terceiro setor e iniciativa privada) construiu um Posto de Atendimento Emergencial a Animais Silvestres – PAEAS Pantanal.

Mas, precisa de investimento financeiro para manter sua operação e os custos com suprimentos são altíssimos:

#Equipamentos de resgate e uso veterinário;
#Veículos para resgate;
#Alimentação dos animais em reabilitação e muito mais!




OS ANIMAIS NÃO PODEM ESPERAR: AJUDE A GARANTIR OS SUPRIMENTOS NECESSÁRIOS PARA SALVÁ-LOS

A AMPARA Animal e a AMPARA Silvestre lançam, então, a campanha PANTANAL EM CHAMAS, com a finalidade de captar recursos para manter a operação do PAEAS Pantanal funcionando, garantindo os suprimentos necessários para resgate e reabilitação dos animais, para que tenham chance de voltar ao seu habitat posteriormente




SOBRE A ONG AMPARA

Em atividade desde 2010, A AMPARA Animal nasceu quando as fundadoras Juliana Camargo e Marcele Becker se uniram por amor e respeito aos animais. 

Em 2015 se tornou a instituição que mais ajuda animais no país, ao se tornar uma “ONG mãe” que ampara mais de 450 abrigos cadastrados em nível nacional.

Em 2016, uma nova frente da entidade foi criada, a AMPARA Silvestre, com foco em conservação ao reabilitar animais que possam ser devolvidos à natureza e também oferecer bem-estar aos animais condenados ao cativeiro.
Em 10 anos:

  • Mais de 1,6 milhão de quilos de ração distribuídos
  • Mais de 155 mil vacinas
  • Mais de 350 mil animais medicados
  • Mais de 10.000 animais castrados
  • Mais de 12.000 animais adotados



Veja abaixo quem integra a força tarefa de resgate de animais silvestres no Pantanal:

Sema-MT | Comitê Estadual de Gestão do Fogo | Programa REM-MT | SESP-MT | CBM-MT| BEA | BPMPA | Juvam | ALMT | Prefeitura Municipal de Poconé | OAB-MT | CRMV-MT  | Ibama | UFMT | Hovet | Cempas | Cavet | Sesc Pantanal | Instituto Homem Pantaneiro | Integral Pet | VET Vida | Vivet | Pantaneiro Clínica Veterinária | AMPARA Silvestre


SEJA UM VOLUNTÁRIO

Se você é médico(a) veterinário(a) com especialização em animais silvestres e experiência de atuação/resgate em situações adversas, seja um voluntário. Entre em contato pelo e-mail contato@amparanimal.org.br e coloque, no título: VOLUNTARIADO NO PANTANAL.

Para contribuir, clique acima em "Contribua" e faça a sua doação em boleto, cartão de crédito ou Paypal.

O valor mínimo da doação na plataforma é R$25,00 por conta das taxas bancárias e no Paypal é de R$40.

Se você quiser, pode combinar com os amigos e dividir o valor entre vocês, que tal?

A equipe da VOAA apura todas as vaquinhas publicadas na plataforma. Acompanhamos as histórias antes, durante e após finalizar as campanhas em nossas redes sociais.

Problemas com pagamentos? Envie e-mail para suporte@voaa.me

Fonte: VOAA


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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Inpe faz de graça serviço de satélite que PF contratou por R$ 49 milhões




247 - A Polícia Federal assinou nesta segunda-feira (31) contrato de R$ 49 milhões para ter acesso a imagens de satélite pelo período de um ano, alegando que vai com isso monitorar desmatamento e queimada.

Ao mesmo tempo, o Ministério da Defesa iniciou a aquisição de satélite com finalidade semelhante pelo valor de R$ 145 milhões. 

O Inpe, órgão que fiscaliza o desmatamento, já possui sistema com as mesmas funções, afirmam integrantes do instituto. A informação é da Folha de S.Paulo

Delegados e peritos da PF afirmam que o sistema vai ser útil para outras investigações, como fraudes em obras, mineração irregular e plantio de ilícitos, o que ultrapassa o escopo do trabalho do Inpe.

A coluna Painel indica que os R$ 49 milhões serão pagos com dinheiro do Fundo Nacional de Segurança Pública, vinculado ao Ministério da Justiça.

A contratação da PF ocorreu sob o argumento de que a Planet entrega um serviço único, que nenhuma outra empresa tem.



Em mais um vídeo sobre fontes de dados espaciais, mostro os passos para fazer o download de imagens do satélite CBERS 4 no site do Catálogo de Imagens do INPE. No mesmo site você encontra dados de outros satélites, como Landsat 8 e AQUA (MODIS), disponíveis para download gratuito, necessitando apenas de cadastro.


sábado, 22 de agosto de 2020

O Pantanal queima e aumenta a pressão sobre a gestão ambiental no Brasil


Seca recorde e queimadas recorde no Pantanal em 2020 afetam animais e até o céu de Cuiabá.MARCIO PIMENTA / REDUX

Um cheiro de mato queimado entrou pela janela da casa de Zulmira Maria Lucia, de 67 anos, residente de Mata Cavalo, comunidade quilombola, situada no Pantanal, em Mato Grosso, no oeste do Brasil. “O fogo apareceu muito rápido e arriou todo o pasto. Perdemos tudo, a roça de banana e outras plantações”, conta Zulmira, sobre sua comunidade e as outras 28 vizinhas, onde vivem 40.000 quilombolas. Uma das casas mais atingidas é a da família de Maria da Paz, que perdeu todo o pasto e a cana-de-açúcar no incêndio e precisará comprar ração para alimentar o pequeno rebanho de dez animais. Da porta da varanda, Maria da Paz, segura o neto recém-nascido no colo. Tânia, a mãe do bebê, está internada com covid-19. Maria levanta os olhos cheios de água e faz um sinal de que não podemos nos aproximar por causa do bebê. Ela aponta para a área queimada e diz de forma lacônica: “Também perdemos tudo, o fogo chegou até aqui”, mostra, apontando para as marcas que os incêndios deixaram perto de casa.

O fogo chegou este ano com intensidade no Pantanal, um bioma de156.000 km² no extremo oeste do Brasil, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e as fronteiras da Bolívia, Argentina e Paraguai. Apesar de preservar 83% de suas matas, a região arde neste momento. Só no mês de julho foram mais de 1.601 focos de calor, os maiores da história do Pantanal desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou o monitoramento da região. No mês de agosto, o problema de aprofundou. São 2.170 focos de calor em apenas 10 dias. “Esse número já é 28% maior em relação ao contabilizado em todo mês de agosto de 2019”, explica Vincíus Silgueiro, pesquisador do Instituto Centro de Vida (ICV), que atua no bioma há vinte anos. “Mais de 55% dos focos de calor estão em propriedades rurais cadastradas. A origem dos focos vem dessas áreas com forte presença humana.”

O quadro de emergência levou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a se deslocar para Mato Grosso no início desta semana. Da janela do avião que o trasladou para lá, ele pôde testemunhar o que os alertas de fogo já apitavam. “Ao longo da viagem podemos ver centenas de focos de queimadas, mas agora conseguimos detectar a origem e vamos penalizar todos os responsáveis”, alertou o ministro na tarde de terça-feira após sobrevoar pontos de queimadas na região.

O Governo Bolsonaro está cada vez mais pressionado pela má gestão ambiental na Amazônia, e há consenso que faltou organização e competência também para lidar com o bioma. Nesta sexta, o Diário Oficial publicou a exoneração do coronel Homero Siqueira, que estava à frente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), um dos órgãos do sistema de vigilância e fiscalização das florestas. A decisão foi tomada por Salles em função do descontrole das queimadas no Pantanal, segundo os jornais O Globo e o O Estado de São Paulo. Siqueira seguiu a fórmula comum na gestão de Bolsonaro de trocar técnicos por militares em cargos do instituto que cuida das reservas nacionais, dizem seus críticos.

Quem conhece o Pantanal diz que faltou se antecipar aos fatos. “As ações precisam começar mais cedo. Só foram tomadas de forma tardia em 2020, quando os números [de queimadas] já estavam altos. Uma lentidão fatal para o bioma”, afirma Júlio Sampaio, que coordena o programa Cerrado Pantanal no grupo ambientalista WWF-Brasil. Ele cita o decreto federal que proibiu o uso do fogo no manejo das propriedades, publicado apenas este ano.

Fogo contra fogo: os bombeiros usam a tática de provocar um fogo que reduza a capacidade do incêndio de continuar se propagando no mato seco. MARCIO PIMENTA


Bombeiros rodeados pelo fogo

O combate ao fogo tem sido um desafio complexo pelas características do Pantanal, como admitiu Salles na entrevista de terça. “Estamos deslocando efetivos, mas o ambiente do Pantanal é muito seco, quente e tem muito vento”, disse. Um dia antes, na segunda-feira, 17, equipes locais enfrentaram momentos de terror. Seis homens do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso foram surpreendidos pela velocidade e intensidade das linhas do fogo em Poconé, área vizinha de Mata Cavalo, e acabaram rodeados pelas chamas. Foi necessário acionar o helicóptero Black Hawk H-60 da Força Aérea Brasileira para o resgate emergencial. Com sorte ninguém se feriu.

O fogo já atinge em cheio os animais da mata. Uma onça-pintada teve 70% do corpo queimado e precisou ser transportada no helicóptero do Exército na segunda-feira, 16, para Cuiabá. Foi internada no hospital veterinário da universidade federal do Estado. Em desespero com o fogo, o animal invadiu quintais na comunidade Poconé, gerando pânico na população. Quase 500 espécies de aves e 132 mamíferos vivem no Pantanal.

O quadro preocupa o Mato Grosso, que vive do turismo na região, e tem ali uma reserva natural importante para o equilíbrio climático mundial. “Os incêndios já consumiram 6% do Pantanal”, disse o governador, Mauro Mendes (DEM), ao lado do ministro Ricardo Salles, cada vez mais cobrado para atuar em prol da preservação das matas brasileiras.

As queimadas do Pantanal mudaram o cenário até da capital mato-grossense, a 200 quilômetros da reserva. O tradicional céu azul de Cuiabá foi tingido de cinza. A fumaça acumulada obriga os aviões aterrissarem com a ajuda de aparelhos por falta de visibilidade no aeroporto principal do Estado, o Marechal Rondon. Mato Grosso vive das glórias de ser o maior produtor de soja do mundo, ao mesmo tempo em que lidera os incêndios em 2020. Segundo Inpe, são 769 registros, um terço de tudo que queima no Brasil. Até quarta-feira (19) o fogo seguia sem controle, especialmente na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc Pantanal.

A Fazenda São Francisco do Perigara, vizinha à reserva, foi uma das mais atingidas pelas queimadas. Ali esta a maior concentração de ninhos naturais de arara-azul do mundo. O local é polo de pesquisa do Instituto Arara Azul. “Ali existem 700 animais e mais de 77 ninhos monitorados, só poderemos saber a dimensão do estrago causado pelo fogo quando o combate acabar. Mas, muitos ninhos já estavam com filhotes e os animais perderam o seu alimento para o fogo, as palmeiras do Bacuri”, explica Neiva Guedes, diretora do Instituto Arara Azul.

ROGÉRIO FLORENTINO / EFE


Amazônia e Pantanal

A reserva matogrossense tem uma relação umbilical com a Amazônia. Os dois biomas têm grande parte de suas nascentes localizadas na mesma serra, a Chapada dos Parecis, em Mato Grosso. É ali que estão 70% das águas que irão formar a planície do Pantanal, em Mato Grosso do Sul. “A região depende dessa água que vem das florestas do norte de Mato Grosso, na região amazônica. Mas estamos registrando cada vez menos chuvas ali”, lamenta Felipe Dias, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, instituição que monitora o desmatamento na região. A projeção é que as secas serão cada vez mais severas daqui para a frente. “Temos que nos preparar para não perdermos o Pantanal”, explica Dias. “O cenário atual é propício para o tripé do fogo: inverno quente, baixa umidade e vento forte”, conclui.

Uma das causas para tanto fogo é a seca. A Régua de Ladário, em Mato Grosso do Sul, fixada pela Marinha Brasileira em 1900 para medir as cheias do rio Paraguai, há 47 anos não atingia índices tão baixos. “Esse regime de secas e chuvas é a natureza do Pantanal Os antigos sempre disseram que os períodos de alternância duram até dez anos. Isso significa que temos que nos preparar”, alerta Dias.

O fogo no Pantanal é um problema para o mundo. As queimadas e mudanças no uso da terra são responsáveis por 80% das emissões brasileiras de gases que aquecem o planeta e provocam as mudanças climáticas. O Brasil já esteve em quarto lugar no ranking mundial dos emissores de gases-estufa durante anos de descontrole nos incêndios e desmatamento, como em 2005.

O país saiu da lista dos dez maiores emissores em 2019, após controlar o desmatamento na Amazônia. Mas em 2016 ainda estava na sexta posição, e se a situação sair fora de controle em outros biomas, as emissões voltam a subir. As emissões também podem reduzir os recursos financeiros para controlar as queimadas. Hoje, são os compromissos estaduais e nacionais de redução do desmatamento na Amazônia que dão suporto financeiro às ações de combate às chamas.

O acordo assinado entre o Governo de Mato Grosso e países europeus durante a Conferência Mundial do Clima de Paris, a Cop-21, garantem repasses anuais ao Estado. O programa conhecido como Redd+ para Pioneiros concede aporte financeiro aos grandes desflorestadores que controlam a perda de florestas. Mato Grosso era o segundo em perdas de áreas naturais na Amazônia, mas hoje está em sétimo, segundo o Inpe. O controle garantiu um investimento 22 milhões de reais repassados por bancos alemães e britânicos para o combate às queimadas.

Segundo a Secretaria do estado de Meio Ambiente (Sema), esse recurso foi aplicado nas ações conjuntas do Comitê do Fogo, composto por entidades civis, públicas e organizações não governamentais. A Sema fornece equipamentos e diárias para realizar as operações. Desde março, foi repassado 680.000 reais em diárias para os Bombeiros Militares e demais profissionais que atuam diretamente no combate às queimadas.

O ano passado já havia sido crítico em termos de estiagem. “Tivemos picos de temperatura e baixas de umidade em todo o Pantanal”, diz Júlio Sampaio da Silva, da WWF-Brasil. “O fogo é algo que vemos desde o início de 2020. E as queimadas têm uma origem na ação humana. O fogo começa pela mão do homem, através da limpeza e áreas e renovação de pastagens”, explica. “É muita irresponsabilidade colocarem fogo em períodos críticos de seca. Mesmo na chuva, os incêndios aconteceram e marcaram que já teríamos um ano atípico.”

As queimadas deixarão marcas profundas. “Para os insetos é uma perda bastante acentuada nesse momento de incêndio, porque são animais que não têm mobilidade de longo alcance, muitos deles são polinizadores, fundamentais para o desenvolvimento das plantas”, explica Cristina Cuiabalia, bióloga e gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal. Não são os únicos: répteis também acabam sendo consumidos pelo fogo. “As aves até conseguem migrar entre um ambiente e outro, mas perdem-se ninhais e dormitórios, o que representa a perda de uma geração, já que estamos bem na estação reprodutiva da arara-azul, do tuiuiú”, segue Cuiabalia.

Sizenando Carmo Santos, 62 anos, explica que os quilombolas tentaram chamar o Corpo de Bombeiros por horas. “Ligamos muitas vezes. Eles chegaram quando já não conseguiam fazer nada, o fogo tinha se alastrado por tudo. Ficaram só olhado. Fomos nós mesmos que evitamos que as casas se perdessem”MARCIO PIMENTA / MARCIO PIMENTA/REDUX


Covid-19 e fogo

As autoridades de Cuiabá e Várzea Grande, as maiores cidades de Mato Grosso, precisam conciliar os efeitos das queimadas na saúde em meio a pandemia do novo coronavírus. O Estado foi considerado em julho, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como um dos epicentros da covid-19 no Brasil. Com uma curva acentuada no número de casos e poucos leitos hospitalares, são quase 80.000 casos, para 450 leitos de Unidades de Terapias Intensiva públicas.

A Secretaria da Saúde afirma que a taxa de ocupação segue sob controle, com pouco mais de 20% de leitos disponíveis, porém o Ministério Público de Mato Grosso decretou quarentena restritiva emergencial duas vezes no Estado entre junho e julho por falta de leitos.

Na Comunidade de Mata Cavalo a população ainda debate o que fazer após a perda das hortas. “As pessoas dizem que estamos perto de cidades, mas para o quilombola sair de sua casa a dez quilômetros do asfalto e ir a um mercado precisa de cem reais de frete. Por conta da pandemia do coronavírus, o ônibus que fazia nossa linha parou em abril”, diz a presidente da Associação de Mata Cavalo de Baixo, Arlete Pereira, 54 anos.

Para o agente de saúde, Edson Batista, de 51 anos, os efeitos das queimadas podem agravar a pandemia. “Com essa seca, sem hortas e o auxílio da pandemia acabando (em setembro), as famílias ficarão sem comida. Já temos alguns casos aqui de coronavírus, e um óbito foi registrado. Os problemas respiratórios gerados pelas queimadas também vão induzir as famílias a procurarem tratamento nos hospitais da capital. Não sei como serão os próximos meses”, diz o agente de saúde Batista.


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 Greenpeace Brasil

O Pantanal já perdeu mais de 10% de sua cobertura vegetal devido aos incêndios que atingem a região desde julho. Um dos fatores para tamanho estrago foi a temporada de seca, que tem sido mais acentuada, além do inverno mais quente. Então o Pantanal já está sofrendo efeitos das mudanças climáticas?

Neste episódio, conversamos sobre o que está acontecendo nesse bioma, o que pode ou não ser efeito do aquecimento do planeta e filosofamos um pouco sobre nossa relação com a natureza. Os convidados são Felipe Dias, diretor-executivo da SOS Pantanal, e José Marengo, climatologista do Centro de Monitoramento e Alertas De Desastres Naturais (Cemaden).

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