Área destruída é equivalente a quase nove vezes o município de São Paulo ou 11 vezes a cidade do Rio de Janeiro.
A área desmatada na Amazônia no último ano divulgada hoje
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi de 13.235 km².
Os dados divulgados por meio do Projeto de Monitoramento de Desmatamento da
Amazônia (Prodes) representam um aumento de 21,97% na taxa de
destruição em relação ao ano anterior, que foi de 10.851 km². Esta é a maior
taxa já registrada desde 2006. Os dados são referentes a medições entre agosto
de 2020 e julho deste ano.
A má notícia chega na semana seguinte ao encerramento da COP
26, onde o governo brasileiro tentou limpar sua imagem, mesmo sabendo que mais
um recorde de desmatamento já havia sido batido. O documento divulgado hoje tem
data de 27 de Outubro de 2021, ou seja, o governo adiou a divulgação dos dados
para depois antes da Conferência do Clima. O anúncio também ocorre ao mesmo
tempo que o cerco para o desmatamento começa a se fechar: a
comissão da União Europeia publicou ontem (17) o projeto da nova legislação do
bloco que veda a compra de produtos ligados ao desmatamento.
Na média, houve um aumento de 52,9% na área
desmatada nos três anos de governo Bolsonaro (média de 11.405 km² entre 2019 e
2021) em relação à média dos três anos anteriores (média de 7.458 km² entre
2016 e 2018). Os estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia foram
responsáveis por 87,25% do desmatamento na Amazônia Legal.
Só no Amazonas o desmatamento aumentou em 55% no último ano.
O estado tem se destacado no avanço da destruição da floresta. O desmatamento
tem avançado cada vez mais perto de áreas antes conservadas da Amazônia.
Inclusive em expedição recente
ao sul do estado, o Greenpeace realizou uma série de três reportagens especiais
para mostrar como essa dinâmica de destruição tem se dado na região. destruição
na região.
Ao longo do último ano, o Brasil foi um dos poucos países
que aumentaram a emissão de gases de efeito estufa, apesar dos efeitos da
pandemia de Coronavírus.O país emitiu 9,5% a mais de gases, enquanto o restante
do mundo reduziu em 7%. 46% das emissões do Brasil são oriundas de desmatamento
e de acordo com um estudo da Carbon Brief, o Brasil
foi o quinto país que mais contribuiu com emissões de gases desde 1850.
“Apesar das tentativas recentes do governo em limpar sua
imagem, a realidade se impõe mais uma vez. Os mais de 13 mil km² não
surpreendem quem acompanhou os últimos três anos de desmonte na gestão
ambiental brasileira e as tentativas de enfraquecer o arcabouço legal para a
proteção do meio ambiente. Fica evidente que as ações necessárias por parte do
Brasil para conter o desmatamento e as mudanças climáticas não virão deste
governo que está estacionado no tempo e, ainda vê a floresta e seus povos como
empecilho ao desenvolvimento”, declara Cristiane Mazzetti, porta-voz da
campanha da Amazônia do Greenpeace
“O governo atual, com sua política antiambiental, elevou
drasticamente o patamar de desmatamento na maior floresta tropical do planeta.
Estes são níveis inaceitáveis perante à emergência climática que vivemos no
Brasil e no mundo, com extremos climáticos e seus impactos cada vez mais
devastadores e frequentes”, comenta Cristiane. “E essa situação só vai piorar, se
o Senado aprovar o PL da Grilagem, que beneficia invasores de terras públicas e
incentiva ainda mais desmatamento”, completa.
No período em que a taxa foi medida, 32% dos alertas de
desmatamento se concentraram nas Florestas Públicas Não Destinadas, alvo
frequente de grilagem de terras. A última audiência pública do Senado para
discutir o PL 2633/2020, já aprovado na Câmara dos Deputados deve acontecer na
próxima semana, com isso a matéria pode ser votada em Plenário logo na
sequência.
Para entender melhor a dimensão da destruição, fizemos
algumas comparações. Os 13.235km² desmatados em apenas 1 ano equivalem à:
3.6 árvores perdidas por cada um dos 212 milhões de
brasileiros
216 campos de futebol por hora
5989 parques do Ibirapuera
Não podemos mais aceitar que esse cenário se repita, por
isso precisamos continuar pressionando. Se você ainda não faz parte da
Brigada Digital, entre
agora e receba informações e dicas de formas de agir pela proteção do meio
ambiente aí da sua casa. A hora é agora!
O colunista Josias de Souza comentou hoje, durante a
participação no UOL News, sobre a divulgação de dados do INPE sobre o
desmatamento da Amazônia. "Consolida o sucesso das duas prioridades de
Bolsonaro para o setor do Meio Ambiente: a devastação consentida da Amazônia e
a institucionalização da mentira como política ambiental", analisou.
No Twitter
Os 13.235 km² de #Amazônia destruídos no último ano equivalem a:
— HRW Brasil (@hrw_brasil) November 19, 2021
9 cidades de São Paulo
1/2 estado de Sergipe
2x o território da Palestina
maior do que o Líbano, Qatar e Jamaica.
O governo de @jairbolsonaro tem que parar com suas falsas promessas e começar a proteger a floresta. pic.twitter.com/QOgY3gWJGm
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