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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

James Webb, telescópio espacial sucessor do Hubble, será lançado no Natal


Novo equipamento é cem vezes mais potente do que seu antecessor e ajudará a compreender as origens do universo



 O Telescópio Espacial James Webb, substituto do Hubble, será lançado ao espaço no dia 25 de dezembro, por volta das 9h20, no horário de Brasília. A expectativa é que ele estude todas as fases da história cósmica.

A missão é uma parceria internacional da Nasa, a Agência Espacial Americana, com a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadense (CSA).


Ele irá capturar a luz esticada no espaço-tempo em comprimentos de onda infravermelhos longos, das primeiras estrelas e galáxias, ajudando a humanidade a compreender as origens do universo.

O telescópio Webb é cem vezes mais poderoso do que o Hubble, primeiro telescópio espacial lançado em 1990. Além disso, também é maior do que seu antecessor: seu espelho tem 6,5 m de diâmetro, enquanto Hubble tem 2,5 m.


NASA

NASA's James Webb Space Telescope – Official Mission Trailer

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Fonte: CNN Brasil



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domingo, 5 de dezembro de 2021

Único eclipse solar total de 2021 é capturado pela NASA na Antártida


O único eclipse solar total de 2021 aconteceu na madrugada deste sábado (4), mas foi visível apenas na Antártida, continente com escasso povoamento humano. A fase parcial do fenômeno começou às 4h da manhã (horário de Brasília) e durou menos de dois minutos em sua etapa completa, às 4h44, de acordo com a Nasa, encerrando-se às 5h06.




 A agência americana transmitiu imagens ao vivo do eclipse, testemunhadas pelos cientistas Theo Boris e Christian Lockwood, da expedição JM Pasachoff. A dupla se encontrava em um ponto de observação na geleira Union, localizada nos montes Ellsworth, na Antártida.

NASA

Weather permitting, NASA TV will air a view of the Dec. 4, 2021, total solar eclipse from Union Glacier, Antarctica. The stream will start at 1:30 a.m. EST (06:30 UTC) and end at 3:37 a.m. EST (08:47 UTC). Totality begins at 2:44 a.m. EST (07:44 UTC).

Assista ao VÍDEO


O eclipse solar acontece quando a Lua passa na frente do Sol e tampa a projeção da estrela. Por conta disso, apenas uma porção da Terra ficou na posição onde é viável ver a sombra projetada. O eclipse total foi visto pela Estação Palmer, da National Science Foundation, com 40 pesquisadores, e na fase parcial, pela Estação McMurdo, que possui cerca de 1.200 pessoas — ambas no continente gelado.



 De acordo com a Forbes, dois voos panorâmicos pela região também estavam programados: um saindo de Santiago, no Chile, e outro de Melbourne, na Austrália. Os preços variavam entre US$ 6.500 (cerca de R$ 36.720 na cotação atual) e US$ 9.100 (R$ 51.415) a fila (com três assentos).


Imagem: Steven McInnerney/Davis Research Station

Próximos eclipses

O eclipse na Antártida foi o último em 2021. O eclipse na Antártida foi o último em 2021. Antes disso, houve um eclipse solar “anular” no Hemisfério Norte, visto em várias cidades da América do Norte.

O próximo eclipse solar acontecerá no dia 30 de abril de 2022 e ficará visível na parte sudeste do Oceano Pacífico e trechos da América do Sul. Outro acontecerá no dia 25 de outubro do mesmo ano e será visível em partes da Europa, nordeste da África, Ásia ocidental e Oriente Médio.

Estes dois, porém, serão eclipses solares parciais, isto é, em que apenas uma parte do Sol é encoberta pela Lua. O próximo eclipse solar total, de fato, é esperado apenas em 2023, cruzando partes da América do Norte e América Central.

Via Space

Imagem: Theo Boris & Christian Lockwood/JM Pasachoff/NASA TV

Fonte: Olhar Digital


terça-feira, 10 de agosto de 2021

Incêndios, da NASA as imagens do mundo devastado pelas chamas


O planeta está em chamas: muitos incêndios na África e na Amazônia



 Graças ao serviço do Sistema de Informação de Incêndio para Gerenciamento de Recursos da NASA, é possível ver claramente que o mundo está queimando. Da Austrália à Sibéria, da Grécia à Turquia, da Itália à Califórnia, da Amazônia à África: são inúmeros os pontos vermelhos no mapa, detectados com o instrumento Modis a bordo do satélite terrestre da NASA, que revelam os locais onde existiam são altas temperaturas e incêndios. 

É evidente pela imagem que a zona centro-sul de África é a mais afetada, nomeadamente Zâmbia, Angola, Malawi, Madagáscar e República Democrática do Congo, onde a camada de fumo é tão espessa que obscurece completamente algumas zonas. . Na África, escreve a NASA, não é possível determinar como e onde o incêndio começou. Mas a época do ano sugere que os incêndios são maliciosos e com fins agrícolas, pois o fogo permite aos agricultores limpar os campos de colheitas antigas e prepará-las para novas, queimar o mato, renovar as pastagens ou o cerrado.

Uma grande parte da América do Norte e do Sul, a península Arábica, a costa do Mediterrâneo, o nordeste da Europa também estão em chamas. A Ásia também está em chamas: as costas da Índia, Sibéria, assim como China, Malásia e Indonésia estão em chamas.

Fonte: Huffingtonpost


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Esta sería la 'huella humana' que hemos dejado en todo el mundo - 4 de ago. de 2021

La huella humana (o huella ecológica) mide la demanda humana sobre la naturaleza, la cantidad de naturaleza que se necesita para mantener a las personas o una economía. Se hace un seguimiento de esta demanda a través de un sistema de contabilidad ecológica. La información viene del Centro de Datos y Aplicaciones Socioeconómicas de EE.UU.

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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Marte a cores: rover da NASA envia primeiras FOTOS coloridas do Planeta Vermelho


O rover Perseverance da NASA pousou em Marte nesta quinta-feira (18), após realizar uma descida que a agência espacial norte-americana denominou de "sete minutos de terror". Agora o aparelho vai iniciar a busca por sinais de vida no Planeta Vermelho.



O robô enviou suas primeiras imagens coloridas de Marte, mostrando uma paisagem de terreno estéril e formações misteriosas de rochas.

Após uma jornada de quase 480 milhões de quilômetros viajados no espaço, o aparelho, que pesa pouco mais de uma tonelada e tem o mesmo tamanho de um carro grande, pousou na cratera Jezero, que é considerada um dos locais mais perigosos escolhidos pela NASA até agora, sendo que está cheia de rochas, penhascos e pedregulhos.

Uma das imagens compartilhadas em sua conta no Twitter mostra uma paisagem árida e empoeirada e a sombra do rover vista no solo.

Fotografias tiradas pelo rover Perseverance da NASA, que aterrissou em Marte em 18 de fevereiro na cratera Jezero

Outra imagem tirada pelo Perseverance exibe o que parecem ser rochas em uma paisagem amarelada ao lado de uma das rodas do veículo.


 

 Na descrição desta imagem o rover escreveu: "Eu amo rochas. Olhe para estas mesmo ao lado de minha roda. Elas são vulcânicas ou sedimentares?"

Já a última imagem mostra o rover suspenso no ar poucos instantes antes de sua aterrissagem.


Fotografias tiradas pelo rover Perseverance da NASA, que aterrissou em Marte em 18 de fevereiro na cratera Jezero

  • A bordo Perseverance tem um dispositivo experimental para obtenção de oxigênio da atmosfera de Marte, bem como um "helicóptero espacial" que voará pela primeira vez noutro planeta.

Os cientistas acreditam que, sendo a cratera um antigo lago, ela pode conter restos de micróbios mortos há muito tempo, no passado remoto em que Marte era um planeta úmido.

Fonte: Sputnik Brasil


Sputnik Brasil

Marte: rover Perseverance da NASA pousa no Planeta Vermelho

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Então você pode ver a grande conjunção de Júpiter e Saturno



Em 21 de dezembro, um evento astronômico muito raro ocorrerá: pela primeira vez desde a Idade Média, Júpiter e Saturno se aproximarão a uma distância tão próxima que terão a aparência de um planeta duplo. Se você quiser aproveitar a oportunidade de ver este curioso fenômeno com seus próprios olhos, explicamos onde, quando e como você pode fazer isso.

Esses dois planetas se cruzam e suas trajetórias se alinham a cada duas décadas da perspectiva da Terra. Porém, 21 de dezembro será a primeira vez em 800 anos que isso acontecerá à noite , algo que o tornará visível em todas as partes do mundo.

Além disso, será a primeira vez em 400 anos que esses planetas estarão tão próximos uns dos outros. Na verdade, esse fenômeno se tornou até um dos símbolos do cristianismo ligado à figura de Jesus Cristo , e é conhecido como a estrela de Belém .     

O alinhamento começou a ser visível em 16 de dezembro, mas será a noite de 21 de dezembro quando os planetas ficarão a uma distância mínima um do outro. Então, você pode ver como eles vão por mais três dias. Deve ser lembrado que na verdade não é um planeta duplo no sentido literal da palavra, uma vez que Júpiter e Saturno ainda estão em suas respectivas órbitas e separados por cerca de 700 milhões de quilômetros. 

Se você mora perto do equador, tem mais chances de ver o impressionante espetáculo astronômico, pois ele vai durar mais tempo. Em qualquer caso, você simplesmente precisa encontrar um local ao ar livre, como um parque ou campo, e olhar para o sudoeste do céu - na fronteira entre as constelações de Capricórnio e Sagitário - cerca de uma hora após o pôr do Sol .

Júpiter aparece como o segundo corpo celeste mais brilhante depois da Lua e Saturno é ligeiramente menor. Se quiser aprimorar sua experiência, como ver as quatro luas orbitando Júpiter, você pode usar um pequeno telescópio ou binóculo. 

Se as condições climáticas não permitirem que você observe o evento ao ar livre, não se preocupe.  O Sputnik oferecerá uma transmissão ao vivo que você poderá desfrutar de qualquer lugar do mundo. 

Fonte: Sputnik Brasil


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domingo, 19 de julho de 2020

Cometa Neowise poderá ser visto a olho nu no Brasil; saiba como vê-lo



O cometa tornou-se visível em 3 de julho, quando atingiu seu periélio --ponto de sua órbita mais próximo do Sol


Por: Catraca Livre

Descoberto em março pela Nasa, o cometa Neowise poderá ser visto a olho nu pelos brasileiros a partir da próxima semana.

Na segunda-feira, 20, ele será visível apenas para os estados mais ao norte do país, como Roraima e Amapá, no início da noite. Na quarta-feira, 22, os moradores de São Paulo, Rio e Espírito Santo poderão ver o cometa Neowise com maior nitidez. Já os habitantes do Sul do país, por volta do dia 26.

Crédito: PeterRYV/Wikimedia Commons. O cometa Neowise visto na região de Sursee, Suíça Central

De acordo com a Nasa, a aproximação máxima da Terra será em 23 de julho, como o cometa estará a 103 milhões de quilômetros.

A próxima “passagem” do Neowise pela Terra será daqui a 6.800 anos.

A quem se interessar por registrar sua presença, cabe lembrar: fenômenos como esse variam muito de um dia para o outro, são imprevisíveis e algumas condições são necessárias para tudo dar certo.

Crédito: Andrey Nikolenko/Wikimidia CommonsO cometa Neowise vista na manhã de 10 de julho de 2020, sobre Odessa, na Ucrânia

Em entrevista ao site Canaltech, o astrofísico e pesquisador André Zamorano Vitorelli, da USP (Universidade de São Paulo), disse que a aparição do cometa no Brasil será logo após o pôr do sol. Para vê-lo será necessário olhar em direção ao noroeste.

O cientista recomenda que aqueles que desejam ver a passagem do cometa Neowise em

Para quem mora em grandes cidades e deseja ver a passagem do cometa Neowis, o cientista recomenda usar binóculos.



Como encontrar o Neowise nos céus do Brasil?
Neste tutorial, mostraremos como encontrar o cometa sem a utilização de bússola.



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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Brasil retoma vocação de súdito dos EUA com Temer




As pedras e os perigos da aproximação de Washington desejada pelo atual governo


Donald Trump assume a Casa Branca nesta sexta-feira 20, e logo a partir de fevereiro burocratas norte-americanos e brasileiros começam a reunir-se para preparar uma agenda capaz de ajudar mutuamente o crescimento econômico dos dois países, artigo escasso lá e aqui.

Ao menos foi esse o combinado entre o magnata e Michel Temer em um telefonema em dezembro, ligação de iniciativa do Palácio do Planalto. Na conversa, o peemedebista disse contar com investimentos dos Estados Unidos, que os empresários dos dois países se conhecem bem e gostariam de ampliar os negócios.

A ligação não foi capaz, porém, de levar Trump a convidar Temer para a posse, indiferença que teria incomodado o brasileiro. É verdade que o costume em Washington é chamar apenas embaixadores para a posse, mas a falta de deferência do bilionário com o peemedebista é sintomática.

O Brasil não está no centro das preocupações de Trump, a nutrir desprezo pelos latino-americanos, vide sua intenção de expulsar mexicanos e construir um muro para impedi-los de entrar. Para Brasília, contudo, os EUA são prioridade, embora não haja uma estratégia clara para atingir o objetivo e traduzir isso em questões concretas. Temer e o chancelerJosé Serra buscam desde o início uma relação carnal com o país, visto como fonte de legitimação internacional do governo e de capitais capazes de empurrar o PIB.

O descompasso é apenas uma das pedras no caminho da aproximação, uma trilha cheia de perigos aos interesses nacionais, como a secreta retomada das negociações sobre a Base de Alcântara.

Serra é uma das pedras. Torceu abertamente pela candidata democrata, Hillary Clinton. Os tucanos construíram boas relações com os Clinton na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O escolhido por Serra para embaixador em Washington, Sergio Amaral, foi porta-voz de FHC.

Antes do triunfo de Trump, Serra comentara a hipótese: “Não pode acontecer”, seria um “pesadelo”. Mais: “É preciso ser muito masoquista para ficar imaginando que o Trump vá ganhar”. Consumado o “pesadelo”, resignou-se. “Nas democracias, as decisões do eleitorado se respeitam e se cumprem não apenas por quem vence.” Viu, Aécio Neves (PSDB)?

Arriscou-se ao torcer por Hillary (Foto: Jales Valquer/Fotoarena)

Resignação à parte, Serra tende a merecer desdém por Trump. Vizinhos dos EUA, México e Canadá mudaram seus chanceleres às vésperas da posse do magnata. A mexicana Claudia Ruiz Massieu, por exemplo, tinha reclamado de o presidente Enrique Peña Nieto convidar o xenofóbico bilionário para uma conversa. Será que Serra corre o risco de perder o cargo? E que choque seria para o tucano, autor de discretas juras de amor aos EUA em certas entrevistas.

No namoro com o Tio Sam, Serra ressuscitou uma ideia polêmica e numa área sempre sedutora para os norte-americanos, a defesa. Mandou recolocar na mesa de negociações um acordo para ceder aos EUA uma base de lançamento de foguetes no Maranhão, a de Alcântara, em troca de recompensas.

Sergio Amaral conversou sobre o tema com o subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado, Thomas Shannon. Mantida em sigilo, uma proposta foi elaborada e apresentada pelo Itamaraty a autoridades dos EUA. Teria sido rejeitada, segundo CartaCapital apurou.

Alcântara é tida como a base mais bem localizada do mundo para lançar foguetes. A partir dali, conseguem colocar satélites em órbita mais rapidamente, com economia de combustível e, portanto, de dinheiro. No fim da gestão FHC, houve um acordo, cujos termos foram ao Congresso, para ratificação. Logo em 2003, primeiro ano de mandato, Lula enterrou o projeto.

Um dos ministros a defender o arquivamento foi Roberto Amaral, então na Ciência e Tecnologia. Por seus termos, relembra ele, era um “crime de lesa-pátria”.

Os Estados Unidos impunham várias proibições ao Brasil: lançar foguetes próprios de base, firmar cooperação tecnológica espacial com outros países, apoderar-se de tecnologia americana usada em Alcântara, usar dinheiro obtido ali para desenvolver satélites nacionais. Além disso, só pessoal norte-americano teria acesso à base.

“O acordo contrariava os interesses nacionais e afetava nossa soberania”, afirma Amaral. “Os EUA não queriam nosso programa espacial, isso foi dito por eles à Ucrânia.”

Sepultada a negociação, a Ucrânia foi o parceiro escolhido em 2003 para um acordo espacial. Herdeira da União Soviética, tinha tecnologia para fornecer. Brasil e Ucrânia desenvolveriam conjuntamente foguetes para lançamentos em Alcântara, com o compromisso de transferência de tecnologia. A proposta da chancelaria de Serra aos EUA teria espírito parecido.

Os EUA pretendiam botar o bedelho na base de Alcântara. Lula enterrou o projeto

O Brasil alugaria a base em troca de grana e tecnologia. As proibições do acerto de 2002, chamadas “salvaguardas”, seriam flexibilizadas. Teria sido esse o motivo da atual recusa norte-americana de agora. A propósito: o entendimento com a Ucrânia foi desfeito em 2015, após consolidar-se por lá um governo pró-EUA.

Ao contrário de Serra, Temer não chegou a exibir paixão em público, mas em privado mostrou-se interessado, e útil, aos EUA. Em 2006, ano da reeleição de Lula, encontrou duas vezes o cônsul-geral americano no Brasil, Christopher McMullen, para conversar. Uma em 9 de janeiro, outra em 19 de junho, ambas em São Paulo.

As reuniões foram relatadas por McMullen a Washington em telegramas secretos, tornados públicos pelo WikiLeaks, especializado em vazar documentos, em 13 de maio passado, um dia após Temer chegar ao poder por causa do afastamento provisório de Dilma Rousseff.

Os telegramas deixam a impressão de que a indicação do peemedebista para vice de Dilma na eleição de 2010 foi um erro de Lula e do PT. A menos que tenha prevalecido a tese da conveniência de, em política, manter os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda.

No primeiro encontro, segundo o telegrama, Temer não mostrara objeção à Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), ideia enterrada no ano anterior por líderes progressistas sul-americanos, Lula entre eles, por ameaçar a economia e a soberania locais.

Teria dito que a vitória de Lula em 2002 fora “fraude eleitoral”, que o governo dele era “desapontador” e com “foco excessivo” no social, que o PT se corrompera. Diante das pauladas, McMullen anotou “com aliados assim...”, em referência à posição de Temer sobre Lula.

No despacho seguinte, sobre a conversa de junho, Temer foi descrito como “anti-Lula”, por suas críticas à política econômica, ao petista e a peemedebistas tidos como lulistas, caso de Renan Calheiros, hoje presidente do Senado. O PMDB era então dividido no apoio ao governo. Presidente da sigla, Temer pertencia à ala claudicante e reclamou “causticamente”, escreveu McMullen, “das recompensas miseráveis” do governo. Em bom português: um fisiológico descontente.

Ao divulgar no Brasil o filme sobre Snowden, Oliver Stone aventou que a espionagem da NSA de 2013 poderia ter abastecido a Lava Jato inaugurada em 2014 (Foto: Lotta Hardelin/AFP)

Temer e seus colegas deputados só mergulhariam no governo após o novo triunfo de Lula. Uma reeleição que provocaria uma guinada do petista no segundo mandato, sem as amarras ortodoxas do primeiro, previra Temer a McMullen, seu único interlocutor a traçar tal prognóstico.

Fundador do WikiLeaks, asilado na embaixada do Equador em Londres, o hacker australiano Julian Assange analisou o comportamento de Temer em uma entrevista ao escritor brasileiro Fernando Morais, divulgada na terça-feira 10.

Para Assange, o peemedebista revelou um grau “preocupante de conforto”. “O que ele terá como retorno? Ele está claramente dando informações internas à embaixada por alguma razão. Provavelmente, para pedir algum favor aos Estados Unidos, talvez para receber informações deles em retorno.”

A guinada de Lula no segundo mandato, prevista por Temer, ocorreu e foi embalada pela descoberta pela Petrobras, logo em 2007, de petróleo em águas ultraprofundas. A partir dali, o Brasil despontou como player em duas áreas delicadas para os americanos, a militar e a petrolífera. No fim de 2008, o governo lançaria uma Estratégia Nacional de Defesa, a amarrar o desenvolvimento do País ao reforço da segurança nacional.

Em 9 de janeiro de 2009, em telegrama confidencial a Washington, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, dizia que o Brasil caminhava para tornar-se uma “potência mundial moderna” e, mesmo que a Estratégia não vingasse na íntegra, seria capaz de “desenvolver uma força militar moderna com capacidade maior”.

A Marinha destacava-se no plano, reforço impulsionado particularmente pelo pré-sal, cujo controle inspirava cuidados, sobretudo após o anúncio norte-americano, em 2008, de reativação da IV Frota, força naval atuante ao Sul do Oceano Atlântico, pertinho do petróleo descoberto. Com a expansão desenhada para a Marinha, o Brasil sairia da 19a posição entre as forças navais mais poderosas do planeta e chegaria à 9a no fim da década de 2020, conforme o livro As Garras do Cisne, de 2014, do jornalista Roberto Lopes.

Não por acaso que o presidente da Exxon, Rex Tillerson, é secretário de Estado de Trump (Foto: Christy Bowe/Globe Photos)

O marco no salto naval viria com o submarino movido a energia nuclear, capaz de deslocar-se com mais velocidade e ficar mais tempo sob o mar do que o convencional. “O mais importante instrumento de ameaça que o País jamais possuiu”, escreve Lopes. Só os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) detêm tecnologia de construção desse submarino. O projeto brasileiro é parceria com a França, acordo negociado em 2008 e selado em 2009. Custará 8,5 bilhões de reais e já consumiu 1,8 bilhão. Segundo as últimas estimativas da Marinha, deve ficar pronto em 2027 e entrar em operação para valer em 2029.

Chanceler de Lula e ministro da Defesa de Dilma Rousseff, o embaixador Celso Amorim diz que com pré-sal, investimento militar e uma política externa independente de Washington, a priorizar as relações com a Ásia, a África e a integração latino-americana, o Brasil atraiu a ira do Tio Sam. “Havia uma percepção do sistema político nos Estados Unidos de que o Brasil começava a colocar as manguinhas de fora e de que era preciso nos deter.”

A máxima “aos amigos tudo, aos inimigos a lei” dá uma pista de como pode ter ocorrido tal contenção do Brasil por parte dos EUA. Segundo um ex-ministro de Dilma, muitas informações da Operação Lava Jato contra multinacionais brasileiras, casos de Petrobras e Odebrecht, chegaram ao Ministério Público e à Polícia Federal graças aos serviços americanos de inteligência e seus aliados.

Condenado a 43 anos de cadeia por fraudes na Eletronuclear, o pai do programa nuclear da Marinha, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, teria sido vítima de um agente infiltrado do Mossad, o serviço secreto de Israel, tradicional parceiro dos Estados Unidos.

Sócia da estatal francesa DCNS na construção do submarino nuclear, a Odebrecht acabou enredada abertamente pelo Tio Sam. Em 21 de dezembro, o Departamento de Justiça americano e a empreiteira anunciaram um acordo de leniência pelo qual a empresa pagará cerca de 7 bilhões de reais como punição (uns 5 bilhões serão pagos no Brasil) por distribuir 788 milhões de dólares em propinas (55% a autoridades estrangeiras) entre 2001 e 2016 em mais de 20 países. Várias nações latino-americanas já estudam processar a construtora, um pepino para os negócios da empresa.

As informações prestadas pela Odebrecht nos EUA serão aproveitadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no Brasil. Em fevereiro de 2015, Janot viajou a Washington com a força-tarefa da Lava Jato para conversas sobre temas incertos e não sabidos. Sabe-se apenas que não aceitou a presença de representantes do governo, na figura da Advocacia-Geral da União, nas reuniões.

No ano passado, o cineasta Oliver Stone lançou um filme sobre Edward Snowden, denunciante da espionagem em massa praticada pela NSA, agência de bisbilhotagem dos americanos que alvejou Dilma e a Petrobras. Em passagem pelo Brasil para divulgar o filme em novembro, Stone sugeriu que a espionagem da NSA, revelada em setembro de 2013, abasteceu a Lava Jato, deflagrada em março de 2014.

“Essa informação vai para algum lugar, não fica lá guardada. É usada para destruir, mudar governos, grandes empresas, a Petrobras, a empresa petrolífera da Venezuela. Isso pode levar à guerra”, afirmou, convicto de envolvimento dos EUA na queda de Dilma Rousseff.

Na entrevista a Fernando Morais, Assange revela os pecados de Serra

Na recente entrevista, Assange também cita o papel dos Estados Unidos no impeachment. Disse ter identificado “robôs” a convocar pessoas nas redes sociais da web para participar de protestos anti-Dilma. “Pensando em como são os programas americanos, vemos que essas coisas não acontecem na América Latina sem apoio americano”, disse.

E “considerando a intenção do Departamento de Estado americano em maximizar os interesses da Chevron e ExxonMobil”, o pré-sal teria sido a razão para o Tio Sam querer derrubar o PT, patrono da lei que garantia a presença da Petrobras na exploração em todos os campos.

O controle do pré-sal pela Petrobras era a base de um plano de desenvolvimento que passava pelo estímulo à indústria naval (fornecedora de navios-sonda), a construtoras de refinarias e às Forças Armadas.

Em 2009, um ano antes de concorrer ao Planalto pela segunda vez, o hoje chanceler Serra reunira-se com dirigentes da Chevron e prometera mudar a lei e liberar a exploração do pré-sal por estrangeiros sem a Petrobras, caso ganhasse a eleição. A promessa foi cumprida com a ascensão de Temer, responsável por sancionar, em novembro, lei proposta por Serra no Senado em 2015.

Foi na Exxon Mobbil que Donald Trump pinçou seu homem para o Departamento de Estado, Rex Tillerson, até aqui presidente da companhia. Pelo menos aí Serra deverá ter facilidades, caso Tillerson nutra sentimentos do tipo “gratidão”. Perspectivas de negócios não faltam no pré-sal.


Produzir ali é uma mina de ouro, com custos de extração dignos dos sauditas. Metade da produção da Petrobras no ano passado saiu de águas ultra-profundas, 1 milhão de barris por dia, alta de 33% ante 2015. O presidente da estatal, Pedro Parente, manteve o saldão inaugurado no governo Dilma e acaba de anunciar a venda de 21 bilhões de dólares em ativos entre 2017 e 2018.

O investimento de capitais talvez seja o que há de oportunidade econômica em uma aproximação do Brasil com os EUA, quem sabe algo em comércio exterior, já que a pauta de exportações do Brasil para o mercado americano é de boa qualidade, centrada em manufaturados, ao contrário do que ocorre com a China.

O problema, diz o economista Marcio Pochmann, um estudioso das relações globais, é que os EUA são uma economia decadente e que, sob Donald Trump, tendem a adotar uma postura protecionista para brigar com a China, o grande parque fabril do planeta hoje.

O Planalto, ressalta Pochmann, poderia até tirar proveito político de uma briga dessas, com jogadas parecidas com as de Getúlio Vargas durante a Segunda Guerra Mundial, oscilante entre a Alemanha nazista e o bloco formado por ingleses, franceses, russos e americanos. Foi dessa artimanha que o Brasil arrancou dos EUA capitais para construir a primeira siderúrgica nacional. “Usar os Estados Unidos para negociar com a China não seria de todo ruim. Mas nós precisaríamos de um estadista.”

Não é o caso.

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