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quinta-feira, 21 de março de 2024

Dez anos de uma operação criada pelos EUA para destruir o Brasil


Não era para combater a corrupção, mas foi criada pelos EUA para acabar com Lula e o PT, desindustrializar o Brasil e aprofundar a ditadura imperialista sobre o País


Sergio Moro / Deltan Dallagnol

Há pouco mais de uma década, em 17 de março de 2014, era deflagrada a Operação Lava Jato, um conjunto de investigações realizadas pela Polícia Federal brasileira, em conjunto com o Ministério Público, o Poder Judiciário e, conforme eventualmente seria revelado, com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o FBI (Federal Bureau of Investigation). 

Deu-se o nome de “Lava-Jato”, pois na primeira fase da operação foi realizada a investigação de um posto de combustíveis, local suspeito de ser utilizado para movimentar valores de origem ilícita, ou seja, “lavar dinheiro”, na linguagem coloquial. 

Oficialmente, a operação visava a desbaratar supostos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Petrobrás, especialmente, o que envolveria políticos de dentro e fora do governo, assim como empresários.

Durante toda a sua duração, a Lava Jato foi propagandeada por todos os órgãos da imprensa burguesa brasileira, principalmente jornais como O GloboO Estado de S. PauloFolha de S.Paulo, e emissoras como a Rede Globo, a Record, a Bandeirantes e o SBT, todos órgãos venais, a serviço dos Estados Unidos, como sendo uma operação voltada para acabar com a corrupção dos políticos brasileiros.

Na realidade, a Lava Jato não era para acabar com a corrupção, mas foi uma operação arquitetada e coordenada pelos Estados Unidos para aprofundar a desindustrialização do Brasil, prejudicar a situação econômica do País, e viabilizar o golpe de 2016, contra Dilma Rousseff. Desejavam, igualmente, acabar de vez com o Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula, respectivamente o partido e líder político mais populares do Brasil. Sendo ambos representantes do nacionalismo burguês de um país atrasado, tendo como força política amplas massas da classe operária brasileira, a destruição do PT e de Lula era um dos objetivos dos Estados Unidos para intensificar a dominação imperialista sobre o país.

Durante seu curso, que foi até 1º de fevereiro de 2021, a operação contou com mais de 80 fases operacionais. À frente da maioria delas esteve Sérgio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que será eternamente lembrado por suas arbitrariedades durante a Lava Jato, e por ter sido um agente do imperialismo para destruir o Brasil. A operação também contou com figuras execráveis como Deltan Dallagnol, (ex-procurador federal que considera os americanos melhores que os brasileiros) e Rodrigo Janot (ex-procurador-geral da República).

Ao longo de 7 anos, mais de cem pessoas foram condenadas. Inúmeras delas cumpriram pena de prisão em regime fechado, inclusive antes mesmo da condenação. Sobre isto, o encarceramento antes da condenação era um método frequentemente utilizado pelos procuradores e juízes da Lava Jato para forçar que os investigados confessassem crimes que não haviam cometido, ou para fazer delação premiada, mentindo sobre as pessoas que a Lava Jato queria condenar. E o principal alvo de Sergio Moro, Dallagnol e demais juízes e procuradores era Lula.

Assim, Lula e muitas das pessoas que foram condenadas na Lava Jato, o foram sem provas, apenas com base em delação premiada, isto em declarações obtidas sob coação, sob tortura. Muitos dos delatores eram ameaçados de verem seus familiares perseguidos pela Lava Jato, além das ameaças de condenação.

No que diz respeito às empresas estatais nacionais alvos da Lava Jato, para além da Petrobras, foram alvos do imperialismo também a BR Distribuidora, a Transpetro e a Eletronuclear. Sobre essa última, vale lembrar seu presidente à época, Othon Luiz Pinheiro da Silva, engenheiro mecânico e nuclear, vice-almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais da Marinha do Brasil. Ele é uma das pessoas que liderava o desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro.

Quanto às empresas privadas, várias empreiteiras foram alvos da Lava Jato, a mando do imperialismo, principalmente em razão da expansão de suas atividades para outros países oprimidos, tais como os do continente africano e sul-americano. Dentre elas foram perseguidas a Odebrecht, a OAS, a Camargo Corrêa, a Andrade Gutierrez e outras.

O balanço da operação para a economia brasileira? A redução de 4,44 milhões de empregos apenas entre os anos de 2014 e 2017, com as empreiteiras perdendo 85% de suas receitas. 

A destruição dessa quantidade de empregos representou uma queda de R$85,5 bilhões na massa salarial, o que, por sua vez, teve como consequência a redução de R$20,3 bilhões em contribuições sobre a folha.

Ademais, houve perda de R$142 bilhões nos setores da construção civil, indústria naval, engenharia pesada e indústria metalmecânica.

Com isto, o Produto Interno Bruto no período caiu em 3,6%.

Assim, apesar de ter ficado claro desde o início que a Lava Jato era uma operação arquitetada pelo imperialismo, em especial os Estados Unidos, o tempo tratou de tornar esse fato incontestável.

E apesar de terem tentado destruir o Partido dos Trabalhadores e acabar politicamente com Lula, a Lava Jato falhou nesse aspecto. Contudo, é algo que continua na ordem do dia. Afinal, o presidente e seu partido são representantes do nacionalismo burguês, e estando o imperialismo cada vez mais fraco, a tendência é que ele tente criar novas operações golpistas da aumentar seu domínio sobre o Brasil e impedir o desenvolvimento nacional.


 

Fonte:  DCO - Diário Causa Operária


Lula

PROCURADOR DOS EUA CONFESSA PARTICIPAÇÃO NA LAVA JATO; ASSISTA!

Esse é Kenneth Blanco, um procurador norte-americano, em uma conferência em Nova York, em 2017. Aqui ele explica a "teoria da conspiração" da colaboração entre Lava Jato e o Departamento de Justiça dos EUA. Um "relacionamento íntimo", que desprezava "procedimentos formais".


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quarta-feira, 30 de junho de 2021

Testemunha chave no caso de Assange admite que mentiu na acusação


Uma importante testemunha no caso do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra Julian Assange admitiu ter fabricado acusações importantes na acusação contra o fundador do Wikileaks.


]MYND: SAMSETT / STUNDIN

Uma importante testemunha no caso do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra Julian Assange admitiu ter fabricado acusações importantes na acusação contra o fundador do Wikileaks. A testemunha, que tem uma história documentada de sociopatia e recebeu várias condenações por abuso sexual de menores e ampla fraude financeira, fez a admissão em uma entrevista recentemente publicada em Stundin, onde também confessou ter continuado sua onda de crimes enquanto trabalhava com Departamento de Justiça e FBI e recebendo uma promessa de imunidade da acusação.

O homem em questão, Sigurdur Ingi Thordarson, foi recrutado pelas autoridades dos EUA para construir um caso contra Assange depois de induzi-los a acreditar que ele era um colega próximo dele. Na verdade, ele se ofereceu voluntariamente para arrecadar dinheiro para o Wikileaks em 2010, mas descobriu-se que usou essa oportunidade para desviar mais de US $ 50.000 da organização. Julian Assange visitou o país natal de Thordarson, Islândia, nessa época, devido ao seu trabalho com a mídia islandesa e membros do parlamento na preparação da Icelandic Modern Media Initiative, um projeto de liberdade de imprensa que produziu uma resolução parlamentar apoiando denunciantes e jornalismo investigativo. 

Os Estados Unidos estão atualmente buscando a extradição de Assange do Reino Unido para julgá-lo por espionagem relacionada à liberação de documentos classificados que vazaram. Se condenado, ele pode pegar até 175 anos de prisão. A acusação gerou temores pela liberdade de imprensa nos Estados Unidos e em outros lugares e gerou fortes declarações em apoio a Assange da Amnistia Internacional, Repórteres sem fronteiras, a equipa editorial do Washington Post e muitos outros. 

Autoridades americanas apresentaram uma versão atualizada de uma acusação contra ele a um tribunal de magistrados em Londres no verão passado. A veracidade das informações nele contidas é agora diretamente contestada pela testemunha principal, em cujo depoimento se baseia.


Sem instruções de Assange

Os documentos do tribunal referem-se a Thordarson simplesmente como “adolescente” (uma referência à sua aparência jovem em vez da verdadeira idade, ele tem 28 anos) e à Islândia como “País 1 da OTAN”, mas não faz nenhum esforço real para esconder a identidade de nenhum dos dois. Eles pretendem mostrar que Assange instruiu Thordarson a cometer invasões de computador ou hackear na Islândia. 

O objetivo desse acréscimo à acusação era aparentemente para escorar e apoiar a acusação de conspiração contra Assange em relação às suas interações com Chelsea Manning. Essas ocorrências ocorreram na mesma época em que ele residia na Islândia e os autores da acusação sentiram que poderiam fortalecer seu caso alegando que ele também estava envolvido em atividades ilegais lá. Diz-se que essa atividade inclui tentativas de hackear os computadores dos membros do parlamento e gravar suas conversas.

Na verdade, Thordarson agora admite a Stundin que Assange nunca lhe pediu para hackear ou acessar gravações telefônicas de MPs. Sua nova alegação é que na verdade ele recebeu alguns arquivos de um terceiro que alegou ter gravado MPs e se ofereceu para compartilhá-los com Assange sem ter qualquer ideia do que eles realmente continham. Ele afirma que nunca verificou o conteúdo dos arquivos ou mesmo se eles continham gravações de áudio, como sugerido por uma fonte terceirizada. Ele admite ainda que a alegação de que Assange o instruiu ou pediu para acessar computadores a fim de encontrar tais gravações, é falsa.

No entanto, as táticas empregadas pelas autoridades americanas parecem ter sido bem-sucedidas, como pode ser deduzido da decisão da juíza do Tribunal de Magistrados, Vanessa Baraitser, em 4 de janeiro deste ano. Embora ela tenha decidido contra a extradição, ela o fez puramente por motivos humanitários relacionados aos problemas de saúde de Assange, risco de suicídio e as condições que ele enfrentaria em confinamento nas prisões dos Estados Unidos. Com relação às acusações reais feitas na acusação, Baraitser apoiou os argumentos da equipe jurídica americana, inclusive citando amostras específicas da Islândia que agora são seriamente questionadas.

Outros elementos enganosos podem ser encontrados na acusação, e mais tarde refletidos no julgamento do Magistrado, com base nas mentiras agora admitidas de Thordarson. Um é uma referência a documentos bancários islandeses. A sentença do tribunal de magistrados diz: “Alega-se que o Sr. Assange e o Adolescente fracassaram em uma tentativa conjunta de descriptografar um arquivo roubado de um banco do“ país da OTAN 1 ””.

Sigurdur Ingi Thordarson

Thordarson admite a Stundin que na verdade se refere a um evento bem divulgado em que um arquivo criptografado vazou de um banco islandês e presumiu-se que continha informações sobre empréstimos inadimplentes fornecidos pelo Landsbanki islandês. O banco faliu no outono de 2008, junto com quase todas as outras instituições financeiras na Islândia, e mergulhou o país em uma grave crise econômica. O arquivo estava nesta época, no verão de 2010, compartilhado por muitos online que tentaram decifrá-lo com o propósito de revelar o que precipitou a crise financeira. Nada apóia a alegação de que esse arquivo foi “roubado” per se, visto que foi assumido que foi distribuído por denunciantes de dentro do banco falido.

Uma linguagem mais enganosa surge no julgamento acima mencionado, onde afirma: “... ele [Assange] usou o acesso não autorizado que lhe foi dado por uma fonte, para acessar um site do governo do país-1 da OTAN usado para rastrear veículos da polícia.”

Essa representação deixa de fora um elemento importante, que Thordarson esclarece em sua entrevista com Stundin. As informações de login eram, na verdade, suas e não obtidas por nenhum meio nefasto. Na verdade, ele agora admite que recebeu esse acesso como uma questão de rotina devido ao seu trabalho como socorrista enquanto se voluntariava para uma equipe de busca e resgate. Ele também diz que Assange nunca pediu tal acesso.


Revelando registros de bate-papo

Thordarson conversou com um jornalista de Stundin por várias horas enquanto preparava um relatório investigativo completo sobre suas atividades, que inclui registros de bate-papo nunca antes publicados e novos documentos.

Os registros do bate-papo foram coletados pelo próprio Thordarson e fornecem uma imagem abrangente de suas comunicações enquanto ele era voluntário para o Wikileaks em 2010 e 11. Isso envolve suas conversas com a equipe do WikiLeaks, bem como comunicações não autorizadas com membros de grupos internacionais de hackers com os quais ele entrou em contato por meio de sua função de moderador em um fórum IRC WikiLeaks aberto, que é uma forma de chat online ao vivo. Não há indicação de que a equipe do WikiLeaks tivesse conhecimento dos contatos de Thordarson com os grupos de hackers mencionados anteriormente. Na verdade, os registros mostram seu engano claro. 

As comunicações lá mostram um padrão em que Thordarson está constantemente aumentando sua posição dentro do WikiLeaks, descrevendo-se como chefe de gabinete, chefe de comunicações, número 2 na organização ou responsável por recrutas. Nessas comunicações, Thordarson freqüentemente pede aos hackers que acessem materiais de entidades islandesas ou ataquem sites islandeses com os chamados ataques DDoS. Eles são projetados para desativar sites e torná-los inacessíveis, mas não causar danos permanentes ao conteúdo.

Stundin não consegue encontrar nenhuma evidência de que Thordarson foi instruído a fazer esses pedidos por qualquer pessoa dentro do WikiLeaks. O próprio Thordarson nem mesmo está afirmando isso, embora ele explique isso como algo de que Assange estava ciente ou que ele interpretou de forma que isso era esperado dele. Como essa suposta comunicação não verbal ocorreu, ele não consegue explicar.

Além disso, ele nunca explicou por que o WikiLeaks estaria interessado em atacar quaisquer interesses na Islândia, especialmente em um momento tão delicado, enquanto eles estavam publicando um enorme tesouro de cabogramas diplomáticos dos EUA como parte de uma parceria internacional de mídia. Não se sabe que Assange teve quaisquer queixas com as autoridades islandesas e, na verdade, estava trabalhando com membros do parlamento na atualização das leis de liberdade de imprensa da Islândia para o século XXI. 


No radar do FBI

Os atos desonestos de Thordarson não se limitaram a comunicações dessa natureza, já que ele também admite a Stundin que criou meios de comunicação com jornalistas e fez com que a mídia pagasse por viagens extravagantes ao exterior, onde se apresentava erroneamente como representante oficial do WikiLeaks.

Ele também admite que roubou documentos da equipe do WikiLeaks ao copiar seus discos rígidos. Entre eles estavam documentos de Renata Avila, advogada que trabalhava para a organização e do senhor Assange.

Thordarson continuou a intensificar suas atividades ilícitas no verão de 2011, quando estabeleceu comunicação com “Sabu”, o apelido online de Hector Xavier Monsegur, um hacker e membro do infame grupo de hackers LulzSec. Nesse esforço, todas as indicações são de que Thordarson estava agindo sozinho, sem qualquer autorização, quanto mais insistência, de qualquer pessoa dentro do WikiLeaks.

Hector Xavier Monsegur Um hacker e membro do infame grupo de hackers LulzSec.

O que Thordarson não sabia na época era que o FBI prendeu Sabu no início de junho de 2011 e o ameaçou para se tornar um informante e um colaborador do FBI. Assim, quando Thordarson continuou seu padrão anterior de solicitar ataques aos interesses islandeses, o FBI conheceu e viu uma oportunidade de implicar Julian Assange.

Mais tarde naquele mês, um ataque DDoS foi executado contra os sites de várias instituições governamentais.

Essa ação foi feita sob os olhos vigilantes do FBI, que deve ter autorizado o ataque ou mesmo iniciado, já que Sabu era naquele momento o seu homem. O que se seguiu foi um episódio em que parece óbvio que as autoridades islandesas foram induzidas a cooperar sob falsos pretextos.

Ögmundur Jónasson era ministro do Interior na época e, como tal, chefe político da polícia e do Ministério Público e diz sobre as atividades dos EUA: “Eles estavam tentando usar as coisas aqui [na Islândia] e usar as pessoas em nosso país para tecer uma teia, uma teia de aranha isso pegaria Julian Assange ”. 


  • “Eles estavam tentando usar coisas aqui [na Islândia] e pessoas em nosso país para tecer uma teia, uma teia de aranha que pegaria Julian Assange”
  • Ögmundur Jónasson

Jónasson lembra que, quando o FBI entrou em contato com as autoridades islandesas em 20 de junho de 2011, foi para alertar a Islândia sobre uma ameaça iminente e grave de intrusão contra computadores do governo. Poucos dias depois, agentes do FBI voaram para a Islândia e se ofereceram formalmente para ajudar a impedir esse grave perigo. A oferta foi aceita e em 4 de julho uma carta rogatória formal foi enviada à Islândia para selar a assistência mútua. Jónasson especula que já então os EUA estavam preparando as bases para seu propósito final, não ajudar a Islândia, mas enredar Julian Assange:

“O que tenho pensado desde então é se a fiação da web já havia começado com a aceitação da carta rogatória estabelecendo uma cooperação que pudesse usar como pretexto para visitas posteriores”, diz Jónasson.

Policiais islandeses foram enviados aos Estados Unidos para coletar mais evidências desse chamado perigo iminente e Jónasson diz que não se lembra de nada de substancial que saiu daquela visita e que nenhum outro ataque foi feito contra os interesses islandeses.

Mas o FBI voltaria.


Autoridades islandesas enganadas pelos EUA

No final de agosto, Thordarson estava sendo perseguido pela equipe do WikiLeaks, que desejava localizar o produto das vendas online de mercadorias do WikiLeaks. Descobriu-se que Thordarson havia instruído os fundos a serem enviados para sua conta bancária privada falsificando um e-mail em nome de Julian Assange.

Thordarson viu uma saída e em 23 de agosto enviou um e-mail para a Embaixada dos Estados Unidos na Islândia oferecendo informações em relação a uma investigação criminal. Ele foi atendido por um telefonema e confirmou que estava se oferecendo para ser um informante no caso contra Julian Assange.

Os promotores e o FBI foram rápidos em responder e em 48 horas um jato particular pousou em Reykjavik com cerca de oito agentes que rapidamente marcaram reuniões com Thordarson e com pessoas do escritório do Ministério Público da Islândia e do Comissário da Polícia do Estado.

Ögmundur Jónasson Ex-Ministro do Interior da Islândia.

Ao meio-dia, o Sr. Jónasson, então Ministro do Interior, ficou sabendo desta nova visita e solicitou a confirmação de que se tratava do mesmo caso do início do verão. “Perguntei em que carta rogatória se baseava esta visita e se era exatamente o mesmo”, disse Jónasson em entrevista a Stundin. “Descobri então que se tratava de uma natureza totalmente diferente da discutida anteriormente”. Ele diz que somou dois mais dois e disse que era óbvio que a intenção era armar uma armadilha na Islândia para Assange e outros membros da equipe do WikiLeaks. 

Segundo Jónasson, tais ações estavam fora do âmbito do acordo e, portanto, ele ordenou que toda a cooperação com os agentes fosse interrompida e que eles seriam informados de que estavam agindo na Islândia sem qualquer autoridade. Poucos dias depois, ele soube que os agentes e promotores ainda não haviam deixado o país, então o Ministério das Relações Exteriores contatou a embaixada dos Estados Unidos com a exigência de que interrompessem o trabalho da polícia na Islândia e deixassem o país.

Eles o fizeram, mas partiram com o novo informante e “testemunha estrela”, Sigurdur Ingi Thordarson, que voou com eles para a Dinamarca.


Não um hacker, mas um sociopata

Thordarson foi apelidado de Siggi, o hacker da Islândia. Na verdade, isso é um antônimo, já que várias fontes que Stundin falou alegam que a capacidade de computador de Thordarson é servil. Isso é apoiado por vários registros de bate-papo e documentos em que ele está solicitando a assistência de outras pessoas para tarefas informáticas bastante simples. Certa vez, ele até procurou a ajuda de um especialista do FBI para enviar um vídeo de seu próprio telefone.

A reunião na Dinamarca foi a primeira de algumas em que o FBI abraçou com entusiasmo a ideia de cooperação com Thordarson. Ele diz que queriam saber tudo sobre o WikiLeaks, incluindo a segurança física dos funcionários. Eles pegaram o material que ele reuniu, incluindo dados que ele roubou dos funcionários do WikiLeaks e até planejou enviá-lo para a Inglaterra por telegrama. Thordarson afirmou em entrevistas que recusou esse pedido específico. Provavelmente porque ele não era mais bem-vindo, pois sabia que as pessoas do WikiLeaks descobriram, ou estavam prestes a estabelecer com firmeza, que ele havia desviado fundos da organização.

Após meses de colaboração, o FBI parece ter perdido o interesse. Quase ao mesmo tempo, acusações foram se acumulando contra Thordarson com as autoridades islandesas por fraude maciça, falsificações e furto, por um lado, e por violações sexuais contra meninos menores de idade que ele havia enganado ou forçado a atos sexuais, por outro.

Após longas investigações, Thordarson foi condenado em 2013 e 2014 e recebeu sentenças relativamente brandas, já que o juiz levou em consideração que ele mudou seu argumento no tribunal e se declarou culpado de todas as acusações.

De acordo com uma avaliação psiquiátrica apresentada ao tribunal, Thordarson foi diagnosticado como um sociopata, incapaz de sentir remorso, mas ainda culpado por suas ações. Ele foi avaliado para ser capaz de compreender a diferença básica entre o certo e o errado. Ele simplesmente não parecia se importar.

O encarceramento não parecia ter o efeito intencional de impedir Thordarson de continuar sua vida de crime. Na verdade, ele decolou e se expandiu em extensão e escopo em 2019, quando o DoJ da era Trump decidiu revisitá-lo, dando a ele um status formal como testemunha na acusação contra Julian Assange e concedendo-lhe imunidade em troca de qualquer acusação.


O problema do New York Times

No mês seguinte à prisão de Assange na Embaixada do Equador em Londres, em 11 de abril de 2019, uma nova carta rogatória chegou ao Ministério da Justiça da Islândia. Desta vez, o pedido era para receber uma declaração formal de Thordarson, na Islândia, na presença de seu advogado. O Ministério tinha um novo chefe político na época, que tinha conhecimento limitado da história anterior do caso. 

Embora o Departamento de Justiça tenha gasto recursos extremos tentando construir um caso contra Julian Assange durante a presidência de Obama, eles decidiram não acusar Assange. A principal preocupação era o que foi chamado de “O problema do New York Times”, ou seja, havia tanta dificuldade em distinguir entre as publicações do WikiLeaks e as publicações do NYT do mesmo material que ir atrás de uma das partes representaria sérias preocupações da Primeira Emenda.

Sigurdur Ingi Thordarson e Julian Assange

O procurador-geral nomeado pelo presidente Donald Trump, William Barr, não compartilhava dessas preocupações, nem tampouco seu vice-nomeado por Trump, Kellen S. Dwyer. Barr, que enfrentou severas críticas por politizar o DoJ em nome do presidente, deu o pontapé inicial no caso de Assange mais uma vez. O argumento deles era que, se pudessem provar que ele era um criminoso em vez de um jornalista, as acusações persistiriam, e era aí que o testemunho de Thordarson seria fundamental.

Em maio de 2019, foi oferecido a Thordarson um acordo de imunidade, assinado por Dwyer, que concedia a ele imunidade de processo com base em qualquer informação sobre atos errados que tivessem contra ele. O acordo, visto por escrito por Stundin, também garante que o DoJ não compartilhará tais informações para outros promotores ou agências de aplicação da lei. Isso incluiria os islandeses, o que significa que os americanos não compartilharão informações sobre crimes que ele possa ter cometido que ameacem os interesses de segurança islandeses - e os americanos aparentemente tinham muitos deles, mas ao longo dos anos não os compartilharam com seus colegas islandeses.

Em qualquer caso, Assange nunca foi suspeito de qualquer delito na Islândia. Stundin recebeu a confirmação disso do Procurador Distrital da Islândia, a Polícia Metropolitana de Reykjavik. Assange não tem nenhuma entrada na base de dados LÖKE de qualquer atividade policial ligada a um indivíduo coletada pelo Comissário da Polícia do Estado da Islândia de 2009-2021.

O advogado de Assange também inquiriu no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Islândia se os pontos da sua acusação atualizada em que a Islândia é referida como país da OTAN 1 significavam que o seu caso tinha alguma relevância para a adesão da Islândia à OTAN, o acordo de defesa bilateral entre os EUA e a Islândia ou qualquer segurança nacional interesses. Todas essas ligações foram indeferidas em resposta do adido de defesa do Ministério.


Imunidade e um novo crime pree

De acordo com informações obtidas por Stundin, o acordo de imunidade entre DoJ e Thordarson foi apresentado na sede da polícia de Reykjavik, onde a única função do policial islandês era confirmar a identidade de Thordarson antes de deixá-lo sozinho com seu advogado na sala dos fundos onde ele conheceu a delegação dos EUA.

É como se a oferta de imunidade, posteriormente garantida e selada em uma reunião em DC, tivesse encorajado Thordarson a tomar medidas mais ousadas no crime. Ele começou a tosquiar indivíduos e empresas em uma escala maior do que nunca; geralmente, adquirindo ou formando entidades legais, ele costumava pedir mercadorias emprestadas, alugar carros de luxo e até mesmo encomendar grandes quantidades de mercadorias de atacadistas sem qualquer intenção de pagar por essas mercadorias e serviços. 

Sigurdur Ingi Thordarson

Thordarson também falsificou o nome de seu próprio advogado em notificações ao registro da Company House, alegando falsamente ter aumentado o patrimônio de duas empresas para mais de 800 mil dólares americanos. O objetivo era utilizar estas entidades com sólidas posições financeiras no papel num empreendimento imobiliário.

O advogado denunciou a falsificação à polícia, onde outros casos semelhantes, junto com vários outros relatórios de furto e trapaças, agora estão se acumulando.

Quando confrontado com evidências de todos esses crimes por um jornalista Stundin, ele simplesmente admitiu tudo e explicou como uma prática comercial normal. Ele ainda não foi autuado e ainda pratica esse “negócio”. O jornal local DV relatou na semana passada que Thordarson tentou encomendar mercadorias a crédito usando um novo nome de empresa, Controle de Verminos da Islândia. Apesar de usar um nome falso e uma máscara COVID, ele foi identificado e a transação foi interrompida. Ele foi visto pela última vez fugindo em um Tesla branco, de acordo com DV.

Fonte: Stundin


Ahí les Va

Las nuevas revelaciones de un testigo clave del caso Julian Assange deja tambaleándose la práctica totalidad de las acusaciones presentadas por el Departamento de Justicia de EE.UU.

Assista ao VÍDEO


No Twitter


 

 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Sérgio Moro participa de negociações secretas entre Brasil e Estados Unidos sobre a Amazônia


O desonrado juiz Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro, em uma reunião privada bilateral EUA-Brasil sobre a floresta amazônica é motivo de preocupação. Sem cargo divulgado junto ao governo dos Estados Unidos ou do Brasil, quais interesses ele representa?



As negociações a portas fechadas entre a administração de Joe Biden e o regime de Bolsonaro estão enfrentando oposição feroz; uma nova campanha insta Biden a encerrar as negociações secretas sobre o futuro da Amazônia, depois que uma coalizão de 199 grupos da sociedade civil entregou uma carta ao governo dos Estados Unidos exigindo que qualquer discussão sobre o futuro da floresta tropical inclua o povo brasileiro.

Mas um  relato da última reunião, vazado para o Sentinel da Kennesaw State University , revela um novo componente que vai causar preocupação e confusão no Brasil: Sérgio Moro.

O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e o desgraçado juiz de Lava Jato levaram o presidente de extrema direita ao poder ao prender Lula da Silva. Após a anulação das acusações contra Lula , Moro agora enfrenta investigação pelo Supremo Tribunal Federal pelo crime de parcialidade judicial no processo e na prisão do ex-presidente.

No encontro virtual, com políticos, economistas, diplomatas e empresários brasileiros, o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, insistiu que a cúpula dos líderes climáticos de Joe Biden na próxima semana seria “a última chance do Brasil de mostrar sua preocupação ambiental, restaurar a confiança americana e expandir relações com a Casa Branca. ”

A presença de Moro nessas reuniões da Amazon é, no mínimo, incongruente. Ele não é mais membro do governo brasileiro e não possui cargo divulgado junto ao governo dos Estados Unidos ou suas agências. Para quem ele está trabalhando? Quem ele está representando?

Recentemente, ele assumiu uma  posição de parceria / diretoria com a empresa de consultoria global com sede nos EUA, Alvarez & Marsal . Quando o contratou, a empresa apresentou o ex-juiz como um especialista em “principais investigações anticorrupção” e “aconselhando clientes sobre estratégia regulatória e conformidade”.

A linha do tempo conhecida das conexões de Moro com os Estados Unidos remonta a quase 25 anos. Muito antes de ser retratado heroicamente no New York Times e na revista Time, que o nomeou entre as 100 pessoas do ano em 2016.

De um programa de intercâmbio na Harvard Law School em 1998, Moro então participou do Programa de Liderança de Visitantes Internacionais do Departamento de Estado dos EUA , “visitando agências e instituições dos EUA responsáveis ​​pela prevenção e combate à lavagem de dinheiro”.

A partir de 2009, nós o vemos vinculado ao Projeto Bridges, um esforço secreto dos EUA para estimular os funcionários públicos brasileiros a cumprir os objetivos geopolíticos revelados em telegramas vazados do Departamento de Estado . A “ colaboração informal ” do DOJ / FBI com a Operação Lava Jato surgiu do Projeto Pontes ou Pontes , e a investigação anticorrupção estava efetivamente operando como agência dos EUA, proporcionando tanto o cenário político para o impeachment de Dilma Rousseff, quanto a prevenção do retorno de Lula ao presidência dois anos depois.

Ao entrar no governo em janeiro de 2019, Moro acompanhou Bolsonaro à sede da CIA em Langley , a primeira visita de um presidente brasileiro na história. Como chefe do novo ministério da justiça e segurança, Moro supervisionou a grande expansão da jurisdição do FBI e alcance dentro do território soberano brasileiro, incluindo o estabelecimento dos chamados centros de coleta de inteligência Fusion . Em conversas que vazaram, o promotor-chefe de Lava Jato, Deltan Dellagnol, chamou a prisão de Lula de “ um presente da CIA ”.

Então, em que posição e em nome de quem Sérgio Moro está participando de negociações confidenciais entre os Estados Unidos e o Brasil sobre política ambiental? E para qual país?

Uma pista pode estar no que dizem que ele disse na reunião e em sua conversa com o embaixador dos EUA, Chapman. De acordo com o relato anônimo da reunião:

“Moro, por sua vez, perguntou se havia algo que o setor privado pudesse fazer se o governo brasileiro não cooperasse com o meio ambiente e ouviu de Chapman que muitas empresas americanas estão exigindo uma resposta mais agressiva ao meio ambiente, porque não o fazem querem pagar em nome dos envolvidos em ilegalidades e desmatamento. ”

As empresas que mais investem no desmatamento na Amazônia são membros do lobby / think tank de Wall Street Conselho das Américas , que está intrinsecamente relacionado ao Departamento de Estado, compartilhando muitos funcionários antigos e atuais, e realizando seu evento anual em sua sede o Harry S. Truman prédio.

O Conselho das Américas promoveu sem fôlego Sérgio Moro, Lava Jato e a guerra contra a corrupção no Brasil e na América Latina, o que trouxe benefícios imediatos para seus membros como Cargill, Blackrock, Rio Tinto e Chevron. Mesmo depois dos incêndios que varreram a região em 2019 , em fevereiro de 2020, sua revista interna Americas Quarterly publicou um artigo afirmando que “ o plano de Bolsonaro para a Amazônia tem verdadeiras razões para ter esperança ”. No Fórum Econômico Mundial de Davos 2017, o procurador-geral brasileiro Rodrigo Janot disse aos participantes que Lava Jato era “pró-mercado ”, uma posição política que não deveria ter. Dois anos depois, com Bolsonaro no poder, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tentou premiar oForça-tarefa Lava Jato uma propina de $ 672 milhões de dólares .

Independentemente da administração, republicana ou democrata, sempre que os Estados Unidos negociarem pela Amazônia será sempre em nome desses interesses corporativos arraigados, ao lado de quaisquer novas preocupações ambientais que possam ocupar as manchetes.

Nesse sentido, a participação de Moro nesta reunião talvez não seja surpreendente ...

Fonte: Brasil Wire


Jessé Souza

A relação íntima da Lava-Jato com os Estados Unidos - 20 de mar. de 2020

As recentes descobertas da Vaza-Jato relacionadas ao envolvimento dos Estados Unidos com a Lava-Jato são muito importantes na medida em que revelam a íntima relação entre os agentes públicos brasileiros, na figura de juízes e promotores, e o Departamento de Estado norte-americano. Essas informações comprovam por fim o que já intuíamos: o envolvimento direto dos Estados Unidos com os desdobramentos históricos ocorridos no Brasil nos últimos seis anos, indo desde ao desmonte de empresas como Petrobras e Odebrecht, passando pelo impeachment de Dilma, o governo Temer, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro, o representante político de uma verdadeira quadrilha.

Dessa forma, os Estados Unidos adotaram a estratégia de fazer uso de suas leis internas de combate à corrupção, aplicáveis apenas dentro do território norte-americano, e buscaram expandí-las para além de suas fronteiras, de modo a favorecer seus interesses particulares. Tudo isso é parte do DNA do imperialismo dos Estados Unidos, tema que discuto em profundidade no meu novo livro “A guerra contra o Brasil”. O discurso de defesa da democracia, do combate à corrupção e da defesa dos direitos humanos oculta os reais objetivos desse conluio: beneficiar as grandes corporações dos Estados Unidos e enfraquecer a competitividade das empresas brasileiras. Os encontros ocorridos entre juízes e promotores da Lava-Jato com autoridades norte-americanas foram realizados sem o conhecimento do Ministério da Justiça brasileiro e do à época ministro da Justiça, o que evidencia a sua ilegalidade e falta de transparência. Estamos, portanto, falando de um crime grave, constituído em encontros ilegais e no fornecimento de informações brasileiras estratégicas para o governo norte-americano.

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sábado, 10 de abril de 2021

Jornal francês mostra como os EUA usaram a "lava jato" para seus próprios fins


O que começou como a "maior operação contra a corrupção do mundo" e degenerou no "maior escândalo judicial do planeta" na verdade não passou de uma estratégia bem-sucedida dos Estados Unidos para minar a autonomia geopolítica brasileira e acabar com a ameaça representada pelo crescimento de empresas que colocariam em risco seus próprios interesses.



 

A história foi resgatada em uma reportagem do jornal francês Le Monde Diplomatique deste sábado (10/4), assinada por Nicolas Bourcier e Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris.

Tudo começou em 2007, durante o governo de George W. Bush. As autoridades norte-americanas estavam incomodadas pela falta de cooperação dos diplomatas brasileiros com seu programa de combate ao terrorismo. O Itamaraty, na época, não estava disposto a embarcar na histeria dos EUA com o assunto.

Para contornar o desinteresse oficial, a embaixada dos EUA no Brasil passou a investir na tentativa de criar um grupo de experts locais, simpáticos aos seus interesses e dispostos a aprender seus métodos, "sem parecer peões" num jogo, segundo constava em um telegrama do embaixador Clifford Sobel a que o Le Monde teve acesso.

Sergio Moro aprendeu os métodos 
norte-americanos de defender 
os interesses norte-americanos
 fora dos EUA

Assim, naquele ano, Sergio Moro foi convidado a participar de um encontro, financiado pelo departamento de estado dos EUA, seu órgão de relações exteriores. O convite foi aceito. Na ocasião, fez contato com diversos representantes do FBI, do Departament of Justice (DOJ) e do próprio Departamento de Estado dos EUA (equivalente ao Itamaraty).

Para aproveitar a dianteira obtida, os EUA foram além e criaram um posto de "conselheiro jurídico" na embaixada brasileira, que ficou a cargo de Karine Moreno-Taxman, especialista em combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo.

Por meio do "projeto Pontes", os EUA garantiram a disseminação de seus métodos, que consistem na criação de grupos de trabalho anticorrupção, aplicação de sua doutrina jurídica (principalmente o sistema de recompensa para as delações), e o compartilhamento "informal" de informações sobre os processos, ou seja, fora dos canais oficiais. Qualquer semelhança com a "lava jato" não é mera coincidência.

Em 2009, dois anos depois, Moreno-Taxman foi convidada a falar na conferência anual dos agentes da Polícia Federal brasileira, em Fortaleza. Diante de mais de 500 profissionais, a norte-americana ensinou os brasileiros a fazer o que os EUA queriam: "Em casos de corrupção, é preciso ir atrás do 'rei' de maneira sistemática e constante, para derrubá-lo."

"Para que o Judiciário possa condenar alguém por corrupção, é preciso que o povo odeie essa pessoa", afirmou depois, sendo mais explícita. "A sociedade deve sentir que ele realmente abusou de seu cargo e exigir sua condenação", completou, para não deixar dúvidas.

O nome do então presidente Lula não foi citado nenhuma vez, mas, segundo os autores da reportagem, estava na cabeça de todos os presentes: na época, o escândalo do "Mensalão" ocupava os noticiários do país.


Semente plantada 


O PT não viu o monstro que estava sendo criado, prosseguem os autores. As autoridades estrangeiras, com destaque para um grupo anticorrupção da OCDE, amplamente influenciado pelos EUA, começaram a pressionar o país por leis mais duras de combate à corrupção.

Nesse contexto, Moro foi nomeado, em 2012, para integrar o gabinete de Rosa Weber, recém indicada para o Supremo Tribunal Federal. Oriunda da Justiça do Trabalho, a ministra precisava de auxiliares com expertise criminal para auxiliá-la no julgamento. Moro, então, foi um dos responsáveis pelo polêmico voto defendendo "flexibilizar" a necessidade de provas em casos de corrupção.

"Nos delitos de poder, quanto maior o poder ostentado pelo criminoso, maior a facilidade de esconder o ilícito. Esquemas velados, distribuição de documentos, aliciamento de testemunhas. Disso decorre a maior elasticidade na admissão da prova de acusação", afirmou a ministra em seu voto.

O precedente foi levado ao pé da letra pelo juiz e pelos procuradores da "lava jato" anos depois, para acusar e condenar o ex-presidente Lula no caso do tríplex.

Em 2013, a pressão internacional fez efeito, e o Congresso brasileiro começou a votar a lei anticorrupção. Para não fazer feio diante da comunidade internacional, os parlamentares acabaram incorporando mecanismos previstos no Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), uma lei que permite que os EUA investiguem e punam fatos ocorridos em outros países. Para especialistas, ela é instrumento de exercício de poder econômico e político dos norte-americanos no mundo.

Em novembro daquele mesmo ano, o procurador geral adjunto do DOJ norte-americano, James Cole, anunciou que o chefe da unidade do FCPA viria imediatamente para o Brasil, com o intuito de "instruir procuradores brasileiros" sobre as aplicações do FCPA.

Sem apoio parlamentar e castigada 
pela opinião pública, Dilma Rousseff deu
 aval a medidas que acabariam 
com os planos do PT

A nova norma preocupou juristas já na época. O Le Monde cita uma nota de Jones Day prevendo que a lei anticorrupção traria efeitos deletérios para a Justiça brasileira. Ele destacou o caráter "imprevisível e contraditório" da lei e a ausência de procedimentos de controle. Segundo o documento, "qualquer membro do Ministério Público pode abrir uma investigação em função de suas próprias convicções, com reduzidas possibilidades de ser impedido por uma autoridade superior".

Dilma Rousseff, já presidente à época, preferiu não dar razões para mais críticas ao seu governo, que só aumentavam, e sancionou a lei, apesar dos alertas. 

Em 29 de janeiro de 2014, a lei entrou em vigor. Em 17 de março, o procurador-geral da República da época, Rodrigo Janot, chancelou a criação da "força-tarefa" da "lava jato". Desde seu surgimento, o grupo atraiu a atenção da imprensa, narra o jornal. "A orquestração das prisões e o ritmo da atuação do Ministério Público e de Moro transformaram a operação em uma verdadeira novela político-judicial sem precedentes", afirmam Bourcier e Estrada.


Lição aprendida


No mesmo momento, a administração de Barack Obama nos EUA dava mostras de seu trabalho para ampliar a aplicação do FCPA e aumentar a jurisdição dos EUA no mundo. Leslie Caldwell, procuradora-adjunta do DOJ, afirmou em uma palestra em novembro de 2014: "A luta contra a corrupção estrangeira não é um serviço que nós prestamos à comunidade internacional, mas sim uma medida de fiscalização necessária para proteger nossos próprios interesses em questões de segurança nacional e o das nossas empresas, para que sejam competitivas globalmente."

O que mais preocupava os EUA era a autonomia da política externa brasileira e a ascensão do país como uma potência econômica e geopolítica regional na América do Sul e na África, para onde as empreiteiras brasileiras Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS começavam a expandir seus negócios (impulsionadas pelo plano de criação dos "campeões nacionais" patrocinado pelo BNDES, banco estatal de fomento empresarial).

"Se acrescentarmos a isso as relações entre Obama e Lula, que se deterioravam, e um aparelho do PT que desconfiava do vizinho norte-americano, podemos dizer que tivemos muito trabalho para endireitar os rumos", afirmou ao Le Monde um ex-membro do DOJ encarregado da relação com os latino-americanos.

A tarefa ficou ainda mais difícil depois que Edward Snowden mostrou que a NSA (agência de segurança dos EUA) espionava a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras, o que esfriou ainda mais a relação entre Brasília e Washington.

Vários dispositivos de influência foram então ativados. Em 2015, os procuradores brasileiros, para dar mostras de boa vontade para com os norte-americanos, organizaram uma reunião secreta para colocá-los a par das investigações da "lava jato" no país. 

Eles entregaram tudo o que os americanos precisavam para detonar os planos de autonomia geopolítica brasileiros, cobrando um preço vergonhoso: que parte do dinheiro recuperado pela aplicação do FCPA voltasse para o Brasil, especificamente para um fundo gerido pela própria "lava jato". Os americanos, obviamente, aceitaram a proposta.

Dilma empossa Lula como ministro da 
Casa Civil, antes da divulgação ilegal 
de grampo ilegal de 
telefonema entre os dois

 A crise perfeita

Vendo seu apoio parlamentar derreter, em 2015 Dilma decidiu chamar Lula para compor seu governo, uma manobra derradeira para tentar salvar sua coalizão de governo, conforme classificou o jornal. Foi quando o escândalo explodiu: Moro autorizou a divulgação ilegal da interceptação ilegal de um telefonema entre Lula e Dilma, informando a Globo, no que veio a cimentar o clima político para a posterior deposição da presidente em um processo de impeachment. Moro, depois, pediu escusas pela série de ilegalidades, e o caso ficou por isso mesmo.

Os EUA estavam de olho nas turbulências. Leslie Backshies, chefe da unidade internacional do FBI e encarregada, a partir de 2014, de ajudar a "lava jato" no país, afirmou que "os agentes devem estar cientes de todas as ramificações políticas potenciais desses casos, de como casos de corrupção internacional podem ter efeitos importantes e influenciar as eleições e cenário econômico". "Além de conversas regulares de negócios, os supervisores do FBI se reúnem trimestralmente com os advogados do DoJ para revisar possíveis processos judiciais e
as possíveis consequências."

Assim, foi com conhecimento de causa que as autoridades norte-americanas celebraram acordo de "colaboração" com a Odebrecht, em 2016. O documento previa o reconhecimento de atos de corrupção não apenas no Brasil, mas em outros países nos quais a empresa tivesse negócios. Caso recusasse, a Odebrecht teria suas contas sequestradas, situação que excluiria o conglomerado do sistema financeiro internacional e poderia levar à falência. A Odebrecht aceitou a "colaboração".

A "lava jato" estava confiante de sua vantagem, apesar de ter ascendido sem a menor consideração pelas normas do Direito. "Quando Lula foi condenado por 'corrupção passiva e lavagem de dinheiro', em 12 de julho de 2017, poucos relatos jornalísticos explicaram que a condeação teve base em 'fatos indeterminados'", destacou o jornal.

Depois de condenar Lula e tirá-lo de jogo nas eleições de 2018, Sergio Moro colheu os louros de seu trabalho ao aceitar ser ministro da Justiça do novo presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, os norte-americanos puderam se gabar de pôr fim aos esquemas de corrupção da Petrobras e da Odebrecht, junto com a capacidade de influência e projeção político-econômica brasileiras na América Latina e na África. Os procuradores da "lava jato" ficaram com o prêmio de administrar parte da multa imposta pelos EUA à Petrobras e à Odebrecht, na forma de fundações de Direito privado dirigida por eles próprios em parceria com a Transparência Internacional.

Conversão lucrativa
A recompensa que Sergio Moro escolheu para si também foi o início do fim de seu processo de canonização. Depois da eleição de Bolsonaro, veio à tona o escândalo da criação do fundo da Petrobras. O ministro Alexandre de Moraes frustrou os planos dos procuradores ao determinar a dissolução do fundo e direcionar o dinheiro para outras finalidades.

Em maio de 2019, o The Intercept Brasil começou a divulgar conversas de Telegram entre procuradores e Moro, hackeadas por Walter Delgatti e apreendidas pela Polícia Federal sob o comando do próprio Moro, enquanto ministro da Justiça. Elas mostram, entre outros escândalos, como Moro orientou os procuradores, e como estes últimos informaram os EUA e a Suíça sobre as investigações e combinaram a divisão do dinheiro.

Depois de pedir demissão do Ministério, Moro seguiu o mesmo caminho lucrativo de outros ex-agentes do DOJ e passou a trabalhar para o setor privado, valendo-se de seu conhecimento privilegiado sobre o sistema judiciário brasileiro em casos célebres para emitir consultorias, um posto normalmente bastante lucrativo. A Alvarez e Marsal, que o contratou, é administradora da recuperação judicial da Odebrecht.

Fonte: Conjur


Neste documentário financiado pela comunidade da TV 247, o repórter Joaquim de Carvalho e o cinegrafista Thiago Monteiro revelam como o hacker Walter Delgatti Neto interceptou mensagens dos procuradores da Lava Jato e obteve mensagens que comprovam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de perseguição judicial, num processo internacional de lawfare. Joaquim de Carvalho deixa um questionamento para os que zelam pelo estado de direito: os crimes da Lava Jato ficarão impunes?


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domingo, 28 de fevereiro de 2021

FBI afirma saber de suposto avistamento de OVNI nos EUA


Durante um voo comercial dentro do país norte-americano, o piloto da aeronave teria transmitido por rádio uma mensagem sobre um objeto cilíndrico, que disse estar voando acima de seu avião.



O Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) dos EUA admitiu estar ciente de um suposto encontro entre uma aeronave da companhia aérea American Airlines e um suposto objeto voador não identificado que ocorreu no fim de semana passado, noticiou na sexta-feira (26) o canal Fox News.


  • O incidente em questão teria ocorrido durante uma viagem aérea de Cincinnati, Ohio, para Phoenix, Arizona, a uma altitude de cerca de 11.300 metros. O piloto do voo 2292 da empresa aérea American Airlines mencionou algum tipo de "objeto cilíndrico longo" voando acima da aeronave.

A American Airlines confirmou a autenticidade da transmissão, mas não quis dar mais comentários, aconselhando aqueles que procuravam informações adicionais a "contatar o FBI".

A agência norte-americana respondeu ao pedido de comentários da Fox News, mas se recusou a confirmar se iniciou uma investigação, segundo a mídia.



"Embora nossa política é não confirmar nem negar investigações, o FBI trabalha continuamente com nossos parceiros federais, estaduais, locais e tribais para compartilhar informações e proteger o público. Qualquer pessoa que esteja ciente de atividades suspeitas ou criminosas deve entrar em contato com sua agência local de aplicação da lei ou com o FBI."

Fonte: Sputnik Brasil


Olhar Digital

Marinha dos EUA reconhece que vídeos de OVNIs são reais - 18 de set. de 2019



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Lula: “O golpe foi feito para mudar o modelo de exploração do petróleo no Brasil”


Em entrevista à TV 247 na manhã desta quarta-feira, o ex-presidente Lula afirmou que “o golpe foi feito para mudar o modelo de exploração do petróleo no Brasil” e alertou para os prejuízos da política de preços da estatal estabelecida no governo Temer. "Nós acreditávamos que a Petrobrás seria um passaporte para o futuro", disse "E eles assenhoraram da Petrobras para obedecer aos acionistas de Nova York". Assista


Ex-presidente Lula e a plataforma da Petrobrás (Foto: ABr | Ricardo Stuckert)

247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista à TV 247, na manhã desta quarta-feira (24) que “o golpe foi feito para mudar o modelo de exploração do petróleo no Brasil". Lula foi enfático: "Está chegando a hora dos partidos de esquerda darem um basta nisso".

De acordo com o ex-presidente, "nós acreditávamos que a Petrobrás seria um passaporte para o futuro". "E eles assenhoraram da Petrobras para obedecer aos acionistas de Nova York. A Petrobrás virou exportadora de óleo cru e importadora de derivados. Subordinaram ela ao mercado internacional", disse.

Para Lula, "a verdade é que esse governo quer que o povo se dane. O povo que precisa comprar arroz que se dane. O povo que precisa comprar comida que se dane. Está chegando a hora dos partidos de esquerda darem um basta nisso. Temos que brigar cada vez mais".

Lula também destacou que os altos valores de combustíveis também se refletem nos preços dos alimentos. "As pessoas sentem o aumento dos preços (dos alimentos)", acrescentou.

 "A gasolina já aumentou 34% e o diesel 27% só em 2021. Não há sistema de transporte que suporte isso. E isso tem uma relação direta no aumento dos alimentos. Da batata, do tomate, do arroz... As pessoas vão no mercado e sentem. O golpe foi feito pra isso", continuou.

Desde janeiro, o preço da gasolina e do diesel acumulam altas de 34,7% e 27,7%, respectivamente.

Assista à entrevista de Lula à TV 247:


Lula governou o Brasil por dois mandatos, entre 2003 e 2010, e deixou o cargo com 87% de aprovação popular – a maior já registrada na história do Brasil. Depois da descoberta do pré-sal, Lula se tornou alvo de um processo de "lawfare", que consiste no uso de instrumentos do Poder Judiciário para perseguição política ou econômica. 

Em abril de 2018, por decisão do ex-juiz Sérgio Moro, Lula foi preso e permaneceu como preso político durante 580 dias. Também em 2018, ele foi impedido de disputar as eleições presidenciais, quando as pesquisas mostraram que ele venceria a disputa mesmo estando dentro da prisão. 

Sem Lula na disputa, Jair Bolsonaro chegou ao poder e vem implantando um choque neoliberal que coloca a Petrobrás a serviço de seus acionistas privados, sobretudo internacionais. Isso explica por que os combustíveis e o gás de cozinha são tão caros no Brasil.


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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Família Malcolm X diz que carta mostra NYPD e FBI conspiraram em seu assassinato


Ex-oficial disfarçado afirma em carta póstuma que foi pressionado a atrair seguranças do ativista para cometer crimes


Malcolm X in 1965. Photograph: Michael Ochs Archives/Getty Images

 
Quase 56 anos desde o dia em que Malcolm X foi assassinado na cidade de Nova York, advogados e membros da família dos direitos civis e do líder nacionalista negro divulgaram novas evidências que afirmam mostrar que o NYPD e o FBI conspiraram em seu assassinato.

Vem na forma de uma carta ao leito de morte atribuída a um ex-oficial disfarçado da NYPD que alegou ter sido pressionado por supervisores para atrair dois dos seguranças de Malcolm X a cometer crimes, poucos dias antes do assassinato em 21 de fevereiro de 1965.

 As prisões mantiveram dois homens da segurança da porta do Audubon Ballroom em Washington Heights no dia do tiroteio, segundo a carta. 

A carta, escrita por Raymond Wood, foi autorizada para liberação póstuma por um primo. Ele foi lido no sábado em uma conferência de imprensa com a presença de três filhas de X e membros da família de Wood. Não foram fornecidos detalhes sobre as circunstâncias e o momento da morte de Wood. 

“Sob a direção de meus manipuladores”, afirma a carta, “me disseram para encorajar líderes e membros de grupos de direitos civis a cometer atos criminosos”.

 No ano passado, o assassinato foi o assunto de um documentário deseis partes da Netflix, Who Killed Malcolm X ?, que revisou questões antigas sobre se dois dos três homens condenados pelo crime eram inocentes. Em 2011, um detetive da NYPD envolvido escreveu: “A investigação foi malfeita”.

O documentário levou o promotor do distrito de Manhattan, Cyrus Vance Jr, a revisar as condenações no caso. Após a coletiva de imprensa de sábado, o escritório de Vance disse que a revisão foi "ativa e contínua". Em uma declaração separada, o NYPD disse que “forneceu todos os registros disponíveis relevantes para aquele caso” a Vance e “continua empenhado em ajudar com essa revisão de qualquer maneira”.

 O FBI não fez comentários. 

Malcolm X foi baleado segundos depois de pisar em um púlpito para falar. Dias antes, ele disse a um entrevistador que acreditava que membros da Nação do Islã estavam tentando matá-lo. Ele estava sendo vigiado pelo FBI na época. Sua casa no Queens foi bombardeada uma semana antes de ele ser morto.

 Uma de suas filhas, Ilyasah Shabazz, disse na entrevista coletiva no sábado que viveu com décadas de incerteza.

 “Qualquer evidência que forneça uma maior compreensão da verdade por trás dessa terrível tragédia deve ser investigada exaustivamente”, disse ela.



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5 Frases de Malcolm X

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