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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Bombeiros de Minas vão reforçar equipes de resgate na Turquia e Síria


Militares de batalhão que atuou em Brumadinho se preparam para participar dos resgates, dificultados pelo frio e crise política


 
Frio, crises políticas, tremores secundários e danos na infraestrutura de estradas atrapalham as buscas de sobreviventes na Turquia e na Síria após o terremoto que já matou mais de 7.800 pessoas. Em toda a região, equipes de resgate trabalharam durante a madrugada e amanheceram ontem tentando encontrar sobreviventes, enquanto moradores esperam informações de parentes sob os escombros. "É uma corrida contra o tempo", disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. "A cada minuto que passa as chances de encontrar pessoas com vida diminuem." Os agentes envolvidos nos difíceis resgates, que mobilizam a comunidade internacional, vão contar também com ajuda de militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.


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Segundo o major Heitor Aguiar Mendonça, sub-comandante do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres Naturais (Bemad), que vai liderar a equipe, serão 42 militares brasileiros e seis representantes do Corpo de Bombeiros de Minas.

Ainda não há definição de para qual dos países a equipe irá, mas, segundo Mendonça, provavelmente será para a Turquia. A corporação confirmou também que já há uma equipe mobilizada e, em breve, divulgará o efetivo, local para onde será enviada, equipamentos que serão usados nos trabalhos, entre outros detalhes.
 

O Bemad tem experiência na atuação de desastres, como os rompimentos das barragens em Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais. Há também ação em casos de desmoronamentos de encostas e edificações, em que os militares fazem atividades de planejamento e inteligência, mapeamento estratégico, georreferenciamento e buscas aéreas.

📷 Homem enxuga lágrimas diante de área devastada pelos tremores
(foto: Aareb watab/afp)

O sismo de magnitude 7,8 na escala Richter matou 5.894 pessoas na Turquia, no segundo tremor mais forte em quase um século e o mais letal dos últimos 24 anos. O governo turco calcula que 5.775 prédios colapsaram. Já a Síria, segundo o regime em Damasco e equipes de resgate em zonas rebeldes, soma 1.932 óbitos. Na manhã de ontem, as Nações Unidas anunciaram que o fluxo de ajuda da Turquia para o noroeste da Síria foi temporariamente interrompido devido a danos nas estradas e a outros problemas logísticos.

"Algumas estradas estão danificadas, e outras, inacessíveis. Há questões logísticas que precisam ser resolvidas", disse Madevi Sun-Suona, porta-voz das Nações Unidas para a Coordenação de Assistência Humanitária. "Não sabemos quando os serviços serão retomados."
 
Segundo El-Mostafa Benlamlih, coordenador da ONU em Damasco, muitas pessoas preferiram passar a noite ao relento ou dentro de carros, muitas vezes em temperaturas congelantes. "A infraestrutura foi danificada, assim como as estradas que usamos para trabalhos humanitários. Vamos ter que encontrar soluções criativas para chegar às pessoas", afirmou. Antes mesmo do tremor, a organização estimava que mais de 4 milhões de pessoas no noroeste do país já dependiam de doações oriundas do exterior.

📷 Pai se despede do filho abraçado ao corpo da criança que perdeu a vida no desastre
(foto: aareb watab/afp)

O frio e a neve também atrapalharam operações de resgate no sul da Turquia, de acordo com Murat Harun Öngören, coordenador da Akut, uma das maiores organizações da sociedade civil do país para resgate e ajuda humanitária. Ao jornal britânico “The Guardian” ele afirmou que o risco de morte dos que estão presos sob os escombros aumenta com o tempo. "Garantir que as pessoas recebam ajuda adequada nas primeiras 72 horas após terremotos tão grandes e catastróficos como esse não é fácil", disse.

O tremor atingiu áreas remotas, em que as equipes de resgate enfrentam muitos obstáculos. Ali Ünlü, morador de Adyaman?, por exemplo, tentava tirar sua mãe dos destroços da casa dela desde segunda-feira. "Após o terremoto, corri para a casa da minha mãe e vi o prédio colapsado. Fiquei devastado. Esperei equipes de resgate, mas elas não apareceram. Comecei a ligar para as autoridades, mas todas as linhas foram cortadas", afirmou ele. "Está muito frio, e nós não temos comida. Já faz 24 horas que a minha mãe está presa sob os escombros. Não sei se ela ainda está viva ou não."

BARREIRA DA GUERRA Na Síria, a chegada de ajuda humanitária deve ser impactada, segundo especialistas, pela guerra civil que assola o país há quase 12 anos, uma vez que a divisão do território dificulta o atendimento da população. "A Síria segue uma questão sombria, do ponto de vista legal e diplomático", afirmou Marc Schakal, diretor do programa da ONG Médicos Sem Fronteiras no país. Em entrevista à agência de notícias AFP, ele afirmou temer que organizações locais e internacionais que atuam no território acabem sobrecarregadas, já que negociações de ajuda humanitária com países em situações do tipo são sensíveis.

O regime de Bashar al-Assad está isolado internacionalmente e é alvo de sanções – a Rússia, um de seus poucos aliados, foi um dos únicos países que prometeram o envio imediato de equipes de emergência, além de disponibilizar 300 militares russos acampados perto dali para ajudar nos resgates.

Embora tenha dito que as ajudas recebidas serão destinadas a "todos os sírios, em todo o território", o embaixador da Síria na ONU, Bassam Sabbagh, impôs uma condição: a distribuição dos auxílios tem de ser feita pelo regime. "Os acessos a partir da Síria existem e podem ser coordenados", disse o diplomata.

O problema é que províncias como Idlib, reduto ao norte do país controlado por rebeldes e jihadistas, não mantêm pontes com Damasco. Quase toda a ajuda humanitária que chega à área hoje vem da Turquia e passa pelo Bab al Hawa, ponto de acesso criado a partir de uma resolução das Nações Unidas – e que tanto para Assad quanto para Moscou representa uma violação da soberania síria.

À frente da ONG francesa Mehad, Raphaël Pitti afirma que as áreas sob domínio do regime provavelmente receberão ajuda internacional, "como acontece há 10 anos". Mas teme que a população de Idlib, que abriga 2,8 milhões de refugiados em situação dramática, fique para trás, especialmente porque as autoridades turcas já estão sobrecarregadas com suas próprias áreas devastadas pelo terremoto.

Por ora, uma fonte do governo da Alemanha, um dos que se comprometeram em ajudar a Síria, afirmou que Berlim pretende usar "os canais habituais", ou seja, por meio de ONGs. Adelheid Marschang, uma das diretoras da OMS, chamou a atenção para o fato de que Damasco deve precisar de mais ajuda da comunidade internacional do que seu vizinho, a curto e médio prazo, em razão de sua menor capacidade de resposta.

A crise humanitária no país se aprofundou nos últimos meses, quando a população passou a conviver com escassez de combustível e energia em meio a um dos invernos mais rigorosos de sua história. (Mariana Costa e Folhapress)



BBC News Brasil


Imagens de drones obtidas pela agência Reuters mostram a dimensão da destruição na província turca de Hatay, na fronteira com a Síria, uma das áreas mais fortemente atingidas pelo terremoto de 6 de fevereiro.


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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Lula, Bolsonaro, Dilma ou Temer: quem gastou mais no cartão corporativo?


Levantamento da BBC News Brasil no Portal da Transparência mostra que Lula foi o que mais usou o cartão corporativo. Entenda


📷 Foram gastos quase R$ 1,78 bilhão com cartões corporativos de 2004 a 2022, em valores atualizados(foto: Agência Brasil)


O governo de Luiz Inácio Lula da Silva disponibilizou rapidamente uma enorme planilha que detalha dezenas de milhões de reais em gastos públicos com cartão corporativo pelos últimos quatro presidentes (2003 a 2022), retirando o sigilo de milhares de operações.


Desde que os números foram revelados, apoiadores de diferentes governos passaram a discutir nas redes sociais sobre qual presidente teria usado mais o cartão: Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer ou Jair Bolsonaro?


A planilha divulgada pelo governo — após pedido da organização especializada em transparência Fiquem Sabendo — não é a fonte ideal para concluir qual deles registrou mais despesas. Os dados do Portal da Transparência, que trazem o total dos gastos com cartão por cada governo, indicam que essa planilha não traz todas as despesas feitas pelos quatro presidentes.



Por isso, a BBC News Brasil fez um amplo levantamento no portal, tanto das despesas totais com cartão, como dos gastos específicos da Presidência da República, em cada governo, desde 2004 (o portal não tem dados anteriores a isso).


 

Os números analisados pela reportagem indicam que, na média anual, a administração Lula foi a que mais gastou com o cartão, tanto quando se considera o total do governo (R$ 111,6 milhões ao ano), como quando se observa apenas as despesas da Presidência (R$ 13,6 milhões). Os valores foram atualizados pela inflação.


Na outra ponta, a administração Temer aparece como a que menos usou o cartão: R$ 66 milhões na média anual de todo o governo, e R$ 6,3 milhões na média anual da Presidência.


Já Dilma e Bolsonaro se alternam. O governo dela aparece como o segundo que mais gastou no total (R$ 105,4 milhões em média), enquanto ele aparece com o segundo maior gasto quando se considera apenas o uso do cartão pela presidência (R$ 11,3 milhões em média).


Considerando os quatro governos, foram gastos quase R$ 1,78 bilhão de 2004 a 2022 com cartões corporativos.


Eis a média anual de cada presidente, calculada após atualização das despesas pela inflação:


Gasto total do governo com cartões (média anual)


Lula: R$ 111.615.995,03

Dilma: R$ 105.359.749,99

Temer: R$ 66.018.287,49

Bolsonaro: R$ 66.859.775,58


Gasto da Presidência com cartão com cartões (média anual):

 

Lula: R$ 13.651.977,23

Dilma: R$ 10.168.224,19

Temer: R$ 6.352.463,95

Bolsonaro: R$ 11.297.276,77


Já na segunda-feira (23/01), uma nova leva de informações trouxe mais detalhes sobre o hábito de consumo presidencial, com a liberação das notas fiscais dessas operações, novamente a pedido da Fiquem Sabendo. Essas notas, porém, foram divulgadas pelo governo em papel físico e e estão sendo escaneadas pela organização. Isso permite saber os itens exatos consumidos no cartão.


A primeira leva digitalizada (cerca de 2,6 mil páginas, 20% do total) revelou que Bolsonaro usou o cartão corporativo para comprar itens como picanha, caviar, filé mignon e camarão, além de combustível para as motociatas que realizava com apoiadores.


A organização está tentando obter acesso também às notas fiscais das despesas dos governos anteriores.


A seguir, a BBC News Brasil explica melhor a diferença entre a planilha divulgada pelo governo e os dados do Portal da Transparência. E detalha também os números de cada governo levantados pela reportagem.


Planilha x Portal da Transparência


O cartão corporativo passou a ser adotado no governo Fernando Henrique Cardoso com objetivo de dar mais agilidade para compras emergenciais e de baixo valor, evitando os trâmites burocráticos de uma licitação. Seu uso, porém, tem sido acompanhado de polêmicas em diferentes governos, já que há operações com valores vultosos pouco transparentes.


Esses cartões são usados não só para despesas diretas do presidente, mas também gastos de diferentes órgãos, como os ministérios ou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que cuida da segurança presidencial. Um uso comum, por exemplo, ocorre em viagens oficiais de autoridades e servidores.


Os gastos com esses cartões são disponibilizados a cada mês no Portal da Transparência, uma ferramenta administrada pela Controladoria Geral da União (CGU) que permite acompanhar as despesas do governo. No entanto, parte do uso do cartão é mantida em sigilo — ou seja, embora o Portal traga os valores totais gastos, não é possível saber os detalhes de parte das operações, como o local da compra, o que foi adquirido e por qual servidor responsável pelo cartão.


A justificativa costuma ser a segurança de autoridades ou garantir o sucesso de ações sigilosas, como operações da Polícia Federal.


📷 A justificativa para manter gastos no cartão corporativo em sigilo costuma ser a segurança de autoridades  (foto: Getty Images)


A organização Fiquem Sabendo, especializada em transparência, chegou a solicitar a queda desse sigilo ao governo Bolsonaro, mas o pedido foi negado. A justificativa da recusa se baseou neste trecho da Lei de Acesso à Informação: "As informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição".


Com o fim do mandato de Bolsonaro, portanto, a justificativa para o sigilo caiu e as informações foram disponibilizadas pelo novo governo, junto com despesas de outros presidentes desde 2003, atendendo ao pedido da Fiquem Sabendo.


No entanto, o governo Lula liberou a planilha sem explicar o seu conteúdo, o que levantou muitas dúvidas e questionamentos sobre qual seria exatamente o escopo das despesas divulgadas.


Assim como os números do Portal da Transparência analisados pela BBC News Brasil, o conteúdo dessa planilha indica que os maiores gastos teriam sido realizados pelo atual presidente, nos seus dois primeiros mandatos (2003 a 2010). Seus apoiadores, porém, passaram a argumentar que os dados de Lula incluiriam despesas de todo governo — ou seja, não seriam apenas da Presidência da República, mas também de ministérios.


Segundo essa argumentação, as despesas de Lula estariam infladas em relação a de outros anos, que seriam restritas aos gastos da Presidência da República.


No entanto, essa informação não procede. A BBC News Brasil questionou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) no dia 13 de janeiro e, após uma semana, o órgão esclareceu que os dados divulgados na planilha se referem apenas a gastos relacionados diretamente aos presidentes, registrados no Portal da Transparência como despesas da Secretaria Especial de Administração da Presidência (unidade gestora identificada pelo código 110001).


Ainda assim, há diferenças entre o conteúdo da planilha e os dados dessa unidade gestora extraídos pela BBC News Brasil diretamente do Portal da Transparência.


Um ponto que não foi esclarecido ainda pelo governo é se os dados incluem gastos dos presidentes em viagens ao exterior, por exemplo. A planilha não parece incluir essas despesas, enquanto a CGU disse à reportagem que "é possível que despesas no exterior componham as transações" dos cartões corporativos.


A nota da Secom diz ainda que está produzindo uma nova planilha das despesas com cartão. "Haverá uma nova publicação em breve, uma vez que alguns registros não foram incluídos na extração original", respondeu o órgão.


A Secom ressaltou ainda que gastos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que foram classificados como sigilosos "permanecerão sem publicação até o posicionamento do GSI acerca da persistência ou não das razões para classificação".


Segundo o órgão, o governo "divulgará, juntamente com a nova planilha, os critérios (escopo) utilizados para extração (dos dados)".


Entenda o levantamento da BBC News Brasil


Diante do argumento de apoiadores de Lula de que não seria possível comparar os gastos no cartão corporativo porque as despesas do petista incluiriam mais órgãos do governo do que as de outros presidentes, a BBC News Brasil fez duas análises.


A reportagem comparou tanto o total gasto por cada governo, como as despesas relacionadas diretamente ao presidente, por meio da Secretaria Especial de Administração da Presidência.


Esses gastos são identificados pela CGU na categoria "cartões de pagamentos do governo federal". Os dados disponibilizados vão de 2004, segundo ano do primeiro governo Lula, até outubro de 2022. Ou seja, os dois meses finais do mandato de Bolsonaro ainda não entraram no sistema.


Em ambos os casos, foi retirada uma média anual dessas despesas para cada governo — como cada um dos presidentes governou por uma quantidade diferentes de anos, não faria sentido comparar o total.


Para essa comparação, o gasto de cada ano foi atualizado pela inflação (IPCA) até dezembro de 2022, e depois foi retirada a média de cada presidente.


No caso de Lula, como o Portal da Transparência fornece apenas dados a partir de 2004, foi feita a média de sete anos de gestão (2004 a 2010), ficando de fora o primeiro ano do mandato.


O valor total gasto pelo governo corrigido pela inflação ficou em R$ 781.311.965,24, dando uma média anual de R$ 111,6 milhões.


Já o gasto da Secretaria Especial de Administração da Presidência somou R$ 95.563.840,61 em sete anos, uma média de R$ 13,6 milhões.


Para Dilma, foram considerados os anos de 2011 a 2015 (cinco anos), já que em 2016 ela foi afastada do cargo em abril. O total do governo deu R$ 526.798.749,95, e a média anual ficou em R$ 105,4 milhões.


A despesa da Secretaria Especial de Administração da Presidência com cartão somou R$ 50.841.120,94 nos cinco anos da presidente (R$ 10,2 milhões em média)


Para Temer, foram considerados apenas 2017 e 2018, já que são os únicos anos completos de mandato, o que significou um total de R$ 132.036.574,98 para o governo e uma média de R$ 66 milhões.


No seu caso, a Secretaria Especial de Administração da Presidência gastou R$ 12.704.927,90 com cartão nos dois anos, ou R$ 6,3 milhões em média.


E, para Bolsonaro, foi feita a média dos quatro anos de governo (2019 a 2022). O total gasto por sua administração com cartões deu R$ 267.439.102,32, com a média anual em R$ 66,8 milhões.


Já a Secretaria Especial de Administração da Presidência somou R$ 45.189.107,08 no cartão. Na média anual, o gasto ficou em R$ 11,3 milhões.


Os dados disponibilizados pela CGU não têm uma apresentação padronizada. O Portal da Transparência mantém apenas dez anos de gastos dos governos (2013 a 2022) para consulta online.


"Isso se deve à necessidade de se manter um volume administrável de dados em disco, de maneira a não comprometer o desempenho do Portal", explicou a instituição.


Já as despesas com cartão corporativo de 2004 a 2012 foram enviadas em planilhas de Excel após a solicitação da reportagem.


Sigilo questionado


Para Gil Castello Branco, secretário-geral da organização Contas Abertas, o cartão corporativo deveria ser destinado, sobretudo, às despesas emergenciais ou imprevisíveis.


"Notadamente quando não há tempo, ou conveniência, para que seja feita uma licitação e que sejam emitidos empenhos e ordens bancárias", ressalta.


Na sua avaliação, é compreensível que algumas despesas sejam sigilosas, como operações da Polícia Federal que não podem ser antecipadas com emissões de notas de empenho, descrevendo previamente os nomes dos agentes, o local, e a data das compras.


"Em fóruns internacionais, são debatidos, inclusive, o sigilo ou não, por exemplo, da padaria onde é comprado o pão para a residência oficial do presidente da República. Supostamente, essa informação facilitaria um eventual atentado", acrescenta.


Na sua avaliação, porém, parte das informações não é divulgada porque as autoridades temem algum constrangimento.


"Costumo dizer que os presidentes não têm salário, e sim poupança. Tudo o que imaginarmos relacionados ao dia a dia da família presidencial e seguranças são pagos pelos cidadãos. E os presidentes, seja quem for, comem iguarias preparadas por chefs famosos, vestem-se bem orientados por estilistas, têm cabeleireiros e outros serviços pessoais à disposição, consomem bebidas alcoólicas, etc", exemplifica.


"São despesas pagas pelos contribuintes que, se reveladas, pensam as autoridades, geram constrangimento perante os eleitores", acredita Castello Branco, que defende a ampla divulgação das despesas com os cartões corporativos, com exceção apenas das que envolvam a segurança do presidente e de seus familiares.


A planilha divulgada pelo governo Lula revela, por exemplo, que todos os quatro presidentes eram clientes do mercado La Palma, um comércio gourmet em Brasília.


No total, a Presidência da República consumiu cerca de R$ 3,6 milhões nas duas unidades do mercado, em valores não atualizados pela inflação. Lula, em oito anos, usou o cartão em compras que somaram R$ 1,175 milhão. Dilma, por sua vez, gastou cerca de R$ 1,2 milhão em pouco mais de cinco anos. Já as despesas de Temer somaram R$ 492 mil em cerca de dois anos e meio. Enquanto Bolsonaro consumiu cerca de R$ 680 mil em quatro anos.


Polêmicas novas e antigas


Essas despesas têm sido alvo de polêmicas desde que o cartão corporativo foi adotado no governo Fernando Henrique Cardoso.


Em 2008, no segundo mandato de Lula, o Senado chegou a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o uso dos cartões. Um dos investigados foi o então ministro dos Esportes, Orlando Silva (PCdoB-SP), que virou alvo após pagar R$ 8,30 em uma tapioca em Brasília com o cartão corporativo. Ele alegou que se enganou no momento do pagamento e que ressarciu o valor, já que o cartão só poderia ser usado em viagens.


Também sofreu questionamento uma despesa de R$ 20.112 com diárias em hotel e alimentação, em uma viagem ao Rio de Janeiro para qual levou a esposa, sua filha bebê e uma babá. Ele argumentou que estava em agenda oficial e que a presença de sua mulher fazia parte do protocolo da viagem.


Apesar disso, Silva decidiu devolver do próprio bolso R$ 30.870,38 gastos com o cartão em dois anos como ministro.


📷 Gastos em motociatas promovidas pelo ex-presidente também aparece em cartão corporativo(foto: EPA)


No caso de Bolsonaro, algumas despesas também chamam atenção, como gastos elevados com alimentação e abastecimento de combustível em dias que o ex-presidente realizou motociatas com apoiadores.


Segundo levantamento do jornal O Globo, o uso do cartão corporativo soma R$ 1,5 milhão em dias de motociata. A maior parte envolve hospedagens em hotéis de alto padrão (R$ 865.787), alimentação (R$ 580.181), apoio logístico (R$ 36.047) e gasolina (R$ 18.691).


Quando Bolsonaro realizou uma motociata em São Paulo no dia 15 de abril de 2022, por exemplo, o cartão da presidência realizou sete compras no valor total de R$ 62.206 na lanchonete Tony e Thais, que fica em Moema.


Nessa mesma data, também foram gastos no total R$ 2.614,61 em dois postos de combustível.


Após a divulgação desses dados, foi levantado o argumento de que as despesas indicam a possibilidade de o cartão da presidência ter sido usado não só para os gastos da equipe presidencial, mas para fornecer lanches e combustível para os apoiadores que participaram da motociata.


Segundo Gustavo Badaró, professor de Direito Processual Penal da Universidade de São Paulo, se isso tiver ocorrido, o ex-presidente poderia ser enquadrado no crime de peculato (desvio de dinheiro público), que tem pena de 2 a 12 anos de prisão, além de multa.


Além disso, poderia ser cobrado a ressarcir os cofres públicos na esfera civil.


Outras despesas podem levantar esse tipo de suspeita. A planilha revela que Bolsonaro gastou R$ 55 mil em uma padaria no Rio de Janeiro um dia após a festa de casamento do seu filho Eduardo Bolsonaro, que ocorreu na cidade em 25 de maio de 2019.


- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64380490


Fonte: Estado de Minas 


terça-feira, 24 de agosto de 2021

Lula se reúne com Eunício, que votou pelo impeachment de Dilma


O objetivo é firmar um movimento do ex-presidente com outras lideranças que disputaram as eleições nos últimos anos


O deputado e o ex-presidente mantiveram diálogo nos últimos anos, mesmo sendo opositores políticos (foto: Twitter/Reprodução )

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou, em agendas diferentes, com os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Cid Gomes (PDT-CE) e o ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), em Fortaleza, nesta segunda-feira (23/8).



 As reuniões ocorreram com o objetivo de firmar um movimento do ex-presidente com outras lideranças que disputaram as eleições nos últimos anos, focando na sua possível candidatura presidencial em 2022 e em oposição a Jair Bolsonaro.

Lula foi ao Ceará na companhia da presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT) e do ex-deputado estadual Ilário Marques (PT-CE). O encontro com Tasso durou aproximadamente uma hora e ocorreu no escritório particular do tucano.

De acordo com a assessoria de imprensa do deputado, a conversa focou no cenário atual da política brasileira, na importância da defesa intransigente da democracia, no fortalecimento das instituições e no compromisso de resistência a qualquer ato ou medida que ponha em risco a democracia no Brasil. Jereissati informou ainda que não formou nenhuma aliança eleitoral.

O deputado e o ex-presidente mantiveram diálogo nos últimos anos, mesmo sendo opositores políticos. Durante a prisão de Lula, o senador enviou uma carta de solidariedade após a morte do neto do petista, em março de 2019.  

Após o encontro, Lula se reuniu com o senador Cid Gomes (PDT), irmão do ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes, que vem atacando o petista nos últimos meses. Além disso, ele encontrou com o governador Camilo Santana (PT) e teve uma agenda com o ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB).

Lula tem se encontrado com políticos do centro e deu sinais de que está planejando formar aliança com outros partidos além da esquerda, para se opor a Jair Bolsonaro na próxima eleição. De acordo com aliados do ex-presidente, o partido mais próximo é o PL, legenda "número 2" no bloco formado pelo Centrão e que hoje declara apoio a Bolsonaro.

No Ceará, PSDB e PT podem continuar sendo opostos, e os tucanos caminham para firmar aliança com o PDT, enquanto a legenda petista fala em candidatura própria.

Com informações de Estadão Conteúdo

Fonte: Estado de Minas


TV Senado

Eunício espera pelo menos 50 votos favoráveis ao encaminhamento do impeachment de Dilma - 11 de mai. de 2016

Assista ao VÍDEO



E o golpe ????



 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Efeitos mais drásticos do aquecimento global no Norte de Minas


Cenário é desolador em dezenas de municípios da região, com elevação da temperatura, desaparecimento de nascentes


O que antes era uma lagoa hoje é terra esturricada em Montes Claros: um dos efeitos do aquecimento global no Norte do estado
(foto: Fotos: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

Muitos peixes, poços e caudaloso o ano inteiro. Nos relatos do pequeno produtor Nilson Marques das Neves, de 65 anos, o Rio das Pedras fazia jus ao nome da comunidade de Água Boa, onde mora, na zona rural do município norte-mineiro de Glaucilândia. O leito, que literalmente corta o seu quintal, no fundo da casa, hoje está bem diferente da memória fotográfica dele.

Da abundância de cerca de 20 anos atrás, só restaram as pedras, com o leito seco, parecendo uma estrada. A água de outrora virou "coisa rara" e só corre no rio na efêmera e curta estação chuvosa do Norte de Minas. “Com o passar dos anos, a água foi diminuindo até acabar de vez”, descreve Nilson.

O cenário desolador enfrentado pelo pequeno produtor se repete em outras dezenas de municípios da região, onde os efeitos drásticos das mudanças climáticas são cada vez mais visíveis e permanentes, com a elevação da temperatura, o desaparecimento de nascentes, a diminuição e o secamento de centenas de rios e córregos, intempéries que deterioram mais ainda a qualidade de vida na região historicamente castigada pelas estiagens prolongadas. O drama que repete atualmente – 89 municípios norte-mineiros estão em situação de emergência por causa da seca, segundo a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams).

De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), dos 33 municípios mineiros mais críticos na chamada "vulnerabilidade climática", 13 estão na região Norte e um deles é Glaucilândia.

A dura realidade enfrentada pelo “seo” Nilson e por milhares de pequenos produtores é confirmada pelo estudo “Vulnerabilidade da Mesorregião Norte de Minas face às mudanças climáticas”, publicado pela PUC Minas e realizado por um grupo constituído pela geógrafa Letícia Freitas Oliveira e pelos meteorologistas Ruibran dos Reis (do Instituto de Meteorologista Climatempo) e Tomás Calheiros, português vinculado à Universidade de Lisboa, parceira da PUC Minas na elaboração da pesquisa. 

O levantamento analisa as mudanças climáticas projetadas a médio e longo prazos para a região, por meio dos parâmetros de temperatura média e precipitação, a partir de modelos regionais do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da Organização das Nações Unidas (ONU), no período de 2015 a 2017. “As mudanças climáticas já são realidade e seus efeitos cada vez mais catastróficos”, conclui o estudo. 

“Os efeitos das mudanças climáticas já são realidade e se mostram cada vez mais frequentes e severos. No Norte de Minas são observados extremos climáticos como ondas de calor, secas ainda mais intensas e prolongadas e chuvas cada vez mais irregulares”, afirma a geógrafa Letícia Freitas Oliveira, que mergulhou no tema ao concluir o curso de mestrado na PUC Minas. “O norte do estado é ao mesmo tempo frágil e vulnerável às variações do clima, apresenta características semiáridas e limitados recursos para se adaptar ao clima futuro”, assinala.

A especialista afirma que as mudanças climáticas, com o aumento da temperatura e da aridez, afetam diretamente a disponibilidade de água e a qualidade de vida das populações. Como o clima mais quente e seco, observa, as pessoas tendem a enfrentar dificuldades no acesso à água para irrigação, atividades agropecuárias, abastecimento e dessedentação.


Deslocamentos

“As consequências podem afetar a segurança alimentar, a biodiversidade e a saúde humana. As restrições de ocupação impostas pelo clima podem impulsionar disputas pela água e deslocamentos populacionais para áreas onde se tenha maior disponibilidade hídrica e/ou menor dependência das atividades agrárias, por exemplo”, afirma Letícia Oliveira.

Os estudos projetam a evolução das variáveis climáticas com base em cenários otimistas e pessimistas de emissões de GEE (gases de efeito-estufa). “A médio prazo (2041-2070) e longo prazo (2071-2100), estimam-se cenários mais quentes, secos e intensificação da irregularidade das chuvas.”

Um dos projetos é o "Círculo de Bananeira", sistema de reuso da água para umedecer o terreno e fazer o cultivo da banana (foto: Cleisson Carpegiane/Divulgação)


Economia impactada

O estudo da PUC Minas e da Universidade de Lisboa também aponta os prejuízos das mudanças climáticas para a economia. “Os impactos negativos nos setores agropecuário e industrial afetam diretamente a economia da mesorregião e, principalmente, das populações menos desenvolvidas. O fato que agrava a situação é o perfil socioeconômico limitado da maioria dos municípios do Norte de Minas. São populações com poucas condições de investir em medidas de mitigação e adaptação ao clima”, diz o levantamento.

A geógrafa Letícia Oliveira ressalta que os efeitos climáticos vão atingir diretamente a produção agrícola e a geração de energia em áreas vulneráveis como o Norte de Minas.

“As alterações no clima da região podem reduzir as áreas com aptidão agrícola, os ambientes favoráveis à criação de animais e os reservatórios. Os efeitos são de queda da produtividade agropecuária, limitações na irrigação, comprometimento da capacidade das usinas hidrelétricas, entre outros”, avalia.

A especialista chama atenção para os investimentos que devem ser feitos pelo Poder Público para amenizar os efeitos das mudanças climáticas na economia. “As medidas devem envolver preservação e proteção das áreas verdes, redução do desmatamento, diversificação das matrizes energéticas, considerando que o clima do norte do estado favorece o uso de energias renováveis como eólica e solar.”

A geógrafa ressalta que os povos e comunidades tradicionais do Norte de Minas devem ser vistos como estratégicos no enfrentamento da situação, pois convivem em estreita relação com os recursos naturais e detêm conhecimentos e práticas agrícolas que respeitam os limites da natureza.

O produtor Nilson das Neves se apega à fé e diz acreditar que as mudanças climáticas, com o secamento dos rios e “o fim das águas”, são consequências da própria ação do homem. “O mundo está doente porque o homem acha que o dinheiro dele é que vale mais”, afirma.

Nilson guarda na memória um fato ligado à religiosidade e aos costumes da região que prova que o Rio das Pedras, até 20 anos atrás, realmente corria o ano inteiro: “Na festa da fogueira de são-joão, em junho, o pessoal tomava banho no rio com a crença de que se fizesse não iria envelhecer”. 

O agricultor acredita que será possível o Rio das Pedras e outros cursos d’água voltarem a correr cheios como no passado. “A primeira coisa que as pessoas têm que fazer é respeitar a natureza.”

O produtor Nilson Marques das Neves, de 65 anos, dentro do que já foi o Rio das Pedras, na comunidade de Água Boa (foto: Cleisson Carpegiane/Divulgação)

Ações tentam reparar prejuízos 

A pequena Glaucilândia, de 3,2 mil habitantes, vive um paradoxo: está entre os 13 municípios do Norte de Minas incluídos na lista das 33 cidades em grau crítico de vulnerabilidade climática. Ao mesmo tempo, destaca-se pelas ações conservacionistas, que asseguraram ao município o recebimento de várias premiações estaduais e nacionais.

De acordo com o último IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), de 9 de agosto, a temperatura média anual de Glaucilândia é de 22,2ºC e tem tendência para aumentar 0,8ºC, podendo chegar à média de 23ºC em 2100.

A previsão é que, em uma situação mais dramática, o município pode ter aumento de 3,6ºC, com a média anual podendo alcançar 25,8ºC. Outros municípios vizinhos vivem situação semelhante, por terem o mesmo clima. Um deles é Montes Claros, cidade-polo da região, distante 30 quilômetros de Glaucilândia.

Na última quarta-feira (17/8), sob o sol forte, a reportagem do Estado de Minas percorreu a zona rural de Glaucilândia, deparando-se com sequidão e a escassez hídrica por onde passou. Como prova que a região já sofre os duros efeitos das mudanças climáticas, o Rio Verde Grande, um dos principais afluentes da margem direita do Rio São Francisco, está vazio em praticamente sua extensão que corta o município – apenas alguns poços ainda resistentes em pontos isolados do leito seco e assoreado. Em quadro semelhante ao Rio das Pedras (que faz parte da bacia do Verde Grande), todos os córregos do município estão esturricados: Caiçara, Tabocal, Gameleiras, “Casa de Curral”, Teixeiras e Barro Vermelho.


Consequências

O prefeito de Glaucilândia, Herivelton Alves Luiz (PSD), afirma que os efeitos das alterações climáticas são uma realidade no município, afetando os pequenos produtores. “Os nossos rios que eram perenes, hoje são todos intermitentes. Isso é um reflexo das mudanças climáticas, cujas consequências são catastróficas para o homem do campo”, diz.

Herivelton relata que praticamente todos os pequenos produtores de Glaucilândia lidam com a agricultura de subsistência. Com os danos provocados pela escassez dos recursos hídricos, ocorreu uma inversão: famílias que antes produziam e vendiam alimentos, hoje, precisam ser socorridas com a doação de cestas básicas por parte da municipalidade, que também se viu obrigada a abrir poços tubulares e pagar as despesas de manutenção deles para garantir água para as comunidades rurais.

Além da ajuda às famílias, a Prefeitura de Glaucilândia combate os efeitos das mudanças climáticas com outra estratégia: o investimento em projetos de conservação ambiental, que já garantiram várias premiações ao município. Entre as ações estão o cercamento de nascentes e a construção de barraginhas de captação de água da chuva e a distribuição de mudas para recomposição de matas ciliares.

Uma das iniciativas ambientais premiadas de Glaucilândia é o Projeto Reciclar, “Reciclar: Menos Lixo, Mais Segurança Alimentar", desenvolvido em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). O projeto estimula os moradores rurais a coletar e juntar resíduos recicláveis e trocar por mudas frutíferas certificadas, sementes de hortaliças e pintinhos.

Outra ação de destaque é o projeto “Círculo de Bananeira”, que cuida do reuso da água. Pelo sistema, o efluente de esgoto de pia é jogado em um buraco no chão, onde ocorre a decantação natural, umedecendo o terreno para cultivo da banana.

Morador da comunidade de Curral Queimado, Gilmar de Andrade é um dos pequenos agricultores do município de Glaucilândia beneficiados com a técnica do reuso da água para manter as plantações no seu quintal. Com tristeza, ele conta que o córrego do fundo de sua casa secou há anos, assim como os minadouros da região. “A água só vai voltar se plantarem árvores nas cabeceiras dos rios e córregos.”

Fonte: Estado de Minas


No Twitter


 

terça-feira, 15 de junho de 2021

Lewandowski mantém quebra de sigilo de anestesista do 'gabinete paralelo'


O ministro destacou a importância das investigações tocadas pela CPI da Covid e lamentou as mais de 487 mil mortes em decorrência da doença no Brasil.


(foto: EVARISTO SA)

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve nesta segunda-feira, 14, a quebra dos sigilos telefônico e telemático do anestesista Luciano Azevedo decretada pela CPI da Covid. O médico é apontado como integrante de um suposto gabinete paralelo ao Ministério da Saúde que teria aconselhado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a gestão da pandemia.

Ao analisar o mandado de segurança apresentado pela defesa do médico para tentar vetar a medida, o ministro concluiu que a ordem foi devidamente justificada pela comissão parlamentar.


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"As medidas determinadas pela CPI da Covid-19 quanto ao impetrante guardam pertinência com o escopo da investigação, e não se mostram, a princípio, abusivas ou ilegais, motivo pelo qual não vislumbro, ao menos neste juízo preliminar, a existência de argumentação relevante que possa ensejar a suspensão cautelar do ato combatido", escreveu.

Em sua decisão, Lewandowski lembrou que as comissões parlamentares têm 'poderes de investigação próprios das autoridades judiciais' e podem determinar diligências que julgarem necessárias no curso de suas apurações.

"Como as comissões parlamentares de inquérito empreendem investigações de natureza política, esta Suprema Corte entende que não que elas não precisam fundamentar exaustivamente as diligências que determinam no curso de seus trabalhos", explicou.

Em outro trecho do despacho, o ministro destacou a importância das investigações tocadas pela CPI da Covid e lamentou as mais de 487 mil mortes em decorrência da doença no Brasil.

"Mostram-se legítimas as medidas de investigação tomadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito em curso, que tem por fim justamente apurar eventuais falhas e responsabilidades de autoridades públicas ou, até mesmo, de particulares, por ações ou omissões no enfrentamento dessa preocupante crise sanitária, aparentemente ainda longe de terminar", afirmou.

Por se tratar de um médico, Lewandowski fez uma observação: determinou que os dados obtidos pela quebra de sigilo, sobretudo aqueles atinjam pacientes, devem ser preservados sob 'rigoroso sigilo'.

Defensor do tratamento precoce contra a covid-19, Azevedo foi citado pela médica Nise Yamaguchi como responsável pela elaboração de uma minuta de decreto para ampliar o uso da hidroxicloroquina nos casos de contaminação pelo novo coronavírus. O requerimento para quebrar os sigilos do anestesista foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira.

No final de semana, Lewandowski e o colega Alexandre de Moraes negaram recursos semelhantes, apresentados pelas defesas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e da secretária de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como 'capitã cloroquina', para derrubar suas quebras de sigilos pela comissão parlamentar.

Em posição divergente, o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu a quebra dos sigilos telefônico e de mensagem de dois ex-servidores do Ministério da Saúde, por considerar que o afastamento dos sigilos não foi justificado pela CPI.

Fonte: Estado de Minas


Rede TVT

Arthur Weintraub detalha funcionamento do "gabinete paralelo" em live - 3 de jun. de 2021

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sábado, 29 de maio de 2021

Carreata 'Fora Bolsonaro' em BH reúne centenas de manifestantes


Ato criticou a atuação do presidente na condução da crise causada pela pandemia da COVID-19


Manifestantes contra Bolsonaro levaram faixas pedindo a saída do presidente

 Manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniram neste sábado (23/01), em Belo Horizonte, para pedir o o impeachment do presidente. Eles se concentraram no entorno do Mineirão, na Região da Pampulha, de onde saíram em carreata, a partir das 16h30, rumo ao Centro da capital.

Centenas de carros ocuparam a Avenida Afonso Pena, no Centro de BH

No chão da Avenida Abraão Caram, uma longa faixa foi estendida com o seguinte dizer: "Fora, Bolsonaro/Mourão".

Manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniram na tarde deste sábado (23/01) em Belo Horizonte. Os manifestantes pedem o impeachment do presidente

Segundo os organizadores, a carreata teve início com cerca de 500 veículos, mas ganhou adesões ao longo do trajeto, chegando a reunir quase 1 mil carros.

Manifestantes usaram cartazes, balões, faixas e apitos para expressar a insatisfação com o governo federal. Muitos gritaram "Fora, Bolsonaro" e chamaram o presidente de "genocida".

Segundo os organizadores, a carreata teve início com cerca de 500 veículos, mas ganhou adesões ao longo do trajeto, chegando a reunir quase 1 mil carros.

Manifestantes usaram cartazes, balões, faixas e apitos para expressar a insatisfação com o governo federal. Muitos gritaram "Fora, Bolsonaro" e chamaram o presidente de "genocida".


 

 Ao passar pelos hospitais, foi feita a recomendação de que o ritmo fosse acelerado e que não houvesse barulho.


 

No início da noite, a carreata ocupou a Avenida do Contorno, com mais gritos de "Fora, genocida". Centenas de veículos seguiam o protesto com buzinaço.


 

 

 A carreata chegou ao fim na Avenida dos Andradas, por volta das 19h40, quando os coletivos que integraram o evento agradeceram a participação das centenas de veículos.

 

Desabafos pintados nos carros

A petição dos protestantes, em grande maioria, foi motivada pelo negacionismo em que o presidente encara a pandemia do novo coronavírus

Durante a concentração, a advogada Fabíola Raggi, de 53 anos, tentava fazer de seu carro uma caderneta de desabafo. "O espaço é pequeno pra falar tudo que eu quero", disse, enquanto pintava o veículo com dizeres contrários ao presidente.

"Ninguém aguenta mais esse desgoverno. Olha o preço do alimentos... Ninguem merece! Nada que ele fez presta. Fora as mortes do coronavírus que nem se fala. Acho que esse protesto dá força para os congressistas ouvirem o povo que já está farto", justifica Fabíola.

Erguendo uma bandeira branca intitulada com o nome do protesto, a professora universitária Janice Aparecida de Souza, de 53, saiu de casa determinada a fazer história: "Espero que o Brasil seja mais amoroso e inclusivo. Estou aqui hoje na expectativa de que a carreata nos leve a conseguir o impeachment do Bolsonaro".

Já a estudante Tayane Cristine Chaves de Oliveira, de 31, chamou o presidente de "genocida" e o responsabilizou pela crise sanitária, financeira e política do país.

"Vim lutar pelos direitos dos brasileiros. Por uma qualidade de vida melhor, pela democracia. Para vacina para todos. Lutar pelo auxílio emergencial. O povo não pode ficar sem renda básica pra sobreviver. O governo Bolsonaro é genocida. No momento que o povo mais precisa ele não prestou ao cidadão brasileiro. Estamos carentes, sem governo", reclama Tayane.


Câmara já tem mais de 60 pedidos de impeachment


Bolsonaro é o líder do executivo que mais recebeu pedidos de impeachment na história do Brasil. Até agora foram mais de 60 pedidos apresentados ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A lei que dá base para a maioria dos pedidos apresentados é a 1.079, de 1950, que discrimina os crimes de responsabilidade.

Segundo a norma, se enquadram neste tipo de crime os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal e especialmente contra a existência da União, o livre exercício dos poderes, a segurança interna do país, o direito político dos indivíduos, a probidade administrativa, a lei orçamentária e o cumprimento das decisões judiciais. 

Fonte: Estado de Minas


UOL

Manifestantes caminham com bandeirão com gritos de "Fora Bolsonaro" em Belo Horizonte

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Merck, que produz a Ivermectina, afirma que ela não funciona para COVID-19


A farmacêutica informou que os estudos continuam, mas com os dados disponíveis no momento o medicamento não possui eficácia contra o coronavírus



O medicamento já foi recomendado como eficaz para o tratamento do coronavírus pelo Ministro da Saúde e pelo presidente Jair Bolsonaro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 A empresa farmacêutica Merck, responsável pela produção da Ivermectina, divulgou nesta quinta-feira (4/2), um comunicado em seu site afirmando que o medicamento não funciona para o tratamento da COVID-19

No texto, a farmacêutica informa que os cientistas da empresa continuam examinando cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis de ivermectina para o tratamento de COVID-19, buscando evidências de eficácia e segurança. Mas ressalta que, até o momento, a análise feita por eles identificou:

- Nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra COVID-19 de estudos pré-clínicos;

- Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença COVID-19, e; 

- A preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.

Ainda segundo o comunicado, a farmacêutica não acredita que “os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora.”

Fonte: Estado de Minas


Band Jornalismo

Ivermectina não é eficaz contra a Covid-19, garante fabricante

A Merck, farmacêutica que produz a ivermectina, informou que o medicamento não é eficaz para o tratamento da Covid-19. A empresa disse que seus estudos não encontraram base científica para um efeito contra a doença. Confira!

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sábado, 14 de novembro de 2020

Matança de maritacas, pombos e micos revolta moradores do Luxemburgo, em BH


Foto meramente ilustrativa (foto: Unsplash/Banco de Imagens/Angel Santos)

 Moradores do bairro têm testemunhado diariamente a morte de pássaros e outros animais; muitos deles por tiros de chumbinho

Moradores do Bairro Luxemburgo, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão horrorizados com a matança de animais que vem acontecendo nos últimos três meses. Residente na região há 30 anos, a administradora Eliane Porto Grimaldi de Castro, de 64, relata ter encontrado mortos diferentes espécies de pássaros, pombas, maritacas e até micos. Os bichos são frequentemente atingidos por tiros de espingarda de chumbinho, e, conforme muita gente testemunhou, os responsáveis pela crueldade são adultos.

"Moro em uma casa cheia de árvores e muitas vezes os animais caem no meu quintal mortos ou feridos. Quando estão feridos, não conseguimos tratar, alimentar e, como nem sabemos para onde levar ou como agir, eles acabam morrendo também. Como em uma ocasião quando apareceu uma maritaca, muito nervosa, e não conseguimos nem pegar para ajudar. A vi agonizando", diz Eliane.


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Conversando com colegas que trabalham no Belvedere, a empregada doméstica de Eliane conta que por lá está acontecendo a mesma coisa. A moça já presenciou diversas vezes os autores do que Eliane chama de chacina. "Ela disse 'estou vendo o que vocês estão fazendo', ao que responderam, 'matamos mesmo, odiamos passarinhos'".

A dificuldade em denunciar em muito se dá pela não identificação dos responsáveis pelos maus-tratos. A administradora diz até que um deles é um policial. Uma tentativa considerada seria recorrer às igrejas para começar uma campanha. "Pensei em espalhar cartazes pelas ruas. Estamos procurando agora a mídia para ver se conseguimos sensibilizar as pessoas sobre a situação", diz Eliane.

Uma fêmea de mico também foi vista carregando seu filhote morto, no que parece ser um caso de envenenamento. E, das maritacas que costumavam aparecer aos bandos no quintal de Eliane, sempre pela manhã e no fim da tarde, quase não sobrou nenhuma.

"Os moradores simplesmente vêem os animais mortos e jogam no lixo. Não tem explicação. Acho que as pessoas enlouqueceram com a pandemia. Os bichos não têm culpa da COVID. É de cortar o coração."

Fonte: Estado de Minas

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