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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Greta Thunberg detalha como foi torturada por “israel”: “eles me batiam, me chutavam e me chamavam de puta”


Ativista sueca detalha a forma como foi maltratada após a Global Sumud Flotilla ter sido sequestrada e seus membros presos pela ditadura israelense, por tentaram levar comida aos famintos em Gaza


 Mala pichada por soldados israelenses com a inscrição em inglês "Greta puta", o desenho de um pênis e a bandeira de "israel". (Foto: Magnus Wennman/Aftonbladet)

Por Lisa Röstlund*


Espancamentos, chutes e ameaças de serem asfixiados com gás dentro de jaulas.

Greta Thunberg e vários outros integrantes da flotilha agora compartilham detalhes sobre seus cinco dias de cativeiro em Israel – e como funcionários do Ministério das Relações Exteriores da Suécia os deixaram sem ajuda.

A investigação do Aftonbladet mostra como o ministério minimizou os abusos em suas comunicações.

A mala vermelha dela está no corredor. “Greta puta”, alguém escreveu em grandes letras pretas. Ao redor do texto: uma bandeira israelense e um pênis ereto. [Foto acima]

A bagagem foi confiscada no barco pelos militares israelenses – e devolvida a ela desse jeito. Greta ri.

– São como crianças de cinco anos!

Encontramos Greta Thunberg em casa, no alojamento coletivo onde vive com amigos. O sol de outono entra pelas janelas. Tomamos café. As paredes estão cobertas de cartazes de manifestações ao redor do mundo.

Ela dormiu apenas meia hora na noite anterior. Um pesadelo com barcos bombardeados a acordou.

Ela não quer manchetes sobre si mesma e sobre a tortura à qual diz ter sido submetida. Essa foi uma das primeiras coisas que disse na noite em que voltou para casa, em uma coletiva de imprensa na Sergels Torg, junto com vários dos outros suecos que participaram da grande Global Sumud Flotilla, que tentou levar ajuda emergencial a Gaza.

E ela mantém essa posição.

– Não se trata de mim nem dos outros da flotilha. Há milhares de palestinos, centenas deles crianças, que estão sendo mantidos sem julgamento neste momento, e muitos deles provavelmente estão sendo torturados, diz Greta Thunberg.


Após troca de “prisioneiros”, mais de

 11 mil palestinos seguirão trancafiados nos

 campos de concentração israelenses


A história, ela enfatiza, é sobre solidariedade internacional, sobre pessoas se unindo para fazer o trabalho que os governos não fazem.

– E, acima de tudo, trata-se das pessoas que vivem em Gaza.

Mas há muito interesse público, e a forma como ela foi tratada reflete algo.

– Isso mostra que, se Israel, com o mundo todo observando, pode tratar dessa maneira uma pessoa famosa, branca, com passaporte sueco, imagine o que fazem com os palestinos a portas fechadas.

Acaba de chegar a notícia de que um menino palestino da Cisjordânia, da mesma idade de Greta, morreu sob custódia israelense.

– O que passamos é apenas uma parte minúscula do que os palestinos vivem. Nas paredes das nossas celas, vimos buracos de bala com manchas de sangue e mensagens gravadas por prisioneiros palestinos que estiveram lá antes de nós.

Peço que ela descreva o bombardeio do barco, ocorrido na costa da Tunísia, no início de setembro. Ela teria estado a bordo naquele exato momento, não fosse chamada para ajudar em uma coletiva de imprensa. Agentes de inteligência americanos declararam à CBS que o ataque foi ordenado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Ela menciona os produtos químicos lançados sobre os barcos e diz que nunca mais conseguirá olhar para um céu estrelado sem pensar em drones.

Greta Thunberg quer destacar a tripulação de 500 pessoas das 42 embarcações que compunham a flotilha. Professores, médicos, pesquisadores, estudantes, parlamentares, pequenos empresários. O mais jovem tinha 18 anos; o mais velho, 78.

Todos eram pessoas com diferentes histórias de vida.

Ela conta a história de participantes judeus que conheceu e que a tocaram profundamente.

– Vários cresceram em famílias muito pró-Israel. Eles deixaram tudo para trás e foram, arriscando a vida e se posicionando para que o que está acontecendo em Gaza não acontecesse em seu nome. Mas, em vários casos, isso fez com que suas famílias cortassem contato com eles.

Greta Thunberg precisa comer algo e esquenta uma panela de feijão que estava na geladeira. No balcão da cozinha há beterrabas e outros vegetais de uma recente coleta em latas de supermercados – comida descartada, resgatada e trazida para casa.

Avançamos para a noite em que o barco foi abordado pelos militares israelenses. Homens de rostos cobertos e armas automáticas subiram a bordo — a operação foi transmitida ao vivo pelos canais da flotilha e vista por pessoas em todo o mundo. Várias testemunhas entrevistadas pelo Aftonbladet descrevem como as armas foram apontadas para seus rostos. Eles foram levados ao convés inferior e obrigados a sentar em círculo, sem se mover, enquanto o barco era levado à costa.

– Estava extremamente quente lá embaixo. Mal conseguíamos sentar. Os que não estavam nos vigiando andavam pelo barco, destruindo coisas e jogando tudo ao redor.

Ela não sabe o que aconteceu com a comida, os remédios, as fraldas e o leite infantil – a ajuda destinada a Gaza.

Depois de cerca de 20 horas, chegaram a Ashdod, o maior porto industrial de Israel, a 40 quilômetros ao sul de Tel Aviv. Um soldado apontou para Greta e disse: “Você primeiro, vamos!”, relata ela.

Ela não pôde usar a camiseta com os dizeres “Free Palestine” e foi obrigada a trocar de roupa, explica. Vestiu uma camiseta laranja com o texto “Decolonize”.

– E então coloquei meu chapéu de sapo. Quando estava prestes a descer do barco, havia um monte de policiais me esperando. Eles me agarraram, me jogaram no chão e atiraram uma bandeira israelense sobre mim.

A partir daí, tudo “foi do zero ao cem”, descrevem várias testemunhas – a violência escalou.

Greta conta que foi arrastada para uma área pavimentada cercada por grades de ferro. Essa é uma cena longa, que durou mais de seis horas, segundo ela, e confirmada por vários participantes da flotilha entrevistados pelo Aftonbladet.

– Era algo distópico. Vi talvez 50 pessoas ajoelhadas em fila, algemadas, com a testa no chão.

Greta se levanta do sofá e deita no tapete listrado da sala, mostrando a posição.

– Eles me arrastaram para o lado oposto de onde os outros estavam e deixaram a bandeira sobre mim o tempo todo. Eles me batiam e chutavam.

Greta ri.

– Depois arrancaram meu chapéu de sapo, jogaram no chão, pisotearam e chutaram, como se estivessem tendo um acesso de raiva.

– Depois me moveram, de forma muito brutal, para um canto, voltada para a parede. “Um lugar especial para uma dama especial”, disseram. E tinham aprendido as palavras “Lilla hora” (putinha) e “Hora Greta” (Greta puta) em sueco, que repetiam o tempo todo.

Toda vez que alguém levantava a cabeça do chão, era derrubado novamente, contam Greta e os outros suecos. No canto onde Greta estava sentada, os policiais colocaram uma bandeira.

– A bandeira foi colocada de forma que me tocasse. Quando ela tremulava e encostava em mim, gritavam “Não toque na bandeira” e me chutavam na lateral. Depois de um tempo, amarraram minhas mãos com enforca-cabos, bem apertado. Uma fila de guardas se formou para tirar selfies comigo enquanto eu estava sentada daquela forma.


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– Eles pegaram minha bolsa e jogaram fora tudo o que interpretaram como relacionado à Palestina. Pegavam cada item e olhavam nos meus olhos enquanto o cortavam lentamente com uma faca, enquanto dez pessoas tiravam selfies.

De repente, o ministro da extrema direita Itamar Ben-Gvir entrou na área e ficou diante de todos, conta Greta.

– Ele gritava: “Vocês são terroristas. Querem matar bebês judeus.” Os que responderam foram levados para o lado e espancados. Foram jogados no chão e agredidos. Mas eu só conseguia ver de relance, porque toda vez que levantava a cabeça do chão, levava um chute do guarda ao meu lado.

Ela descreve uma cena muito comovente.

– Eu precisava ir ao banheiro e pedi permissão. Então tive que ser conduzida por entre as pessoas sentadas, e elas me viram.

Uma integrante sueca da delegação disse: “Estamos com você, Greta.”

– Então ela foi levada de lado e agredida, diz Greta.

– Quando continuo passando pelas fileiras de pessoas, elas dizem “Slay!”.

(Slay originalmente significa “matar violentamente”. Mas, como gíria da internet, quer dizer fazer algo de forma incrível. Greta usa essa palavra o tempo todo.)

– Eles diziam “Slay” porque sabiam que é uma palavra minha. E quem dizia “Slay” apanhava dos guardas. Continuei andando e alguém gritou “Slaaaay”. E então mais e mais pessoas começaram a gritar “Slay”, e quando todos gritavam, eles não conseguiam bater em todo mundo. Foi…

Ela faz uma pausa e sorri.

Greta foi então levada para dentro de um prédio, para ser revistada e despida.

– Os guardas não têm empatia nem humanidade, e continuavam tirando selfies comigo. Há muita coisa que eu não lembro. Muita coisa acontece ao mesmo tempo. Você está em choque. Está com dor, mas tenta manter a calma.

De repente, ela foi arrastada para um armário de limpeza, onde foi forçada a ajoelhar-se.

– Então Ben-Gvir e sua equipe de mídia entraram, ficaram ali filmando, e ele disse: “Eu vou pessoalmente garantir que você seja tratada como terrorista e apodreça na prisão. Você é Hamas. Você é terrorista. Quer matar bebês judeus.” Enquanto ele gritava, eu me mantive o mais calma possível e citei convenções da ONU, dizendo que Israel não é imune e deve respeitar o direito internacional. Achei que estavam gravando isso para divulgar, mas nunca vi esse vídeo sendo publicado.

– Talvez você tenha respondido bem demais, diz uma das amigas de Greta.

O próprio Ben-Gvir depois contou à imprensa sobre sua visita à prisão – e se gabou do tratamento duro dado aos prisioneiros. Ele descreveu isso como uma política que ele mesmo havia ordenado.

– “Tenho orgulho de que tratemos os ativistas da flotilha como apoiadores do terrorismo”, disse ao jornal Yedioth Ahronoth. “Eles devem experimentar as condições da prisão de Ketziot e pensar duas vezes antes de voltar a Israel. É assim que funciona.”

Após esse encontro no armário de limpeza, Greta relata intermináveis reuniões com autoridades que queriam que ela assinasse papéis declarando, entre outras coisas, que havia entrado ilegalmente em Israel – o que se recusou a fazer. Então suas mãos foram novamente amarradas com enforca-cabos, ela foi vendada e colocada em uma pequena cela dentro de um carro, onde passou uma noite fria com outros prisioneiros.

– Estava gelado. Estávamos de camiseta.

Depois foi levada para a prisão. Lá fora, foi novamente obrigada a se despir, conta.

– Era zombaria, tratamento bruto, e tudo era filmado. Tudo o que faziam era extremamente violento. Jogavam os medicamentos das pessoas no lixo na frente delas – remédios cardíacos, medicamentos contra o câncer, insulina.


Dentro da prisão, havia um grande mural cobrindo uma parede, mostrando uma Gaza bombardeada e pessoas fugindo, com um texto em árabe: “A nova Gaza”, ao lado de uma grande bandeira israelense, diz ela.

 

Na prisão, ela foi mantida em diferentes celas. Às vezes, em uma de cerca de 15 metros quadrados com outras 13 pessoas. Foram muitos dias — quatro, talvez? O tempo se confundia, não havia relógios. Quase não recebiam comida nem água potável durante todo o cativeiro, sendo obrigados a beber da torneira do lavabo do banheiro, de onde saía algo marrom. Vários ficaram doentes.

– Você sentia que não podia “se dar ao luxo” de chorar porque estava desidratado demais.

– Estava tão quente, tipo 40 graus. Pedíamos o tempo todo: “Podemos ter água? Podemos ter água?” No fim, gritávamos. Os guardas passavam diante das grades o tempo todo, rindo e exibindo suas garrafas de água. Jogavam as garrafas cheias no lixo, na nossa frente.

Em certo momento, cerca de 60 pessoas foram colocadas em uma pequena jaula ao ar livre, sob o sol, segundo vários participantes da flotilha. A maioria não tinha espaço nem para se sentar.

– Quando as pessoas desmaiavam, batíamos nas grades e pedíamos por um médico. Então os guardas vinham e diziam: “Vamos asfixiar vocês com gases.” Era algo padrão para eles. Erguendo um cilindro de gás, ameaçavam nos atingir com ele.

Durante as noites, os guardas passavam regularmente balançando as grades, apontando lanternas, e várias vezes por noite nos obrigavam a ficar de pé.

Greta relata que foi colocada em uma cela de isolamento cheia de insetos. Hora após hora, sem saber quanto tempo se passava. Ela cantava uma música para se acalmar.

– Mas precisei parar depois de um tempo, porque cantar aquela música era fisicamente exaustivo.

Greta foi levada para reuniões particulares com várias autoridades, diplomatas e políticos, inclusive representantes do governo.

– Eles disseram: “Oferecemos você ao Hamas em troca de reféns”, e ficaram me encarando em silêncio. Quando perguntei depois de um tempo “Do que se trata isso?”, responderam: “Estávamos brincando.” Outros repetiam: “Isto não é genocídio. Confie em nós – se quiséssemos cometer um genocídio, poderíamos fazê-lo.”

Por cinco minutos no porto, os suecos puderam encontrar um advogado; depois disso não houve assistência jurídica. Só na sexta-feira é que três funcionários da embaixada sueca em Tel Aviv apareceram para ver os suecos — em uma jaula, ao ar livre.

– Estávamos juntos e contamos a eles sobre o tratamento que recebemos. Sobre a falta de comida, de água, sobre os abusos. A tortura. Mostramos nossas lesões físicas — hematomas e arranhões. Deixamos todos os nossos contatos — dei o número do meu pai e o número do nosso contato na organização. Fomos claros: tudo o que dissermos agora deve ser divulgado à mídia.

Segundo Greta Thunberg, a resposta foi que o trabalho deles era nos escutar.

– Eles não fizeram nada, disseram apenas: “Nosso trabalho é ouvi-los. Estamos aqui e vocês têm direito a apoio consular.”

– Dissemos repetidas vezes: precisamos de água. E eles viam que os guardas tinham garrafas d’água. O pessoal da embaixada disse: “Vamos tomar nota disso.” Um de nós, Vincent, disse: “Da próxima vez que nos encontrarmos, vocês devem trazer água.”

Demorou então dois dias até que o pessoal da embaixada voltasse a aparecer.

– Eles não trouxeram água, exceto uma garrafinha pequena pela metade, que era deles — Vincent, que estava em pior estado, conseguiu bebê-la. Continuávamos pedindo aos guardas “Podemos ter água?”, mas eles só andavam com suas garrafas e não respondiam.

Finalmente, o grupo sueco decidiu, na presença do pessoal da embaixada, recusar voltar às celas até que lhes dessem água, segundo várias testemunhas ouvidas pelo Aftonbladet. Mas então o pessoal da embaixada quis sair da prisão, alegam.

– Eu disse: “Vocês vão nos deixar assim? Se saírem agora, vão nos espancar.” Mas eles continuaram andando.

Vários participantes relataram que uma ativista ficou furiosa e chutou a lixeira onde os guardas haviam jogado as garrafas de água. As garrafas se espalharam pelo chão; Greta e os outros se atiraram ao chão e apressaram-se a abrir as garrafas para beber o que restava.

“O pessoal da embaixada vê isso e segue andando.”

No mesmo dia em que os participantes foram libertados após cinco dias de cativeiro, o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson disse à mídia sueca que foi “muito estúpido” viajar para Gaza apesar dos avisos.

Quando o Aftonbladet compara os e-mails enviados pelo Ministério das Relações Exteriores a parentes com o que os detidos dizem ter contado ao pessoal da embaixada, fica claro que a gravidade da situação foi minimizada.

O Ministério descreve a cena no porto, onde Greta foi espancada por horas, assim: “Ela nos falou sobre tratamento duro e que esteve sentada sobre uma superfície dura por muito tempo.”

No sábado, vários meios publicaram depoimentos de que Greta havia sido submetida à tortura.

Em um e-mail visto pelo Aftonbladet, seu pai Svante Thunberg relatou isso ao Ministério das Relações Exteriores:

– Quando o que me enviaram por e-mail não corresponde ao que ela lhes disse, sinto que toda a resposta e o contato são uma traição e pura provocação. Parecia que eu era uma peça em uma guerra cultural, enquanto ao mesmo tempo li que o ministro israelense responsável admitia abertamente que foram submetidos a tortura, de acordo com as leis aplicáveis, diz seu pai, Svante Thunberg.

Aftonbladet conversou com três outros membros da flotilha que confirmam em grande parte o relato de Greta e que também sofreram vários tipos de abuso e humilhação. Falamos também com parentes. Todos criticam fortemente a atuação do pessoal da embaixada sueca.

Uma delas é Marita Rodriguez, cujo marido Tomas esperava em casa com o filho Malik.

– Pedimos que nos repassassem todas as informações que lhes demos e que notificassem nossos familiares. Por que omitiram as coisas mais importantes que dissemos?

Marita tem dupla cidadania, sueca e chilena.

– Vimos um cônsul do Chile. Quando não lhe foi permitido entrar, ele tentou ultrapassar os guardas. Foi um contraste enorme com o pessoal do Ministério das Relações Exteriores sueco, que não parecia protestar. Ali havia alguém tentando desafiar os guardas, dizendo: “Oi, sou seu cônsul do Chile. Só quero saber: como vocês estão?”

Outro prisioneiro foi Vincent Storm, que descreve abuso e humilhação.

– Eles não fizeram nada. Estou tão decepcionado. Vimos delegações de outros países, como a França, enviando seus embaixadores, e eles podiam beber água e comer biscoitos nas reuniões. A embaixada sueca não fez nada, diz ele.

Aftonbladet teve acesso à correspondência por e-mail entre a parceira de Vincent, Rebecca Karlsson, e o Ministério. Em um dos e-mails, o Ministério escreve, entre outras coisas, que Vincent recebeu água: “Durante a visita, ele pôde beber uma garrafa de água que a embaixada trouxe com eles.”

– Mas era uma garrafinha pequena e pela metade que o pessoal da embaixada trouxe para si — e mais ninguém recebeu água. Eles embelezaram a realidade, diz Rebecca Karlsson.

Todos os participantes da flotilha e parentes ouvidos pelo Aftonbladet descrevem de forma semelhante que os testemunhos dos detidos sobre suas experiências foram amaciados pelo Ministério das Relações Exteriores nas comunicações com os familiares. Vários parentes não receberam nenhum relato de seus entes detidos.

“Vamos denunciar o Ministério das Relações Exteriores ao Comitê de Ombudsman Parlamentar por não defender os direitos dos cidadãos suecos”, diz Rebecca Karlsson, que trabalha como gestora em serviços municipais.

Aftonbladet contatou o primeiro-ministro Ulf Kristersson, cujo secretário de imprensa remeteu ao Ministério das Relações Exteriores. Ninguém na embaixada sueca em Tel Aviv quis conceder entrevista.

Em um e-mail ao Aftonbladet, a ministra das Relações Exteriores Maria Malmer Stenergard escreve:

“Os cidadãos suecos se expuseram a grande risco. A Global Sumud Flotilla navegou para Gaza novamente com o mesmo resultado da última vez; nenhuma ajuda emergencial chegou à população civil em Gaza com seus navios.”

Aftonbladet conversou com vários especialistas críticos à atuação do governo. Um deles é o advogado Linus Gardell, que aponta que o ataque às embarcações de ajuda constituiu crime segundo a lei sueca e o direito internacional.

– O silêncio do governo é espantoso, diz ele.

– É difícil de entender, diz Said Mahmoudi, professor emérito de direito internacional na Universidade de Estocolmo.

* Jornalista sueca. Reportagem publicada no jornal Aftonbladet em 15/10/2025.



Fonte:  FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil


 

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Nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, o Gabinete do Procurador (“OTP”) pode analisar informações sobre alegados crimes da jurisdição do Tribunal Penal Internacional (crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e agressão), que lhe sejam submetidos. de qualquer fonte. Isto pode ocorrer durante exames preliminares, bem como no contexto de situações sob investigação. O formulário abaixo pode ser usado para enviar tais informações, também conhecidas como “comunicações”, ao OTP de forma anônima ou nomeada. Gostaria de agradecer-lhe por dedicar seu tempo para enviar informações ao Ministério Público.

Promotor, Karim AA Khan KC


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domingo, 17 de novembro de 2024

VÍDEO: Soldado israelense se filma destruindo ajuda humanitária aos habitantes de Gaza


O vídeo teria sido filmado na cidade de Jabalia, no norte de Gaza, onde dezenas de pessoas morreram no domingo em consequência de um bombardeamento israelita


Captura de tela - Redes sociais

 

Um vídeo de um soldado israelense destruindo suprimentos humanitários destinados aos habitantes de Gaza com uma escavadeira se espalhou nas redes sociais. O vídeo teria sido filmado na cidade de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, onde dezenas de pessoas foram mortas por um bombardeio israelense no domingo.



Entretanto, os palestinos no norte de Gaza sofrem de fome há mais de um mês devido ao cerco rigoroso de Israel. Em Outubro, um grupo de generais reformados  apresentou  às autoridades israelitas um controverso plano de “rendição ou fome” para bloquear completamente a entrega de ajuda humanitária ao norte do enclave palestiniano, colocando em perigo quase meio milhão de pessoas.

Fonte: RT en Español


AJ+Español


As forças israelitas permitiram a entrada de ajuda no norte de Gaza pela primeira vez em mais de um mês e depois incendiaram os abrigos onde a ajuda era entregue.



 geopol•pt


As forças israelitas permitiram a entrada de ajuda humanitária na escola de acolhimento de Beit Lahiya só para poder continuar a receber ajuda militar dos EUA, e depois bombardearam o local, assassinando civis e destruindo a escola.



 TRT World


“Após o deslocamento, sua condição piorou ainda mais e seu peso caiu”

A mãe de Mohammed Abu Odeh, de 7 anos, compartilha as dificuldades de seu filho, cuja paralisia cerebral piorou devido à desnutrição severa causada pelo ataque contínuo de Israel a Gaza.



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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Erdogan reafirma apoio à Palestina em reunião com Abbas


Erdogan enfatiza o apoio inabalável da Turquia à causa da Palestina e seu comprometimento em aumentar a pressão internacional sobre Israel


O presidente turco Recep Tayyip Erdogan (D) aperta a mão ao receber o presidente palestino Mahmoud Abbas (E) em uma cerimônia oficial no Complexo Presidencial em Ancara, Türkiye, em 14 de agosto de 2024. / Foto: AA

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan se encontrou com o presidente palestino Mahmoud Abbas no Complexo Presidencial para discutir a violência contínua de Israel nos territórios palestinos e as medidas necessárias para um cessar-fogo permanente em Gaza.

Durante a reunião, os líderes abordaram as atrocidades cometidas por Israel na Palestina e examinaram estratégias para trazer uma paz duradoura.

O presidente Erdogan enfatizou o apoio inabalável da Turquia à causa legítima da Palestina e seu comprometimento em aumentar a pressão internacional sobre Israel.

“A Turquia continuará apoiando a justa causa da Palestina e trabalhando para deter Israel”, disse Erdogan.



 O presidente turco condenou as ações de Israel, destacando o massacre de civis, incluindo bebês, o deslocamento de palestinos inocentes e os ataques a escolas, hospitais e abrigos civis em Gaza.

“É inaceitável que alguns países ocidentais permaneçam em silêncio sobre tudo isso e continuem a ajudar Israel”, disse ele.

Erdogan apelou à comunidade internacional, particularmente ao mundo muçulmano, para que intensifique os esforços para garantir um cessar-fogo imediato em Gaza e garantir a entrega ininterrupta de ajuda humanitária aos palestinos.

O presidente turco também expressou sua satisfação pelo fato de o presidente Abbas discursar na Grande Assembleia Nacional Turca na quinta-feira.



FONTE: TRT World


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domingo, 7 de julho de 2024

GARANTIR OS DIREITOS HUMANOS, CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA ALCANÇAR OS ODS


As zonas de conflito são onde ocorrem as maiores violações dos direitos humanos e onde o progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é desconstruído


ONU

 Raquel Martini

Não só devemos trabalhar para prevenir os conflitos, mas uma vez que sejam inevitáveis, porque a sua prevenção falhou, devemos trabalhar para a sua resolução pacífica e para que a aplicação dos direitos seja respeitada, protegida e garantida, bem como os direitos humanos e o direito humanitário internacional, enquanto a violência continuar. 

Encontramo-nos num momento crucial, e talvez isso não seja considerado, mas em Gaza não só está em jogo a vida e o futuro da população palestiniana, o que é mais importante, mas também os nossos princípios fundamentais como humanidade. 

Se não garantirmos que a aplicação dos direitos humanos e do direito humanitário internacional seja garantida e que os mais altos órgãos jurídicos internacionais que garantem o cumprimento e a responsabilização sejam respeitados, os princípios fundamentais sobre os quais temos trabalhado desde a Segunda Guerra Mundial, tornar-se-ão uma letra morta. 

No território palestiniano ocupado, como um todo, estão a ser cometidas as maiores violações do direito humanitário internacional e dos direitos humanos e em Gaza está a ocorrer a expressão máxima destas violações. Mas não só estão a ser cometidas as violações mais indecentes, como também está a ser desenvolvida propaganda semântica criada para justificar essas violações. O significado e a aplicação do direito internacional humanitário estão a ser distorcidos e está a ser criada outra interpretação paralela que está a ser perigosamente assimilada pelos políticos e pelos meios de comunicação social, para justificar os crimes que estão a ser cometidos. 

E me refiro à forma como estão sendo justificados os ataques a hospitais, locais com proteção especial e que estão proibidos de serem atacados em qualquer circunstância. Refiro-me à forma como as instalações das Nações Unidas estão a ser atacadas, cheias de civis indefesos, principalmente mulheres e crianças. Instalações invioláveis ​​sob a bandeira das Nações Unidas. Sobre como o pessoal humanitário, os profissionais de saúde e as missões humanitárias estão a ser assassinados e criminalizados. Como termos como deslocação forçada, ilegal ao abrigo do direito humanitário internacional, estão a ser camuflados com propaganda semântica como “corredores humanitários ou evacuações para áreas seguras”. Como a ajuda humanitária também está a ser utilizada da forma mais vil, como a sua utilização como arma de guerra. Como se justifica a aplicação de punições coletivas, submetendo Gaza ao mais cruel dos cercos.  

Em Gaza, não só os civis estão a ser mortos de forma indiscriminada e desproporcionada, como também estão a ser destruídas todas as infra-estruturas civis necessárias para garantir as suas vidas agora e o seu futuro, uma vez alcançado um cessar-fogo.  

Como podemos garantir o progresso na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a população palestiniana, se não somos capazes de garantir os seus direitos fundamentais em tempos de violência? Como podemos permitir que o significado do direito humanitário internacional que lhes é aplicável seja distorcido? Como é possível que estejamos a permitir que sejam atacadas as instituições que garantem a ajuda humanitária e, pior ainda, aquelas que representam a autoridade máxima em termos de proteção da aplicação do direito humanitário internacional? 

A declaração sobre o direito ao desenvolvimento enfatiza o direito de todos os indivíduos e povos à participação livre, ativa e significativa. 

No território palestiniano ocupado não é possível alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, enquanto for um território ocupado, desprovido de direitos e onde a sua população estiver privada do direito fundamental à liberdade e à autodeterminação.  

Devemos partir do facto de que a ocupação é ilegal e não há nada que a justifique. Devemos trabalhar para proteger e garantir os direitos humanos do povo palestiniano, devemos lutar contra a propaganda semântica que procura justificar violações do direito humanitário internacional e devemos trabalhar para proteger e defender as instituições humanitárias e os princípios que nos unem como humanidade.  

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável têm uma dimensão global e sob este princípio de globalidade devemos trabalhar para garantir uma Palestina livre de ocupação e violência que, por sua vez, lhes permite fazer parte da aliança global para o desenvolvimento. 


ONU

Necessidades da UNRWA 

Na UNRWA enfrentamos um contexto muito complicado para podermos exercer adequadamente o nosso mandato. As necessidades são enormes e a comunidade internacional pode desempenhar um papel fundamental na sua satisfação. O ideal seria um cessar-fogo imediato e definitivo, mas até que isso aconteça, há outros passos a seguir que facilitariam a nossa resposta humanitária em Gaza.  

1. É necessário garantir a segurança do pessoal e das instalações humanitárias.  Mais de 200 humanitários mortos, 193 colegas da UNRWA; 188 instalações da UNRWA destruídas e danificadas, muitas das instalações atacadas eram escolas com populações refugiadas. Mais de 500 pessoas foram mortas e quase 1.600 ficaram feridas. Por isso, precisamos de respeitar as instalações das Nações Unidas que são protegidas pelo direito internacional. 

2.  Precisamos de pleno acesso à ajuda humanitária.  A ajuda humanitária está do outro lado da fronteira e não temos acesso ou não temos segurança garantida para acessá-la.  

3. Precisamos de acesso às pessoas que necessitam de ajuda humanitária e garantir os fundos necessários para isso. 

4. Contribuir para evitar a estigmatização das organizações humanitárias que operam em Gaza, salvaguardando o princípio da neutralidade. Precisamos parar de criminalizar as missões humanitárias. A UNRWA não só foi criminalizada, mas essa criminalização tornou-a num alvo. Tanto em Gaza como na Cisjordânia. E garanto-lhe que esta criminalização nada tem a ver com a sua neutralidade. A UNRWA faz parte das Nações Unidas, criminalizar a UNRWA é criminalizar as Nações Unidas, desacreditá-las. Mas, além disso, criminalizar a UNRWA conduz, como vimos, à retirada de fundos da comunidade internacional, sem que esta perceba que este era o verdadeiro objetivo desta criminalização. Aproveito esta oportunidade para agradecer ao governo espanhol pela sua defesa da UNRWA desde o início e também por aumentar o seu financiamento.  

5. Condenar veementemente os ataques a civis e as violações do direito humanitário internacional.

6. Trabalhar para proteger a infra-estrutura civil que garanta serviços sociais básicos (hospitais, escolas, abrigos, acesso à água, saneamento, eletricidade) para mitigar o sofrimento da população civil. Todos estes serviços básicos foram praticamente destruídos sem que a comunidade internacional tenha tentado impedi-lo e sem sequer condená-lo. 

 Deveríamos simplesmente apoiar o cumprimento efetivo da resolução 2573 (2021) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que inclui tudo o que estou dizendo. 

7.  Promover, garantir e aumentar a sensibilização na defesa dos direitos humanos e do direito humanitário internacional para evitar que as violações do direito humanitário internacional se repitam em Gaza e na Cisjordânia. 


ONU

O papel da comunidade internacional no pós-conflito 

Uma vez terminado o conflito em Gaza, a comunidade internacional deve trabalhar para alcançar uma solução negociada que garanta o direito ao desenvolvimento do povo palestiniano e a realização do desenvolvimento sustentável em toda a região. 

1. Você deve CONTRIBUIR PARA O FINANCIAMENTO DO PLANO DE RECONSTRUÇÃO E GARANTIR que ele seja executado.  

Mas deve também garantir o financiamento e apoiar as estratégias das Nações Unidas para garantir o acesso à educação, à saúde, à alimentação, ao abrigo, à água, ao saneamento e à eletricidade, enquanto Gaza é evacuada e todos os restos de explosivos são removidos. O que, segundo a ONU, levará no mínimo 14 anos. 

2. COMBATER A IMPUNIDADE E APOIAR A RESPONSABILIDADE  

Apoiar e defender o trabalho do tribunal internacional de justiça e do tribunal penal internacional e apoiar o lançamento de investigações independentes por organizações internacionais para esclarecer o que aconteceu em 7 de outubro em Israel e tudo o que aconteceu em Gaza. 

Gostaria de lembrar que existe uma valiosa estratégia espanhola de diplomacia humanitária que seria muito importante aplicar e manter do início ao fim. 

3. Finalmente, a comunidade internacional DEVE DESEMPENHAR UM PAPEL CRUCIAL NA DESCOLONIZAÇÃO DA PALESTINA, GARANTIR UMA SOLUÇÃO JUSTA E FINAL  para os 6 milhões de refugiados palestinos que são refugiados há 76 anos e é vergonhoso e insustentável que os deixemos nesta condição indefinidamente e garantir  DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO  do povo palestino.   

Sem tudo isto, o direito ao desenvolvimento do povo palestiniano e a realização do desenvolvimento sustentável na região não estarão garantidos. 


Fonte: UNRWA


 


Cidadania e Solidariedade 01

Cidadania e Solidariedade 02


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domingo, 24 de março de 2024

Na passagem de fronteira de Rafah para Gaza, Guterres da ONU pede cessar-fogo imediato


O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse aos jornalistas na passagem da fronteira de Rafah para Gaza que é hora de um cessar-fogo e de um "compromisso férreo por parte de Israel" para permitir entregas de ajuda sem impedimentos ao enclave sitiado, quando iniciou a sua viagem anual de solidariedade do Ramadã no sábado. com visitas planejadas ao Egito e à Jordânia.


Foto da ONU/Mark Garten O secretário-geral da ONU, António Guterres, dirige-se à comunicação social na passagem de Rafah, entre o Egito e Gaza.

Numa tradição que começou quando serviu como Alto Comissário da ONU para os Refugiados para iluminar as comunidades muçulmanas em perigo, Guterres chegou ao Cairo no sábado, onde reiterou os seus apelos urgentes a um cessar-fogo humanitário e à cessação da violência. nomeadamente em Gaza e no Sudão. A sua visita sublinha o compromisso da ONU em abordar preocupações humanitárias prementes em zonas de conflito.

Durante a sua estada no Egito, o Secretário-Geral viajará para o norte do Sinai, uma região profundamente afetada pelo conflito. Lá, ele se reuniu com trabalhadores humanitários da ONU em Rafah, no lado egípcio, para discutir estratégias para aliviar o sofrimento das pessoas apanhadas no meio do conflito.

 
Foto da ONU/Mark Garten O secretário-geral da ONU, António Guterres (à esquerda), encontra um paciente palestino em um hospital em El Arish, no Egito.

Encontros com famílias palestinas

Na manhã de sábado, o chefe da ONU reuniu-se com civis palestinos de Gaza e suas famílias no Hospital Geral de El Arish, no Egito, conversando com mulheres e crianças que foram feridas durante o conflito em curso.

Ele se encontrou com um menino de 10 anos que havia perdido a mão esquerda e uma das pernas. Seu irmão foi morto e outro irmão ferido.

"Ouvindo o testemunho daqueles que foram feridos, que viram os seus pais e outros membros da sua família mortos ou feridos, que sofreram tanto, não se pode evitar sentir o coração partido... e dizer claramente 'devemos silenciar o armas'; precisamos de um cessar-fogo imediato em Gaza", disse ele.


‘Preso em um pesadelo ininterrupto’

Na vizinha fronteira de Rafah com Gaza, no sábado à tarde, ele disse aos jornalistas que o Ramadã é um momento para difundir os valores da compaixão, comunidade e paz. A sua visita ocorre um dia depois de a China e a Rússia terem vetado um projecto de resolução proposto pelos EUA que teria feito o Conselho de Segurança considerar imperativo impor um cessar-fogo e levar a ajuda extremamente necessária ao enclave.

“É monstruoso que, depois de tanto sofrimento ao longo de tantos meses, os palestinianos em Gaza estejam a assinalar o Ramadã com bombas israelitas ainda a cair, balas de artilharia ainda a atingir e a assistência humanitária ainda a enfrentar obstáculo após obstáculo”, disse ele.

“Jejuando com vocês no Ramadã, estou profundamente preocupado em saber que tantas pessoas em Gaza não poderão ter um iftar adequado.”

Os palestinianos em Gaza – crianças, mulheres, homens – continuam presos num pesadelo ininterrupto, disse ele, com comunidades destruídas, casas demolidas, famílias e gerações inteiras dizimadas e a fome e a inanição rondam a população.



Atrasos na ajuda são um 'ultraje moral' 

“Aqui, a partir desta travessia, vemos a tristeza e a crueldade de tudo isso”, disse ele, apontando para uma longa fila de caminhões de socorro bloqueados de um lado dos portões e a “longa sombra da fome do outro”.

“Isso é mais do que trágico; indignação moral”, disse ele, acrescentando que “qualquer novo ataque tornará tudo pior” para os civis palestinos, os reféns e todas as pessoas da região.


Apela à libertação de reféns e cessar-fogo agora

Tudo isto demonstra que é mais do que tempo de um cessar-fogo humanitário imediato e de “um compromisso férreo de Israel para o acesso total e irrestrito aos bens humanitários em toda Gaza”, disse ele, enfatizando que, no espírito de compaixão do Ramadã, é hora do imediato libertação de todos os reféns. 

Ele também instou todos os Estados-membros da ONU a apoiarem o “trabalho de salvamento liderado pela espinha dorsal de todas as operações de ajuda a Gaza, a UNRWA ”, a agência de ajuda da ONU para refugiados palestinos.

Comprometendo-se a continuar a trabalhar com o Egito para agilizar o fluxo de ajuda, ele deixou uma mensagem para os palestinianos em Gaza: “vocês não estão sozinhos”.


© UNRWA Funcionários da ONU entregam suprimentos humanitários no norte da Faixa de Gaza.

‘É hora de realmente inundar Gaza com ajuda’

“As pessoas em todo o mundo estão indignadas com os horrores que todos testemunhamos em tempo real”, disse ele. “Eu carrego as vozes da grande maioria do mundo que já viu o suficiente, que já teve o suficiente e que ainda acredita que a dignidade humana e a decência devem nos definir como uma comunidade global.”

Essa é “nossa única esperança”, disse ele. 

“É hora de realmente inundar Gaza com ajuda vital; a escolha é clara: aumento repentino ou fome”, disse ele. “Vamos escolher o lado da ajuda – o lado da esperança – e o lado certo da história.”

“Não vou desistir”, afirmou, “e todos nós não devemos desistir de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a nossa humanidade comum prevaleça”.


© UNRWA Crianças em Gaza seguram lanternas para celebrar a chegada do Ramadã.

Viagem anual de solidariedade ao Ramadã

Num gesto simbólico de solidariedade, Guterres participará num iftar do Ramadã com refugiados do Sudão, que fugiram da sua terra natal devido às hostilidades em curso no país.

Espera-se que ele enfatize a importância da paz e da estabilidade, especialmente durante o mês sagrado do Ramadã, instando todas as partes a observarem a cessação das hostilidades.

Além disso, o Secretário-Geral participará em discussões com autoridades egípcias, promovendo os esforços diplomáticos para enfrentar os desafios regionais e promover a cooperação na resolução de conflitos.


Vídeo da ONU O secretário-geral da ONU, António Guterres, fala com o UN News sobre as suas visitas anuais de solidariedade ao Ramadão. (arquivo)

Visitas à UNRWA na Jordânia

Após os seus compromissos no Egito, o Sr. Guterres irá para Amã, na Jordânia, continuando a sua viagem de solidariedade do Ramadã. Na Jordânia, visitará instalações da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, UNRWA, que presta serviços essenciais à população, destacando o compromisso da ONU em apoiar comunidades vulneráveis ​​em meio a crises.

Durante a sua estada em Amã, o Secretário-Geral participará num iftar do Ramadã com refugiados palestinos e funcionários da ONU, sublinhando a importância da compaixão e da unidade em tempos de adversidade.

Ele também deverá realizar reuniões com autoridades jordanianas, reforçando os esforços de colaboração para enfrentar os desafios regionais e promover a paz e a estabilidade.

Enquanto o mundo enfrenta conflitos e emergências humanitárias em curso, a viagem de solidariedade do Secretário-Geral Guterres no Ramadã serve como um lembrete do compromisso inabalável da ONU em defender os princípios humanitários e promover a paz nas circunstâncias mais desafiadoras.


António Guterres :

Durante a minha missão de solidariedade do Ramadã testemunhei a generosidade do povo do Egipto nestes tempos difíceis. Na minha reunião com o Presidente

@ AlsisiOfficial, reconheci o seu compromisso com os valores da compaixão, paz e solidariedade.


 


Fonte: Notíciasda ONU




terça-feira, 19 de março de 2024

Israel: Fome Utilizada como Arma de Guerra em Gaza


Evidências Indicam que Civis Foram Deliberadamente Privados de Acesso a Comida e Água


Pessoas fazem fila para comprar pão em uma padaria parcialmente destruída, mas ainda operacional, no campo de refugiados de Nuseirat, em Deir al Balah, Gaza, em 4 de novembro de 2023. © 2023 Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

  • O governo israelense está usando a fome de civis como estratégia de guerra na Faixa de Gaza, o que é um crime de guerra.
  • Autoridades israelenses fizeram declarações públicas expressando seu objetivo de privar civis, em Gaza, de comida, água e combustível – estas declarações refletem uma prática levada a cabo pelas forças israelenses.
  • O governo israelense não deveria atacar insumos indispensáveis à sobrevivência da população civil, devendo suspender seu bloqueio da Faixa de Gaza e restaurar eletricidade e água.

(Jerusalém) – O governo israelense está usando a fome de civis como estratégia de guerra na Faixa de Gaza ocupada, o que é um crime de guerra, disse a Human Rights Watch hoje. As forças israelenses estão deliberadamente bloqueando a entrada de água, alimentos e combustível, enquanto impedem intencionalmente a assistência humanitária, aparentemente arrasando áreas agrícolas e privando a população civil de insumos indispensáveis à sua sobrevivência.

Desde que os combatentes liderados pelo Hamas atacaram Israel, em 7 de outubro de 2023, altos funcionários israelenses, incluindo o Ministro da Defesa, Yoav Gallanto Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o Ministro da Energia, Israel Katz, fizeram declarações públicas expressando seu objetivo de privar civis  de  comida, água e combustível em Gaza – declarações estas que refletem uma prática levada a cabo pelas forças israelenses. Outros funcionários israelenses declararam publicamente que a ajuda humanitária a Gaza seria condicionada à liberação de reféns detidos ilegalmente pelo Hamas ou à destruição do Hamas.

“Por mais de dois meses, Israel tem privado a população de Gaza de alimentos e água, uma política incentivada ou endossada por altos funcionários israelenses, refletindo uma intenção de matar civis de fome como estratégia de guerra”, disse Omar Shakir, diretor de Israel e Palestina da Human Rights Watch. “Líderes mundiais deveriam se pronunciar contra esse abominável crime de guerra, que tem efeitos devastadores na população de Gaza.”

A Human Rights Watch entrevistou 11 palestinos deslocados em Gaza entre 24 de novembro e 4 de dezembro. Eles descreveram suas profundas dificuldades em satisfazer suas necessidades básicas. “Não tínhamos comida, eletricidade, internet, nada”, disse um homem, que havia deixado o norte de Gaza. “Não sabemos como sobrevivemos.”

No sul de Gaza, as pessoas entrevistadas descreveram a escassez de água potável e a falta de alimentos, que ocasionou lojas vazias e longas filas, além de preços exorbitantes. “Você está em constante busca por coisas necessárias para sobreviver”, disse um pai de dois filhos. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas relatou, em 6 de dezembro, que 9 em cada 10 domicílios no norte de Gaza e 2 em cada 3 domicílios no sul de Gaza passaram pelo menos um dia e uma noite inteira sem comida.

O direito humanitário internacional, ou as leis da guerra, proíbem a fome de civis como estratégia de guerra. O Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional, estabelece que privar intencionalmente civis de “bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, inclusive, o envio de socorros” é um crime de guerra.  A intenção criminosa não exige a admissão do agressor, podendo ser inferida da totalidade das circunstâncias da campanha militar.

Além disso, o bloqueio contínuo de Gaza por Israel, bem como seu fechamento por mais de 16 anos, equivale à punição coletiva da população civil, que é um crime de guerra. Enquanto potência ocupante em Gaza, nos termos da Quarta Convenção de Genebra, Israel tem o dever de garantir que a população civil receba alimentos e suprimentos médicos.

Em 17 de novembro, o PMA alertou sobre a “possibilidade imediata” de inanição, destacando que os suprimentos de alimentos e água eram praticamente inexistentes. Em 3 de dezembro, informou um “alto risco de fome”, indicando que o sistema alimentar de Gaza estava à beira do colapso. E, em 6 de dezembro, declarou que 48% dos domicílios no norte de Gaza e 38% das pessoas deslocadas no sul de Gaza haviam experimentado “níveis severos de fome”.

Em 3 de novembro, o Conselho Norueguês para Refugiados anunciou que Gaza estava lidando com “necessidades catastróficas de água, saneamento e higiene”. Instalações de águas residuais e dessalinização foram desativadas em meados de outubro devido à falta de combustível e eletricidade, e têm permanecido inoperantes desde então, de acordo com a Autoridade Palestina da Água. Mesmo antes de 7 de outubro, segundo a ONU, Gaza praticamente não tinha água potável.

Antes das hostilidades atuais, estima-se que 1,2 milhão dos 2,2 milhões de pessoas que habitavam em Gaza enfrentavam insegurança alimentar aguda, e mais de 80% dependiam de ajuda humanitária. Israel mantém controle abrangente sobre Gaza, incluindo sobre o movimento de pessoas e bens, águas territoriais, espaço aéreo, a infraestrutura da qual Gaza depende, bem como o registro da população. Isso deixa a população de Gaza, que Israel submete a um bloqueio ilegal há 16 anos, quase totalmente dependente de Israel para ter acesso a combustível, eletricidade, medicamentos, alimentos e outros recursos essenciais.

Após a imposição de um “bloqueio total” a Gaza, em 9 de outubro, as autoridades israelenses retomaram o fornecimento de água para algumas partes do sul de Gaza, em 15 de outubro e, a partir de 21 de outubro, permitiram a chegada de ajuda humanitária limitada, através da travessia de Rafah, fronteira com o Egito. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, em 19 de outubro, que Israel não permitiria a entrada de ajuda humanitária “na forma de alimentos e medicamentos” em Gaza através de suas estradas “enquanto nossos reféns não forem devolvidos”.

O governo continuou a bloquear a entrada de combustível até 15 de novembro, apesar dos alertas sobre as graves consequências de fazê-lo, levando ao fechamento de padarias, hospitais, estações de bombeamento de esgoto, usinas de dessalinização e poços. Essas instalações, que ficaram inutilizáveis, são indispensáveis à sobrevivência da população civil. Embora quantidades limitadas de combustível tenham sido posteriormente permitidas, em 4 de dezembro, a Coordenadora Humanitária da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Lynn Hastings, chamou-as de “totalmente insuficientes”. Em 6 de dezembro, o gabinete de guerra de Israel aprovou um aumento “mínimo” no fornecimento de combustível para o sul de Gaza.

Em 1º de dezembro, imediatamente após o cessar-fogo de sete dias, o exército israelense retomou o bombardeio de Gaza e expandiu sua ofensiva terrestre, declarando que suas operações militares no sul não teriam “menos força” do que no norte. Enquanto autoridades dos Estados Unidos disseram que pediram a Israel para permitir a entrada de combustível e ajuda humanitária em Gaza nos mesmos níveis observados durante o cessar-fogo, o coordenador do Ministério da Defesa de Israel para atividades governamentais nos territórios disse, em 1º de dezembro, que interrompeu toda a entrada de ajuda. Entregas limitadas de ajuda foram retomadas em 2 de dezembro, mas ainda em níveis extremamente insuficientes, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

Junto ao bloqueio devastador, os extensos ataques aéreos do exército israelense na faixa resultaram em danos generalizados ou destruição de objetos indispensáveis para a sobrevivência da população civil.

Especialistas da ONU disseram, em 16 de novembro, que os danos significativos “ameaçam tornar impossível a continuação da vida palestina em Gaza”. Notavelmente, o bombardeio das forças israelenses ao último moinho de trigo que operava em Gaza, em 15 de novembro, garantiu que a farinha produzida localmente esteja indisponível em Gaza por tempo indeterminado, conforme destacado pelo OCHA. Além disso, o Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS, na sigla em inglês) disse que a destruição das redes viárias tornou mais difícil para as organizações humanitárias entregarem ajuda para quem precisa.

“Padarias e moinhos de grãos foram destruídos, assim como agricultura, água e instalações de saneamento”, disse Scott Paul, consultor sênior de políticas humanitárias da Oxfam América, à Associated Press em 23 de novembro.

As ações militares de Israel em Gaza também tiveram um impacto devastador no setor agrícola de Gaza. O bombardeio contínuo, somado à escassez de combustível e água, além do deslocamento de mais de 1,6 milhão de pessoas para o sul de Gaza, tornou a agricultura quase impossível, segundo a Oxfam. Em um relatório de 28 de novembro, o OCHA disse que a criação de gado no norte está enfrentando fome devido à falta de ração e água, e que as plantações estão cada vez mais abandonadas e danificadas devido à falta de combustível para bombear água para irrigação. Problemas existentes, como a escassez de água e o acesso restrito a terras agrícolas localizadas perto da fronteira, agravaram as dificuldades enfrentadas pelos agricultores locais, muitos dos quais estão deslocados. Em 28 de novembro, o Escritório Central de Estatísticas da Palestina disse que Gaza está sofrendo uma perda diária de pelo menos US$1,6 milhão na produção agrícola.

Em 28 de novembro, o Setor de Segurança Alimentar da Palestina, liderado pelo PMA e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, relatou que mais de um terço das terras agrícolas no norte foram danificadas nos confrontos. Imagens de satélite analisadas pela Human Rights Watch indicam que, desde o início da ofensiva terrestre do exército israelense, em 27 de outubro, terras agrícolas, incluindo pomares, estufas e fazendas no norte de Gaza, foram arrasadas, aparentemente pelas forças israelenses.

O governo israelense deveria cessar imediatamente o uso da fome de civis como estratégia de guerra, disse a Human Rights Watch. Também deveria respeitar a proibição de ataques a insumos indispensáveis para a sobrevivência da população civil e suspender o bloqueio imposto à Faixa de Gaza. O governo deveria restaurar o acesso a água e eletricidade e permitir a entrada de alimentos, ajuda médica e combustível, urgentemente necessários em Gaza, inclusive através de sua passagem em Kerem Shalom.

Governos preocupados deveriam pedir a Israel o fim de tais abusos. Estados Unidos, Reino UnidoCanadáAlemanha e outros países também deveriam suspender a assistência militar e as vendas de armas para Israel, enquanto as forças israelenses continuarem a cometer abusos generalizados e graves, que equivalem a crimes de guerra contra civis com impunidade.

“O governo israelense está agravando o castigo coletivo que impõe à população civil palestina e o bloqueio de ajuda humanitária com o uso cruel da fome como arma de guerra”, disse Shakir. “A catástrofe humanitária em Gaza exige uma resposta urgente e eficaz da comunidade internacional.”

 Fonte: Human Rights Watch



 

 

quinta-feira, 7 de março de 2024

China: Guerra em Gaza é uma “vergonha para a civilização”


“A comunidade internacional deve agir urgentemente”, disse o ministro das Relações Exteriores do país asiático


Majdi Fathi /Gettyimages.ru

A China classificou a guerra em Gaza como uma “vergonha para a civilização”, reiterando os seus apelos a um cessar-fogo imediato. A afirmação foi esta quinta-feira do ministro dos Negócios Estrangeiros do país asiático, Wang Yi, em conferência de imprensa quando questionado sobre como acabar com o conflito no enclave palestiniano.

“ É uma tragédia para a humanidade e uma vergonha para a civilização que hoje, no século XXI, este desastre humanitário não possa ser travado ”, disse o alto funcionário, expressando que “o povo de Gaza tem direito à vida ”.

“ A comunidade internacional deve agir urgentemente, fazendo do cessar-fogo e da guerra uma prioridade absoluta, e garantindo a ajuda humanitária como uma responsabilidade moral urgente”, continuou.


VÍDEO: Biden toma sorvete e responde

 perguntas sobre o destino de Gaza


Wang também enfatizou o apoio da China à “solução de dois Estados”, argumentando que é a única forma de acabar com o conflito israelo-palestiniano. “A catástrofe em Gaza lembrou mais uma vez ao mundo que o facto de o território palestino estar ocupado há muito tempo não pode mais ser ignorado”, disse ele.


Catástrofe humanitária 


Entretanto, pelo menos 30.800 residentes já foram mortos, e 72.298 feridos, durante os ataques israelitas na Faixa de Gaza desde o início das hostilidades em 7 de Outubro, informou o Ministério da Saúde palestiniano, citado pela  Al Jazeera .

Por sua vez, o porta-voz da instituição, Ashraf al Qudra, informou, segundo a  AFP , que “ a fome no norte de Gaza atingiu níveis letais ” e poderá ceifar milhares de vidas, a menos que o enclave receba mais ajuda e suprimentos médicos.

Fonte: RT en Español


 

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