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terça-feira, 19 de março de 2024

Israel: Fome Utilizada como Arma de Guerra em Gaza


Evidências Indicam que Civis Foram Deliberadamente Privados de Acesso a Comida e Água


Pessoas fazem fila para comprar pão em uma padaria parcialmente destruída, mas ainda operacional, no campo de refugiados de Nuseirat, em Deir al Balah, Gaza, em 4 de novembro de 2023. © 2023 Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

  • O governo israelense está usando a fome de civis como estratégia de guerra na Faixa de Gaza, o que é um crime de guerra.
  • Autoridades israelenses fizeram declarações públicas expressando seu objetivo de privar civis, em Gaza, de comida, água e combustível – estas declarações refletem uma prática levada a cabo pelas forças israelenses.
  • O governo israelense não deveria atacar insumos indispensáveis à sobrevivência da população civil, devendo suspender seu bloqueio da Faixa de Gaza e restaurar eletricidade e água.

(Jerusalém) – O governo israelense está usando a fome de civis como estratégia de guerra na Faixa de Gaza ocupada, o que é um crime de guerra, disse a Human Rights Watch hoje. As forças israelenses estão deliberadamente bloqueando a entrada de água, alimentos e combustível, enquanto impedem intencionalmente a assistência humanitária, aparentemente arrasando áreas agrícolas e privando a população civil de insumos indispensáveis à sua sobrevivência.

Desde que os combatentes liderados pelo Hamas atacaram Israel, em 7 de outubro de 2023, altos funcionários israelenses, incluindo o Ministro da Defesa, Yoav Gallanto Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o Ministro da Energia, Israel Katz, fizeram declarações públicas expressando seu objetivo de privar civis  de  comida, água e combustível em Gaza – declarações estas que refletem uma prática levada a cabo pelas forças israelenses. Outros funcionários israelenses declararam publicamente que a ajuda humanitária a Gaza seria condicionada à liberação de reféns detidos ilegalmente pelo Hamas ou à destruição do Hamas.

“Por mais de dois meses, Israel tem privado a população de Gaza de alimentos e água, uma política incentivada ou endossada por altos funcionários israelenses, refletindo uma intenção de matar civis de fome como estratégia de guerra”, disse Omar Shakir, diretor de Israel e Palestina da Human Rights Watch. “Líderes mundiais deveriam se pronunciar contra esse abominável crime de guerra, que tem efeitos devastadores na população de Gaza.”

A Human Rights Watch entrevistou 11 palestinos deslocados em Gaza entre 24 de novembro e 4 de dezembro. Eles descreveram suas profundas dificuldades em satisfazer suas necessidades básicas. “Não tínhamos comida, eletricidade, internet, nada”, disse um homem, que havia deixado o norte de Gaza. “Não sabemos como sobrevivemos.”

No sul de Gaza, as pessoas entrevistadas descreveram a escassez de água potável e a falta de alimentos, que ocasionou lojas vazias e longas filas, além de preços exorbitantes. “Você está em constante busca por coisas necessárias para sobreviver”, disse um pai de dois filhos. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas relatou, em 6 de dezembro, que 9 em cada 10 domicílios no norte de Gaza e 2 em cada 3 domicílios no sul de Gaza passaram pelo menos um dia e uma noite inteira sem comida.

O direito humanitário internacional, ou as leis da guerra, proíbem a fome de civis como estratégia de guerra. O Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional, estabelece que privar intencionalmente civis de “bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, inclusive, o envio de socorros” é um crime de guerra.  A intenção criminosa não exige a admissão do agressor, podendo ser inferida da totalidade das circunstâncias da campanha militar.

Além disso, o bloqueio contínuo de Gaza por Israel, bem como seu fechamento por mais de 16 anos, equivale à punição coletiva da população civil, que é um crime de guerra. Enquanto potência ocupante em Gaza, nos termos da Quarta Convenção de Genebra, Israel tem o dever de garantir que a população civil receba alimentos e suprimentos médicos.

Em 17 de novembro, o PMA alertou sobre a “possibilidade imediata” de inanição, destacando que os suprimentos de alimentos e água eram praticamente inexistentes. Em 3 de dezembro, informou um “alto risco de fome”, indicando que o sistema alimentar de Gaza estava à beira do colapso. E, em 6 de dezembro, declarou que 48% dos domicílios no norte de Gaza e 38% das pessoas deslocadas no sul de Gaza haviam experimentado “níveis severos de fome”.

Em 3 de novembro, o Conselho Norueguês para Refugiados anunciou que Gaza estava lidando com “necessidades catastróficas de água, saneamento e higiene”. Instalações de águas residuais e dessalinização foram desativadas em meados de outubro devido à falta de combustível e eletricidade, e têm permanecido inoperantes desde então, de acordo com a Autoridade Palestina da Água. Mesmo antes de 7 de outubro, segundo a ONU, Gaza praticamente não tinha água potável.

Antes das hostilidades atuais, estima-se que 1,2 milhão dos 2,2 milhões de pessoas que habitavam em Gaza enfrentavam insegurança alimentar aguda, e mais de 80% dependiam de ajuda humanitária. Israel mantém controle abrangente sobre Gaza, incluindo sobre o movimento de pessoas e bens, águas territoriais, espaço aéreo, a infraestrutura da qual Gaza depende, bem como o registro da população. Isso deixa a população de Gaza, que Israel submete a um bloqueio ilegal há 16 anos, quase totalmente dependente de Israel para ter acesso a combustível, eletricidade, medicamentos, alimentos e outros recursos essenciais.

Após a imposição de um “bloqueio total” a Gaza, em 9 de outubro, as autoridades israelenses retomaram o fornecimento de água para algumas partes do sul de Gaza, em 15 de outubro e, a partir de 21 de outubro, permitiram a chegada de ajuda humanitária limitada, através da travessia de Rafah, fronteira com o Egito. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, em 19 de outubro, que Israel não permitiria a entrada de ajuda humanitária “na forma de alimentos e medicamentos” em Gaza através de suas estradas “enquanto nossos reféns não forem devolvidos”.

O governo continuou a bloquear a entrada de combustível até 15 de novembro, apesar dos alertas sobre as graves consequências de fazê-lo, levando ao fechamento de padarias, hospitais, estações de bombeamento de esgoto, usinas de dessalinização e poços. Essas instalações, que ficaram inutilizáveis, são indispensáveis à sobrevivência da população civil. Embora quantidades limitadas de combustível tenham sido posteriormente permitidas, em 4 de dezembro, a Coordenadora Humanitária da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Lynn Hastings, chamou-as de “totalmente insuficientes”. Em 6 de dezembro, o gabinete de guerra de Israel aprovou um aumento “mínimo” no fornecimento de combustível para o sul de Gaza.

Em 1º de dezembro, imediatamente após o cessar-fogo de sete dias, o exército israelense retomou o bombardeio de Gaza e expandiu sua ofensiva terrestre, declarando que suas operações militares no sul não teriam “menos força” do que no norte. Enquanto autoridades dos Estados Unidos disseram que pediram a Israel para permitir a entrada de combustível e ajuda humanitária em Gaza nos mesmos níveis observados durante o cessar-fogo, o coordenador do Ministério da Defesa de Israel para atividades governamentais nos territórios disse, em 1º de dezembro, que interrompeu toda a entrada de ajuda. Entregas limitadas de ajuda foram retomadas em 2 de dezembro, mas ainda em níveis extremamente insuficientes, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

Junto ao bloqueio devastador, os extensos ataques aéreos do exército israelense na faixa resultaram em danos generalizados ou destruição de objetos indispensáveis para a sobrevivência da população civil.

Especialistas da ONU disseram, em 16 de novembro, que os danos significativos “ameaçam tornar impossível a continuação da vida palestina em Gaza”. Notavelmente, o bombardeio das forças israelenses ao último moinho de trigo que operava em Gaza, em 15 de novembro, garantiu que a farinha produzida localmente esteja indisponível em Gaza por tempo indeterminado, conforme destacado pelo OCHA. Além disso, o Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS, na sigla em inglês) disse que a destruição das redes viárias tornou mais difícil para as organizações humanitárias entregarem ajuda para quem precisa.

“Padarias e moinhos de grãos foram destruídos, assim como agricultura, água e instalações de saneamento”, disse Scott Paul, consultor sênior de políticas humanitárias da Oxfam América, à Associated Press em 23 de novembro.

As ações militares de Israel em Gaza também tiveram um impacto devastador no setor agrícola de Gaza. O bombardeio contínuo, somado à escassez de combustível e água, além do deslocamento de mais de 1,6 milhão de pessoas para o sul de Gaza, tornou a agricultura quase impossível, segundo a Oxfam. Em um relatório de 28 de novembro, o OCHA disse que a criação de gado no norte está enfrentando fome devido à falta de ração e água, e que as plantações estão cada vez mais abandonadas e danificadas devido à falta de combustível para bombear água para irrigação. Problemas existentes, como a escassez de água e o acesso restrito a terras agrícolas localizadas perto da fronteira, agravaram as dificuldades enfrentadas pelos agricultores locais, muitos dos quais estão deslocados. Em 28 de novembro, o Escritório Central de Estatísticas da Palestina disse que Gaza está sofrendo uma perda diária de pelo menos US$1,6 milhão na produção agrícola.

Em 28 de novembro, o Setor de Segurança Alimentar da Palestina, liderado pelo PMA e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, relatou que mais de um terço das terras agrícolas no norte foram danificadas nos confrontos. Imagens de satélite analisadas pela Human Rights Watch indicam que, desde o início da ofensiva terrestre do exército israelense, em 27 de outubro, terras agrícolas, incluindo pomares, estufas e fazendas no norte de Gaza, foram arrasadas, aparentemente pelas forças israelenses.

O governo israelense deveria cessar imediatamente o uso da fome de civis como estratégia de guerra, disse a Human Rights Watch. Também deveria respeitar a proibição de ataques a insumos indispensáveis para a sobrevivência da população civil e suspender o bloqueio imposto à Faixa de Gaza. O governo deveria restaurar o acesso a água e eletricidade e permitir a entrada de alimentos, ajuda médica e combustível, urgentemente necessários em Gaza, inclusive através de sua passagem em Kerem Shalom.

Governos preocupados deveriam pedir a Israel o fim de tais abusos. Estados Unidos, Reino UnidoCanadáAlemanha e outros países também deveriam suspender a assistência militar e as vendas de armas para Israel, enquanto as forças israelenses continuarem a cometer abusos generalizados e graves, que equivalem a crimes de guerra contra civis com impunidade.

“O governo israelense está agravando o castigo coletivo que impõe à população civil palestina e o bloqueio de ajuda humanitária com o uso cruel da fome como arma de guerra”, disse Shakir. “A catástrofe humanitária em Gaza exige uma resposta urgente e eficaz da comunidade internacional.”

 Fonte: Human Rights Watch



 

 

segunda-feira, 4 de março de 2024

A FOME ASSOMBRA A POPULAÇÃO PORQUE A DÍVIDA É PRIORIDADE


 O governo anunciou R$ 900 milhões para o Programa de Aquisição Alimentar (PAA) para a distribuição de alimentos a famílias em situação de insegurança alimentar. Se comparado aos R$ 1,89 trilhões que são destinados à dívida pública, o valor é irrisório


Auditoria Cidadã da Dívida

A erradicação da fome é uma das bandeiras do Governo Lula e dos governos anteriores do PT. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou que o Brasil havia saído do mapa da fome. Uma vitória para o povo brasileiro que, infelizmente, durou pouquíssimo tempo, tendo o país retornado ao mapa em 2022, com a redução das políticas sociais dos governos Temer e Bolsonaro.

Segundo o relatório da FAO, (confira aqui), em 2022, o país possuía cerca de 91,4 milhões de pessoas em estado de insegurança alimentar, de moderada a grave.

Em 2023, o governo Lula anunciou o total de R$ 900 milhões para o Programa de Aquisição Alimentar (PAA), R$ 250 milhões a mais que o ano anterior, para aquisição de alimentos da agricultura familiar para a distribuição a famílias em situação de insegurança alimentar (Saiba mais).

Pode parecer muito, mas, se comparado aos R$ 1,89 trilhões que são destinados à chamada dívida pública, o valor é irrisório.

Juros e amortizações não matam a fome da população vulnerável! Precisamos garantir mais recursos para a população, por meio da manutenção e ampliação dos direitos sociais.

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 Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Como os especialistas acreditam que a fome está sendo utilizada em Gaza


No mês passado, a filha de quatro anos de Reham Shaheen chorou o dia todo de fome, finalmente adormecendo enquanto esperava pela sua única refeição do dia terminar de cozinhar.


Crianças tentam obter ajuda alimentar na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 31 de dezembro de 2023. Rizek Abdeljawad—Xinhua/Getty Images

Shaheen está presa na Jordânia desde o início da guerra entre Israel e Hamas, separada de sua casa, do marido e dos três filhos que estão em Gaza. “Passei dois dias sem conseguir comer nada, pensando na minha filha, que ela não conseguia encontrar comida”, disse Shaheen à TIME em uma nota de voz na sexta-feira. 

Shaheen diz que a sua família recebe farinha da ONU, mas não é suficiente para alimentar 24 pessoas que partilham uma tenda em Rafah, no sul de Gaza. Eles lutam para encontrar alimentos enlatados ou conseguir produtos no mercado, onde os preços dispararam dez vezes e têm de esperar em longas filas para receber pequenas quantidades, diz ela. 

Crianças e adultos chegam aos hospitais com desnutrição grave e, ao primeiro sinal de qualquer infecção, perdem peso rapidamente, disse o professor Nick Maynard, cirurgião sênior do Hospital da Universidade de Oxford e líder clínico de uma equipe médica de emergência, em um comunicado .

“A realidade no terreno aqui é muito, muito pior” do que Maynard percebeu de longe, disse ele à TIME numa mensagem de voz de Gaza na sexta-feira, enquanto drones zumbiam ao fundo.


Leia mais: Gaza está se tornando inabitável

 

As agências internacionais têm soado repetidamente o alarme de que Gaza está a passar fome. A ONU afirmou que uma em cada quatro pessoas passa fome e nove em cada dez famílias em algumas áreas passam um dia e uma noite sem comida . Um relatório de Dezembro da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar previu que, até Fevereiro, todos os 2 milhões de pessoas em Gaza enfrentariam níveis críticos de insegurança alimentar aguda, com pelo menos uma em cada quatro famílias enfrentando condições semelhantes às da fome.

Depois do Hamas ter atacado Israel em 7 de Outubro, o Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, em 9 de Outubro, ordenou “um cerco completo à Faixa de Gaza”, dizendo que “não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível, está tudo fechado”. O então ministro da Energia, Israel Katz, disse em 16 de outubro que se opunha à abertura do bloqueio, enquanto o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, disse em 17 de outubro que nenhuma ajuda deveria entrar em Gaza enquanto o Hamas mantivesse reféns.  

Israel começou a permitir a ajuda em 21 de Outubro pela primeira vez desde o início da guerra, mas alguns grupos de direitos humanos e especialistas jurídicos apontaram estas declarações e as ações de Israel que levaram a uma crise de fome como prova de que a fome está a ser usada como arma. da guerra em Gaza. O direito internacional que rege os conflitos armados afirma que “usar intencionalmente a fome de civis como método de guerra, privando-os de objetos indispensáveis ​​à sua sobrevivência, incluindo impedir deliberadamente o fornecimento de ajuda humanitária” é uma violação. 

Catriona Murdoch, sócia da Global Rights Compliance e especialista jurídica que estudou a fome nas guerras na Síria, no Sudão do Sul, no Iémen e na Ucrânia, disse à TIME que, quando se trata da retórica israelense, “é realmente flagrante a maneira como eles estão divulgando muito claramente sua intenção.”


Crianças fazem fila para receber comida enquanto voluntários palestinos preparam refeições para famílias que tiveram que migrar em Rafah, Gaza, em 2 de janeiro de 2024. Yasser Qudih—Anadolu/Getty Images

Em resposta à pergunta da TIME sobre essas acusações, o coronel Elad Goren, chefe do departamento civil da COGAT, a agência israelense que facilita a ajuda em Gaza, disse em uma coletiva de imprensa virtual na sexta-feira que a “narrativa de bloqueio – isso é completamente falso .”

Goren diz que Israel fornece 28 milhões de litros (7,4 milhões de galões) de água diariamente para Gaza, deixou entrar 126 mil toneladas de ajuda desde o início da guerra e aumentou o número de caminhões que transportam alimentos de cerca de 70 por dia antes da guerra para 109 diariamente neste ano. semana. 

“De acordo com a nossa avaliação, que se baseia nas nossas conversas com a ONU e outras agências humanitárias, há uma quantidade suficiente de alimentos em Gaza e continuamos a pressionar as agências humanitárias para recolherem mais camiões nas fronteiras e distribuí-los. , ouvimos vozes pedindo ajuda adicional para Gaza", disse Goren em seu discurso de abertura. "Israel não se opôs e não se oporá ao fornecimento de ajuda humanitária ao povo de Gaza que não faz parte do terror. Eles não são nossos inimigos.”


Leia mais: Os habitantes de Gaza não têm para onde fugir

 

Mas Juliette Touma, Diretora de Comunicações da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), disse à TIME que o número de camiões, incluindo mercadorias comerciais, que entram em Gaza caiu de cerca de 500 todos os dias úteis desde o início da guerra, e não há ajuda suficiente. A ONU afirmou que, na última semana de Dezembro, a assistência alimentar atingiu apenas 8% das pessoas necessitadas .

Jeremy Laurence, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, disse à TIME por e-mail na sexta-feira que “devido às restrições israelenses, o nível de assistência humanitária que salva vidas que entra na Faixa de Gaza é mínimo e está muito abaixo do nível de sobrevivência necessidades da população civil.”

Goren disse que Israel está disposto a aumentar a ajuda tanto quanto a ONU puder recebê-la, e a ONU e outros precisam aumentar a capacidade com mais camiões, trabalhadores e mais horas de trabalho, bem como melhorar a embalagem e implementar um sistema QR para rastrear as entregas. 

A UNRWA rejeitou as declarações de Israel de que a sua agência é responsável pelas lacunas na ajuda, e o Secretário-Geral António Guterres disse em Dezembro que o verdadeiro problema era que “a forma como Israel está a conduzir esta ofensiva está a criar enormes obstáculos”. A ONU afirmou que não conseguiu entregar alimentos ao norte de Gaza esta semana devido a “atrasos e negações”, juntamente com o combate activo .

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários disse à TIME num e-mail na sexta-feira que a ajuda continua a ser prejudicada por riscos de segurança e restrições de mobilidade, incluindo múltiplas inspeções, longas filas em postos de controle e estradas danificadas. 

“Dentro de Gaza, as operações de ajuda enfrentam bombardeamentos constantes, com os próprios trabalhadores humanitários mortos e alguns comboios alvejados”, afirma o gabinete. 

Touma disse à TIME que soldados das FDI atiraram contra um comboio de ajuda que viajava para o sul entre a cidade de Gaza e a área de Nuseirat em 28 de dezembro. Em resposta ao relatório, Goren disse na sexta-feira: “Esta é uma zona de guerra e estamos facilitando muito o acesso e o movimento. de organizações humanitárias. Se houver alguma reclamação, pegaremos todas as informações, investigaremos e daremos a resposta a esta agência”.


Pessoas esperam por comida na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 31 de dezembro de 2023. Rizek Abdeljawad—Xinhua/Getty Images

Autoridades da ONU dizem que um cessar-fogo humanitário e o fluxo seguro e irrestrito de suprimentos para Gaza, incluindo bens comerciais, são vitais para evitar a fome. Israel deve facilitar a entrada e entrega de ajuda proporcional, diz Laurence, acrescentando que “o não cumprimento destas obrigações pode ter consequências graves ao abrigo do direito internacional”. 

Alguns especialistas jurídicos e defensores argumentam que as leis já estão sendo violadas. A Human Rights Watch baseou-se em declarações de responsáveis ​​israelitas, entrevistas com pessoas no território sobre a falta de alimentos e provas de bombardeamentos que destruíram infra-estruturas e recursos para acusar Israel num relatório de Dezembro de que a fome é um crime de guerra.

A fome e os cercos como meio ou resultado da guerra não são incomuns. Outros exemplos incluem Biafra, Nigéria , Sarajevo, Bósnia , Síria e na região de Tigray, na Etiópia . 

No entanto, Alex De Waal, Diretor Executivo da Fundação para a Paz Mundial da Universidade Tufts, disse num artigo recente que o ritmo e a escala da destruição de objetos indispensáveis ​​à sobrevivência em Gaza “ultrapassam qualquer outro caso de fome provocada pelo homem nos últimos 75 anos.”  

De Waal disse à TIME que, como existem avisos que levam à fome, “se você não ajustar seu comportamento de acordo com esse feedback, você se tornará responsável, porque estará agindo sabendo que esse é o resultado”.


Leia mais: O que as crianças palestinas enfrentam nas prisões israelenses

 

Sobre as ações de Israel em Gaza, ele diz “o facto de continuarem a montar esta ofensiva… mesmo quando sabem o resultado, isso é imprudência, um crime de segundo grau, que se qualifica como um crime contra a humanidade nos argumentos jurídicos da maioria dos estudiosos”. 

Murdoch também diz que as provas circunstanciais são suficientes para provar que a fome é um crime de guerra – se existir informação de que, se uma conduta for continuada, levará à fome de civis, então os responsáveis ​​podem ser responsabilizados. 

A fome como crime de guerra nunca foi processada, diz ela, mas a sua organização produziu um relatório argumentando que isto está a acontecer no Sudão do Sul e ela quer que o seu grupo seja autorizado a conduzir uma investigação independente em Gaza. 

A questão também poderia ser abordada no cenário global, enquanto o Tribunal Internacional de Justiça analisa a petição da África do Sul que acusa Israel de intenção genocida , que menciona a fome. Israel rejeitou a alegação de genocídio e irá combatê-la, começando com uma audiência pública na próxima semana. 

Mas o caso, que provavelmente se arrastará por anos, não traz nenhum benefício para a família de Shaheen no momento. Eles estão infelizes, diz ela, e suas próprias emoções congelaram enquanto ela observa o sofrimento deles de longe.

Tudo o que ela pode fazer, diz ela, é apelar às partes em conflito para um “cessar-fogo agora e salvar as vidas dos civis inocentes”.

POR MALLORY MOENCH

Fonte: Time


Howard Beckett


Eles estão literalmente matando de fome as crianças da Palestina.

Haia é boa demais para eles.

São Netanyahu, Biden, Sunak e Starmer. Todos eles culpados.


 Corte Criminal Internacional

 

Bem-vindo ao OTPLink

Nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, o Gabinete do Procurador (“OTP”) pode analisar informações sobre alegados crimes da jurisdição do Tribunal Penal Internacional (crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e agressão), que lhe sejam submetidos. de qualquer fonte. Isto pode ocorrer durante exames preliminares, bem como no contexto de situações sob investigação. O formulário abaixo pode ser usado para enviar tais informações, também conhecidas como “comunicações”, ao OTP de forma anônima ou nomeada. Gostaria de agradecer-lhe por dedicar seu tempo para enviar informações ao Ministério Público.

Promotor, Karim AA Khan KC

Bem-vindo ao OTPLink


domingo, 24 de dezembro de 2023

UNICEF diz que crianças de Gaza enfrentam “alto risco” de fome


A agência das Nações Unidas para a criança alertou que a insegurança alimentar aguda colocou as crianças na Faixa de Gaza em alto risco de fome, no meio dos ataques de meses de duração do regime israelita ao território palestiniano sitiado.



A UNICEF alerta que 335 mil crianças palestinianas com menos de cinco anos correm o risco de morrer de fome, informaram os meios de comunicação social no sábado, enquanto o regime bloqueava o fornecimento de alimentos e combustível a Gaza.

“Ontem, a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) alertou o mundo para o risco muito elevado de fome na Faixa de Gaza, aumentando a cada dia se a situação persistir. Especificamente, o relatório do IPC afirma que pelo menos 1 em cada 4 famílias na Faixa de Gaza, ou mais de meio milhão de pessoas, enfrenta níveis catastróficos de insegurança alimentar aguda, o mais alto nível de alerta”, afirmou a UNICEF num comunicado.

UNICEF denuncia crimes israelenses em 

Gaza, diz que ‘silêncio é cumplicidade


A agência da ONU para a criança também observou que as crianças palestinianas enfrentam violência aérea e privação no solo, destacando que “as crianças continuam a pagar o preço mais elevado da violência”.

“Estas condições catastróficas inteiramente provocadas pelo homem, previsíveis e evitáveis significam que as crianças e as famílias na Faixa de Gaza enfrentam agora a violência aérea e a privação terrestre – com potencialmente o pior ainda por vir”, afirmou.

“O relatório também afirma que quase 1,2 milhões de pessoas enfrentam níveis de emergência de insegurança alimentar aguda e reconhece que os limiares de fome para insegurança alimentar aguda já foram excedidos. Em suma, isto significa que para muitas famílias em Gaza, a ameaça de morrer de fome já é real", acrescentou.

‘Esta é uma guerra contra as crianças’, alerta 

UNICEF 

depois que Israel retoma o bombardeio de Gaza


“Estas descobertas implicam que todas as crianças com menos de cinco anos na Faixa de Gaza – 335 mil – correm alto risco de desnutrição grave e de morte evitável, à medida que o risco de condições de fome continua a aumentar”, afirmou a agência da ONU, alertando que a situação deverá piorar. Pior para as crianças palestinas nas próximas semanas.

“A UNICEF estima que, nas próximas semanas, pelo menos 10 mil crianças com menos de cinco anos sofrerão a forma de desnutrição com maior risco de vida, conhecida como emaciação grave, e necessitarão de alimentos terapêuticos”, observou a organização infantil da ONU.

Ao criticar os ataques israelitas, que causaram “danos catastróficos” aos fornecimentos médicos e alimentares em Gaza, a agência das crianças descreveu a situação como “inaceitável”.

“Este risco inaceitável surge num momento em que os sistemas alimentares e de saúde da Faixa de Gaza enfrentam um colapso total. Mais de 80 por cento das crianças sofrem de pobreza alimentar grave e mais de dois terços dos hospitais já não funcionam devido à falta de combustível, água e suprimentos médicos vitais ou porque sofreram danos catastróficos em ataques”, afirmou.

No início desta semana, o porta-voz da UNICEF, James Elder, apelou a uma trégua humanitária imediata em Gaza, alertando mais uma vez que, sem uma trégua, as mortes por doenças poderiam ultrapassar o número de mortes por bombardeamentos no território palestiniano sitiado.

Numa publicação de terça-feira na plataforma X, Elder anunciou: “Sem água potável, alimentos e saneamento suficientes que só um cessar-fogo humanitário pode trazer – as mortes de crianças devido a doenças podem ultrapassar as mortas em bombardeamentos”.


O site da Press TV também pode ser acessado nos seguintes endereços alternativos:

www.presstv.co.uk

Fonte: Press TV


Refeições de Esperança: Nutrindo as Crianças de Gaza


No coração de Gaza, onde a esperança foi ofuscada pelo conflito, as crianças e as famílias continuam a enfrentar dificuldades inimagináveis. Umma Relief tomou uma posição para trazer mudanças. A nossa campanha 'Refeições de Esperança' é uma tábua de salvação para aqueles que necessitam desesperadamente.

Junte-se a nós nesta missão urgente de fornecer nutrição, esperança e um futuro melhor. Seu apoio é importante. Doe hoje e seja sua esperança nestes tempos desafiadores.

Inscreva-se em nosso canal e visite nosso site para obter mais atualizações sobre nossos esforços humanitários.



O conflito continua


Em Gaza, o conflito dura há mais de dois meses, sem sinais de melhoria. Desde o início desta crise, Gaza assistiu apenas a quatro dias de cessar-fogo. A situação continua grave e as crianças inocentes de Gaza continuam a sofrer.

Em meio ao caos, agimos



A Urgência do Agora


Agora, mais do que nunca, recorremos a você para obter ajuda. A situação é terrível e os custos são elevados. Cada refeição é um farol de esperança, mas precisamos da sua ajuda para continuar esta missão vital.


Quds News Network


À medida que Israel continua a proibir a ajuda humanitária a Gaza, mais de 2 milhões de palestinianos enfrentam a fome.

Esta garota espera encontrar algumas sobras


 AJ+


Esta criança palestiniana foi buscar comida para a sua família, mas regressou quase sem nada. O bloqueio total de Israel a Gaza deixou metade da população faminta.

 

domingo, 10 de dezembro de 2023

Guerra Israel-Palestina: Hospital do Norte de Gaza enfrenta fome em meio ao cerco israelense


Um membro da equipe descreve ao MEE a situação no hospital al-Awda, onde as pessoas estão presas e têm apenas alguns dias de comida sobrando


Palestinos feridos no bombardeio israelense na Faixa de Gaza são levados ao hospital al-Awda em Deir al Balah em 8 de dezembro de 2023 (AP)

Pelo menos 250 médicos, pacientes e seus familiares estão à beira da fome no norte de Gaza depois que franco-atiradores israelenses sitiaram o hospital de Al-Awda, atirando para matar qualquer um que tentasse entrar ou sair do prédio, ou mesmo qualquer um que se desviasse também. perto de uma janela.

Um membro da equipe do al-Awda relatou em primeira mão ao Middle East Eye sobre as terríveis condições dentro do hospital, onde as pessoas têm comida suficiente para durar apenas alguns dias e não têm para onde fugir.

"Estamos no hospital al-Awda, na zona norte, e estamos sitiados há quatro dias. Ninguém pode mover-se, entrar ou sair do hospital", disse Mohammed, o funcionário, que pediu para não revelar o seu nome completo.

Os atiradores israelenses que cercam o hospital basicamente transformaram os palestinos em reféns até que a comida e a água do hospital acabem, disse ele, e não estão apenas bloqueando todas as saídas e entradas, mas também atirando em qualquer pessoa que se mova.

Além dos atiradores, disse Mohammed, os tanques israelenses estavam entre 50 e 70 metros do hospital. Se o cerco continuar, o hospital ficará sem alimentos em questão de dias, disse ele.

"Temos comida apenas para três dias. Água para dois dias. Combustível para quatro dias. Mas hoje o gerador vai parar porque ninguém pode se mover para abastecê-lo com combustível. Então a água corrente vai parar", disse ele.

Na manhã de sábado, as forças israelenses começaram a atacar os tanques de água do hospital, segundo Mohammed. 

Em gravação enviada ao The Hill, ele disse que as pessoas sitiadas “só comem uma refeição por dia”.

Há pouco mais de uma semana, o hospital al-Awda era o único hospital em funcionamento que prestava serviços médicos a mulheres grávidas no norte de Gaza. Mohammed descreveu a situação como sombria, com o hospital cheio de palestinos feridos , bem como de novas mães com seus filhos pequenos.

Mohammed disse que há duas mulheres com bebês e 38 feridos entre as 250 pessoas no hospital.


Acompanhe a cobertura ao vivo do Middle East Eye para saber as últimas novidades sobre a guerra Israel-Palestina 

 

 A infra-estrutura de saúde de Gaza está à beira do colapso, à medida que Israel prossegue as suas operações militares no enclave sitiado.

Tlaleng Mofokeng, relator especial da ONU sobre o direito à saúde, disse na quinta-feira que Israel declarou uma “guerra implacável” ao sistema médico de Gaza.

O MEE entrou em contato com o gabinete do porta-voz militar israelense para comentar o motivo do cerco de al-Awda, mas não recebeu resposta até o momento da publicação.


Morte por fome ou morte por bala


Se os palestinianos dentro de al-Awda permanecerem vivos apesar da escassez de alimentos e de água, ainda poderão enfrentar a morte se forem disparados por um atirador israelita posicionado no exterior. Um dos colegas da equipe de Mohammed já foi morto por um franco-atirador.

“Ontem o atirador matou nosso colega quando ele estava perto de uma janela”, disse Mohammed.

Ele acrescentou que o filho de um colega também foi baleado, mas os médicos conseguiram salvar sua vida, mas na noite de sexta-feira um  faxineiro foi baleado por uma janela e morreu.

No primeiro dia do cerco, um atirador israelense atirou e matou uma mulher que tentava entrar na maternidade do hospital.

Seu corpo permanece na rua do lado de fora, sem que ninguém consiga recuperá-lo devido à ameaça de serem mortos a tiros.

Na noite de sexta-feira, um faxineiro do hospital foi baleado através de uma janela e morreu.

O hospital Al-Awda foi atacado por Israel mais de uma vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de Outubro.

Em 21 de novembro, Médicos Sem Fronteiras (MSF) relataram que três médicos, incluindo dois funcionários de MSF, foram mortos num ataque ao hospital. Embora a organização não tenha identificado quem foi o responsável pelo atentado, nesse mesmo dia a Sociedade do Crescente Vermelho Palestiniano informou que um ataque israelita matou pelo menos quatro médicos em al-Awda.

Um dos médicos de MSF mortos, Mahmoud Abu Nujaila, escreveu em um quadro branco dentro do hospital no dia 20 de outubro: "Fizemos o que pudemos. Lembre-se de nós".


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Segundo dados da ONU, registaram-se pelo menos 364 ataques a serviços de saúde nos territórios palestinianos desde 7 de Outubro. Nesses ataques, pelo menos 553 pessoas morreram e 729 ficaram feridas. Mais de 50 unidades de saúde e quase 200 ambulâncias também foram afetadas.

Quase 17.500 palestinos foram mortos em Gaza desde o início da guerra, com muitos milhares de desaparecidos e presumivelmente mortos .

Israel sitiou vários hospitais em Gaza desde o início da guerra, incluindo  o hospital al-Shifa , o maior complexo médico de Gaza, e o hospital Rantisi, ambos na cidade de Gaza, no norte.

Israel sitiou vários hospitais em Gaza desde o início da guerra, incluindo  o hospital al-Shifa , o maior complexo médico de Gaza, e o hospital Rantisi, ambos na cidade de Gaza, no norte.

Os cercos são frequentemente seguidos de ataques , que deixaram vários hospitais em ruínas depois que as forças israelenses se retiraram deles.

“Somos uma ONG hospitalar independente e trabalhamos para servir as pessoas. Não sei por que estamos sendo alvos”, disse Mohammed.

Fonte: Middle East Eye

Por: Azad Essa e Umar A Farooq


TIMES OF GAZA10 de nov de 2023


Pesados ​​​​ataques aéreos israelenses atingiram as proximidades do Hospital al-Awda, na Faixa de Gaza.

 

sarah 


 Soldados israelenses incendiaram alimentos e suprimentos de água na sitiada Shujaiya, em Gaza.

Pura maldade.

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Fantástico mostra famílias que não têm o que comer e lembra fala de Bolsonaro negando fome no país


O catador de latinha Irapuã Oliveira consola a filha que chora antes de comer, quanto seus pais só vão observar (Foto Reprodução / TV Globo)asil

Matéria teve como base Nobel da Paz concedido a Programa Mundial de Alimentos da ONU; entrevistados não conseguiram auxílio emergencial

Na edição deste domingo (11), o Fantástico, da Rede Globo, mostrou famílias que passam algum dia da semana sem ter o que comer – e isso a 40 minutos do centro do Rio. A reportagem tinha como gancho o Prêmio Nobel da Paz concedido na semana passada ao Programa Mundial de Alimentos da ONU.

Na matéria, três famílias foram entrevistadas em Japeri, na Baixada Fluminense. O repórter Marcelo Canellas lembra que é o segundo estado mais rico do país. Cada uma delas mostra a geladeira ou despensa e relata a dificuldade para conseguir comida. Os entrevistados questionados disseram que não conseguiram o auxílio emergencial.

A reportagem lembra que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou, no mês passado, que 10,1 milhões de pessoas estão na situação de ficar ao menos um dia por semana sem ter o que comer, chamado de “insegurança alimentar grave”. E isso em 2018.

E fez questão de relembrar frase do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no ano passado, em entrevista a correspondentes estrangeiros, em que ele negou que houvesse fome no país.

A matéria mostrou a sequência inteira, legendada. Nela, Bolsonaro afirma: “Falar que se passa mal no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome? Não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com o físico esquelético como a gente vê em alguns países aí pelo mundo”.

Relatos

Em uma das casas, a dona de casa Andressa Garcia Oliveira, com sete filhos, confirma que fica às vezes um dia inteiro sem comer. Ela contou que seu arroz tinha acabado naquele dia e ia buscar o alimento na casa da mãe. Ela recebe o Bolsa Família, que dura apenas dez dias.

A dona de casa Maria de Lourdes Silva teve o pagamento reduzido por empréstimos consignados. Ela mostra a geladeira com uma panela com arroz e garrafa de água, apenas. “Amanhã eu não sei se vou comer.”

Outra entrevista foi com o catador de latinha Irapuã de Oliveira Barros. Ele e a mulher estão morando com os quatro filhos de favor nos fundos de uma igreja evangélica e mostram a despensa, com menos de cinco pacotes de comida. Sua renda mensal é de R$ 20 a R$ 40. “Por mês?”, pergunta o repórter, espantado. O casal faz macarrão para as filhas e não come. A mais velha chora antes de começar a comer.

Isabela Alves Oliveira, a mulher do catador de latinhas, diz que não conseguiu o auxílio emergencial e não tem o Bolsa Família.

Fora do mapa da fome com Dilma

Na reportagem, é lembrado que o Brasil já foi muito elogiado pelo programa da Organização das Nações Unidas premiado com o Nobel. E que o país foi retirado do mapa da fome mundial em 2013. O programa da Rede Globo não mencionou, mas naquele ano o Brasil era presidido por Dilma Rousseff e fazia dez anos que o PT estava governando o país.

Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) no Brasil disse que desde lá, número voltou a crescer.

No mapa da fome, figuram países que têm mais de 5% de sua população na situação de “insegurança alimentar grave” – que ficam ao menos uma vez por semana sem comer. Com 10 milhões de pessoas nessa situação em 2018, o pior índice desde 2004. “O número do IBGE mostra que estava no limiar do mapa da fome. E nós acreditamos que o número hoje é maior”, disse Belaban.

Fonte: Revista Fórum


NETTEC NOTÍCIAS

Não sei se vou comer amanhã". Veja relatos dos brasileiros que passam fome

Dez milhões de brasileiros ficam pelo menos um dia da semana sem comer. Na semana em que o Prêmio Nobel da Paz foi entregue ao Programa Mundial de Alimentação da ONU, o repórter Marcelo Canellas mostra como é a vida de quem não tem o que comer.

Assista ao vídeo



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