Matéria teve como base Nobel da Paz concedido a Programa
Mundial de Alimentos da ONU; entrevistados não conseguiram auxílio emergencial
Na edição deste domingo (11), o Fantástico, da Rede Globo,
mostrou famílias que passam algum dia da semana sem ter o que comer – e isso a
40 minutos do centro do Rio. A reportagem tinha como gancho o Prêmio Nobel da Paz concedido na semana passada ao Programa
Mundial de Alimentos da ONU.
Na matéria, três famílias foram entrevistadas em Japeri, na
Baixada Fluminense. O repórter Marcelo Canellas lembra que é o segundo estado
mais rico do país. Cada uma delas mostra a geladeira ou despensa e relata a
dificuldade para conseguir comida. Os entrevistados questionados disseram que
não conseguiram o auxílio emergencial.
A reportagem lembra que o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) mostrou, no mês passado, que 10,1 milhões de pessoas estão
na situação de ficar ao menos um dia por semana sem ter o que comer, chamado de
“insegurança alimentar grave”. E isso em 2018.
E fez questão de relembrar frase do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) no ano passado, em entrevista a correspondentes
estrangeiros, em que ele negou que houvesse fome no país.
A matéria mostrou a sequência inteira, legendada. Nela,
Bolsonaro afirma: “Falar que se passa mal no Brasil é uma grande mentira.
Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome? Não. Você não
vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com o físico esquelético como a gente vê em
alguns países aí pelo mundo”.
Relatos
Em uma das casas, a dona de casa Andressa Garcia Oliveira, com sete filhos, confirma que fica às vezes um dia inteiro sem comer. Ela contou que seu arroz tinha acabado naquele dia e ia buscar o alimento na casa da mãe. Ela recebe o Bolsa Família, que dura apenas dez dias.
A dona de casa Maria de Lourdes Silva teve o pagamento
reduzido por empréstimos consignados. Ela mostra a geladeira com uma panela com
arroz e garrafa de água, apenas. “Amanhã eu não sei se vou comer.”
Outra entrevista foi com o catador de latinha Irapuã de
Oliveira Barros. Ele e a mulher estão morando com os quatro filhos de favor nos
fundos de uma igreja evangélica e mostram a despensa, com menos de cinco
pacotes de comida. Sua renda mensal é de R$ 20 a R$ 40. “Por mês?”, pergunta o
repórter, espantado. O casal faz macarrão para as filhas e não come. A mais
velha chora antes de começar a comer.
Isabela Alves Oliveira, a mulher do catador de latinhas, diz
que não conseguiu o auxílio emergencial e não tem o Bolsa Família.
Fora do mapa da fome com Dilma
Na reportagem, é lembrado que o Brasil já foi muito elogiado
pelo programa da Organização das Nações Unidas premiado com o Nobel. E que o
país foi retirado do mapa da fome mundial em 2013. O programa da Rede Globo não
mencionou, mas naquele ano o Brasil era presidido por Dilma Rousseff e fazia
dez anos que o PT estava governando o país.
Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos
(WFP, na sigla em inglês) no Brasil disse que desde lá, número voltou a
crescer.
No mapa da fome, figuram países que têm mais de 5% de sua
população na situação de “insegurança alimentar grave” – que ficam ao menos uma
vez por semana sem comer. Com 10 milhões de pessoas nessa situação em 2018, o
pior índice desde 2004. “O número do IBGE mostra que estava no limiar do mapa
da fome. E nós acreditamos que o número hoje é maior”, disse Belaban.
Fonte: Revista Fórum
Não sei se vou comer amanhã". Veja relatos dos brasileiros que passam fome
Dez milhões de brasileiros ficam pelo menos um dia da semana
sem comer. Na semana em que o Prêmio Nobel da Paz foi entregue ao Programa
Mundial de Alimentação da ONU, o repórter Marcelo Canellas mostra como é a vida
de quem não tem o que comer.
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— Fantástico (@showdavida) October 12, 2020