Presidente disse que Israel extermina palestinos durante discurso na Conferência de Alto Nível sobre Palestina, em Nova York
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva declarou
nesta segunda-feira (22/09) que o genocídio
cometido por Israel contra o povo palestino é “símbolo maior dos
obstáculos enfrentados pelo multilateralismo”. Em crítica indireta aos Estados
Unidos, que recentemente voltaram a barrar, no Conselho de Segurança das Nações
Unidas (ONU), uma resolução de cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de
Gaza, afirmou que a “tirania do veto” impede com que atrocidades sejam
evitadas.
“Ele mostra como a tirania do veto sabota a própria razão de
ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se
repitam. Também vai contra sua vocação universal, bloqueando a admissão, como
membro pleno, de um Estado cuja criação deriva da autoridade da própria
Assembleia Geral”, disse o petista.
A declaração
de Lula se deu na Conferência Internacional de Alto Nível para a
Solução da Questão Palestina e a Implementação da Solução de dois Estados, na
cidade estadunidense de Nova York, à margem da 80º
sessão da Assembleia Geral da ONU.
Ao afirmar que o genocídio é o termo mais apropriado para
descrever o que ocorre em Gaza, o presidente lembrou que foi justamente por
isso que o Brasil decidiu aderir ao caso apresentado pela África do Sul à Corte
Internacional de Justiça.
“Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de cinquenta
mil crianças. Nada justifica destruir 90% dos lares palestinos. Nada justifica
usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de
ajuda. Meio milhão de palestinos não têm comida suficiente, mais do que a
população de Miami ou Tel Aviv. A fome não aflige apenas o corpo. Ela estilhaça
a alma. O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio
do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de
nação”, disse Lula.
Por fim, o petista se comprometeu a reforçar o controle
sobre importações de assentamentos ilegais na Cisjordânia e manter suspensas as
exportações de material de defesa que possam ser usadas para cometimento de
crimes contra a humanidade e genocídio.
“Diante da omissão do Conselho de Segurança, a Assembleia
Geral precisa exercer sua responsabilidade”, reiterou. “Apoiamos a criação de
um órgão inspirado no Comitê Especial contra o Apartheid, que teve papel
central no fim do regime de segregação racial sul-africano”.
O presidente Lula desembarcou em Nova York no fim da tarde
deste domingo (21/09). Na terça-feira (22/09), como tradição, abrirá a reunião
de líderes da 80ª Assembleia Geral da ONU. O mandatário tem uma agenda intensa
durante os três dias em que estará nos EUA, que incluirá encontros bilaterais
com empresas de tecnologia, participação em uma reunião sobre a proposta de
dois Estados para o conflito no Oriente Médio e articulações para a COP30, que
será realizada em Belém, em novembro.
Leia o discurso na íntegra:
“Cumprimento o presidente Emmanuel Macron e primeiro-ministro Mohammed bin Salman por liderarem este importante processo.
A questão da Palestina surgiu no momento em que a Assembleia
Geral adotou o chamado Plano de Partilha, há 78 anos.
A sessão em que ele foi aprovado foi presidida pelo
brasileiro Oswaldo Aranha.
Naquela ocasião, nasceu a perspectiva de dois Estados.
Mas só um se materializou.
O conflito entre Israel e Palestina é símbolo maior dos
obstáculos enfrentados pelo multilateralismo.
Ele mostra como a tirania do veto sabota a própria razão
de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se
repitam.
Também vai contra sua vocação universal, bloqueando a
admissão, como membro pleno, de um Estado cuja criação deriva da autoridade da
própria Assembleia Geral.
Um Estado se assenta sobre três pilares: o território, a
população e o governo.
Todos têm sido sistematicamente solapados no caso
palestino.
Como falar em território diante de uma ocupação ilegal
que cresce a cada novo assentamento?
Como manter uma população diante da limpeza étnica a que
assistimos em tempo real?
E como construir um governo sem empoderar a Autoridade
Palestina?
Como apontou a Comissão de Inquérito sobre os Territórios
Palestinos Ocupados, não há palavra mais apropriada para descrever o que está
ocorrendo em Gaza do que genocídio.
Por isso, o Brasil decidiu tornar-se parte do caso
apresentado pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça.
Os atos terroristas cometidos pelo Hamas são
inaceitáveis. O Brasil foi enfático ao condená-los.
Mas o direito de defesa não autoriza a matança
indiscriminada de civis.
Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de cinquenta
mil crianças.
Nada justifica destruir 90% dos lares palestinos.
Nada justifica usar a fome como arma de guerra, nem
alvejar pessoas famintas em busca de ajuda.
Meio milhão de palestinos não têm comida suficiente, mais
do que a população de Miami ou Tel Aviv.
A fome não aflige apenas o corpo. Ela estilhaça a alma.
O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do
povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação.
Tanto Israel, quanto a Palestina têm o direito de
existir.
Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma
assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz.
Saudamos os países que reconheceram a Palestina, como o
Brasil fez em 2010. Já somos a imensa maioria dos 193 membros da ONU.
O Brasil se compromete a reforçar o controle sobre
importações de assentamentos ilegais na Cisjordânia e manter suspensas as
exportações de material de defesa, inclusive de uso dual, que possam ser usadas
em crimes contra a humanidade e genocídio.
Diante da omissão do Conselho de Segurança, a Assembleia
Geral precisa exercer sua responsabilidade.
Apoiamos a criação de um órgão inspirado no Comitê
Especial contra o Apartheid, que teve papel central no fim do regime de
segregação racial sul-africano.
Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um
ato de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo
e recobrar nosso sentido coletivo de humanidade.
Obrigado.”
Fonte: Opera Mundi
Lula
Discurso do presidente Lula durante Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução De Dois Estados
A questão da Palestina surgiu no momento em que a Assembleia
Geral adotou o chamado Plano de Partilha, há 78 anos. A sessão em que ele foi
aprovado foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Naquela ocasião, nasceu
a perspectiva de dois Estados. Mas só um se materializou.
📝 Discurso do presidente Lula durante Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução De Dois Estados
— Lula (@LulaOficial) September 22, 2025
A questão da Palestina surgiu no momento em que a Assembleia Geral adotou o chamado Plano de Partilha, há 78 anos. A sessão… pic.twitter.com/w56zgLTG4M
FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil
Na ONU, Lula afirma que "israel" comete genocídio, tenta "aniquilar sonho palestino" e pede comitê internacional inspirado no modelo contra apartheid na África do Sul: "Nada justifica o extermínio de 50 mil crianças"
Na ONU, Lula afirma que "israel" comete genocídio, tenta "aniquilar sonho palestino" e pede comitê internacional inspirado no modelo contra apartheid na África do Sul: "Nada justifica o extermínio de 50 mil crianças" pic.twitter.com/tdqOzWyy9o
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