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sábado, 20 de abril de 2024

No Dia dos Povos Indígenas: (19/Abril ) Apib cobra ações contra o garimpo no território Munduruku


A incidência faz parte das ações do Abril Indígena e antecede o Acampamento Terra Livre 2024


Apib

No Dia Nacional dos Povos Indígenas (19/04) a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), por meio do seu departamento jurídico, protocolou uma manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual cobra ações contra o garimpo no território Munduruku. O documento foi protocolado pela Apib na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709.

A manifestação faz parte das ações do Abril Indígena e  antecede o Acampamento Terra Livre (ATL) 2024, que ocorrerá entre os dias 22 e 26 de abril em Brasília (DF). No documento a Apib cobra a realização de ações urgentes de comando e controle que busquem conter o garimpo nos territórios tradicionalmente ocupados pelo povo Munduruku.

A organização também pede ao STF que o Ministério da Saúde crie uma política nacional de saúde de pessoas afetadas pelo mercúrio e inclua uma série de contaminação humana por mercúrio no sistema DATASUS, além do protocolo para coleta de dados e alimentação do sistema.

As terras indígenas Munduruku estão entre as cinco terras com maior área de garimpo devastados pela atividade ilegal, conforme estudo do MapBiomas publicado em 2023. Porém, a presença do garimpo ilegal em terras Munduruku não é novidade. Em 2020, a TI Munduruku foi a segunda com maior registro de garimpo no Brasil. No ano seguinte a posição se manteve a mesma, mas com expressivo aumento da área garimpada, que subiu de 1.592 ha, em 20205, para 4.743 ha, em 2021.

“Vamos ao STF informar a situação de calamidade que os povos indígenas Munduruku vem vivenciando em seus territórios. Diversos estudos sinalizam que a contaminação pelo mercúrio tem começado a prejudicar toda saúde dos indígenas quanto da biodiversidade do território, tudo isso devido ao garimpo ilegal que tem operado dentro da terra indígena. Por esse motivo, dentro da manifestação a gente pede que diferentes instâncias do governo brasileiro tomem para si essa situação. O Brasil é signatário da Convenção de Minamata e o Ministério de Relações Exteriores precisa começar a implementar essa convenção e fazer dela uma ferramenta de combate ao garimpo”, afirma Maurício Terena, coordenador jurídico da Apib.

Veja a lista completa de pedidos da Apib:

1. Em regime de urgência, a realização de ações de comando e controle destinadas à contenção da atividade garimpeira nos territórios tradicionalmente ocupados pelo povo Munduruku;

2. Sejam o Ministério da Saúde e, especificamente, a SESAI, instados a se manifestarem sobre os dados aqui apresentados, bem como sobre o estágio de cumprimento das ações previstas no Plano Setorial de Implementação da Convenção de Minamata, particularmente em seu Eixo 4;

3. Manifesta-se o Ministério da Saúde sobre a criação de uma política nacional de saúde de pessoas afetadas pelo mercúrio.

4. O Ministério da Saúde seja instado a apresentar, em prazo razoável, alternativa qualificada – via SINAN ou novo sistema – para a inclusão de dados, incluída a série histórica, de contaminação humana por mercúrio no sistema DATASUS, bem como protocolo para coleta de dados e alimentação do sistema;

5. A determinação de inclusão, pela Secretaria do Meio Ambiente do

Estado do Pará, de dados conhecidos sobre as áreas de risco expostas ou potencialmente expostas a contaminantes químicos, notadamente em territórios indígenas, em razão de mineração, no Sistema de Informação de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado (SISSOLO), do Ministério da Saúde, nos termos do recomendado pelo Ministério Público Federal na Recomendação no 2, de 08 de fevereiro de 2024;

6. Inste o Ministério das Relações Exteriores para que apresente plano de trabalho e qual a metodologia eleita para implementar a convenção de minamata no Brasil.

7. Inste o Ministério do Meio Ambiente para que apresente as medidas que estão sendo adotadas internamente no órgão para recuperar o território munduruku.

20 anos de Acampamento Terra Livre

Cerca de 5 mil indígenas de mais de 200 povos devem ocupar a Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília, no Acampamento Terra Livre 2024. A mobilização ocorre entre os dias 22 e 26 de abril e tem como tema principal “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui!”, uma oposição à tese ao marco temporal.

A tese foi derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF), porém legalizada por meio da lei 14.701/2023, considerada pela Apib como lei do genocídio e aprovada pela bancada anti-indígena do Congresso Nacional.

A programação do ATL, que este ano completa 20 anos de luta e resistência, irá relembrar a trajetória da mobilização e homenagear lideranças históricas do movimento indígena. A saúde mental, a luta das mulheres indígenas e o aldeamento da política brasileira também são temas que devem ser debatidos durante o acampamento.

Fazem parte da programação as marchas “#EmergênciaIndígena: Nossos Direitos não se negociam”, prevista para o dia 23 de abril às 9h. Além da marcha “Nosso marco é ancestral”. Sempre estivemos aqui” no dia 25, às 15h.

“Esse deve ser um dos maiores acampamentos. A expectativa é que o ATL 2024 seja o mais participativo de toda a história, tanto em número de pessoas, quanto de representatividade de povos. É o momento de nos unirmos nas assembleias e debater os próximos caminhos”, diz Kleber Karipuna, coordenador executivo da Apib.

No dia 22 de abril, a partir das 10h, a coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) irá receber a imprensa para uma coletiva sobre o ATL 2024. A coletiva irá ocorrer na tenda do cinema, dentro do Acampamento Terra Livre.

Jornalistas que desejam cobrir a mobilização devem se inscrever por meio do link:

Fonte: Apib



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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Yanomamis denunciam morte de duas crianças durante ataque de garimpeiros em Roraima


Crianças de 1 e 5 anos foram encontradas no Rio Uriracoera depois de fugirem dos disparos


Neila Yanomami e outros 8 lideranças indígenas da Comunidade Palimiu em Boa Vista (RR) no último sábado (15) - Reprodução /Divulgação


 Duas crianças Yanomami, de 1 e 5 anos, foram encontradas mortas após ataque de garimpeiros ilegais na última segunda-feira (10) na comunidade Palimiu, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. 

"Na segunda-feira, muitas crianças correram pro mato, pro outro lado e pro rio [pra fugir dos tiros]. E as duas crianças ficaram lá pra beira do rio. Todo mundo na hora tava num clima muito ruim, estava se defendendo, e as crianças foram se esconder no mato", explica Dário Kopenawa, vice-presidente da associação Hutukara.  

"No dia 11 começaram a procurar e acharam as crianças, mas sobrou duas [que não foram localizadas]. Então no dia 12 as crianças boiaram no Rio Grande. Eles foram recolhidos às 15h. As lideranças confirmaram que as crianças morreram durante o tiroteio fugindo dos tiros".

Em vídeo gravado pelos indígenas, é possível ver o exato momento em que as embarcações se aproximam e começam a atirar. Mulheres e crianças que estavam sentadas próximas à beira do rio correm para dentro da comunidade. Na correria, duas crianças se perderam na mata e acabaram caindo no rio.


Brasil de Fato

Garimpeiros armados chegam de barco e atacam comunidade indígena em Roraima

Assista ao VÍDEO


Em nota, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) informou que os indígenas estão muito tristes e de luto pela perda das crianças, além de estarem muito cansados - já que não conseguem dormir direito por conta dos ataques dos garimpeiros. 

No último sábado (15), 9 lideranças indígenas da comunidade Palimiu estiveram em Boa Vista, capital de Roraima, para conversar com a imprensa e se reunir com o Ministério Público Federal. Na ocasião, as lideranças puderam dar mais detalhes do que a comunidade vem vivendo por conta dos ataques. 

"Nós estamos muito preocupados com nossos parentes do Palimiu, que estão sofrendo ameaças contra suas vidas. Nesse momento, a comunidade de Palimiu está sem nenhuma assistência de saúde: os profissionais de saúde foram removidos por conta dos tiroteios", diz a nota da associação.

 No texto a HAY também afirma que não há nenhuma força pública de segurança permanente no local e que os garimpeiros continuam amedrontando a comunidade."Os garimpeiros estão circulando ao redor da comunidade armados em barcos. Na noite do dia 14 de maio entraram na comunidade, mas os Yanomami tinham fugido do mato para se proteger".

"Nós Yanomami queremos viver em paz na nossa terra, com a floresta. As autoridades brasileiras precisam cumprir sua responsabilidade e agir urgentemente para garantir a segurança dos Yanomami e dos Ye’kwana, e para proteger a Terra Indígena Yanomami e a floresta do garimpo ilegal", conclui a nota. 

Com base em pedido do Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), a  Justiça Federal determinou na última sexta-feira (14), que a União mantenha efetivo armado, de forma permanente, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami em Roraima, para evitar novos conflitos e garantir a segurança de seus integrantes.

Na decisão, foi estabelecido prazo de 24 horas para que a União informe e comprove nos autos o envio de tropa para a comunidade sob pena de multa a ser fixada. Também foi determinada à Fundação Nacional do Índio (Funai) que auxilie as forças de segurança no contato com os indígenas e no gerenciamento das relações interculturais.

O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) na quarta-feira (12), na Ação Civil Pública ajuizada no ano passado, na qual pediu a total desintrusão de garimpeiros na região.

Em nota, o  Ministério da Saúde, por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, informa que "os profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) que se encontravam no Polo Base da comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, foram retirados, pelo DSEI, por falta de segurança no local, na terça-feira, 11 de maio".

A pasta afirma que a retirada foi  acompanhada por agentes da Polícia Federal e pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami "para garantir a integridade física dos profissionais de saúde".

"A unidade de atendimento será reaberta tão logo seja possível atuar em segurança na localidade. Em caso de urgência ou emergência durante este período, o DSEI realizará atendimento pontual e a comunidade não ficará desassistida".

O Brasil de Fato também procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério da Defesa, mas não obteve resposta até o momento desta publicação.


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