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sábado, 10 de fevereiro de 2024

Hind Rajab, 6, encontrada morta em Gaza dias após telefonemas pedindo ajuda


Uma menina de seis anos que desapareceu na Cidade de Gaza no mês passado foi encontrada morta, juntamente com vários dos seus familiares e dois paramédicos que tentaram salvá-la.


Hind Rajab, 6 anos, estava tentando escapar para o oeste da cidade de Gaza quando o carro em que ela viajava foi atacado

Hind Rajab estava fugindo da cidade com sua tia, tio e três primos quando o carro em que viajavam parece ter ficado cara a cara com tanques israelenses e ficado sob fogo.

Gravações de áudio de ligações entre Hind e operadores de chamadas de emergência sugerem que a menina de seis anos foi a única que ficou viva no carro, escondida das forças israelenses entre os corpos de seus parentes.

Seus apelos para que alguém a resgatasse terminaram quando a linha telefônica foi cortada em meio ao som de mais tiros.

Os paramédicos da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) conseguiram no sábado chegar à área, que havia sido anteriormente fechada como zona de combate ativo.

Eles encontraram o carro Kia preto em que Hind estava viajando - com para-brisa e painel quebrados em pedaços, buracos de bala espalhados pela lateral.


O carro de Hind foi encontrado destruído e crivado de buracos de bala

Um paramédico disse aos jornalistas que Hind estava entre os seis corpos encontrados dentro do carro, todos com sinais de tiros e bombardeios.

A poucos metros de distância estavam os restos de outro veículo – completamente queimado, com o motor derramado no chão. Esta, diz o Crescente Vermelho, é a ambulância enviada para buscar Hind.

A sua tripulação – Yusuf al-Zeino e Ahmed al-Madhoun – foi morta quando a ambulância foi bombardeada pelas forças israelitas, afirma a organização.

Num comunicado, a República Popular da China acusou Israel de ter como alvo deliberado a ambulância, assim que esta chegou ao local, em 29 de Janeiro.

“A ocupação [israelense] teve como alvo deliberado a tripulação do Crescente Vermelho, apesar de ter obtido coordenação prévia para permitir que a ambulância chegasse ao local para resgatar a criança Hind”, afirmou.

O PRCS disse à BBC que demorou várias horas a coordenar o acesso com o exército israelita, a fim de enviar paramédicos para Hind.


O carro pertencente aos paramédicos do Crescente Vermelho Palestino foi completamente queimado

“Conseguimos a coordenação, obtivemos luz verde”, disse-me a porta-voz do PRCS, Nibal Farsakh, no início desta semana. "Na chegada, [a tripulação] confirmou que podiam ver o carro onde Hind estava preso e que podiam vê-la. A última coisa que ouvimos foi tiroteio contínuo."

As gravações das conversas de Hind com operadoras de chamadas – partilhadas publicamente pelo Crescente Vermelho – desencadearam uma campanha para descobrir o que lhe tinha acontecido.

A mãe de Hind nos disse – antes de seu corpo ser descoberto – que ela estava esperando por sua filha “a qualquer momento, a qualquer segundo”.

Agora ela está exigindo que alguém seja responsabilizado.

“Para cada pessoa que ouviu a minha voz e a voz suplicante da minha filha, mas não a resgatou, vou interrogá-la diante de Deus no Dia do Juízo”, disse ela à BBC. “Netanyahu, Biden e todos aqueles que colaboraram contra nós, contra Gaza e seu povo, rezo contra eles do fundo do meu coração”.

No hospital onde esperava notícias da filha, a mãe de Hind, Wissam, ainda segura a bolsinha rosa que guardava para ela. Dentro dele, um caderno onde Hind praticava sua caligrafia.

“Quantas mais mães você está esperando para sentir essa dor? Quantas crianças mais você quer que morram?” ela disse.

Pedimos duas vezes ao exército detalhes sobre suas operações na área naquele dia, e sobre o desaparecimento de Hind e da ambulância enviada para resgatá-la – ele disse que estava verificando.

Pedimos novamente a sua resposta às alegações feitas pelo Crescente Vermelho Palestiniano no sábado.

As regras da guerra determinam que o pessoal médico deve ser protegido e não ser alvo de um conflito, e que as pessoas feridas devem receber os cuidados médicos de que necessitam – na medida do possível e com o menor atraso possível.

Israel já acusou anteriormente o Hamas de usar ambulâncias para transportar as suas armas e combatentes.

Por: Lucy Williamson

Fonte: BBC News, Jerusalém


Al Jazeera English


O corpo de Hind Rajab, de seis anos, foi encontrado em decomposição no carro onde sua família foi morta por tiros israelenses na cidade de Gaza. A poucos metros de distância, a ambulância enviada para resgatar Hind foi incendiada com os restos mortais de dois médicos dentro.




 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Yanomamis denunciam morte de duas crianças durante ataque de garimpeiros em Roraima


Crianças de 1 e 5 anos foram encontradas no Rio Uriracoera depois de fugirem dos disparos


Neila Yanomami e outros 8 lideranças indígenas da Comunidade Palimiu em Boa Vista (RR) no último sábado (15) - Reprodução /Divulgação


 Duas crianças Yanomami, de 1 e 5 anos, foram encontradas mortas após ataque de garimpeiros ilegais na última segunda-feira (10) na comunidade Palimiu, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. 

"Na segunda-feira, muitas crianças correram pro mato, pro outro lado e pro rio [pra fugir dos tiros]. E as duas crianças ficaram lá pra beira do rio. Todo mundo na hora tava num clima muito ruim, estava se defendendo, e as crianças foram se esconder no mato", explica Dário Kopenawa, vice-presidente da associação Hutukara.  

"No dia 11 começaram a procurar e acharam as crianças, mas sobrou duas [que não foram localizadas]. Então no dia 12 as crianças boiaram no Rio Grande. Eles foram recolhidos às 15h. As lideranças confirmaram que as crianças morreram durante o tiroteio fugindo dos tiros".

Em vídeo gravado pelos indígenas, é possível ver o exato momento em que as embarcações se aproximam e começam a atirar. Mulheres e crianças que estavam sentadas próximas à beira do rio correm para dentro da comunidade. Na correria, duas crianças se perderam na mata e acabaram caindo no rio.


Brasil de Fato

Garimpeiros armados chegam de barco e atacam comunidade indígena em Roraima

Assista ao VÍDEO


Em nota, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) informou que os indígenas estão muito tristes e de luto pela perda das crianças, além de estarem muito cansados - já que não conseguem dormir direito por conta dos ataques dos garimpeiros. 

No último sábado (15), 9 lideranças indígenas da comunidade Palimiu estiveram em Boa Vista, capital de Roraima, para conversar com a imprensa e se reunir com o Ministério Público Federal. Na ocasião, as lideranças puderam dar mais detalhes do que a comunidade vem vivendo por conta dos ataques. 

"Nós estamos muito preocupados com nossos parentes do Palimiu, que estão sofrendo ameaças contra suas vidas. Nesse momento, a comunidade de Palimiu está sem nenhuma assistência de saúde: os profissionais de saúde foram removidos por conta dos tiroteios", diz a nota da associação.

 No texto a HAY também afirma que não há nenhuma força pública de segurança permanente no local e que os garimpeiros continuam amedrontando a comunidade."Os garimpeiros estão circulando ao redor da comunidade armados em barcos. Na noite do dia 14 de maio entraram na comunidade, mas os Yanomami tinham fugido do mato para se proteger".

"Nós Yanomami queremos viver em paz na nossa terra, com a floresta. As autoridades brasileiras precisam cumprir sua responsabilidade e agir urgentemente para garantir a segurança dos Yanomami e dos Ye’kwana, e para proteger a Terra Indígena Yanomami e a floresta do garimpo ilegal", conclui a nota. 

Com base em pedido do Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), a  Justiça Federal determinou na última sexta-feira (14), que a União mantenha efetivo armado, de forma permanente, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami em Roraima, para evitar novos conflitos e garantir a segurança de seus integrantes.

Na decisão, foi estabelecido prazo de 24 horas para que a União informe e comprove nos autos o envio de tropa para a comunidade sob pena de multa a ser fixada. Também foi determinada à Fundação Nacional do Índio (Funai) que auxilie as forças de segurança no contato com os indígenas e no gerenciamento das relações interculturais.

O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) na quarta-feira (12), na Ação Civil Pública ajuizada no ano passado, na qual pediu a total desintrusão de garimpeiros na região.

Em nota, o  Ministério da Saúde, por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, informa que "os profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) que se encontravam no Polo Base da comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, foram retirados, pelo DSEI, por falta de segurança no local, na terça-feira, 11 de maio".

A pasta afirma que a retirada foi  acompanhada por agentes da Polícia Federal e pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami "para garantir a integridade física dos profissionais de saúde".

"A unidade de atendimento será reaberta tão logo seja possível atuar em segurança na localidade. Em caso de urgência ou emergência durante este período, o DSEI realizará atendimento pontual e a comunidade não ficará desassistida".

O Brasil de Fato também procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério da Defesa, mas não obteve resposta até o momento desta publicação.


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