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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Quase 600 mil pessoas morreram de Covid-19 no Brasil, indica estudo sobre subnotificações


Segundo projeção da Universidade de Washington, já são 6,9 milhões de óbitos pela doença em todo o planeta, mais do que o dobro dos dados oficiais


Vista aérea de um coveiro caminhando entre os túmulos de vítimas da Covid-19 no cemitério de Nossa Senhora Aparecida em Manaus, estado do Amazonas, Brasil, em 29 de abril de 2021 Foto: MICHAEL DANTAS / AFP

 RIO — Estudo da Universidade de Washington indica que o número de mortes causadas diretamente pela Covid-19 é mais do que o dobro do oficialmente registrado no mundo. Pelos cálculos dos cientistas do Instituto de Avaliação de Métricas de Saúde da universidade, que tem se destacado por suas projeções certeiras desde o início da pandemia, já são 595.903 mortos no Brasil, 6,9 milhões no mundo.

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Pelas contas do instituto, no Brasil o número da tragédia supera em 187.223 óbitos os dados oficiais. Já os EUA teriam de fato 905.289 mortos e não 574.043. A Índia 654.395 e não 221.181.

—  Por pior que a pandemia de Covid-19 pareça, nossa análise mostra que ela é significativamente ainda mais trágica. Conhecer o verdadeiro número de mortos não somente ajuda a entender a magnitude dessa crise global como fornece informação valiosa para que autoridades possam planejar ações e planos de recuperação — afirmou, em comunicado, o diretor do instituto, Christopher Murray.

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Em sua análise, os pesquisadores enfatizam que a maioria dos países subnotifica os números de mortos e muitos casos não foram registrados como Covid-19. Muitas vezes a subnotificação é consequência de sistemas de saúde sobrecarregados e da falta de testagem em massa para a detecção do coronavírus, caso do Brasil.

Mas os cientistas salientam que não se trata apenas disso. Dizem que “algo mais” pode estar por trás da gritante diferença de escala entre as mortes registradas oficialmente como Covid-19 e o excesso de mortalidade ocorrido durante a pandemia. A Rússia é o exemplo mais gritante, com um total de óbitos estimados em 170 mil, ou seja, assustadores 13 vezes maior que o número oficial do governo russo, de 13.529.

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Brasil é destaque no estudo

Noo estudo da Universidade de Washington o Brasil é citado como exemplo de país onde há “anomalia de informação” nas causas reportadas de todos os tipos de mortes.

Segundo os cientistas americanos, há um “claro e significativo” registro tardio de mortes a partir de junho de 2020 no sistema de saúde do país. E, por isso, eles coletaram dados do registro civil. “Nós sistematicamente revisamos a entrada dos dados”, informaram os pesquisadores.

Christopher Murray disse que o número de mortos em todo o paneta pela pandemia deverá alcançar 9,4 milhões em setembro. A Índia, onde há uma explosão de casos desde março, deve passar os EUA como o país que mais perdeu vidas devido ao coronavírus, com 1,4 milhão de vítimas. Os EUA devem chegar a 949 mil. Ele não fez projeções para o Brasil.

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Os pesquisadores estimaram o excesso de mortalidade causado diretamente pela Covid-19, semana a semana no mundo, comparando os números de óbitos com aqueles que seriam esperados.


Método para se alcancar os números

Murray explica que o excesso de mortalidade é influenciado por seis fatores. O primeiro são todas as mortes diretamente causadas pela infecção Covid-19. O segundo, o aumento de mortalidade por outras doenças devido à dificuldade de acesso a serviços de saúde causado pela pandemia.

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O terceiro fator é o aumento de mortalidade associado a complicações causadas por distúrbios mentais, como depressão e alcoolismo. O quarto item é a redução da mortalidade, devido ao menor número de acidentes de trânsito e outras formas de morte violenta propiciadas pela diminuição da mobilidade. 

O quinto indicador analisado foi a redução da mortalidade devido à menor transmissão de outros vírus respiratórios. E, por fim, o sexto, a diminuição de mortes por doenças crônicas como as cardiovasculares que poderiam ter acometido idosos que acabaram por morrer antes, de Covid-19.

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De posse de todas essas variáveis, os cientistas fizeram uma análise em quatro etapas. A primeira foi estimar em cada país, semana a semana desde o início da pandemia, o aumento da mortalidade comparado à taxa projetada, baseada nos anos anteriores. 

A segunda etapa foi estimar a fração de excesso de mortalidade direta por Covid-19 em oposição aos cinco outros fatores considerados. 

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Numa terceira etapa, os pesquisadores desenvolveram um modelo estatístico para predizer a taxa total de mortes por Covid-19 em lugares sem informações completas. Por fim, numa quarta etapa, projetaram uma estimativa global. 

— Não temos ainda a mortalidade nem a letalidade da Gripe Espanhola, que superou os 50 milhões de óbitos. Mas, dado o que acontece na Índia, a Covid-19 poderá matar muito mais gente do que já vimos até agora — afirmou Murray.

Fonte: O Globo


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