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terça-feira, 25 de maio de 2021

Artigo | Apesar da crise, super-ricos ficaram ainda mais ricos


Riqueza nacional diminuiu 425 bilhões de dólares no ano passado, enquanto número de bilionários aumentou


Mesmo com a impressionante redução no nível de atividade econômica, a quantidade de operadores na bolsa de valores aumentou em 92% - Astrid Schmidt

O segundo ano do governo Bolsonaro confirmou o crescimento da dissociação entre o desempenho econômico brasileiro e o aumento da  riqueza extrema. Tendência, aliás, acelerada justamente a partir do golpe de 2016, que retirou o PT do governo federal.

Na recessão de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB), que é  a soma de toda a riqueza gerada no ano, encolheu 4,1%, medido pela régua da moeda nacional (real), ou 22,7% considerando o dólar. A economia nacional caiu do 9º lugar para o 12º lugar na lista dos países mais ricos do mundo, em 2020.

Mesmo assim, os super-ricos brasileiros se deram bem. No ranking da revista Forbes, indicador das grandes fortunas em dólares no mundo, o Brasil foi o sétimo país a mais adicionar bilionários à sua população.

Apesar da riqueza nacional ter diminuído 425,5 bilhões de dólares, no ano passado, o Brasil assistiu ao aumento de 46,7% no número de bilionários – passou de 45 (2019) para 66 (2020).

::Distribuição de renda deve vir também em tributação de super-ricos, diz pesquisadora ::

A fortuna dos super-ricos aumentou 73,4%, era 127,1 bilhões de dólares (2019) e saltou para US$ 220,4 bilhões, em 2020. Com isso, o somatório das fortunas dos bilionários, em relação à riqueza nacional, se multiplicou 2,2 vezes e passou a ser 15,2% do PIB brasileiro de 2020 (a maior participação da história do capitalismo no país), contra 6,8%, em 2019.

Mas o que poderia permitir esta explosão no crescimento dos super-ricos e suas riquezas em meio aos destroços atuais da economia nacional? Teria sido a sorte que bateu a porta deste minúsculo agrupamento da sociedade?

O beneplácito não decorreu da mão invisível do mercado, muito menos, para a maioria deles, do desempenho econômico pelas empresas das quais são acionistas. Na realidade, a ação do governo Bolsonaro e de sua equipe econômica “sonho do mercado financeiro” tem sido recorrentemente voltada ao favorecimento de ricos, poderosos e privilegiados.

De certa forma, é o resultado direto das opções desde o retorno do receituário neoliberal providenciado com a pomposa denominação de “uma ponte para o futuro”. Assim, o padrão de responder à crise mudou, para manter protegidos os super-ricos no Brasil.

O papel do Banco Central, atualmente independente, tem sido chave para explicar a pujança mais recente dos bilionários frente ao desmonte neoliberal da economia nacional. Com a torneira monetária aberta, a política pública do dinheiro fácil convergiu para ricos e poderosos, quase que excluindo a parte maior da sociedade do orçamento governamental.

A injeção do dinheiro público no mercado financeiro impulsionou um conjunto de medidas corporativas na recompra de ações, negociações de derivativos e outras operações de captura da volatilidade de curto prazo que terminaram por favorecê-los e evitar o colapso eminente da bolsa de valores.

Esse apoio governamental direcionado e sem contrapartidas reais tornou possível aos bilionários a obtenção do crescimento significativo de suas fortunas, independente do comportamento negativo vislumbrado no conjunto das atividades econômicas do país.

::Personagem em quadrinhos discute tributação dos super-ricos de forma didática::

Além disso, os super-ricos contaram também com a política pública de auxílios  patrocinados pelo governo Bolsonaro, novamente sem contrapartida social, fiscal e ambiental. Também contou favoravelmente para a camada prioritária dos bilionários, a sua reprodução associada à prática dos subsídios, isenção e sonegação tributária.

Assim, numa das mais graves recessões da história do capitalismo brasileiro, não se soube da morte de nenhum tubarão econômico (grande empresa, banco ou fundo financeiro). Fundamentalmente, com a política bolsonarista, o que ocorreu foi a quebradeira de milhares de micro e pequenos negócios e da generalização na casa dos milhões de desempregados de trabalhadores por conta própria e de assalariados com e sem carteira.

Mesmo com a impressionante redução no nível de atividade econômica, a quantidade de operadores na bolsa de valores aumentou em 92%, tendo o lucro líquido de sua operadora (B-3) registrado o crescimento de 53% em 2020. Nesse mesmo ano, o conjunto dos quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto tiveram alta de 24,4% no lucro líquido.

Diferentemente do cenário econômico atual, cuja crise não se apresenta para todos os brasileiros, as duas recessões anteriores do século 21 atingiram, também, e fortemente, os super-ricos.

Na crise financeira global de 2008 e na recessão de 2015 e 2016, por exemplo, os bilionários não ficaram imunes à crise econômica e contabilizaram prejuízos consideráveis.

Em 2009, quando o PIB registrou queda de apenas 0,1%, a quantidade de bilionários declinou 27,2%, passando de 18 super-ricos, em 2008, para somente 13, em 2009.

Da mesma forma, houve a queda de 36,8% na participação das fortunas em relação ao PIB, que caiu de 3,8%, em 2008, para 2,4% da riqueza nacional, em 2009.

No biênio de 2015 e 2016, por força da recessão econômica, o PIB acumulou o encolhimento de 6,9%, enquanto o número de bilionários diminuiu 52,3% e a soma das fortunas dos super-ricos em relação ao PIB caiu 5,4%. Isso porque em 2016, o Brasil tinha 31 bilionários, cuja somatória das fortunas equivalia a 7,5% do PIB, ao passo que em 2014 eram 65 bilionários para um total de fortunas que representava 7,9% da riqueza nacional.

 

* Marcio Pochmann é economista, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais da UNICAMP, ex-presidente do IPEA, autor de vários livros e artigos publicados sobre economia social, trabalho e emprego.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Teoria Política


Galãs Feios

Bilionários brasileiros ficam mais ricos na pandemia | Galãs Feios - 27 de jul. de 2020

Mesmo em meio a pandemia do coronavírus, os 42 bilionários brasileiros (entre eles Luciano Hang, o Veio da Havan, Jorge Paulo Lemann e André Esteves) viram o conjunto de suas fortunas crescer US$ 34 bilhões nos meses da pandemia. De acordo com a ONG Oxfam com base em dados do ranking de bilionários da revista Forbes, esse é o desempenho vencedor dos nossos ultra ricos. Helder e Bezzi comentam.

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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Poucos precisam de muito e muitos precisam de tão pouco pra viver

Economia:


Um raio X dos super-ricos ajuda a entender o fenômeno da concentração de riqueza



Em janeiro, um relatório da Oxfam, tradicional organização internacional voltada às questões da pobreza e da injustiça social, mostrou como políticas econômicas geraram situações de extrema desigualdade. Segundo a entidade, “o 1% mais rico da população mundial detém mais riquezas atualmente do que todo o resto do mundo junto”.

De acordo ainda com a Oxfam, em 2015, apenas 62 indivíduos detinham riqueza idêntica à da metade da população mundial mais pobre, composta de 3,6 bilhões de pessoas. Pior, a parcela do primeiro grupo aumentou 44% desde 2010, enquanto a dos demais caiu 41%. Avanços registrados desde a década de 1990, é preciso reconhecer, permitiram uma redução significativa do número de indivíduos abaixo da chamada linha de pobreza extrema. Entretanto, o aumento da desigualdade reduz as chances de outros milhões deixarem essa mesma condição.

Recentemente, Richard Florida divulgou no website da revista norte-americana The Atlantic um working paper do Peterson Institute for International Economics. O trabalho, assinado por Caroline Freund e Sarah Oliver, foi baseado em dados da lista anual de bilionários da revista Forbes, do período de 1996 a 2015. O produto é um verdadeiro raio X do topo da pirâmide econômica.

O levantamento mostra que a riqueza dos bilionários cresceu de, aproximadamente, 1 trilhão de dólares, em 1995, para cerca de 5 trilhões em 2015. A crise de 2008 foi sentida e destruiu riqueza, porém, a curva de crescimento foi rapidamente recuperada. Em 2015, aproximadamente 30% dos bilionários estavam nos Estados Unidos, 28% na Europa, 9% na China, 7% na Rússia e 4% no Brasil.

A tendência que mais chama a atenção é a imensa riqueza acumulada por self-made men, geralmente empresários que construíram fortunas partindo de uma carteira quase vazia. Em 1996, eles eram 45% do total dos bilionários. Em 2014, já eram 70%. O fenômeno é mais acentuado nos EUA e em alguns países emergentes. Na Europa, a dinheiro parece seguir de geração em geração. Conforme observa Florida, isso se reflete na média de idade dos bilionários, de 61 anos na Europa e 42 anos nos Estados Unidos.

De onde vem a nova riqueza? Nos EUA, das novas empresas de tecnologia e do mercado financeiro. E está crescendo rápido. Freund e Oliver observam que a lista da Forbes registrou, em 2015, um número recorde de bilionários: 1.826 indivíduos no mundo tinham mais de 1 bilhão de dólares. Outros recordes foram batidos no mesmo ano, o de bilionários de idade inferior a 40 anos e o de mulheres bilionárias.

A pesquisa revelou também tendências. Primeiro, o número de super-ricos está crescendo mais rápido nos países em desenvolvimento, em comparação aos países desenvolvidos. A China tinha dois bilionários em 2005. Em 2015 saltaram para 213. A boa notícia é que eles e elas não se concentram mais em áreas relacionadas a recursos naturais e a setores “politicamente relacionados”, como no passado. Em segundo lugar, a riqueza é cada vez mais construída e, portanto, menos herdada. Terceiro, foram constatadas diferenças significativas entre regiões e países. A Ásia parece ser o lar dos empreendedores que criam negócios de grande escala. No Oriente Médio e no Norte da África, a proporção de riqueza herdada cresce e a de empresas criadas diminui. Os Estados Unidos, com seus superempreendedores ligados à tecnologia, são relativamente mais dinâmicos que a Europa, mais caracterizada pela riqueza que passa de pai para filho.


Os autores observam que a lista da Forbes talvez seja incompleta. A relação exclui alguns grupos de bilionários, os mais “discretos” ou “tímidos”, que preferem manter confidencial o porte de suas posses, e aqueles mais “extrovertidos”, mas que amealharam fortunas por meio de expedientes “heterodoxos”, tais como o tráfico de drogas e o uso do poder político. Dessa forma ficam de fora muitos monarcas, ditadores e alguns de seus asseclas. A medida deve tranquilizar os listados, que provavelmente não gostariam de ver seus nomes em má companhia. Talvez seja indiferente para o restante da pirâmide, que vê no topo apenas uma quimera, difícil de compreender e impossível de alcançar.

Pobreza e Riqueza o Mundo Capitalista



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