Segundo diretor da Organização, novas variantes com alto poder
de transmissibilidade, como a Delta, impedem a imunização coletiva
Foto: Brasil 247
Apesar do avanço da vacinação contra Covid-19 em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não vê uma porta aberta para a erradicação do coronavírus. O diretor da entidade na Europa, Hans Kluge, disse, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (10/9), que somente a vacinação não é suficiente para deter o vírus. O motivo, segundo ele, seriam as novas variantes que estão circulando com mais frequência e, por isso, reduziram a perspectiva de uma imunidade coletiva.
Na ocasião, ele afirmou também que a probabilidade que
a doença continue avançando em todo o mundo é cada vez
maior. Ainda na coletiva, o diretor pediu para “adaptar nossas estratégias de
vacinação”, se referindo, especialmente, às doses de reforço.
A OMS já esteve mais otimista em relação ao fim da pandemia.
Em maio deste ano, o diretor afirmou que a pandemia terminará quando for
alcançada uma cobertura mínima de vacinação de 70% da população mundial.
Entretanto, o cenário mudou. Segundo ele, as novas variantes,
principalmente a Delta, tornaram a doença mais perigosa, viral e transmissível.
Para tentar conter o vírus, Klunge defende impedir a transmissão das formas
mais agressivas da doença por meio de um melhor planejamento da cobertura
vacinal.
“O objetivo essencial da vacinação é, principalmente, evitar
as formas graves da doença e a mortalidade. Se considerarmos que a Covid
continuará sofrendo mutações e permanecerá entre nós, como a gripe, então
devemos planejar como adaptar progressivamente a nossa estratégia de vacinação
contra a transmissão endêmica, e adquirir conhecimentos muito valiosos sobre o
impacto das doses adicionais. A vacinação ainda é essencial para reduzir a
pressão sobre nossos sistemas de saúde, que precisam desesperadamente tratar
outras doenças além da Covid”, explicou o diretor.
Apesar do plano da OMS de estabelecer uma imunidade coletiva
por meio do engajamento de campanhas de imunização, muitos pesquisadores
afirmam que é muito difícil alcançar a chamada imunidade de rebanho. Os estudos feitos até o momento
revelam que a variante Delta é 60% mais contagiosa que a anterior (Alfa) e o
dobro do vírus inicial. Segundo os cientistas, isso significa que é preciso
mais pessoas vacinadas ou que tenham contraído a doença para que o coronavírus deixe
de circular.
Média de mortes no país é 4,4 vezes maior à mundial. “3 de
cada 4 óbitos no Brasil eram evitáveis", diz epidemiologista
No próximo dia 19, o país terá mais uma série de protestos
contra a condução do combate à pandemia encampada pelo governo federal -
Eduardo Miranda
A um dia de atingir a marca de 490 mil mortos por covid-19,
o Brasil registrou mais 827 mortes nesta segunda-feira (14).
Com o acréscimo, o número oficial de vítimas é de 488.228 desde o início
da pandemia, em março de 2020. O número de novos casos segue em patamar
elevado, especialmente para uma segunda-feira. Foram 39.846 registros de
infectados, totalizando 17.452.612 desde o ano passado. Dados apontam que
mortalidade por covid-19 no Brasil é 4,4 vezes superior à média global.
Às segundas-feiras, os dados ficam abaixo dos demais dias da
semana, já que um menor número de profissionais está em atividade aos domingos,
especialmente em medicina diagnóstica. A distorção tende a ser corrigida nos
dias seguintes. Além disso, a subnotificação de casos e mortes por covid-19 no
Brasil se mantém desde o início da pandemia, já que o país testa
pouco e mal sua população.
O Brasil é o segundo país com maior número total de vítimas
da covid-19 e, em 2021, lidera o ranking mundial. Com cerca de 293 mil mortes
apenas na primeira metade do ano até aqui, o país segue tendência inversa de países que trabalharam pelo
monitoramento e controle do coronavírus. Contribuem para o cenário
brasileiro a lentidão da vacinação da população e a influência
negativa do governo de Jair Bolsonaro, que promove eventos sem máscara e
dificultou a aquisição de imunizantes pelo país.
O Brasil é o líder mundial de mortes por COVID em 2021, com 292 mil até ontem.
Atualizei o gráfico de mortes por COVID por ano com países europeus. Fica claro quem aprendeu a lição e quem ainda insiste em cloroquina e em não adotar distanciamento.https://t.co/FDnPu3r9bEpic.twitter.com/bPsmdTea95
Além de prejudicar o controle da disseminação do vírus,
Bolsonaro segue apostando e promovendo medicamentos comprovadamente ineficazes
conta o vírus; como a cloroquina e a ivermectina. Além de não funcionarem,
trazem riscos de efeitos colaterais graves. “Fica claro quem aprendeu a lição e
quem ainda insiste em cloroquina e em não adotar distanciamento”, destaca o
biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.
O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de
Pelotas (Ufpel) Pedro Hallal analisa a média global de mortes por habitantes da
covid-19 e conclui que o cenário é de calamidade do Brasil. “Três de
cada quatro mortes ocorridas até hoje no Brasil teriam sido evitadas se
estivéssemos na média mundial. Poderíamos também estar melhor do que a média, e
ter poupado ainda mais vidas.”
Ele explica o cálculo adotado para a definição. “Em um ano e
meio, a covid-19 ceifou 3,8 milhões de vidas no mundo (uma morte a cada 2.000
pessoas). Já no Brasil, em menos de 1,5 ano, a covid-19 ceifou 480 mil vidas
(uma morte a cada 454 pessoas). Logo, nossa mortalidade cumulativa é 4,4 vezes
maior que a mundial.”
Números da pandemia de covid-19 no país em 14 de junho de
2021 / Conass
Copa América
Em outra manobra “aliada do vírus”, Bolsonaro decidiu trazer
a Copa América de futebol para o Brasil. O torneio foi aberto no último domingo
(13), com baixa audiência televisiva e envolto em incertezas e
críticas. O resultado já aparece: Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru
registraram contágio entre atletas. As seleções desses países têm jogadores que
atuam em 23 nações diferentes, de todos os continentes.
A possibilidade de uma “mistura” de diferentes cepas virais
preocupa autoridades e cientistas, já que podem levar o coronavírus a
desenvolver variantes mais letais e com mais facilidade de transmissão. Por sua
vez, a eficácia das vacinas atualmente disponíveis pode ser perdida.
No Peru, por exemplo, que recentemente revisou os dados que
apontavam grande subnotificação de mortes, circulam atualmente pelo menos
quatro variantes do vírus Sars-Cov-2. Tratam-se de mutações classificadas como
“de preocupação” pelas autoridades sanitárias por trazerem riscos maiores à
população.
A secretaria de Saúde do Distrito Federal, uma das unidades
da federação que recebe jogos da Copa América, divulgou um comunicado para
demonstrar preocupação com as cepas. “A mobilização de pessoas aumenta o risco
de entrada de novas variantes do SARS-CoV-2, bem como o risco de introdução e
propagação de outros agentes infecciosos causadores de doenças de importância
para a saúde pública”, informou.
Gulnar Azevedo, professora do Instituto de Medicina da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro e presidente da Abrasco nos atualiza
sobre a pandemia e a vacinação no Brasil.
Variante indiana do coronavírus preocupa por conter duas mutações que podem ajudar o vírus a se espalhar mais facilmente e escapar do sistema imunológico
O Ministério da Saúde de Israel informou que foram identificados 41 casos da variante indiana do coronavírus. Destes, 24 foram importados e 17 são resultados de transmissão comunitária.
Segundo o governo israelense, 4 pessoas infectadas com a cepa oriunda da Índia estavam vacinadas contra a covid-19, aumentando a preocupação com a resistência da variante aos imunizantes.
Em comunicado divulgado na última 5ª feira (29.abr), o Ministério da Saúde afirmou que “ainda não há informações claras sobre a variante indiana e suas implicações na eficácia da vacinação”.
O diretor-geral da instituição, Hezi Levy, disse em entrevista à rádio israelense Kan que as autoridades de saúde do país acreditam que a vacina da Pfizer/BioNTech, aplicada em Israel, possui eficácia reduzida contra a nova cepa.
O ministério pede que “toda a população, incluindo vacinados e que tenham se recuperado [da covid-19], evitem viagens desnecessárias ao exterior”.
O país também identificou 8 casos da cepa sul-africana, 7 da variante de Nova York, 2 da variante da Califórnia, 1 da variante de São Petersburgo e 1 caso de uma variante britânica diferente da que se espalhou pelo mundo.
Na última semana, o país proibiu a entrada de turistas provenientes da Índia. Ainda determinou que cidadãos nacionais que retornem do país devem ficar em isolamento.
Além da Índia, quem chega de outros 6 destinos também deve ficar em quarentena: Ucrânia, Etiópia, África do Sul, México, Turquia e Brasil.
VARIANTE INDIANA
A Índia confirmou a nova variante do coronavírus em março e afirmou que a cepa carrega duas mutações. O diretor do Centro de Biologia Celular e Molecular do país, Dr. Rakesh Mishra, disse na ocasião que essas mutações genéticas podem ser uma preocupação, pois ajudam o vírus a se espalhar mais facilmente e escapar do sistema imunológico.
Atualmente, a Índia luta contra um aumento de infecções pelo coronavírus, com suspeita que a causa mais provável é a presença de variantes mais infecciosas, incluindo a recém-detectada.
Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Gamaleya, que
desenvolveu a vacina Sputnik V, crê que enquanto a humanidade estiver se
vacinando, o vírus passará para animais mantidos por humanos.
Quando a humanidade for imunizada contra o SARS-CoV-2, o
vírus se espalhará entre animais de fazenda e de estimação, prevê Aleksandr Gintsburg, diretor do
Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, da
Rússia.
"[...] O coronavírus ainda não realizou seu
potencial patogênico. A próxima etapa será a infecção dos animais de fazenda e
dos animais de estimação. Dentro de um ano, quando tivermos protegido a
humanidade com boas vacinas, nesse momento os animais domésticos serão
infectados", disse ele em entrevista ao jornal Izvestia.
O diretor do centro científico que desenvolveu a vacina
Sputnik V aponta que a infecção pelo SARS-CoV-2 evoluirá, em vez de desaparecer.
"Ou seja, precisamos estar preparados para
coexistir com este agente patogênico por um longo tempo", afirma o microbiologista.
O Serviço Federal de Vigilância Veterinária e
Fitossanitária, Rosselkhoznadzor, anunciou em meados de março que uma vacina antiviral para cães, gatos e animais de fazenda
será criada até o dia 20 de abril.
Brasil registra primeiro caso confirmado de Covid-19 em
gatos - 19 de out. de 2020
O primeiro animal de estimação a testar positivo para o
coronavírus Sars-CoV-2 do Brasil foi descoberto em Cuiabá, no Mato Grosso. É
uma gatinha de poucos meses. Ela não tem sintomas da Covid-19 e contraiu a
doença de seus donos este mês. A possível infecção de outro gato e de um
cachorro está em estudo. A gatinha foi testada positiva pelo exame molecular de
PCR, padrão ouro para o coronavírus, pela pesquisadora Valéria Dutra,
professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Mato
Grosso (UFMT), em Cuiabá. Investiga-se a hipótese de estes poderem, então,
contaminar gente e outros bichos. Isso não só aumentaria os meios de
transmissão quanto os reservatórios do vírus, apesar de, por ora, sejam somente
hipóteses, sem comprovação.
O vírus já matou mais de 300.000 pessoas no Brasil, sua
propagação auxiliada por uma variante altamente contagiosa, brigas políticas e
desconfiança na ciência.
PORTO ALEGRE, Brasil - Os pacientes começaram a chegar aos
hospitais de Porto Alegre bem mais doentes e mais jovens do que antes. As
casas funerárias estavam experimentando um aumento constante nos negócios,
enquanto médicos e enfermeiras exaustos imploravam em fevereiro por um bloqueio para salvar vidas.
Mas Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre, argumentou que
havia um imperativo maior.
“Coloque sua vida em risco para que possamos salvar a
economia”, apelou Melo a seus eleitores no final de fevereiro.
Agora, Porto Alegre, uma cidade próspera no sul do Brasil,
está no centro de um colapso impressionante do sistema de saúde do país - uma
crise prevista.
Após mais de um ano de pandemia, as mortes no Brasil estão
no auge e variantes altamente contagiosas do coronavírus estão varrendo o país,
possibilitadas por disfunções políticas, complacência generalizada e teorias da
conspiração. O país, cujo líder, o presidente Jair Bolsonaro, minimizou a
ameaça do vírus, agora está relatando mais casos novos e mortes por dia do que
qualquer outro país do mundo.
“Nunca vimos uma falha do sistema de saúde dessa magnitude”,
disse Ana de Lemos, diretora executiva do Médicos Sem Fronteiras no Brasil. “E
não vemos uma luz no fim do túnel.”
Fabricante de caixões em Porto Alegre.
Coveiro trabalhando no cemitério Jardim da Paz, em Porto
Alegre.
Na quarta-feira, o país ultrapassou 300.000 mortes de
Covid-19, com cerca de 125 brasileiros sucumbindo à doença a cada
hora. Autoridades de saúde em hospitais públicos e privados estavam
lutando para expandir as unidades de cuidados intensivos, estocar suprimentos
cada vez menores de oxigênio e adquirir escassos sedativos para intubação que
estão sendo vendidos a um preço exponencial.
Unidades de terapia intensiva em Brasília, a capital, e 16
dos 26 estados brasileiros relatam uma terrível escassez de leitos disponíveis,
com capacidade abaixo de 10 por cento, e muitas estão experimentando contágio
crescente (quando 90 por cento desses leitos estão ocupados, a situação é
considerada terrível).
No Rio Grande do Sul, estado que inclui Porto Alegre, a
lista de espera por leitos em unidades de terapia intensiva dobrou nas últimas
duas semanas, para 240 pacientes graves.
No Hospital Restinga e Extremo Sul, um dos principais
centros médicos de Porto Alegre, o pronto-socorro virou uma enfermaria Covid
lotada, onde muitos pacientes eram atendidos em cadeiras, por falta de leito
livre. Na semana passada, os militares construíram um hospital de campanha
em frente à entrada principal, mas funcionários do hospital disseram que o espaço
adicional para leitos é de pouca utilidade para uma equipe médica que está além
de seu limite.
Pacientes com diagnóstico de Covid-19 em um hospital de
campanha montado pelos militares em frente à entrada principal do Hospital
Restinga e Extremo Sul.
Funcionários do hospital disseram que o espaço adicional
para leitos é de pouca utilidade para uma equipe médica que está além de seu
limite.
“Todo o sistema está à beira do colapso”, disse Paulo
Fernando Scolari, diretor do hospital. “As pessoas estão chegando com sintomas
mais sérios, níveis mais baixos de oxigênio e precisam desesperadamente de
tratamento”.
O colapso é um fracasso total para um país que, nas últimas
décadas, foi um
modelo para outras nações em desenvolvimento , com a reputação de
apresentar soluções ágeis e criativas para crises médicas, incluindo um aumento
nas infecções por HIV e o surto de Zika.
Melo, que fez campanha no ano passado com a promessa de
suspender todas as restrições à pandemia na cidade, disse que um bloqueio faria
com que as pessoas morressem de fome.
“Quarenta por cento de nossa economia, nossa força de
trabalho, é informal”, disse ele em uma entrevista. “São pessoas que
precisam sair e trabalhar para comer alguma coisa à noite”.
O presidente Bolsonaro, que continua promovendo drogas
ineficazes e potencialmente perigosas para tratar a doença, também disse que os
bloqueios são insustentáveis em um país onde tantas pessoas vivem na
pobreza. Embora vários estados brasileiros tenham ordenado o fechamento de
empresas nas últimas semanas, não houve nenhum bloqueio estrito.
Alguns dos partidários do presidente em Porto Alegre
protestaram contra o fechamento de empresas nos últimos dias, organizando
caravanas que param do lado de fora dos hospitais e tocam suas buzinas enquanto
as alas de Covid transbordam.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante uma
manifestação na cidade de Canela organizada por líderes empresariais locais
contra o bloqueio.
Trabalhadores da saúde em frente ao Palácio Piratini, no
centro de Porto Alegre, durante manifestação organizada por sindicatos em favor
do bloqueio.
Epidemiologistas afirmam que o Brasil poderia ter evitado
bloqueios adicionais se o governo tivesse promovido o uso de máscaras e o
distanciamento social e negociado agressivamente o acesso às vacinas em
desenvolvimento no ano passado.
Em vez disso, Bolsonaro, um aliado próximo do ex-presidente
Donald J. Trump, chamou a Covid-19 de "gripe do sarampo", muitas
vezes encorajou grandes multidões e criou uma falsa sensação de segurança entre
os apoiadores ao endossar medicamentos antimalária e antiparasitários -
contradizendo as principais autoridades de saúde que advertiram que eles eram
ineficazes.
No ano passado, o governo de Bolsonaro rejeitou a oferta da
Pfizer de dezenas de milhões de doses de sua vacina Covid-19. Mais tarde,
o presidente comemorou
contratempos nos testes clínicos da CoronaVac, a vacina chinesa da
qual o Brasil passou a depender em grande parte, e brincou que as empresas
farmacêuticas não seriam responsabilizadas se pessoas que recebessem vacinas
recém-desenvolvidas se transformassem em crocodilos.
“O governo descartou inicialmente a ameaça da pandemia,
depois a necessidade de medidas preventivas e depois vai contra a ciência ao
promover curas milagrosas”, disse Natália Pasternak, microbiologista de São
Paulo. “Isso confunde a população, o que significa que as pessoas se
sentem seguras ao sair para a rua.”
Terezinha Backes, sapateira aposentada de 63 anos, residente
em município da periferia de Porto Alegre, foi extremamente cuidadosa no último
ano, aventurando-se apenas quando necessário, disse seu sobrinho, Henrique
Machado.
Mas seu filho de 44 anos, um segurança encarregado de medir
a temperatura das pessoas que entram em um centro médico, parece ter trazido o
vírus para casa no início deste mês.
A Sra. Backes, que estava com boa saúde, foi levada a um
hospital em 13 de março depois que começou a ter problemas para
respirar. Sem camas de sobra, ela foi tratada com oxigênio e uma
intravenosa no corredor de uma ala que transbordava. Ela morreu três dias
depois.
“Minha tia não teve o direito de lutar por sua vida”, disse
Machado, 29, um farmacêutico. "Ela foi deixada em um corredor."
Henrique Machado, à esquerda, sobrinho de Terezinha Backes,
falecida por Covid-19, em uma farmácia em São Leopoldo, município fora de Porto
Alegre.
Guaraci Machado, à direita, que se opõe a fechamentos ou
fechamentos de empresas por conta da pandemia, em sua casa funerária em São
Leopoldo ao receber o caixão de um homem falecido de Covid-19.
Seu corpo estava entre as pontuações que fizeram de março o
mês mais movimentado da história em uma funerária de um amigo da família,
Guaraci Machado. Sentado em seu escritório em uma tarde recente, Machado
disse que ficou impressionado com o número de pacientes jovens da Covid-19 que
foram trazidos para suas instalações em caixões nas últimas semanas.
Mesmo assim, Machado, 64, que tirou a máscara facial no meio
de uma entrevista, disse que se opõe a bloqueios ou fechamento de
negócios. Desde o início, disse ele, ele está convencido de que o vírus
foi criado pela China para que pudesse vender suprimentos médicos em todo o
mundo e, finalmente, desenvolver uma vacina lucrativa.
Quando ele teve Covid-19 em junho do ano passado, Machado
disse que tomou o medicamento anti-malária defendido pelo presidente,
hidroxicloroquina, ao qual ele credita "me manter vivo".
O Sr. Machado será elegível nas próximas semanas para uma
vacina contra Covid-19 no Brasil . Mas ele não receberá um
mesmo se for "espancado com um pedaço de pau", disse Machado,
observando que leu recentemente na Internet que as vacinas são mais letais que
o vírus.
Médicos intubando um paciente com Covid-19.
Um trabalhador de saúde verificando um paciente na unidade
de terapia intensiva para pacientes Covid-19 no Hospital Restinga e Extremo
Sul.
Essas teorias de conspiração sobre as vacinas contra Covid-19 se espalharam amplamente nas redes sociais, inclusive no WhatsApp e no Facebook. Uma recente pesquisa de opinião pública realizada pela empresa IPEC descobriu que 46% dos entrevistados acreditavam em pelo menos uma mentira amplamente disseminada sobre vacinas.
A desconfiança em vacinas e ciência é nova no Brasil e uma característica perigosa da era Bolsonaro, disse o Dr. Miguel Nicolelis, neurologista brasileiro da Universidade Duke que liderou uma força-tarefa contra o coronavírus no nordeste do país no ano passado.
“No Brasil, quando o presidente da república fala, as pessoas ouvem”, disse Nicolelis. “O Brasil nunca teve um movimento antivacinas - nunca.”
Mas muitos partidários radicais de Bolsonaro, que mantém o apoio de cerca de 30% do eleitorado, argumentam que os instintos do presidente sobre a pandemia foram sólidos.
Geraldo Testa Monteiro, bombeiro aposentado de Porto Alegre, elogiou o presidente enquanto ele e sua família se preparavam para enterrar sua irmã, Maria de Lourdes Korpalski, 70, que morreu de Covid-19 na semana passada.
Parentes e amigos de Maria de Lourdes Korpalski, 70, falecida de Covid-19, em seu funeral em Porto Alegre.
Os principais especialistas médicos do Brasil, Estados
Unidos e Europa disseram que esses medicamentos não são eficazes para tratar
Covid-19 e alguns podem ter efeitos colaterais graves, incluindo insuficiência
renal.
“Mentiras”, disse Monteiro, 63, sobre o consenso científico
sobre o kit Covid. “Existem tantas mentiras e mitos.”
Ele disse que profissionais médicos sabotaram o plano de
Bolsonaro de controlar a pandemia, recusando-se a prescrever essas drogas de
forma mais decisiva nos estágios iniciais da doença.
“Havia uma solução: ouvir o presidente”, disse
ele. “Quando as pessoas elegem um líder, é porque confiam nele.”
A desconfiança e as negações - e as caravanas de apoiadores
do Bolsonaro buzinando fora dos hospitais para protestar contra as restrições à
pandemia - são esmagadoras para os profissionais médicos que perderam colegas
para o vírus e para o suicídio nos últimos meses, disse Claudia Franco, a
presidente das enfermeiras sindicato gaúcho.
“As pessoas estão negando”, disse Franco, que tem cuidado de
pacientes da Covid-19. “A realidade em que estamos hoje é que não temos
respiradores suficientes para todos, não temos oxigênio para todos”.
Reportagem de Ernesto Londoño de Porto Alegre. Letícia
Casado reportou de Brasília.
Capitais de pelo menos seis estados brasileiros registraram
panelaços durante e após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) em rede nacional na noite nesta terça-feira (23). Entre os sons de
panelas é possível ouvir gritos de "genocida" e "miliciano"
Cientistas advertem que o vírus Nipah, que provoca
inflamação no cérebro e é 75 vezes mais mortal do que a COVID-19, poderia se
transformar na próxima pandemia.
Os portadores do Nipah, tal como os do SARS-CoV-2, são os
morcegos. Este vírus é uma das principais preocupação para os cientistas.
Inchaço cerebral grave, convulsões e vômitos são apenas
alguns dos sintomas deste perigoso vírus, que foi descoberto pela primeira vez
em 1999 na Malásia.
Surtos ocorridos no sul e sudeste da Ásia mostram que
Nipah é extremamente mortal, com um taxa de letalidade entre 40% e 75%. Em
comparação, de acordo com os dados do Imperial College de Londres, a taxa de
letalidade da COVID-19 é de cerca 1%, escreve o The Sun.
O vírus é considerado um dos patógenos de maior prioridade
da Organização Mundial da Saúde para o desenvolvimento de
uma vacina.
O Nipah suscita tanta preocupação porque apresenta um longo
período de incubação de até 45 dias, o que significa que uma pessoa pode
espalhar o vírus por mais de um mês antes de adoecer, além da sua capacidade de
passar de espécie para espécie.
A doutora Rebecca Dutch, responsável pelo Departamento de
Bioquímica Molecular e Celular da Universidade de Kentucky e especialista
mundial no estudo de vírus, disse que, embora não haja atualmente surtos de
Nipah no mundo, estes ocorrem periodicamente e é "extremamente
provável" que vejamos mais.
Raposa-voadora é solta no Parque Central de Sydney, na
Austrália
"O Nipah é um dos vírus que poderia perfeitamente ser a
causa de uma nova pandemia. Vários fatos sobre o Nipah são muito
preocupantes", afirmou.
"Muitos outros vírus nessa família (como o
sarampo) se transmitem facilmente entre as pessoas, por isso há preocupações de
que uma variante do Nipah com alta capacidade de transmissão possa
surgir", advertiu a cientista.
Ela ressaltou ainda que a sua alta taxa de mortalidade é
muito superior à da COVID-19.
Segundo estudo publicado na
revista Nature Communications, o Sudeste da Ásia, a parte sul e central da África, a área em
torno da Amazônia e o Leste da Austrália são as áreas de maior risco para o
surgimento de novas doenças.
Neste 27 de janeiro, Dia Internacional em Memória das
Vítimas do Holocausto, o governo de Israel revelou que 900 sobreviventes do
genocídio nazista morreram em 2020 em consequência da COVID-19.
De acordo com informações do jornal Times of Israel, 76 anos após o
fim da Segunda Guerra Mundial, vivem em Israel mais de 179 mil sobreviventes do
Holocausto. Sabe-se que cerca de 3.500 sobreviventes do extermínio contraíram o
coronavírus, o que significa que a taxa de mortalidade relatada entre os sobreviventes foi
de 17%.
Israel define como "sobrevivente" qualquer pessoa
"exposta" ao regime nazista, incluindo aqueles que viveram em países
conquistados pela Alemanha nazista ou estiveram sob influência nazista direta entre 1933 e
1945, bem como refugiados que fugiram dessas áreas devido ao regime de Adolf
Hitler.
O relatório sustenta que no final de 2020, haviam 179.600
pessoas definidas como sobreviventes do Holocausto vivendo em
Israel. Outras 3.000 pessoas foram reconhecidas como sobreviventes em
2020, enquanto 17.000 morreram, incluindo as 900 vítimas do vírus.
Os sobreviventes de hoje têm mais de 75 anos (a Segunda
Guerra Mundial terminou há 76 anos), e cerca de 17% deles têm mais de 90 anos.
Joseph Zalman Kleinman, 92, sobrevivente do Holocausto, gesticula para o braço que prefere receber a segunda dose da vacina Pfizer para COVID-19, no centro de vacinação Clalit Health Services em uma arena esportiva em Jerusalém, quinta-feira, 21 de janeiro 2021
Genocídio de 17 milhões de pessoas
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do
Holocausto lembra o genocídio, pelo regime nazista, de seis milhões de
judeus e 11 milhões de pessoas de outros grupos, como ciganos, deficientes
físicos e mentais, homossexuais e presos políticos. Ele foi criado pela ONU em
2005 e é celebrado desde 2006 no mesmo dia, 27 de janeiro, que marca a liberação do infame campo de concentração de
Auschwitz.
Este ano, por causa da pandemia de coronavírus, a data será
lembrada sem grandes eventos ou aglomerações. Em Israel, o Museu do
Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, adaptou sua programação com transmissões
ao vivo de cerimônias solenes pelas redes sociais.
A Confederação Israelita do Brasil promoverá nesta
quarta-feira (27) um ato solene que será transmitido on-line com a presença de
sobreviventes do Holocausto. A transmissão contará com as participações de
Efraim Zuroff, do Centro Simon Wiesenthal, e do ator Dan Stulbach, entre
outros. Já o Museu do Holocausto de Curitiba prevê a exibição on-line do
documentário "Zelda", de Michel Gawendo, no domingo (31).
Judeus durante holocausto, Varsóvia, 19 de abril, 1943
O professor Jean-Jacques Muyembe Tamfum, retratado, disse que a humanidade enfrenta um número desconhecido de novos vírus
O professor Jean-Jacques Muyembe Tamfum ajudou a descobrir o vírus Ebola em 1976
Ele disse que novos vírus potencialmente fatais emergem das florestas tropicais da África
'Doença X', que significa inesperado, é hipotética, mas pode ser mortal
O médico que descobriu o ebola avisa que novos vírus mortais
estão prestes a atingir a humanidade enquanto os médicos temem a nova doença X.
O professor Jean-Jacques Muyembe Tamfum, que ajudou a
descobrir o vírus Ebola em 1976, disse que a humanidade enfrenta um número
desconhecido de novos vírus.
Ele disse que há vírus novos e potencialmente fatais
emergindo das florestas tropicais da África, relata a CNN.
Ele acrescentou: 'Estamos agora em um mundo onde novos
patógenos surgirão. E é isso que constitui uma ameaça para a humanidade. '
O professor disse que acha que futuras pandemias podem ser
piores do que Covid-19 e podem ser mais apocalípticas.
Em Ingende, República Democrática do Congo, um paciente que
deseja permanecer anônimo apresentava os primeiros sintomas de febre
hemorrágica.
A paciente fez o teste de Ebola, mas os médicos temem que
ela seja a paciente zero da 'Doença X', que significa inesperado, quando o
resultado deu negativo.
Este novo patógeno poderia se espalhar tão rápido quanto o
Covid-19, mas tem uma taxa de mortalidade de 50 a 90 por cento do ebola.
O professor disse que acha que futuras pandemias podem ser piores do que Covid-19 e podem ser mais apocalípticas (foto: pesquisadores coletam amostras de um morcego no Gabão)
A 'doença X' é hipotética, mas os cientistas temem que possa
levar à destruição em todo o mundo se e quando ocorrer, de acordo com a OMS.
O professor Muyembe colheu as primeiras amostras de sangue
das vítimas de uma doença misteriosa, mais tarde chamada de Ebola, quando ainda
era um jovem pesquisador.
A doença causou hemorragias e matou cerca de 88% dos
pacientes e 80% da equipe que trabalhava no Hospital Missionário Yambuku quando
foi descoberta.
Os frascos de sangue foram enviados para a Bélgica e os
Estados Unidos, onde os cientistas encontraram um vírus em forma de verme.
O professor alertou sobre muitas outras doenças zoonóticas -
aquelas que saltam dos animais para os humanos - por vir.
Febre amarela, várias formas de gripe, raiva e doença de
Lyme estão entre as que passam de animais para humanos, muitas vezes através de
roedores ou insetos e já causaram epidemias e pandemias antes.
Especialistas dizem que o número crescente de vírus
emergentes é em grande parte resultado da destruição dos habitats dos animais e
do comércio de animais selvagens.
À medida que seus habitats naturais desaparecem, animais
como ratos, morcegos e insetos sobrevivem onde animais maiores são
exterminados.
SARS, MERS e o vírus Covid-19 são todos coronavírus que se
espalharam para os humanos, e acredita-se que o Covid-19 se originou na China,
possivelmente em morcegos.
O professor alertou sobre muitas outras doenças zoonóticas -
aquelas que saltam dos animais para os humanos - por vir (imagem de estoque)
De acordo com a pesquisa de Mark Woolhouse, professor de
epidemiologia de doenças infecciosas da Universidade de Edimburgo, novas
espécies de vírus estão sendo descobertas a uma taxa de três a quatro por ano.
A maioria deles se origina de animais, cujos cientistas
acreditam que doenças zoonóticas como o Ebola e a Covid-19 dão o salto quando
os animais selvagens são abatidos.
Os animais vivos nos chamados mercados 'úmidos' representam
uma ameaça maior e a 'Doença X' pode estar vivendo dentro de qualquer um dos
animais lá.
Os cientistas já ligaram esses tipos de mercados úmidos a
doenças zoonóticas, já que a gripe aviária e a SARS surgiram deles.
Segundo informe do Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass) divulgado nesta quinta-feira (23), o Brasil registrou 1.311
mortes pelo coronavírus nas últimas 24 horas, fazendo total chegar a 84.082.
O número de novos casos confirmados da COVID-19 foi de
59.961. Com isso, o total de pessoas já infectadas pelo vírus chegou a 2.287.475.
O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e de
óbitos causados pela doença.
Segundo o Conass, a taxa de letalidade da COVID-19 no Brasil
é de 3,7%. O índice de mortalidade (por 100.000 habitantes) é de 40, enquanto a
taxa de incidência (por 100.000 habitantes) é de 1.088,5.
O estado mais atingido é São Paulo, com 452.007 casos e
20.894 mortes. O Ceará tem 156.242 casos e 7.374 mortes, enquanto o Rio de
Janeiro registrou 151.549 casos e 12.535 óbitos.
Média de mortes sobe em 12 estados
Segundo levantamento de consórcio de imprensa criado
para acompanhar a evolução da doença, a média de mortes
está subindo em 12 estados: Roraima, Amapá, Pará, Rondônia, Mato Grosso,
Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul
e Paraíba.
Em nove estados, a média é estável: Rio de Janeiro, São
Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Maranhão, Bahia, Sergipe, Pernambuco e no
Distrito Federal.
Em em seis estados há registro de queda: Amazonas, Acre,
Piauí, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte.
O Instituto Pólis em parceria com o Labcidade trazem
levantamento que aponta que aqueles que saíram para trabalhar e percorreram
longas distâncias foram mais impactados por óbitos da Covid-19. Henrique Frota,
coordenador executivo do Instituto Pólis, traz os detalhes.
Sputnik Brasil - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que o
sistema elétrico nacional está sofrendo ataques constantes desde o dia 7 de
março e anunciou um plano de racionamento de energia elétrica no país.
"Começamos imediatamente os trabalhos de recuperação
com cientistas, engenheiros e hackers para libertar o cérebro do sistema
elétrico nacional, que foi atacado por vírus a partir dos EUA", declarou o
líder venezuelano à rede de televisão estatal VTV.
Maduro acusou "a oposição golpista" de tentar
"gerar violência e caos". Segundo suas palavras, após a restauração
do serviço, "em 25 de março começou uma nova fase de ataques".
O presidente afirmou que o ataque realizado nesta
sexta-feira (29) contra as linhas de transmissão "foi brutal" e
"combinou elementos eletromagnéticos e elementos de infiltração na
Corpoelec [Corporação Elétrica Nacional da Venezuela]" que atualmente
estão sendo investigados.
Maduro disse que aprovou um plano de 30 dias a partir de 31
de março para a restauração do serviço de eletricidade no país, que implica o
racionamento de energia elétrica. "Aprovei um plano de 30 dias para ir
para um regime de gerenciamento de carga, de equilíbrio no processo de geração,
de transmissão segura e consumo em todo o país", declarou.
Em 29 e 30 de março, foram registrados cortes de energia em
uma dezena de estados venezuelanos. Eles se somaram à primeira série de apagões
que começou em 7 de março.
O ministro venezuelano de Comunicação, Jorge Rodríguez,
falou sobre as recentes ações de sabotagem ao serviço de energia elétrica e
garantiu que o governo continua trabalhando para estabilizá-lo, bem como para
compensar os danos causados à infraestrutura. telesur.