Média de mortes no país é 4,4 vezes maior à mundial. “3 de cada 4 óbitos no Brasil eram evitáveis", diz epidemiologista
A um dia de atingir a marca de 490 mil mortos por covid-19,
o Brasil registrou mais 827 mortes nesta segunda-feira (14).
Com o acréscimo, o número oficial de vítimas é de 488.228 desde o início
da pandemia, em março de 2020. O número de novos casos segue em patamar
elevado, especialmente para uma segunda-feira. Foram 39.846 registros de
infectados, totalizando 17.452.612 desde o ano passado. Dados apontam que
mortalidade por covid-19 no Brasil é 4,4 vezes superior à média global.
Às segundas-feiras, os dados ficam abaixo dos demais dias da
semana, já que um menor número de profissionais está em atividade aos domingos,
especialmente em medicina diagnóstica. A distorção tende a ser corrigida nos
dias seguintes. Além disso, a subnotificação de casos e mortes por covid-19 no
Brasil se mantém desde o início da pandemia, já que o país testa
pouco e mal sua população.
::Bolsonaro nega mortes na mesma semana em que surgem novas
provas de sua negligência::
O Brasil é o segundo país com maior número total de vítimas
da covid-19 e, em 2021, lidera o ranking mundial. Com cerca de 293 mil mortes
apenas na primeira metade do ano até aqui, o país segue tendência inversa de países que trabalharam pelo
monitoramento e controle do coronavírus. Contribuem para o cenário
brasileiro a lentidão da vacinação da população e a influência
negativa do governo de Jair Bolsonaro, que promove eventos sem máscara e
dificultou a aquisição de imunizantes pelo país.
O Brasil é o líder mundial de mortes por COVID em 2021, com 292 mil até ontem.
— Atila Iamarino (@oatila) June 14, 2021
Atualizei o gráfico de mortes por COVID por ano com países europeus. Fica claro quem aprendeu a lição e quem ainda insiste em cloroquina e em não adotar distanciamento.https://t.co/FDnPu3r9bE pic.twitter.com/bPsmdTea95
Morte e vida
Além de prejudicar o controle da disseminação do vírus,
Bolsonaro segue apostando e promovendo medicamentos comprovadamente ineficazes
conta o vírus; como a cloroquina e a ivermectina. Além de não funcionarem,
trazem riscos de efeitos colaterais graves. “Fica claro quem aprendeu a lição e
quem ainda insiste em cloroquina e em não adotar distanciamento”, destaca o
biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.
O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de
Pelotas (Ufpel) Pedro Hallal analisa a média global de mortes por habitantes da
covid-19 e conclui que o cenário é de calamidade do Brasil. “Três de
cada quatro mortes ocorridas até hoje no Brasil teriam sido evitadas se
estivéssemos na média mundial. Poderíamos também estar melhor do que a média, e
ter poupado ainda mais vidas.”
Ele explica o cálculo adotado para a definição. “Em um ano e
meio, a covid-19 ceifou 3,8 milhões de vidas no mundo (uma morte a cada 2.000
pessoas). Já no Brasil, em menos de 1,5 ano, a covid-19 ceifou 480 mil vidas
(uma morte a cada 454 pessoas). Logo, nossa mortalidade cumulativa é 4,4 vezes
maior que a mundial.”
Copa América
Em outra manobra “aliada do vírus”, Bolsonaro decidiu trazer
a Copa América de futebol para o Brasil. O torneio foi aberto no último domingo
(13), com baixa audiência televisiva e envolto em incertezas e
críticas. O resultado já aparece: Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru
registraram contágio entre atletas. As seleções desses países têm jogadores que
atuam em 23 nações diferentes, de todos os continentes.
::O "clima" da Copa América: delegação infectada,
vacinação realocada e protestos::
A possibilidade de uma “mistura” de diferentes cepas virais
preocupa autoridades e cientistas, já que podem levar o coronavírus a
desenvolver variantes mais letais e com mais facilidade de transmissão. Por sua
vez, a eficácia das vacinas atualmente disponíveis pode ser perdida.
No Peru, por exemplo, que recentemente revisou os dados que
apontavam grande subnotificação de mortes, circulam atualmente pelo menos
quatro variantes do vírus Sars-Cov-2. Tratam-se de mutações classificadas como
“de preocupação” pelas autoridades sanitárias por trazerem riscos maiores à
população.
A secretaria de Saúde do Distrito Federal, uma das unidades
da federação que recebe jogos da Copa América, divulgou um comunicado para
demonstrar preocupação com as cepas. “A mobilização de pessoas aumenta o risco
de entrada de novas variantes do SARS-CoV-2, bem como o risco de introdução e
propagação de outros agentes infecciosos causadores de doenças de importância
para a saúde pública”, informou.
Gabriel Valery - Rede Brasil Atual
Rede TVT
“500 mil mortes por covid é inaceitável”
Gulnar Azevedo, professora do Instituto de Medicina da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro e presidente da Abrasco nos atualiza
sobre a pandemia e a vacinação no Brasil.
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