Ministério da Saúde deixou vencer a validade de um estoque de testes de diagnóstico, imunizantes, medicamentos e outros itens. Deputado vai entrar com representação junto à PGR pedindo apuração
Bolsonaro ostenta caixa de hidroxicloroquina
São Paulo – Em meio à pandemia de covid-19, o Ministério da Saúde deixou vencer a
validade de um estoque de testes de diagnóstico, imunizantes, remédios e outros
itens avaliados em mais de R$ 240 milhões. No total, são 3,7 milhões de itens
que começaram a perder o prazo de validade há mais de três anos, a maioria
durante a gestão de Jair Bolsonaro, e estão no cemitério de insumos do Sistema
Único de Saúde (SUS), em Guarulhos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Ainda que a lista do estoque seja mantida em sigilo pelo
ministério, o jornal teve acesso a tabelas da pasta com dados sobre itens, data
de validade e valor pago. Entre os produtos vencidos estão 820 mil canetas de
insulina, totalizando R$ 10 milhões.
Entre os produtos vencidos estariam também itens destinados
a pacientes do SUS com doenças como hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer,
tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e
problemas renais. Também foi perdido um lote inteiro de frascos para aplicação
de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B e outras doenças, avaliado
em R$ 50 milhões.
O diretor do Departamento de Logística (Dlog) do Ministério
da Saúde, general da reserva Ridauto Fernandes, justificou o desperdício à
publicação afirmando que a perda de validade de produtos “é sempre
indesejável”, mas ocorre “em quase todos os ramos da atividade humana”. “Em
supermercados, todos os dias, há descarte de material por essa razão”, afirmou
o general.
‘Projeto de morte’
As revelações sobre os produtos vencidos causaram reações no
mundo político. “A falta de medicamento nos postos pode parecer falta de
recursos ou incompetência, mas sempre fez parte do projeto de morte de
Bolsonaro”, postou no Twitter a ex-deputada federal Manuela d’Ávila.
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) afirmou, também
na rede social, que vai tomar providências junto à Procuradoria-Geral da
República (PGR) para apurar o caso.
“Darei entrada hoje na PGR com representação solicitando
investigação de crime de improbidade administrativa do presidente e ministro da
saúde pelo vencimento de R$ 243 milhões em vacinas, testes e remédios em plena
pandemia. O SUS TRABALHA e Bolsonaro atrapalha”, postou o parlamentar.
Em plena crise sanitária, o governo Bolsonaro deixou VENCER R$ 243 milhões em vacinas, remédios e outros produtos do SUS! Os produtos serão queimados nos próximos dias.
Um governo marcado pela incompetência e descaso com a saúde do povo. #ForaBolsonaro
Ex-presidente disse que atual mandatário do Brasil não tem
capacidade de dialogar com nenhum outro líder mundial
Em entrevista de pouco menos de uma hora e meia, Lula falou
de Lava Jato, covid e eleições de 2022 - Reprodução/Youtube
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em
entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo nesta quinta-feira (1) de Abril, subiu o tom
nas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por sua condução dos
esforços do país no combate à pandemia do novo coronavírus.
"Pelo amor de Deus, Bolsonaro, aceite o comando da
ciência! Fecha a boca! Assim como você diz que não sabe falar de
economia, não fale de saúde, deixe seus ministros falarem, o pessoal
do SUS, os governadores", disse o ex-presidente.
As críticas de Lula a Bolsonaro se dão pelo fato
de o presidente não ter, segundo o petista, trabalhado para conscientizar a
população sobre a importância do uso da máscara e de respeitar medidas de
isolamento social, além de não ter mantido um esforço, desde o início da
pandemia. para a aquisição de vacinas.
"Estamos vivendo um genocídio, não de Estado, mas
praticado pela irresponsabilidade de muitos, que brincam, que zombam, que
inventam remédios. Deus queira que o novo ministro da Saúde assuma a
responsabilidade e atenda aos apelos da ciência", afirmou Lula, no momento
em que também expressou sua solidariedade a todos os mortos e familiares dos
que perderam a vida no mundo para a covid-19.
Na entrevista, de pouco menos de uma hora e meia, o ex-presidente ainda
respondeu a perguntas sobre a política externa brasileira e a saída do governo do ex-chanceler Ernesto Araújo,
sobre as eleições de 2022, sobre a Operação Lava Jato e o período de mais de um
ano em que permaneceu preso na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR).
"Os governantes do mundo têm que se reunir para buscar uma saída
para a pandemia. E a gente tem um presidente que não consegue falar com
nenhum outro", disse o petista.
"Se esse cara (Jair Bolsonaro) estiver em uma calçada,
ninguém quer falar com ele, os outros presidentes do mundo mudam de
calçada. E ele colocou um chanceler que eu nunca vi ninguém mais bruto,
ignorante e menos diplomático do que ele", afirmou o petista, que
completou avaliando que o novo escolhido para o cargo só foi selecionado por
suas relações com a família presidencial.
Privatizações
O jornalista da Bandeirantes perguntou a Lula se,
caso viesse a ocupar novamente o cargo de presidente do Brasil, cogitaria
privatizar alguma estatal do país. O ex-presidente disse que não é favorável a
um Estado inchado, mas que considera importante que o Executivo federal
mantenha o controle sobre empresas-chave, para que possa direcionar seus
investimentos.
"Eu sou contra o governo empresarial, mas sou favorável
a um governo que seja indutor do processo de desenvolvimento. A Petrobras
pode ser uma empresa de economia mista, a Eletrobras também pode, a Caixa
Econômica Federal, também. Por que não se pode colocar o Estado como
instrumento indutor de investimentos?", questionou o ex-presidente.
Operação Lava Jato e prisão
Lula também foi perguntado e respondeu sobre os processos
que sofreu no âmbito da Operação Lava Jato, a anulação judicial dessas mesmas
ações e os 580 dias que passou na prisão, em Curitiba (PR).
"Eu estou muito feliz que a Lava Jato saiu da
minha vida. Era preciso pegar o Lula, o objetivo era tirar o Lula das eleições.
Cinco anos depois, o [ministro do STF Edson] Fachin toma a decisão e anula
os processos. Eu não tenho mais nada com a Lava Jato, durmo tranquilo e
tenho certeza que [o ex-juiz Sergio] Moro e o [procurador da República
Deltan] Dallagnol não dormem tranquilos".
O ex-presidente afirmou que todo o tempo em que esteve na cela em Curitiba só
pensava em "desmascarar a mentira de Sergio Moro" e que não
guarda rancor de ninguém. "Nunca perdi minha honra. Sempre mantive a
cabeça erguida. Sabia que a verdade iria aparecer".
Ex-Presidenta diz que é inaceitável furar a fila da
vacinação e que aguardará pacientemente a sua vez
Recebi o convite do governador de São Paulo para ser
vacinada com a Coronavac no dia 25 de janeiro, em Porto Alegre. Agradeço, mas
diante das circunstâncias tenho o dever de recusar a oferta, por razões éticas
e de justiça. O Plano Nacional de Vacinação deve ser respeitado e, se é certo
que a vacinação já começou, não há montante de vacinas disponível para que eu,
agora, seja beneficiada. É inaceitável “furar a fila”, que deve ser
estritamente respeitada por todos os brasileiros. Neste momento, considero imprescíndivel
que sejam atendidos, de acordo com o Plano, primeiramente os trabalhadores da
área da saúde que estão na linha de frente da luta contra a Covid19, além dos
idosos que vivem em asilos e o grupo de idosos brasileiros mais expostos ao
risco de adoecer gravemente ou morrer. Aguardarei pacientemente a minha vez e
quero adiantar que já estou com o braço estendido para receber a Coronavac.
Faço questão de prestar tributo à contribuição do SUS, do
Butantan e da Fiocruz, que são tão importantes e estratégicos para a saúde
pública no Brasil e para o desenvolvimento das vacinas. Denuncio todos aqueles
que, ao longo dos últimos anos, tentaram destruí-los, seja por restrição de
recursos orçamentários, seja por visão preconceituosa, como ficou claro na saída
dos médicos cubanos, seja por defender propostas privatistas.
Enalteço o trabalho dedicado dos epidemiologistas, biólogos,
infectologistas, pesquisadores e servidores do sistema SUS, em especial da
Fiocruz e do Butantan, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. Estendo
estas homenagens e agradecimentos a todos os que se dedicam a combater esta
pandemia que, por desleixo e desuminadade do governo federal, já roubou a vida
de mais de 210 mil pessoas e está matando brasileiros até mesmo por falta de oxigênio.
Por fim, reconheço e saúdo a solidariedade e a atitude humanitária do governo
chinês, que proporcionou a parceria entre o Estado São Paulo/Butantan e o
laboratório Sinovac para a importação e a fabricação das vacinas em nosso país.
É uma vitória da cooperação entre os povos e da ciência e uma derrota do
negacionismo.
Carteira de trabalho, Bolsonaro com Paulo Guedes e fila por
emprego (Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Publicas | Reuters)
"É fundamental que o Congresso Nacional discuta novo
arcabouço fiscal, em linha com a experiência internacional", defende a
deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, que alerta que o cenário
econômico e social no País "tende a se tornar ainda mais grave" no
próximo ano
O negacionismo e o fanatismo fiscal que marcam o governo
Bolsonaro são os maiores responsáveis pela situação social e sanitária do país,
aproximando o Brasil das 200 mil mortes decorrentes da Covid-19.
O cenário tende a se tornar ainda mais grave em 2021, com a
retomada do teto de gastos, que reduzirá a despesa do governo federal em 8% do
PIB, na contramão do que fazem diversos países, que estão aprovando pacotes de
estímulos à economia, transferência de renda e investimentos em saúde. Diante
da crise, o aumento da dívida pública é um fenômeno mundial.
No atual contexto, o programa austericidade Guedes não
encontra justificativa na situação fiscal do pais, sendo ainda mais nocivo do
ponto de vista social. Com a volta do teto de gasto, o auxílio emergencial será
extinto, retirando renda de 40% dos domicílios brasileiros, que recebem auxílio
emergencial, segundo a Pnad COVID19 (no Nordeste, este percentual é superior a
50%). Cerca de 10 milhões de pessoas saíram da força de trabalho entre 2019 e
2020, segundo os dados da Pnadc para o terceiro trimestre. Com o fim do
auxílio, o aumento da procura por trabalho elevará ainda mais o desemprego, que
já afeta mais de 14 milhões de brasileiros.
A retirada da renda do auxílio sem recuperação dos
rendimentos do trabalho implicará aumento da desigualdade e da pobreza. Os mais
vulneráveis, sem a renda garantida pelo Estado, buscarão sua sobrevivência
material e ampliarão o risco de contágio pelo vírus, pressionando ainda mais a
rede pública de saúde, que também sofrerá o impacto da austeridade em 2021.
Há diversas fontes de pressão sobre o SUS para o ano que
vem. Entre elas, vale citar: o crescente patamar de casos de Covid; a
necessidade de aquisição de produtos de saúde (equipamentos de proteção
individual aos trabalhadores, medicamentos de UTI, vacina, entre outros) e de
manutenção de leitos; as demandas represadas em 2020; e a redução da clientela
dos planos de saúde, diante do elevado desemprego, fazendo com que cerca de 80%
da população só tenha acesso à saúde por meio do SUS. Mesmo assim, o SUS
perderá cerca de R$ 40 bilhões entre 2020 e 2021 se o orçamento ficar no piso
congelado da EC 95, conforme proposta do governo.
No caso brasileiro, a dívida é emitida na moeda que o país
emite, não havendo risco de inadimplência, e os juros estão extraordinariamente
baixos, reduzindo o custo da dívida. Por fim, as reservas internacionais
acumuladas nos governos do PT constituem ativos do setor público que funcionam
como um colchão de proteção da economia e reduzem nossa dívida líquida.
A combinação de ampliação da demanda e redução abrupta de orçamento
pode levar ao colapso do sistema em 2021, em função das restrições de oferta de
serviços e do “desfinanciamento” da saúde, com impactos, por exemplo, sobre a
disponibilidade de leitos de UTI, que já estão sendo desativados. Convém
lembrar que, em meio à crise, é reduzida a capacidade de estados e municípios
ampliarem suas despesas, pois, diferente da União, não emitem dívida soberana.
A Medida Provisória recentemente editada, com R$ 20 bilhões
para a vacina, demonstra como, para o atual governo, a crença no fiscalismo
está acima da defesa da vida. O crédito extraordinário, não contabilizado no
teto, foi editado com o propósito de ser reaberto em 2021. No entanto, créditos
extraordinários só podem ser abertos se, entre outros requisitos, houver imprevisibilidade,
o que não é o caso, diante da expectativa de registro de vacinas contra a
Covid. Inclusive, o governo ajustou a meta de resultado primário em 2021,
prevendo a execução dos recursos da vacina e explicitando que não se trata de
gasto imprevisível.
Como o orçamento de 2021 ainda não foi aprovado, seria
suficiente incluir os valores na programação do Ministério da Saúde. No
entanto, o teto de gasto não permite ampliação dos recursos. Deste modo, o
governo se vale de um truque fiscal, autorizando crédito extraordinário dentro
do estado de calamidade para acomodar o gasto com vacina no orçamento e
manter/burlar o teto de gasto. No entanto, não há qualquer demonstração que os
R$ 20 bilhões sejam suficientes para vacinar toda a população. Nesta hipótese,
manifestando a cruel hierarquia entre controle de gasto e defesa da vida,
restará escolher quem poderá se vacinar e quem ficará à espera de nova brecha
fiscal.
Conforme lembrou Marcos Nobre, Bolsonaro e Guedes estão unidos na tarefa de desconstrução das instituições erigidas na Constituição de 1988. A austeridade não é apenas um equívoco econômico. O liberalismo primitivo do governo vislumbra uma sociedade regida pelo individualismo selvagem em que cada um é responsável por si e não há instituições de garantia de direitos.
É contra esta visão que precisamos lutar, em defesa da adoção de medidas emergenciais que atendam ao interesse da população, especialmente os trabalhadores e os mais vulneráveis. Ainda há tempo de evitar o caos sanitário e social em 2021. Basta a prorrogação do estado de calamidade, o que suspenderá as regras fiscais e viabilizará gastos emergenciais para combate à pandemia.
Estruturalmente, é fundamental que o Congresso Nacional discuta novo arcabouço fiscal, em linha com a experiência internacional. O congelamento de despesas com elevado efeito multiplicador e redistributivo, combinado a um sistema tributário regressivo, implica um regime fiscal duplamente concentrador de renda. Para o Brasil reencontrar o caminho do crescimento com inclusão social, é preciso tributar a renda e o patrimônio dos mais ricos e revogar o teto de gastos, permitindo canalizar os ganhos de arrecadação, especialmente, para o financiamento de políticas sociais que garantam direitos universais.
NOBRE, Marcos. Ponto final - a guerra de Bolsonaro conta a democracia. São Paulo: Todavia, 2020.
Gleisi Hoffmann, deputada federal (PR) e presidenta nacional do PT; Bruno Moretti, assessor no Senado Federal; Francisco Funcia, Consultor do CNS e Carlos Ocké, pesquisador do Ipea.
Fim do auxílio emergencial: Mães que sustentam o lar relatam
preocupação
Chefes de família de diversas regiões do país contam como
usaram o auxílio para sustentar os filhos durante o isolamento social e a crise
econômica, e o que farão sem a ajuda do governo.
Em abril de 2020, com a crise do coronavírus, o governo
começou a pagar um auxílio de R$ 600 a pessoas de baixa renda sem emprego
formal. Mulheres que sustentam o lar sozinhas e têm algum dependente menor de
idade receberam o pagamento em dobro --foram cinco parcelas de R$ 1.200.
O governo prorrogou o auxílio até o final do ano, com no
máximo quatro parcelas extras. Mas o valor caiu pela metade, e as chefes de
família passaram a receber R$ 600. Agora, com o final do auxílio e a economia
ainda em crise, as mães-solo temem passar por dificuldades ainda maiores.
Total de óbitos passa de 191 mil. País também registrou mais
18 mil casos da doença neste domingo.
O Brasil registrou oficialmente 18.479 casos confirmados de
covid-19 e 344 mortes ligadas à doença neste domingo (27/12), segundo
dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
Com isso, o total de infecções identificadas no país subiu
para 7.484.285, enquanto os óbitos chegam a 191.139.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam,
contudo, que os números reais devem ser ainda maiores, em razão da falta de
testagem em larga escala e da subnotificação.
O Conass não divulga número de recuperados. Segundo o
Ministério da Saúde, 6.475.466 pacientes haviam se recuperado da doença no
sábado.
A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes subiu
para 91,0 no Brasil, a 18ª mais alta do mundo, quando desconsiderados os
países nanicos San Marino e Andorra.
Em números absolutos, o Brasil é o terceiro país do mundo
com mais infecções, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 19,1
milhões de casos, e da Índia, com 10,1 milhões. Mas é o segundo em número
absoluto de mortos, já que mais de 332 mil pessoas morreram nos EUA.
Ao todo, mais de 80,5 milhões de pessoas já contraíram o
coronavírus no mundo, e 1,76 milhão de pacientes morreram.
Bruno Covas em coletiva em que afirmou que havia
estabilidade no número de casos e mortes e que não ia retroceder na flexibilização
Testes não foram contabilizados na análise da evolução da pandemia, enquanto Covas dizia que a situação era de estabilidade. Falta de registros coincide com o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, em agosto
São Paulo – O governo do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), deixou de registrar resultados (positivos ou negativos) de exatos
109.872 testes de covid-19 na capital paulista, entre os meses de setembro e
outubro. Nesse período – que antecedeu a eleição municipal –, Covas negou
várias vezes que a pandemia estivesse se agravando na cidade. Entre março e
agosto, no máximo 3% dos testes realizados ficaram sem registro de resultado.
Mas em setembro, esse índice subiu para 31% e chegou a 58% em outubro. Com
isso, milhares de prováveis casos positivos deixaram de ser considerados nos
indicadores da pandemia, sustentando artificialmente a afirmação que seu
governo mantinha a pandemia sob controle. As informações são do portal G1.
Segundo o placar de testes covid-19 do governo
estadual, em média 28,75% dos testes RT-PCR (que identifica a infecção
ativa) resultam positivos para o novo coronavírus. A partir desse percentual é
possível estimar que a cidade teria registrado cerca de 31 mil casos positivos
a mais nos meses de setembro e outubro. Os dados de novembro não foram
considerados por ainda poderem apresentar alterações devido à demora entre a
aplicação do teste, a notificação do resultado e a inserção dos dados no
sistema. O resultado do teste leva em média três dias para ser conhecido.
Fonte: E-SUS/Secretaria Municipal da Saúde
Período sem registros dos resultados de testes para covid-19
coincide com o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa)
pelo governo Covas. No final de agosto, 257 profissionais do órgão foram
removidos da sede central e distribuídos pela cidade, em um processo que foi
amplamente criticado por especialistas em saúde pública e ex-diretores da
Covisa. São os técnicos vigilância que atualizam o sistema.
Em nota, o governo Covas alegou que a falta de resultado dos
testes de covid-19 não significa que o caso é suspeito e que as informações são
atualizadas tão logo o resultado seja conhecido, com a definição de positivo ou
negativo. Após questionamento, o governo tucano retirou do ar o sistema que
permitia a consulta aos dados. O mesmo modus operandi do
governo de João Doria (PSDB), que tirou do ar o download dos dados completos do Censo
Covid-19 após questionamento da RBA.
No caso do governo Doria, os dados mostravam que havia 2.506
pacientes internados a mais do que foi informado em coletiva na segunda-feira
(30), quando seis regiões foram recuadas da fase verde para a fase amarela do
Plano São Paulo. Na apresentação do secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, na
segunda-feira, foi informado que havia 9.689 pessoas internadas, sendo 5.548 em
enfermaria e 4.141 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os números
representavam uma ocupação de 52,2% dos leitos. Segundo Gorinchteyn, os dados
utilizados na avaliação foram consolidados até o último sábado (28).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), omitiu 2.506
internações de pacientes com covid-19 dos dados apresentados na última
segunda-feira (30), quando todo o estado foi recuado da fase verde para a fase
amarela do Plano São Paulo. A plataforma é usada para coordenar a intensidade
da quarentena e a abertura do comércio no estado. Na apresentação do secretário
da Saúde, Jean Gorinchteyn, na segunda-feira, foi informado que havia 9.689
pessoas internadas, sendo 5.548 em enfermaria e 4.141 em Unidades de Terapia
Intensiva (UTI). Os números representavam uma ocupação de 52,2% dos leitos.
Porém, dados do Censo Covid-19, organizado pelo próprio
governo Doria com informações sobre a ocupação de leitos específicos ocupados
por unidade hospitalar pública no Estado de São Paulo, mostram que havia 12.195
pessoas internadas no sábado (28), as 11h47. Destas, 6.508 estavam em
enfermaria e 5.687, em UTI. O que representa uma taxa de ocupação de UTI de
71,7% e levaria todo o estado para a fase laranja do Plano São Paulo. Os dados
não incluem as internações na rede privada.
Os dados diferem inclusive do boletim diário da covid-19 que
o governo Doria divulga à imprensa em São Paulo. No sábado, o boletim
atualizado as 12h informava haver 9.755 pessoas internadas, sendo 5.661 em
enfermaria e 4.094 em UTI. A taxa de ocupação de UTI informada era de 51,1% no
estado.
O pesadelo volta a assumir os contornos já vividos na maior parte do ano e o país volta a ver a pandemia fora de controle e o aumento exponencial de casos e mortes
Em congresso científico, especialistas alertam que o país
pode voltar a ocupar a liderança de mortes por covid-19 no mundo, posto que
ocupou por 14 semanas
São Paulo – O atual estágio e as projeções para o cenário da
pandemia de covid-19 no Brasil, frente à insistência do governo de Jair
Bolsonaro em tratar a crise sanitária como “gripezinha”, além dos caminhos e
desafios impostos ao SUS. Estes foram os temas principais de um debate virtual
que compôs o Primeiro Congresso Científico da Faculdade Integrada Cete (FIC),
realizado na noite desta quinta-feira (26). Para o pesquisador da Fundação
Oswaldo Cruz Amazonas (Fiocruz) Jesem Orellana, o doutor em Saúde Pública
Francisco de Assis Santos e a doutora em biomedicina Ana Catarina Rezende, as
grandes cidades do país já enfrentam “a retomada do crescimento do novo
coronavírus”, a anunciada segunda onda, sem terem saído completamente da
primeira, iniciada em março passado.
Nas últimas 24 horas, foram 514 mortes e 34.130 novos
infectados, totalizando 6.238.350 desde o início da pandemia, com praticamente
172 mil mortos por covid-19 (171.974 óbitos), segundo informa hoje (27) o
Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
A média móvel de contágio em sete dias, calculada pelo órgão, na casa dos 34
mil, é a maior desde o início de setembro.
Durante o debate “Quais as Possibilidades e Caminhos do SUS
com a Covid-19”, foi lembrado que o Brasil é o segundo país com mais mortes
pela covid-19 no mundo, mais uma entre todas as informações sobre a doença desdenhadas
pelo presidente Jair Bolsonaro desde o primeiro dia de pandemia. Ontem mesmo,
Bolsonaro disse que nunca chamou a covid-19 de “gripezinha”. Mentiu. Disse
abertamente, e muito mais, inclusive em discurso em rede nacional no dia 24 de março.
Descaso
Os especialistas citaram também que o Brasil é o país que
permaneceu por mais tempo no topo da curva epidemiológica, mais de 14 semanas
consecutivas, até que os números entrassem em um platô de estabilidade e
ligeira regressão, ainda que em níveis elevados, no número diário de vítimas,
especialmente a partir de outubro. E, a partir daí, viu-se a flexibilização
acelerada das medidas de distanciamento e isolamento social.
O resultado do descaso e da falta de coordenação do governo
Bolsonaro no enfrentamento da covid-19 aponta para o desastre. Outros países
que adotaram medidas indicadas pela ciência, como isolamento social, testagem
em massa e rastreio de contágios, conseguiram superar uma primeira onda de
impacto da pandemia. Agora, mais preparados, enfrentam uma segunda onda. Já o
Brasil não adotou políticas que cumprissem devidamente as medidas recomendadas
e sequer conseguiu sair da primeira onda.
Jesem, que adiantou com grande antecedência a “segunda onda” da covid-19 no
Brasil, abriu a conversa. “Estamos vivendo uma segunda onda de contágios em
muitas regiões da Europa e algumas no Brasil. Mas veja, a grande maioria das
cidades e regiões mais densas do Brasil não conseguiram sair da primeira onda.
Mas agora enfrentam a continuidade, o recrudescimento, a retomada do
crescimento do novo coronavírus”, explicou.
O mundo tem mais de 60 milhões de contaminados, a partir de
números oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pouco menos de 1,5
milhão de mortos. Jesem estima que o número chegue a 2 milhões em até oito
meses. Novembro foi um mês que contou com os dias com mais mortes no mundo
(mais de 12 mil), o que mostra como o vírus ainda tem força. No Brasil não é
diferente. “A pandemia está espalhada por mais de 220 países em que se tem
registro. O Brasil agora segue a escalada”.
Tragédia
Grande preocupação entre os especialistas no debate, o
Brasil é um dos que menos testa a população para a covid-19. Mais que isso, por
falta de organização do Ministério da Saúde, o país está prestes a jogar no
lixo milhões de reais e de kits para a realização de testes, que estão perto do
fim do prazo de validade, mas não foram aplicados pelo governo.
A ausência de testes reflete na alta em número de casos de
Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), muitas delas possivelmente causadas
pelo novo coronavírus, mas à espera de testagem para comprovar o diagnóstico.
Assim, o número real de mortes por covid-19 seguramente é maior que o
oficialmente divulgado. “Temos um aumento sustentável há pelo menos seis
semanas no número de casos de Srag. São 21 estados com tendência de aumento no
curto e longo prazo; doze capitais com sinal de crescimento no longo prazo. É
especialmente preocupante em um momento de relaxamento generalizado da
população, da descrença de setores políticos e empresariais, com a covid-19”,
lamenta o cientista.
Cenários para a covid no Brasil
O isolamento social foi amplamente descartado na maior parte
do país, embora algumas cidades comecem a retomar parte das medidas. O contexto
das eleições, de acordo com Jesem, também impacta negativamente na disseminação
do vírus. Outros fatores ainda devem ampliar a tragédia. “Isso pode ainda ser
agravado pelas festas de fim de ano, compras de natal etc”.
Para Francisco Santos, que atua como especialista do Sistema
Único de Saúde na cidade de Caruaru (PE), a ação do SUS é o caminho para
mitigar os piores efeitos da covid-19 no Brasil. O trabalho vem sendo feito de
forma árdua, defende, mas a ausência de coordenação nacional também impacta
negativamente nos resultados. “Enfrentamos dificuldades, como por exemplo com
as barreiras de isolamento. Quando, em Pernambuco, decidimos impor barreiras, a
Anvisa teve uma decisão de que não poderíamos barrar a circulação de pessoas em
rodovias federais”, lembrou.
“Fomos impedidos de fazer qualquer grande bloqueio no
começo. Depois as pessoas entenderam de outra maneira. Mas não tivemos apoio
(…) Agora temos uma chance de termos uma maior força da primeira onda. Não vou
dizer segunda porque não terminamos a primeira. No Brasil temos a onda mais
sustentada do mundo. Então, precisamos de diálogo e informação. Acho que neste
ano teremos uma vacina para dar um alento. Não imediata, mas estou
esperançoso”, completou.
Ana Catarina demonstrou aspectos técnicos de métodos e
protocolos para tratamentos eficazes dos pacientes com covid-19, que devem ser
trabalhados posteriormente oelo SUS. “Queremos entregar prognósticos para a
sociedade através de caminhos interdisciplinares. Nossa questão principal é o
que leva à evolução do (quadro clínico do) paciente da covid-19. Existe um
leque de técnicas que pode dar um prognóstico para salvá-lo.”
Já se tornou rotina no governo de Jair Bolsonaro voltar atrás de medidas horas depois de editá-las. Desta vez, revogou o decreto que colocava o SUS nos planos privatistas de Guedes - Marcos Corrêa/PR
Da direita à esquerda, foi geral a rejeição à media que
incluía unidades básicas de saúde em programa de privatização
Após intensas críticas, o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) recuou e revogou, na noite desta quarta (28), o Decreto 10.530, que inseria a rede de atenção
primária à saúde entre as parcerias com a iniciativa privada. Editado na terça
(27), o texto vinha sofrendo uma ampla rejeição que atingiu diferentes espectros
políticos, da esquerda à extrema direita. Na prática, o decreto
sedimentava o caminho para que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) pudessem ser
privatizadas. Ex-ministros da Saúde estão entre os que rechaçaram a medida do
presidente durante esta quarta-feira (28).
“Sem explicar do que se trata, é um tiro no escuro”, disse o
ex-ministro de Bolsonaro Luiz Henrique Mandetta (DEM), ao apontar que o decreto
não esclarecia como se daria a inserção da iniciativa privada no ramo.
“Não vamos permitir que Bolsonaro levante este
tipo de debate. Vamos defender o SUS. Bolsonaro não sabe o que é o SUS, nem
ministro da Saúde o Brasil tem. Proteger o SUS é dever de todo cidadão deste
país”, disse o senador e ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT-PE), pelo
Twitter.
Já o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc havia
ironizado o tema, em uma postagem pela mesma rede social. “Pandemia continua: SUS deve ser fortalecido. BolsoVirus
enfraquece SUS – Decreto abre privatização de Unidades Básicas de Saúde. O $
desviado do orçamento da Saúde foi para submarino nuclear. Hospital de
Bonsucesso incendiou por falta de $ para prevenção”, disse o ex-mandatário, em
referência aos recursos investidos pelo governo na anunciada construção do
primeiro submarino nacional com propulsão nuclear.
Integrante do PSL, partido de extrema direita que elegeu
Bolsonaro, o deputado federal Junior Bozzella (SP) destacou a conjuntura em que
a medida veio à tona. "Publicar na surdina, em meio à pandemia, um decreto
que faça qualquer tipo de aceno à privatização do Sistema Único de Saúde é
apunhalar mais de 150 milhões de brasileiros pelas costas na hora em que mais
precisam. É atentar contra a Constituição, que garante o acesso universal à
saúde a toda população".
Bozzella disse ainda que, “depois do meio ambiente, o
governo Bolsonaro vai dando sinais de que agora é a vez de tentar ‘passar a boiada’ na Saúde”.
Já o senador oposicionista Paulo Paim (PT-RS) disse ser “inacreditável que o governo queira privatizar o SUS”
e qualificou a medida como “uma irresponsabilidade”. “O Brasil precisa
fortalecer o serviço público de saúde. Cerca de 150 milhões de pessoas dependem
dele, principalmente os pobres. Privatizar o SUS é um ataque frontal à
dignidade humana”.
O deputado Boh Gass (PT-RS) associou as políticas de
privatização à má prestação de serviços e a problemas de gestão. “Essas "parcerias" com o setor privado que
Bolsonaro quer fazer nas Unidades Básicas de Saúde do SUS me remetem ao
que acontece no Rio de Janeiro. Lá, muita coisa da saúde foi para a
administração privada e, bem, é um escândalo atrás do outro e o sistema de
saúde é um caos”.
A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) também havia
reagido à novidade do governo. Em diferentes postagens nas redes, ela
disse que, “com esse decreto, Bolsonaro e Guedes cometem um atentado contra a
população e contra a Constituição, que diz que 'saúde é direito de todos e
dever do Estado'”.
“O
Congresso não pode aceitar esta violação constitucional e ameaça à
vida de milhões de brasileiras e brasileiros".
Lembrando o contexto da agenda ultraliberal de Bolsonaro, o
líder psolista e candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos assinalou
que o decreto faz parte de um projeto político-ideológico. “Em 2019, o Teto de Gastos tirou 20 bilhões de reais do
SUS. Em 2020, querem privatizar e transformar a Saúde da Família em um ‘modelo
de negócio’. Não é crise, é projeto”, frisou.
Sociedade civil
Entidades da sociedade civil também haviam se pronunciado
mais cedo contra a proposta do presidente. A União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas (Ubes) ressaltou que “o SUS salva vidas” e que
privatizar os serviços “é deixar a população mais pobre entregue à própria
sorte”.
“Não podemos deixar isso acontecer. Um sistema
privado nunca iria se preocupar em criar políticas públicas de saúde, só
pensaria no lucro. A privatização do SUS é um projeto desejado por diversas
correntes da sociedade, como os planos de saúde. A saúde pública brasileira
garante atendimento de saúde para milhões e é, segundo Dráuzio Varella, o maior
programa de distribuição de renda do mundo”, completou a entidade.
Já a União Nacional dos Estudantes (UNE) lembrou que “todo
brasileiro usa o SUS porque o SUS é responsável por vacinas,
saneamento básico, transplante de órgãos, Samu, hemocentros, entre outros
inúmeros serviços”.
A líder Sônia Guajarara, da Articulação dos Povos Indígenas
do Brasil (Apib), somou-se aos protestos e lembrou a gravidade da pandemia. “No pior momento sanitário que enfrentamos nas
últimas décadas, Bolsonaro, incompetente que só, ainda quer privatizar o SUS,
autorizando a equipe econômica a preparar modelo de privatizações para unidades
básicas de saúde. Um crime atrás do outro contra o povo brasileiro”.
Governo
Em nota divulgada nesta quarta-feira (28) à imprensa após as
reações que surgiram ao decreto, o Ministério da Economia havia dito que a
medida não representava "qualquer decisão prévia" e que estudos
técnicos iriam "oferecer opções variadas de tratamento da questão",
que depois seriam avaliadas pela gestão.
ATENÇÃO POVO BRASILEIRO NÃO ESQUECER NUNCA: o governo de ultra direita de @jairbolsonaro tentou acabar com o FUNDEB, o SUS e a renda emergencial em plena pandemia! E conseguiu transformar pandemia em genocídio e agravar o desemprego e a crise na economia!#SUSPublico
O DCM recebeu a seguinte informação do deputado Rogério
Correia:
URGENTE: EM PLENA PANDEMIA, BOLSONARO PREPARA
PRIVATIZAÇÃO DO SUS
Por esta nem o mais insensível dos brasileiros era capaz de imaginar: em plena pandemia da covid, numa das maiores, se não a maior, crise da saúde pública na história brasileira, Jair Bolsonaro decidiu assinar decreto que abre caminho para a privatização do SUS.
O decreto inclusive foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial da União, com o número 10.530.
Com o discurso de “parcerias com a iniciativa privada”, ele
retira na prática a obrigação – definida constitucionalmente, diga-se – de a
União cuidar das brasileiras e dos brasileiros. Essa é uma premissa fundamental
que permitiu e permite a existência do Sistema Único de Saúde (SUS).
O deputado federal Rogério Correia acaba de protocolar na Câmara federal um projeto de decreto legislativo que susta imediatamente os efeitos da medida do governo federal. “O decreto de Bolsonaro propõe que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) saiam da esfera pública e se transfiram para a iniciativa privada”, diz o deputado. “E as UBSs são as portas de entrada do SUS, o que o governo quer de fato e no fim das contas é privatizar todo o sistema de saúde público brasileiro.”
Agora é pressionar, em todas as áreas, pela cassação dos efeitos do decreto. A saúde agradece. O Brasil e os brasileiros também.
Mandato Sempre na Luta
Rogério Correia, deputado federal (PT-MG)
Em plena pandemia da covid, Bolsonaro assinou decreto que abre caminho para a privatização do SUS. Já está publicado no Diário Oficial e em tese já valendo, retirando da União a obrigação constitucional de cuidar das brasileiras e brasileiros. (continua) pic.twitter.com/SIsohE2o8r
O ex-presidente Lula (PT) compartilhou nesta
segunda-feira (7) uma mensagem em que critica o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido), fala sobre a pandemia de COVID-19 e a situação do Brasil.
COVID-19
O ex-presidente destaca que "a esmagadora
maioria dos mortos pelo coronavírus é de pobres, pretos, pessoas
vulneráveis que o Estado abandonou" e que as vítimas fatais da pandemia
são tratadas com "desdém" pelo governo federal.
Na mensagem de mais de 20 minutos, Lula diz que o Sistema Único de Saúde (SUS) passa por um processo de
sucateamento e que recursos que poderiam estar "sendo usados para salvar
vidas" estão sendo destinados ao sistema financeiro.
"A substituição da direção do Ministério da Saúde
por militares sem experiência médica ou sanitária é apenas a ponta de um
iceberg. Em uma escalada autoritária, o governo transferiu centenas de militares
da ativa e da reserva para a administração federal, inclusive em muitos
postos-chave, fazendo lembrar os tempos sombrios da ditadura", diz Lula.
Bolsonaro
Bolsonaro, afirma Lula, coloca o Brasil à serviço dos
interesses dos Estados Unidos "de maneira humilhante". Em uma
provável referência à Venezuela, o ex-presidente também afirma que Bolsonaro
"ameaça envolver o país em aventuras militares contra nossos vizinhos,
contrariando a própria Constituição, para atender os interesses econômicos e
estratégico-militares norte-americanos".
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e sua esposa,
Michelle, participam da celebração do Dia da Independência
"Depois de colocar à venda por valores ridículos as
reservas do Pré-Sal, o governo desmantela a Petrobrás. Venderam a distribuidora
e os gasodutos foram alienados. As refinarias estão sendo esquartejadas. Quando
só restarem os cacos, chegarão as grandes multinacionais para arrematar o que
tiver sobrado de uma empresa estratégica para a soberania do Brasil",
afirma Lula.
"Com ascensão de Bolsonaro, milicianos,
atravessadores de negócios e matadores de aluguel saíram das páginas policiais
e apareceram nas colunas políticas. Como nos filmes de terror, as oligarquias
brasileiras pariram um monstrengo que agora não conseguem controlar, mas que
continuarão a sustentar enquanto seus interesses estiverem sendo
atendidos", analisa o ex-presidente.
O líder do PT também destaca o caso de George Floyd, homem
negro morto por um policial branco nos Estados Unidos. O incidente gerou
protestos de grandes proporções no país governado por Donald Trump.
"Desde que vi, naquele terrível vídeo, os 8 minutos e
43 segundos de agonia de George Floyd, não paro de me perguntar: quantos George
Floyd nós tivemos no Brasil? Quantos brasileiros perderam a vida por não serem
brancos? Vidas negras importam, sim. Mas isso vale para o mundo, para os
Estados Unidos e vale para o Brasil", diz Lula.
Manifestantes em rua de Nova York devido à morte do
afro-americano George Floyd pela polícia em Minneapolis
O ex-presidente defende o fim do teto de gastos, afirma ser necessário aumentar os impostos dos mais ricos e cita uma frase do escritor francês Victor Hugo: "É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos".
"É inaceitável que 10% da população vivam à custa da miséria de 90% do povo. Jamais haverá crescimento e paz social em nosso país enquanto a riqueza produzida por todos for parar nas contas bancárias de meia dúzia de privilegiados", pontua Lula. "O povo não quer comprar revólveres nem cartuchos de carabina. O povo quer comprar comida."
"Até os profetas de Wall Street e da City de Londres já decretaram que o capitalismo, tal como o mundo o conhece, está com os dias contados. Levaram séculos para descobrir uma verdade inquestionável que os pobres conhecem desde que nasceram: o que sustenta o capitalismo não é o capital. Somos nós, os trabalhadores", diz o ex-presidente.
Lula afirma querer "reconstruir com vocês" o Brasil, "uma nação comprometida com a libertação do nosso povo, dos trabalhadores e dos excluídos."
Agora não dá mais para dizer que é “briga de torcida”. A partir da Suécia, o cientista brasileiro, Professor Dr. Antonio Ponce de Leon, fala com exclusividade para “O Cafezinho” sobre as dramáticas consequências à Saúde Pública no Brasil, caso as políticas neoliberais do governo ilegítimo de Temer sejam efetivadas.
Afirmação do especialista em bioestatística tem como base as publicações de cientistas europeus sobre os impactos das políticas de austeridade na saúde pública. Na entrevista, o Prof. Ponce, que atua na UERJ e Instituto Karolinska da Suécia, destaca principalmente um artigo mais recente, publicado em abril deste ano e que tem como objeto de estudo o caso português. Os casos da Grécia e Espanha também são citados na entrevista.
A publicação “Efeitos da crise financeira e medidas de austeridade da Tróica na saúde e no acesso aos cuidados de saúde em Portugal” (Effects of the financial crisis and Troika austerity measures on health and health care access in Portugal) tem como um dos cientistas pesquisadores uma das maiores autoridades do mundo na atualidade, neste tipo de estudo, David Stuckleri.
Para o Prof. Antonio Ponce, a análise de dados públicos permite concluir que a austeridade aumenta nas classes média e baixa o número de suicídios e contágio por HIV. A “Bancada Evangélica” vai ter trabalho para explicar também a razão para apoiar uma política que aumenta a taxa de aborto.
Além disso, o cientista alerta para os dados da própria pesquisa sobre o dano à saúde, provocado pelo uso do carvão na geração de energia elétrica e, até mesmo, para cozinhar, em decorrência do aumento na taxa de desemprego e do aumento no preço do gás de cozinha. Assista ao vídeo.