Bruno Covas em coletiva em que afirmou que havia
estabilidade no número de casos e mortes e que não ia retroceder na flexibilização
Testes não foram contabilizados na análise da evolução da pandemia, enquanto Covas dizia que a situação era de estabilidade. Falta de registros coincide com o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, em agosto
São Paulo – O governo do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), deixou de registrar resultados (positivos ou negativos) de exatos
109.872 testes de covid-19 na capital paulista, entre os meses de setembro e
outubro. Nesse período – que antecedeu a eleição municipal –, Covas negou
várias vezes que a pandemia estivesse se agravando na cidade. Entre março e
agosto, no máximo 3% dos testes realizados ficaram sem registro de resultado.
Mas em setembro, esse índice subiu para 31% e chegou a 58% em outubro. Com
isso, milhares de prováveis casos positivos deixaram de ser considerados nos
indicadores da pandemia, sustentando artificialmente a afirmação que seu
governo mantinha a pandemia sob controle. As informações são do portal G1.
Segundo o placar de testes covid-19 do governo
estadual, em média 28,75% dos testes RT-PCR (que identifica a infecção
ativa) resultam positivos para o novo coronavírus. A partir desse percentual é
possível estimar que a cidade teria registrado cerca de 31 mil casos positivos
a mais nos meses de setembro e outubro. Os dados de novembro não foram
considerados por ainda poderem apresentar alterações devido à demora entre a
aplicação do teste, a notificação do resultado e a inserção dos dados no
sistema. O resultado do teste leva em média três dias para ser conhecido.
Fonte: E-SUS/Secretaria Municipal da Saúde
Período sem registros dos resultados de testes para covid-19
coincide com o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa)
pelo governo Covas. No final de agosto, 257 profissionais do órgão foram
removidos da sede central e distribuídos pela cidade, em um processo que foi
amplamente criticado por especialistas em saúde pública e ex-diretores da
Covisa. São os técnicos vigilância que atualizam o sistema.
Em nota, o governo Covas alegou que a falta de resultado dos
testes de covid-19 não significa que o caso é suspeito e que as informações são
atualizadas tão logo o resultado seja conhecido, com a definição de positivo ou
negativo. Após questionamento, o governo tucano retirou do ar o sistema que
permitia a consulta aos dados. O mesmo modus operandi do
governo de João Doria (PSDB), que tirou do ar o download dos dados completos do Censo
Covid-19 após questionamento da RBA.
A covid de Covas e Doria
No caso do governo Doria, os dados mostravam que havia 2.506
pacientes internados a mais do que foi informado em coletiva na segunda-feira
(30), quando seis regiões foram recuadas da fase verde para a fase amarela do
Plano São Paulo. Na apresentação do secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, na
segunda-feira, foi informado que havia 9.689 pessoas internadas, sendo 5.548 em
enfermaria e 4.141 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os números
representavam uma ocupação de 52,2% dos leitos. Segundo Gorinchteyn, os dados
utilizados na avaliação foram consolidados até o último sábado (28).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), omitiu 2.506
internações de pacientes com covid-19 dos dados apresentados na última
segunda-feira (30), quando todo o estado foi recuado da fase verde para a fase
amarela do Plano São Paulo. A plataforma é usada para coordenar a intensidade
da quarentena e a abertura do comércio no estado. Na apresentação do secretário
da Saúde, Jean Gorinchteyn, na segunda-feira, foi informado que havia 9.689
pessoas internadas, sendo 5.548 em enfermaria e 4.141 em Unidades de Terapia
Intensiva (UTI). Os números representavam uma ocupação de 52,2% dos leitos.
Porém, dados do Censo Covid-19, organizado pelo próprio
governo Doria com informações sobre a ocupação de leitos específicos ocupados
por unidade hospitalar pública no Estado de São Paulo, mostram que havia 12.195
pessoas internadas no sábado (28), as 11h47. Destas, 6.508 estavam em
enfermaria e 5.687, em UTI. O que representa uma taxa de ocupação de UTI de
71,7% e levaria todo o estado para a fase laranja do Plano São Paulo. Os dados
não incluem as internações na rede privada.
Os dados diferem inclusive do boletim diário da covid-19 que
o governo Doria divulga à imprensa em São Paulo. No sábado, o boletim
atualizado as 12h informava haver 9.755 pessoas internadas, sendo 5.661 em
enfermaria e 4.094 em UTI. A taxa de ocupação de UTI informada era de 51,1% no
estado.
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