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sábado, 13 de janeiro de 2024

Apoio à Palestina: centenas de pessoas fazem ato em São Paulo por cessar-fogo imediato em Gaza


Centenas de pessoas participaram neste sábado (13) de um ato em apoio ao povo palestino e para denunciar crimes do governo israelense, organizado pela Campanha de Solidariedade à Palestina, Coligação Pare a Guerra e os Amigos de Al Aqsa, na Avenida Paulista, centro de São Paulo (SP).


© Rovena Rosa/Agência Brasil

A caminhada teve início em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e seguiu até a Praça Roosevelt. Durante o ato, os manifestantes estenderam uma imensa bandeira da Palestina e faixas que pediam o fim do genocídio em Gaza e embargo a Israel.

A manifestação em São Paulo ocorreu concomitantemente com vários outros atos pelo mundo.


Manifestantes pró-Palestina lançam

 'sangue falso' contra carro 

de Blinken em protesto


Os manifestantes defendem que o governo brasileiro seja mais contundente em suas ações e posicionamentos contra a guerra.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 23 mil palestinos foram mortos e quase 60 mil ficaram feridos em ataques israelenses em Gaza desde que o Hamas lançou uma ofensiva contra Israel no dia 7 de outubro de 2023. Em Israel, os ataques do Hamas no dia 7 de outubro deixaram mais de 1,1 mil mortos. Além disso, 240 pessoas ficaram reféns do grupo palestino.

Fonte: Sputnik Brasil


 

 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Metroviários de São Paulo denunciam perseguição a trabalhadores que apoiam causa palestina


Administração do Metrô paulista castigou trabalhadores por simplesmente posar para uma foto com bandeira da Palestina e expressarem solidariedade às vítimas dos bombardeios em Gaza


Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo Trabalhadores da Linha 1 Azul do Metrô de São Paulo demonstraram sua solidariedade com a causa palestina

Uma simples demonstração de solidariedade aos palestinos vítimas dos bombardeios contra a Faixa de Gaza nos últimos dois meses foi usada como justificativa para a aplicação de punições contra um grupo de trabalhadores do Metrô de São Paulo, segundo denúncia do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo.

Um total de dez advertências foram impostas a um grupo de operadores da Linha 1 Azul que se manifestaram seu apoio posando para uma foto com a bandeira da Palestina. A iniciativa expressou o posicionamento que foi aprovado pelo sindicato em recente assembleia da categoria.

Entre os trabalhadores punidos estão dois diretores do sindicato paulista e uma dirigente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), além de delegadas sindicais recém eleitas.


Reação dos Metroviários


Em comunicado publicado como resposta às advertências, o Sindicato dos Metroviários e Metroviárias acusou o governo estadual paulista, liderado pelo governador de extrema-direita Tarcísio de Freitas, a utilizar “diversas punições arbitrárias e ilegais” como forma de intimidar os trabalhadores.

O sindicato lembra, ademais, que medidas assim também foram utilizadas contra os trabalhadores que participaram da greve realizada no dia 28 de novembro, episódio que rendeu 300 advertências escritas. A paralisação anterior, em 3 de outubro recebeu sanções ainda mais pesadas, com a demissão de oito funcionários, incluindo quatro diretores da entidade sindical e seu vice-presidente, Narciso Soares.

“Isso que demonstra claramente as atitudes anti sindicais (do governo estadual de São Paulo) que ferem o direito constitucional de greve”, afirmam os Metroviários e Metroviárias de São Paulo.

Na ocasião, mais de 300 advertências foram aplicadas contra aqueles que estiveram presentes na paralização que contou não só com os metroviários como também com funcionários das empresas CPTM e Sabesp.


Questão palestina


A ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza teve início no dia 7 de outubro e já matou mais de 21 mil civis palestinos, além de produzir mais de 55 mil pessoas feridas e profundos dados estruturais no território, com quase a totalidade da sua população desabrigada.

Além das casas, também foram afetados todos os hospitais da região, que enfrentam escassez de água, medicamentos e eletricidade. Outro problema enfrentado pela população local é a falta de alimentos e itens de necessidade básica, cujo abastecimento tem sido racionado pelas forças militares israelenses.

A crise humanitária na região tem sido um dos temas mais debatidos no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), mas seu Conselho de Segurança não foi capaz de aprovar nenhuma resolução para determinar um cessar-fogo devido ao poder de veto dos Estados Unidos, que atua como principal aliado de Israel dentro dessa instância.

REDAÇÃO OPERA MUNDI

Fonte: Opera Mundi



A META (Instagram e Facebook) está executando censura sistêmica de conteúdos palestinos - a maior da história. 

@hrw publicou hoje relatório sobre a censura da META de conteúdo pró-Palestina. 

Veja 1049 dos 1050 casos analisados eram conteúdos pacíficos (!) - 21 de dez de 2023

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Tempestade de areia pode acontecer mais vezes, afirma meteorologista


À CNN, Dóris Palma explicou que o fenômeno é comum em regiões áridas e semiáridas espalhadas pelo mundo


CNN Brasil
 

CNN Brasil : Assista ao VÍDEO


Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (27), a meteorologista do Climatempo Dóris Palma afirmou que tempestades de areia, como a que se viu neste domingo (26) em cidades da região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, podem acontecer mais vezes.

De acordo com ela, o fenômeno é comum em regiões áridas e semiáridas espalhadas pelo mundo, apesar de no Brasil não acontecer com frequência. “É algo que pode acontecer mais vezes e que não está relacionado às mudanças climáticas”, diz.

Dóris Palma explicou ainda como a combinação de fatores resultou na densa nuvem de poeira que assustou moradores.

“Estávamos passando mais de cem dias consecutivos sem chuva significativa, aquela que consegue acumular mais de 10 milímetros em 24 horas, na região de Ribeirão Preto. Por conta disso, o solo na região ficou muito seco, e o retorno da chuva no último final de semana resultou num grande choque de massas de ar quente e seco. Isso intensificou bastante as rajadas de vento pela região, que chegaram a quase 100 km/h por hora e levantaram poeira”, comenta.

A areia seguiu no sentido do norte do estado de São Paulo, atingindo as cidades de Ribeirão Preto, Guaíra, Franca, Orlândia, Jardinópolis e Viradouro.

“Depois choveu bastante e os acumulados finalmente superaram os 50 milímetros em 24 horas em Ribeirão Preto.”

Fonte: CNN Brasil


CNN Brasil

Tempestade de areia atinge cidades do interior de São Paulo | NOVO DIA

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terça-feira, 7 de setembro de 2021

Site bolsonarista usa foto de 2016 para ilustrar ruas 'lotadas' nos atos do 7 de setembro


O site bolsonarista Terça Livre usou em uma nota online publicada na manhã desta terça-feira uma foto de 2016, de um ato na avenida Paulista, em São Paulo, para mostrar que "milhares de brasileiros lotam Brasília para o 7 de setembro".



A constatação é do Sleeping Giants Brasil, que mostrou que a foto original foi feita em um ato contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em março de 2016.

LeiaDenunciado no caso das rachadinhas, Queiroz vai a ato a favor de Bolsonaro

"São pessoas de todos os lugares do Brasil" afirma o texto do Terça Livre, que disse ter enviado uma equipe para a Esplanada para acompanhar a movimentação.



Por:  Flávia Martin

Fonte: O GLOBO


ParsasDay Cast

O site bolsonarista Terça Livre usou em uma nota online publicada na manhã desta terça-feira uma foto de 2016, de um ato na avenida Paulista, em São Paulo, para mostrar que "milhares de brasileiros lotam Brasília para o 7 de setembro".

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segunda-feira, 5 de julho de 2021

Vídeo: infiltrados do PSDB são expulsos por manifestantes em SP


Elementos pagos pelo PSDB para sabotar o ato provocaram os manifestantes e foram escorraçados


Manifestante rasga bandeira do PSDB – Foto: DCO

Os infiltrados do PSDB no ato na Avenida Paulista, em São Paulo, tentaram provocar os manifestantes de vermelho e foram escorraçados.

Quando a passeata começou a andar, no sentido da Rua da Consolação, os manifestantes trabalhadores, estudantes e militantes se depararam com os agentes fascistas do PSDB, que entraram na manifestação para sabotá-la.

No entanto, os bate-paus do PSDB, achando que poderiam se dar bem, iniciaram uma briga com os manifestantes. Se deram mal. Foram escorraçados sem piedade pelos manifestantes, que não aceitam os elementos fascistas de João Doria e da PM nos atos da esquerda.


COTV - CausaOperariaTV

Manifestantes expulsam infiltrados do PSDB em ato em S. Paulo

Assista ao VÍDEO


Como noticiado mais cedo em primeiro mão pelo DCO, elementos pagos pelo PSDB haviam se concentrado próximo do cruzamento da Avenida Paulista com a Consolação, junto com outros mercenários do Cidadania, PSB e PV.

No final desta semana, o diretório municipal do partido de FHC e Aécio Neves havia anunciado que participaria do ato na Avenida Paulista, levando “2 mil pessoas” de verde e amarelo. Mas levou apenas meia dúzia de fascistas, que apanharam dos trabalhadores. E apanharão muito mais caso voltem a provocar e a atacar os trabalhadores nos atos dos trabalhadores.


No Twitter


 

Fonte: PCO


quinta-feira, 17 de junho de 2021

Comunidades rurais de São Paulo denunciam Polícia Ambiental por violência e multas abusivas


Legislação ambiental pratica ‘seletividade jurídica’ ao punir e tratar camponeses e comunidades tradicionais de forma violenta e ser pouco rigorosa com grandes empreendimentos, afirma defensor público


Dona Lourdes recebeu uma multa de 588 mil reais por colher gravetos de sua propriedade. Foto: Virgínia Toledo

 Me falaram que eu tinha que pagar não sei quantos mil. E como eu vou pagar isso? Eu não tenho. Não tenho marido, não tenho nada. Só tenho isso aqui. Eu falei pra eles, como eu vou pagar isso? Não posso, não.” 

O desabafo é de Benedita de Lourdes dos Santos, conhecida como dona Lourdes, uma senhora de 76 anos, ao se referir à multa de 588 mil reais que recebeu por colher gravetos, galhos e folhas secas ao redor da sua propriedade. Uma multa de mais de meio milhão de reais por tentar manter seu fogão aceso. A agricultora vive numa casa de três cômodos onde mora com os dois filhos num sítio do bairro conhecido como Sertão do Puruba, distante 40 quilômetros do centro de São Luiz do Paraitinga, cidade de 10 mil habitantes no interior de São Paulo.

Dona Lourdes, seus filhos, ambos com deficiência mental, mais dois irmãos e suas famílias dividem uma pequena propriedade que fica nos arredores do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Santa Virgínia, unidade de conservação de 17.500 hectares que engloba além de Paratinga, as cidades de Ubatuba, Caraguatatuba, Cunha e Natividade da Serra.

“Aqui não tem médico pra ver a gente, aqui não tem nada, mas polícia tem. E vem com esse negócio de multa. Se não fosse ele, nós íamos ser culpados de tudo”, diz, referindo-se à Marcelo Toledo, vereador na cidade e um velho defensor das comunidades tradicionais caipiras de São Luiz e região.

Foi ele quem contou à reportagem sobre a multa de mais de meio milhão de reais que dona Lourdes e dois dos seus irmãos receberam em setembro de 2020, quando policiais ambientais que faziam patrulha no Parque entraram na propriedade e aplicaram a penalidade.

Ao entrar no sítio, os policiais encontraram Luzia, filha mais nova de dona Lourdes, que tem deficiência mental. A moça, bastante nervosa com a visita inesperada, cortou os próprios pulsos com uma lâmina de barbear. Mas o desespero de Luzia não impediu a ação policial.


O caso foi levado à Defensoria Pública Estadual e quem tomou a frente do processo foi o defensor público Wagner Giron de La Torre que há décadas trabalha na defesa das comunidades tradicionais da região, entre caipiras, caiçaras e quilombolas do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo.

Giron critica a abordagem, a pena aplicada pela polícia ambiental e afirma que há falta de preparo dos agentes públicos, principalmente da esfera judicial, na percepção da vulnerabilidade dos povos originários e comunidades tradicionais. 

“A injustiça ambiental, o racismo ambiental inerente a esses eventos é muito escancarado. Essas comunidades viviam dentro daquela área, e com a criação do parque eles foram expulsos de sua localidade de origem e foram assentar suas casas nas bordas. Eles já estão calejados em viver à margem da prometida democracia social, eles sempre viveram num estado de exceção, esse tipo de criminalização na vida deles não é novidade”, critica Giron. 

No artigo “Racismo Ambiental: o que eu tenho a ver com isso?”, a pesquisadora Tania Pacheco afirma que racismo ambiental significa “injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre grupos étnicos vulnerabilizados e sobre outras comunidades, discriminadas por sua ‘raça’, origem ou cor”. 


Removidos sem diálogo

O Parque Estadual da Serra do Mar foi criado por um decreto em 1977 e o Núcleo Santa Virgínia inaugurado em 1989. Antes da regulamentação do parque, existiam duas grandes fazendas e outras propriedades menores ao redor. Segundo Giron, a implantação do parque foi feita sem qualquer diálogo com as comunidades tradicionais que ali viviam, que foram removidas daquele território e estabeleceram moradia em localidades fora do parque, em sua zona de amortecimento, que são faixas de proteção que ficam ao redor das unidades de conservação para contribuir com o ecossistema protegido. É lá onde hoje vive a família Santos.

O policiamento dessas regiões é feito, em grande parte, por policiais ambientais que fazem parte da unidade especializada da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Sua principal atribuição é prevenir e reprimir infrações cometidas contra o meio ambiente, conforme consta na página da Polícia Ambiental de São Paulo.

De acordo com a Lei nº 9605, de fevereiro de 1988, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, para imposição e gradação da penalidade, a autoridade deve levar em consideração três situações: a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; e a situação econômica do infrator, no caso de multa.


Vitória da roça

No caso da família Santos, em janeiro deste ano a Defensoria Pública conseguiu suspender as cobranças administrativas, alegando a condição de baixo poder aquisitivo, uso de pequeno roçado exclusivamente para subsistência e pela condição de comunidade tradicional à qual a família pertence.

Além da suspensão da multa, a família garantiu legalmente a realização da coleta de gravetos para o fogão, fazer roça periódica, entre outras atividades.

“Eles, como comunidade tradicional caipira, herdaram um modo de vida material e cultural de seus ancestrais. E como quase todas as comunidades tradicionais que vivem ainda nas frações remanescentes dos biomas brasileiros, se utilizam do extrativismo, da coleta, porque vivem a 40, 50 quilômetros do centro urbano das cidades”, explica Giron. ”Eles não têm botijão de gás, então usam galhos secos que caem naturalmente no solo, gravetos e folhas secas, para alimentar o seu fogão de lenha, para fazer a sua comida. Aí vem a polícia ambiental e diz que aquilo é um desmatamento? É um absurdo”, afirma o defensor.

Na ação, ele pontua que a família em questão, assim como seu modo de vida, se caracteriza como comunidade tradicional já que “há tempos imemoriais seus ancestrais estabeleceram posse lícita, mansa e produtiva nessa terra, legando a seus descendentes os modos de reprodução cultural e material da vida campestre que até hoje norteiam os atos de subsistência, de baixo impacto socioambiental, dos demandantes.”

Quem reforça a tese do defensor público é o educador e antropólogo Carlos Rodrigues Brandão, estudioso das comunidades rurais e que, na década de 1980, viveu na zona rural da cidade, num distrito coincidentemente muito perto de onde mora, hoje, a família de dona Lourdes.  “É uma prática de uma vida caipira muito mergulhada na natureza. Era uma cultura mais próxima do mundo indígena do que do mundo branco.”

A defensoria critica as abordagens e pelas aplicadas pela Polícia Ambiental. Foto: Virgínia Toledo

Dois pesos e duas medidas

Brandão entende que a legislação ambiental, apesar de avançada, tem dois pesos e duas medidas, pois pune agricultores, camponeses e comunidades tradicionais por pequenas ou quase mínimas infrações  e “fecha os olhos” para atividades verdadeiramente predatórias, como “os grandes predadores, madeireiros, garimpeiros, o agronegócio como um todo, que se apresenta agora como sendo a dádiva do Brasil, esse negócio de “o agro é pop.”

Um dos exemplos da diferença de tratamento da polícia ambiental aos pequenos e aos grandes foi dado pelo defensor público Wagner Giron, que também atuou na cidade de Ubatuba, vizinha à São Luiz do Paraitinga. Lá, foi construído um condomínio de alto padrão numa área próxima ao quilombo da Caçandoca, na praia do Pulso, região sul da cidade. Segundo o defensor, a administração do condomínio interditou o acesso do público à praia, inclusive dos moradores do quilombo. Além disso, as casas do bairro captavam água de forma irregular da área quilombola. “Fizemos inúmeras representações aos órgão ambientais e não aconteceu absolutamente nada”, queixa-se.

O vereador Marcelo Toledo denuncia há muitos anos algumas das maiores empresas de celulose do Brasil que se instalaram em São Luiz do Paraitinga nas décadas de 1990 e 2000 para plantação de eucalipto. Contaminação e uso irregular do solo, cerceamento do direito de ir e vir em algumas estra das rurais, estão entre as denúncias mais comuns, e alguns processos até chegaram a ser julgados. Entretanto, questionado sobre o resultado, ele lamenta: “Nenhuma multa ambiental. Nunca. Nem um centavo”.

Colheita de mandioca no Quilombo Cangume. Os alimentos serão destinados à distribuição de comida orgânica, produzida pelos quilombolas do Vale do Ribeira, para famílias do Jardim São Remo, favela na zona oeste de São Paulo. A iniciativa é uma ação emergencial para manter geração de renda nas comunidades quilombolas e aliviar o impacto da pandemia de Covid-19 em famílias vulneráveis. As ações são fruto da união entre a Cooperativa do Valedo Ribeira (Cooperquivale), associações quilombolas, organizações não-governamentais, organizações internacionais e lideranças comunitárias. Foto: Manoela Meyer / ISA

A história se repete

Distante 420 quilômetros da região onde vive dona Lourdes, André Luiz Pereira de Moraes enfrenta problemas semelhantes. Quilombola, morador da comunidade André Lopes, que fica no município de Eldorado, no Vale do Ribeira, ele já perdeu as contas de quantas vezes se deparou com fiscalizações tanto no quilombo onde vive quanto nas comunidades vizinhas; visitas inesperadas por conta das atividades agrícolas que os quilombolas desenvolvem na região.

“Há uma opressão por parte do Estado e nós, comunidades quilombolas temos dificuldade de exercer nossa cultura, de gerar nosso próprio alimento como fazemos há centenas de anos. O Estado, na sua estrutura administrativa, não  permite que a gente produza banana, batata, cará, pupunha. Ele não só não facilita, como dificulta a sobrevivência do povo quilombola”, explica.

O Vale do Ribeira abriga a maior extensão contínua e conservada da Mata Atlântica no Brasil. Desta área, 78% ainda estão cobertos por remanescentes originais, com alto grau de preservação. Na porção paulista do Vale do Ribeira existem aproximadamente 50 comunidades quilombolas, porém apenas seis comunidades são tituladas e uma tem registro em cartório.

Desde 2019,  o Sistema Agrícola Tradicional das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira é considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil, ou seja, a atividade agrícola quilombola, assim como sua organização social, técnicas e artefatos, além de não configurarem práticas ilegais do ponto de vista ambiental, são reconhecidas como patrimônio cultural imaterial exatamente pela evidente contribuição para a conservação da biodiversidade.

No entanto, o reconhecimento desse sistema tradicional não significa que legalmente essas comunidades possam desenvolver ou tenham facilidade na execução das suas atividades agrícolas.

No Estado de São Paulo, por exemplo, existe uma resolução de 2018 que trata a roça dos quilombolas como Manejo Agroflorestal Sustentável. Tal resolução  possibilita o aumento do tempo de licença individual de abertura de roças de dois para cinco anos. O que foi um avanço para famílias quilombolas e resultado de muita pressão popular.

Acontece que, ainda assim, a obtenção desta licença esbarra na burocracia estatal, que muitas vezes chega após o período de plantio, inviabilizando o manejo.

“Já chegou a levar mais de um ano entre o pedido para fazer a roça e a chegada da autorização. E às vezes nem autorizam, não é nem analisado. Existe um calendário pra fazer a roça, não é todo mês que isso é feito”, explica Rafaela Miranda, quilombola da comunidade de Porto Velho, também é advogada da Equipe de Articulação e Assessoria às comunidades negras do Vale do Ribeira (EEACONE). “Fazer a roça”, como cita Rafaela, é cortar a vegetação de um determinado ambiente  e  trabalhar a terra para receber plantios e/ou outras atividades rurais.

Lopes conta que qualquer roça aberta já é motivo para chantagem e multa. E, na maioria das vezes, são valores altos, que dificilmente poderão ser pagos.

“Você degradou o meio ambiente, você desmatou, você é um criminoso, vai ser enquadrado na lei tal, no artigo tal, isso assusta muito. Aí vem a multa e obviamente o cara não consegue pagar”, diz o quilombola. “Você vai ver o que é a roça, são seis palmo de terra, cinco ou seis pés de feijão e um paiolzinho pro cara entrar debaixo quando chover. É isso. Como se fosse uma degradação astronômica”, lamenta.

Rosana de Almeida, do Quilombo Nhunguara, coordenadora financeira da Cooperquivale realizando a colheita de inhame na roça São Paulo. Foto: Roberto Almeida / ISA

No campo e na cidade

De acordo com Fernando Prioste, advogado da organização não governamental Instituto Socioambiental, a atuação da polícia no campo tem a mesma lógica que na cidade. “É mais ou menos como a gente vê nas grandes cidades, a diferença na abordagem num bairro rico e num bairro pobre. É uma questão de classe e raça em geral. O modus operandi da polícia é o mesmo. A abordagem nas empresas é mais  respeitosa, como a polícia deveria ser com todo mundo.”

Ele diz que na região do Vale do Ribeira, onde atua, em muitas comunidades quilombolas a abordagem é invasiva, a polícia entra nas casas sem qualquer tipo de mandado judicial: “Uma coisa que dificilmente eles fariam numa fazenda, não entram na casa sede e chegam revirando as coisas. A truculência em si, de qualquer forma, sob qualquer aspecto, já é ilegal”, conclui.

A reportagem analisou os registros de infrações ambientais do estado de São Paulo no período de 2013 a 2020.

Neste período, infrações registradas por autoridades da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pelas autuações dadas a pessoa jurídica- ou seja, empresas, houve uma diminuição considerável dos números (11.386 em 2013 e 4.646 em 2020). Procurada pela reportagem, a Cetesb confirmou que as penalidades aplicadas pelo órgão são, na sua grande maioria, para pessoas jurídicas, ou seja, empresas.

Já no SIGAM, sistema que registra os Autos de Infração Ambiental emitidos pela Polícia Ambiental, que são os maiores responsáveis pela autuação de pessoa física, ou seja, produtores rurais, no mesmo período houve um aumento de 53% em sete anos (15.210 em 2013 e 23.269 em 2020). 

Na avaliação do defensor público Wagner Giron de La Torre  “pipocam a torto e a direito processos de crimes ambientais que reprimem os direitos fundamentais de comunidades. E esses processos correm com uma celeridade estupenda no sistema de justiça, mostrando a seletividade na repressão jurídica desses direitos. São opressões contra os pobres pelos poderes fiscais, tutelares, criminais e ambientais do Estado.”

Para ele, uma das provas concretas da “seletividade nas opressões” é que o Estado, ao contestar a ação de nulidade das multas ambientais do caso da família de dona Lourdes, por exemplo, “não foi capaz de juntar sequer uma mísera cópia de multas ambientais contra empreendimentos grandes, altamente impactantes como esses monocultivos de eucalipto ou conjuntos habitacionais construídos em áreas de unidade de conservação. E eu questiono esse tipo de contradição, que é, sim, racismo ambiental. Eles poderiam falar: ‘nós multamos a Fibria, e Suzano diariamente, as provas estão aqui´. Mas não juntaram nada. Ficou como fato inconteste nos autos. É uma prova cabal”, conclui o defensor.

A reportagem procurou a Polícia Ambiental e a direção do Parque Estadual  da Serra do Mar, núcleo Santa Virgínia, onde ocorreu a autuação descrita no início da reportagem e questionou sobre o cálculo das multas à comunidades tradicionais e as denúncias de excessos nas abordagens, mas não houve retorno.  



Fonte: O Joio e O Trigo


sábado, 12 de junho de 2021

Motociata de Bolsonaro custou R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, diz governo de SP


Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que foram gastos mais de R$ 1,2 milhão com o reforço no policiamento para a motociata com o presidente Jair Bolsonaro realizada neste sábado, 12, na capital paulista e região de Jundiaí. Policiais das três forças de segurança estaduais foram convocados para garantir a segurança do presidente e a fluidez no trânsito.


© Alex Silva/Estadão O presidente Jair Bolsonaro participou de motociata em São Paulo neste sábado, 12
 

Dos mais de 6,3 mil policiais escalados, 1.433 atuaram exclusivamente nas medidas relacionadas ao deslocamento dos manifestantes ao longo dos 129 km do trajeto. Foram empregados policiais de batalhões territoriais e especializados, como Baep, Choque, Trânsito, Rodoviária e Comando de Aviação da PM, Canil, além de equipes do Corpo de Bombeiros e do Resgate.

A operação contou ainda com dedicação exclusiva de 5 aeronaves, 10 drones e aproximadamente 600 viaturas, entre motos, carros, bases comunitárias móveis e unidades especiais. Todo ato foi monitorado pelo sistema Olho de Águia, por meio de câmeras fixas, móveis, motolink e bodycams.

A manifestação custou ainda R$ 75,2 mil à Prefeitura de São Paulo, que contratou a empresa SPTuris para arcar com custos de organização do evento. O recurso foi desembolsado a pedido do secretário de Esportes, Thiago Milhim, que ocupa cota do Podemos no governo montado no começo do ano pela gestão Covas. Planilha de custos obtida pelo Estadão mostra que os recursos públicos pagaram a instalação de banheiros químicos, gradis para separação de público, geradores elétricos e som, além de seguranças.

O governo paulista autuou o presidente Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o deputado Coronel Tadeu e o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, por não terem usado máscara na manifestação.

Fonte: Estadão


UOL

A multa de R$ 552,71 que, acertadamente, o Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo deu a Jair Bolsonaro, neste sábado (12), por ignorar o uso de máscara, foi um ato civilizatório. Mas o arrecadado com a infração não faz nem cócegas considerando os R$ 1,2 milhão que os contribuintes do estado tiveram que desembolsar para garantir policiamento extra para que o presidente da República pudesse fazer seu passeio de moto com milhares de apoiadores.

Assista ao VÍDEO


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sábado, 29 de maio de 2021

Manifestantes bloqueiam Avenida Paulista em ato contra Bolsonaro


Concentração teve início por volta das 16h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Pessoas tomavam ao menos sete quarteirões



O estado de São Paulo recebeu, neste sábado (25/5), milhares de manifestantes contrários ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na capital, a concentração começou por volta das 16h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista.

O ato foi organizado por movimentos políticos, sindicais e estudantis. Com cartazes e placas, manifestantes pediam o impeachment de Jair Bolsonaro. Outras solicitações eram o avanço da vacinação contra Covid-19 e a defesa da educação.

O grupo também teceu críticas ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Com os dizeres “Pazuello, o Renan vai te pegar”, um dos cartazes fazia menção ao relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal, Renan Calheiros (MDB-AL). A comissão busca apurar se houve omissão do governo federal durante a crise da Covid-19.

São Paulo

São Paulo não foi a única cidade do Brasil que recebeu protestos contra o governo neste sábado. BrasíliaRio de JaneiroBelo HorizonteGoiânia e Salvador foram algumas das capitais em que manifestantes marcaram presença nas ruas. Aproximadamente 100 cidades brasileiras e nove países ao redor do mundo têm atos previstos.

Nas imagens da manifestação em São Paulo, é possível ver um grande número de pessoas utilizando máscaras de proteção facial. No entanto, o distanciamento social não foi respeitado.

Fonte: Metrópoles


Poder360

Manifestações contra o governo Bolsonaro neste sábado (29.mai.2021) foram registradas em São Paulo. A principal avenida da capital paulista foi bloqueada devido ao volume de pessoas presentes.

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Após críticas, prefeitura de São Paulo retira pedras ‘anti-moradores de rua’


Com a repercussão da ação simbólica do padre Júlio Lancellotti, gestão Bruno Covas enviou nesta terça retroescavadeiras e uma equipe para destruir obra sob viaduto da zona leste de São Paulo


Padre Júlio Lancellotti convocou a população à protestar neste sábado (6), às 15h, deixando flores para uma "cidade mais humana"

 

São Paulo – A calçada embaixo do viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, amanheceu nesta quarta-feira (3) sem as pedras instaladas pela prefeitura de São Paulo para impedir que a população de rua se abrigasse no local. A estrutura, que impedia qualquer pessoa de deitar ali, foi entregue pela gestão Bruno Covas (PSDB) dias antes, sob os dois lados das pistas do viaduto. Mas só foi de fato retirada após uma ampla repercussão negativa diante das pedras que ficaram conhecidas como “anti-moradores de rua”. 

padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, que já havia denunciado a obra como uma “arquitetura higienista”, foi até o local nesta terça-feira. E, num ato simbólico, marretou as pedras colocadas ali para evitar os moradores de rua.

À Folha de S. Paulo, o pároco questionou a dimensão do custo da obra aos cofres públicos, citando o crime de “improbidade administrativa”. “Fazer um buraco e aí depois tapar o que fez. Qual foi o custo para mobilizar essas pedras, esse concreto? E agora todo o custo que está sendo para mobilizar pessoas e recursos para desfazer isso?”, observou. 

A gestão Covas não divulgou um balanço sobre os gastos. Mas garantiu que uma sindicância foi aberta para investigar como foi feita a ordem para esse serviço. O município alega que o ato foi feito de forma isolada por um funcionário da Secretaria de Subprefeituras. E que esse tipo de medida não faz parte da zeladoria da atual gestão.


Políticas de danos

No entanto, o prefeito Covas já era criticado por obra semelhante realizada em Guaianazes, extremo leste da capital. Em entrevista à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual, o coordenador nacional do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Anderson Lopes Miranda, acusou a administração municipal de querer “expulsar os sem-teto”, promovendo “ações de higienização”. “Botar pedra é higienizar a cidade”, destacou. 

A advogada e pesquisadora Kelseny Medeiros Pinho, da Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama, da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou também à reportagem que é preciso abrir um procedimento administrativo para avaliar a responsabilidade pela construção da obra. De acordo com ela, cabe ao Ministério Público de São Paulo pedir esclarecimentos. Assim como a Defensoria Pública pode reivindicar uma indenização coletiva à população em situação de rua. 

“A gente não tem exatamente os indivíduos que foram afetados ali. Mas a Defensoria pode propor uma ação contra a prefeitura para que esse dinheiro seja revertido para políticas públicas a essa população. Porque esse é o caso efetivo de uma política que causou danos”. 


Protesto

Pelo Twitter, o padre Júlio Lancellotti convocou a população à protestar neste sábado (6), às 15h. A ideia, segundo ele, é que, evitando aglomeração, as pessoas depositem flores no local para mostrar a luta por uma “cidade mais humana”.




 Confira a reportagem:


Rádio Brasil Atual

Jornal Brasil Atual desta quarta-feira está no ar com a análise das principais notícias do dia.

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Fonte: Rede Brasil Atual


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Prefeitura de SP instala pedras sob viadutos para expulsar moradores de rua dos locais


“A gente faz porque é obrigado, mas até aperta o coração tirar o teto de quem já mora na rua”, disse um dos trabalhadores que colocavam pedras em um dos viadutos


Bruno Covas (Foto: Leon Rodrigues/SECOM)

 

247 - A prefeitura de São Paulo desde a última quinta-feira (28) instala debaixo dos viadutos da zona Leste pedras debaixo dos viadutos, ação que expulsou do local moradores de rua.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, na tarde desta quinta, funcionários de uma empresa contratada pela prefeitura concluíam a colocação das pedras, que são presas ao chão por uma espessa camada de cimento, na parte debaixo do viaduto no sentido bairro da avenida. Do outro lado da pista, a obra já havia sido finalizada.

“A gente faz porque é obrigado, mas até aperta o coração tirar o teto de quem já mora na rua”, disse um dos trabalhadores.

A Prefeitura de São Paulo informou, por meio de nota, que "desconhece a ação citada" e que será aberta uma sindicância para apurar o ocorrido. As pedras colocadas sob os viadutos "já estão sendo removidas", afirma trecho da nota.



SBT Jornalismo


A prefeitura de São Paulo colocou pedras pontiagudas embaixo de viadutos, com o objetivo de expulsar moradores de rua que estendiam pedaços de papelão ou colchões nesses locais para se protegerem da chuva e dormir. A medida vem causando polêmica e foi condenada pelo padre Júlio Lancelloti, que há 35 anos desenvolve trabalho social com os cidadãos mais vulneráveis da capital paulista.

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Tucanos presenteiam idosos paulistas com fim do transporte gratuito

 
Foto: Reprodução

Medida foi aprovada por João Doria e Bruno Covas (ambos do PSDB); gratuidade no transporte público só é válida para quem tem mais de 65 anos

Jornal GGN – As gestões de Bruno Covas e João Doria (ambos do PSDB) decidiram, sem alarde, retirar o direito dos idosos com mais de 60 anos de utilizar ônibus, trens e metrô na capital, e os ônibus intermunicipais da Grande São Paulo, de forma gratuita. A mudança deve entrar em vigor a partir de 1º de janeiro.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, Covas obteve a aprovação da Câmara Municipal para retirar benefício na terça-feira (22), e o texto foi sancionado nesta quarta-feira. Por parte do Estado, Doria editou um decreto que suspendeu a regulamentação da lei estadual que estabelecia o benefício, e o mesmo foi publicado no Diário Oficial da União.

“A mudança na gratuidade acompanha a revisão gradual das políticas voltadas a esta população, a exemplo da ampliação da aposentadoria compulsória no serviço público, que passou de 70 para 75 anos, a instituição no Estatuto do Idoso de uma categoria especial de idosos, acima de 80 anos, e a recente Reforma Previdenciária, que além de ampliar o tempo de contribuição fixou idade mínima de 65 anos para aposentadoria para homens e 62 anos para mulheres”, diz o texto divulgado em conjunto pela Prefeitura e pelo Governo do Estado.

Os idosos acima de 65 anos não pagam passagem por causa do Estatuto do Idoso, uma lei federal. Em São Paulo, o limite foi reduzido para 60 anos em 2013, durante as gestões Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).


Rádio Bandeirantes

GOVERNO E PREFEITURA DE SP RETIRAM A GRATUIDADE PARA IDOSOS ENTRE 60 E 65 ANOS NO TRANSPORTE PÚBLICO

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Protesto a favor da imprensa livre


 

sábado, 5 de dezembro de 2020

Governo Covas deixou de registrar resultados de 110 mil testes de covid-19 feitos antes da eleição


Bruno Covas em coletiva em que afirmou que havia estabilidade no número de casos e mortes e que não ia retroceder na flexibilização

 Testes não foram contabilizados na análise da evolução da pandemia, enquanto Covas dizia que a situação era de estabilidade. Falta de registros coincide com o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, em agosto

São Paulo – O governo do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), deixou de registrar resultados (positivos ou negativos) de exatos 109.872 testes de covid-19 na capital paulista, entre os meses de setembro e outubro. Nesse período – que antecedeu a eleição municipal –, Covas negou várias vezes que a pandemia estivesse se agravando na cidade. Entre março e agosto, no máximo 3% dos testes realizados ficaram sem registro de resultado. Mas em setembro, esse índice subiu para 31% e chegou a 58% em outubro. Com isso, milhares de prováveis casos positivos deixaram de ser considerados nos indicadores da pandemia, sustentando artificialmente a afirmação que seu governo mantinha a pandemia sob controle. As informações são do portal G1.

Segundo o placar de testes covid-19 do governo estadual, em média 28,75% dos testes RT-PCR (que identifica a infecção ativa) resultam positivos para o novo coronavírus. A partir desse percentual é possível estimar que a cidade teria registrado cerca de 31 mil casos positivos a mais nos meses de setembro e outubro. Os dados de novembro não foram considerados por ainda poderem apresentar alterações devido à demora entre a aplicação do teste, a notificação do resultado e a inserção dos dados no sistema. O resultado do teste leva em média três dias para ser conhecido.

Fonte: E-SUS/Secretaria Municipal da Saúde

Período sem registros dos resultados de testes para covid-19 coincide com o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) pelo governo Covas. No final de agosto, 257 profissionais do órgão foram removidos da sede central e distribuídos pela cidade, em um processo que foi amplamente criticado por especialistas em saúde pública e ex-diretores da Covisa. São os técnicos vigilância que atualizam o sistema.

Em nota, o governo Covas alegou que a falta de resultado dos testes de covid-19 não significa que o caso é suspeito e que as informações são atualizadas tão logo o resultado seja conhecido, com a definição de positivo ou negativo. Após questionamento, o governo tucano retirou do ar o sistema que permitia a consulta aos dados. O mesmo modus operandi do governo de João Doria (PSDB), que tirou do ar o download dos dados completos do Censo Covid-19 após questionamento da RBA.

A covid de Covas e Doria

No caso do governo Doria, os dados mostravam que havia 2.506 pacientes internados a mais do que foi informado em coletiva na segunda-feira (30), quando seis regiões foram recuadas da fase verde para a fase amarela do Plano São Paulo. Na apresentação do secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, na segunda-feira, foi informado que havia 9.689 pessoas internadas, sendo 5.548 em enfermaria e 4.141 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os números representavam uma ocupação de 52,2% dos leitos. Segundo Gorinchteyn, os dados utilizados na avaliação foram consolidados até o último sábado (28).

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), omitiu 2.506 internações de pacientes com covid-19 dos dados apresentados na última segunda-feira (30), quando todo o estado foi recuado da fase verde para a fase amarela do Plano São Paulo. A plataforma é usada para coordenar a intensidade da quarentena e a abertura do comércio no estado. Na apresentação do secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, na segunda-feira, foi informado que havia 9.689 pessoas internadas, sendo 5.548 em enfermaria e 4.141 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os números representavam uma ocupação de 52,2% dos leitos.

Porém, dados do Censo Covid-19, organizado pelo próprio governo Doria com informações sobre a ocupação de leitos específicos ocupados por unidade hospitalar pública no Estado de São Paulo, mostram que havia 12.195 pessoas internadas no sábado (28), as 11h47. Destas, 6.508 estavam em enfermaria e 5.687, em UTI. O que representa uma taxa de ocupação de UTI de 71,7% e levaria todo o estado para a fase laranja do Plano São Paulo. Os dados não incluem as internações na rede privada.

Os dados diferem inclusive do boletim diário da covid-19 que o governo Doria divulga à imprensa em São Paulo. No sábado, o boletim atualizado as 12h informava haver 9.755 pessoas internadas, sendo 5.661 em enfermaria e 4.094 em UTI. A taxa de ocupação de UTI informada era de 51,1% no estado.

Leia mais:


Fonte: RBA

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Furando a fila: promotores de SP pedem para receber primeiro a vacina da covid


CNS recomenda que a vacinação contra o coronavírus faça parte do calendário brasileiro de vacinação - Ingrid Anne/Semcom

Membros do MPSP querem ser incluídos nos grupos prioritários para a vacinação, como idosos e profissionais da saúde

Um grupo de promotores e procuradores do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) escreveu um abaixo-assinado encaminhado para o gabinete de crise contra a pandemia do governo do estado de São Paulo solicitando que todos os membros do MP recebam a vacina contra a covid-19 antes da população em geral.  

O pleito foi apresentado ao procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, no dia 24 de novembro deste ano, durante reunião do Conselho Superior do Ministério Público do estado. Quem fez formalmente o pedido foi o procurador Arual Martins, um dos membros do conselho.

O pedido consta em ata oficial da referida reunião, à que a reportagem do Brasil de Fato teve acesso. De acordo Martins, a demanda foi levada a ele pelo promotor Roberto Barbosa Alves, que apresentou manifestação que também teria sido assinada por "outros colegas do MP".

Leia também: O coronavírus como balcão: como o dinheiro decide quando e onde a vacina chegará

Durante a reunião, o procurador leu um trecho do abaixo-assinado dos membros do MP, em que os signatários explicam por que querem ser passados na frente do resto da população quando a vacina estiver disponível:

"Não é uma questão de egoísmo em relação a outras carreiras, mas tendo em vista notadamente os colegas do primeiro grau, que trabalham com audiências, atendimento ao público e outras atividades em que o contato social é extremamente grande e faz parte do nosso dia a dia", diz o trecho citado.

Após a apresentação do abaixo-assinado, o procurador-geral Mário Luiz Sarrubbo prontamente apoiou o pleito, informando que "poderia pessoalmente se empenhar em apresentar esse pleito ao Governo do Estado, (...) para ser levado à análise pelo Gabinete de Crise".



Brasil de Fato entrou em contato nesta quarta-feira (2) com a assessoria de comunicação do MPSP, direcionando perguntas para o procurador-geral e para os membros do órgão identificados na ata da reunião como dois dos signatários do pedido. Foi perguntado sobre a justificativa para tal pleito e sobre sua eventual legalidade. 

Em resposta, o MPSP enviou uma nota (veja a íntegra no final desta reportagem) afirmando "estar certo de que as autoridades sanitárias definirão o cronograma de aplicação da vacina com base em critérios científicos, priorizando a imunização das parcelas da população mais vulneráveis, tanto do ponto de vista médico quanto social. Tal definição, evidentemente, será plenamente acatada pela instituição."

Questionado pela reportagem se o pedido dos procuradores e promotores já foi levado ao Gabinete de Crise do Estado de São Paulo, o Ministério Público não respondeu.

Por que prioritários?

Para o professor de Direito Processual e conselheiro da Comissão de Prerrogativas da OAB-SP André Lozano Andrade, o pedido dos promotores e procuradores "é inviável" e não deve prosperar.

Ele explicou que o Ministério da Saúde definiu que irá iniciar a vacinação - quando o medicamento for liberado pela Anvisa -  por grupos prioritários, como idosos, pessoas com doenças crônicas, funcionários da segurança pública e da Educação, indígenas, presidiários e profissionais de saúde. 

 

Não há justificativa para tornar o MP prioridade.

 

"O MP-SP está pedindo para ser incluído nesses grupos prioritários. Mas os promotores não atuam diretamente com as pessoas. As audiências vêm sendo feitas remotamente, mesmo quando presidiários são levados ao fórum para uma audiência, os promotores participam por teleconferência", esclarece Andrade. 

Ele continua: "Mesmo se as audiências passassem a ser presenciais, seria mais do que necessário incluir advogados, juízes e defensores públicos como prioritários na aquisição da vacina, uma vez que eles também fazem parte das audiências e realizam atendimento ao público, todos eles atuando na administração da Justiça. Não há justificativa para tornar o MP prioridade e não fazer o mesmo com os demais".

Ainda que, então, se incluísse todas essas classes profissionais entre o público prioritário, isso aumentaria muito as classes prioritárias. "Isso geraria uma questão de política e de interesse público, sobre o que ou quem priorizar. É muito mais importante a volta às aulas e, por exemplo, a reabertura segura do comércio, do que as audiências judiciais voltarem a ocorrer presencialmente", conclui o especialista.

Leia também: Politização da vacina afasta Brasil do controle da pandemia

Já a advogada criminalista Pollyana Soares, da banca Roberto Pagliuso Advogados, que atua em fóruns de Justiça exatamente da mesma maneira e sob as mesmas exposições que os promotores, só que defendendo a parte acusada, afirma que o pedido de seus colegas operadores do Direito do MP não encontra respaldo legal.

"Do ponto de vista da exposição ao coronavírus, o que faz dos membros do Ministério Público mais vulneráveis à infecção do que advogados, juízes ou serventuários da Justiça? Absolutamente nada. Então, desde essa perspectiva – da igualdade – a preferência não se justifica", explica a advogada.

Soares escuda seu entendimento com base na Lei federal nº 8.906/94, que, em seu artigo 6º, preconiza: "Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos".

Leia, abaixo, o trecho da ata da reunião do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo referente ao assunto desta reportagem, e, em seguida, a nota enviada pelo MP-SP ao Brasil de Fato

Extrato da Ata da 22ª Reunião Ordinária do Conselho Superior do Ministério Público, Realizada no Dia 24-11- 2020

"Dirigindo-se ao Procurador-Geral, o Conselheiro Arual apresentou manifestação que lhe foi trazida pelo colega Promotor de Justiça Doutor Roberto Barbosa Alves e outros colegas que a subscreveram, e que deve ser tratada no Comitê de combate à Covid-19. Trata-se de sugestão para análise da possibilidade de que os Promotores de Justiça sejam incluídos em uma das primeiras etapas prioritárias da vacinação contra a Covid-19, dada a atividade funcional da carreira.

Realizou a leitura do seguinte trecho de referida manifestação: “não é uma questão de egoísmo em relação a outras carreiras, mas tendo em vista notadamente os colegas do primeiro grau, que trabalham com audiências, atendimento ao público e outras atividades em que o contato social é extremamente grande e faz parte do nosso dia a dia”. O Conselheiro Arual relatou que recebeu essa matéria e respondeu ao colega no sentido de que iria apresentá-la na reunião para que o Comitê da Covid-19, que é integrado por diversos colegas e está realizando um trabalho extremamente valoroso e grandioso, pudesse analisar a questão e verificar essa possibilidade, dentro das análises que o Comitê tem realizado.

4.3. O Conselheiro Sarrubbo afirmou que encaminhará a questão ao Gabinete de Crise e que pode pessoalmente se empenhar em apresentar esse pleito ao Governo do Estado. Registrou que a notícia recebeu na reunião realizada na data de ontem, 23/11, com o Governador, é que terminaram os testes da Coronavac, que será encaminhada para registro na Anvisa, sendo este o próximo passo do protocolo tradicional.

Relatou que assim como a Coronavac, outras vacinas têm se mostrado com eficácia muito boa e há uma perspectiva de que a partir de janeiro comecem as vacinações, inicialmente para a população mais vulnerável, que seriam os idosos, os profissionais de medicina, e assim por diante. De todo modo, considera que é um pleito que pode ser levado a análise pelo Gabinete de Crise."


Nota do Ministério Público de São Paulo sobre o pedido de prioridade dos promotores para o recebimento da vacina contra o coronavírus / MP-SP




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