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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Palestina aceita convite do BRICS


O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, aceitou o convite do presidente russo, Vladimir Putin, para participar na próxima cimeira do grupo BRICS


O chefe de Estado russo e presidente pro tempore dos BRICS, Vladimir Putin, convidou o seu homólogo palestino, Mahmoud Abbas, a participar na próxima cimeira do bloco que se realizará na cidade de Kazan. Foto: Sputnik

A informação foi confirmada pelo embaixador palestiniano em Moscovo, Abdel Hafiz Nofal, que destacou que o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, aceitou o convite para participar na cimeira dos BRICS que se realizará na cidade russa de Kazan.

Nofal destacou que ainda não está definido se a representação palestina será ocupada pelo próprio Abbas ou se o primeiro-ministro, Mohammad Mustafa, participará em seu lugar. Mas ele ressaltou a importância de a Palestina estar representada no evento , independentemente de quem comparecer em nome da ANP.


Publicado por @presidencialve


 O convite da Rússia à Palestina para participar na cimeira dos BRICS enquadra-se no contexto de uma relação de cooperação contínua entre os dois países.

Em 13 de agosto, Abbas reuniu-se com Putin durante a sua visita oficial a Moscou, onde ambos os líderes discutiram a situação no Médio Oriente, com especial atenção ao conflito israelo-palestiniano.

Paralelamente a este convite, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros do BRICS emitiram uma declaração conjunta na qual expressaram o seu apoio à adesão da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas (ONU).

Neste documento, foi reiterado o compromisso com a criação de um “Estado Palestino soberano, independente e viável, de acordo com as fronteiras internacionalmente reconhecidas de junho de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital”.

Além disso, expressaram “séria preocupação com a deterioração da situação no território palestino ocupado” e defenderam a entrega imediata de assistência humanitária à população civil na Faixa de Gaza.


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A posição dos BRICS também se centra na defesa da coexistência de dois Estados como solução para o conflito entre Israel e o Hamas, instando a comunidade internacional a apoiar um cessar-fogo imediato e a libertação incondicional dos reféns.

A declaração acima mencionada também destaca a preocupação com o “flagrante desrespeito pelo direito internacional” de Israel e pelas resoluções da ONU.

O convite a Abbas para participar na cimeira dos BRICS e o apoio do grupo à adesão da Palestina à ONU destacam o crescente interesse e apoio destes países à causa palestiniana num contexto de tensões crescentes no Oriente Médio.


Autor: teleSUR - NH

Fonte: Sputnik – RT – BRICS TV



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terça-feira, 14 de maio de 2024

Banco do BRICS anuncia R$ 5,7 bilhões para o Rio Grande do Sul (VÍDEO)

 

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) vai destinar R$ 5,750 bilhões para o Rio Grande do Sul, afirmou a presidente da instituição e ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em sua conta no X (ex-Twitter)


© AP Photo / Lewis Joly

"O Novo Banco de Desenvolvimento está ao lado do povo gaúcho. Quero anunciar que vamos destinar US$ 1,115 bilhão [R$ 5,750 bilhões] em recursos para ajudar o estado do Rio Grande do Sul e os gaúchos, que me adotaram há mais de 50 anos, a superar esta tragédia", disse Rousseff.


"O Banco dos BRICS tem compromisso e atuará na reconstrução e na recuperação da infraestrutura do estado. Queremos ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas."

 

Segundo Dilma, parte do dinheiro (US$ 200 milhões, ou R$ 1,02 bilhão) será repassado de forma direta ao estado para obras de infraestrutura, vias urbanas, pontes e estradas.


Doenças e traumas: como profissionais 

da saúde lidam com a falta 

de medicamentos no RS?


O restante será enviado de formas indiretas através de bancos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).


 

 O Rio Grande do Sul vem sofrendo com fortes chuvas nas últimas semanas, que deixaram um rastro de destruição. No momento são 147 mortes confirmadas em decorrência das enchentes. Cerca de 538,2 mil pessoas estão desabrigadas e 2,1 milhões foram atingidas.



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Fonte: Sputnik Brasil


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segunda-feira, 18 de março de 2024

BRICS fornece atualização sobre a nova moeda


“Estamos trabalhando nisso (nova moeda) ”, disse Lyrio. Ele acrescentou: “Os países estão discutindo isso sob a presidência russa e é um dos temas discutidos durante esta presidência”.


Fonte: Cryptopolitian.com

O BRICS pretende criar uma nova moeda nos mercados globais para liquidar o comércio internacional entre os países membros. A aliança quer acabar com a dependência do dólar americano e dar destaque à moeda que será lançada em breve. O bloco de nove países pretende que as suas moedas nativas se fortaleçam, uma vez que manter o dólar americano em reserva representa um risco para o seu crescimento.

Leia também: BRICS: 10 moedas locais superam o dólar americano

A dívida não controlada de 34,4 biliões de dólares está a deixar os países em desenvolvimento preocupados, pois pode deixar um impacto negativo nas suas economias. Os bancos centrais estão agora a acumular ouro em vez do dólar americano para se manterem afastados da dívida da moeda americana. Para os não iniciados, os países BRICS são os maiores compradores de ouro, acumulando toneladas do metal precioso, informou o Conselho Mundial do Ouro .


BRICS: novidades sobre a moeda

Fonte: Getty Images

O sherpa brasileiro Mauricio Lyrio fez uma atualização sobre os acontecimentos da moeda do BRICS. O Sherpa confirmou que o BRICS continua trabalhando em uma moeda comum e o tema será discutido na próxima cúpula. Lyrio explicou que a aliança está trabalhando para o avanço da moeda comum e do sistema de pagamentos.

Leia também: BRICS: Rússia assina lei para usar ativos digitais para comércio


“Estamos trabalhando nisso (nova moeda) ”, disse Lyrio. Ele acrescentou: “Os países estão discutindo isso sob a presidência russa e é um dos temas discutidos durante esta presidência”.

 

Além disso, se os BRICS lançarem uma nova moeda ou sistema de pagamento comum, o dólar americano será o mais duramente atingido. Os países em desenvolvimento acabarão lentamente com a dependência do dólar americano e optarão pelo novo sistema de pagamentos. Leia aqui para saber quantos setores nos EUA serão afetados se os BRICS abandonarem o dólar para o comércio.

Leia também: BRICS: Elon Musk diz que a América irá à falência

A próxima cimeira está prevista para Outubro deste ano, na região de Kazan, na Rússia. A 16ª cimeira do BRICS contará com a presença dos novos países membros, Emirados Árabes Unidos (EAU), Egipto, Irão e Etiópia.

Fonte: Watcher.Guru

 

quinta-feira, 14 de março de 2024

Lava Jato e a cooperação controversa com os EUA: o que há por trás do interesse norte-americano


A colaboração secreta e ilegal entre o Departamento de Justiça dos EUA e os procuradores de Curitiba gerou críticas, evidenciando uma possível interferência estrangeira nas investigações da operação Lava Jato.


© Folhapress / Jorge Araúj

Revelações de conversas vazadas do Ministério Público Federal no Paraná, que já são conhecidas pelo público, apontam para uma subordinação a interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos. Dez anos depois, a Sputnik Brasil conversa com especialistas que dão visões acerca dos impactos e interesses por trás do envolvimento dos EUA na operação que sacudiu a Justiça, a política, a economia e a sociedade do Brasil.

Lier Pires Ferreira, pesquisador do Laboratório de Estudos Políticos de Defesa e Segurança Pública (Lepdesp), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e do Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS), da Universidade Federal Fluminense (UFF), trouxe à tona questões controversas sobre a cooperação entre autoridades americanas e brasileiras durante a operação Lava Jato.


"Conversas vazadas do Ministério Público Federal no Paraná revelam que um dos aspectos mais controvertidos da Lava Jato foi sua subordinação a interesses estrangeiros, em particular dos Estados Unidos. Há que se lembrar que, anos antes, no governo [do presidente americano Barack] Obama, a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras haviam sido alvos de espionagem ilegal dos americanos", relembra o especialista.

 

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dos EUA na crise desestabilizadora no Haiti

As discussões se concentram em como essa influência impactou não apenas as dinâmicas políticas e legais internas no Brasil, mas também a economia nacional.

Petrobras, principal alvo da Lava Jato, aceitou pagar uma multa significativa, parte da qual seria destinada a um fundo de combate à corrupção. No entanto, a tentativa dos procuradores de Curitiba de gerir esse fundo foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ação teve consequências devastadoras para grandes empresas brasileiras, como Petrobras, Odebrecht e JBS, resultando na perda de valor patrimonial e de fatias de mercado e desemprego em massa.


Arquitetura jurídica montada pelos EUA


À Sputnik Brasil, Fábio de Sá e Silva, autor de estudos sobre a Lava Jato, pesquisador e doutor em direito, política e sociedade da Universidade Northeastern (EUA), e professor associado de estudos internacionais e professor Wick Cary de estudos brasileiros na Universidade de Oklahoma (EUA), relembra que muitas das opiniões e inferências acerca da influência dos EUA na operação foram tratadas como teoria da conspiração, mas que houve de fato uma ingerência por parte do governo norte-americano.


"O que é um fato  e muito bem documentado  é que os EUA construíram toda uma arquitetura jurídica de combate à corrupção no mundo alinhada com os interesses nacionais, e a Lava Jato se deu um pouco a partir dessa arquitetura. […] De certa forma, os americanos fazem o que é bom para eles. O que me interessa questionar é por que os brasileiros — procuradores, juízes, veículos de imprensa  fizeram o que fizeram na Lava Jato, cujas consequências para a economia, o direito, a política e o próprio combate à corrupção no país são terríveis", indaga Silva.

 

Questionado sobre o interesse dos EUA na operação, Lier Pires destaca que, para além de intenções jurídicas e políticas, era um interesse de impacto que ajudava financeiramente o governo norte-americano.


"O interesse dos EUA direcionava-se prioritariamente à Petrobras, cujos desvios de conduta impactavam investidores norte-americanos, já que as ações da petrolífera brasileira eram negociadas em bolsas americanas. Não por outro motivo, em 2018 a Petrobras aceitou pagar uma multa superior a US$ 800 milhões [aproximadamente R$ 4 bilhões de reais]. Como se sabe, cerca de 80% desse dinheiro retornaria ao Brasil. Os procuradores de Curitiba pleiteavam a gestão dessa verba, que seria destinada a um fundo de combate à corrupção. Quase tiveram êxito. Todavia a manobra foi abortada pelo STF", comenta Ferreira à Sputnik Brasil.

 

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'Ninguém é inocente'


O especialista destaca ainda que a interferência dos EUA na Lava Jato revela a importância de Washington na política brasileira. Além disso, ressalta a falta de visão estratégica das autoridades judiciais brasileiras, criticando a abordagem que prejudicou empresas em vez de focar mais as pessoas físicas envolvidas.


"O fato que me parece mais relevante é que a influência dos EUA na Lava Jato revela primeiramente a importância de Washington na vida política brasileira, como já denunciava estridentemente o ex-governador Leonel Brizola. […] Ela traz à tona a total falta de visão estratégica das autoridades judiciais brasileiras, míopes em aspectos básicos do geodireito e do constitucionalismo estratégico. […] O fato é que as punições devem pesar mais sobre as pessoas físicas do que sobre as empresas", avalia.

 

Para Rafael Ioris, professor de história moderna da América Latina na Universidade de Denver (EUA), existia uma combinação realizada entre os agentes brasileiros e norte-americanos. Segundo ele, "ninguém é inocente".


"Os atores do governo dos Estados Unidos, especialmente o Departamento de Justiça, tinham uma narrativa e perspectiva de que a corrupção era um grande problema na América Latina e já haviam criado treinamentos, cartilha de como combater a corrupção na América Latina. […] Havia um interesse [dos EUA] na operação. […] Ninguém é inocente. Um começou a ajudar o outro [Brasil e EUA]", crava.


A queda de uma farsa


Rafael Ioris continua destacando que embora a grande mídia norte-americana legitimasse o que a mídia brasileira veiculava, com o tempo essa narrativa começou a ser descontruída. Afinal, as coberturas tanto brasileira quanto norte-americana tinham o objetivo de disseminar que a corrupção era o problema principal da América Latina.


"Aos poucos, especialmente depois da eleição do [Jair] Bolsonaro, muita gente começou a perceber que havia uma conexão entre o discurso antiestablishment, antipolítica que resultou na eleição de Bolsonaro […]. Houve uma certa preocupação com o resultado […] e houve uma percepção de que precisávamos [o Brasil] investigar mais um pouco [a Lava Jato]. […] foi um processo com grandes danos para a economia brasileira", arremata.


A 'corrupção sistêmica' e o interesse por trás


À Sputnik Brasil, Larissa Liz Odreski Ramina, professora de direito internacional público da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora de iniciação científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da mesma instituição, ressalta que houve uma sistematização do que consideraram, à época, corrupção sistêmica, fazendo uso seletivo.


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"Utiliza-se desse discurso da corrupção sistêmica de forma seletiva para atacar apenas governos, forças políticas e líderes do chamado progressismo latino-americano. Ou seja, aqueles que se opõem aos ajustes neoliberais ditados pelo Fundo Monetário Internacional. […] A guerra jurídica foi utilizada contra todos os modelos alternativos às políticas neoliberais, e essa narrativa da corrupção sistêmica teve o efeito de considerar a corrupção como um crime transnacional, […] da mesma forma que o tráfico de drogas e o terrorismo internacional são considerados — em uma perspectiva militar — como ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos", evidencia.

 

Para o pesquisador Lier Pires Ferreira, há aspectos legais na cooperação judiciária entre EUA e Brasil que não podem ser ignorados.


"Algo diverso ocorre nas ações interventivas, ainda que não tenham caráter direto, isto é, político ou militar. Essas ações são ao mesmo tempo ilegais e ilegítimas, pois ferem a soberania nacional. A submissão brasileira aos interesses norte-americanos no contexto da Lava Jato não apenas apequenou o Brasil, mas feriu sua soberania e imagem perante o conjunto das nações. Além disso, como já dito, teve um imenso custo econômico, muito superior aos recursos financeiros que conseguiu repatriar. A Lava Jato é um exemplo de que um país soberano jamais deve prostrar-se aos interesses estrangeiros, ainda que travestidos de nobres ideais", reforça Pires.

 

O professor Fábio de Sá pontua que essas tais formas importadas pela Lava Jato sequer são dominantes no direito americano.


"Por exemplo, [o então juiz Sergio] Moro condenou Lula utilizando decisões de tribunais federais americanos que diziam que não é preciso ato de ofício para configurar corrupção. Mas essa não é a 'lei da terra' nos EUA; a Suprema Corte decidiu, em 2016, que para se punir alguém por corrupção é preciso identificar com clareza um ato de ofício correspondente […]. Então o que vejo em tudo isso é um apelo aos EUA que serve para legitimar abusos, o recurso aos EUA como fonte de legitimação simbólica — o que funciona bem em um país com elites e imprensa que padecem do complexo de vira-latas", afirma o professor.

 

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Fonte: Sputnik Brasil


 

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

'O BRICS é uma nova maneira de pensar', diz Zakharova em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil


Em entrevista exclusiva ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, destacou pontos que a nação acredita serem primordiais.


© Sputnik / Vladimir Astapkovich

Questionada sobre se há ou não preocupações por um mundo "bipolar" (controlado majoritariamente por duas nações), Zakharova respondeu dizendo que "isso não é ideal".

Aos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, a representante oficial do MRE russo elencou os motivos que fazem com que ela descredite as construções de poder.


"O mundo com dois polos não é ideal. Depois que essa forma de mundo colapsou, a nossa civilização vem tentando fazer um novo sistema funcionar […]. O mundo unipolar não existe, tampouco está funcionando. […]. Não há país neste mundo que possa ser o mandatário do mundo inteiro, que possa ter o direito ou a possibilidade de controlar o mundo", disparou a representante do governo russo.

 

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Ela continua: "Nós [o mundo] não elegemos nenhum Estado ou nação para controlar as nossas vidas. Temos o direito internacional como uma ótima base para resolver diferentes crises, estabelecer contatos uns com os outros e promover o bom relacionamento entre países, nações e organizações".



 Durante a resposta, ela enfatiza que há muitos polos no mundo, econômicos e culturais, além de centros de civilização e desenvolvimento moderno e tecnológico. E que esse mundo multipolar é o caminho que a sociedade deve seguir.


"Esse é o caminho que a gente [sociedade] deve, de fato, escolher… Estou falando da Rússia, do Brasil e de outros países do mundo que têm voz própria e são livres para expressar os pontos de vista", arremata.


BRICS: nova ordem mundial?

Para Zakharova, reside uma dualidade no fato de o BRICS ser ou não uma nova ordem mundial.


"O BRICS não é um instrumento de ajuda, por exemplo, para alguém realizar algo. Mas, ao mesmo tempo, é um bloco neutro. […] São possibilidades dos países de se desenvolverem em várias áreas, incluindo a economia, ecologia, segurança, tecnologia, educação e cultura. Além da chance de os países do bloco se mostrarem ao mundo", embasa.


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Segundo Zakharova, além da individualidade, o bloco permite um compartilhar de soluções para um futuro próspero.


"O BRICS é uma nova maneira de pensar. Você pode ser independente e, ao mesmo tempo, pode se juntar, se reunir, estar com os demais e ainda pode se proteger e manter a sua dignidade nacional, cultura, civilização e tradições", sublinha.


 

 Ocidente é responsável por arruinar a ONU

Para Zakharova, o surgimento da Organização das Nações Unidas (ONU) possui esse papel de manutenção, respeito e avanço. Mas, em sua visão, o Ocidente está arruinando o que uma vez foi a organização.


"Muitos países do Ocidente coletivo estão tentando arruinar os princípios da ONU, da Carta da ONU. […] Eles não respeitam o direito internacional, os outros membros do Conselho de Segurança… […] eles estão sempre impedindo iniciativas, propostas de paz — como temos visto no Oriente Médio —, não respeitam outros países como Estados independentes e soberanos", indaga Zakharova.

 

Brasil no Conselho de Segurança da ONU

Desde antes de deixar a presidência do Conselho de Segurança da ONU, assim como outros países, o Brasil almeja ter uma cadeira permanente no órgão. A Rússia, por exemplo, estaria disposta a lutar pelo desejo brasileiro. Zakharova confirmou isso à Sputnik Brasil.


"Nós [a Rússia] apoiamos o Brasil. Não no futuro, mas agora! A gente [Rússia] reiteradamente repete que deve ser assim [novos países no Conselho], e claro que a gente apoia o Brasil", referenda a representante do governo russo.

 

Negar genocídio em Gaza é esconder a realidade,
diz ministro Luiz Marinho à Sputnik

Rússia e Brasil aliados no combate à fome

Questionada sobre como a Rússia poderia ajudar o Brasil no combate à fome, Zakharova detalhou a existência de uma "falsa realidade" em alguns locais graças a uma "campanha" estadunidense chamada "invasão russa à Ucrânia e a fome mundial".

Ela explica que o mote foi promovido por Washington. A autoridade enxerga os movimentos do poder norte-americano como "ridículos".


"Isso é muito injusto. Porque o problema da fome acontece há centenas de anos e é um problema para várias regiões, África, Ásia e diferentes países em diversas partes do mundo", exemplifica.


Segundo Zakharova, a Rússia sempre foi uma das doadoras para muitos países, organizações internacionais e assistências humanitárias.


"Cada país que sempre precisou, nós [a Rússia] estávamos lá. […] Estamos dispostos a unir todos os líderes do mundo, não apenas políticos, mas também representantes da sociedade civil, organizações humanitárias ou não governamentais para superar esse problema. Mas focando em termos práticos, e não propagandistas", conclui.


Fonte: Sputnik Brasil


domingo, 18 de fevereiro de 2024

Na Etiópia, Lula condena genocídio de Israel e ressalta que "mazelas não serão resolvidas por extrema direita racista"


O chefe do executivo ainda pediu apoio das nações africanas para a reforma do sistema de governança global


(Foto: Ricardo Stuckert)

Durante sessão de abertura da cúpula anual da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, como líder convidado de fora do continente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar o genocídio cometido por Israrel contra os palestinos e classificou como "desproporcional" aos ataques do Hamas. O chefe do executivo ainda pediu apoio das nações africanas para a reforma do sistema de governança global, afirmando que a resposta para as “mazelas atuais não virá da extrema direita racista e xenófoba".

"O momento é propício para resgatar as melhores tradições humanistas dos grandes líderes da descolonização africana. Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses e demandar a liberação imediata de todos os reféns", afirmou o presidente.

Lula ainda afirmou que a política e a diplomacia são as únicas formas de encerrar o outro conflito que mobiliza a comunidade internacional, a guerra entre Rússia e Ucrânia.


Confira a íntegra do discurso:


É com grande alegria que volto pela vigésima primeira vez à África, agora novamente como presidente do Brasil, para me dirigir aos líderes da União Africana. Venho para reafirmar a parceria e o vínculo do nosso país e do nosso povo com este continente irmão.

A luta africana tem muito em comum com os desafios do Brasil. Mais da metade dos 200 milhões de brasileiros se reconhecem como afrodescendentes. Nós, africanos e brasileiros, precisamos traçar nossos próprios caminhos na ordem internacional que surge.

Precisamos criar uma nova governança global, capaz de enfrentar os desafios do nosso tempo.

Já não vigoram as teses do Estado mínimo. Planejar o desenvolvimento agrícola e industrial voltou a ser parte das políticas públicas em todos os quadrantes.

As transições energética e digital demandam o incentivo e a orientação dos governos.

Tentativas de restituir um sistema internacional baseado em blocos ideológicos não possuem lastro na realidade. A multipolaridade é um componente inexorável e bem-vindo do século XXI. A consolidação do BRICS como principal espaço de articulação dos países emergentes é um avanço inegável.

Sem os países em desenvolvimento não será possível a abertura de novo ciclo de expansão mundial, que combine crescimento, redução das desigualdades e preservação ambiental, com ampliação das liberdades.

O Sul Global está se constituindo em parte incontornável da solução para as principais crises que afligem o planeta.

Crises que decorrem de um modelo concentrador de riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres – e entre estes, os imigrantes. A alternativa às mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode ser privilégio de poucos.

Só um projeto social inclusivo nos permitirá erigir sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade nem democracia com fome e desemprego

O momento é propício para resgatar as melhores tradições humanistas dos grandes líderes da descolonização africana.

Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses, e demandar a liberação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço à resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza – em sua ampla maioria mulheres e crianças – e provocou o deslocamento forçado de mais de 80% da população.


A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado palestino. Um Estado palestino que seja reconhecido como membro pleno das Nações Unidas.

 

De uma ONU fortalecida e que tenha um Conselho de Segurança mais representativo, sem países com poder de veto, e com membros permanentes da África e da América Latina. Há dois anos a guerra na Ucrânia escancara a paralisia do Conselho. Além da trágica perda de vidas, suas consequências são sentidas em todo o mundo, no preço dos alimentos e fertilizantes.

Não haverá solução militar para esse conflito. É chegada a hora da política e da diplomacia.

Senhoras e senhores, com seus 1 bilhão e 500 milhões de habitantes, e seu imenso e rico território, a África tem enormes possibilidades para o futuro. O Brasil quer crescer junto com a África, mas sem ditar caminhos a ninguém.

O povo brasileiro está recuperando sua soberania política e econômica. Estamos adotando um projeto de transformação ecológica, que nos permitirá dar um salto histórico. Estamos resgatando nossa democracia, tornando-a cada vez mais participativa.

Com o Bolsa Família e outras políticas públicas bem-sucedidas voltaremos a sair do mapa da fome, retirando milhões de brasileiros da pobreza. Falar de “Educação Inclusiva”, tema desta Cúpula, é falar de futuro. No mundo, quase 250 milhões de crianças estão fora da escola. No Brasil, estamos implantando escolas em tempo integral, além do pagamento de uma poupança para os alunos mais pobres do ensino médio, como forma de reduzir a evasão escolar.

Tenho o orgulho de dizer que milhares de africanos concluíram seus estudos no Brasil. Mas vamos fazer ainda mais. Vamos ampliar o número de bolsas ofertadas para receber estudantes africanos em nossas instituições públicas de ensino superior.


Estamos dispostos a desenvolver programas educacionais na África e a promover intenso intercâmbio de professores e pesquisadores. Vamos colaborar para que a África possa se tornar independente na produção de alimentos e energia limpa.

 

São 400 milhões de hectares espalhados por mais de 25 países, com potencial de fazer deste continente um grande celeiro para o mundo, viabilizando políticas de combate à fome e produção de biocombustíveis.

Quero igualmente estender nossa parceria para a área da saúde. Há muito a aprender com as estratégias sanitárias de ambos os lados, e a possibilidade de estruturar sistemas públicos robustos e de alcance amplo.

Vamos trabalhar com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças para enfrentar doenças tropicais negligenciadas. Teremos como meta a ampliação do acesso a medicamentos, evitando a repetição do “apartheid” de vacinas que vimos na COVID-19.

Cuidar também da saúde do planeta é nossa prioridade. O imperativo de proteger as duas maiores florestas tropicais do mundo, a Amazônica e a do Congo, nos torna protagonistas na agenda climática.

Os instrumentos internacionais hoje existentes são insuficientes para recompensar de forma eficaz a proteção das florestas, sua biodiversidade e os povos que vivem, cuidam e dependem desses biomas.

Com a recuperação de áreas degradadas, podemos criar um verdadeiro cinturão verde de proteção das florestas do Sul Global. Em conjunto com parceiros africanos, o Brasil quer desenvolver e construir uma família de satélites para monitorar o desmatamento.

Para levar adiante todas essas iniciativas vamos criar um posto avançado de cooperação junto à União Africana em setores como pesquisa agrícola, saúde, educação, meio ambiente e ciência e tecnologia.


Nossa representação diplomática em Adis Abeba contará em breve com funcionários de órgãos governamentais como a Agência Brasileira de Cooperação, a EMBRAPA e a FIOCRUZ, nossos órgãos de pesquisa e desenvolvimento em agropecuária e saúde.

 

Senhores e senhoras, nossos caminhos vão se reencontrar no G20, no Rio de Janeiro, e na COP 30, em Belém. A presença da União Africana como membro pleno do G20 será de grande valia. Mas ainda é necessário a inclusão de mais países do continente como membros plenos. Temos agendas comuns a defender.

É inadmissível que um mundo capaz de gerar riquezas da ordem de US$ 100 trilhões de dólares por ano conviva com a fome de mais de 735 milhões de pessoas. Estamos criando no G20 a Aliança Global contra a Fome, para impulsionar um conjunto de políticas públicas e mobilizar recursos para o financiamento dessas políticas.

Cerca de 60 países, muitos deles na África, estão próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida externa do que para a educação ou a saúde. Isso reflete o caráter obsoleto das instituições financeiras, como o FMI e o Banco Mundial, que muitas vezes agravam crises que deveriam resolver.

É preciso buscar soluções para transformar dívidas injustas e impagáveis em ativos concretos, como rodovias, ferrovias, hidroelétricas, parques de energia eólica e solar, produção de hidrogênio verde e redes de transmissão de energia. Precisamos acompanhar passo a passo a evolução das novas tecnologias.

A Inteligência Artificial não pode tornar-se monopólio de poucos países e empresas. Mas podem também constituir-se em terreno fértil para discursos de ódio e desinformação, além de causar desemprego e reforçar vieses de raça e gênero, que acentuam injustiças e discriminação.

O Brasil vai promover a interação do G20 com o Painel de Alto Nível criado pelo Secretário-Geral da ONU para apoiar as discussões sobre o Pacto Digital Global.

Esperamos, com isso, contribuir para uma governança efetiva e multilateral em Inteligência Artificial e que incorpore plenamente os interesses do Sul Global.

Minhas amigas e meus amigos, quero terminar dizendo que não há Sul Global sem a África.

Retomar a aproximação do Brasil com a África é recuperar laços históricos e contribuir para a construção de uma nova ordem mundial, mais justa e solidária. Permite-nos, sobretudo, somar esforços na superação dos desafios que temos à frente.



Fonte: Brasil 247


 


quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Irã e Rússia concordam em abandonar o dólar e negociar em moedas nacionais


Plataformas como sistemas de mensagens não-SWIFT e estabelecimento de relações bilaterais de corretagem utilizando moedas nacionais estão agora a ser utilizadas por bancos e empresas no Irã e na Rússia, informou a Fars News na quarta-feira, citando informações do Banco Central do Irã.


Teerã, IRNA - O estabelecimento de novas plataformas financeiras e bancárias abriu um “novo capítulo” nas relações bancárias entre o Irã e a Rússia, com os dois países a concordarem em abandonar o dólar americano e, em vez disso, negociar em moedas locais.

Numa reunião recente, o Governador do Banco Central do Irão, Mohammad-Reza Farzin, e o seu homólogo russo finalizaram um acordo para utilizar moedas nacionais no comércio bilateral.

Farzin também propôs aproveitar as capacidades dos BRICS para facilitar as transações durante a presidência da Rússia sobre o grupo de economias emergentes. A proposta foi bem recebida pelo principal banqueiro da Rússia.

Segundo o relatório, as disposições técnicas do acordo serão postas em discussão durante futuras reuniões entre os governadores dos bancos centrais do Irã e da Rússia.

O Irã e a Rússia, ambos sob sanções ocidentais draconianas, criticaram repetidamente os EUA e os seus aliados europeus por transformarem o dólar em arma como uma ferramenta para exercer pressão sobre outros países.

Eles, juntamente com outros membros dos BRICS, lançaram iniciativas para abandonar a dependência do dólar americano no comércio bilateral.

Fonte: IRNA News Agency


 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

BRICS e o Eixo da Resistência: uma convergência de objetivos


A guerra de Gaza acelerou a cooperação entre os gigantes do Sul Global que resistem ao conflito apoiado pelo Ocidente. Juntos, os BRICS liderados pela Rússia e o Eixo de Resistência liderado pelo Irão podem moldar uma Ásia Ocidental livre dos EUA.


Crédito da foto: O Berço


MOSCOU - Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, fez uma parada notável nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita para se encontrar, respectivamente, com o presidente dos Emirados, Mohammad bin Zayed (MbZ), e com o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman (MbS), antes de voar de volta a Moscou para se encontrarem. Presidente iraniano, Ebrahim Raisi. 

As três questões principais nas três reuniões, confirmadas por fontes diplomáticas, foram Gaza, OPEP+ e expansão dos BRICS. Eles estão, é claro, interligados. 

A parceria estratégica Rússia-Irão  está a desenvolver-se a uma velocidade vertiginosa, juntamente com a Rússia-Arábia Saudita (especialmente na OPEP+) e a Rússia-EAU (investimentos). Isto já está a conduzir a mudanças drásticas na interconexão de defesa em toda a Ásia Ocidental. As implicações a longo prazo para Israel, muito para além da tragédia de Gaza, são graves.

Putin disse a Raisi algo extraordinário em muitos níveis: 

“Quando sobrevoei o Irã, queria pousar em Teerã e conhecer você. Mas fui informado que você queria visitar Moscou. As relações entre os nossos países estão a crescer rapidamente. Por favor, transmita meus melhores votos ao Líder Supremo, que apoia nossas relações.”

A referência de Putin a “voar sobre o Irão” relaciona-se directamente com quatro Sukhoi Su-35 armados a voar em formação, escoltando o avião presidencial ao longo de 4.000 km (se medidos em linha recta) de Moscou a Abu Dhabi, sem qualquer aterragem ou reabastecimento. 

 

Como observou todo atordoado analista militar, um F-35 americano é capaz de voar no máximo 2.500 km sem reabastecer. No entanto, o elemento mais importante é que tanto MbZ como MbS autorizaram as escoltas russas Su-35 sobre o seu território – o que é algo extremamente incomum nos círculos diplomáticos. 

E isso nos leva à conclusão principal. Com um único movimento no tabuleiro de xadrez aéreo, combinado com o subsequente argumento decisivo com Raisi, Moscou realizou quatro tarefas: 

Putin provou – falando graficamente – que esta é uma nova Ásia Ocidental onde a hegemonia dos EUA é um actor secundário; destruiu o mito político neoconservador do “isolamento” russo; demonstrou ampla supremacia militar; e, por último, à medida que se aproxima o início da presidência russa dos BRICS, mostrou que mantém todas as suas cartas geopolíticas e geoeconómicas cruciais.    


Mate-os, mas suavemente 


Os cinco BRICS originais – liderados pela parceria estratégica Rússia-China – abrirão as suas portas a três grandes potências da Ásia Ocidental , Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, em 1 de Janeiro de 2024. A sua adesão à potência multipolar oferece a estes países uma plataforma excepcional. para mercados mais amplos e provavelmente acompanhará uma enxurrada de investimentos e intercâmbios tecnológicos. 

O jogo sofisticado e de longo prazo jogado pela Rússia-China está a conduzir a uma mudança tectónica completa na geoeconomia e na geopolítica da Ásia Ocidental.   

A liderança dos BRICS 10 – considerando que o 11º membro , a Argentina, é, neste momento, um imprevisto, na melhor das hipóteses – tem até o potencial, sob uma presidência russa, de se tornar uma contraparte eficaz da desdentada ONU. 

E isso leva-nos à complexa interacção entre os BRICS e o Eixo da Resistência.

No início, havia razões para suspeitar que a branda condenação  do genocídio em Gaza pela Liga Árabe e pela Organização de Cooperação Islâmica (OCI) era um sinal de cobardia. 

No entanto, uma avaliação renovada pode revelar que tudo está a evoluir organicamente quando se trata da intersecção do Grande Quadro concebido pelo falecido Comandante da Força Quds iraniana, General Qassem Soleimani, com o microplaneamento meticuloso do líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, que conhece a mentalidade israelita no interior. e considerou em detalhe a sua resposta militar devastadora. 

Indiscutivelmente, o foco mais incandescente das discussões detalhadas em Moscovo nestes últimos dias é que podemos estar a aproximar-nos do ponto em que “um sinal” desencadeará uma resposta concertada do Eixo de Resistência.

De momento, o que temos são ataques esporádicos: o Hezbollah destruindo as torres de comunicação de Israel voltadas para a fronteira sul do Líbano, as forças de resistência do Iraque atacando bases dos EUA no Iraque e na Síria, e o Ansarallah do Iémen bloqueando concretamente o Mar Vermelho para os navios israelitas. Tudo isso não constitui uma ofensiva concertada e coordenada – ainda. 

E isso explicaria o desespero dentro da administração Biden em Washington, juntamente com os rumores de que precisa que Israel termine o Plano Gaza entre o Natal e o início de Janeiro. Não só a ótica global do ataque a Gaza se tornou terrivelmente insustentável, mas, acima de tudo, uma campanha militar mais longa aumenta dramaticamente a probabilidade de um “sinal” para o Eixo da Resistência. 

E isso resultará no fim de todos os planos elaborados do Hegemon para a Ásia Ocidental. 

Os objectivos geopolíticos do sionismo são bastante claros: restabelecer a sua aura de domínio autoconstruída na Ásia Ocidental e manter o controlo constante sobre a política externa dos EUA e a aliança militar. 

A depravação é um componente chave para atingir esses objetivos. É tão fácil bombardear, bombardear e queimar alvos civis ultraleves, incluindo milhares de mulheres e crianças, transformando Gaza num vasto cemitério, enquanto o Clube do Fardo do Homem Branco insta as forças de ocupação israelitas a matá-los, claro, mas de forma mais silenciosa. . 

Sugestão para a tóxica presidente atlantista e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, oferecer subornos, pessoalmente, aos líderes do Egipto e da Jordânia - 10 mil milhões de dólares para o Cairo e 5 mil milhões de dólares para Amã - como confirmado pelos diplomatas de Bruxelas. Esta é a solução entorpecente da UE para pôr fim ao genocídio de Gaza.  

Tudo o que o Presidente Egípcio Abdel Fattah el-Sisi e o Rei Jordaniano Abdullah bin al-Hussein precisariam de fazer é “facilitar” o êxodo forçado e a Limpeza Étnica Final de Gaza para os seus respectivos territórios. 

Porque o objectivo escatológico do sionismo continua a ser uma solução final não diluída, aconteça o que acontecer no campo de batalha. E, claro, como sugere a operação Al-Aqsa Flood de 7 de Outubro, liderada pelo Hamas, destruir a Mesquita Islâmica Al-Aqsa de Jerusalém e construir um Terceiro Templo Judaico sobre as suas cinzas.  


O que acontece quando “o sinal” chega 


Portanto, o que temos é essencialmente o plano de Emigração ou Aniquilação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu - versus o que o veterano especialista na Ásia Ocidental, Alastair Crooke, cunhou de forma memorável como “Sykes-Picot está morto”. Esta frase significa que a inclusão árabe e iraniana nos BRICS acabará por reescrever as regras na Ásia Ocidental, em detrimento do projecto sionista.  

Existe até uma forte possibilidade desta vez de que os crimes de guerra certificados de Israel em Gaza sejam processados, à medida que palestinianos, árabes e nações de maioria muçulmana, com total apoio dos BRICS, formam uma comissão reconhecida pelo Sul Global para tomar Tel Aviv e as suas forças armadas. para o tribunal.

Esqueça o contaminado TPI, por mais servil que seja à Ordem Baseada em Regras do Hegemon. Os BRICS ajudarão a trazer o direito internacional de volta à vanguarda da cena global, como pretendido quando a ONU nasceu em 1945, antes de ser castrada.

O genocídio de Gaza também está a forçar todas as latitudes ao longo do Sul Global a serem mais inclusivas – como ao mergulhar na sabedoria da nossa história pré-moderna comum e interligada. Todos com consciência foram forçados a cavar fundo em si mesmos para encontrar explicações para o Indesculpável. Neste sentido, somos todos palestinos agora.  

Tal como está, não há poder – o Ocidente porque o recusa; os BRICS e o Sul Global porque ainda não fizeram a sua jogada – foi capaz de impedir uma Solução Final conduzida por uma ideologia racista e etnocentrista. 

No entanto, isso também abre a possibilidade surpreendente de que nenhum poder será suficientemente forte para parar o Eixo da Resistência quando chegar o “sinal” para fechar a cortina do Projecto Sionista. Nessa altura, o Eixo terá um imperativo moral supremo, reconhecido, e até instado, pelas populações de todo o mundo.

Então é aí que estamos agora: avaliando a simetria incandescente entre impotência e imperativo. O impasse será resolvido – talvez mais cedo do que todos esperamos. 

Isso evoca uma comparação com um impasse anterior. O atual impasse entre uma versão perversa e inútil da “civilização” hebraica e o nacionalismo islâmico emergente – chamemos-lhe “Islão civilizacional” – reflete onde estávamos em dezembro de 2021, quando os tratados propostos pela Rússia sobre a “indivisibilidade da segurança” foram rejeitados por Washington. Em retrospectiva, essa foi a última chance de uma saída pacífica do conflito entre Heartland e Rimland. 

O Hegemon rejeitou-o. A Rússia fez a sua jogada – e acelerou exponencialmente o declínio da Hegemonia. 

A canção permanece a mesma, desde as estepes do Donbass até aos campos petrolíferos da Ásia Ocidental. Como pode o Sul Global multipolar – cada vez mais representado pelos BRICS expandidos – gerir um Ocidente imperialista furioso, medroso e descontrolado, que encara o abismo do colapso moral, político e financeiro?  


As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente as do The Cradle.

 

Fonte: The Cradle



 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Gleisi sobre Obama: “Tem de explicar a sua participação no golpe e na Lava Jato”


Gleisi Hoffmann e Barack Obama. Foto: Reprodução/Twitter

Barack Obama recentemente participou do Conversa com Bial na Globo – e fez críticas a Lula, dizendo ter sido informado sobre escândalos de corrupção em seu governo.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, respondeu ao ex-presidente dos Estados Unidos.

Ela usou sua rede social.

No Twitter:

“Obama passou 8 anos fazendo guerras e espionagem, a serviço da indústria de armas e do establishment de seu país. Acobertou um vice investigado por corrupção e quer dar conselhos ao Brasil. Tem de explicar a sua participação no golpe e na Lava Jato”.



Fonte: DCM 


 Cibele Laura: 13 de mar. de 2015

"Para ganhar o segundo turno das eleições contra o candidato apoiado pelos Estados Unidos, Aécio Neves, em 26 outubro de 2014, a presidenta recém-reeleita do Brasil, Dilma Rousseff, sobreviveu a uma campanha maciça de desinformação do Departamento de Estado estadunidense. Não obstante, já está claro que Washington abriu uma nova ofensiva contra um dos líderes chave dos BRICS, o grupo não alinhado de economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com a campanha de guerra financeira total dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia de Putin e uma série de desestabilizações visando a China, inclusive, mais recentemente, a “Revolução dos Guarda-Chuvas” financiada pelos Estados Unidos em Hong Kong, livrar-se da presidente “socialmente propensa” do Brasil é uma prioridade máxima para deter o polo emergente que se opõe ao bloco da Nova (des)Ordem Mundial de Washington."

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