Mostrando postagens com marcador Arte e Cultura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arte e Cultura. Mostrar todas as postagens

sábado, 9 de janeiro de 2021

“Aécio uniu Eduardo Cunha e Temer”, diz Rogério Correia sobre livro escrito por ex-presidente da Câmara na prisão



Em livro que conta sua versão sobre o "impeachment" de Dilma Rousseff, Eduardo Cunha diz que Temer foi o "grande encorajador" do golpe


Detalhes do livro escrito da prisão pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, da prisão que foram revelados nesta sexta-feira (8) pela coluna Radar, de Robson Bonin, na revista Veja, deixa de fora, até o momento, um personagem que teve papel central no golpe que depôs Dilma Rousseff (PT) e resultou na eleição de Jair Bolsonaro (Sem partido, ex-PSL) em 2018, segundo o deputado Rogério Correia (PT-MG).

“Qualquer análise sobre o que foi o golpe no Brasil que derrubou a presidenta Dilma tem que levar em conta o papel central que teve o deputado Aécio Neves. Derrotado nas eleições, passou a incitar e organizar na calada do Congresso Nacional contra Dilma. Assim, ele uniu Eduardo Cunha e Temer com as elites brasileiras que possuem conluio com as elites financeiras para que articulassem e comprassem os votos que fossem definidores no processo [de impeachment]”, disse Correia à Fórum.

Conhecedor dos bastidores da política mineira há décadas, o deputado diz que a ação golpista de Aécio voltou-se contra o próprio político, que hoje vive no ostracismo da Câmara Federal.

“Aécio Neves era conhecedor de tudo isso, tano na forma de agir, quanto na forma sorrateira de articular ali no Congresso Nacional. Com certeza ele foi peça chave nesse golpe e hoje está no ostracismo da política. É uma espécie de deputado fantasma”.


Grande conspirador

No livro, com 740 páginas, que tem como título “Tchau Querida, o Diário do Impeachment” e está em fase final de revisão textual, Eduardo Cunha diz que Michel Temer, então vice-presidente, foi o “grande conspirador” do golpe.

“Cunha conta em detalhes como o vice de Dilma atuou ativamente para tomar o lugar da petista”, diz o jornalista da Veja.

Além de Temer, o livro deve trazer revelações bombásticas sobre a atuação de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assumiu a presidência da Câmara logo após a deposição da então presidenta.

Fonte: Revista Fórum


TV 247


Boletim 247 - Eduardo Cunha: Temer foi o grande conspirador do golpe

A jornalista Laís Gouveia revela os primeiros detalhes sobre o livro-bomba do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha com os bastidores do golpe de 2016 contra Dilma. “Tchau Querida, O Diário do Impeachment” aponta Michel Temer como "o grande conspirador”, do golpe que resultou no impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, em 2016.

Assista ao VÍDEO


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Em Cuba não se fala outra coisa: ‘Rejeição de Bolsonaro explode pós-eleições de 2020 e na pandemia’



O ex-presidente Lula e sua Janja estão em Cuba. O petista vai gravar filme de Oliver Stone sobre a América Latina e os recentes golpes da extrema direita.

Coincidência ou não, com a estada de Lula na ilha caribenha, a mídia local reverbera a rejeição do presidente Jair Bolsonaro que aumentou consideravelmente após as eleições municipais de 2020.

O site “Trabajadores“, uma espécie de CUT de Cuba, anotou que uma pesquisa aponta rejeição de Bolsonaro em 46%, em um momento em que ele mal chega à metade do mandato.

Citando a DataPoder360, os cubanos dizem que a maioria dos que rejeitam o presidente brasileiro são jovens entre 16 e 24 anos, 66 por cento deles têm ensino superior, 58 por cento residem no Nordeste do país e 82 por cento dos que ganham entre 5 e 10 anos. salário mínimo.

Por sua vez, diz o “Trabajadores”, o portal Vermelho [site do PCdoB] considerou que 42% da população acha a gestão presidencial ruim ou péssima e, portanto, “não há registro de um presidente no Brasil que, nos dois primeiros anos do primeiro mandato, tenha atingido níveis de rejeição tão altos”.

A publicação cubana recorda que a rejeição de Bolsonaro ocorre em um momento em que se espera uma segunda onda da pandemia Covid-19 no gigante sul-americano, e levando-se em consideração que o Brasil é o segundo país do mundo com mais vítimas e mortes – só superado pelos Estados Unidos – “ninguém pode se surpreender que aumente o repúdio do presidente daquele país pela má gestão da situação da saúde.”

O órgão de informação da Central dos Trabalhadores de Cuba, o “Trabajadores”, prossegue em sua análise;

“Se a isso adicionarmos o aumento das desigualdades, da violência policial e do assassinato de lideranças sociais, mulheres e negros, a exacerbação do racismo, homofobia e xenofobia nos últimos dois anos, a limites inimagináveis, é lógico que seja rejeitada fortemente então quem, aliás, tem se preocupado mais em lançar armas, convocar reuniões públicas sem máscaras, desmerecer cientistas e pessoal de saúde e ofender aqueles que se preocupam em contrair Covid-19 minimizando seus efeitos.”

Em síntese, em Cuba a previsão é de que Bolsonaro não irá nem para o segundo turno; se for para a segunda etapa eleitoral, em 2022, perde ou para centro-direita ou para a esquerda.

Fonte: Blog do Esmael


TV Resistência Contemporânea

LULA E JANJA NA ILHA DE FIDEL CASTRO

Lula e sua namorada, Rosângela da Silva, a Janja, estão em clima de lua de mel em Cuba, para onde viajaram para a gravação de um documentário do cineasta Oliver Stone. A trajetória de Lula será o fio condutor de um documentário sobre a crise das democracias da América Latina. Revista Época: http://glo.bo/2L160tn

Assista ao VÍDEO


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Paulinho, vocalista do Roupa Nova, morre no Rio aos 68 anos após contrair Covid-19


Paulinho estava internado no Copa D'Or — Foto: Jamile Alves/G1 AM

Cantor tinha feito um transplante de medula em setembro, para tratar de um linfoma, e no mês passado foi internado com Covid-19. Artista estava na banda desde sua formação, no início da década de 1980.


  • Morre, aos 68 anos, o cantor Paulinho, do Roupa Nova: Assista ao VÍDEO no G1


O cantor Paulo César Santos, o Paulinho, vocalista do Roupa Nova, morreu na noite desta segunda-feira (14), aos 68 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Copa D'or, na Zona Sul do Rio, onde fazia tratamento para se recuperar de complicações da Covid-19.



A informação da morte foi confirmada pela assessoria de imprensa da banda e pela unidade de saúde. O hospital disse ainda que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes. Em mensagem enviada ao G1, a assessoria do Roupa Nova informou que o artista "já não estava mais infectado [com coronavírus], porém, em decorrência do vírus, outros fatores complicaram".



Paulinho foi diagnosticado com coronavírus enquanto se recuperava de um transplante de medula óssea que havia feito em setembro para tratar um linfoma – no procedimento, foram utilizadas as próprias células do paciente, que respondeu bem ao tratamento. No entanto, em novembro, ele precisou ser novamente internado, desta vez com Covid-19.

Em uma postagem nas redes sociais mais cedo nesta segunda, a banda tinha informado que o quadro de saúde do artista era delicado.

Trajetória

Nascido no Rio em 1952, Paulo César Santos se apresentava em bailes cariocas antes de se juntar à banda Os Famks, nos anos 1970. O grupo depois mudaria o nome Os Motokas, antes de receber o nome definitivo, Roupa Nova, após assinar um contrato de gravação, já na década de 1980.

Sua voz se tornou uma das principais marcas da banda. Paulinho faz os vocais principais em hits como "Canção de verão", “Sensual”, “Volta pra mim”, “Asas do prazer” e “Meu universo é você”.


  • Roupa Nova canta "Sapato Velho", de Paulinho Tapajós: Assista ao VÍDEO no G1

Foi também percussionista do grupo, além de autor de músicas como “Assim como eu” e “Fora do ar”, ao lado de outros integrantes.

Com Serginho Herval, Kiko, Nando, Ricardo Feghali e Cleberson Horsth, ajudou a transformar o Roupa Nova em fenômeno já no início dos anos 80.

O grupo se consagrou a partir do segundo disco da carreira, lançado em 1982, com a clássica “Clarear”, que se tornou tema da novela “Jogo da vida” (TV Globo).

Era o início de uma trajetória que transformaria o Roupa Nova em recordista de trilhas de novelas, com mais de 30 músicas selecionadas para tramas de TV.

Com o grupo, Paulinho já dividiu os vocais com nomes como Ivete Sangalo, Zélia Duncan, Elba Ramalho, Zezé di Camargo e Luciano e artistas internacionais, como a banda de Soul americana The Commodores.

Paulinho deixa dois filhos: Pepê, baterista da banda Jamz, revelada no programa SuperStar (TV Globo), e a cantora Twigg.


  • Covid à solta nas baladas da pandemia : Ouça o ÁUDIO no G1

Fonte: G1


Roupa Nova

Dona:

Assista ao VÍDEO


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O recado do funk ao bolsonarismo: “A massa funkeira não vai deixar de ir ao baile”


Pelas periferias do país, milhares de jovens frequentam os bailes de funk - Foto: Mídia Ninja

Perseguidos pelo deputado que quebrou a placa de Marielle Franco, Mcs foram intimados a depor por “apologia ao crime"

Às vésperas de completar um ano do massacre de Paraisópolis, quando 9 jovens morreram no Baile da DZ7, o funk voltou a ser notícia nas páginas policiais, graças ao deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que denunciou os Mcs Cabelinho e Maneirinho por apologia ao crime, por conta da música “Migué”, lançada em parceria pelos dois músicos.

Em 2018, Amorim, bolsonarista declarado, quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle Franco, ao lado do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC), todos eram candidatos na época.

Cabelinho e Maneirinho, que já prestaram depoimento à polícia, se manifestaram pelas redes sociais. “É uma denúncia política, feita por um deputado do PSL. É impressionante como preto favelado quando faz sucesso, pra essa gente só pode ser bandido”, afirmou o primeiro. “Eu não li e nem assisti a nossa realidade. Mas playboy interpretando o que acontece na favela, concorre ao Oscar”, lamentou o segundo.

Thiago de Souza, dono do Canal do Thiagson no Youtube, e doutorando na Escola de Música da Universidade de São Paulo (USP), onde pesquisa a musicologia do funk, saiu em defesa dos Mcs em suas redes sociais e afirmou que “quem acusa o funk não deve saber o significado da palavra ‘estética’, não sabe, ou não quer saber, que certas letras são consequência e não a causa de problemas sociais.”

Thiago Souza: “Um baile grande é uma organização 

política" / Foto: Arquivo Pessoal


Em entrevista ao Brasil de Fato, Souza lembrou que a capoeira, o samba e o rap sofreram a mesma perseguição. “O funk nem é visto como arte. Pelo fato dele tratar dos assuntos de uma forma mais direta, ele sofre preconceito. O funk é arte, tem poesia, tem metáfora, enfim", aponta.

Souza considera que a origem desse preconceito contra o gênero musical está “na origem preta e periférica” dos músicos.

"O funk não está preocupado em idealizar uma realidade, ele fala diretamente sobre o que vive. Aí você cria um conflito, entre um país como Machado de Assis falava, um país oficial, dos políticos, dos brancos e da classe média, e o Brasil real”, defende.

Histórico

Para Renata Prado, diretora da Frente Nacional de Mulheres do Funk e integrante da Frente de Dançarinas de Funk, a perseguição ao estilo musical tem se intensificado e pode acabar em mais tragédias.

“Se nos próximos anos não pensarmos políticas públicas que deem conta do funk na cidade, a chance de termos massacres como o de Paraisópolis acontecendo constantemente, é muito grande", afirma.

Idealizador do Baile da Gaiola, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, o DJ Rennan da Penha ficou preso preventivamente por oito meses em 2019, entre março e novembro.

O músico, que foi inocentado da acusação de associação ao tráfico de drogas em primeira instância, teve a sentença revertida na segunda instância e foi condenado a seis anos e oito meses de prisão. Um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu a soltura do músico.

A prisão do DJ motivou a campanha “DJ Não é Bandido”, que foi encampada por diversos artistas no país. Rennan é acusado de ser olheiro do tráfico na região da Penha e ter feito músicas para os criminosos. Na época, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiou a sentença e afirmou que se tratava de “criminalização da arte popular.”

Prado afirma que o “momento político do país deve aumentar a violência do Estado contra a população pobre e preta que vive nas periferias”. A dançarina esteve à frente de protestos em dezembro de 2019, após 9 jovens morrerem durante o Baile da DZ7, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, após ação da Polícia Militar para dispersar o evento.

Renata prado: "Temos o direito de ocupar a cidade 

de forma democrática" / Foto: Arquivo Pessoal


Nós sabemos que foram policiais militares que mataram esses jovens, todos com menos de 21 anos. Existe uma cultura de massacre do movimento funk e isso precisa acabar. Infelizmente, o funk é tratado como caso de Segurança Pública”, lamenta Prado.

A versão da PM era de que os jovens morreram asfixiados, após milhares de pessoas correrem quando as viaturas chegaram ao local. Segundo os moradores, as mortes ocorreram após os policiais agredirem os funkeiros. Na época, 31 agentes que participaram da ação foram afastados pelo governo de São Paulo. O caso segue em investigação e os culpados ainda não foram apontados.   

Entre abril de 2010 e junho de 2013, quatro Mcs e um DJ foram assassinados na Baixada Santista: Careca, Duda do Marapé, Primo, Felipe Boladão e DJ Felipe. Na época, familiares das vítimas e moradores da região acusaram policiais militares pelos crimes. Os assassinos nunca foram identificados.

"Quando mataram o Duda, eu estava indo fazer uma atividade cultural com os meninos da Fundação Casa. O Duda pra mim foi extermínio, quem fez está na rua", lembra o poeta Tubarão Dulixo, criado na Baixada Santista e amigo de Duda do Marapé.

“Hoje, o funk toca na televisão e virou uma indústria. Mas naquela época, era cada um por si, era submundo, marginalizado. Eu já fui mais revoltado com isso, hoje eu consigo ter mais calma. Um estilo de música não é um problema social”, conclui.

Assista ao VÍDEO

Duda do Marapé canta com amigos em Santos (Vídeo cedido por Tubarão Dulixo)

Na lista de músicos do funk presos, está na o MC Poze, detido em setembro de 2019 por tráfico de drogas, associação ao tráfico, incitação ao crime, apologia ao crime, corrupção de menores e por fornecer bebida alcoólica a menores.

A operação policial ocorreu após uma denúncia de que o baile em que o músico se apresentava, em Sorriso, no Mato Grosso, seria um ponto de venda de drogas.

“Temos o direito de ocupar a cidade”

“Apesar de ser reprimido pela polícia, a massa funkeira não vai deixar de ir ao baile, pois sabemos que temos o direito de ocupar a cidade de forma democrática", afirma Prado. Apesar do histórico, ele acredita que os bailes seguirão como uma das principais alternativas de lazer nas periferias.

"O funk ocupa a cidade, mas não tem consciência de que tem esse direito. Então, quando tem operação policial, a molecada corre. Isso acaba se tornando algo cultural, você vai no baile funk sabendo que a qualquer momento vai correr da polícia", relata.

Souza concorda com Renata Prado. “Tem ambivalência. Tem o medo, mas tem outra coisa: quem que quer sair à noite pra curtir e aparece a polícia enchendo o saco, jogando bomba, atirando bala de borracha, tomar esculacho, enfim, ninguém quer isso. Agora, tem a vontade de resistir também. A galera que sai, já sabe que pode tomar um enquadro no caminho. Ser funkeiro é ser resistência.”

Por fim, Souza exalta a mobilização para que as festas existam, apesar da repressão. “Um baile grande é uma organização política, a quebrada se prepara para um baile, muita gente tem que se comprometer, muitas responsabilidades precisam ser divididas e os próprios Mcs falam isso, que o baile é esse espaço de resistência. Eles sabem disso.”

Fonte: Brasil de Fato


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Taís Araújo interpretará Marielle Franco em especial da Globo



O programa, dirigido por Lázaro Ramos, vai ao ar no Dia da Consciência Negra

A atriz Taís Araújo foi uma das escaladas pela TV Globo para participar do especial “Falas Negras”, programa dirigido por Lázaro Ramos para ao Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. A premiada artista viverá a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 em um crime até hoje não solucionado.

Em entrevista à jornalista Ana Cláudia Guimarães, da coluna do Ancelmo do O Globo, a atriz contou que gostaria de ter conhecido melhor a vereadora antes da execução e disse que todos os brasileiros mereciam conhecê-la. “Eu senti vontade de ter conhecido mais a Marielle. Me deu esse desejo de falar ‘meu Deus, por que eu não sabia tão mais dela antes da execução?’. Eu acho que todos os brasileiros mereciam conhecê-la mais. Ela tinha tanto a dizer e tanto a fazer…”, disse.

O programa contará com 22 atores negros interpretando personalidades da vida real. Além de Marielle, aparecerão na tela Olaudah Equiano, Martin Luther King, Nina Simone, Muhammad Ali e Angela Davis.

A atriz, que já recebeu o prêmio Most Influential People of African Descent (Mipd) – concedido às personalidades afrodescendentes mais influentes do mundo – da Organização das Nações Unidas (ONU) ao lado do esposo Lázaro Ramos, ainda comentou sobre o racismo no Brasil durante a entrevista.

“Acho que tem uma conversa que saiu de dentro dos movimentos e foi para as ruas. A sociedade civil está discutindo o assunto do racismo no Brasil. O Brasil, inclusive, era tido como um país não racista, o que é uma grande mentira. Então, eu acho que a gente tem um avanço nesse sentido, de que a sociedade civil está discutindo o assunto. Agora, avanço propriamente dito de qualidade de vida para a população negra, não”, declarou.

Fonte: Revista Fórum


terça-feira, 29 de setembro de 2020

Detonautas lança música com referência aos cheques de Queiroz para Michelle Bolsonaro



Os Detonautas Roque Clube  lançaram na sexta-feira (4) mais uma música com um tom crítico sobre o momento atual que vivemos. A música “Micheque” faz uma contundente sátira sobre os R$ 89 mil em cheques depositados pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

“Todos temos o benefício da dúvida. Somos inocentes até que se prove o contrário. A música é um questionamento a respeito de uma questão importante. Como foi que esse dinheiro entrou na conta de uma pessoa tão próxima ao Presidente. Basta que ele responda e acabam as especulações.“, reflete Tico Santa Cruz

Confira um trecho da música:

 

Fonte: ISTOÉ Gente 


Detonautas Roque Clube

Clipe Oficial de "Micheque" do Detonautas Roque Clube. (Lyric Video)


Veja mais no Twitter: #kkk

 

 

Clipe Oficial de "Carta Ao Futuro" do Detonautas Roque Clube



Detonautas Roque Clube

Carta ao Futuro - Detonautas Roque Clube (Clipe Oficial)



No Twitter

 

 

terça-feira, 5 de março de 2019

RESPOSTA DE DANIELA MERCURY A BOLSONARO: POSSO IR ATÉ BRASÍLIA TE EXPLICAR COMO FUNCIONA A LEI ROUANET




247 - Depois de ser atacada, junto com Caetano Veloso, por Jair Bolsonaro por conta da música 'Proibido o Carnaval', que faz críticas à censura e defende a liberdade de expressão, a cantora Daniel Mercury divulgou um longo comunicado em resposta ao presidente. Nele, a artista pede "respeito" pelo que é e pelo que representa e se propõe a ir até Brasília explicar a ele, com sua esposa, como funciona a Lei Rouanet.

Em uma postagem no Twitter, Bolsonaro se referiu a DanielaMercury e a Caetano Veloso, que estão entre os maiores artistas brasileiros, como "dois 'famosos'" e disse que, com a música "Proibido o Carnaval", os dois estavam acusando o governo Bolsonaro "de querer acabar com o Carnaval". "A verdade é outra: esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet", respondeu.

"Mereço respeito pelo que sou, pelo que represento e pelo que faço constantemente pela sociedade brasileira em diversas causas, não apenas na arte. Reitero aqui a minha disposição de conversar com o senhor e com sua equipe sobre a lei Rouanet. Se assim desejar, irei com minha esposa, que é também minha empresária, até Brasília para conversar com o senhor sobre o assunto. Abraços e feliz carnaval", escreve Daniela.

Leia a íntegra:

"Sr. Presidente, sinto muito que não tenha compreendido a canção 'Proibido o Carnaval', que defende a liberdade de expressão e é claramente contra a censura. Mas acho que isso nem vem ao caso aqui porque percebo que há uma distorção muito grave sobre a lei Rouanet. Parece que ela ainda não foi compreendida. Por isso, me coloco à disposição para explicar como funciona o passo a passo dessa lei. E aproveito para tranquilizá-lo. Usei muito pouco de verba pública de impostos da lei Rouanet em cada projeto que tive aprovado. Para que o senhor entenda, cada desfile de trio sem cordas (sem cobrança de ingresso, de graça para os foliões), custa cerca de 400 mil reais. Em 20 anos, Eu tive apoio (TUDO DENTRO DA LEI) de cerca de um milhão de reais de verba de impostos da lei rouanet. 1 milhão em 20 anos, ressalto!!! Dá cerca de 50 mil reais por ano, se assim dividirmos. Considere, sr. Presidente, que eu comecei o movimento de trios sem cordas, de graça para o público, há 21 anos. Eles custaram, por baixo, cerca de 10 milhões de reais! Se tive cerca de 1 milhão de verba pública nesses 20 anos, isso significa que o restante (9 milhões) paguei ou do MEU BOLSO diretamente ou com o patrocínio de empresas privadas. Em 35 anos de carreira, fiz muitas apresentações de graça no Brasil, bancadas do meu bolso. Essa fake news sobre a lei Rouanet criada na eleição não pode continuar sendo usada para desmerecer o trabalho sofrido e suado dos artistas brasileiros. A arte, além de tudo, tem um valor imensurável e o retorno do nosso trabalho para a sociedade, para o turismo, pra a economia é gigante. Para que compreenda melhor, apenas com 1 ano do sucesso 'O Canto da Cidade' (uma música "famosa" minha), Salvador ganhou 500 mil turistas a mais. Mais um exemplo: eu tenho cerca de 50 milhões de reais de retorno de mídia espontânea em cada carnaval de Salvador. Esse retorno, a partir de minhas apresentações (6 horas por dia cantando e dançando sem parar nem para comer – somadas a mais 5 horas prévias de preparação – e mais 2 horas pós apresentação para recuperação da voz e do corpo – durante 6 dias seguidos) traz uma valorização gigantesca para a imagem da cidade, do Estado e do país. Tudo isso estimula o turismo e turbina a economia. Tenho visto que estimular o turismo é um objetivo do senhor. Não se engane: trabalhamos muito. Quando se ataca a arte de um país, quando se ataca os "artistas" brasileiros, se ataca a alma do povo desse país. Mereço respeito pelo que sou, pelo que represento e pelo que faço constantemente pela sociedade brasileira em diversas causas, não apenas na arte. Reitero aqui a minha disposição de conversar com o senhor e com sua equipe sobre a lei Rouanet. Se assim desejar, irei com minha esposa, que é também minha empresária, até Brasília para conversar com o senhor sobre o assunto. Abraços e feliz carnaval."

Daniela Mercury Verçosa


PROIBIDO O CARNAVAL - Daniela Mercury feat Caetano Veloso(Videoclipe Oficial)







Músicas 🎼🎧
Sem Censura 🎭🎨

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Doutrinação! MEC envia slogan de campanha de Bolsonaro para ser lido em todas as escolas





Ministério pede que mensagem de ministro seja reproduzida e que "professores, alunos e funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil e que seja executado o Hino Nacional"


O Ministério da Educação (MEC), comandando por Ricardo Vélez Rodríguez, enviou para todas as escolas públicas e privadas do país um e-mail pedindo para que, no primeiro dia de aula, "professores, alunos e demais funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil, se houver na unidade de ensino, e que seja executado o Hino Nacional". Além disso, o texto pedia para que fosse lida uma carta de Vélez que dizia o seguinte: "Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de você, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!". A palavra de ordem no final da carta foi utilizada ao longo da campanha do presidente Jair Bolsonaro — já seu Governo adotou como slogan "Pátria Amada Brasil".

O e-mail e a carta foram primeiramente divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo, mas o MEC confirmou seu conteúdo ao EL PAÍS. Disse ainda que se tratava "um pedido de cumprimento voluntário" que faz parte "da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais". A mensagem ainda solicitava "que um representante da escola filme (pode ser com celular) trechos curtos da leitura da carta e da execução do Hino Nacional. E que, em seguida, envie o arquivo de vídeo (em tamanho menor do que 25 MB) com os dados da escola". As imagens deveriam ser enviadas para os correios eletrônicos da assessoria de imprensa do próprio MEC e da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

Para Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV e ex-secretária de Educação da cidade do Rio de Janeiro (2009-2014), o problema maior não é pedir que se cante o Hino Nacional. "Acho até positivo, faz parte da educação de um jovem a educação cívica — não como matéria. Quando eu fui secretária no Rio, a gente determinou que toda segunda-feira se cantaria o hino. Em vários municípios se canta o hino. Canta-se menos em escolas privadas que em públicas, não foi uma tradição que se perdeu", explica. Além disso, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou em 2009 uma lei que obriga a execução do Hino uma vez porsemana nos centros públicos e privados do ensino fundamental. "O que eu vejo de errado é associar cantar o Hino com um slogan de campanha", acrescenta Costin.


Outro problema que Costin enxerga é a solicitação para que alunos sejam filmados. "Todo educador sabe que para tirar fotos você precisa de autorização dos pais, porque são menores de idade. Isso demandaria uma logística um pouco complexa", argumenta. Já o MEC esclareceu que, "após o recebimento das gravações, será feita uma seleção das imagens com trechos da leitura da carta por um representante da escola. Antes de qualquer divulgação, será solicitada autorização legal da pessoa filmada ou de seu responsável".


Vélez é um dos ministros indicados por Olavo de Carvalho, guru da extrema direita brasileira. Ambos defendem acabar com uma suposta "doutrinação ideológica marxista" sobre os 48,6 milhões de estudantes matriculados nas escolas da educação básica e os 8,3 milhões de alunos do ensino superior (dados do último Censo Escolar, de 2017). Desde que foi empossado, Vélez já defendeu a volta da disciplina de moral e cívica no curriculum do ensino fundamental, para que os estudantes aprendam a ser brasileiros, retomem "valores fundamentais" e saibam quais são "nossos heróis". Ele chegou a dizer em entrevista à revista Veja que o brasileiro, quando viaja, "rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola".

O ministro também já argumentou que a universidade "não é para todos", uma afirmação que causou alvoroço em um país que assistiu, nos últimos anos, políticas de inclusão social e racial nos centros de Ensino Superior públicos. "A Educação tem uma série de desafios. O que eu sinto é que estamos discutindo questões menos relevantes ao invés de fazer aquilo que é necessário para dar um salto de qualidade na Educação", opina Costin. "Isso demanda, por exemplo, melhorar a carreira do professor e trabalhar com as universidades para melhorar a formação do professor, e não de atos visíveis que não representam de verdade o que deveria ser feito", acrescenta.

Parlamentares de oposição vem argumentando que Vélez cometeu improbidade administrativa, um crime de responsabilidade. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) anunciou que vai apresentar uma denúncia contra o ministro.


REDES SOCIAIS:







 Sem Censura 🎭🎨

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Wagner Moura segura placa com o nome de Marielle no Festival de Berlim




Fonte: DCM 


Gritos de “Lula Livre”, “Ele, Não” e “Marielle Presente” ecoaram durante a sessão oficial do filme “Marighella” no Festival de Berlim.

Foi na quinta, dia 14. O diretor, Wagner Moura, segurou uma placa com o nome de Marielle Franco e foi ovacionado.



 MARIELLE PRESENTE



***

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Entrevista Wagner Moura "estou pronto para guerra"



Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o ator Wagner Moura conta sobre sua primeira incursão como diretor de cinema. Ele estreia na 69ª edição do Festival de Berlim, na Alemanha, o filme "Marighella", o guerrilheiro baiano que lutou contra a ditadura no Brasil.

Wagner também fala sobre o momento do país e garante estar pronto para tomar "porrada" de uma direita que "quer emburrecer" o país. "Quando a gente estava filmando teve uma galera que ameaçou entrar no set e quebrar tudo", diz.



*** 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Em homenagem aos 100 anos da Revolução, 'Blocos soviéticos' se espalham pelo Brasil



Via: Sputnik


Em comemoração ao centenário da Revolução Russa, a história entra no samba e vai ser contada em ritmo de carnaval no Brasil por alguns blocos soviéticos que a cada ano crescem pelo país.


Em 1917, a Rússia implementou o primeiro governo socialista da história, gerando a maior revolução do século XX, pois promoveu políticas de redução da miséria e da desigualdade social, mudando a realidade dos trabalhadores não só da antiga União Soviética, como refletindo essa política social em todo o mundo.

Neste carnaval, uma das agremiações brasileiras que está celebrando o centenário da Revolução Russa é o Bloco Soviético Vermelhim, que saiu nesta sexta-feira (17) pelas ruas da cidade de Belo Horizonte. O bloco criado no ano passado pela Associação Cultural José Martí promete repetir a folia fazendo uma revolução político-social-cultural todo dia 17 (Dia da Solidariedade Internacionalista), durante o ano inteiro, na praça Sete, na capital mineira.

Em entrevista para a Sputnik Brasil, José Guilherme Castro, um dos precursores do Vermelhim disse que a ideia de um bloco soviético permanente surgiu dentro do projeto da Associação Circuito Revolução reunindo diversas atividades político-culturais em comemoração ao centenário da Revolução Russa. Segundo José Guilherme a ideia é cada vez mais politizar o carnaval de Belo Horizonte. "Nós formamos aqui a Associação Cultural JoséMartí (MG), em solidariedade à Cuba. Temos uma ação internacionalista há cinco anos na Praça Sete, que quando os heróis cubanos foram presos e depois com a libertação deles passou a ser o dia 17, Dia da Solidariedade Internacional, e aí construímos a proposta do Circuito Revolução, que é tentar agregar várias atividades político-culturais para comemorarmos os 100 anos da Revolução Russa e daí surge a ideia do Bloco Soviético para contribuir com a politização do carnaval de Belo Horizonte, trazer bandeiras de lutas. Carnavalizar a política e politizar as ruas."

O folião classifica o bloco como uma resistência ofensiva.

"É uma resistência, mas ofensiva, com coragem de ser feliz. Os símbolos e nossos valores e referências queremos colocar nas ruas em alto e bom som, porque foram grandes contribuições dada pela Revolução Russa. É o maior acontecimento social de interesse dos trabalhadores do mundo. Nós temos mais que comemorar e anunciar."

Em relação ao perfil dos seguidores da folia do Vermelhim, José Guilherme diz que é um encontro de todas as gerações. "O que está sendo interessante é que é bem variado. Tem o entusiamo dos jovens, mas tem também o momento da reflexão e da nossa contribuição, que já temos cabelos brancos. É um momento de encontro de gerações e de  troca de esperanças e de energia, principalmente em um momento tão difícil que o Brasil está passando. É o que nós falamos é uma resistência."

Luanna Grammont, intérprete do Bloco Soviético, o Vermelhim, cantando a Internacional com seu filho Fidel no colo

Para animar os foliões, no repertório não pode faltar o hino da Internacional Comunista, em ritmo de samba: "Senhores, patrões, chefes supremos / Nada esperamos de nenhum (…) Façamos nós por nossas mãos / Tudo que a nós nos diz respeito", e o tradicional "Unidos Venceremos", além de canções famosas como "Coração Vermelho", da cantora Fafá de Belém.

"Primeiro é a Internacional, que nós estamos ensaiando em ritmo de samba. Como no Circuito Revolução nós dividimos a Revolução Russa, com os 50 anos do assassinato de Chê Guevara, nós estamos lançando hoje (17) o Comandante Chê Guevara também, e várias músicas do repertório brasileiro, que estão ligadas de certa forma à resistência, à luta, ao momento específico, muito Paulinho da Viola, Chico Buarque", explicou José Guilherme.



Sobre o crescimento dos blocos soviéticos no carnaval brasileiro, José Guilherme acredita  que a tendência é aumentar ainda mais o número de agremiações, pois para o folião a Revolução Russa é a síntese das lutas dos trabalhadores, e ressalta o importante papel dos artistas para retomar a cultura do protesto pelos blocos.

"Eu acho que a tendência é aumentar. A política no Brasil, principalmente a esquerda, esteve muito distante da arte, da cultura. Essa participação dos artistas na vida política e na elaboração das defesas, é uma tendência que está voltando no Brasil. Era uma tradição que nós tínhamos, os artistas participavam efetivamente das lutas não só dos palcos mas na elaboração. É esse o palco que nós queremos fazer."

De acordo com o militante do carnaval politizado, o desfile desta sexta-feira (17) foi o pontapé inicial para um ano de diversos eventos promovidos pela Associação José Martí em homenagem ao centenário da Revolução Russa, mas com foco para as lutas internas do Brasil. Entre as ações terá a ida de uma delegação brasileira para os festejos em outubro na Rússia, de onde dois jornalistas vão fazer a cobertura e o material será apresentado em novembro em Belo Horizonte. "Tem uma delegação brasileira, que já tem quase 200 pessoas que vão passar o aniversário da Revolução Russa, lá na Rússia e tem dois jornalistas que vão fazer a cobertura, e no dia 17 de novembro devemos apresentar na Praça Sete um apanhado dessa cobertura. Tem também em março, o mês da luta das mulheres. Nosso bloco vai refletir e passar um filme com a temática das mulheres ao som de samba. Tem o abril vermelho da questão agrária. Em maio tem a luta dos trabalhadores do sistema manicomial. Estamos pegando essas temas para fazer e refletir sobre as nossas revoluções, que o Brasil precisa."



Além do Vermelhim, em Belo Horizonte, o centenário da Revolução Russa também será homenageado neste sábado (18), pelo Bloco Soviéticoem São Paulo, a partir das 14h, saindo do Tubaína Bar, Bela Cintra. O Bloco que vai para sua 5.ª edição, surgiu em 2013, após uma brincadeira nas redes sociais incluindo a cantora Vange Leonel, que morreu em 2014, e sua então companheira, a jornalista Cilmara Bedaque. Em 2013, o bloco reuniu 200 pessoas, no ano passado esse número subiu para quase 5 mil foliões. Este ano, o bloco conta com um carro de 13 metros de comprimento, com 20 instrumentistas para fazer a alegria dos foliões tocando as tradicionais marchinhas de carnaval adaptadas num tom de revolução pelos organizadores.



Já em Brasília, a Revolução Russa vai ser celebrada pelo KGBloco Soviético, que estreia no Parque da Cidade no dia 4 de março. A agremiação foi criada por um grupo de estudantes da área de Humanas da UNB (Universidade de Brasília) em resposta contra o bloco de direita Aliança Pela Liberdade, que também é de estudantes da universidade. Na página do evento no Facebook, o KGBLoco Soviético chama os foliões: “ALÔ, CAMARADAS! Peguem seus confetes, foice, martelo, glitter, peruca, catuaba, sua во́дка e vamos comemorar os 100 anos da REVOLUÇÃO RUSSA. Porque é carnaval e já que a esquerda está festiva VAMOS FESTEJAR! Senhores, patrões, chefes supremos, Nada esperamos de nenhum! Sejamos nós que conquistemos. Um carnaval livre e comum.

***

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

É um retorno piorado à década de 90 a Reforma do Ensino Médio


Estudantes protestam contra a Reforma do Ensino Médio, que representaria um retrocesso para a educação pública



Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara destrincha MP 746, que impôs mudanças e provocou ocupações em escolas


O que pensa Michel Temer sobre a reforma do Ensino Médio? Aoprograma Roda Viva, da TV Cultura, o presidente Michel Temer resumiu recentemente o que pensa da ideia proposta por seu governo por meio da MedidaProvisória 746. “Nós estamos voltando a um passado extremamente útil”. O retorno foi concretizado na quarta-feira 9 pelo Senado, que aprovou o texto por 43 votos a 13. Agora, a lei vai a sanção presidencial.

Assim como Temer, o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, classifica a MP como uma volta ao passado, mas no sentido de retrocesso para a educação pública brasileira.

“[A reforma] faz com que os estudantes sejam divididos entre aqueles que vão ter acesso a um ensino propedêutico e aqueles que vão ter acesso a um ensino técnico de baixa qualidade. Temer teve a coragem ou a pachorra de assumir isso quando enfatiza que na época dele a educação se dividia entre clássico e científico, que eram dois caminhos que geravam uma educação incompleta”, explica.

Em entrevista a CartaCapital, Daniel Cara explica como a inclusão do ensino profissionalizante, dentre as trajetórias possíveis aos estudantes, durante o novo Ensino Médio, vai empurrar os jovens com menor renda para carreiras de subemprego, enquanto que os mais ricos poderão focar os estudos nas áreas que desejam.

Mais do que isso, Cara alerta para possíveis brechas que a MP abre para que o governo consiga privatizar parte do percurso feito pelos estudantes secundaristas.

Leia a entrevista:

CartaCapital: Como você avalia a reforma do Ensino Médio e uma possível reforma do Ensino Fundamental, ainda que detalhes não tenham sido divulgados pelo ministro da Educação?

Daniel Cara: A reforma do Ensino Médio é uma antirreforma no sentido de que ela acaba fazendo com que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – a MP altera pontos da LDB e da Lei do Fundeb – seja desconstituída naquilo que se refere ao Ensino Médio e a Educação Profissional.

[A MP] estabelece uma bagunça e faz com que os estudantes sejam divididos entre aqueles que vão ter acesso a um ensino propedêutico e aqueles que vão ter acesso a um ensino técnico de baixa qualidade.

Temer teve a coragem ou a pachorra de assumir isso quando ele assina que na época dele a educação se dividia entre clássico e científico, que eram dois caminhos que geravam uma educação incompleta. Então essa MP, em termos de alteração da LDB, é extramente preocupante.

Em relação ao que ela altera no Fundeb, é mais preocupante. A conquista do Fundeb foi, ainda que de forma insuficiente, financiar desde a matrícula na creche até a matrícula no Ensino Médio. Como a MP altera o Fundeb e reconcentra os recursos no Ensino Médio, o resultado é que a Educação Infantil, creche e pré-escola, vai ficar prejudicada e os governadores, responsáveis pelo Ensino Médio, vão ser beneficiados contra a posição dos prefeitos.

Não é à toa que essa MP foi divulgada durante a eleição municipal, pra não gerar uma reação dos prefeitos, que até o momento não perceberam que vão perder muitos recursos do Fundeb.

Agora o ponto concreto é que a maior demanda da sociedade hoje é exatamente por creche. Então é uma MP que concentra recursos do Ensino Médio, retomando a visão do Paulo Renato [ex-ministro da Educação de Fernando Henrique Cardoso], de que é preciso focalizar as ações educacionais em algumas etapas da educação, no caso dele foi o Ensino Fundamental.

Agora a Maria Helena [secretária-executiva do MEC] e o Mendonça Filho [ministro da Educação] querem focalizar no Ensino Médio e Fundamental, alijando a Educação Infantil em termos de financiamento. Então há um retorno piorado ao que aconteceu na década de 1990.

Inclusive porque o Paulo Renato já não era um especialista em educação, era um economista que gostava de educação, mas não entendia muito. O Mendonça Filho, muito aquém disso, é uma pessoa que não entende de nada.

CC: Inclusive, o senador Aécio Neves, próximo da Maria Helena, chegou a se vangloriar da MP, em artigo, porque essa seria a sua proposta para a educação na época das eleições de 2014...

DC: Olha, eu li todos os programas eleitorais. Eles nunca teriam coragem de dizer em 2014 o que estão fazendo agora. Existia uma preocupação de aumentar a complementação da União no Fundeb, dizendo que era importante melhorar o financiamento da Educação Infantil.

Então não é verdade que isso corresponde ao programa de 2014 porque nenhum candidato a presidente da República teria coragem de apresentar uma MP com essa gravidade para reformar o Ensino Médio.

Além disso tudo que falei, existe um aspecto mais prejudicial e danoso.Não se faz reforma educacional por Medida Provisória. O princípio da educação nacional segundo o artigo 206 da Constituição Federal, inciso sétimo, é a gestão democrática do ensino público.

Não se faz reforma educacional por um instrumento legislativo que estabelece um fato consumado sobre o qual os parlamentares têm que opinar.

Ou seja, é muito grave o que foi feito. Não é pouca coisa. E o resultado disso, o que se expressa, é uma tentativa de desconstrução de tudo que foi avançado, de tudo que deu certo nas gestões Lula e Dilma. Agora o revanchismo político-partidário não pode prejudicar os estudantes. É isso que está acontecendo com essa MP.

CC: Sobre isso, o Congresso Nacional já vinha discutindo uma reforma do Ensino Médio há três anos, por meio de um projeto de lei do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). Qual a avaliação que você faz dessa proposta?

DC: Não era um bom projeto. Pelo contrário, se fosse um bom projeto, teria sido absorvido pela gestão da presidenta Dilma. Se fosse um projeto consensual teria sido aprovado, inclusive por ter recebido advento de uma comissão especial.

O mérito do Reginaldo Lopes foi o debate. Ele não tinha deliberado efetivamente sobre o texto dele porque ele estava tocado e sensibilizado com as críticas que ele recebia. O projeto do Reginaldo Lopes tentava criar uma flexibilidade inflexível, era um paradoxo.

Você não cria uma flexibilidade no Ensino Médio apresentando aos alunos, aos 16 anos de idade, cinco possibilidades de trajetória: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico profissionalizante de nível médio.

Naquele momento os estudantes não estão preparados para escolher uma trajetória. Eles estão preparados, sim, para escolher matéria. A flexibilidade real seria como? Você cria um ciclo básico e cria matérias optativas. Isso é flexível.

Isso é o que acontece em outros países. Cálculo, por exemplo, poderia ser uma disciplina ofertada numa escola para fazer com que o estudante, que queira se aprofundar em matemática, possa entrar na universidade com mais condições de fazer um bom curso de engenharia. Isso é um problema no Brasil.

Praticamente todo curso de ciências exatas gera vazão de uma série de estudantes porque não tiveram uma base de cálculo e matemática no Ensino Médio. Então [o caminho] não é dar a possibilidade do jovem construir uma trajetória porque isso é pobre em termos de possibilidade. E é muito sério pra cobrar de um estudante que escolha um itinerário.

Mas, sim, você dar para os jovens a possibilidade de escolher disciplinas eletivas que, inclusive, conversem com a Base Nacional Comum Curricular e com a LDB. É você criar formas mais atrativas de apresentar os componentes curriculares para os estudantes. Isso é flexibilidade, não é o que está sendo apresentado por esse governo. O projeto do Reginaldo Lopes estava recebendo críticas e estava sensível a essas críticas.

CC: Como, na sua opinião, essa MP atropela o processo de conclusão da Base Nacional Curricular Comum?

DC: É difícil para as pessoas perceberam o jogo que está por trás disso. A Maria Helena esteve, há alguns meses em São Paulo, e disse que o debate sobre o Ensino Médio deveria parar porque ela queria reformar o Ensino Médio. Isso saiu no Estadão.

Qual é o jogo que está posto? A MP diz que, e o governo tem dito de maneira irresponsável, que as Artes e Educação Física vão ser recuperadas na Base Nacional Comum. No Ensino Fundamental essas disciplinas não foram excluídas, mas para o Ensino Médio foram. Já tem um recado claro aí.

Em segundo lugar, eles dizem que toda aposta está depositada na Base e aí algumas entidades que apoiam o governo e não tem coragem de assumir, como o Todos Pela Educação, vão à imprensa e dizem que tudo vai ser decidido na Base.

O problema é que a Base estava num processo muito intenso de consulta pública, esse processo foi paralisado e o que tem se comentado no mundo da educação é que, se o conteúdo da participação social for ruim, eles não vão utilizar esse conteúdo na formação da Base, vão fazer um texto de gabinete.

Mas qual é o ponto que eles trazem? Quando a Base for apresentada haverá mais uma rodada de discussão. A Base vai ser apresentada em 2017, quando o PSDB deve romper com o governo para poder lançar candidato à Presidência -- porque dificilmente o Temer vai ter alguma popularidade suficiente até 2018. A Base a ser lançada em 2017 está nas mãos da Maria Helena. Mas vai ter um período em que ela já não vai mais estar dentro do governo. A Base não vai ter dono.

Ou seja, é muito provável que, em 2018, a gente ainda não tenha a Base. E se tiver, vai ser dado um prazo de implementação extremamente extenso porque uma Base que é apresentada sem considerar a participação social não será incorporada pelos professores.

É possível que se repita com a Base Nacional Comum Curricular aquilo que aconteceu com os parâmetros curriculares nacionais, liderados pela Maria Helena e por outros membros do governo Fernando Henrique Cardoso.

Na época apresentaram uma proposta curricular que era alheia ao debate que vinha sendo feito há anos para superar o currículo da ditadura militar. O cenário que se apresenta é extremamente negativo. A tendência é de jogar uma aposta muito grave e muito grande sobre a Base e sequer ter o conteúdo da Base, com uma possibilidade de ruptura da equipe pensante do MEC com o governo federal.

A educação, que por muitos anos ficou protegida da disputa política, e isso aconteceu de fato no governo Lula e menos no governo Dilma Rousseff, volta a ser centro de disputa.

Até porque o escolhido para ser ministro da Educação não é alguém que goza de reconhecimento na área. Ele foi colocado na posição em que está por ser do Democratas, um partido que apoia o governo Temer. Ele não foi colocado na área por algum mérito ou por entender de educação, ele até assume que não entende nada, que não é a área dele, ele é um administrador.

CC: Queria também expor para sua análise um argumento muito utilizado pelo governo para justificar a MP da reforma do Ensino Médio, que é o resultado do Ideb e o índice de evasão escolar. O senhor acredita que esses números justificam uma MP e esse suposto caráter de urgência?

DC: Isso tem até a ver com os argumentos do governo para defender a PEC 241. Eles usam o mesmo argumento para fazer essas maldades. O que acontece? Para usar uma metáfora, a educação é uma cidadã que está morrendo de sede. Ela não tem acesso a uma água de qualidade, vive com sede e precisa beber água para poder sobreviver. Se você der metade de um copo de água para a educação, você não vai resolver o problema.

O que isso tem a ver com a crítica do governo? O governo utiliza o resultado do Ideb para fazer uma crítica ao desempenho do Ensino Médio. O que o Brasil podia fazer que não representasse custo efetivo de investimento na educação já foi feito. Agora precisa resolver as agendas urgentes para poder matar a sede da educação.

Quais são essas agendas urgentes? É preciso pelo menos equiparar os salários dos professores às demais profissões e melhorar  a infraestrutura das escolas, inclusive é isso que é pedido pelos estudantes.

A Unicef mostra que a infraestrutura é um elemento central de reivindicação dos estudantes que ocuparam as escolas e querem uma melhoria do Ensino Médio.

E é preciso obrigatoriamente investir numa nova forma de fazer pedagogia, tudo isso é agenda do Plano Nacional de Educação, inclusive passa pela Base Nacional Curricular, que também é agendada pelo Plano. Só que, em vez de buscar enfrentar essas questões estruturais, o governo federal opta por abandonar o PNE e, por Medida Provisória, forçar a implementação da sua política.

Não vai dar certo. Educação não é corrida de 100 metros, educação é maratona. O que vai acontecer com a MP do Ensino Médio é que tudo vai ser tão descontinuado e tão desorganizado que, caso essa medida seja implementada – os estados têm a opção de não implementar, inclusive isso está sendo dito por vários secretários estaduais de educação –, o resultado vai ser extremamente danoso na organização das redes.

Então a tendência não é que o Ideb melhore, é o Ideb piorar. Isso é uma medida açodada para dizer que você está fazendo alguma coisa, para retomar uma estratégia de focalização, para desconstruir o que foi feito pelo governo passado, para investir no revanchismo político sem pensar nas consequências pedagógicas.

Isso acontece por quê? Porque são pessoas que não entendem de educação.

Eu não posso dizer que a Maria Helena e a Maria Inês Fini [presidente do Inep] não sabem de política educacional, sabem. Mas o trabalho delas em São Paulo ou do partido delas em São Paulo sequer deu resultado. Não dá para dizer que o PSDB faz uma boa gestão na área da educação, considerando que eles estão há 24 anos agora.

Quer dizer, já estão há mais de duas décadas na gestão e a educação no Estado de São Paulo é péssima. Então essa justificativa do Ideb é uma justificativa que, por muitos fatores, é incorreta. Exclui o fato de que muito do que precisava ser feito para melhorar o Ideb não foi feito e exclui o fato de que já existe uma agenda que defende a melhoria do Ideb que é o Plano Nacional de Educação.

Ideb é a meta 7 do plano e o governo sequer responde sobre o Ideb, sobre a meta 7, sobre as demandas que estão postas para a melhoria da qualidade da educação. Então é o uso de um indicador de forma demagógica.

CC: A Maria Helena Guimarães diz que há um “tédio” no Ensino Médio no Brasil? O senhor concorda com esse diagnóstico? Acha que esse problema se resolve com a MP da reforma do Ensino Médio?

DC: É bem simples. Vamos supor que a MP seja implementada e aumente as escolas de educação em tempo integral. Uma escola que vai, simplesmente, sair de cinco horas diárias para sete , reproduzindo uma educação entediante, só vai aumentar o tédio. Agora, eles editaram uma portaria que cria ilhas de excelência.

Eles assumem, hipocritamente, que não tem dinheiro com a PEC 241 e que não tem dinheiro para trabalhar com todas as escolas e vão trabalhar com as que já são boas ou que estão aptas a dar um salto de qualidade.

Ou seja, todo o trabalho feito pelas comunidades escolares vai ser sugado pelo governo federal para ele colocar um recurso a mais, para ele melhorar aquela escola de maneira orientada, criando essas ilhas de excelência.

Para o conjunto das matrículas de Ensino Médio, se houver educação em tempo integral, será uma educação mais entendiante, sem artes, sem educação física, sem filosofia e sociologia, sem as matérias que os alunos mais gostam.

Então se a Maria Helena está preocupada com o tédio, a MP é mais entendiante ainda. Se o receio é a evasão, isso tende a aumentar. Até porque o problema central do Ensino Médio não é no Ensino Médio em si, é no percurso do estudante e especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental. Ali que você tem um problema grave.

CC: O ministro Mendonça Filho deu a entender exatamente isso, que haverá uma reforma do Ensino Fundamental também. Pelo que já foi falado, o senhor tem uma ideia do que pode vir por aí?

DC: Então, a portaria que foi lançada [em 11 de outubro] dá uma pista bem clara de ilhas de excelência. O que eu vejo é que a tendência para o Ensino Fundamental também é criar níveis de excelência e aumentar a quantidade de parceria público-privada. Isso também é a linha geral de um governo privatista. E não existe só uma modalidade de privatização, existem várias modalidades, inclusive passar aspectos importantes da gestão pública para a gestão privada.

CC: Alguns especialistas da educação alertam para a possibilidade dessa MP abrir portas para uma experiência privatista como a que ocorreu em países latinos também, com as chamadas chartes school? Esse é um dos caminhos?

DC: O governo está estabelecendo a narrativa de que tem a PEC 241, então o recurso público é menor. Então o governo vai dizer que é preciso buscar soluções no mundo privado. Agora qual vai ser a novidade do mundo privado?

É que o privado no Brasil não tem capacidade para dar conta de todas as matrículas, até porque não traz lucros. Mas existe um aspecto mais pernicioso da MP do Ensino Médio.

É o que permite, na trajetória da educação profissional, que sejam feitas parcerias também com universidades privadas. As universidades estão com muita dificuldade por conta da repressão do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] e do ProUni.

Como o governo não pode reproduzir o Fies por conta da PEC 241, o que vai ser feito? Ele vai dar às instituições privadas, como Unip, Uninove e grupo Estácio, o direito de ofertarem trajetórias de profissionalização de um ano e meio. E aí vão fazer essas trajetórias de profissionalização contabilizando créditos para o Ensino Superior, isso é o jogo daquela questão dos créditos da Medida Provisória. Essa será uma privatização mais evidente.

O que eu estou querendo dizer em síntese é que, num primeiro momento, as parceiras público-privadas vão ser orientadas em ilhas de excelência, até para dizer que elas funcionam, o que não é verdade porque elas vão utilizar aquilo que já vinha sendo desenvolvido por boas escolas. Isso é pior até que a charter schools.

Pior não, mas uma modalidade diferente de privatização. Você compartilha o processo de gestão. O setor privado compartilhando o processo de gestão de uma escola estatal. Não dá para dizer que é uma privatização de oferta de matrícula, é mais sútil e mais perigosa porque diminui a gestão democrática, o controle social, o processo de gestão fica mais centralizado.Esse é um caminho que vai ser trilhado.

Um outro caminho, mais próximo das charter schools, muito dedicado à linha da profissionalização, são entidades do setor privado que vão ofertar a trajetória de um ano e meio para os estudantes, em parceria com as secretarias de educação.

Então, por exemplo, o Mackenzie vai lá e oferta uma quantidade de matrículas para quem está fazendo um ano e meio de projeto de profissionalização. Qual é o ponto? O foco da ação do Estado passa a ser na trajetória dessa linha privatizante.

Quem opta por essa profissionalização de baixa qualidade, quando entra no mercado de trabalho, não consegue fazer com que o seu diploma seja um diploma que subsidie a ação profissional.

O profissional vai para o mercado de trabalho com um curso ruim, fica quatro anos no mercado de trabalho na condição de subemprego e volta para outro curso ruim. O único caminho que ele entende que pode dar chance no mercado de trabalho são os cursos ruins.

Ele prejudica a formação dele, prejudica o ingresso mercado de trabalho e o conjunto da carreira dele para aquilo que a OIT chama de trabalho decente. O que mais prejudica uma trajetória de trabalho decente é exatamente uma profissionalização em cursos de baixa qualidade. Isso numa situação de crescimento econômico, imagina agora.

CC: Isso se conecta de alguma forma com a crítica que foi feita sobre a retirada de disciplinas de humanas? Logo que a MP foi anunciada, foram feitas análises de que essa reforma pretendia formar mais mão-de-obra do que estudantes pensantes. Isso pode ser um reflexo da MP ou é uma teoria fantasiosa?

DC: Não é que todos vão seguir uma formação mais medíocre. A formação mais medíocre vai ser para os mais pobres. Existe uma irresponsabilidade no discurso. Eles dizem: “nós queremos dar conta das necessidades dos jovens”.

E é claro que os jovens desejam profissionalização. O problema é que o gestor público precisa pensar além da demanda mais explícita do cidadão, precisa analisar o conjunto de fatores para poder corresponder da maneira mais correta e mais aprofundada sobre essa demanda.

O pior que pode acontecer para o gestor público é o estudante dizer que quer profissionalizar, ele vai e dá o pior caminho, que não vai garantir a plenitude profissional do estudante. É o que acontece com essa MP do Ensino Médio.

Aqueles que vão optar pelo itinerário propedêutico não vão ter impacto, até porque são tomadores de opinião, são de famílias com mais renda e vão para a universidade. Para que dependem do dinheiro no final do mês, essa trajetória de baixa qualidade vai ser uma tragédia.

Importante ter consciência que a questão do trabalho deve compor o Ensino Médio, isso é um fato. Mas não deve ser uma agenda pela metade. Não como uma formação. É quase que fazer uma política que não é emancipatória.

***

Comentários Facebook