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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Ministro Decatelli cai por maquiar currículo e reforça pessimismo sobre o futuro da Educação sob Bolsonaro




Economista seria primeiro ministro negro do Governo, mas deixa cargo antes da posse. “Grotesco ter como indicado alguém que mente no currículo”, diz Movimento Campanha Nacional pela Educação


POR: EL PAÍS

Visto por organizações da área e setores do Governo como uma correção de rota no Ministério da Educação, após a conturbada passagem de Abraham Weintraub, o nome de Carlos Alberto Decotelli da Silva chegou a gerar expectativa de pacificação dos ânimos, que derreteu antes mesmo da posse. Como o economista não conseguiu comprovar as qualificações de seu currículo, questionadas por instituições onde ele afirmara ter cursado doutorado e pós-doutorado e ainda trabalhado como professor, o presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a recuar, adiando a nomeação. Diante da pressão pela descoberta das fraudes, o ministro, que durou apenas cinco dias no cargo, pediu demissão nesta terça-feira.


A primeira inconsistência no currículo de Decotelli surgiu da Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, que informou que o indicado ao MEC não obteve título de doutor por ter tido a tese reprovada. Na sequência, a universidade alemã de Wuppertal negou que o economista tenha cursado pós-doutorado na instituição. Já nesta terça, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) emitiu nota para esclarecer que o agora ex-ministro nunca integrou seu corpo efetivo de professores, mas somente deu aulas, como colaborador, em cursos de educação continuada vinculados à fundação. Em seu currículo Lattes, ele apontava ter sido professor da instituição entre 2001 e 2018. A FGV ainda apura denúncia de plágio da dissertação de mestrado, que será devidamente conferida após orientadores retornarem às atividades presenciais e, caso seja confirmada, pode render a abertura de um processo disciplinar e, em última instância, a anulação do título.

Por meio do MEC, Decotelli se comprometeu a revisar a dissertação, negando dolo em eventuais omissões de créditos a outros pesquisadores, e admitiu não ter concluído os trabalhos necessários para a obtenção dos títulos de doutorado e pós-doutorado. Embora tenha efetuado ajustes no currículo e recebido o apoio de Bolsonaro, que relativizou a falsificação que chamou de “inadequações curriculares” e enalteceu a “capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidades para todos” do ministro, o economista não conseguiu se segurar no cargo, rifado pela alta cúpula do presidente.


Sem se comover com o voto de confiança dado por Bolsonaro a seu escolhido, parlamentares governistas bradaram publicamente pela saída de Decotelli. “O Governo precisa passar um pente fino na área responsável pela análise de informações e demitir os incompetentes. Além disso, deve repensar a nomeação de Decotelli. Um ministro da Educação não pode assumir o cargo nessa fragilidade”, postou o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que, mais tarde, celebraria o pedido de demissão do ministro. “Melhor para o Brasil, para o presidente e para Decotelli.”

Com passagem pela Marinha, o ministro havia recebido o crivo da ala militar que tem ganhado influência sob o Governo Bolsonaro. Antes do MEC, ele presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto de 2019. Sua chegada ao comando da autarquia federal vinculada ao MEC é anterior ao decreto assinado pelo presidente em 15 de março do ano passado, que estipula critérios técnicos, como experiência profissional na área ou título de doutorado, para nomeações em cargos comissionados do Governo. Entretanto, as regras preveem que as informações curriculares sejam prestadas pelos indicados ao cargo, sem obrigatoriedade de verificação, e que ministros de cada pasta podem dispensar os critérios desde que apresentem justificativas.

A falta de mecanismos de controle das qualificações segue fazendo com que critérios políticos frequentemente se sobreponham aos técnicos nas nomeações do Governo. Depois da saída de Weintraub e a prevalência da indicação dos militares, Decotelli ganhou a rejeição imediata do núcleo governista mais ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, que havia apadrinhado os dois ministros anteriores, mas perdera a queda de braço na disputa pelo MEC. Alfinetadas públicas de aliados bolsonaristas ao novo ministro se somaram às críticas de parlamentares da oposição e entidades de educação quando as inconsistências no currículo vieram à tona.

“É um cenário no mínimo grotesco termos como indicado para o Ministério da Educação alguém que mente no currículo —e que comete, portanto, um crime— e ainda por cima tendo chegado ao ministério se dizendo técnico e tentando se descolar do caráter político e ideológico vergonhoso do Governo para o qual aceitou entrar. Desde sua confirmação já dissemos que nenhum técnico não é político, e agora isso se comprova”, manifestou o movimento da Campanha Nacional pela Educação.

Porém, antes da polêmica sobre o currículo, o nome de Decotelli foi inicialmente bem assimilado por lideranças do setor. Organizações não governamentais como o Todos Pela Educação se surpreenderam de forma positiva com o perfil mais técnico que ideológico do economista, ao contrário de Weintraub. A primeira impressão, no entanto, caiu por terra em meio à desconstrução de seu currículo. “Muita mentira junta é grave. Ministro da Educação mentir formação acadêmica, é gravíssimo. Ministro que não é mais confiável para restabelecer as pontes com Estados, Municípios, Congresso e sociedade, não consegue exercer suas funções frente à profunda crise na educação”, afirmou Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação.

Para Luiz Carlos de Freitas, pesquisador e professor aposentado da Unicamp, a miragem de que Decotelli poderia ser um ministro técnico e conciliador, apesar de sua curta experiência na área de políticas públicas para a educação, foi facilitada pela repulsa generalizada a seu antecessor no cargo. “Depois de uma gestão tão tensa como a do Weintraub, qualquer nome soa como um alívio, uma esperança de que, finalmente, alguém vai propor um grande debate nacional”, diz Freitas. O pesquisador entende que o substituto de Decotelli, independentemente de perfil ou currículo, deve se guiar por uma visão mercantilista da educação. “O Governo Bolsonaro foi loteado pelas forças que lhe dão suporte. Na medida em que uma delas ganha mais relevância que outra, a direção do Governo muda, mas elas ainda compartilham a ideia radical de reduzir o Estado a qualquer custo. E, na educação, esse apelo por reformas de caráter empresarial naturalmente se reproduz.”


Única baixa por falsificação de currículo no Governo

Carlos Alberto Decotelli não foi o primeiro integrante do Governo Bolsonaro exposto por exagerar ou fraudar qualificações curriculares. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, dizia-se mestre em Direito Público pela Universidade Yale até uma reportagem do The Intercept Brasil desmascarar o falso mérito. Salles atribuiu a informação a um “equívoco de assessoria”. Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, indicava possuir o título de mestre em Educação e Direito Constitucional e da Família, embora nunca tenha feito mestrado, sem especificar que se tratava de uma distinção religiosa.

Os antecessores de Decotelli na pasta também turbinaram seus currículos. Primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, o colombiano naturalizado brasileiro, Ricardo Vélez Rodríguez, apresentou pelo menos 22 erros em seu currículo Lattes, incluindo a autoria de livros que não havia escrito, de acordo com levantamento do portal Nexo. Por sua vez, Abraham Weintraub foi anunciado pelo presidente como doutor, sendo que só possui o título de mestre em Administração. A Folha de S. Paulo ainda verificou que o ex-ministro ostentava no currículo artigos idênticos, publicados em dois veículos diferentes, em prática conhecida como autoplágio.

Em que pese a sequência de desmentidos de instituições onde Decotelli informava ter trabalhado ou se graduado, ele foi o único membro do alto escalão do Governo a sair do cargo após ser flagrado por fraude curricular. Até então, o economista também era o único ministro negro nomeado por Bolsonaro ao longo de seu mandato. “Comecei a desenhar um projeto para implementar no MEC. Esse projeto, porém, foi questionado pelo fato da minha inconsistência curricular, que, no mundo acadêmico, é explicável”, justificou Decotelli em entrevista à CNN Brasil. Ele foi o ministro que permaneceu menos tempo no cargo, superando a passagem-relâmpago de Nelson Teich (28 dias) pelo Ministério da Saúde.



Mesmo com pandemia, o Brasil não tem ministro da saúde e nem da educação. Carlos Alberto Decotelli se demitiu nesta tarde sem sequer ter assumido o cargo. A demissão acontece após a polêmica sobre títulos que Decotélli diz possuir.



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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Após fraudes no currículo, militares deixam de apoiar novo ministro da Educação




Por: Sputnik Brasil

O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, não tem mais o apoio dos militares que integram o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

De acordo com o jornal O Globo, o apoio foi retirado após serem encontradas inconsistências nas informações que Decotelli informa em seu currículo. 

O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, onde o novo ministro afirma ter feito doutorado, afirmou que Decotelli cursou disciplinas na instituição, mas não é doutor porque sua tese foi reprovada. A universidade alemã Universidade de Wüppertal negou que Decotelli tenha feito pós-doutorado na instituição. Reportagem do UOL também indicou que o mestrado do novo ministro da Educação tem indícios de plágio. 

De acordo com O Globo, o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, e o secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha, estiveram entre os "principais fiadores" de Decotelli. A publicação afirma que o apoio ao ministro pode retornar caso exista uma "justificativa plausível" para as informações contraditórias do currículo.

Nomeado no dia 25 de junho para chefiar o Ministério da Educação após a saída de Abraham Weintraub, a posse de Decotelli estava prevista para a terça-feira, 30 de junho, mas foi adiada. Não há nova data. 



As revelações de que o novo ministro da Educação (MEC), Carlos Decotelli, fraudou seu currículo, com doutorado e pós-doutorados inexistentes é o motivo do adiamento da sua posse. O professor e jurista Pedro Serrano comenta o caso, respondendo se é crime fraudar o currículo.

O programa vai abordar também o caso de investigação de rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro, envolvendo o seu ex-assessor Fabrício Queiroz.




No Twitter:



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sábado, 1 de junho de 2019

MPF DÁ DEZ DIAS PARA MEC CANCELAR NOTA SOBRE MANIFESTAÇÕES PELA EDUCAÇÃO




247 - O Ministério Público Federal deu dez dias para o MEC cancelar a nota inédita de policiamento das atividades docentes nas instituições federais de ensino. A nota dizia que professores, pais e responsáveis de alunos não poderiam divulgar informações sobre as manifestações contra a política educacional de Jair Bolsonaro. Para o órgão, a nota é inconstitucional.

A reportagem do portal Uol destaca que "além de pedir o cancelamento da nota, o MPF quer que o MEC se abstenha de cercear a liberdade de manifestação e a 'divulgação do pensamento' de professores, servidores, estudantes, pais e responsáveis em unidades de ensino, sejam elas públicas ou privadas. O MPF pede ainda uma retratação do MEC em relação à nota divulgada ontem."

A matéria explica o que diz a constituição: "a recomendação diz que a Constituição Federal prevê a liberdade de reunião e qualquer tentativa de impor obstáculos a esse direito é uma violação à legislação. 'Qualquer tentativa de obstar a abordagem, a análise, a discussão ou o debate acerca de quaisquer concepções filosóficas, políticas, religiosas, ou mesmo ideológicas, inclusive no que se refere à participação de integrantes da comunidade escolar em atos públicos --o que não se confunde com propaganda político-partidária--, desde que não configurem condutas ilícitas ou efetiva incitação ou apologia a práticas ilegais, representa flagrante violação aos princípios e normas acima referidos', diz um trecho da recomendação."



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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Doutrinação! MEC envia slogan de campanha de Bolsonaro para ser lido em todas as escolas





Ministério pede que mensagem de ministro seja reproduzida e que "professores, alunos e funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil e que seja executado o Hino Nacional"


O Ministério da Educação (MEC), comandando por Ricardo Vélez Rodríguez, enviou para todas as escolas públicas e privadas do país um e-mail pedindo para que, no primeiro dia de aula, "professores, alunos e demais funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil, se houver na unidade de ensino, e que seja executado o Hino Nacional". Além disso, o texto pedia para que fosse lida uma carta de Vélez que dizia o seguinte: "Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de você, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!". A palavra de ordem no final da carta foi utilizada ao longo da campanha do presidente Jair Bolsonaro — já seu Governo adotou como slogan "Pátria Amada Brasil".

O e-mail e a carta foram primeiramente divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo, mas o MEC confirmou seu conteúdo ao EL PAÍS. Disse ainda que se tratava "um pedido de cumprimento voluntário" que faz parte "da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais". A mensagem ainda solicitava "que um representante da escola filme (pode ser com celular) trechos curtos da leitura da carta e da execução do Hino Nacional. E que, em seguida, envie o arquivo de vídeo (em tamanho menor do que 25 MB) com os dados da escola". As imagens deveriam ser enviadas para os correios eletrônicos da assessoria de imprensa do próprio MEC e da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

Para Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV e ex-secretária de Educação da cidade do Rio de Janeiro (2009-2014), o problema maior não é pedir que se cante o Hino Nacional. "Acho até positivo, faz parte da educação de um jovem a educação cívica — não como matéria. Quando eu fui secretária no Rio, a gente determinou que toda segunda-feira se cantaria o hino. Em vários municípios se canta o hino. Canta-se menos em escolas privadas que em públicas, não foi uma tradição que se perdeu", explica. Além disso, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou em 2009 uma lei que obriga a execução do Hino uma vez porsemana nos centros públicos e privados do ensino fundamental. "O que eu vejo de errado é associar cantar o Hino com um slogan de campanha", acrescenta Costin.


Outro problema que Costin enxerga é a solicitação para que alunos sejam filmados. "Todo educador sabe que para tirar fotos você precisa de autorização dos pais, porque são menores de idade. Isso demandaria uma logística um pouco complexa", argumenta. Já o MEC esclareceu que, "após o recebimento das gravações, será feita uma seleção das imagens com trechos da leitura da carta por um representante da escola. Antes de qualquer divulgação, será solicitada autorização legal da pessoa filmada ou de seu responsável".


Vélez é um dos ministros indicados por Olavo de Carvalho, guru da extrema direita brasileira. Ambos defendem acabar com uma suposta "doutrinação ideológica marxista" sobre os 48,6 milhões de estudantes matriculados nas escolas da educação básica e os 8,3 milhões de alunos do ensino superior (dados do último Censo Escolar, de 2017). Desde que foi empossado, Vélez já defendeu a volta da disciplina de moral e cívica no curriculum do ensino fundamental, para que os estudantes aprendam a ser brasileiros, retomem "valores fundamentais" e saibam quais são "nossos heróis". Ele chegou a dizer em entrevista à revista Veja que o brasileiro, quando viaja, "rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola".

O ministro também já argumentou que a universidade "não é para todos", uma afirmação que causou alvoroço em um país que assistiu, nos últimos anos, políticas de inclusão social e racial nos centros de Ensino Superior públicos. "A Educação tem uma série de desafios. O que eu sinto é que estamos discutindo questões menos relevantes ao invés de fazer aquilo que é necessário para dar um salto de qualidade na Educação", opina Costin. "Isso demanda, por exemplo, melhorar a carreira do professor e trabalhar com as universidades para melhorar a formação do professor, e não de atos visíveis que não representam de verdade o que deveria ser feito", acrescenta.

Parlamentares de oposição vem argumentando que Vélez cometeu improbidade administrativa, um crime de responsabilidade. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) anunciou que vai apresentar uma denúncia contra o ministro.


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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

É um retorno piorado à década de 90 a Reforma do Ensino Médio


Estudantes protestam contra a Reforma do Ensino Médio, que representaria um retrocesso para a educação pública



Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara destrincha MP 746, que impôs mudanças e provocou ocupações em escolas


O que pensa Michel Temer sobre a reforma do Ensino Médio? Aoprograma Roda Viva, da TV Cultura, o presidente Michel Temer resumiu recentemente o que pensa da ideia proposta por seu governo por meio da MedidaProvisória 746. “Nós estamos voltando a um passado extremamente útil”. O retorno foi concretizado na quarta-feira 9 pelo Senado, que aprovou o texto por 43 votos a 13. Agora, a lei vai a sanção presidencial.

Assim como Temer, o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, classifica a MP como uma volta ao passado, mas no sentido de retrocesso para a educação pública brasileira.

“[A reforma] faz com que os estudantes sejam divididos entre aqueles que vão ter acesso a um ensino propedêutico e aqueles que vão ter acesso a um ensino técnico de baixa qualidade. Temer teve a coragem ou a pachorra de assumir isso quando enfatiza que na época dele a educação se dividia entre clássico e científico, que eram dois caminhos que geravam uma educação incompleta”, explica.

Em entrevista a CartaCapital, Daniel Cara explica como a inclusão do ensino profissionalizante, dentre as trajetórias possíveis aos estudantes, durante o novo Ensino Médio, vai empurrar os jovens com menor renda para carreiras de subemprego, enquanto que os mais ricos poderão focar os estudos nas áreas que desejam.

Mais do que isso, Cara alerta para possíveis brechas que a MP abre para que o governo consiga privatizar parte do percurso feito pelos estudantes secundaristas.

Leia a entrevista:

CartaCapital: Como você avalia a reforma do Ensino Médio e uma possível reforma do Ensino Fundamental, ainda que detalhes não tenham sido divulgados pelo ministro da Educação?

Daniel Cara: A reforma do Ensino Médio é uma antirreforma no sentido de que ela acaba fazendo com que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – a MP altera pontos da LDB e da Lei do Fundeb – seja desconstituída naquilo que se refere ao Ensino Médio e a Educação Profissional.

[A MP] estabelece uma bagunça e faz com que os estudantes sejam divididos entre aqueles que vão ter acesso a um ensino propedêutico e aqueles que vão ter acesso a um ensino técnico de baixa qualidade.

Temer teve a coragem ou a pachorra de assumir isso quando ele assina que na época dele a educação se dividia entre clássico e científico, que eram dois caminhos que geravam uma educação incompleta. Então essa MP, em termos de alteração da LDB, é extramente preocupante.

Em relação ao que ela altera no Fundeb, é mais preocupante. A conquista do Fundeb foi, ainda que de forma insuficiente, financiar desde a matrícula na creche até a matrícula no Ensino Médio. Como a MP altera o Fundeb e reconcentra os recursos no Ensino Médio, o resultado é que a Educação Infantil, creche e pré-escola, vai ficar prejudicada e os governadores, responsáveis pelo Ensino Médio, vão ser beneficiados contra a posição dos prefeitos.

Não é à toa que essa MP foi divulgada durante a eleição municipal, pra não gerar uma reação dos prefeitos, que até o momento não perceberam que vão perder muitos recursos do Fundeb.

Agora o ponto concreto é que a maior demanda da sociedade hoje é exatamente por creche. Então é uma MP que concentra recursos do Ensino Médio, retomando a visão do Paulo Renato [ex-ministro da Educação de Fernando Henrique Cardoso], de que é preciso focalizar as ações educacionais em algumas etapas da educação, no caso dele foi o Ensino Fundamental.

Agora a Maria Helena [secretária-executiva do MEC] e o Mendonça Filho [ministro da Educação] querem focalizar no Ensino Médio e Fundamental, alijando a Educação Infantil em termos de financiamento. Então há um retorno piorado ao que aconteceu na década de 1990.

Inclusive porque o Paulo Renato já não era um especialista em educação, era um economista que gostava de educação, mas não entendia muito. O Mendonça Filho, muito aquém disso, é uma pessoa que não entende de nada.

CC: Inclusive, o senador Aécio Neves, próximo da Maria Helena, chegou a se vangloriar da MP, em artigo, porque essa seria a sua proposta para a educação na época das eleições de 2014...

DC: Olha, eu li todos os programas eleitorais. Eles nunca teriam coragem de dizer em 2014 o que estão fazendo agora. Existia uma preocupação de aumentar a complementação da União no Fundeb, dizendo que era importante melhorar o financiamento da Educação Infantil.

Então não é verdade que isso corresponde ao programa de 2014 porque nenhum candidato a presidente da República teria coragem de apresentar uma MP com essa gravidade para reformar o Ensino Médio.

Além disso tudo que falei, existe um aspecto mais prejudicial e danoso.Não se faz reforma educacional por Medida Provisória. O princípio da educação nacional segundo o artigo 206 da Constituição Federal, inciso sétimo, é a gestão democrática do ensino público.

Não se faz reforma educacional por um instrumento legislativo que estabelece um fato consumado sobre o qual os parlamentares têm que opinar.

Ou seja, é muito grave o que foi feito. Não é pouca coisa. E o resultado disso, o que se expressa, é uma tentativa de desconstrução de tudo que foi avançado, de tudo que deu certo nas gestões Lula e Dilma. Agora o revanchismo político-partidário não pode prejudicar os estudantes. É isso que está acontecendo com essa MP.

CC: Sobre isso, o Congresso Nacional já vinha discutindo uma reforma do Ensino Médio há três anos, por meio de um projeto de lei do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). Qual a avaliação que você faz dessa proposta?

DC: Não era um bom projeto. Pelo contrário, se fosse um bom projeto, teria sido absorvido pela gestão da presidenta Dilma. Se fosse um projeto consensual teria sido aprovado, inclusive por ter recebido advento de uma comissão especial.

O mérito do Reginaldo Lopes foi o debate. Ele não tinha deliberado efetivamente sobre o texto dele porque ele estava tocado e sensibilizado com as críticas que ele recebia. O projeto do Reginaldo Lopes tentava criar uma flexibilidade inflexível, era um paradoxo.

Você não cria uma flexibilidade no Ensino Médio apresentando aos alunos, aos 16 anos de idade, cinco possibilidades de trajetória: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico profissionalizante de nível médio.

Naquele momento os estudantes não estão preparados para escolher uma trajetória. Eles estão preparados, sim, para escolher matéria. A flexibilidade real seria como? Você cria um ciclo básico e cria matérias optativas. Isso é flexível.

Isso é o que acontece em outros países. Cálculo, por exemplo, poderia ser uma disciplina ofertada numa escola para fazer com que o estudante, que queira se aprofundar em matemática, possa entrar na universidade com mais condições de fazer um bom curso de engenharia. Isso é um problema no Brasil.

Praticamente todo curso de ciências exatas gera vazão de uma série de estudantes porque não tiveram uma base de cálculo e matemática no Ensino Médio. Então [o caminho] não é dar a possibilidade do jovem construir uma trajetória porque isso é pobre em termos de possibilidade. E é muito sério pra cobrar de um estudante que escolha um itinerário.

Mas, sim, você dar para os jovens a possibilidade de escolher disciplinas eletivas que, inclusive, conversem com a Base Nacional Comum Curricular e com a LDB. É você criar formas mais atrativas de apresentar os componentes curriculares para os estudantes. Isso é flexibilidade, não é o que está sendo apresentado por esse governo. O projeto do Reginaldo Lopes estava recebendo críticas e estava sensível a essas críticas.

CC: Como, na sua opinião, essa MP atropela o processo de conclusão da Base Nacional Curricular Comum?

DC: É difícil para as pessoas perceberam o jogo que está por trás disso. A Maria Helena esteve, há alguns meses em São Paulo, e disse que o debate sobre o Ensino Médio deveria parar porque ela queria reformar o Ensino Médio. Isso saiu no Estadão.

Qual é o jogo que está posto? A MP diz que, e o governo tem dito de maneira irresponsável, que as Artes e Educação Física vão ser recuperadas na Base Nacional Comum. No Ensino Fundamental essas disciplinas não foram excluídas, mas para o Ensino Médio foram. Já tem um recado claro aí.

Em segundo lugar, eles dizem que toda aposta está depositada na Base e aí algumas entidades que apoiam o governo e não tem coragem de assumir, como o Todos Pela Educação, vão à imprensa e dizem que tudo vai ser decidido na Base.

O problema é que a Base estava num processo muito intenso de consulta pública, esse processo foi paralisado e o que tem se comentado no mundo da educação é que, se o conteúdo da participação social for ruim, eles não vão utilizar esse conteúdo na formação da Base, vão fazer um texto de gabinete.

Mas qual é o ponto que eles trazem? Quando a Base for apresentada haverá mais uma rodada de discussão. A Base vai ser apresentada em 2017, quando o PSDB deve romper com o governo para poder lançar candidato à Presidência -- porque dificilmente o Temer vai ter alguma popularidade suficiente até 2018. A Base a ser lançada em 2017 está nas mãos da Maria Helena. Mas vai ter um período em que ela já não vai mais estar dentro do governo. A Base não vai ter dono.

Ou seja, é muito provável que, em 2018, a gente ainda não tenha a Base. E se tiver, vai ser dado um prazo de implementação extremamente extenso porque uma Base que é apresentada sem considerar a participação social não será incorporada pelos professores.

É possível que se repita com a Base Nacional Comum Curricular aquilo que aconteceu com os parâmetros curriculares nacionais, liderados pela Maria Helena e por outros membros do governo Fernando Henrique Cardoso.

Na época apresentaram uma proposta curricular que era alheia ao debate que vinha sendo feito há anos para superar o currículo da ditadura militar. O cenário que se apresenta é extremamente negativo. A tendência é de jogar uma aposta muito grave e muito grande sobre a Base e sequer ter o conteúdo da Base, com uma possibilidade de ruptura da equipe pensante do MEC com o governo federal.

A educação, que por muitos anos ficou protegida da disputa política, e isso aconteceu de fato no governo Lula e menos no governo Dilma Rousseff, volta a ser centro de disputa.

Até porque o escolhido para ser ministro da Educação não é alguém que goza de reconhecimento na área. Ele foi colocado na posição em que está por ser do Democratas, um partido que apoia o governo Temer. Ele não foi colocado na área por algum mérito ou por entender de educação, ele até assume que não entende nada, que não é a área dele, ele é um administrador.

CC: Queria também expor para sua análise um argumento muito utilizado pelo governo para justificar a MP da reforma do Ensino Médio, que é o resultado do Ideb e o índice de evasão escolar. O senhor acredita que esses números justificam uma MP e esse suposto caráter de urgência?

DC: Isso tem até a ver com os argumentos do governo para defender a PEC 241. Eles usam o mesmo argumento para fazer essas maldades. O que acontece? Para usar uma metáfora, a educação é uma cidadã que está morrendo de sede. Ela não tem acesso a uma água de qualidade, vive com sede e precisa beber água para poder sobreviver. Se você der metade de um copo de água para a educação, você não vai resolver o problema.

O que isso tem a ver com a crítica do governo? O governo utiliza o resultado do Ideb para fazer uma crítica ao desempenho do Ensino Médio. O que o Brasil podia fazer que não representasse custo efetivo de investimento na educação já foi feito. Agora precisa resolver as agendas urgentes para poder matar a sede da educação.

Quais são essas agendas urgentes? É preciso pelo menos equiparar os salários dos professores às demais profissões e melhorar  a infraestrutura das escolas, inclusive é isso que é pedido pelos estudantes.

A Unicef mostra que a infraestrutura é um elemento central de reivindicação dos estudantes que ocuparam as escolas e querem uma melhoria do Ensino Médio.

E é preciso obrigatoriamente investir numa nova forma de fazer pedagogia, tudo isso é agenda do Plano Nacional de Educação, inclusive passa pela Base Nacional Curricular, que também é agendada pelo Plano. Só que, em vez de buscar enfrentar essas questões estruturais, o governo federal opta por abandonar o PNE e, por Medida Provisória, forçar a implementação da sua política.

Não vai dar certo. Educação não é corrida de 100 metros, educação é maratona. O que vai acontecer com a MP do Ensino Médio é que tudo vai ser tão descontinuado e tão desorganizado que, caso essa medida seja implementada – os estados têm a opção de não implementar, inclusive isso está sendo dito por vários secretários estaduais de educação –, o resultado vai ser extremamente danoso na organização das redes.

Então a tendência não é que o Ideb melhore, é o Ideb piorar. Isso é uma medida açodada para dizer que você está fazendo alguma coisa, para retomar uma estratégia de focalização, para desconstruir o que foi feito pelo governo passado, para investir no revanchismo político sem pensar nas consequências pedagógicas.

Isso acontece por quê? Porque são pessoas que não entendem de educação.

Eu não posso dizer que a Maria Helena e a Maria Inês Fini [presidente do Inep] não sabem de política educacional, sabem. Mas o trabalho delas em São Paulo ou do partido delas em São Paulo sequer deu resultado. Não dá para dizer que o PSDB faz uma boa gestão na área da educação, considerando que eles estão há 24 anos agora.

Quer dizer, já estão há mais de duas décadas na gestão e a educação no Estado de São Paulo é péssima. Então essa justificativa do Ideb é uma justificativa que, por muitos fatores, é incorreta. Exclui o fato de que muito do que precisava ser feito para melhorar o Ideb não foi feito e exclui o fato de que já existe uma agenda que defende a melhoria do Ideb que é o Plano Nacional de Educação.

Ideb é a meta 7 do plano e o governo sequer responde sobre o Ideb, sobre a meta 7, sobre as demandas que estão postas para a melhoria da qualidade da educação. Então é o uso de um indicador de forma demagógica.

CC: A Maria Helena Guimarães diz que há um “tédio” no Ensino Médio no Brasil? O senhor concorda com esse diagnóstico? Acha que esse problema se resolve com a MP da reforma do Ensino Médio?

DC: É bem simples. Vamos supor que a MP seja implementada e aumente as escolas de educação em tempo integral. Uma escola que vai, simplesmente, sair de cinco horas diárias para sete , reproduzindo uma educação entediante, só vai aumentar o tédio. Agora, eles editaram uma portaria que cria ilhas de excelência.

Eles assumem, hipocritamente, que não tem dinheiro com a PEC 241 e que não tem dinheiro para trabalhar com todas as escolas e vão trabalhar com as que já são boas ou que estão aptas a dar um salto de qualidade.

Ou seja, todo o trabalho feito pelas comunidades escolares vai ser sugado pelo governo federal para ele colocar um recurso a mais, para ele melhorar aquela escola de maneira orientada, criando essas ilhas de excelência.

Para o conjunto das matrículas de Ensino Médio, se houver educação em tempo integral, será uma educação mais entendiante, sem artes, sem educação física, sem filosofia e sociologia, sem as matérias que os alunos mais gostam.

Então se a Maria Helena está preocupada com o tédio, a MP é mais entendiante ainda. Se o receio é a evasão, isso tende a aumentar. Até porque o problema central do Ensino Médio não é no Ensino Médio em si, é no percurso do estudante e especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental. Ali que você tem um problema grave.

CC: O ministro Mendonça Filho deu a entender exatamente isso, que haverá uma reforma do Ensino Fundamental também. Pelo que já foi falado, o senhor tem uma ideia do que pode vir por aí?

DC: Então, a portaria que foi lançada [em 11 de outubro] dá uma pista bem clara de ilhas de excelência. O que eu vejo é que a tendência para o Ensino Fundamental também é criar níveis de excelência e aumentar a quantidade de parceria público-privada. Isso também é a linha geral de um governo privatista. E não existe só uma modalidade de privatização, existem várias modalidades, inclusive passar aspectos importantes da gestão pública para a gestão privada.

CC: Alguns especialistas da educação alertam para a possibilidade dessa MP abrir portas para uma experiência privatista como a que ocorreu em países latinos também, com as chamadas chartes school? Esse é um dos caminhos?

DC: O governo está estabelecendo a narrativa de que tem a PEC 241, então o recurso público é menor. Então o governo vai dizer que é preciso buscar soluções no mundo privado. Agora qual vai ser a novidade do mundo privado?

É que o privado no Brasil não tem capacidade para dar conta de todas as matrículas, até porque não traz lucros. Mas existe um aspecto mais pernicioso da MP do Ensino Médio.

É o que permite, na trajetória da educação profissional, que sejam feitas parcerias também com universidades privadas. As universidades estão com muita dificuldade por conta da repressão do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] e do ProUni.

Como o governo não pode reproduzir o Fies por conta da PEC 241, o que vai ser feito? Ele vai dar às instituições privadas, como Unip, Uninove e grupo Estácio, o direito de ofertarem trajetórias de profissionalização de um ano e meio. E aí vão fazer essas trajetórias de profissionalização contabilizando créditos para o Ensino Superior, isso é o jogo daquela questão dos créditos da Medida Provisória. Essa será uma privatização mais evidente.

O que eu estou querendo dizer em síntese é que, num primeiro momento, as parceiras público-privadas vão ser orientadas em ilhas de excelência, até para dizer que elas funcionam, o que não é verdade porque elas vão utilizar aquilo que já vinha sendo desenvolvido por boas escolas. Isso é pior até que a charter schools.

Pior não, mas uma modalidade diferente de privatização. Você compartilha o processo de gestão. O setor privado compartilhando o processo de gestão de uma escola estatal. Não dá para dizer que é uma privatização de oferta de matrícula, é mais sútil e mais perigosa porque diminui a gestão democrática, o controle social, o processo de gestão fica mais centralizado.Esse é um caminho que vai ser trilhado.

Um outro caminho, mais próximo das charter schools, muito dedicado à linha da profissionalização, são entidades do setor privado que vão ofertar a trajetória de um ano e meio para os estudantes, em parceria com as secretarias de educação.

Então, por exemplo, o Mackenzie vai lá e oferta uma quantidade de matrículas para quem está fazendo um ano e meio de projeto de profissionalização. Qual é o ponto? O foco da ação do Estado passa a ser na trajetória dessa linha privatizante.

Quem opta por essa profissionalização de baixa qualidade, quando entra no mercado de trabalho, não consegue fazer com que o seu diploma seja um diploma que subsidie a ação profissional.

O profissional vai para o mercado de trabalho com um curso ruim, fica quatro anos no mercado de trabalho na condição de subemprego e volta para outro curso ruim. O único caminho que ele entende que pode dar chance no mercado de trabalho são os cursos ruins.

Ele prejudica a formação dele, prejudica o ingresso mercado de trabalho e o conjunto da carreira dele para aquilo que a OIT chama de trabalho decente. O que mais prejudica uma trajetória de trabalho decente é exatamente uma profissionalização em cursos de baixa qualidade. Isso numa situação de crescimento econômico, imagina agora.

CC: Isso se conecta de alguma forma com a crítica que foi feita sobre a retirada de disciplinas de humanas? Logo que a MP foi anunciada, foram feitas análises de que essa reforma pretendia formar mais mão-de-obra do que estudantes pensantes. Isso pode ser um reflexo da MP ou é uma teoria fantasiosa?

DC: Não é que todos vão seguir uma formação mais medíocre. A formação mais medíocre vai ser para os mais pobres. Existe uma irresponsabilidade no discurso. Eles dizem: “nós queremos dar conta das necessidades dos jovens”.

E é claro que os jovens desejam profissionalização. O problema é que o gestor público precisa pensar além da demanda mais explícita do cidadão, precisa analisar o conjunto de fatores para poder corresponder da maneira mais correta e mais aprofundada sobre essa demanda.

O pior que pode acontecer para o gestor público é o estudante dizer que quer profissionalizar, ele vai e dá o pior caminho, que não vai garantir a plenitude profissional do estudante. É o que acontece com essa MP do Ensino Médio.

Aqueles que vão optar pelo itinerário propedêutico não vão ter impacto, até porque são tomadores de opinião, são de famílias com mais renda e vão para a universidade. Para que dependem do dinheiro no final do mês, essa trajetória de baixa qualidade vai ser uma tragédia.

Importante ter consciência que a questão do trabalho deve compor o Ensino Médio, isso é um fato. Mas não deve ser uma agenda pela metade. Não como uma formação. É quase que fazer uma política que não é emancipatória.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Pacote de retrocessos do governo ilegítimo Temer




Por: Deputado estadual MG - Rogério Correia

Primeiro governo sem mulheres desde a ditadura;

Extinto o Ministério do Desenvolvimento Agrário;

Extinto o Ministério de Ciência e Tecnologia (agregou-se ao de telecomunicações);

Previdência Social deixa de ser ministério;

Enfraquecimento e desmonte do INSS;

Extinta a Controladoria Geral da União;

Serra racha com os parceiros do Mercosul e da África;

Ministro da Saúde quer igrejas no debate sobre aborto;

Governo acaba com subsídios à baixa renda no Minha Casa, Minha Vida;

Ministro Torquato Jardim diz aos servidores: quem não se identifica ideologicamente deve sair;

R$ 58 bi em reajustes e criação de 14.419 novos cargos;

Ministro do Planejamento diz que não haverá concursos até 2018;

Revisão da demarcação de terras indígenas e desapropriações;

Mudanças no programa de saúde indígena;

Temer suspende negociação para receber refugiados sírios;

Sucateamento da EBC;

Políticas sobre drogas serão conduzidas por coronel;

Interrupção das bolsas do Ciência Sem Fronteiras no exterior;

Sancionada pulverização de agrotóxicos por aviões em áreas urbanas;

Desmonte do Conselho Nacional de Educação;

General que apoia ditadura indicado para presidir a Funai;

Alteradas as regras do pré-sal;

Governo deixa de exigir pesquisa de antecedentes criminais para nomeação em cargos comissionados;

Escola sem Partido;

Estudantes de graduação estão fora do Programa Ciências Sem Fronteiras;

Presos pela Polícia Federal perdem direito a ver advogados;

Demissões em massa na cultura e na saúde;

Exonerações em massa na área social;

Agora é o governo que decide se candidato que se diz negro em concurso é mesmo negro;

Governo tirou distribuição de renda das metas do orçamento;

Venda do Bloco de Carcará;

Aumento para ministros do STF;

Serra nomeia policial envolvido no massacre do Carandiru no Itamaraty;

Governo cria grupo de trabalho para implementar plano de saúde “acessível” que retira recursos do SUS;

CNPq corta 20% das bolsas de iniciação científica;

Temer corta 45% dos recursos de investimento das universidades;

Ministério do Esporte suspende edital que garantia investimentos em modalidades olímpicas depois da Rio 2016;

Bolsas de produtividade do CNPq devem ser reduzidas de 20% a 30% em 2017;

Bolsistas da CAPES no exterior não têm mais a obrigação de voltar ao país;

Não foi realizada a compra de livros didáticos para o EJA que se inicia em janeiro de 2017;

Portaria n° 02 do MEC propõe reduzir vagas no ensino superior;

Cancelados 80% dos auxílios-doença e aposentadorias por invalidez;

Banco do Brasil executa plano de demissões voluntárias com meta de 18 mil servidores;

Veto de recursos para crianças com deficiência do BPC;

Suspensa a renovação de contratos do programa Farmácia Popular;

Fim da diretoria de políticas para mulheres rurais;

Fim da pensão integral por morte;

Fim das bolsas de residência médica até 2017;

Corte da verba destinada à reforma agrária;

Reforma do ensino médio via medida provisória;

Proposta de mudança na lei de venda de terras a estrangeiros;

Retirada de recursos para a educação infantil (creches);

Corte na banda larga de 6 mil unidades básicas de saúde;

Fim da regra da menor tarifa em concessões de rodovias;

Itamaraty extingue departamento de combate à fome;

Orçamento da Funai é o menor em 10 anos;

Discute-se a revogação da portaria sobre trabalho escravo;

Revogação do sistema de avaliação da educação básica do MEC;

Simpatizantes da ditadura nomeados para a comissão de anistia;

Proposta de reforma previdenciária com aposentadoria mais tardia;

Proposta de congelamento dos investimentos públicos por 20 anos;

Retomada da cobrança de INSS pra quem já é aposentado;

Substituição de software livre por empresarial (pago) em todas as esferas do governo.

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