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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Tucker Carlson: “Biden é muito senil para ganhar eleições, a menos que haja fraude”


“É tão constrangedor que esse cara seja nosso presidente [nos EUA]. E com as guerras acontecendo, é assustador”, resumiu o jornalista.


Richard Drew /AP

O presidente dos EUA, Joe Biden, está demasiado senil para ser reeleito, a menos que o faça de forma fraudulenta, disse o jornalista americano Tucker Carlson numa entrevista publicada na terça-feira.

"Biden está senil. Ele está literalmente senil. Ele não consegue falar, não consegue andar", disse Carlson. "Um homem senil não será eleito no país mais poderoso do mundo a menos que haja fraude. Ponto final. Quem votaria num homem senil?", continuou o jornalista e acrescentou: "Se Joe Biden for reeleito, a democracia é uma maldita piada ."

Cético quanto à possibilidade de os cidadãos votarem em Biden, Carlson perguntou: “Existe uma pessoa entre 350 milhões de americanos que possa dizer que [Biden] é o mais qualificado para liderar ou que está entre os 80% mais ricos?”?


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[Biden] literalmente não consegue falar. E ninguém que conheci acredita que ele dirige o governo dos EUA, porque não o faz", disse ele, indicando que o mundo inteiro está ciente do estado do líder dos EUA.

Carlson esclareceu que não tem nada contra a degradação cognitiva natural ou um “limiar de QI” em geral, mas lembrou que é o líder dos Estados Unidos e controla “o segundo maior arsenal nuclear do mundo ”. “É tão constrangedor que esse cara seja nosso presidente. E com as guerras acontecendo, é assustador”, resumiu.

“Neste momento, até mesmo alguém rosnando ao microfone seria mais tranquilizador do que um cara que claramente não sabe onde está”, disse o jornalista. " É uma falha do sistema . Claramente, não funciona se tivermos [como candidatos] um homem com mais de 80 anos e outro quase com 80 anos. São pessoas que não deveriam concorrer [às eleições presidenciais]", afirmou. concluiu.

Fonte: RT en Español


 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

COCA E AMBEV MANOBRAM PARA LUCRAR COM IMPOSTOS E RECEBEM R$ 1,6 BI DE PAULO GUEDES E BOLSONARO


Fabricantes de refrigerantes voltam a cobrar créditos por impostos que nunca pagaram com decreto do governo federal – que ainda cogita legalizar fraude na produção de xaropes.




UM DECRETO ASSINADO por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes em benefício da indústria de refrigerantes custará R$ 1,8 bilhão em recursos federais ao longo dos próximos três anos. O valor consta em um documento do Ministério da Economia enviado em janeiro ao Congresso Nacional e parece atender aos interesses de duas empresas: as gigantes Coca-Cola e Ambev ficarão com R$ 1,6 bilhão, o correspondente a 90% do total.

Em 19 de outubro, o presidente e o ministro da Economia decidiram reembolsar subsídios aos fabricantes de refrigerantes, sucos e chás, por meio de um decreto assinado por ambos. Desde os anos 1990, Coca-Cola, Ambev e companhia limitada transferiram a fabricação de concentrados (mais conhecidos como xaropes) para a Zona Franca de Manaus, área de livre comércio e de incentivos fiscais para a indústria. As corporações tiveram direito a uma série de isenções em impostos federais, estaduais e municipais.

Mas acharam pouco. Para evitar a cobrança de tributos em cascata, a Constituição prevê que a União conceda um crédito de Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI, entre uma etapa e outra da cadeia de fabricação de qualquer produto. No caso de refrigerantes, sucos e chás, a produção tem basicamente duas etapas. Primeiro, um concentrado é produzido usando matérias-primas (sucos, aditivos, xaropes). Esse concentrado é comprado por uma engarrafadora, que o dilui em água e açúcar ou adoçante, engarrafa e distribui. Ou seja, o valor dos créditos é calculado em cima da diferença entre o IPI dos xaropes e o IPI do produto final.

Para simular uma situação real: se uma empresa compra R$ 100 de concentrados de refrigerante, tem direito a um crédito cobrado sobre a diferença entre as duas alíquotas. Simplificando, se o produto final paga 4% de IPI (que seria, neste exemplo, o equivalente a R$ 4), e o concentrado paga 9% (equivalente a R$ 9), a empresa poderá obter um crédito de R$ 5.

No caso da Zona Franca, a alíquota é zerada. Ainda assim, as fabricantes cobram o crédito como se pagassem imposto normalmente, num esquema em vigor há três décadas. Em outras palavras, as corporações ganham duas vezes. E os cofres públicos pagam em dobro: uma, por dar as isenções da Zona Franca, e outra por bancar os créditos em cima de tributos que jamais foram recolhidos.

Esse artifício foi discutido e validado pelo Supremo Tribunal Federal, o STF, em março de 1998. O voto que guiou o dos demais ministros partiu de Nelson Jobim, que, além de presidente do STF, foi ministro de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff. Hoje, o filho dele, Alexandre Kruel Jobim, comanda a Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcóolicas, a Abir, grande articuladora da manutenção do esquema.

A Receita Federal tenta, desde então, conter o arranjo, mas esbarra nos interesses dos diferentes governos. Em audiências públicas e em documentos oficiais, o órgão deixa clara a insatisfação com a cobrança de créditos em cima de impostos que não existem.


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Fraude legalizada

O Brasil tem a peculiar situação de um setor empresarial que luta por impostos mais altos: quanto maior a alíquota de IPI dos concentrados (que não serão pagos), maior será a diferença em relação ao IPI dos refrigerantes (igualmente abatidos) e, portanto, maior o crédito embolsado pelas indústrias.

Isso cria um estímulo para que as empresas superfaturem preços. A Receita chegou a encontrar uma diferença de 64 vezes entre o custo real de produção do xarope e o valor cobrado pela empresa engarrafadora. As notas fiscais obtidas por O Joio e o Trigo em 2017 mostravam que um quilo de concentrado de Ambev e Coca-Cola chegava a custar R$ 450, contra R$ 36 de um concorrente. Uma diferença inexplicável, considerando que os produtos que formam um xarope são baratos e padronizados.

A distância entre as alíquotas de IPI chegou a ser de 16 pontos ao longo de praticamente toda a década passada – retomando o exemplo anterior, numa compra de R$ 100 em concentrados, o crédito ficaria em torno de R$ 16. Com isso, o país perdia em torno de R$ 2 bilhões ao ano em créditos. E os fabricantes dos concentrados gozavam de um pacote de isenções semelhante: R$ 1,9 bilhão.

Nesse período, considerando as isenções e os créditos de tributos estaduais e federais, o cruzamento de dados feito pelo Joio mostrou que ao menos R$ 7 bilhões ao ano eram dados às fabricantes de refrigerantes – a Associação de Fabricantes de Refrigerantes do Brasil, a Afrebras, formada por empresas concorrentes de Coca-Cola e Ambev, chegou a falar em R$ 10 bilhões.


Em 2017, a Receita respondeu a uma consulta feita pelo Joio com um documento no qual afirmava que o setor dava prejuízo ao governo – uma arrecadação negativa de 4% – ou seja, em vez de ganhar com impostos, o Estado tinha um prejuízo de 4% só nessa operação.

Em 2018, quando precisava fazer caixa para lidar com as demandas surgidas da greve dos caminhoneiros, Michel Temer chegou a zerar essa diferença. De lá para cá, foram muitas idas e vindas, até que, em outubro, Jair Bolsonaro estabeleceu uma diferença de quatro pontos entre as duas alíquotas.

Com isso, o Ministério da Economia e a Receita Federal estimam que o governo perderá R$ 547 milhões apenas em 2021, mais R$ 624 milhões em 2022 e R$ 669 milhões em 2023. O valor de um ano seria suficiente para dobrar o tamanho do Programa de Aquisição de Alimentos, o PAA, que adquire a produção da agricultura familiar para distribuir às famílias em situação de alta vulnerabilidade.

Vale reiterar que essa é apenas a perda com IPI. Fora isso, há abatimento de 75% no Imposto de Renda, crédito de PIS-Cofins e isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, que é estadual – benefícios que permitem que o governo perca anualmente os R$ 7 bilhões já mencionados para a indústria de refrigerantes.

O subsídio coloca o Brasil, de novo, na contramão das políticas para o setor. Dezenas de países, estados e municípios têm criado impostos especiais sobre bebidas adoçadas como forma de desestimular o consumo e frear os índices de doenças crônicas não transmissíveis (como problemas cardiovasculares e diabetes), que respondem por sete das dez principais causas de morte no mundo.

Descarregamento de refrigerantes Coca-Cola no porto de Manaus, no início dos anos 90. Foto: Yves Gellie/Gamma-Rapho via Getty Images

A rachadinha dos refrigerantes

O problema dos refrigerantes é tão grave que levou a Receita a abrir, em 2016, uma força-tarefa voltada ao assunto. Além de superfaturamento, o órgão ressalta outras fraudes. O esquema mais comum é as empresas simplesmente fingirem que montam o concentrado na Zona Franca, para ter direito às isenções, mas sem fazê-lo de fato. O órgão registrou em um documento de 2018 que “a maior parte dos fabricantes de refrigerantes e outras bebidas açucaradas vêm se aproveitando de créditos oriundos de insumos que não podem ser identificados como concentrados”.

Ainda segundo a Receita, os recursos obtidos na Zona Franca são utilizados para pagar um terço dos vultosos gastos com publicidade – R$ 3 bilhões ao ano entre todas as fabricantes de bebidas adoçadas. O esquema também é usado para pagar direitos de marca das empresas, remetendo recursos ao exterior para driblar a tributação. “Pode-se dizer que a principal ‘mercadoria’ vendida por grandes companhias instaladas na Zona Franca de Manaus não são os ‘concentrados’ (produto de baixo valor agregado), mas sim o direito de uso de marcas estrangeiras.”


Com isso, corporações de outros países levam vantagem sobre empresas brasileiras, o que vai na contramão do discurso oficial sobre os motivos de manter a Zona Franca, área que deveria ter sido extinta em 2013, como previa a Constituição.

A investigação feita por O Joio e o Trigo mostrou que essa operação é uma espécie de rachadinha. A empresa-matriz – nesse caso, a Coca-Cola – simula ter cedido gratuitamente os direitos de marca. A Recofarma, fabricante dos xaropes da companhia na Zona Franca, superfatura as notas fiscais de concentrados, que, como mostra a Receita, são usadas para embutir esse pagamento dos direitos de marca. Os créditos e as isenções são depois repartidos entre a Recofarma e a engarrafadora. De acordo com a Receita, o setor de refrigerantes era, em 2017, o que mais remetia lucros e dividendos ao exterior.

O governo Bolsonaro trouxe uma maré de “sorte” para as grandes fabricantes de refrigerantes. No mesmo 19 de outubro em que a caneta presidencial firmou o decreto do IPI, o Ministério da Economia deu mais um passo para amarrar as mãos da Receita. Foi aberta uma consulta pública para regulamentar o “kit xaropinho”, que legaliza uma fraude cometida na Zona Franca.

A ideia central é alterar o Processo Produtivo Básico de fabricação do xarope nessa área do país. Em termos gerais, a nova redação permite que os itens utilizados no concentrado sejam simplesmente reunidos dentro da Zona Franca, sem necessidade de fabricá-lo de fato.

Em resposta, Afrebras, associação concorrente da Coca-Cola e da Ambev, teve de dizer o óbvio: “O que torna um ‘concentrado’ realmente um concentrado é justamente a mistura de seus ingredientes de forma a se obter um produto com os mesmos insumos do produto final, sem uma parcela da sua parte líquida (água)”.

Procuramos as assessorias de comunicação de Coca-Cola, Ambev e Abir. Apenas a Ambev enviou um comunicado, sem responder a qualquer pergunta enviada. A corporação enfatizou um dos produtos de sua linha, o Guaraná Antarctica, que “tem as raízes na Amazônia desde a sua origem”. A empresa destacou ainda ter operações em fazendas e no próprio polo industrial de Manaus. “Neste contexto, seguimos analisando as mudanças promovidas aos estímulos da Zona Franca de Manaus, sempre comprometidos com as comunidades e o meio ambiente local”.




segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Trump pediu ao secretário da Geórgia para 'encontrar' 11.780 votos, diz mídia dos EUA



O presidente Donald Trump pediu ao colega republicano Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia, para que "encontrasse" votos suficientes para reverter sua derrota no estado. A conversa aconteceu neste sábado (2), e a ligação foi gravada.

O resultado das eleições presidenciais dos Estado Unidos continua sendo alvo de polêmicas. Neste domingo (3), uma reportagem de um jornal em Washington revelou que o presidente Donald Trump teria ligado pessoalmente para pressionar as autoridades da Geórgia para que manipulassem a apuração no estado.

De acordo com as informações, há uma gravação da conversa em que o presidente dos EUA repreendeu Brad Raffensperger, pedindo ação e fazendo ameaças com consequências criminais se o secretário se recusasse a prosseguir com o que chamou de "falsas alegações". O presidente disse, em determinado momento da conversa, que Raffensperger estava assumindo "um grande risco".


  • "O povo da Geórgia está com raiva, o povo do país está com raiva. Não há nada de errado em dizer que, você sabe, que você recalculou [os resultados]", disse Trump ao secretário de Estado da Geórgia.

Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro-geral de seu escritório rejeitaram as afirmações de Trump, explicando que o presidente está contando com teorias da conspiração e que a vitória do presidente eleito Joe Biden com 11.779 votos na Geórgia foi justa e precisa.

Foto de 13 de novembro de 2019 com homem demonstrando sistema de votação da empresa Dominion Voting Systems, que o estado da Geórgia usará em Atlanta, EUA

Após falar na possibilidade de recálculo, o presidente norte-americano acrescentou: "Tudo o que quero fazer é isso. Apenas queremos encontrar 11.780 votos, porque ganhamos no estado." 

"Não há como eu perder a Geórgia", disse Trump, uma frase que repetiu várias vezes na ligação. "Não tem jeito. Ganhamos por centenas de milhares de votos".

O presidente dos EUA comentou a polêmica em suas redes sociais:


  • "Não há como eu perder a Geórgia", disse Trump, uma frase que repetiu várias vezes na ligação. "Não tem jeito. Ganhamos por centenas de milhares de votos".

O presidente dos EUA comentou a polêmica em suas redes sociais:


 

 Falei com o secretário de Estado Brad Raffensperger ontem [2] sobre o condado de Fulton e a fraude eleitoral na Geórgia. Ele não queria ou não conseguia responder a perguntas como o golpe das "cédulas embaixo da mesa", destruição das cédulas, "eleitores" de fora do estado, eleitores mortos e muito mais. Ele não faz ideia!

Vale lembrar que a Geórgia já realizou duas recontagens de votos, que terminaram com o mesmo resultado: vitória de Joe Biden. A derrota nesse estado, considerado reduto tradicional do partido Republicano, foi uma das grandes responsáveis por frustrar os planos de Trump de se reeleger como presidente dos Estados Unidos.


Donald Trump e parte de sua equipe na Casa Branca


Washington Post

Áudio: Trump repreende Ga. Secretário de estado, exorta-o a ‘encontrar’ votos

In a one-hour phone call on Saturday with Georgia election officials, President Trump insisted he won the state and threatened vague legal consequences if the officials did not act. These are excerpts from the call. Read more: https://wapo.st/3rSLzAa. Subscribe to The Washington Post on

Assista ao VÍDEO



Plantão Brasil

O presidente dos EUA foi pego num grampo tentando mudar o resultado.

Assista ao VÍDEO



No Twitter


 

 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Emissoras interrompem transmissão de discurso de Trump sobre “fraude eleitoral”



Canais de TV aberta dos EUA cortaram o sinal e desmentiram o presidente; assista

O discurso de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição pelo Partido Republicano, feito durante coletiva de imprensa realizada na noite desta quinta-feira (5) foi tirado do ar por canais de televisão aberta dos EUA antes de ser encerrado. Nessa fala, o candidato propagou teses falsas de que houve fraude nas eleições daquele país e proclamou sua suposta vitória.

“Tivemos que interromper o presidente porque ele fez uma série de falsas acusações que davam a entender que houve uma fraude nas eleições e não há nenhuma evidência disso”, disse Lester Holt, âncora do NBC Nightly News logo após a emissora cortar a fala do presidente.

A CBS e a ABC também cortaram a transmissão e desmentiram informações apresentadas pelo presidente logo após o discurso. “Simplesmente não há nenhuma evidência apresentada em qualquer um desses estados de que haja votos ilegais”, afirmou o jornalista Jonathan Karl, correspondente da ABC na Casa Branca.

Durante o discurso, o mandatário voltou a autoproclamar sua suposta vitória eleitoral e disse que os democratas estariam tentando roubar sua vitória. “Na contagem dos votos legais, a minha vitória é clara. Nos votos ilegais, eles podem tentar roubar a eleição”, declarou”.


 

 

 

Fonte: Revista Fórum 


HUMOR


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Ministro Decatelli cai por maquiar currículo e reforça pessimismo sobre o futuro da Educação sob Bolsonaro




Economista seria primeiro ministro negro do Governo, mas deixa cargo antes da posse. “Grotesco ter como indicado alguém que mente no currículo”, diz Movimento Campanha Nacional pela Educação


POR: EL PAÍS

Visto por organizações da área e setores do Governo como uma correção de rota no Ministério da Educação, após a conturbada passagem de Abraham Weintraub, o nome de Carlos Alberto Decotelli da Silva chegou a gerar expectativa de pacificação dos ânimos, que derreteu antes mesmo da posse. Como o economista não conseguiu comprovar as qualificações de seu currículo, questionadas por instituições onde ele afirmara ter cursado doutorado e pós-doutorado e ainda trabalhado como professor, o presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a recuar, adiando a nomeação. Diante da pressão pela descoberta das fraudes, o ministro, que durou apenas cinco dias no cargo, pediu demissão nesta terça-feira.


A primeira inconsistência no currículo de Decotelli surgiu da Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, que informou que o indicado ao MEC não obteve título de doutor por ter tido a tese reprovada. Na sequência, a universidade alemã de Wuppertal negou que o economista tenha cursado pós-doutorado na instituição. Já nesta terça, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) emitiu nota para esclarecer que o agora ex-ministro nunca integrou seu corpo efetivo de professores, mas somente deu aulas, como colaborador, em cursos de educação continuada vinculados à fundação. Em seu currículo Lattes, ele apontava ter sido professor da instituição entre 2001 e 2018. A FGV ainda apura denúncia de plágio da dissertação de mestrado, que será devidamente conferida após orientadores retornarem às atividades presenciais e, caso seja confirmada, pode render a abertura de um processo disciplinar e, em última instância, a anulação do título.

Por meio do MEC, Decotelli se comprometeu a revisar a dissertação, negando dolo em eventuais omissões de créditos a outros pesquisadores, e admitiu não ter concluído os trabalhos necessários para a obtenção dos títulos de doutorado e pós-doutorado. Embora tenha efetuado ajustes no currículo e recebido o apoio de Bolsonaro, que relativizou a falsificação que chamou de “inadequações curriculares” e enalteceu a “capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidades para todos” do ministro, o economista não conseguiu se segurar no cargo, rifado pela alta cúpula do presidente.


Sem se comover com o voto de confiança dado por Bolsonaro a seu escolhido, parlamentares governistas bradaram publicamente pela saída de Decotelli. “O Governo precisa passar um pente fino na área responsável pela análise de informações e demitir os incompetentes. Além disso, deve repensar a nomeação de Decotelli. Um ministro da Educação não pode assumir o cargo nessa fragilidade”, postou o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que, mais tarde, celebraria o pedido de demissão do ministro. “Melhor para o Brasil, para o presidente e para Decotelli.”

Com passagem pela Marinha, o ministro havia recebido o crivo da ala militar que tem ganhado influência sob o Governo Bolsonaro. Antes do MEC, ele presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto de 2019. Sua chegada ao comando da autarquia federal vinculada ao MEC é anterior ao decreto assinado pelo presidente em 15 de março do ano passado, que estipula critérios técnicos, como experiência profissional na área ou título de doutorado, para nomeações em cargos comissionados do Governo. Entretanto, as regras preveem que as informações curriculares sejam prestadas pelos indicados ao cargo, sem obrigatoriedade de verificação, e que ministros de cada pasta podem dispensar os critérios desde que apresentem justificativas.

A falta de mecanismos de controle das qualificações segue fazendo com que critérios políticos frequentemente se sobreponham aos técnicos nas nomeações do Governo. Depois da saída de Weintraub e a prevalência da indicação dos militares, Decotelli ganhou a rejeição imediata do núcleo governista mais ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, que havia apadrinhado os dois ministros anteriores, mas perdera a queda de braço na disputa pelo MEC. Alfinetadas públicas de aliados bolsonaristas ao novo ministro se somaram às críticas de parlamentares da oposição e entidades de educação quando as inconsistências no currículo vieram à tona.

“É um cenário no mínimo grotesco termos como indicado para o Ministério da Educação alguém que mente no currículo —e que comete, portanto, um crime— e ainda por cima tendo chegado ao ministério se dizendo técnico e tentando se descolar do caráter político e ideológico vergonhoso do Governo para o qual aceitou entrar. Desde sua confirmação já dissemos que nenhum técnico não é político, e agora isso se comprova”, manifestou o movimento da Campanha Nacional pela Educação.

Porém, antes da polêmica sobre o currículo, o nome de Decotelli foi inicialmente bem assimilado por lideranças do setor. Organizações não governamentais como o Todos Pela Educação se surpreenderam de forma positiva com o perfil mais técnico que ideológico do economista, ao contrário de Weintraub. A primeira impressão, no entanto, caiu por terra em meio à desconstrução de seu currículo. “Muita mentira junta é grave. Ministro da Educação mentir formação acadêmica, é gravíssimo. Ministro que não é mais confiável para restabelecer as pontes com Estados, Municípios, Congresso e sociedade, não consegue exercer suas funções frente à profunda crise na educação”, afirmou Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação.

Para Luiz Carlos de Freitas, pesquisador e professor aposentado da Unicamp, a miragem de que Decotelli poderia ser um ministro técnico e conciliador, apesar de sua curta experiência na área de políticas públicas para a educação, foi facilitada pela repulsa generalizada a seu antecessor no cargo. “Depois de uma gestão tão tensa como a do Weintraub, qualquer nome soa como um alívio, uma esperança de que, finalmente, alguém vai propor um grande debate nacional”, diz Freitas. O pesquisador entende que o substituto de Decotelli, independentemente de perfil ou currículo, deve se guiar por uma visão mercantilista da educação. “O Governo Bolsonaro foi loteado pelas forças que lhe dão suporte. Na medida em que uma delas ganha mais relevância que outra, a direção do Governo muda, mas elas ainda compartilham a ideia radical de reduzir o Estado a qualquer custo. E, na educação, esse apelo por reformas de caráter empresarial naturalmente se reproduz.”


Única baixa por falsificação de currículo no Governo

Carlos Alberto Decotelli não foi o primeiro integrante do Governo Bolsonaro exposto por exagerar ou fraudar qualificações curriculares. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, dizia-se mestre em Direito Público pela Universidade Yale até uma reportagem do The Intercept Brasil desmascarar o falso mérito. Salles atribuiu a informação a um “equívoco de assessoria”. Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, indicava possuir o título de mestre em Educação e Direito Constitucional e da Família, embora nunca tenha feito mestrado, sem especificar que se tratava de uma distinção religiosa.

Os antecessores de Decotelli na pasta também turbinaram seus currículos. Primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, o colombiano naturalizado brasileiro, Ricardo Vélez Rodríguez, apresentou pelo menos 22 erros em seu currículo Lattes, incluindo a autoria de livros que não havia escrito, de acordo com levantamento do portal Nexo. Por sua vez, Abraham Weintraub foi anunciado pelo presidente como doutor, sendo que só possui o título de mestre em Administração. A Folha de S. Paulo ainda verificou que o ex-ministro ostentava no currículo artigos idênticos, publicados em dois veículos diferentes, em prática conhecida como autoplágio.

Em que pese a sequência de desmentidos de instituições onde Decotelli informava ter trabalhado ou se graduado, ele foi o único membro do alto escalão do Governo a sair do cargo após ser flagrado por fraude curricular. Até então, o economista também era o único ministro negro nomeado por Bolsonaro ao longo de seu mandato. “Comecei a desenhar um projeto para implementar no MEC. Esse projeto, porém, foi questionado pelo fato da minha inconsistência curricular, que, no mundo acadêmico, é explicável”, justificou Decotelli em entrevista à CNN Brasil. Ele foi o ministro que permaneceu menos tempo no cargo, superando a passagem-relâmpago de Nelson Teich (28 dias) pelo Ministério da Saúde.



Mesmo com pandemia, o Brasil não tem ministro da saúde e nem da educação. Carlos Alberto Decotelli se demitiu nesta tarde sem sequer ter assumido o cargo. A demissão acontece após a polêmica sobre títulos que Decotélli diz possuir.



No Twitter:



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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Haddad é inocentado das acusações que sofreu durante a disputa presidencial com Bolsonaro



Fonte: G1


Justiça arquiva processo contra Haddad por lavagem de dinheiro e corrupção em suposto pagamento de dívida de campanha

MP havia denunciado o ex-prefeito por suspeita de pedir R$ 2,6 milhões à construtora UTC Engenharia. Desembargador disse que é “descabido falar em ‘perspectiva’ de benefícios oriundos do executivo municipal."

O Tribunal de Justiça de São Paulo arquivou, nesta quarta (27), a ação penal contra o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva.


Em setembro do ano passado, o Ministério Público havia denunciado Haddad por suspeita de pedir R$ 2,6 milhões à construtora UTC Engenharia para pagamento de dívidas de campanha.

Segundo a denúncia, o pedido de recursos ao ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa, entre abril e maio de 2013, foi feito por meio do então tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, que pretendia obter inicialmente R$ 3 milhões para o pagamento de trabalhos feitos à campanha por uma gráfica que pertencia ao ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, conhecido como “Chicão”.

De acordo com o voto do relator, o desembargador Vico Mañas, é “descabido falar em ‘perspectiva’ de benefícios oriundos do executivo municipal, ausência de notícias de favorecimento à empreiteira no período.”

Os advogados Igor Tamasauskas, Pierpaolo Botini e Leandro Raca pediram o trancamento da ação alegando que o ex-prefeito “sofre constrangimento ilegal em razão do indevido recebimento de denúncia por suposta incidência do artigo 317 do Código Penal.”

O relator explica ainda que Haddad cancelou “contrato de construção de túnel estipulado com a UTC, em fevereiro de 2013.”

Leonardo Stoppa e Leonardo Attuch debatem a decisão doTribunal de Justiça de São Paulo de arquivar uma denúncia contra o ex-prefeitoFernando Haddad depois das eleições. Outro tema é o acordo agrícola entreEstados Unidos e China, que prejudica o Brasil



Defesas de Haddad e Vaccari contestam


Em nota, a assessoria de imprensa de Haddad disse que “surpreende que uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo, contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad”.

Segundo a defesa de Haddad, “é notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus interesses. Também é de conhecimento público que, na condição de prefeito, Haddad contrariou, no segundo mês de seu mandato, o principal interesse da UTC de Ricardo Pessoa na cidade: a obra confessadamente superfaturada do túnel da avenida Roberto Marinho”.

A defesa de Vaccari informou o que o delator fala "não procede". "O Sr. Vaccari jamais fez essa solicitação. Isso é somente palavra de delator, sem qualquer comprovação, pois não retrata a verdade. Até porque o Sr. Vaccari nunca foi tesoureiro de campanha de quem quer que seja, ele foi tesoureiro do partido", declarou o advogado Luiz Flávio D'Urso.

Promotor vai recorrer


Em nota, o promotor de Justiça, Marcelo Batlouni Mendroni, autor da ação, diz que vai recorrer: "Discordo, lamento, mas respeito a decisão do Tribunal de Justiça de SP. Realizei um trabalho absolutamente técnico com base em conceitos internacionalmente utilizados nos países que conseguem combater de forma eficiente os casos que envolvem corrupção e lavagem de dinheiro. É assim que, um dia, gostaria de ver o Brasil. A Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo vai recorrer da decisão".

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