Entre 2013 - último ano de crescimento mais robusto da
economia - e o fim de 2020, o PIB per capita passará de R$ 8.519 para R$ 7.559
e terá encolhido 11,3% no período, apontaram cálculos da consultoria LCA
247 - A recessão observada entre o fim de 2014 e 2016, a
lenta retomada da economia dos anos seguintes e a recente crise provocada pelo
coronavírus fizeram o Brasil fará o brasileiro ficar cerca de 10% mais pobre.
Entre 2013 - último ano de crescimento mais robusto da economia - e o fim de 2020,
o Produto Interno Bruto (PIB) per capita passará de R$ 8.519 para R$ 7.559 e
terá encolhido 11,3% no período, apontaram cálculos da consultoria LCA. O PIB
per capital é a soma de tudo o que país produz dividido pela população
"A realidade é muito mais triste do que apenas esse
dado. Nesse período, a média de crescimento do mundo foi de 4% ao ano",
disse o economista da LCA Cosmo Donato. "É preciso levar em conta também o
que o país deixou de crescer, sobretudo na comparação com os emergentes. O buraco
é mais embaixo", complementou. Os relatos foram publicados no portal G1.
Em 2020, os analistas consultados pelo relatório Focus, do
Banco Central, estimam uma queda do PIB de 5,77%.
"A crise de 2015 e 2016 foi bastante profunda. Houve
uma retração do PIB de 7% e só recuperamos metade disso mais ou menos",
afirmou o sócio e economista da Kairós Capital, André Loes.
"O final do ano passado prometia uma aceleração para
este ano, talvez o país fosse crescer entre 2% e 2,5%, mas aí veio
pandemia", acrescentou.
247 - A economista Rosa Maria Marques,
professora de economia da PUC-SP, analisou o impacto negativo que a operação
Lava Jato trouxe à economia do país. Rosa Marques destaca que houve uma grande
movimentação nos setores empresariais para instaurar a agenda regressiva de
reformas neoliberais e que a Lava Jato foi parte dessa engrenagem.
Em seu artigo, Marques mobiliza os estudos sobre a operação,
que já começam a ganhar a atenção de pesquisadores e estudantes de economia.
Ela diz: “segundo Nozaki (2018), do Instituto de Estudos Estratégicos de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a operação provocou o desmantelamento
de “importantes setores da economia nacional, principalmente da indústria
petrolífera e da sua cadeia de fornecedores, como a construção civil, a
metal-mecânica, a indústria naval, a engenharia pesada, além do programa
nuclear brasileiro. Apenas em seu primeiro ano, estima-se que a Lava Jato retirou
cerca de R$ 142,6 bilhões da economia brasileira. Ou seja: a operação produziu
pelo menos três vezes mais prejuízos econômicos do que aquilo que ela avalia
ter sido desviado com corrupção.”
Marques prossegue: “Walde Junior (2019), por sua vez, estima
que, nos três primeiros anos, ocorreram mais de 2,5 milhões de demissões
ligadas às empresas investigadas pela Operação Lava Jato ou a suas
fornecedoras. Dois exemplos trazidos por este pesquisador são bastante
ilustrativos: que a Petrobras teria reduzido o número de seus funcionários de
446 mil, em dezembro de 2013, para pouco mais de 186 mil em dezembro de 2016; e
que a construtora Engevix teria, no mesmo período, demitido 82% dos
trabalhadores de seu quadro (de 17.000 para 3 mil). Mas é difícil se separar o
efeito da operação dos demais fatores anteriormente mencionados.”
E conclui: “por isso, talvez seja mais importante enfatizar
que, para além dos números das empresas diretamente afetadas, tais como
retração do investimento, do total de trabalhadores e do faturamento, fruto da
não preservação das empresas ao ter sido feito o combate à corrupção realizada
por indivíduos, é importante se atentar para seu resultado: o desmantelamento
do setor da construção civil e do petróleo e do gás no país. Este último já está
vivendo um franco processo de entrega para o grande capital estrangeiro via os
leilões do pré-sal.”
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Nunca é demais lembrar que Dallagnol e Moro são dois criminosos. Vamos mostrar ao Brasil todas as ilegalidades da Lava Jato, como a operação feriu a soberania nacional e provar a participação ilegal dos EUA no golpe contra @dilmabr e na prisão política de @LulaOficial.
Promotores dos EUA não negam "cooperação informal" e fora dos "canais oficiais" com a Lava Jato após cobrança de 13 parlamentares daquele país. O Decreto nº 3.810/01 não permite essa forma de relação entre promotores brasileiros e norte-americanos.https://t.co/fxbIDTH3V2
— Cristiano Zanin Martins (@czmartins) July 19, 2020
Economista seria primeiro ministro negro do Governo, mas
deixa cargo antes da posse. “Grotesco ter como indicado alguém que mente no
currículo”, diz Movimento Campanha Nacional pela Educação POR: EL PAÍS
Visto por organizações da área e setores do Governo como
uma correção de rota no Ministério da Educação, após a
conturbada passagem de Abraham Weintraub, o nome de Carlos Alberto Decotelli da Silva chegou a gerar
expectativa de pacificação dos ânimos, que derreteu antes mesmo da posse. Como
o economista não conseguiu comprovar as qualificações de seu currículo, questionadas por instituições onde
ele afirmara ter cursado doutorado e pós-doutorado e ainda trabalhado como
professor, o presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a recuar, adiando a
nomeação. Diante da pressão pela descoberta das fraudes, o ministro, que durou
apenas cinco dias no cargo, pediu demissão nesta terça-feira.
A primeira inconsistência no currículo de Decotelli surgiu
da Universidade Nacional de Rosario, na Argentina, que informou que o indicado
ao MEC não obteve título de doutor por ter tido a tese reprovada. Na sequência,
a universidade alemã de Wuppertal negou que o economista tenha cursado
pós-doutorado na instituição. Já nesta terça, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) emitiu nota para
esclarecer que o agora ex-ministro nunca integrou seu corpo efetivo de
professores, mas somente deu aulas, como colaborador, em cursos de educação
continuada vinculados à fundação. Em seu currículo Lattes, ele apontava ter
sido professor da instituição entre 2001 e 2018. A FGV ainda apura denúncia de
plágio da dissertação de mestrado, que será devidamente conferida após
orientadores retornarem às atividades presenciais e, caso seja confirmada, pode
render a abertura de um processo disciplinar e, em última instância, a anulação
do título.
Por meio do MEC, Decotelli se comprometeu a revisar a
dissertação, negando dolo em eventuais omissões de créditos a outros
pesquisadores, e admitiu não ter concluído os trabalhos necessários para a
obtenção dos títulos de doutorado e pós-doutorado. Embora tenha efetuado
ajustes no currículo e recebido o apoio de Bolsonaro, que relativizou a
falsificação que chamou de “inadequações curriculares” e enalteceu a
“capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidades para
todos” do ministro, o economista não conseguiu se segurar no cargo, rifado pela
alta cúpula do presidente.
Sem se comover com o voto de confiança dado por Bolsonaro a
seu escolhido, parlamentares governistas bradaram publicamente pela saída de
Decotelli. “O Governo precisa passar um pente fino na área responsável pela análise
de informações e demitir os incompetentes. Além disso, deve repensar a nomeação
de Decotelli. Um ministro da Educação não pode assumir o cargo nessa
fragilidade”, postou o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que,
mais tarde, celebraria o pedido de demissão do ministro. “Melhor para o Brasil,
para o presidente e para Decotelli.”
Com passagem pela Marinha, o ministro havia recebido o crivo
da ala militar que tem ganhado influência sob o Governo Bolsonaro. Antes do
MEC, ele presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre
fevereiro e agosto de 2019. Sua chegada ao comando da autarquia federal
vinculada ao MEC é anterior ao decreto assinado pelo presidente em 15 de março
do ano passado, que estipula critérios técnicos, como experiência profissional
na área ou título de doutorado, para nomeações em cargos comissionados do Governo.
Entretanto, as regras preveem que as informações curriculares sejam prestadas
pelos indicados ao cargo, sem obrigatoriedade de verificação, e que ministros
de cada pasta podem dispensar os critérios desde que apresentem justificativas.
A falta de mecanismos de controle das qualificações segue
fazendo com que critérios políticos frequentemente se sobreponham aos técnicos
nas nomeações do Governo. Depois da saída de Weintraub e a prevalência da
indicação dos militares, Decotelli ganhou a rejeição imediata do núcleo governista mais ligado ao filósofo Olavo de Carvalho,
que havia apadrinhado os dois ministros anteriores, mas perdera a queda de
braço na disputa pelo MEC. Alfinetadas públicas de aliados bolsonaristas ao
novo ministro se somaram às críticas de parlamentares da oposição e entidades
de educação quando as inconsistências no currículo vieram à tona.
“É um cenário no mínimo grotesco termos como indicado para o
Ministério da Educação alguém que mente no currículo —e que comete, portanto,
um crime— e ainda por cima tendo chegado ao ministério se dizendo técnico e
tentando se descolar do caráter político e ideológico vergonhoso do Governo
para o qual aceitou entrar. Desde sua confirmação já dissemos que nenhum
técnico não é político, e agora isso se comprova”, manifestou o movimento da
Campanha Nacional pela Educação.
Porém, antes da polêmica sobre o currículo, o nome de
Decotelli foi inicialmente bem assimilado por lideranças do setor. Organizações
não governamentais como o Todos Pela Educação se surpreenderam de forma
positiva com o perfil mais técnico que ideológico do economista, ao contrário
de Weintraub. A primeira impressão, no entanto, caiu por terra em meio à
desconstrução de seu currículo. “Muita mentira junta é grave. Ministro da
Educação mentir formação acadêmica, é gravíssimo. Ministro que não é mais
confiável para restabelecer as pontes com Estados, Municípios, Congresso e
sociedade, não consegue exercer suas funções frente à profunda crise na
educação”, afirmou Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação.
Para Luiz Carlos de Freitas, pesquisador e professor
aposentado da Unicamp, a miragem de que Decotelli poderia ser um ministro
técnico e conciliador, apesar de sua curta experiência na área de políticas
públicas para a educação, foi facilitada pela repulsa generalizada a seu
antecessor no cargo. “Depois de uma gestão tão tensa como a do Weintraub,
qualquer nome soa como um alívio, uma esperança de que, finalmente, alguém vai
propor um grande debate nacional”, diz Freitas. O pesquisador entende que o
substituto de Decotelli, independentemente de perfil ou currículo, deve se
guiar por uma visão mercantilista da educação. “O Governo Bolsonaro
foi loteado pelas forças que lhe dão suporte. Na medida em que uma delas ganha
mais relevância que outra, a direção do Governo muda, mas elas ainda
compartilham a ideia radical de reduzir o Estado a qualquer custo. E, na
educação, esse apelo por reformas de caráter empresarial naturalmente se
reproduz.”
Única baixa por falsificação de currículo no Governo
Carlos Alberto Decotelli não foi o primeiro integrante do
Governo Bolsonaro exposto por exagerar ou fraudar qualificações
curriculares. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, dizia-se
mestre em Direito Público pela Universidade Yale até uma reportagem do The
Intercept Brasil desmascarar o falso mérito. Salles atribuiu a
informação a um “equívoco de assessoria”. Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos
Humanos, indicava possuir o título de mestre em Educação e Direito
Constitucional e da Família, embora nunca tenha feito mestrado, sem especificar
que se tratava de uma distinção religiosa.
Os antecessores de Decotelli na pasta também turbinaram seus
currículos. Primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, o colombiano
naturalizado brasileiro, Ricardo Vélez Rodríguez, apresentou pelo menos 22 erros em
seu currículo Lattes, incluindo a autoria de livros que não havia escrito, de
acordo com levantamento do portal Nexo. Por sua vez, Abraham Weintraub foi anunciado pelo presidente como
doutor, sendo que só possui o título de mestre em Administração. A Folha
de S. Paulo ainda verificou que o ex-ministro ostentava no currículo
artigos idênticos, publicados em dois veículos diferentes, em prática conhecida
como autoplágio.
Em que pese a sequência de desmentidos de instituições onde
Decotelli informava ter trabalhado ou se graduado, ele foi o único membro do
alto escalão do Governo a sair do cargo após ser flagrado por fraude
curricular. Até então, o economista também era o único ministro negro nomeado por Bolsonaro ao longo de
seu mandato. “Comecei a desenhar um projeto para implementar no MEC. Esse
projeto, porém, foi questionado pelo fato da minha inconsistência curricular,
que, no mundo acadêmico, é explicável”, justificou Decotelli em entrevista
à CNN Brasil. Ele foi o ministro que permaneceu menos tempo no
cargo, superando a passagem-relâmpago de Nelson Teich (28 dias) pelo
Ministério da Saúde.
Mesmo com pandemia, o Brasil não tem ministro da saúde e nem
da educação. Carlos Alberto Decotelli se demitiu nesta tarde sem sequer ter
assumido o cargo. A demissão acontece após a polêmica sobre títulos que
Decotélli diz possuir.